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Dentes inclusos Técnicas cirúrgicas, acidentes e complicações Tatyane Ferreira INTRODUÇÃO (PRADO, 2003) Dentes inclusos podem ser definidos como dentes que não erupcionaram, não atingindo assim sua posição na arcada no tempo esperado. Na literatura, outros termos são encontrados, como impactado, retido e encravado. Geralmente usa o termo inclusão quando está retido parcialmente ou totalmente.A explicação mais lógica para inclusão dos dentes na maioria dos casos é a falta de espaço nos maxilares. Além disso, não todos os dentes, em diferentes frequências ou causas podem se apresentar incluso, porém os terceiros molares, por serem os últimos a erupcionar, são os que possuem maior frequência. A ordem de frequência de ocorrência de dentes inclusos é: terceiros molares superiores e inferiores, caninos superiores, pré-molares inferiores e superiores e dentes supranumerários. A extração dos dentes inclusos deve ser indicada tão logo o profissional conclua que o mesmo não pode ser aproveitado, a menos que exista alguma contraindicação local ou sistêmica, as quais podem ser relativas a idade do paciente e ao risco às estruturas adjacentes. A manutenção prolongada ou definitiva de um dente incluso ou semi-incluso pode causar alterações patológicas ou outros problemas. INTRODUÇÃO (PRADO, 2003) Os dentes inclusos podem ser classificados de acordo com a sua posição com o objetivo de realizar um melhor planejamento cirúrgico. Com isso, os terceiros molares são classificados em semi-incluso, submucoso ou intra-osséo. Além disso, quanto à angulação em relação ao longo eixo do segundo molar, os terceiros molares inferiores é classificado em: mésio-angular, vertical, disto- angular e horizontal. Essa classificação permite avaliar o grau de dificuldade da exodontia. FIG.1 A. Mesio-angular. B. Vertical. C. Distoangular. D. Horizontal INTRODUÇÃO (PRADO, 2003) Os terceiros molares superiores também possuem a mesma classificação que os terceiros molares inferiores quanto a angulação em relação ao longo eixo do segundo molar, sendo assim eles são classificados em: mésio-angular, vertical, disto-angular e horizontal. FIG.1 A. Mesio-angular. B. Vertical. C. Distoangular. D. Horizontal INTRODUÇÃO (PRADO, 2003) Os terceiros molares inferiores também podem ser classificados segundo Pell e Gregory em relação ao ramo mandibular. FIG.1 A. Espaço suficiente no ramo para acomodação do diâmetro mésio-distal da coroa. B. Espaço suficiente no ramo menor que o diâmetro mésio-distal da coroa. C. Terceiro molar localizado no ramo mandibular INTRODUÇÃO (PRADO, 2003) Além disso, Pell e Gregory classifica o terceiro molar inferior de acordo com a profundidade do elemento dentário, relacionando sua altura com o plano oclusal. FIG.1 A. A porção mais alta do terceiro molar está no nível do plano oclusal do segundo molar. B. A porção mais alta do terceiro molar está entre o plano oclusal e a linha cervical do segundo molar. C. Terceiro molar localizado abaixo da linha cervical do segundo molar. Osteotomia e odontossecção (MEDEIROS, 2003) A osteotomia e a odontosecção são etapas fundamentais no sucesso da extração de um dente incluso. A luxação e o descolamento do dente de seu alvéolo são usualmente feitas com o uso das alavancas, já que os dentes inclusos são inacessíveis aos mordentes de um fórceps. O processo de luxação de um dente erupcionado é realizado por meio do rompimento das fibras do ligamento periodontal e dilatação dos alvéolos. Como os dentes inclusos não possuem fixação nos alvéolos, esses dois efeitos são desnecessários. A odontosecção permite, ao fragmento do dente, que ele seja removido através