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RESUMO SOBRE AS TECNICAS LAPAROTOMIA, RUMENOTOMIA, ABOMASOPEXIA / OMENTOPEXIA, GATROTOMIA Salvador 2020 RESUMOS DAS SEGUINTES TÉCNICAS CIRÚRGICAS LAPAROTOMIA Definição: Laparotomia, do grego (laparon = flanco + tome = corte = ia), o que significa, nos termos exatos da palavra, ‘’secção do flanco”, porém o significado é de “abertura cirúrgica da cavidade abdominal”, isto nos conceitos atuais e mais usados entre a maioria dos cirurgiões. A palavra em si, é sinônimo da palavra celiotomia (Celio = abdome + tome = corte + ia), que é o termo correto de fato, porém, estamos mais habituados com o termo laparotomia. É uma manobra ou técnica cirúrgica, envolvendo uma incisão através da parede abdominal, para ter acesso a cavidade abdominal. Descrição da técnica: Na maioria dos casos nas cirurgias realizadas em pequenos animais, os acessos são abdominais. Estas são classificadas da seguinte forma: Laparotomia mediana: quando a incisão é sobre a linha média (linha alba) Laparotomia paramediana: quando incisão é paralela à linha média (linha média) As laparotomias mediana/paramediana podem ainda ser classificadas em pré- umbilical, retro-umbilical, ou pré-retro-umbilical, conforme sua extensão. Laparotomia: incisão na área paracostal do flanco. Para este procedimento, o paciente deve ser mantido em decúbito dorsal, então é feito a incisão cutânea, na região da linha média ventral (sendo que sua extensão e localização devem ser conforme o procedimento a ser realizado), podendo ter início próximo ao processo xifoide e estendendo-se caudalmente até o púbis. Equino em decúbito dorsal Cão em decúbito dorsal Em pacientes machos, devemos pinçar o prepúcio e prender lateralmente, conforme foto abaixo, além disso a diérese deve ser executada plano a plano. Diérese: realizada plano a plano. Sutura da musculatura com pontos simples interrompido, fio absorvível sintético (2-0 a 3-0); sutura do subcutâneo com ponto simples contínuo, e intradérmica em zigue-zague, ambas com fio absorvível sintético (3-0 a 4-0). Para finalizar, sutura da pele com ponto simples interrompidos (em felinos, pode-se usar Wolff contínuo), fio inabsorvível sintético (2-0 a 3-0). Outros padrões de sutura também são referidos na literatura, como o Donatti e fios inabsorvíveis sintéticos monofilamentados podem ser empregados em sutura da musculatura. FEMEA MACHO Tal acesso ao abdômen pode ser necessário para propostas diagnósticos, terapêuticas ou mesmo para prognósticos. A laparotomia mediana é comumente utilizada na clínica de grandes no tratamento de cólica equina, já em relação a clínica de pequenos na maioria dos casos são para tratamentos de piometra por exemplo, parto cesárea e para diagnósticos. RUMENOTOMIA Definição: A rumenotomia é uma técnica cirúrgica (laparotomia exploratória lateral esquerda), que consiste na incisão lateral em bovinos pelo flanco esquerdo do animal, para com isso fazer avalições e intervenções no rúmen. Além disso, esta técnica é muito utilizada como meio de diagnóstico e no tratamento de várias ocorrências tais como por exemplo: Atonia do omaso ou do abomaso, reticulite, sobrecarga, timpanismo, acidose rumenal, reticuloperitonite traumática, sobrecarga, compactação, e para remover corpos estranhos como fios metálicos de fardo de feno e sacos plásticos localizados no segmento digestivo entre o retículo e omaso ou no esôfago distal, sobre a base do coração (DEHGHANI & GHADRDANI, 1995; EL-MAGHRABY & HAILAT, 2001). Descrição da técnica: A técnica da rumenotomia, ou laparotomia pelo flanco esquerdo consiste na incisão do flanco, entre a última costela e a tuberosidade do íleo, primeiro a incisão de pele, em seguida as incisões dos músculos oblíquos, tanto do músculo oblíquo abdominal externo, quanto do músculo oblíquo abdominal interno. Para tal procedimento o mesmo pode estar de pé devidamente contido, ou em decubito lateral. Esse tipo de técnica ou manobra cirúrgica consiste em 4 etapas que são denominadas ou classificadas da seguinte forma: Rumenotomia: que é a incisão do rúmen. Rumenopexia: fixação do rumén na parede; FOTO1 FOTO2 Rumenostomia: abertura do rumén para o meio externo; Rumenorrafia: sutura do rumén. FOTO 3 FOTO 4 Nesta parte do processo podemos utilizar de duas técnicas para incisão que são as seguintes: Rumenotomia com a Técnica de Göetze: Um cuidado inicial, faz com que possamos diminuir a possibilidade de deixar cair ou escapar conteúdo ruminal para