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ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM EDUCAÇÃO INFANTIL - EI
ATIVIDADE BNCC 1.1 – “BNCC E SEUS DESAFIOS” (2020.2)
RAFAELA MARTINS ARAÚJO – RGM 210497
O presente trabalho visa analisar a relação existente entre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), para tanto, a fim de que se inicie o estudo da proposta, é fundamental explicitar como a norma brasileira propõe o desenvolvimento da Educação Infantil (EI).
A Lei de Diretrizes e Bases (Lei nº 9.394/96), em seus artigos 29, 30 e 31, ao tratar da Educação Infantil, estabelecida no nível da Educação Básica, normatiza que:
Art. 29.  A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.   
Art. 30. A educação infantil será oferecida em:
I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade;
II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade.         
Art. 31.  A educação infantil será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:         
I - avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental;            
II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional;         
III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral;         
IV - controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por cento) do total de horas;         
V - expedição de documentação que permita atestar os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança. (BRASIL, 1996)
O texto legal, ao prever o desenvolvimento e a aprendizagem da criança nesta fase (até os cinco anos), em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, traz a importância desse estágio para a formação humana, de maneira participativa entre a escola, a família e a comunidade. Além disso, abre campo para a construção das competências insertas na Base Nacional Comum Curricular, homologada em 2017, a serem trabalhadas também pelos professores que atuam no Ensino Infantil.
Como explicitado, a relação da BNCC com a DUDH (Declaração Universal dos Direitos Humanos e com os ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável), textos datados de 1948 e 2015 (ONU), respectivamente, tem por escopo a formação plena do ser humano e a sua integração com o meio ambiente, com a sociedade, a participação da escolar, familiar e comunidade nesse processo de educação e aprendizagem da criança.
Cabe destacar que, em 2013, a escolarização das crianças de 4 e 5 anos no ensino infantil tornou-se obrigatória, ou seja, passou a compor de forma regular e efetiva o nível básico de ensino, isto é, houve uma valorização nessa fase do desenvolvimento, dada a sua importância para a construção do ser humano, das experiências a serem solidificadas, das práticas lúdicas, do reconhecimento dos espaços, das múltiplas linguagens, da interação e da construção de significados durante os processos de desenvolvimento.
Neste trajeto, a criança tem a oportunidade de integrar-se a outras crianças e com aos adultos, desenvolver relações lúdicas e respeitosas, compartilhar experiências e reconhecer as diversidades, posicionar-se, explorar e construir linguagens, fortalecer a sua identidade, elementos projetados nos documentos em estudo como objeto de formação e ação das pessoas enquanto sujeitos no mundo.
Segundo Libâneo, ao tratar das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) na EI, ensina que elas “têm como fundamentos norteadores princípios éticos, políticos e estéticos, de forma que as instituições de educação infantil desenvolvam propostas pedagógicas e assim cumpram plenamente sua função sociopolítica e pedagógica”. (2012, p. 347)
Os documentos estudados contemplam a possibilidade de uma existência em que se valoriza o conhecimento de si e o respeito ao outro, além do cuidado com o planeta em que vivemos e todos os elementos que o compõem, as pessoas, a diversidade e a natureza.
Essas aprendizagens essenciais tornam-se um direito de todo o indivíduo, com vistas a uma sociedade mais justa e inclusiva. Segundo a BNCC, a competência é ”a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho”. (BRASIL, 2017) 
Sendo assim, a União, em parceria com os Estados e Municípios, instituiu a importância do provimento dessas competências para a formação do indivíduo, a partir dos currículos propostos nas escolas, sem desconsiderar o contexto de cada comunidade, desde a Educação Infantil, de forma que a pessoa, durante a após a sua formação, seja capaz de participar ativamente para a solução de problemas urgentes à coletividade e à humanidade.
As competências trazidas pela BNCC estão diretamente relacionadas às orientações constantes na DUDH e nos ODS, na medida em que preparam o indivíduo para a vivência e para a convivência na sociedade e o insere como ator para a construção e manutenção de um planeta sustentável. Neste processo de formação, a criança inicia o desenvolvimento e práticas de comportamentos e atitudes que permitam explorar, entender, refletir e responder às pessoas e ao meio de forma colaborativa, experimentar e resolver conflitos, participar de atividades culturais, desenvolver múltiplas linguagens, habilitar-se às tecnologias, tornar-se um cidadão responsável, agir com consciência e ética, ser crítico e autocrítico, agir de forma integrada, livre de preconceitos, solidificar princípios que lhe permitam colaborar para uma sociedade melhor e mais sustentável, valores desejados nos três documentos analisados. Claramente, a Educação Infantil integra-se a outras fases e níveis da educação, de uma maneira mais ampla, progressiva e humana.