de uma “janela” óssea menor. A broca mais usada para osteotomia é a esférica de aço de número 6. A de número 4 fica reservada para os casos em que a proximidade com as raízes de outros dentes seja mais crítica. As brocas mais úteis para a odontossecção são a de tronco cônico de aço de úmero 702 e a zekra de 28mm. Osteotomia e odontossecção (MEDEIROS, 2003) Dentes maiores como caninos, raramente são removidos inteiros, logo requer uma osteotomia mais extensa. Portanto, esses dentes são seccionados no nível do colo, ou mesmo em mais segmentos, se for necessário. Em crianças, principalmente as mais jovens, é útil a realização da osteotomia e da odontossecção, pois permite que seja realizada menos pressão com as alavancas. Há dentes que são seccionados em 2 partes, outros em 3 pedaços e alguns até em 4 , 5 ou 6 segmentos. A osteotomia a ser realizada nas impacções distoangulares envolve as regiões da crista do rebordo e vestibular, sendo a região distal à coroa inacessível à broca. TÉCNICAS CIRÚRGICAS (MEDEIROS, 2003) As etapas básicas seguidas na extração dos dentes inclusos são comuns, como acesso, osteotomia, luxação, remoção do dente, limpeza da ferida e sutura. Os dentes impactados, com bastante frequência, necessitam ser seccionados devido à presença de uma barreira física que dificulta tanto a sua erupção quanto o seu eixo de saída durante a exodontia. Dessa forma, serão descritas as técnicas cirúrgicas mais usuais para a extração dos dentes inclusos, dentre eles: os terceiros molares, os caninos superiores, os pré-molares inferiores, os dentes supranumerários e outros menos frequentes. TÉCNICAS CIRÚRGICAS (MEDEIROS, 2003) É o elemento dentário com maior prevalência de inclusão óssea. A anestesia utilizada nesses casos é o bloqueio dos nervos: Alveolar inferior, lingual e bucal. O acessos cirúrgico de escolha é o descolamento de papila, complementado com uma incisão vestibularizada na distal do segundo molar. Essa incisão deve ser realizada dessa maneira para evitar lesar estruturas como o nervo lingual. O descolamento deve ser amplo para facilitar a visualização. Como o terceiro molar pode se apresentar de diversas maneiras (vertical, mesioanular, horizontal e distoangulado), há abordagem diferentes para cada tipo de impactação dentária. Dessa forma, cada uma delas serão abordadas. Terceiro molar inferior FIG.1 Incisão para exodontia de terceiro molar TÉCNICAS CIRÚRGICAS (MEDEIROS, 2003) Terceiro molar inferior Impactação vertical é de fácil remoção, necessita apenas uma pequena osteotomia nas regiões distal, vestibular e mesial. Há casos em que é necessária a separação das raízes, mesial e distal para evitar o uso de força exagerada. Nos terceiros molares profundos faz uma incisão relaxante na mesial do segundo molar, o que facilita o acesso cirúrgico. FIG.1 Separação das raízes. TÉCNICAS CIRÚRGICAS (MEDEIROS, 2003) A barreira física que impede a saída dos dentes de impactação mesioangular é, geralmente, em segundo molar. Desse modo, comumente separa as duas raízes desse elemento e remove-se inicialmente a raiz distal e posteriormente a mesial deslocando-a em direção ao alvéolo distal. Uma outra técnica utilizada é realizando uma odontosecção formando um fragmento distal com base maior para oclusal; isso permitiria a saída do fragmento em primeiro lugar e depois do restante do elemento dentário. Após a odontotesção planejada, a remoção do dente ocorre sem uso de força, pois todas as barreiras físicas já foram eliminadas, com isso, posterior a exodontia, deve-se remover o folículo pericoronário e irrigar o alvéolo para remover resíduos. Terceiro molar inferior FIG.1 Remoção inicial da raiz distal. TÉCNICAS