Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Problemas de valores de Contorno Equações Diferenciais Parciais (EDP) Separáveis; EDP’s clássicas e Problemas de Valores de Contorno; Equação do Calor, da Onda e de Laplace. Equações Diferenciais Parciais Separáveis Primeiramente vamos definir uma EDP linear geral de 2° ordem: Dada uma função , uma EDP linear de 2° ordem tem a forma geral: Onde A, B, C, ... ,D são funções de e de . Quando , então a EDP linear é homogênea, se não é dita não-homogênea. Solucionar uma EDP é encontrar uma função que satisfaça a EDP em uma determinada região do plano . Equações Diferenciais Parciais Separáveis Não é comum encontrar problemas práticos cujo modelo na forma de EDP tenha todas as componentes da forma geral de segunda ordem. Por isso, não será tratada a solução geral para uma EDP linear de 2° ordem, mas sim a solução de casos mais práticos. O principal método de solução será a separação de variáveis. Basicamente trata-se de supor que é a composição de duas funções e na forma: . Para substituir na EDP, temos: Equações Diferenciais Parciais Separáveis Exemplo 1: Determine a solução da EDP a seguir por meio da separação de variáveis. Solução: Supondo que , podemos calcular as derivadas parciais e então substituir na EDP: Dividindo os dois lados da igualdade por , temos: Estamos supondo que o lado esquerdo não de pende de e que o lado direito não depende de . Como são iguais, então estas não dependem nem de e nem de y. Equações Diferenciais Parciais Separáveis Exemplo 1: Solução: Isso significa dizer que as duas equações devem ser iguais a uma constante . Por padrão vamos utilizar a constante . Vamos agora analisar a resposta de EDP para os três possível valores da constante Caso 1: Quando , então as duas EDO ficam na forma: Integrando duas vezes, chagamos a resposta: Por multiplicação, temos: Equações Diferenciais Parciais Separáveis Caso 2: Quando , as duas EDO’s ficam na forma: Resolvendo as duas EDO’s, temos as soluções gerais na forma: Por multiplicação obtemos: Caso 3: Quando , as duas EDO’s ficam na forma: Resolvendo as duas EDO’s, temos as soluções gerais na forma: Por multiplicação obtemos: Equações Diferenciais Parciais Separáveis Classificação das EDP’s Vamos classificar as EDP’s em três tipos: Hiperbólica, parabólica e elíptica. Dada a forma geral de uma EDP de 2° a seguir: Onde A, B, C, D, E, F e G são constantes reais, então segue a classificação: Exemplo 2: Classifique as seguintes EDP’s. Equações Diferenciais Parciais Separáveis Exemplo 2: Solução: a) escrevendo na forma padrão: Podemos identificar . Assim e A EDP é do tipo Parabólica. b) escrevendo na forma padrão: Podemos identificar . Assim e A EDP é do tipo Hiperbólica. c) escrevendo na forma padrão: Podemos identificar . Assim e A EDP é do tipo Elíptica. Equações Diferenciais Parciais Separáveis Exercício 1: Nos problemas a seguir, encontre por separação de variáveis as possíveis soluções produto das EDP’s. Exercício 2: Classifique as seguintes EDP’s como Hiperbólica, parabólica ou elíptica. Equações Diferenciais Parciais Separáveis Exercício 3: Nos problemas a seguir, verifique se a EDP possui como solução a função produto indicada. Exercício 4: A EDP a seguir está na forma generalizada, visto que seus coeficientes são funções de . Desta forma, analise as regiões do plano em que esta pode ser classificada como Hiperbólica, parabólica ou elíptica. EDP’s Clássicas e PCV’s Algumas EDP’s clássicas são apresentadas a seguir: Equação do Calor Unidimensional: Equação da Onda Unidimensional: Equação de Laplace Bidimensional: Estas EDP’s surgem com muita frequência em problemas práticos. Para a dimensão do problema leva-se em consideração apenas a dimensão espacial. EDP’s Clássicas e PCV’s Equação do Calor Surge na teoria de fluxo de calor por condução que atravessa determinado material de difusividade térmica . O problema unidimensional uma barra delgada ou um fio fino. A função