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MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADE Título MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADE Copyright © 2017 by Júlio Martins O direito moral do autor foi assegurado. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida, ou transmitida por qualquer forma ou meio eletrônico ou mecânico, inclusive fotocópia, gravação ou sistema de armazenagem e recuperação de informação, sem a permissão escrita do autor. A reprodução sem a devida autorização constitui pirataria. Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 3 APRESENTAÇÃO A velocidade das comunicações, a globalização da economia e a aceleração das inovações tecnológicas influenciam significativamente na turbulência do ambiente empresarial atual. Algumas das consequências para as pessoas têm sido a necessidade de aprendizado contínuo, além da grande expectativa por contextos organizacionais que proporcionem a aplicação e o desenvolvimento das novas competências requeridas. Já para as empresas, um exemplo dessas mudanças é o aumento da concorrência, forçando-as a fazer uma revisão de suas estratégias de negócios e organização do trabalho, assim como elevando a necessidade de profissionais cada vez mais qualificados e dotados de competências variadas. O setor de telecomunicações tem buscado se adequar a essa nova realidade, aplicando modernos procedimentos de gestão empresarial, influenciando o desenvolvimento de competências profissionais, na tentativa de potencializar os resultados organizacionais, através da agregação de valor ao trabalho realizado e, com isso, valorizando também seus produtos. As organizações do setor têm se esforçado para treinar e desenvolver seus empregados, mas, com o acirramento da concorrência, acaba aumentando a pressão pela busca e pelo desenvolvimento de colaboradores com competências profissionais capazes de corresponder a esse novo ambiente de negócios. Com o intuito de confrontarem as atuais transformações do mundo dos negócios, as organizações, cada vez mais, necessitam de indivíduos talentosos e competentes, portanto, as pessoas com suas competências e talentos nunca foram tão valorizadas como atualmente. Os indivíduos e suas competências são considerados elementos importantes e centrais de diferenciação estratégica. Se, por um lado, essa nova realidade tem trazido à tona a importância da valorização do chamado capital intelectual, da mesma forma eleva as pressões sobre os trabalhadores, cobrando contínua atualização profissional, legitimadas por discursos como os da competitividade, empregabilidade e competência. As políticas de gestão das organizações podem facilitar ou dificultar o desenvolvimento de competências. Dessa forma, é necessário que as empresas sejam capazes de se adaptarem ao novo mundo dos negócios, propiciando uma modernidade organizacional que contribua para a efetiva utilização das competências de seus profissionais. JÚLIO MARTINS MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADE S U M Á R IO Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 5 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO..........................................................................2 INTRODUÇÃO..............................................................................6 RELACIONAMENTO INTERPESSOAL............................................9 COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR......................................14 MOTIVAÇÃO, FLEXIBILIDADE E LIDERANÇA..............................21 TEORIAS MOTIVACIONAIS.........................................................28 A COMUNICAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE........................37 GESTÃO DE CONFLITOS.............................................................44 ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO............................................53 NOVAS TECNOLOGIAS...............................................................65 MÚLTIPLAS LEITURAS E HIPERTEXTO........................................71 COACHING.................................................................................77 ESCOLHA E GERENCIAMENTO DE CARREIRA.............................83 REFERÊNCIAS.............................................................................89 MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADE INTRODUÇÃO Existem vários tipos de organizações e pessoas que fazem parte do nosso ciclo de convivência, com diferentes culturas, personalidades e costumes que envolvem as mais variadas situações do nosso cotidiano. Esses processos de interações que tornam possíveis as relações interpessoais. Desta forma, as ações e as relações pessoais não seguem padrões e normas culturais de cada indivíduo, organizações e sociedades, mas sim de diversos padrões de comportamentos envolvidos. Nos tempos atuais, vive-se um período de avanços e mudanças rápidas em todos os setores da sociedade, principalmente a níveis de informações e tecnologias. Além de compartilharem todas essas interações tanto tecnológicas como humanas, as pessoas e organizações se deparam com a necessidade de acompanharem tais processos. O administrador precisa então, além de planejar, definir com antecedência o que a organização deverá fazer e quais objetivos deverão ser atingidos e, com olhar organizacional ver a empresa como um todo. Pois, as frequentes mudanças e transformações desencadeadas pela globalização relacionadas à economia, à política, ao social, ao cultural, à tecnologia e com a elevada concorrência, refletem diretamente na organização, tornando uma tarefa quase impossível administrar sem um plano de negócio ou um planejamento estratégico. O planejamento estratégico é uma ferramenta que servirá de auxílio nas tomadas de decisões para que evitem possíveis erros, estabelecendo a direção a ser seguida, buscando sempre a interação Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 7 dos fatores externos não controláveis. A função do planejamento é também auxiliar o gestor a esclarecer os conflitos no interior da empresa, pois ele vê a organização como um todo, proporcionando também ferramentas para situações adversas que estão sempre presentes no ambiente do trabalho e nos relacionamentos humanos, que podem ser considerados como indispensáveis, tanto para a evolução das pessoas como para um sistema organizacional. Buscamos demonstrar no contexto, a importância do planejamento para o administrador, como um instrumento de visão futura e de resultados presentes e reais, deixando de ser provisões para se tornarem receitas ativas para a organização, direcionado para empresas, que desejam manterem-se preparadas para garantir sua sobrevivência e permanência competitiva no mercado em que atuam. Na gestão organizacional, deve-se levar em conta também a motivação dos empregados, que é um dos aspectos maiscríticos e um dos mais negligenciados. Implantar sistemas de gestão pautados nas normas ISO, adotar planejamento estratégico, informatizar os processos produtivos, tudo isso, é capaz de trazer vantagem competitiva. Porém, o fator humano pode contribuir ou não para o sucesso da organização, pois, se não for devidamente trabalhado, dificilmente esta vantagem será alcançada ou mantida. Observa-se que atualmente, ainda há, de um modo geral, uma grande deficiência em torno do entendimento quanto ao significado do termo motivação e quanto à natureza do processo motivacional, mesmo em organizações onde se compreende a importância da motivação dos recursos humanos, de forma que a procura por uma solução para os problemas de baixo desempenho, falta de contentamento e aparente má vontade dos empregados tem se MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADE voltado principalmente para a adoção de atitudes de motivação simples, muitas vezes usadas como paliativos de alto preço e cujos resultados tendem a desaparecem em pouco tempo. Estamos numa era de valorização do capital humano, gerando uma necessidade de implantação de planos de carreira direcionados, liderança capacitada, qualidade de vida no trabalho, aplicabilidade das teorias e conceitos na realidade organizacional. Desta forma, potencializa-se o gerenciamento empresarial, com uma visão diferenciada em relação aos seus colaboradores, demonstrando a atenção correta que cada um deve receber. Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 9 U N ID A D E I RELACIONAMENTO INTERPESSOAL MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADE RELACIONAMENTO INTERPESSOAL Relacionar-se bem com outros indivíduos é mais difícil do que parece, pois cada ser humano é de um jeito. Mesmo sendo impossível agradar a todos sempre, é preciso tornar o convívio com todos agradável a maior parte do tempo afinal, ninguém consegue viver sozinho. Onde se encontram duas ou mais pessoas, existe o relacionamento humano, que pode ser harmônico ou não. Os relacionamentos mais saudáveis envolvem conhecimentos que proporcionam o entendimento humano, respeitando as diferenças de cada ser. Quando falamos de pessoas, existem também os grupos sociais, compostos pelas empresas, escolas, famílias, bairros, cidades, e que visam um fim. São consideradas condições de integração social: Evitar conflitos; Valorizar o ser humano; Criar e estabelecer um clima de bem-estar; Promover o conhecimento mútuo; Incentivar o senso de participação. Para se obter uma boa convivência entre os indivíduos, é preciso seguir os padrões do respeito aos direitos e deveres individuais e do grupo. Existem forças que predispõem para um relacionamento harmônico, do mesmo modo que existem forças que dificultam ou até mesmo impedem um bom relacionamento. O que é relacionamento interpessoal? Eu + Vocês = Nós > Relacionamento Interpessoal Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 11 Para a manutenção de uma interação saudável, existem forças positivas como: Compreensão; Tolerância; Cordialidade natural; Predisposição para se relacionar bem; Saber se expressar; Motivação para a vida em grupo; Saber acolher as pessoas sem se desviar dos objetivos principais; Ausência de preconceitos ou prejulgamentos; Respeito às diferenças; Ausência de tensões; Outras. Existem também, forças negativas que dificultam ou impedem uma interação saudável, afastando uns dos outros e gerando tensões, entre elas: Egoísmo; Violência; Falta de reciprocidade; Falta de motivação; Competição, prepotência, desconfiança, desentendimento, irritabilidade; Comportamentos inadequados; Desrespeito; Sentimento de superioridade ou inferioridade; Preconceitos, prejulgamentos, falta de flexibilidade; Intolerância; Outras. Diversas pesquisas apontam sobre a importância da inteligência emocional ou habilidades interpessoais para o sucesso de administradores e líderes, destacando que o desempenho dos profissionais que possuem essas competências, apresentam performances superiores a 20% daqueles que não possuem tais habilidades. Tendo em vista sua maior compreensão das MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADE necessidades alheias, acabam por reter nas organizações profissionais os talentos que contribuem para o bom desempenho das atividades. Além disso, as pesquisas apontam que quanto maior a competência interpessoal, maior a habilidade de exercer relações produtivas e extrair de seus subordinados, chefes e colegas de trabalho, obtendo altos índices de produtividade. A competência se difere de aptidão, pois, a aptidão pode ser considerada como um recurso inato pertencente ao indivíduo, enquanto a competência nos remete a uma aplicação prática do conjunto de aptidões, que possibilitam obter resultados concretos à organização. O termo competência pode ser definido tendo em vista a habilidade de agregar valor econômico à organização e valorização social ao indivíduo, assim como a tomada de iniciativa e o entendimento prático das situações, além da habilidade de mobilizar as pessoas diante de um objetivo. Existem várias denominações parecidas para o conceito de competência, inclusive competência interpessoal. Nas áreas de administração e gestão de pessoas, podem ser chamadas de habilidades interpessoais, competências gerenciais, competências organizacionais, inteligência emocional ou habilidades sociais. O termo competência interpessoal pode remeter a compreensão de que determinados indivíduos nascem com a mesma, OS DEZ MANDAMENTOS DAS RELAÇÕES HUMANAS 1) FALE com as pessoas. 2) SORRIA para as pessoas. 3) CHAME pelo nome. 4) SEJA amigo e prestativo. 5) SEJA cordial. 6) INTERESSE-SE sinceramente pelos outros. 7) SEJA generoso em elogiar, cauteloso em criticar. 8) SAIBA considerar os sentimentos dos outros. 9) PREOCUPE-SE com a opinião dos outros. 10) PROCURE apresentar um excelente trabalho. Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 13 porém, ela pode ser considerada um processo de aprendizagem contínuo durante o curso de desenvolvimento das pessoas. Alguns indivíduos com mais atenção aos processos interacionais podem apresentar uma maior sensibilidade para tal. Entretanto, mesmo àqueles que não a possuem, podem desenvolver através de uma aprendizagem vivencial, transmitidas nos cursos oferecidos por laboratórios especializados de relações humanas. Para se obter essa competência, é preciso desenvolver dois componentes: a percepção e a habilidade. Com isso, torna-se necessário um longo processo de crescimento pessoal, autodesenvolvimento e aceitação,focando em uma percepção realista dos componentes que permeiam as relações interpessoais. Existem dimensões que devem ser analisadas a fim de considerar uma pessoa competente interpessoalmente. A competência interpessoal requer que o gestor desenvolva habilidades que o permitam lidar com as situações relacionadas ao ambiente organizacional. Como principais habilidades que fazem parte de ser competente interpessoalmente na função gerencial, destacam-se: liderança, comunicação, motivação, resolução de conflitos/negociação e a percepção social/flexibilidade cognitiva. MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADE U N ID A D E I I COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 15 COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR O comportamento humano se caracteriza como a forma de agir de um indivíduo ou grupo de indivíduos, sendo influenciado pela personalidade de cada um, sendo composta por características herdadas e adquiridas. No dia a dia das relações humanas, as atitudes apresentadas tendem a se manifestarem conforme padrões de comportamentos desenvolvidos, assim como em novas situações. Não havendo padrões para elas, os indivíduos tendem a utilizarem padrões existentes e conhecidos. O comportamento humano dentro das organizações, assim como as próprias organizações, tem mudado ao longo dos anos, principalmente a cultura organizacional, que representa o sistema de crenças e valores de interações e relacionamentos entre seus membros, e necessitam de inovações e mudanças para um desenvolvimento saudável. Essa mudança se caracteriza pela transição de uma situação para outra e representa transformações, a busca por novos caminhos e soluções, determinando a substituição de um estado de equilíbrio anterior, para uma tensão e vários níveis de dificuldades na construção do novo. Desta forma, nota-se que as pessoas trazem para dentro das organizações, aspectos de suas personalidades, necessidades e objetivos, destacando assim que organizações sem pessoas não teriam sentido. Não são apenas os empresários ou as pessoas que estão à frente dos negócios, que podem ser considerados empreendedores, pois, representam também as atitudes que determinadas pessoas desenvolvem. O empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões. Portanto, existem comportamentos que representam características empreendedoras, como alguém que MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADE pensa, planeja e age, arquitetando todas essas etapas de maneira estratégica a fim de conquistar seus objetivos e metas. O ambiente de negócios atual traz grandes desafios aos novos empreendedores, e existem vários fatores que podem ser determinantes para o futuro do novo negócio, como: a falta de comprometimento e de planejamento, dificuldades de realizar análises financeiras e controles monetários, a falta de conhecimento de seu ramo de atividade e inclusive a falta de acesso a linhas de créditos viáveis. Contudo, existem também várias instituições públicas e privadas que tem como objetivo a formação desse novo empreendedor. Tais empresas conseguem enxergar se existem empreendedores com muito pouco ou quase nada de escolaridade, que conseguem transformar boas ideias e muito trabalho em ótimos negócios. Porém, na grande maioria das vezes, quem tem real interesse de ser um empreendedor de sucesso, deverá investir no conhecimento para o seu desenvolvimento profissional. Saber planejar, ter algum conhecimento em finanças e em gestão comercial é o primeiro grande passo para formação da empresa de sucesso. Confira a seguir algumas características básicas de um empreendedor de sucesso. 