CIRÚRGICAS (MEDEIROS, 2003) Já em caso de inclusão horizontal, a técnica utilizada é a separação da coroa dentária das raízes, pois com isso cria-se um espaço para deslocar as raízes remanescente para anterior. A odontosecção deve ser realizada de maneira criteriosa, pois base maior da coroa deve ficar para a oclusal, facilitando assim o seu eixo de saída. Desse modo, geralmente a remoção das raízes é realizada sem maiores dificuldades. Contudo, em alguns casos, como dilaceração radicular e hipercimentose, pode ser necessária a separação das raízes a qual deveser feita com caneta de alta rotação ou com a peça reta. Terceiro molar inferior FIG.1 Radiografia de inclusão horizontal do terceiro molar FIG.2 Odontosecção. FIG.3 Separação da coroa das raizes. TÉCNICAS CIRÚRGICAS (MEDEIROS, 2003) O terceiro molar distoangulado é considerado um dente incluso de difícil remoção, pois seu eixo de saída se direciona para dentro do ramo mandibular. Portanto, deve-se realizar uma secção distal na coroa com o objetivo de criar um espaço para o terceiro molar ser deslocado em direção ao ramo a partir do uso da alavanca na região mesial. Nos caos em que a distoangulação é severa, após a secção e luxação, o dente desloca-se novamente contra o ramo e assim, deve- se realizar outra odontossecção. Terceiro molar inferior FIG.1 Alavanca apoiada na mesial desloca o dente no sentido do ramo, permitindo a saída do remanescente dentário. TÉCNICAS CIRÚRGICAS (MEDEIROS, 2003) Um tipo peculiar de terceiro molar é aqueles que se encontram com angulação intermediária entre as posições mesioangular e horizontal. Nesses casos, torna-se praticamente inviável a realização da separação longitudinal ou a clivagem entre a coroa e raiz, logo a melhor maneira de remover é realizando 2 odontossecções paralelas entre si. Terceiro molar inferior FIG.1 Duas secções paralelas entre si TÉCNICAS CIRÚRGICAS (MEDEIROS, 2003) Geralmente a remoção do terceiro molar superior não representa um procedimento de alta complexidade. Frequentemente realiza apenas osteotomia sem necessidade de odontossecção, pois seu eixo de saída é para distal e vestibular, onde normalmente não existe barreiras físicas à saída do elemento dentário. Mesmo quando há osso na distal do terceiro molar superior, o que geralmente ocorre nos dentes mesioangulados, esse osso é facilmente removido utilizando um descolador de periósteo do tipo Molt. Na maioria das vezes, o uso da odontosecção se dá em elementos erupcionados que já sofreram a ação de forças mastigatórias e por causa disso têm a sua implantação óssea mais efetiva. Nesses casos, deve separar as 2 raízes vestibulares da palatina, removendo primeiro as vestibulares e depois a palatina. Isso diminui a força usada e o índice de complicações. A anestesia usada nesses casos deve permitir o bloqueio dos nervos: alveolar superior posterior e palatino maior. Terceiro molar superior FIG.1 Nervos palatinos TÉCNICAS CIRÚRGICAS (MEDEIROS, 2003; PRADO et al, 2003) O acesso cirúrgico se dá por um retalho em L, com uma incisão relaxante para-papilar na porção cervical mesial do segundo molar superior e após cuidadoso descolamento mucoperiosteal, a remoção de osso vestibular que recobre a porção coronária do terceiro molar. Terceiro molar superior FIG.1 O planejamento do retalho deve ser feito levando em consideração um acesso cirúrgico suficiente para a remoção do osso alveolar, deixando sempre margem de osso sadio. TÉCNICAS CIRÚRGICAS (MEDEIROS, 2003; PRADO et al, 2003) A sua abordagem cirúrgica dependerá da análise radiográfica da localização se está palatina ou vestibular. Canino superior FIG.1 Espaço limitado faz-se necessária a secção da coroa em vários