cavidade, antes de incisar o rúmen fixar o rúmen no músculo com uma sutura simples continua em 360º usando fio categute 0 ou 1 de diâmetro; Esta técnica demanda mais tempo, porém é mais segura; Vide foto 2 acima (Rumenopexia) Rumenotomia com a Técnica do Aro de Weigart: Nesta manobra fixamos o rúmen com um aro metálico, travando o aro na pele; Logo após fazer a incisão do rúmen e fixar as bordas do rúmen com garfos ao aro; Temos um ganho de tempo, neste tipo de procedimento, porém reduz a segurança, devido a possibilidade de escapar do rúmen e cair conteúdo ruminal na cavidade, o que causaria contaminação; Após incisar o rúmen usar o campo para rúmen, onde possui um anel que se coloca fechado e abre dentro do rúmen primeiro deve incisar o rúmen e depois coloca- se o aro. Detalhe importante, não realizar a incisão nos pilares do rúmen; Vide foto 3 acima (Rumenostomia) Utilização da técnica cirúrgica de rumenotomia, procedimentos mais comuns: Este tipo de procedimento é muito utilizado no rebanho brasileiro, principalmente pela forma de criação ser extensiva (à campo) onde seu principal fator de utilização para intervenção e tratamento vai estar sempre relacionada a alimentação, seja por um manejo inadequado, ou até mesmo por acidentes nos casos da ingestão de forma irregular de objetos e corpos estranhos. Aqui podemos citar alguns exemplos de como aplicamos esta técnica: Timpanismo gasoso espumoso, causado por ingestão irregular de muito fibra, e leguminosas rica em celulose ocasionando distensão do flanco lateral esquerdo conforme foto abaixo. Outro fator é alimentar é acidose ruminal, ocasionado por manejo inadequado de alimentação, onde a mesma consiste em ter altas quantidades de grãos fermentáveis e gerando grandes perdas nos rebanhos. Animal com diarreia causado por acidose. Outro fator comum são as intervenções para remoção de corpo estranho, tais como ingestão de plásticos, grampos dos fardos de feno, tiras de panos, pregos, pedaços ou lascas de madeira entre outros. Rúmen com pregos, o que poderia ocasionar também, uma reticulo peritonite traumática. Pedras retiradas do rúmen em necropsia. Já em relação ao campo da pesquisa, o processo de fistulação é o mais utilizado na rumenotomia, pois a partir dele que podemos analisar questões de comportamento alimentar, melhoramento da cadeia produtiva, e principalmente pensando na questão da sustentabilidade, pois através deste processo podemos controlar e aplicar a alimentação mais adequada, para que possamos reduzir excrementos (fezes) e controlar até a emissão de metanono meio, e também nos permite avaliar medidas preventivas do timpanismo, bem como, como produzir alimentos melhores ao consumo humano. ABOMASOPEXIA / OMENTOPEXIA Definição: Abomasopexia, nada mais é que uma técnica cirúrgica para fazer correções ou tratamentos do deslocamento do abomaso (DA), deslocamento do abomaso à esquerda (DAE), deslocamento do abomaso à direita (DAD), Svendsen (1969), relaciona o tamanho do rúmen com o lado, para onde irá ocorrer o deslocamento, nos casos de rúmen de tamanho menor tem a preposição do de deslocamento para o lado esquerdo (DAE), já nos casos de rúmen cheio (em excesso), a predisposição é de deslocamento para direita (DAD), segundo o autor. Outros autores citam ainda os mais diversos fatores, tais como: tamanho da cavidade abdominal, forma de transporte, stress, estágios da gestação também são alguns dos fatores de predisposição para tais ocorrências, segundo Breukink et al (1991). Isto afeta muito a produção leiteira, já que 91% dos casos acometem, vacas leiteiras até 6 semanas após o parto, portanto é uma preocupação, também de questão financeira e produtiva. Descrição da técnica: As correções cirúrgicas do DAE por abomasopexia compreende as seguintes técnicas: Laparotomia ventral com fixação do abomaso; Blind Stich (como é mais conhecida) que consiste na fixação transcutânea do abomaso através da parede abdominal ventral, Toogle (como é conhecida), essa um pouco mais complexa, pois consiste na fixação do abomaso através de um bastão plástico ou metálico, acoplado ao fio de fixação. além da abomasopexia com controle endoscópico. Já se tratando em relação a omentopexia, que é uma técnica cirúrgica também utilizada para correção da DAE, sendo que também pode ser usada para correção do DAD. Essa técnica foi desenvolvida quando tínhamos apenas a abomasopexia mediano, no qual exigia que o paciente ficasse em decúbito dorsal. As correções