apresenta a temperatura ao longo da barra em função do tempo. Para obter este modelo, algumas considerações são feita: O fluxo de calor dentro da barra é tomado apenas na direção de . A superfície lateral é isolada, isto é, nenhum calor escala nas laterais. Não é gerado calor dentro fio fino; EDP’s Clássicas e PCV’s Para obter este modelo, algumas considerações são feita: A barra possui distribuição de massa homogênea. O calor específico e a condutividade térmica são constantes. Deduzindo a EDP por leis empíricas: Quantidade de calor por elemento de massa: Onde é a temperatura do elemento. A quantidade de calor total que a travessa a secção transversal de área depende de . O sinal significa que o calor cresce a medida que a temperatura diminui. EDP’s Clássicas e PCV’s Tomando apenas uma fatia do fio de até , a massa total é e a quantidade de calor da fatia é: Fluxo de calor que atravessa a fatia: Derivando a quantidade de calor total da fatia no tempo, encontraremos também o calor total que atravessa a fatia: Igualando as duas equações anteriores, temos: EDP’s Clássicas e PCV’s No limite quando , temos a seguinte EDP A constante é conhecida como difusividade térmica: Quando há perda de calor para o ambiente pela lateral, o problema sofre a seguinte alteração Onde é a temperatura do ambiente e é a constante de convecção do calor. Em geral, é uma função que modela a convecção do calor na superfície do material. EDP’s Clássicas e PCV’s Equação da Onda Vamos tomar um fio de barbante de comprimento L, com extremidades fixas em e em . O fio é perfeitamente flexível; O fio possui distribuição de massa homogênea, isto é, é constante. O deslocamento é pequeno se comparado ao comprimento L do fio. Assuma que quando o fio começa a vibrar, esta vibração permanece no plano . Sendo a posição de cada ponto do fio em função do tempo. Para obter a EDP que rege a vibração da corda, vamos fazer algumas considerações: EDP’s Clássicas e PCV’s Para obter a EDP que rege a vibração da corda, vamos fazer algumas considerações: A tensão T age tangencialmente em cada ponto do fio e é a mesma em cada ponto ao longo do fio. A tensão T é grande se comparada com a gravidade. Nenhum outra força age sobre o fio. Vamos separar uma secção do fio no intervalo . A força total que age na vertical é aproximadamente: EDP’s Clássicas e PCV’s Assumindo que E também que é a massa a secção de fio. Então, pela segunda Lei de Newton, temos: Quando e fazendo , temos: Quando há forças externas: EDP’s Clássicas e PCV’s Equação de Laplace A Equação de Laplace pode ser interpretada como o modelo em regime permanente, isto é, quando não varia com o tempo. Esta equação é utilizada para tratar de problemas de potencial como Eletrostático, Gravitacional e velocidade em fluidos mecânicos; A equação de Laplace 2D também pode ser interpretada como a temperatura em uma placa em regime permanente. A Equação de Laplace se utiliza do símbolo o qual é conhecido como Laplaciano. EDP’s Clássicas e PCV’s Condições Iniciais Para obter a solução de EDP’s em função do tempo é necessário se utilizar de condições inicial. Quando , temos na verdade uma função que rege o comportamento inicial da vibração de uma corda ou mesmo a taxa de variação no tempo de cada ponto da corda: A figura ao lado mostra um exemplo de como ocorre uma condição inicial modelada anteriormente. Podemos modelar o perfil da curva e sua derivada. EDP’s Clássicas e PCV’s Condições de Contorno Similar às condições iniciais, as condições de contorno nos permitem encontrar a solução particular para as funções de variáveis geométricas no decorrer do tempo. Como por exemplo na equação da onda: As extremidades do fio permanecem na posição pois são fixas para todo tempo. Este tipo de condição de contorno é conhecida como condições de Dirichlet.Na equação do calor, esta CC significa que a temperatura permanece na extremidade . EDP’s Clássicas e PCV’s Outros tipos de CC como a condição