pedaços. Para os caninos localizados pela vestibular compreende a simples remoção da coroa através de uma ou mais odontossecções. Essa manobra permite a remoção do remanescente radicular sem ouso de força excessiva. O acesso cirúrgico vai depender se o dente está próximo ao rebordo ou na altura das raízes, acima da linha mucogengival. No primeiro caso é necessário realizar um acesso do tipo descolamento de papila; no segundo, deve utilizar um acesso linear acima da linha mucogengival. Nos dentes intermediários deve-se realizar o retalho em L ou em trapézio. A impactação palatina representa uma exodontia complexa, pelo fato de a curvatura do palato dificultar o eixo de saída do elemento dentário. Isso pode ser contornado com o uso de uma ou várias odontossecções. TÉCNICAS CIRÚRGICAS (MEDEIROS, 2003; PRADO et al, 2003) A abordagem cirúrgica dependerá do lado em que o dente se encontra. A anestesia utilizada deve promover o bloqueio dos nervos alveolar inferior, lingual e em alguns casos, o nervo bucal. Pré-molar inferior A exodontia de um pré-molar incluso vestibular é bastante parecida com a de um canino superior, exceto sua proximidade com o feixe mentoniano. A impactação lingual em geral representa um procedimento de pouca complexidade, pois o eixo de saída do dente facilita a sua remoção. A exodontia pode ser dificultada por conta da língua e pelo acesso restrito. TÉCNICAS CIRÚRGICAS (MEDEIROS, 2003; PRADO et al, 2003) Boa parte dos dentes supranumerários possui variação quanto à sua forma e a maioria deles tem tamanho reduzido e raízes curtas ou não formadas. Portanto, a exodontia se torna menos complexa quando estes dentes estão situados por vestibular. Maiores cuidados deve ter quando estes estiverem localizados lingualmente na mandíbula. Dentes supranumerários O acesso cirúrgico se dá com retalho por descolamento de papilas, sem incisões de alívio. Quando a ostectomia não é suficiente para a remoção completa do dente, odontossecções longitudinais na coroa do dente podem ser necessárias. É comum a presença de dentes supranumerários na região anterior da maxila, posteriormente aos terceiros molares e nas regiões de caninos e pré-molares mandibulares. ACIDENTES E COMPLICAÇÕES As cirurgias para remoção de dentes inclusos requerem conhecimento acerca dos riscos e complicações advindas desses procedimentos e das técnicas para minimizá-las e trata-las quando estas ocorrem. Logo, é de extrema importância que seja feito um cuidado exame clínico e radiográfico na fase pré-operatória para que se reduza o potencial de ocorrência de acidentes e complicações. Além disso, há um outro fator que é a capacitação técnica do Cirurgião-dentista de modo que para a execução de qualquer procedimento é imprescindível que o CD só realize os procedimentos que esteja, dentro de suas possibilidades. A maioria dos acidentes e complicações na cirurgia de dentes inclusos decorre de erros de avaliação, do mau uso de instrumentos, da aplicação de força inadequada e de visualização dificultada. Essas intercorrências podem ocorrer tanto no transoperatório quanto no pós-operatório. (MEDEIROS, 2003) FIG.2 Força excessiva FIG.1 uso do fórceps ACIDENTES Dentre os acidentes existentes, podemos destacar: Lesões aos tecidos moles Injúrias às estruturas ósseas Fratura de instrumentos (MEDEIROS, 2003; KATO et al, 2010) Deiscência de sutura ACIDENTES Lesões aos tecidos moles As lesões dos tecidos moles intra-orais podem ser causadas pelo uso inadvertido de alavancas, de brocas ou tracionamento exagerado do retalho mucoperióstico. Desse modo, na realização de cirurgia de terceiro molar superior incluso, nas que são necessário o uso de brocas, seja para