1) Iniciativa e coragem - Empreender consiste basicamente em colocar ideias em prática. Um empreendedor sabe que uma boa ideia é aquela que pode ser executada. Para isso, traça um plano de ação. O empreendedor é alguém que aceita correr riscos. Para implementar suas ideias, ousa de maneira consciente, seja para colocar um novo produto no mercado ou com o objetivo de expandir seu negócio. Também é alguém que planeja e realiza seus projetos, mudando de estratégia caso seja necessário. Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 17 2) Visão estratégica - Perceber quais as demandas do mercado, entender o perfil do cliente, saber qual o posicionamento da empresa, avaliar vantagens e riscos, são algumas características que compõem a visão estratégica dos bons empreendedores. Eles são capazes de compreender como as diversas instâncias da organização estão articuladas, estabelecendo planos de ação tanto para o ambiente interno como para o externo. Faz parte da visão estratégica a capacidade de aproveitar oportunidades e de inovar, e essas ações são fundamentais para manutenção e crescimento de uma empresa. 3) Liderança - Por compreender todos os processos de funcionamento da organização, o empreendedor é alguém que sabe liderar. Distribui tarefas e funções para os funcionários mais aptos a desempenhá-las. Ao aplicar táticas de liderança, a equipe torna-se auto gerenciável, passando a conhecer a ordem organizacional e identificando-se com os valores da empresa, agindo em prol da conquista dos objetivos. A gestão de talentos é também uma ação essencial para o gerenciamento produtivo, inclusive com melhoria na lucratividade. Ao saber quais as aptidões de um funcionário, o líder pode remanejá-lo para outra função que possa exercer com mais destreza. 4) Capacitação - As discussões mais recentes têm abandonado a antiga visão do empreendedorismo como uma característica inata. Os teóricos da administração e da gestão de empresas têm defendido a capacidade empreendedora como um aperfeiçoamento de competências. Por isso, investir na capacitação e no aprendizado tem sido uma característica bastante incentivada em quem deseja empreender ou ampliar seu negócio. E isso não se restringe apenas ao gestor, mas à equipe de funcionários, seja com a capacitação da equipe de vendas ou a organização de um curso para MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADE implementar novas rotinas produtivas na empresa. As mudanças tecnológicas fizeram com que as organizações revissem seu verdadeiro papel no mundo dos negócios, de maneira que cada função se desenvolvesse e se organizasse da melhor forma para se adaptar as mudanças, aumentando a necessidade de que gestores fossem mais habilidosos em suas tarefas, se tornando mais responsáveis pelo seu desempenho e mais envolvidos em sua melhoria. O enfoque do papel das pessoas na organização e sobre o valor do seu conhecimento mudou, demandando novas formas e tecnologias de gestão. A compreensão do comportamento organizacional é fundamental para o entendimento do processo humano das decisões acerca do empreendedor pois, uma organização é o reflexo dosobjetivos de seus gestores, que determinam a forma como a organização será conduzida. Com isso, o ambiente de trabalho torna- se o local adequado para o desenvolvimento e crescimento profissional, sendo necessário que existam mecanismos de estímulo para que isso aconteça. Para que gestores se transformem em empreendedores, existem valores que os impulsionam para os resultados e para a realização de objetivos, como por exemplo, a educação tradicional. Não se trata de introduzir novos cursos, mas sim, mudar a maneira de ensinar o que já está definido e enfatizar o desenvolvimento do indivíduo, criando um ambiente favorável ao pensamento empreendedor que possibilita a geração de novos empreendedores. Outro meio de tornar-se empreendedor é aprender o comportamento empreendedor. Isso acontece de maneira gradativa, a partir de experiências vivenciadas no cotidiano, problemas e situações onde o gestor deve tomar decisões, Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 19 analisar, refletir e correr riscos. Para que os valores individuais sejam respeitados, é preciso que os valores organizacionais também sejam considerados. Os gestores são dependentes das pessoas que fazem parte da organização na obtenção de conhecimento devido à velocidade na troca de informações. A necessidade de informações gera um ambiente que proporciona um relacionamento onde a liberdade de ação de funcionários deve estar presente para que a criatividade e a produtividade possam ser desenvolvidas. É necessário que a troca de informações ocorra constantemente. Parece latente a qualificação das pessoas que atuam de forma efetiva como agentes de mudanças. A existência de indivíduos conhecidos como empreendedores torna-se a base para o desenvolvimento das organizações. As diferenças entre as pessoas e as diferentes decisões, levam ao sucesso ou ao fracasso de um empreendimento. Desta forma, o processo de tomada de decisão também reflete as ideias de empreendedores. Portanto, a compreensão do comportamento organizacional é essencial para a sobrevivência de uma organização, levando em consideração também a importância das características individuais dos empreendedores neste sistema complexo e a necessidade do seu comportamento ser consciente com as características de suas atividades nos níveis individuais e grupais. Contudo, entre os fatores que compreendem o processo de tomada de decisão empreendedora, além do comportamento individual, está o relacionamento na organização como um todo. O comportamento empreendedor impulsiona o indivíduo e transforma MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADE contextos, trazendo para as organizações um maior desempenho. Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 21 U N ID A D E I II MOTIVAÇÃO, FLEXIBILIDADE E LIDERANÇA MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADE MOTIVAÇÃO, FLEXIBILIDADE E LIDERANÇA A exigência dos colaboradores nos dias atuais em relação a sua qualidade de vida organizacional tem aumentado cada vez mais, buscando incansavelmente por um equilíbrio entre a vida pessoal e a sua vida profissional. O atual processo de globalização, traz cada vez mais a competitividade para dentro das empresas, aumentando o nível de exigência para satisfazer as necessidades do mercado. As empresas tendem a investir em seus colaboradores a fim de conseguir manter a fidelidade de seus clientes, oferecendo produtos de qualidade, agilizando o processo e buscando outras características que o negócio necessita, focando naqueles que são o diferencial da empresa e fazendo a produção caminhar de forma satisfatória aos olhares de terceiros, o capital humano. Chiavenato (2000) cita que as pessoas são consideradas seres humanos com capacidade, características individuais e aptidões diferenciadas de conhecimento e habilidades específicas, e não simples recursos empresariais. Se investirem na motivação de seus colaboradores, as organizações se tornam mais propensas a alcançarem os seus resultados e consequentemente satisfazer o público alvo. O que gera um resultado final muito melhor do que o esperado, é o conhecimento e habilidade no trabalho executado, que fazem com que o incentivo ao desenvolvimento da ala operacional seja primordial. Além da preocupação com a capacitação e o desenvolvimento do produto, as empresas estão levando em consideração a satisfação pessoal do colaborador, que está diretamente ligado ao desempenho de suas funções diárias. A motivação antes era vista apenas como uma ferramenta do RH, passando agora a fazer parte da estratégia das empresas. Desta forma, nota-se que uma das principais preocupações e desafios da gestão Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 23 organizacional moderna tem sido a motivação humana, despontando várias teorias para explicar o sentido dos fatores motivacionais que conduzem os colaboradores a agirem de forma desejada pela organização, alcançando seus objetivos. A motivação e a satisfação dos colaboradores em diferentes níveis tem sido a base para a qualidade de vida no trabalho. Assim, fica evidente que a qualidade de vida no trabalho e a motivação dos colaboradores têm uma relação direta, formando em conjunto as empresas de sucesso. As empresas hoje têm dado muito mais destaque e autonomia ao setor de RH, para atuar de maneira eficaz