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13/08/2019 1 Sociologia Crítica Sociologia na Sociedade Pós- Industrial Prof(a) Ms. Maria Gisele de Alencar Unidade de Ensino: 4 Competências da Unidade: Promover a compreensão sobre as contribuições da Sociologia na chamada sociedade pós-industrial e perceber os debates teóricos, metodológicos e conceituais desenvolvidos a partir da segunda metade do século XX Resumo: Analisar as considerações de Alan Touraine sobre a proposta de uma sociedade programada à pós-industrial. Neste cenário, há a definição de novos sujeitos sociais e a problematização sobre a centralidade do trabalho. Palavras-chave: Sociologia. Sociedade Pós-industrial. Novos sujeitos sociais. Trabalho. Título: Sociologia na Sociedade Pós-Industrial Teleaula nº: 4 Conceitos Perspectivas epistemológicas. A Sociologia e a Sociedade Ao analisar o desenvolvimento da sociologia como ciência, percebe-se que na primeira etapa do pensamento sociológico os problemas sociais relacionados à sociedade industrial foram os temas que nortearam as preocupações teóricas e metodológicas. Contudo, esse cenário muda principalmente, após a segunda metade do século XX. Conjuntura em Formação A chamada sociedade Pós-Industrial é entendida a partir das novas configurações apresentadas pelas transformações do processo produtivo, visto que a indústria estaria perdendo força para “a expansão dos setores de serviço e declínio do operário fabril” (BELL, 1974, p. 146-149). A Lógica Capitalista Tanto a sociedade industrial, quanto a pós- industrial são organizadas pela lógica capitalista de exploração, das classes dominadas e dominantes. Contudo, as transformações do sistema capitalista apontaram para uma nova configuração histórica, cujo capital não oferece o instrumento do trabalho, mas depende da apropriação do conhecimento. 13/08/2019 2 A Industrial O trabalho é o eixo identitário. Classes sociais Poder nos proprietários dos meios de produção de bens materiais. Avanço tecnológico e organizacional: Poder disciplinar. Padronização, racionalidade, objetividade, especialização. A Pós-Industrial Poder nos proprietários dos meios de produção de bens imateriais, mas não dispensa os bens materiais Poder pelo controle, sem perder o poder disciplinar. A tecnologia e as máquinas cada vez mais inteligentes, substituem em grande escala o trabalhador Conceitos Alan Tourraine e a perspectiva sociológica. As Inquietações Epistemológicas As novas configurações sociais, a partir do período pós Segunda Guerra Mundial, apresentaram questões sociais que levaram o sociólogo francês Alan Tourraine (1925) a compreender esses contexto por meio da problematização das lutas históricas, a formação de novos sujeitos sociais das décadas de 1960 até as manifestações e os movimentos da atualidade. Da Sociedade Programada à Sociedade Pós- Industrial Segundo Touraine ao analisar as novas configurações do sistema capitalista, as definições conceituais do que chama de sociedade tecnocrata, programa e pós-industrial variam de acordo com as determinações históricas realizadas pela própria realidade social. As Determinações Históricas O conceito de historicidade é considerado um pano de fundo das discussões de Touraine, uma vez que, é capacidade que as sociedades possuem de agir sobre si mesmas, redefinindo um projeto societal. A historicidade, é portanto, o campo de reconstrução permanente da realidade. 13/08/2019 3 As Definições de Sociedade e a Historicidade A sociedade tecnocrata: maior racionalização do sistema capitalista. O gerenciamento está nas mãos dos técnicos/burocratas e não mais, somente, do capitalista. Sociedade programada: mediatizada pelo mercado. As necessidades humanas em sintonia com as necessidades do mercado e a produção, cada vez mais racionalizada. O Trabalho e as Lutas Históricas Touraine, apresenta um tipo de sociedade cujo trabalho, como categoria sociológica, é entendido como um elemento fundamental, pois como instrumento de conscientização perde a centralidade e entram em cena os novos movimentos culturais. Conceitos As lutas sociais As Lutas Sociais e o Cenário Pós-Industrial Contextualizar sobre que tipo de sociedade Touraine estava preocupado em definir, será decisivo para compreendermos os sentidos que ele atribui