realização de osteotomia e/ou para a realização de odontossecção, a mucosa deve ser protegida por afastadores, pois ela fica muito vulnerável às lacerações. Outra forma de prevenir acidente é na realização de um retalho mucogengival que proporcione um relaxamento suficiente, impedindo seu tracionamento a fim que se evite rupturas. Já em relação as cirurgias pelo lado palatino, visando à exposição cirúrgica de caninos inclusos, ao fazermos a janela cirúrgica, deve- se ter cuidado com o suprimento sanguíneo para que não haja necrose do tecido próximo ao colo dentário. Em relação aos tecidos moles periorais, geralmente as lesões se localizam na comissura labial, sendo causadas pela pressão do afastador, sendo bastante comum, principalmente, nos procedimentos cirúrgicos longos. Portanto, para a prevenção é recomendado o uso de lubrificante na comissura, durante e após a cirurgia. (MEDEIROS, 2003) FIG.1 Necrose no palato FIG.2- Comissura labial FIG.3 Exodontia ACIDENTES Injúrias às estruturas ósseas Existem condições locais que podem dificultara cirurgia de dentes inclusos, tais como: tábua óssea espessa, osso mais cortical, ápices radiculares finos e hipercementose. O uso de forças exagerada durante uma exodontia nessas condições pode resultar na remoção indesejada do processo alveolar, junto com o dente. Uma exodontia traumática na região posterior da maxila, em pacientes com pneumatização do seio maxilar, pode resultar em uma fratura que envolva o soalho do seio maxilar e toda a região da tuberosidade maxilar. Esse tipo de fratura é mais frequente em cirurgia e terceiros molares superiores inclusos com impactação mesioangular, e em pacientes com idade mais avançada. Isso poderia trazer como consequência dificuldade e limitações na reabilitação protética. Esse acidente pode ser evitado utilizando a técnica de osteotomia e do seccionamento das raízes, permitindo que a cirurgia seja realizada sem o uso exagerado de força. A fratura do bloco ósseo contendo a tuberosidade e os dentes maxilares deve ser tratada através de sua fixação com o esqueleto fixo da face, através de fixação rígida (uso de placas e parafusos) ou através do uso de osteossintese ou suspensões com fio de aço. No caso de fratura da tabua óssea vestibular, deve-se optar por sua manutenção, se ela estiver aderida ao periósteo. Realiza-se a compressão das tabuas ósseas vestibulares e linguais (manobra de chompret) e procede-se a sutura. Porém, há casos em que a separação do dente a ser extraído do ossso fraturado é impossível, sendo indicada a remoção do segmento dentoósseo. FIG.1 Hipercementose (MEDEIROS, 2003) ACIDENTES Deiscência de sutura A deiscência do retalho nos dias seguintes à cirurgia é observada, quando o tecido mole sofre uma retração, expondo o tecido ósseo subjacente. As principais causas são a inadequada técnica de fechamento do retalho, rompimento prematuro das suturas ou forças mecânicas locais. O tratamento dos casos de deiscência incluiu a limpeza da área exposta, anestesia da região e nova sutura, com todos os casos evoluindo de maneira adequada, após a intervenção. FIG.1- Sutura em alvéolo (KATO et al, 2010) ACIDENTES Fratura de instrumentos O uso exagerado de força durante o processo de luxação com alavancas pode ocasionar a fratura do instrumento. Dentre os fatores que levam a tal condição, há o uso de brocas antigas e/ou sem a irrigação correta. Algumas vezes, fragmentos de brocas não são observados no momento da cirurgia e podem causar complicações, como desconforto e infecção após o procedimento cirúrgico. Além disso, o paciente pode engolir as brocas caso não sejam bem presas à caneta de alta rotação. FIG.1- Fragmento de broca