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Considerando a sistematização da psicologia como ciência independente, Wilhelm Wundt reduziu-se apenas a ideia de experiência imediata?

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS - FACULDADE DE EDUCAÇÃO 
Disciplina: História, Teoria e Sistemas em Psicologia I 
Docente: Gisele Toassa 
Curso: Psicologia Turma: 1º Período 
Discente: Bianca Ribeiro Soares E-mail: ​soaresbianca@discente.ufg.br 
Ensaio II 
Considerando a sistematização da psicologia como ciência independente, Wilhelm Wundt 
reduziu-se apenas a ideia de “experiência imediata”? 
O estudo na história da psicologia acerca do trabalho wundtiano é, comumente, 
marcado por dificuldades em consequências dos impasses de tradução de suas complexas 
obras e, em especial, das tortas imprecisões interpretativas. Primeiramente, então, faz-se 
relevante a externação do posicionamento de Wilhelm Wundt sobre a natureza da psicologia. 
O alemão apoiava-se, principalmente, na filosofia e seus sistemas, dessa maneira possuía 
como objetivo definitivo a elaboração de um sistema metafísico universal (ARAÚJO, 2009, 
p. 210). Tendo em conta tal conduta teórico-científica, Wundt não é condescendente com um 
projeto de organização restrito e isolado no trabalho psicológico. Assim, ele concebe a 
ciência da Psicologia como algo intermediário entre as ciências da natureza e as ciências 
sociais, da cultura. 
É iniciado, em seguida, a tentativa de uma definição da Psicologia. Pode-se resumir, 
para Wundt, que a ciência psicológica é empírica e seu objeto de estudo central é a 
“experiência imediata”. Essa experiência pode ser analisada por um viés objetivo - conectado 
às sensações - ou subjetivo - ligado aos sentimentos; é a efetivação humana bruta, sem uma 
reflexão profunda, mas extremamente vivenciada. Contudo, Wundt não reduz a missão da 
psicologia à ideia de “experiência imediata”, visto que enaltece os processos interligados na 
ciência em questão. Então, incorpora métodos de investigação fundamentados no 
experimento e na observação. 
Todavia, movido por seu perfil sistemático, Wilhelm Wundt não se contentava apenas 
com a experimentação. O método experimental configurava-se pela pesquisa dos processos 
elementares da mente, determinado pelo ambiente e pelas condições fisiológicas - a sensação, 
a percepção e a representação (ARAÚJO, 2009, p.214). Ainda que significativo, diverge-se 
profusamente dos processos superiores da vida mental, que envolve a administração 
mailto:soaresbianca@discente.ufg.br
consciente do comportamento, a intencionalidade e o voluntarismo da ação e a independência 
do indivíduo. Esses processos superiores são manifestos por meio da análise dos fenômenos 
culturais como, por exemplo, a linguagem. Desta maneira, envolvem o indivíduo com o meio 
físico e social em que vive, sofisticando os processos psicológicos de modo excepcional. 
Tendo em vista a multidisciplinaridade ressaltada e analisada pelo fundador do 
primeiro laboratório psicológico do mundo, faz-se possível sustentar que a “experiência 
imediata” é o resultado da síntese criativa (ou criadora), atravessada pela vontade originada 
na subjetividade e, também, na habilidade de criação. Essa síntese é processada em 
características coletivas, mais gerais, e que carrega a potencialidade de ocasionar um dos 
principais postulados da psicologia wundtiana - a causalidade psíquica, que traz a 
possibilidade de panoramas pautados no objetivo e no subjetivo. Esse domínio de 
investigação duo, mas que ainda assim é demasiadamente diverso, abre espaço para a criação 
de duas complementações psicológicas: a psicologia fisiológica experimental e a psicologia 
dos processos psíquicos superiores - social ou “dos povos”. Tal gênese viria a ser um marco 
significativo e determinante na história da psicologia. 
Em suma, a primazia pelo pragmatismo não admitia ao próprio Wilhelm Wundt a 
redução, o isolamento ou a restrição de ideias sobre suas eruditas teorias, todas elas 
intrinsecamente ligadas à fundamentação filosófica intrincada. Por conseguinte, foi através 
desse caminho sistemático que o “psicólogo-filósofo” propiciou a diferenciação 
epistemológica em relação às demais ciências, oferecendo à Psicologia os princípios de uma 
autonomia particular e sem igual. Após sua morte, porém, há a disseminação de suas ideias 
por todo o globo, por intermédio de seus discípulos que, em sua maioria, tomados por 
agendas ideológicas, corrompem boa parte do arcabouço wundtiano, levando a infeliz e 
evidente desconsideração atual pelo acervo quase enciclopedista de Wilhelm Wundt.

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