cirúrgicas do DAE e DAD por omentopexia consiste em duas técnicas. Método de Hannover: Quando a omentopexia é feito pelo flanco direito. Método de Ultrech: Quando a omentopexia é feito pelo flanco esquerdo. Sendo que para ambas as técnicas a serem realizadas, cabe ao clínico avaliar o que vai ser melhor principalmente para o paciente, além disso avaliar as condições de instalações e aparato onde será realizado o procedimento, já que em ambas as técnicas os resultados e o processo de reabilitação do paciente são bem parecidos. Para ambas as técnicas, o processo anestésico é feito com bloqueio paravertebral, ou paralombar em “L” invertido ou linear. A técnica é iniciada com uma incisão vertical de aproximadamente 20cm na fossa paralombar, começando 4 a 5cm abaixo do processo transverso da vértebra lombar (vide figura 1 abaixo). Após a abertura da cavidade peritoneal o duodeno deve ser tracionado na direção ventral ao invés de estar na sua posição horizontal normal. A seguir o cirurgião deve passar seu braço esquerdo numa direção caudal em relação ao abomaso e ao rúmen, alcançando o abomaso distendido localizado entre o rúmen e a parede abdominal esquerda, e fazer a devida correção. Essa técnica envolve a sutura da camada superficial do omento na região do piloro até a parede abdominal do flanco direito de acordo com (TURNER, McILWRAITH,2002). FIGURA 1 FIGURA 2 Após o procedimento da figura 1, o abomaso deve ser então esvaziado com a utilização de agulha de espessura 12 ou 13 acoplada a um dreno estéril, (vide figura 2 acima), a agulha deve ser inserida no interior da mão fechada numa direção caudal ao rúmen até a parte mais dorsal do abomaso deslocado, onde será feita a punção do referido órgão onde gás acumulado será liberado. Para então o abomaso ser devidamente recolado na sua posição anatomia normal. Quando ocorre alta incidência de deslocamento de abomaso em um rebanho, a investigação do regime alimentar e do tratamento torna-se obrigatória. O uso de tampões, pré-alimentação com feno antes dos alimentos fermentáveis ou ração totalmente mista podem ajudar a diminuir a freqüência de DA (ANDRADE, 2005). GASTROTOMIA Definição: A gastrotomia, nada mais é que a abertura e o fechamento de forma cirúrgica do estomago. Diferente da gastrostomia, que é a abertura do estomago artificialmente como meio de contato com o ambiente externo (bolsas e sondas alimentares). Descrição da técnica: O animal é posicionado em decúbito dorsal e preparado para cirurgia asséptica. Assim iniciamos com uma incisão pré-umbilical sobre a linha média ventral. Onde o estômago é localizado, inspecionado e tracionado próximo da incisão abdominal. O mesmo é mantido tracionado por meio de dois pontos de reparo ou por meio de pinças de Babcock. A seguir as estruturas adjacentes são afastadas e protegidas com compressas cirúrgicas umedecidas. Já a incisão do estômago é feita longitudinal, no ponto médio entre a curvatura maior e menor, no local de menor irrigação visceral. Após a inspeção e retirada do que foi encontrado (corpo estranho), o estômago é suturado em dois planos, com padrões de suturas seromusculares invaginantes (Cushing ou Lembert). O fio utilizado é o categute cromado 2.0 ou 3.0. Após o fechamento, a incisão pode ser omentalizada. O estômago é então devolvido para a sua posição anatômica, as compressas são removidas e a cavidade abdominal é lavada copiosamente com solução salina morna. A síntese abdominal é de forma usual. Utilização da técnica cirúrgica de gastrotomia, procedimentos mais comuns: Retirada de corpos estranhos Imagem de RAIO-X indicando corpo estranho. Inspeção da mucosa gástrica para verificação de presença de úlceras, neoplasias ou hipertrofias; Obtenção de material para biópsia. Esvaziamento gástrico. Imagens do Antes e depois de cirurgia para correção de torção gástrica. Sendo a torção gástrica um dos maiores problemas na clínica veterinária, devido a questão de tempo para reverter antes que o paciente venha a óbito. Porém o de maior incidência é justamente a presença de corpo estranho, pois acomete pacientes em sua maioria caninos e felinos de todas as espécies, portes e idades. Não está descartada uma laparotomia exploratória para se obter um melhor diagnostico, em relação ao procedimento da gastrotomia, quando não se tem um diagnóstico fechado nos exames e sinais clínicos, tais como achados laboratoriais, palpação e até mesmo exames de imagens.
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