aos conflitos gerados pelas novas formas de sociabilidade. A construção do Sujeito e do Campo Touraine, desenvolve suas análises sobre as lutas sociais partindo das experiencias do movimento de estudantes universitários (Universidade Paris, em Nanterre), definido como Maio de 68. Reivindicação estudantil: sistema burocrático aos padrões comportamentais, do modo de vida tradicional francês à forma de ensino adotada pelas universidades. Esse movimento chegou à classe trabalhadora e influenciou outras partes do mundo. Maio de 68 Segundo Tourraine, o Maio de 68 é considerado “rico” da experiência de busca pelas liberdades individuais reduzidas na direção da chamada contracultura, muito em voga na década de 60, mas sem qualquer pretensão em criticar os problemas enraizados pela dinâmica do capitalismo internacional. (PROTO, 2012, p.34). 13/08/2019 4 A Historicidade e a Alienação Touraine, ao entende a historicidade como um campo de reconstrução permanente da realidade social, está dizendo que é o campo da ruptura com a alienação: A Alienação A alienação deve ser definida em termos de relações sociais. [...] O homem alienado é aquele que não tem outra relação face às orientações sociais e culturais de sua sociedade que aquela que lhe é reconhecida pela classe dirigente como sendo compatível com a manutenção de sua dominação. [...] alienação é, consequentemente, a redução do conflito social por meio de uma participação dependente. (TOURAINE, 1969, p. 14-15). Resolução da SP Na primeira etapa do pensamento sociológico os problemas sociais relacionados à sociedade industrial nortearam as preocupações teóricas e metodológicas. Em contrapartida, com as transformações após a segunda metade do século XX, emergem outras preocupações teóricas. Comente esta afirmativa e apresente exemplos. Interação Quais são os elementos, teóricos e práticos, utilizados por Alan Touraine para a construção do sujeito e do campo das lutas sociais ? Conceitos Contrapartida da alienação A Mudança Social A contrapartida da alienação, é a historicidade. A historicidade que promove a capacidade que as sociedades possuem de agir sobre si mesmas, e assim redefinindo os projetos societais, em outras palavras, é o modo como as sociedades atuam para a mudança social. 13/08/2019 5 As Contradições Neste processo mudanças existem conflitos, e neste cenário de contradições que o mundo ocidental se desenvolveu, as lutas sociais deixaram de acreditar na ruptura de um modelo de sociedade e passaram a defender o fortalecimento de pequenas mudanças a partir de reformas. Os conflitos Os conflitos principais estão ligados às lutas que não estão dispostas a romper com um modelo capitalista (almejado pelas ideias revolucionárias): ter-se-á nesta passagem, em termos gerais, que a luta deixa de ser de classe contra a exploração do trabalho no sistema capitalista, para pensar nas lutas pelos direitos das identidades, nas singularidades culturais. A Luta Para Touraine, portanto, a luta não centra mais no movimento operário, pois não há mais luta entre o capital e o trabalho característico das sociedades industriais. Diferente, por exemplo da teoria clássica de Karl Marx (1818-1883), pois entendia que o operário (trabalhador) seria o agente da revolução, portanto, estaria na classe operária a força para romper com a estrutura capitalista. Condições Concretas “Não há mais o proletário como única classe verdadeiramente revolucionária; há um proletariado minoritário na sociedade, que não se opõe como classe revolucionária e nem mesmo mais como classe e cuja luta contra o sistema instituído não é, qualitativamente ou quantitativamente” (TOURAINE, 1984, p. 15). Conceitos Os novos sujeitos sociais Sujeito “o “sujeito” é como uma categoria fundamental,que constitui e posiciona indivíduos na história dos processos sociais, culturais e políticos de uma sociedade. Ela confere protagonismo e ativismo aos indivíduos e grupos sociais, transforma-os de atores sociais, políticos e culturais, em agentes de seu tempo, de sua história, de sua identidade, de seu papel como ser humano, político, social [...]”(GOHN, 2006, p.5). 