de Neumann, a qual envolve a primeira derivada: Na equação do calor, este CC significa que na extremidade não há fluxo de calor, isto é, esta extremidade é isolada. A condição de Robin, envolve a primeira derivada e a própria função: Na equação do calor, este CC significa que o fluxo de calor na extremidade é diretamente proporcional à diferença de temperatura entre a barra e o ambiente. EDP’s Clássicas e PCV’s Problema de Valor de Contorno Trata-se de uma EDP cuja solução particular é obtida através de Condições de Contorno e Condições iniciais. EDP’s Clássicas e PCV’s Exercício 5: Para as situações a seguir, considere uma barra delgada de comprimento no intervalo Monte as condições de contorno para o problema de temperatura . A extremidade esquerda permanece à temperatura nula e a direita é isolada. A distribuição inicial da temperatura ao longo da barra é dada por . A extremidade esquerda permanece à temperatura e a direita permanece na temperatura zero. Há perda de calor pela lateral da barra para o ambiente com temperatura de . A distribuição inicial da temperatura ao longo da barra é dada por . As extremidades da barra são isoladas e há perda de calor pela lateral da barra para o ambiente com temperatura de . A temperatura inicial é 100 °C em toda a barra. EDP’s Clássicas e PCV’s Exercício 6: Para as situações a seguir, considere fio de comprimento no intervalo Monte as condições de contorno para o problema da onda . As extremidades do fio são presas no eixo . A posição inicial do fio é dada por . As extremidades do fio são presas no eixo . A posição inicial do fio é dada por . A extremidade esquerda é presa no eixo , mas a direita se move transversalmente de acordo com . A posição inicial dos demais pontos do fio é regida pela função . Para a vibração vertical do fio é amortecida por uma força que é proporcional à velocidade instantânea. EDP’s Clássicas e PCV’s Solução da Equação do Calor Vamos solucionar o seguinte PVC: Usando a separação de variáveis, temos que . Calculando as derivadas parciais e substituindo na EDP, temos: Depois de resolver as EDO’s, vamos utilizar as condição de contorno: O que nos leva a seguinte problema: EDP’s Clássicas e PCV’s As possíveis soluções da EDO de 2° ordem são: Para as duas primeiras soluções, as condições iniciais resultam somente na solução trivial . Por isso a terceira solução é a única que se aplica nesta situação. Substituindo as condições iniciais temos: Como não pode ser zero, então , ou ou mesmo . EDP’s Clássicas e PCV’s A solução da EDO a seguir deve ser tomada em termos de , os quais são conhecidos: Os valores de são conhecidos como autovalores do problema e as funções que dependem dos mesmos são chamadas de autofunções. Multiplicando as duas soluções, temos: Estas soluções dependem de . A combinação linear das mesmas também é solução da EDO. EDP’s Clássicas e PCV’s Substituindo a condição inicial , temos: Esta expressão é idêntica à série de Fourier de uma função ímpar, onde: Desta forma a solução particular da EDP é dada na forma: Para o caso particular em que , e , temos: EDP’s Clássicas e PCV’s O Resultado gráfico pode ser realizado no MATLAB. EDP’s Clássicas e PCV’s Exercício 7: Resolva a EDP do calor sujeita as seguintes condições. Exercício 8: Suponha que no problema de propagação do calor em um fio fino, haja perda de calor pela superfície lateral para o ambiente em temperatura 0 °C. O modelo é dado na forma: Sendo , e é uma constante. Determine a temperatura em cada ponto da barra sendo a distribuição inicial de temperatura e as duas barras são isoladas. EDP’s Clássicas e PCV’s Exercício 9: Suponha uma barra delgada definida no intervalo inicialmente no formato anelar, mas depois foi cortada para análise retangular. Esta situação satisfaz o seguinte PCV: Determine a temperatura . EDP’s Clássicas e PCV’s Solução da Equação da Onda Vamos solucionar o seguinte PVC: Usando a separação de variáveis, temos que . Calculando