FIG.2- Imagem radiopaca em região de seio maxilar compatível com broca cirúrgica (MEDEIROS, 2003) COMPLICAÇÕES Complicações Bucossinusais Dentre as complicações existentes, podemos destacar: Alveolite Infecção Fratura de mandíbula Lesões aos dentes adjacentes Injúrias a estruturas adjacentes Trismo (MEDEIROS, 2003; ARAÚJO, 2011; ANTUNES, 2014) Dor Edema Hemorragia ACIDENTES Complicações Bucossinusais A anatomia da região do seio maxilar e sua intima relação com os ápices radiculares dos dentes posteriores superiores, são aspectos que devem ser considerados durante o planejamento de exodontias nessa região. Nos pacientes jovens, 12 aos 14 anos, os terceiros molares superiores inclusos frequentemente possuem uma localização mais alta, imediatamente abaixo do soalho do seio maxilar. Logo, durante a remoção desses dentes deve-se ter bastante cuidado para que eles não sejam impulsionados para o interior do seio maxilar. Para que isso não ocorra, a alavanca de Pott é um instrumento que pode ser utilizado para facilitar a exodontia. Caso o dente seja impulsionado para o interior do seio, a sua remoção deve ser feita através do acesso de Caldwell-Luc, na altura da fossa canina, devendo ser realizada o mais breve possível. Não se deve utilizar a região do alvéolo como via de acesso para o seio maxilar. Os dentes inclusos também podem ser impulsionados para outras regiões, como fossa nasal e fossa infratemporal. (MEDEIROS, 2003) FIG.1- Alavanca de Pott ACIDENTES Complicações Bucossinusais A região submandibular pode ser envolvida durante a remoção de raízes do terceiro molar inferior incluso, devido à superfície lingual da mandíbula nesta região ser muito fina. Uma pressão excessiva com a alavanca no sentido apical pode fazer com que a raiz perfure a tábua lingual e seja empurrada para esse espaço. Caso isso acontece o profissional deverá pressionar com o indicador pelo lado lingual para que a raiz possa retornar ao alvéolo. Se essa manobra tenha sucesso, a raiz deve ser removida cuidadosamente com alavancas apicais, se não, o profissional deve realizar um descolamento pela lingual para explorar a região, caso julgue necessário a remoção. (MEDEIROS, 2003) FIG.1- Exodontia ACIDENTES Alveolite Alveolite consiste em um condições dolorosa que ocorre cerca de 3 a 5 dias após a exodontia. Caracteriza-se por apresentar dor forte e continua, e odor fétido, com as paredes ósseas alveolares expostas sem cobertura protetora. Apesar da sua etiologia ser desconhecida, a exodontia de terceiro molar inferior é a cirurgia em que há a maior prevalência dessa complicação. Fatores de risco: Pericoronarite prévia, uso de contraceptivo oral, fumo, idade avançada e o trauma cirúrgico. Tratamento: Irrigação abundante com soro fisiológico a 0,9% para remoção de restos teciduais, em seguida cola-se um curativo sedativo no interior do alvéolo. Contra indicação: Realização da curetagem, pois retarda a reparação e permite que o processo se dissemine. FIG.1- Alveolite FIG.2- Idoso FIG.3- Contraceptivos FIG.4- Fumo FIG.5- Curetagem do alveolo (MEDEIROS, 2003) ACIDENTES Infecção É mais comum em exodontia de terceiros molares inferiores inclusos ou semi-inclusos. O quadro da pericoronarite preexistente parece predispor a ocorrência de infecções. Em pacientes imunocomprometidos, a profilaxia antibiótica deve ser realizada. As infecções podem se disseminar envolvendo espaços fasciais contíguos, como os espaços submandibulares, sublingual, pterigomandibular, entre outros. Pode ocorrer evolução do quadro para casos sérios, como angina de Ludwig, sublingual e submentoniano, com risco de vida para o paciente. Infecções mais serias necessita de hospitalização, antibioticoterapia