13/08/2019 6 Sujeito Social na Sociedade Pós-Industrial Para Tourraine, o sujeito social, na sociedade pós- industrial são os movimentos sociais, isso significa que estabelece uma ligação direta entre sujeito e contestação. O indivíduo contesta a ordem existente, contudo, não interessa a essa nova configuração das lutas sociais questionar os modos de produção. Observando que o indivíduo não é isolado para o autor, o indivíduo é coletivo. Os questionamentos Touraine não desconsidera, por exemplo, o conceito de classes sociais. No limite, as classes sociais representam uma unidade de interesses. Para o autor, elas não acabaram, contudo, não são mais as classes que dominam o conflito no campo do trabalho, pois esse aspecto já foi superado e, é por isso que o autor defende que a luta deve estar relacionada à luta por direitos. A Cultura As lutas ficam reduzidas ao plano da cultura; o movimento de classe perde espaço para os movimentos culturais que ‘brigam’ pelos direitos culturais e liberdades, exemplo: os movimentos negros, feministas, ecológicos/ambientalistas, dos homossexuais, das religiões de matrizes africanas. Atualidade do Sujeito Para Touraine, “o Sujeito é o ator que luta pela produção de si próprio, de sua história de vida individual, sua ação se traduz no esforço do indivíduo para transformar experiências vividas em construção de si mesmo, como ator. Ele busca a afirmação de sua própria liberdade contra as ordens sociais” (GONH, 2006, p.7). Conceitos Trabalho, ainda há centralidade? Em perspectiva Ao longo do desenvolvimento da humanidade, o Trabalho adquiriu diferentes características de acordo com as relações sociais, políticas, econômicas e culturais especificas, em cada modo de organização social. Para chegar nas explicações que temos sobre o trabalho na atualidade um longo caminho foi percorrido. 13/08/2019 7 O Trabalho e a Teoria Sociológica Clássica Karl Marx, no século XIX, preocupado em compreender a engrenagem do sistema capitalista entendeu o Trabalho como elemento central de dominação econômica, mas também, segundo ele, é o modo como os indivíduos se relacionam com a natureza para satisfazer suas necessidades materiais e imateriais de existência. O Trabalho e a Teoria Sociológica Clássica Émile Durkheim, compreendeu que o trabalho possui uma função moral de coesão social nos diferentes modos de organização social. Para o autor, a maneira como a divisão social do trabalho ocorre determina o tipo de solidariedade gerada, o modo como as sociedades se mantêm coesas. O Trabalho e a Teoria Sociológica Clássica Para Max Weber, a lógica do Trabalho na ordem capitalista teve suas bases na ética religiosa protestante, a partir do século XVII na Europa. Com a Reforma Protestante, o Trabalho perde seu status de sacrifício para torna-se um instrumento de salvação. Reiterando que Weber analisa a ética religiosa como mediadora do processo de formação do sistema capitalista e não como causa única. Touraine e o Trabalho Touraine, desloca a centralidade do trabalho das relações sociais, do modo de organização social; não possui capacidade de gerar um sujeito histórico e político no processo das lutas sociais. Seu argumento e posicionamento coloca cada vez mais os movimentos sociais como um caminho profícuo para resolver os problemas sociais. Resolução da SP Considerando que a contrapartida da alienação é a historicidade para Alan Touraine, como ocorrem os processos de mudança social? Interação O trabalho pode ser considerado uma categoria chave para a sociologia contemporânea? 13/08/2019 8 Recapitulando Os elementos que configuram uma sociedade industrial e pós-industrial. As contribuições teóricas de Alan Tourraine para pensar a configuração da sociedade pós-industrial no bojo das discussões sobre as lutas sociais e os novos sujeitos históricos. O trabalho como categoria sociológica, e a problemática: há ou não centralidade. Referências BELL, D. O Advento da Sociedade Pós-Industrial. São Paulo. Cultrix. 1974. PROTO, Leonardo Venicius Parreira. Juventude e o maio de 1968. Espaço Revista Acadêmica. N.129. Fevereiro de 2012. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/277792819_Juventud e_e_o_maio_de_1968 Acesso 02 de agosto de 2019. SANCHES, Wilson; FERREIRA, Leonardo A. Silvano; ALENCAR, Maria Gisele de. Sociologia Crítica. Londrina. Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2016.
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