incentivando e implantando projetos motivacionais, como planos de carreira, liderança treinada, política salarial, condições de trabalho entre diversos outros fatores que influenciam no desempenho profissional, tendo como base o desenvolvimento das várias teorias que já explicam o tema motivação. Ao longo da evolução do trabalho humano, existem diversos conceitos e experiências realizadas, que nos mostram que o processo motivacional está diretamente ligado a distintos fatores, comprovando sempre a sua importância para os diversos setores e departamentos dentro de uma organização. Todos os colaboradores têm sua individualidade sobre o que estimula sua motivação, fazendo com que o fator motivacional de cada um seja um grande desafio, o que acaba tornando o processo motivacional contínuo e melhorado, com o objetivo de atingir cada um de uma forma diferente como os mesmos são. A motivação coletiva é uma consequência da motivação individual, pois ela começa em cada um e vai se acumulando até se tornar total, passando a dividir com os MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADE demais ao redor. Uma liderança eficaz e uma contínua motivação da equipe influenciam os colaboradores e funciona como impulsionador de um comportamento favorável. Por isso,as empresas têm investido na criação de projetos que consideram os seus colaboradores como seus parceiros e não apenas como meras escadas produtivas para ganharem dinheiro, fazendo assim com que eles se sintam parte da empresa e desenvolvam um trabalho de qualidade, buscando uma melhoria contínua, tanto no âmbito profissional, como no pessoal. Sendo assim, a gerência deve procurar o que motiva cada funcionário, criando um ambiente ou clima organizacional que possibilitem a satisfação individual de suas necessidades, influenciando assim nos objetivos organizacionais. As organizações cada vez mais estão preocupadas com a qualidade de vida de seus colaboradores, pois as pessoas são únicas e distintas de diversas maneiras. Isso faz com que haja inovação e implantação de diferentes ferramentas e maneiras para absorção de cada uma das características e individualidades, fazendo também com que setores que talvez sejam críticos por falta de motivação entre a equipe, desenvolvam melhorias contínuas. O clima organizacional e a inserção dos colaboradores na tomada de decisões colaboram e servem como estímulo para a motivação de cada um dos colaboradores, mostrando-os sua importância de fato na empresa por estarem sendo percebidos e valorizados pelo seu desempenho dentro da organização, acarretando assim um estímulo para a motivação individual e tornando essencial a união entre líderes e liderados. Incentivar atitudes positivas, feedbacks contínuos e uma comunicação clara torna o trabalho de estimular a motivação mais compensativa quando se leva em consideração que a motivação é direcionada conforme as expectativas dos colaboradores, e os resultados podem ser benéficos para ambos. Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 25 Impulsionar com a mesma força pessoas com cargos diferentes é um processo lento, mas não inviável para as organizações. O gestor tem a responsabilidade de mediar o processo, sendo que o primeiro passo é ter sensibilidade para compreender e aceitar as diferenças. Provavelmente, então, sua tarefa se tornará mais fácil, mais leve. Alguns colaboradores têm necessidade de serem estimulados para que estejam motivados, já outros, têm sua motivação sempre ativa e constante. Isso varia, pois, todos os colaborados se distinguem conforme suas necessidades e prioridades. Podem-se destacar cinco interpretações errôneas acerca da motivação: A crença de que uma pessoa possa literalmente motivar outra; A crença de que a pessoa é motivada como resultado da satisfação; A crença de que aquilo que motiva o comportamento seja também aquilo que determina sua direção, tanto positiva como negativamente; A crença de que a motivação seja o catalisador que induz a comportamentos positivos; A crença de que fatores de motivação e fatores de satisfação sejam a mesma coisa. Para perceber que cada um tem um fator motivacional diferente do outro, deve-se levar em consideração que as pessoas não são iguais, não importa de onde venham - nem todos desejam mais dinheiro, por exemplo. Basta comparar a vida profissional de duas pessoas com cargos e salários similares para se descobrir que, os diferentes fatores que as motivam, pessoas talvez sejam o ponto de partida, o pontapé inicial para o estímulo da motivação entre os colaboradores, abordando de forma múltipla as pessoas demonstrando inspiração e que tudo que o colaborador desempenha é de suma importância para organização. Esses estímulos então acabam se transformando em altos níveis de MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADE motivação, levando os colaboradores a um excelente desempenho no trabalho, tanto em equipe quanto individual, fazendo com que as empresas valorizem cada vez mais o comprometimento das pessoas. Tratar de forma diferente não é tão simples como parece, pois, os paradigmas fixados são descredenciados e novos surgem. Diferentes perfis de funcionários são evidenciados, o administrador não pode tratá-los por iguais e isso mostra a importância da aplicação de diferentes teorias para diferentes situações. Há funcionários que se motivam com salários e outros que motivam com responsabilidade. Há fatores que motivam alguns e desmotivam outros. O significado do termo motivação varia de acordo com a linha teórica dos autores. Encontra-se, entre estes, uma grande controvérsia, de tal modo que o conceito de motivação flutua desde a resposta dos indivíduos a estímulos externos até atitudes e comportamentos desencadeados por estímulos originados no nível mental inconsciente. E, ainda, desde a visão de que a motivação pode ser criada e aumentada por recompensas salariais até a afirmação de que nenhuma pessoa pode motivar outra. A Psicologia vem proporcionando, ao longo do tempo, respostas parciais às perguntas sobre a motivação humana. “Os conceitos de „vontade‟, de „instinto‟, de „pulsão‟, de „impulso‟, de „incentivo‟, de „autorrealização‟, de „expectativas‟ ou de „atribuições causais‟ têm sido esgrimidos como argumentos capitais na análise da motivação”. Essa divergência de interpretação justifica-se, de certa forma, pela diversidade de fatores que desencadeiam os comportamentos ou ações de diferentes pessoas, entre os quais se alinham as informações e Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 27 conhecimentos armazenados no nível mental consciente, as carências físicas ou afetivas, os estímulos provenientes do meio ambiente, os impulsos originados no nível mental inconsciente, entre outros. Ao explicar a motivação a partir de tais forças, pode-se incidir numa interpretação que vai desde o conceito de motivação como mero condicionamento – adotando-se como foco as forças externas – até o conceito oposto que – centrado exclusivamente nos fatores internos – considera a motivação como sinônimo de instinto. Em todos os casos, ao longo desta linha interpretativa, pode- se encontrar justificativas e explicações para os conceitos adotados, desde a teoria pavloviana do condicionamento, em um extremo, à teoria psicanalítica freudiana, em outro. Quando uma pessoa se coloca ou se direciona a um caminho ou um objetivo, ela não necessariamente está motivada a atingir esse objetivo. Os fatores que a levam a caminhar naquela direção podem-lhe ser intrínsecos (internos) ou extrínsecos (externos). Quando são intrínsecos, há motivação; quando são extrínsecos, há apenas movimento ou apenas satisfação. Pode-se entender a motivação como uma energia, uma tensão, uma força, ou ainda, um impulso interno aos indivíduos. Sobretudo, o que é relevante considerar, é que a motivação é interior a cada indivíduo e o leva a agir espontaneamente para alcançar determinado objetivo. O alcance dos objetivos propostos, ou seja, o fim do potencial motivador gera no indivíduo um sentimento de estima e auto realização que lhe traz satisfação e o predispõe a buscar a concretização de novas necessidades e potencialidades. MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADETEORIAS MOTIVACIONAIS U N ID A D E I V Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 29 TEORIAS MOTIVACIONAIS Existem hoje várias teorias acerca da motivação, que estão cada vez mais ligadas à qualidade de vida no trabalho, e nos amparam para a compreensão dos fatores motivacionais. Estas teorias