venosa e tratamento cirúrgico. FIG.2- Dente mpactado FIG.1- Abscesso (MEDEIROS, 2003) ACIDENTES ( ARAÚJO et al, 2011) Trismo O trismo (limitação de abertura bucal) é definido como uma dor muscular em função de um espasmo miofascial resultante de trauma muscular causado por extrações por tempo prolongado, múltiplas injeções de anestésicos, hematomas e infecções. Segundo estudo, o trismo acomete principalmente nos casos de exodontia de terceiros molares inferiores inclusos, nos quais foram realizados ostectomia e odontosecção. FIG.1- Trismo ACIDENTES (MEDEIROS, 2003) Hemorragia Deve ser perguntado ao paciente em relação a problemas hemorrágicos ou a discrasias sanguíneas, tais como hemofilia e distúrbios plaquetários. O uso crônicos de certos medicamentos, como anticoagulantes, também pode causar maior possibilidade de sangramento transoperatório. Portanto, nessas casos é necessário um contato com o médico para que seja elaborada uma estratégia, para a realização da cirurgia com segurança. O sangramento transoperatório pode advir do retalho ou do tecido ósseo, caso ocorra a hemorragia, deve-se primeiramente realizar uma compressão vigorosa com gaze para paralisar o sangramento, se após a realização desse procedimento o sangramento continuar, é necessário realizar o pinçamento do vaso. Há casos em que após uma cirurgia que tenha transcorrido normalmente, e após a obtenção de adequada hemostasia, o paciente retorna ao consultório com hemorragia local. Essa hemorragia é denominada de secundária ou tardia e deve ser tratada atravésde anestesia, irrigação abundante com adequada aspiração, leve curetagem para remoção de coágulo e realização de sutura. Uma complicação relacionada ao sangramento é a equimose a qual é decorrente do sangue que escapa para o interior dos tecidos subcutâneos, apresentando aspecto rocheado na face do paciente, essa condição pode ser minimizada através da aplicação de compressas de gelo no pós0operatório. FIG.2-compressa com gelo FIG.1- hemorragia ACIDENTES Injúrias a estruturas adjacentes Durante o procedimento cirúrgico, há a possibilidade de se lesar estruturas anatômicas importantes da cavidade oral. Para que esse risco seja menor, é imprescindível que o profissional possua um vasto conhecimento anatômico da área a ser operada. As lesão podem ser aos vasos sanguíneos, nervos e até os ductos salivares. Em relação aos vasos sanguíneos, a região do palato e língua são as áreas mais preocupantes por serem muito vascularizadas. Frequentemente os nervos bucal e nasopalatino são seccionados durante os procedimento cirúrgicos, porém não causam sequela significativa ao paciente. Contudo, se for um traumatismo no nervo mentoniano, pode causar parestesia a qual pode ser permanente. O nervo alveolar inferior pode ser lesado devido à sua proximidade com as raízes do terceiro molar inferior, para diminuir esse risco é aconselhável realizar a odontosecção. Em relação ao nervo lingual, ele é bastante vulnerável durante a cirurgia para a remoção do terceiro molar inferior incluso, logo deve-se evitar o descolamento pela lingual, devido a proximidade desse nervo com a tábua lingual. Os ductos parotídeo e submandibular devem ser lembrados na realização de retalho na proximidade de seus trajetos. Uma lesão nesses ductos pode causar retenção de saliva, inflamação ou infecção na área. FIG.1- Vasos sanguíneos no palato FIG.3- Ductos parotídeo e submandibular FIG.2- nervo alveolar inferior e lingual (MEDEIROS, 2003) ACIDENTES Edema FIG.1- Compressa de gelo. A remoção de um dente incluso com deslocamento de tecidos moles e osteotomia pode resultar em grande aumento de volume. O edema cirúrgico alcança a sua