Sendo assim, nota-se a importância do olhar e da prática do professor para o desenvolvimento humanitário e pleno da criança na Educação Infantil, para o fomento das competências previstas na BNCC, quais sejam, formação de valores e capacidade de reflexão, fortalecimento dos processos motores e cognitivos, observância dos direitos humanos, o reconhecimento de si e o respeito ao outro. As atividades e o espaço de convivência organizados e mediados pelo professor passam a valorizar a descoberta do corpo e do espaço, a fala e a escuta, as relações, sons, cores e formas, a socialização, complementando, portanto, a educação familiar.
Desta maneira, a criança desenvolve as bases que lhe permitirão se tornar um cidadão capaz de entender e praticar as diretrizes trazidas pela DUDH e pelos ODS, isto é, terá em seu desenvolvimento a competência para agir com fraternidade, alteridade e empatia, reconhecendo-se e reconhecendo os indivíduos em seus espaços sociais, com seus deveres e direitos e suas multiplicidades culturais, nisto, portanto, constituem-se as relações entre a BNCC, a DUDH e os ODS.
Será, portanto, um promotor das liberdades individuais e das práticas coletivas, da diminuição das desigualdades, do crescimento sustentável, do consumo responsável e do respeito à natureza, na medida em que se buscará a formação de um indivíduo autônomo, que compreenda os problemas e realize escolhas.
É muito importante que o professor da Educação Infantil, na sua prática docente, relacione nos campos de experiência atividades e conhecimentos que estejam relacionados aos documentos ora estudados, a fim de que a criança reconheça e internalize valores comuns a essas diretrizes, por exemplo, participando formas geométricas que se relacionem com o meio ambiente ou com a diversidadeétnica, com diferentes culturas, cores e linguagens, a fim de que se construa um entendimento livre de qualquer ordem de preconceito.
Destaca-se, por fim, a importância da socialização para o desenvolvimento cognitivo nas teorias de Piaget e Vygotsky, seja na composição do estágio pré-operatório (2 a 7 anos), em que a linguagem e a imaginação protagonizam este momento, quando a criança utiliza todo um sistema representacional para concatenar seu pensamento, ou no desenvolvimento da aprendizagem, com a troca de experiências que lhe auxiliarão a avançar do estágio das coisas que não consegue realizar sozinha, portanto, com o auxílio de um adulto, para o estágio da realização dessas mesmas coisas de forma autônoma.
Cabe ao professor, neste contexto, mediar e orientar a criança no Ensino Infantil, por meio de atividades planejadas e compartilhadas, para o desenvolvimento das competências previstas na BNCC para este estágio e prepará-la, como sujeito histórico, para o aprimoramento dessas competências que lhe proporcionarão entendimento, reflexão e ação pautados nos Direitos Humanos e na construção e manutenção de uma sociedade mais consciente e um planeta mais sustentável e preservado, refletindo sobre o passado, agindo no presente e projetando um futuro mais próspero e solidário.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (2017). Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf>. Acesso em: 25 out. 2020.
- BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 25 out. 2020.
- FEFERMAN, D. Fases de desenvolvimento cognitivo segundo Jean Piaget. YouTube. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=hLFWD7TZFgU>. Acesso em: 25 out. 2020.
- LIBÂNEO, José Carlos. Educação escolar: políticas, estruturas, organização. 10. ed. São Paulo, Cortez, 2012.
- PAGANOTTI, I. Vygotsky e a zona de desenvolvimento proximal. Nova Escola, 1 maio 2011. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/1972/vygotsky-e-o-conceito-de-zona-de-desenvolvimento-proximal>. Acesso em: 26 out. 2020.
- PALANGANA, I. C. Desenvolvimento e aprendizagem em Piaget e Vygotsky: a relevância do social. 6. ed. São Paulo: Summus, 2015.

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