permitem o entendimento de cada fator na vida do colaborador. A primeira teoria a ser apresentada, é a Teoria da Hierarquia de necessidades de Maslow, que mostra o princípio de que, a partir de oportunidades e estímulos, os colaboradores tendem a trabalhar com maior motivação e entusiasmo. As necessidades humanas apresentam diferentes níveis de força e, foi nesta analogia que Maslow estabeleceu a seguinte Hierarquia: Essas cinco categorias de necessidades estão dispostas em uma hierarquia, desde das necessidades de ordem mais simples (as necessidades fisiológicas), até aquelas de mais alta ordem (as de autorrealização): esta hierarquia ou ordenação das necessidades, determina a prioridade que estará em vigência, no caso de mais um tipo de necessidade, num determinado momento insatisfeito. Especificamente Maslow indica que o comportamento é sempre determinado pela categoria de necessidades de mais baixa ordem que permanecer insatisfeita. "Quanto mais saudáveis nós somos emocionalmente, mais importantes se tornam nossas necessidades de preenchimento criativo no trabalho. Ao mesmo tempo, nós toleramos a violação de nossas necessidades para tal preenchimento." Abraham H. Maslow As necessidades atuam sempre MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADE em conjunto, prevalecendo a mais elevada, desde que as inferiores estejam satisfeitas. Assim, uma reação comportamental é um canal, através do qual várias necessidades fundamentais podem ser expressas ou satisfeitas conjuntamente. Portanto, qualquer indício de frustração é uma ameaça psicológica, o que produz reações gerais de emergência no comportamento humano. Maslow ampliou sua teoria, sugerindo que as organizações assumissem a construção de pontes entre as necessidades básicas e de autorrealização dos indivíduos. A busca da autorrealização passa pela construção da vida em torno de um ideal, de um sentido. O trabalho, sendo uma parte importante para este crescimento, precisa representar um caminho para o alcance desse ideal. O homem sente- se realizado quando encontra sentido naquilo que faz. O homem sente-se motivado quando enxerga no trabalho um caminho para a realização de seu sentido. Assim, de acordo com a hierarquia das necessidades de Maslow, o indivíduo: a) busca, em primeiro lugar, em seu trabalho a subsistência e o bem-estar físico; b) em segundo lugar, busca segurança, especialmente por meio da manutenção do emprego; c) a seguir, preocupa-se com o relacionamento social no ambiente de trabalho, como, por exemplo, sua aceitação e integração no grupo e o cultivo de amizades; d) depois, busca o atendimento das suas necessidades de estima, entre as quais ser admirado e obter reconhecimento pelo seu trabalho; e) por último, como atendimento à sua necessidade de autorrealização, volta-se para o desenvolvimento e aplicação do seu potencial e da experiência até então acumulada. A busca da satisfação das necessidades não obedece, necessariamente, à sequência acima exposta, pois o que motiva os empregados difere em função do Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 31 contexto em que trabalham. O que origina a motivação são as necessidades, o mais forte motivador (ou necessidade) será aquele que possui o menor grau de satisfação. Isto implica, por exemplo, que, embora uma organização atenda às necessidades fisiológicas, sociais, de estima e, até mesmo de autorrealização dos empregados, se estes se sentirem ameaçados por um risco potencial de perda do emprego diante do desencadeamento de um processo de reengenharia, por exemplo, o seu mais forte motivador passará a ser a sua necessidade de segurança. Permanecendo com as teorias abordadas, temos a Teoria X e a Teoria Y do psicólogo McGregor para nos proporcionar um adicional embasamento referente ao perfil dos gerentes, a capacidade destes de se auto conhecer torna a influência entre as equipes mais harmônicas. Para McGregor (1992), sinteticamente, a Teoria X representa as seguintes ideias tradicionais sobre o controle do comportamento humano no trabalho: O ser humano em geral não gosta intrinsecamente de trabalhar, e trabalha o mínimo possível. Por essa razão a maior parte das pessoas precisa ser coagida, vigiada, orientada, ameaçada com castigos, a fim de fazer o devido esforço para alcançar os objetivos da organização. O ser humano médio prefere ser dirigido, desejando evitar responsabilidades; é pouco ambicioso, procurando segurança acima de tudo. A Teoria X dispõe a ideia de que o líder tende a ser controlador, pois se isso não acontecer a equipe não produz, podendo haver repreensões ou até casos mais drásticos em ter que demitir um colaborador, distanciando- se da equipe, tornando-a coagida, sem perspectiva de aprendizado e atitude. Já a teoria Y nos defende que os líderes tendem a ser estimuladores, admitindo a criatividade de seus subordinados, merecendo sua total confiança, assim todos têm acesso a tomada de decisões. A Teoria Y representa a integração de objetivos MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADE individuais e organizacionais, através de ações baseadas nas seguintes premissas: a) O dispêndio de esforço físico e mental no trabalho é tão natural como o jogo ou descanso. O ser humano comum não detesta, por natureza, o trabalho. Dependendo de condições controláveis, o trabalho pode ser uma fonte de satisfação (e será voluntariamente realizado) ou uma fonte de punição (e será evitado, se possível). b) O controle externo e a ameaça de punição não são os únicos meios de estimular o trabalho em vista dos objetivos organizacionais. O homem está sempre disposto a se autodirigir e se autocontrolar a serviço de objetivos com os quais se compromete. c) O compromisso com os objetivos é dependente das recompensas associadas à sua consecução. A mais importante dessas recompensas, isto é, a satisfação do ego e das necessidades de autoafirmação, pode ser produto direto do esforço feito em vista dos objetivos organizacionais. d) O ser humano comum aprende, sob condições adequadas, não só a aceitar responsabilidades como procurá-las. A recusa de responsabilidades, a falta de ambição e a busca de garantia são, geralmente, consequências da experiência, e não características humanas inatas. e) A capacidade de usar um grau relativamente alto de imaginação, de engenhosidade e de criatividade na solução de problemas organizacionais é mais amplamente distribuída na população do que geralmente se pensa. f) Nas condições da vida industrial moderna, as potencialidades intelectuais do ser humano comum estão sendo parcialmente usadas. Frederick Herzberg (1923-2000), citado por Chiavenato (2003), formulouA Teoria dos Dois Fatores para explicar o comportamento das pessoas no trabalho. De acordo com ele, a motivação é influenciada por Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 33 dois fatores: fatores higiênicos e fatores motivacionais, que são independentes e responsáveis pela satisfação profissional das pessoas. A teoria dos fatores higiênicos e motivadores, abordada pelo Psicólogo Frederick Herzberg contribuíram crucialmente aos estudos sobre os processos motivacionais: 1. Fatores Higiênicos consistem na atuação do colaborador na empresa como - salários e benefícios, condições de trabalho, política da empresa, status, segurança no trabalho e supervisão. 