expressão máxima em 48 a 72 horas após o procedimento, começa a regredir por volta do terceiro dia e tem sua resolução normalmente em um período de 7 dias . Edema é considerado uma complicação normal, ou esperada e após esse período deve decrescer até o normal. O edema pode ser diminuído com aplicação de gelo nas primeiras 24 horas. Um saco de gelo pode ser aplicado no local, geralmente posto durante 15/20 min e intervalos do mesmo período durante o primeiro dia, ajuda o paciente. A principal causa para edema pós-cirúrgico é a duração e dificuldade da cirurgia em si e a idade do paciente . (ANTUNES, 2014) ACIDENTES Fratura de mandíbula FIG.1- Fratura da mandíbula durante a exodontia do 38. É um acidente raro associado sobretudo ao uso de forças exageradas com a alavanca. Deve-se avaliar o volume dentário, a espessura da mandíbula e a idade do paciente. A fratura geralmente ocorre em pacientes com idades avançadas, em mandíbula atrófica e na região de terceiro molar. FIG.2- Idoso (MEDEIROS, 2003) ACIDENTES (ANTUNES, 2014) Dor A dor pós cirurgia de extração de terceiros molares inclusos atinge a sua máxima intensidade nas primeiras 12 horastendo o seu início logo após o término do efeito do anestésico local. O uso de analgésicos e anti-inflamatórios não esteroides, analgésicos de ação central e esteroides, tem sido empregue para controlo da dor pós-operatória. Os anestésicos locais de longa duração parecem efetivos no controlo imediato, comparado ao uso de anestésicos de curta duração FIG.2- Dor FIG.1- Dor ACIDENTES Lesões aos dentes adjacentes Durante o procedimento para remoção de um dente incluso, pode- se luxar o dente adjacente, ocasionar sua fratura ou até mesmo sua avulsão. Dessa forma, durante a luxação de caninos inclusos pelo lado palatino, em que há muita proximidade da coroa desses dentes com as raízes dos incisivos, o Cirurgião-Dentista deve colocar o dedo indicador da mão esquerda na face vestibular dos incisivos para notar se está havendo a luxação destes. Outra forma de evitar essas lesões, é avaliar na radiografia pré- operatória a morfologia radicular do dente adjacente, pois dentes com raízes convergentes e/ou curtas podem ser avulsionados acidentalmente quando a alavanca é posicionada de forma inadequada. Além disso, deve ser observado a presença de restaurações extensas e/ou com excessos nas proximais dos dentes adjacentes, devido a possibilidade de causar a remoção ou até mesmo a fratura desses dentes com o posicionamento inadequado da alavanca. FIG.1- Alavanca de seldin FIG.2- Dente com restauração deficiente e fratura (MEDEIROS, 2003) Referências ▪ ANTUNES, Hug Daniel Aguiar.. Complicações Associadas à Extração de Terceiros Molares Inclusos. 2014. ▪ ARAÚJO, Otávio Carvalho de et al. Incidência dos acidentes e complicações em cirurgias de terceiros molares. Rev Odontol UNESP, Araraquara. nov./dez., 2011; 40(6): 290-295. ▪ JÚNIOR, Emyr Stringhini et al. Dentes supranumerários impactados: relato de caso clínico. REV ASSOC PAUL CIR DENT 2015;69(1):89-94. ▪ KATO, Rogério Bentes et al. Acidentes e complicações associadas à cirurgia dos terceiros molares realizada por alunos de odontologia. Rev. cir. traumatol. buco-maxilo-fac. vol.10 no.4 Camaragibe Set./Dez. 2010. ▪ LIMA, Gabriela Attiê Jaciuk de; CARNEIRO, Max Evandro Lima; Izidro, Antonio Eduardo Ribeiro . Tratamento cirúrgico de canino incluso/impactado na maxila: relato de caso. 2019. ▪ MEDEIROS, Paulo José et al. Cirurgia dos dentes inclusos extração e aproveitamento. Livraria Santos, Ed. Ltda., 2003. ▪ PRADO, Roberto et al. Cirurgia bucomaxilofacial diagnóstico e tratamento. 2003. Obrigada!
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