as derivadas parciais e substituindo na EDP, temos: Para , temos: EDP’s Clássicas e PCV’s Das três opções, apenas para as condições de contorno não provocam a solução trivial: Substituindo as condições iniciais temos: Como não pode ser zero, então , ou ou mesmo . Assim os autovalores são, A solução geral para : EDP’s Clássicas e PCV’s Por multiplicação temos: Fazendo a combinação linear de todas as soluções: Substituindo a condição inicial, temos: Esta expressão é idêntica a série de Fourier da uma função ímpar, onde: A última condição inicial necessita de calcular . EDP’s Clássicas e PCV’s Assim temos: Esta expressão é idêntica a série de Fourier da uma função ímpar, onde: Desta forma a solução geral é dada por: EDP’s Clássicas e PCV’s Para o caso particular onde: , e Os coeficientes An e Bn são dados por: Resultados gráficos: EDP’s Clássicas e PCV’s Resultados gráficos: EDP’s Clássicas e PCV’s Solução da Equação de Laplace Vamos solucionar o seguinte PVC: Usando a separação de variáveis, temos que . Calculando as derivadas parciais e substituindo na EDP, temos: Para , temos: EDP’s Clássicas e PCV’s Das três opções, apenas para as condições de contorno não provocam a solução trivial: Substituindo as condições de contorno, temos: Como não pode ser zero, então , ou ou mesmo . Desta forma: Assim os autovalores são, A solução geral para : EDP’s Clássicas e PCV’s Condições de contorno para : Quando : Por multiplicação temos: Fazendo a combinação linear de todas as soluções: Substituindo a condição de contorno em (), temos: EDP’s Clássicas e PCV’s Esta expressão é idêntica a série de Fourier da uma função par, onde: Para o caso particular onde: e Os coeficientes e da série são: EDP’s Clássicas e PCV’s EDP’s Clássicas e PCV’s Problema de Dirichlet Ocorre quando as condições de contorno delimitam condições para toda a região do espaço analisado. Por exemplo, no caso do PCV a seguir: Note que nenhuma derivada é utilizada para as condições de contorno, apenas os valores da solução nos limites do espaço analisado. A solução é dada na forma: EDP’s Clássicas e PCV’s Para o caso particular em que , e , temos: EDP’s Clássicas e PCV’s Princípio da Superposição Quando um PVC apresenta todas as condições de contorno não nulas, a solução pode ser obtidas separando o problema em dois mais simples. O PVC acima pode ser analisado como os dois PCV’s a seguir: EDP’s Clássicas e PCV’s Obtêm-se então a solução para os dois PVC’s simplificados e, pelo princípio da superposição, a solução final é dada pela soma. Solução do 1° PCV: EDP’s Clássicas e PCV’s Solução do 2° PCV: Para o caso particular: e: EDP’s Clássicas e PCV’s 0123456 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 Deslocamento u(c,t) m Tempo s x=0 m x=0.39 m x=0.787 m x=1.177 m x=1.574 m x=1.964 m x=2.355 m x=2.751 m x=3.142 m 00.511.522.53 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 Deslocamento u(x,c) m Ponto da corda x (m) t=0 s t=0.762 s t=1.587 s t=2.348 s t=3.173 s t=3.935 s t=4.697 s t=5.522 s t=6.283 s Tempo (seg) Ponto da corda x (m) 0123456 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 -1.5-1-0.500.511.5 Coordenanda y (m) Coordenanda x (m) 00.20.40.60.81 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 0102030405060708090 00.20.40.60.81 0 20 40 60 80 100 Temperatura u(x,c) m Pontos x da placa (m) y=0 m y=0.2 m y=0.4 m y=0.6 m y=0.8 m y=1 m 00.20.40.60.81 0 20 40 60 80 100 Temperatura u(c,y) m Pontos y da placa (m) x=0 m x=0.2 m x=0.4 m x=0.6 m x=0.8 m x=1 m Coordenanda y (m) Coordenanda x (m) Isotermas 00.20.40.60.81 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1Coordenanda y (m) Coordenanda x (m) Isotermas 00.511.52 0 0.5 1 1.5 2 102030405060708090100 00.511.52 0 20 40 60 80 100 Temperatura u(c,y) m Pontos y da placa (m) x=0 m x=0.2 m x=0.4 m x=0.6 m x=0.8 m x=1 m 00.511.52 0 20 40 60 80 100 Temperatura u(x,c) m Pontos x da placa (m) y=0 m y=0.2 m y=0.4 m y=0.6 m y=0.8 m y=1 m
Compartilhar