2. Fatores motivadores consistem na responsabilidade, reconhecimento, desafios, realização e crescimento. Esta teoria demonstra o quanto é necessário à atuação da empresa no setor de manutenção e retenção de talentos, propiciando benefícios para todos os funcionários da organização alavancando o estímulo motivacional. Os modelos de motivação de Maslow e de Herzberg são conhecidos como cognitivos porque estão baseados na cognição, isto é, no pensamento e no sentimento, o que nos enseja a utilizar estas teorias dentro das organizações. Contudo, é importante a observação dos gestores sobre os seus subordinados para identificar o grau da motivação, levando em conta que todo cuidado é pouco para a análise de cada setor. O gestor deve ser como um sistema acomodando as informações para as conclusões de tudo que está acerca do item motivação interna. De acordo com Chiavenato (2010), um dos elementos fundamentais para o incentivo e motivação dos funcionários é o processo de recompensar pessoas dentro da organização, tendo sempre em vista os objetivos organizacionais MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADE a serem alcançados de um lado e, de outro lado, os objetivos individuais a serem satisfeitos. Para que possam ser justos e estimuladores de motivação, os sistemas de recompensas devem ser capazes de aumentar o comprometimento das pessoas nos negócios das organizações, se tornando importantes e passíveis de serem desenvolvidos sempre. Supõe- se que as pessoas fazem determinadas coisas esperando sempre algo em troca. Desta forma, existem duas variáveis que determinam as ações das pessoas: o valor da recompensa e o que se espera como recompensa. O gerente deve ser capaz de observar seus subordinados e entendê-los verificando se o que está sendo oferecido está suprindo às suas expectativas, tendo em vista que o colaborador sempre cria expectativas com as atividades desenvolvidas esperando assim algo em troca. Essa relação deve trabalhar o que pode ser melhorado por ambas as partes, mas requer uma atenção redobrada dos gerentes. O colaborador deve ser estimulado pelas organizações para dar o melhor de si, reconhecendo também o esforço que foi feito e procurando motivá-lo. Ao se tratar de remuneração, vale a pena destacar que ela não é apenas o salário base: é tudo que o colaborador recebe, os benefícios como: plano de saúde, material escolar, plano odontológico, dentre outros que as empresas consideram e agregam a qualidade de vida do funcionário. Destaca-se, desta forma, a remuneração como um fator motivacional, que pode impactar trazendo os funcionários para mais perto dos objetivos da organização. De acordo com Chiavenato, as organizações desenvolvem sistemas de recompensas capazes de provocar impacto direto na sua capacidade de atrair, reter e motivar os funcionários. Podem existir várias barreiras que façam com que a satisfação das necessidades dos colaboradores nem sempre sejam plenamente alcançadas. Toda vez que a Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 35 satisfação é bloqueada por uma barreira, ocorre uma frustação, impedindo que a tensão existente seja liberada e desfazendo o estado de equilíbrio e tensão. As organizações vêm buscando constantemente a contratação de pessoas que maximizem o uso do capital e que saibam gerar, desenvolver e aplicar conhecimentos, métodos e tecnologias. Para manter esta competitividade, é fundamental manter as equipes motivadas para atingirem aos objetivos organizacionais. Podemos dizer que o desenvolvimento de qualidades de liderança, somado às competências administrativas são fundamentais para o sucesso organizacional. Analisamos abaixo as diversas lideranças de acordo com suas características em relação à hierarquia e papel social: Autocrática: hierarquia organizacional predominante; Democrática: liberdade de expressão dos liderados, competência e muitas vezes o papel social pode ser predominante conforme a situação; Laissez faire: autonomia de atuação dos liderados, não há predominância da hierarquia; Liderança Situacional: flexibilidade de liderança, a hierarquia e o papel social podem variar conforme a situação determinada; Liderança Mista: situação onde o líder na hierarquia pode ser liderado por seu subordinado, demonstrada a devida competência ou papel social conforme o caso; Transformacional: líder envolvente, hierarquia organizacional predominante; Feminina: hierarquia organizacional com liderança mais democrática; MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADE Transacional: hierarquia do contratante predominante, liderança através de transação comercial. Analisando os diversos estilos de liderança, podemos perceber que não existe um tipo de estilo mais eficaz que outro, todos dependem do contexto em que a organização se encontra. A situação ideal é o líder usar vários estilos de liderança pertinentes ao momento e a situação. Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 37 A COMUNICAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE U N ID A D E V MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADE A COMUNICAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE Desde os homens das cavernas, com seu cérebro rudimentar, até os tempos atuais, existe a comunicação. Nos tempos antigos, os seres humanos se comunicavam através de gestos, posturas, gritos e grunhidos, assim como os demais animais não dotados da capacidade de expressão mais refinada. Com o tempo, essa comunicação foi adquirindo formas mais claras e evoluídas, facilitando a comunicação não só entre os povos de uma mesma tribo, como entre tribos diferentes. As primeiras comunicações escritas de que se têm notícias são do povo sumério, a primeira civilização a usar o sistema pictográfico, que são escritas feitas nas cavernas, com tintas. Esse tipo de escrita era, além de pictórica, ideográfica, ou seja, utilizava símbolos simples para representar tanto objetos materiais, como ideias abstratas. Utilizava o princípio do ideograma (sinalque exprime ideias) no estágio em que deixa de significar o objeto que representa, para indicar o fonograma referente ao nome desse objeto. Essa civilização mesopotâmica produziu uma extensa atividade literária que contou com a criação de poemas, códigos de leis, fábulas, mitos e outras narrativas. É a língua escrita mais antiga das que se têm testemunhos gráficos. Um estágio moderno da comunicação humana foi a descoberta da tipografia (arte de imprimir), pelo alemão Johann Gutemberg, em 1445. Essa invenção multiplicou e barateou os custos dos escritos da época e abriu a era da comunicação social. A revolução tecnológica provocou muitas alterações na estrutura da sociedade, assim como a revolução industrial, como descentralização da economia, alterando as práticas culturais, e as definições do trabalho, bem como a democratização da informação. Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 39 O grande agente de transformações e o principal fator responsável pela criação de novas linguagens, de uma nova ordem de discurso, é a tecnologia, que tem contribuído progressivamente para mudar o ambiente natural e os padrões de trabalho, lazer e consumo, alterando a forma de entender do homem moderno, impondo sua presença em todas as áreas da vida humana. Com toda a evolução da comunicação, é notório que cada uma das inovações tecnológicas têm o seu próprio tempo, espaço e público específico, sem riscos reais de uma aldeia universal ou global em todos os seus aspectos básicos. Um exemplo disso, é que durante décadas e milênios de anos de informação, não existe nenhum caso de extinção de veículos de comunicação em face do surgimento de outros, acarretando apenas em mudanças, adaptações e avanços. São componentes do processo de comunicação: o emissor da mensagem, o receptor, a mensagem em si, o canal de propagação, o meio de comunicação, a resposta (feedback) e o ambiente onde o processo comunicativo acontece. Com relação ao ambiente, o processo comunicativo sofre interferências do ruído e a interpretação e compreensão da mensagem fica subordinada ao receptor. Em relação a forma, a comunicação pode ser: 1. Verbal: Comunicação através da fala propriamente dita, formada por palavras e frases. 2. Não-verbal: Comunicação que não é feita por palavras faladas ou escritas. Usam-se muito os símbolos (sinais, placas, logotipos, ícones) que são constituídos de formas, cores e MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADE tipografias, que combinados transmitem uma ideia ou mensagem. 3. Linguagem corporal: Corresponde a todos os movimentos gestuais e de postura que fazem com que a comunicação seja mais efetiva. 4. Comunicação mediada: Processo de comunicação em que está envolvido algum tipo de aparato técnico que intermedia os locutores. Em relação especificamente das aplicações tecnológicas na comunicação, observa-se que elas desencadearam novas formas de relações sociais e práticas culturais desde sempre, a começar pela escrita, que favoreceu consideravelmente a consolidação da literatura e da imprensa, popularizando assim as informações, porém, não pode ser considerada uma relação simples de causa e efeito. As novas tecnologias em comunicação influenciam para a criação de paradigmas sociais e econômicos, gerando assim novas visões de mundo. Essa influência da informática nos processos de disseminação da informação é de grande relevância, pois conduz a formação de uma sociedade mais distributiva, dinâmica e hipertextual, atendendo às necessidades dos usuários conectados em redes eletrônicas, mas respeitando sua estrutura, as diferenças de suas demandas muitas vezes singulares, independentemente da localização geográfica. Desta forma, gera uma maior agilidade, precisão, completeza, consistência e densidade, que se refletem nos chamados “Meios de Comunicação de Massa”. Toda essa inovação nas formas de comunicação, fez com que a humanidade passasse a viver de uma forma totalmente nova, onde as fronteiras físicas deixam de ser obstáculos à comunicação constante entre os povos. Formas que até alguns anos eram impensáveis, passam a fazer parte do nosso dia a dia. Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 41 A diversificação da nova tecnologia em comunicação e sua singularidade dificulta a sistematização dos seus impactos sobre o dia a dia dos indivíduos, ainda que estes sejam visíveis na vida das pessoas. Mesmo assim, com respaldo nas tendências atuais da literatura, estão eles dispostos em categorias, ainda que interajam, sobreponham-se, complementam-se. Para quem as inovações tecnológicas constituem relevante fator de mutações sociais e culturais, destaca-se o aspecto econômico, com a substituição do paradigma da sociedade industrial pelo da sociedade pós-industrial, cujo eixo da economia é a produção, distribuição e difusão de informação e conhecimento. Isso caracteriza as complexas sociedades atuais e constitui o cerne das demais mudanças sociais, visto que o fator econômico figura como elemento basilar do mundo capitalista contemporâneo, permeando as transformações que ocorrem no ambiente natural e no cenário sociocultural, tais como a globalização de mercados, a transnacionalização das práticas culturais, as relações de trabalho, as novas formas de lazer e consumo, a valorização da vida privada e o esmaecimento da ordem pública. Mesmo com o avanço tecnológico, os meios interativos e a diversificação de opções para o receptor, não há liberdade de expressão de fato. Oficialmente, em termos de Brasil, por exemplo, inexiste censura. Isto gera a falsa impressão de que os meios de comunicação podem se manifestar livremente, desconsiderando-se que há um jogo de interesses subjacente ao discurso da mídia. Na teoria, todos têm livre acesso e direito à informação. No entanto, milhões de pessoas sobrevivem à margem do usufruto pleno desse direito. A este respeito, a periodização da esfera pública mostra que nunca houve um espaço comum plenamente democrático. A atualidade mantém como elementos principais a superposição do imaginário privado sobre o MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADE imaginário público e a consequente valorização da intimidade em detrimento do espaço público propriamente dito. O entretenimento, o lazer e o consumo são privilegiados. Por isso, a mídia volta-se muito mais para os atributos privados. Afinal, se o domínio público representa obrigações, deveres e tirania; a vida privada passa a ser o espaço da liberdade de ação e expressão. Privilegia-se a privacidade, mas não há isolamento / respeito à vida pública. E paradoxalmente, não requer a presença de indivíduos. Não é mais preciso ir à praça ou a outro lugar público para saber o que está ocorrendo no âmbito social. No caso da política, como mostra a propaganda eleitoral brasileira, com o crescente aparato eletrônico dos meios de comunicação e de informação, a política privatiza-se. No lar, o cidadão comum assiste a depoimentos de políticos e/ou o cidadão privilegiadoacessa no monitor de seu microcomputador, por meio do sistema multimídia, novos dados sem interromper as ações corriqueiras, o que provoca mudanças significativas em termos de linguagem, de postura do ator político, determinando tom intimista e coloquial. Entretanto, se há vantagens, tais possibilidades tecnológicas comprometem o enriquecimento cultural, à medida que esmaecem o vigor de cada uma das esferas. A mídia é um exemplo típico, pois confere a tudo o que é subjetivo aparência de objetividade e de publicidade. As intimidades tornam-se públicas e assuntos públicos são expressos no reino do íntimo, pois a mídia tende a escravizar a sociedade, ao invés de emancipá-la. As novas tecnologias em comunicação redimensionam o público e o privado. Diante de tudo isso, infere-se que Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 43 o que ainda congrega os homens de hoje é o aparato do consumo, o que se estende, inclusive, ao campo político. A democracia de massas fundamenta-se em um mercado político, no qual a participação dos cidadãos se dá sob a lógica do consumo. Diante das desigualdades, o consumo emerge como elemento de aparente igualdade, haja vista que, em nível teórico, todos são consumidores em potencial e iguais perante às leis de mercado. No caso específico da política, todos são consumidores, pelo menos de informação política por meio da mídia e das novas tecnologias em comunicação. No entanto, como visto, em países como o Brasil, tal paridade, mesmo em nível de consumo de bens materiais e simbólicos, sobretudo palavras, imagens e ideias, ainda é frágil diante das visíveis disparidades econômicas. Nos países capitalistas centrais, onde elas são menores, o consumo é elemento básico no estabelecimento de relações na esfera pública pós-moderna. Isto significa que o consumo agrava o distanciamento do exercício pleno da cidadania, acentuando desigualdades sociais e econômicas. MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADE U N ID A D E V I GESTÃO DE CONFLITOS Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 45 GESTÃO DE CONFLITOS O termo conflito, que na língua portuguesa expressa profunda falta de entendimento entre duas ou mais partes, tem sua raiz etimológica no latim, conflitos, que significa desacordo, choque. Esta palavra está ligada ao desacordo, controvérsia, discórdia, divergência e/ou antagonismo. A vida de uma pessoa ou de um grupo é um constante afrontamento com conflitos, muitos dos quais são tratados de uma maneira dita como saudável, enquanto que outros conflitos atrapalham a vida das pessoas ou de um grupo durante muito tempo. Os conflitos existem desde o surgimento do homem e, ainda, é algo que ocorre com muita frequência em nosso dia a dia e, muitas vezes, não é abordado de forma profissional. Para podermos superar os obstáculos profissionais, faz-se necessário o emprego de alguns procedimentos que visem facilitar a administração de tais conflitos. Os conflitos podem ser gerados por situações como estresse, medo das mudanças, falhas na comunicação e diferenças de personalidades. Podem ser de toda natureza, desde pequenas discussões sobre a melhor forma de realizar um processo, até grandes divergências sobre a estratégia da organização. Sempre que existir uma diferença de prioridades ou objetivos, existirá um conflito. O conflito pode ser definido basicamente como um confronto ou oposição que ocorre entre indivíduos ou grupos nas organizações, onde as partes envolvidas, com ou sem intenção, exercem poder na busca de metas ou objetivos valorizados e obstruem o progresso de uma ou várias metas. Os conflitos são inerentes ao processo de evolução do ser humano e existem desde os primórdios da humanidade, afetando todas as áreas da vida, se originando na maioria das vezes da diversidade de pontos de vista entre pessoas, além da pluralidade de interesses, necessidades e expectativas, e das diferentes formas de agir e de pensar MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADE de cada um dos envolvidos. Para que um indivíduo possa superar conflitos, é preciso saber lidar com eles, ou seja, saber gerenciá-los. Porém, muitas pessoas não sabem como lidar com os conflitos em nenhuma situação, pois, para conseguir gerir uma situação conflituosa, se faz necessário um certo tato ou uma certa sensibilidade, mesmo que em alguns momentos só isso não seja suficiente para alcançar uma solução eficiente e eficaz, que atenda a todas as partes envolvidas. Sendo assim, deverão ser utilizados alguns procedimentos específicos, para gerir o conflito, a fim de possibilitar um resultado que agrade às partes envolvidas. Tais procedimentos não constituem regras seguidas para todas as pessoas, tampouco para todas as situações. Na verdade, devem ser considerados apenas como princípios que devem ser levados em consideração, e aplicados de acordo com o bom senso. Afinal, cada caso é um caso. Os conflitos estão relacionados a questões pessoais e de relação interpessoal envolvendo autoestima, afirmação, valores, insatisfação dentro do ambiente de trabalho, comunicação deficiente, entre outras. É importante primeiramente identificar qual é o tipo e a causa do conflito para depois se desenvolver uma estratégia no sentido de administrá-lo da melhor forma possível visando sua minimização. O nível de gravidade de um conflito pode ser denominado, segundo Chiavenato (1999), de três formas: 1. conflito percebido ou latente: ocorre quando existem vários objetivos e há oportunidades de interferência ou bloqueio de objetivos por parte dos participantes; 2. conflito experienciado ou velado: ocorre quando as partes envolvidas nutrem sentimentos de hostilidade, raiva, medo e descrédito, no entanto, não é manifestado externamente de forma clara; 3. conflito manifestado ou aberto: quando o conflito é manifestado sem nenhuma dissimulação. Quando os conflitos são administrados de modo construtivo, em qualquer situação despertam o Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 47 interesse que estimulam a aprendizagem e proporcionam processos de renovação e transformações necessárias, tanto para o crescimento pessoal como coletivo. Existem diversos pretextos para o surgimento das situações de conflito, que são chamadas por Chiavenato (2004) de condições antecedentes dos conflitos, e tendem a criar percepções diferentes entre indivíduos e grupos. Um dos motivos da geração de conflitos em empresas pode estar baseado no fato da diversidade cultural dos indivíduos envolvidos. Entre eles, estão: 1. etnocentrismo: ocorre quando uma pessoa, de uma determinada cultura, recorre a seus próprios valores culturais como parâmetro para resolver algum problema num ambiente cujos padrões culturais sejam distintos do seu; 2. uso imprópriode práticas gerenciais: ocorre quando se aplica uma determinada prática gerencial numa cultura, levando-se em conta apenas sua eficiência e eficácia, contudo, em outra; 3. percepções diferentes: ocorre quando, pelo fato de cada cultura possuir um conjunto de valores como referência, pessoas de diferentes culturas apresentarem valores e entendimentos distintos; 4. comunicação errônea: acontece quando diferenças culturais como idioma, costumes, sentimentos geram uma comunicação equivocada. Sendo assim, é nítido que os conflitos se desenrolam em um processo dinâmico no qual as partes se influenciam mutuamente. Desta forma, uma das partes começa a desenvolver sentimentos de conflito com relação à outra parte, engajando-se em uma conduta de conflito, assim que percebe uma circunstância que predispõe a esta situação. A ação de uma das partes conduz a alguma atitude de defesa, levando a outra a reagir. Esta reação pode ser positiva ou negativa, dependendo da percepção quanto a uma intensificação do conflito ou por outro lado, uma maneira de solucionar o mesmo. O resultado de uma organização depende do êxito do trabalho coletivo MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADE e, quando se trata de diferentes pessoas com diversas culturas e valores, fato que gera ansiedade e divergências entre os indivíduos podendo ser prejudicial ao fluxo dos trabalhos no interior da empresa. As relações entre grupos dentro das organizações são intricadas e os conflitos que delas derivam são na maioria das vezes inevitáveis. Tendo o colaborador cada vez mais importância para a organização, a gestão de conflitos tende a crescer, devido às pessoas que nelas trabalham. Os conflitos que envolvem os colaboradores passam a ser um problema, tendo em vista que podem reduzir a produtividade e afetar a lucratividade e rentabilidade da instituição, além da qualidade de vida do próprio funcionário e do clima organizacional. Dependendo da importância que damos a um conflito, ignorando-o ou reprimindo, ele tende a crescer e a se agravar. Porém, quando é reconhecido e as ações corretivas são aplicadas imediatamente, poderá ser resolvido e transformado numa força positiva, capaz de mudar hábitos e nos estimular a busca por resultados mais positivos. As consequências do conflito no interior da empresa podem ser positivas e negativas. Os conflitos geram repercussão positiva quando: servem de termômetro e indicam que algo não está bem e precisa ser “tratado”; atuam como molas propulsoras do crescimento individual e organizacional; funcionam como catalisadores para atingir metas; são bons elementos de socialização, oferecendo aos participantes de uma equipe a sensação de envolvimento com alguma causa; proporcionam a união de equipes em busca de soluções e motivam pessoas a resolverem problemas em conjunto; levam à descoberta de novidades que resultem em benefícios para a empresa. Os conflitos geram repercussão Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 49 negativa quando: causam tensão excessiva nos envolvidos, provocando danos físicos e mentais; criam ambientes improdutivos, gerados por desmotivação e incertezas; desviam a atenção dos reais objetivos; prolongam-se por tempo demais sem solução, causando desgaste nas partes envolvidas, mobilização de recursos e perda de produtividade; distorcem comportamentos individuais; criam situações que resultam em desperdício de tempo e esforços. No geral, os conflitos no interior de uma organização podem se tornar benéficos ou prejudiciais, dependendo da forma como é administrado. Essa administração do conflito deve ser efetuada de forma a ampliar seus efeitos positivos e minimizar os efeitos negativos, tanto na dinâmica organizacional como na vida de cada indivíduo. Esta tarefa desafiadora deve ser designada ao bom administrador, ao bom líder, o qual precisa sempre desenvolver estratégias para buscar soluções construtivas na hora de resolver um conflito. Em resumo, existem duas formas para indivíduos e equipes conduzirem os conflitos, levando em consideração que eles podem ser evitados quando os nega ou os ignora, e por outro lado, pode-se enfrentá-los e transformá-los num instrumento de auxílio para o fortalecimento dos indivíduos e da empresa. Temos na figura que se segue, a representação de dois mecanismos básicos envolvidos na estratégia de resolução de conflitos: evitação ou enfrentamento. Em suma, evitar lidar com o conflito pode conduzir a duas situações: 1. recalcamento, em que a pessoa ignora a ocorrência do conflito e MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS PARA A MODERNIDADE espera que os episódios se acomodem sem precisar se expor; 2. repressão, mecanismo no qual a pessoa reconhece que existe o conflito, todavia não consente que se comente a respeito dele, procurando escondê-lo para evitar seu crescimento, como se o seu reconhecimento público fosse torná-lo mais intenso. Nas duas situações citadas anteriormente, a eficácia depende do que é o centro do conflito. Se for algo sem importância e que será facilmente superado com o decorrer dos dias, poderá ser de grande eficácia. Contudo, deve-se observar se os temas abordados no conflito são importantes ou relevantes para o as ações da organização, tendo em vista que evitá-lo será apenas um paliativo, considerando que quando assuntos importantes não são abordados adequadamente, permanecem latentes até eclodirem sob aspectos que não se pode antever. O mecanismo de enfrentamento pode acontecer de quatro formas: 1. eliminação - está representada nas situações em que a pessoa reconhece o conflito, mas se utiliza da força ou de sua autoridade para acabar com o impasse. Nesses casos, a tendência é a situação avançar, deixando por trás, no entanto, o conflito no subterrâneo. O futuro é previsível: o conflito latente tende a se manter vivo e a se reapresentar em outro contexto, em outro momento. 2. confronto - ocorre quando a situação conflituosa é explicitada através de medição de forças. As diferenças são exteriorizadas, porém a ênfase é emocional, fazendo com que o resultado final seja de impasse ou de ruptura. 3. mediação - outra forma de enfrentamento de conflitos, trata especificamente dos conflitos interpessoais, tendo como área de atuação as relações humanas, que se firmam nos processos de comunicação. Ressalte-se que o processo de mediação não tem como objetivo evitar ou eliminar um conflito, mas enfrentá-lo, por meio de uma estratégia facilitadora, competente e Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional. 51 cooperativa, utilizada para recuperar o diálogo, com o intuito de bem administrar o conflito. 4. negociação - sugere uma conduta racional e de flexibilidade, em que as partes procuram estabelecer acordos, proporcionando a cada uma delas que saiam ganhando. Vale enfatizar, porém, que tanto os processos de mediação quanto os de negociação propõem soluções provisórias, tendo em vista que é parte da dinâmica dos seres humanos o fato de que a solução de hoje é problema