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Tipografia na Publicidade

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DESIGN GRÁFICO NA 
PUBLICIDADE
Prof. Ms. Elizeu N. Silva
A tipologia (ou tipografia) é um 
importante recurso visual. As escolhas 
relacionadas aos tipos de letras podem 
auxiliar na interpretação da mensagem.
Mais que signos que permitem a leitura 
verbal, as letras também proporcionam 
leituras visuais em função do design.
Grosso modo, às fontes SERIFADAS, 
associam-se ideias relacionadas à 
tradição.
Às fontes BASTÃO, associam-se ideias 
relacionadas a despojamento.
Os tipos móveis inventados por Johannes Gutenberg na 
Alemanha no século XV, revolucionaram a escrita no Ocidente. 
Ao contrário dos escribas, que fabricavam livros e documentos 
à mão, a impressão com tipos permitia a distribuição de 
conteúdos em massa.
Os tipos móveis foram empregados na China muito antes que 
na Alemanha. No entanto, foram pouco úteis, pois o sistema de 
escrita chinês composto por milhares de caracteres distinto, 
dificultou o desenvolvimento da arte tipográfica.
No Ocidente, ao contrário, o alfabeto latino permite a tradução 
dos sons da fala a partir de um pequeno conjunto de sinais 
gráficos – os caracteres.
As primeiras fontes foram desenhadas 
diretamente a partir do movimento feito 
com a mão para escrever.
A história da tipografia reflete uma tensão 
contínua entre a mão e a máquina, o 
orgânico e o geométrico, o corpo humano 
e o sistema abstrato.
A tipologia da famosa Bíblia de Gutenberg 
baseou-se no manuscrito. Emulava a 
densa e escura escrita manual conhecida 
como letra gótica.
Muitas das fontes utilizadas hoje herdaram os nomes de 
impressores que trabalharam nos séculos XV e XVI. É o caso 
da Garamond, Bembo, Palatino e Jenson, entre outras. São 
fontes conhecidas como HUMANISTAS, que resultam da 
rejeição de escritores e acadêmicos ao gótico predominante à 
época.
Em 1496, Nicolas Jenson 
estabeleceu uma gráfica em 
Veneza, na qual passou a adotar 
fontes que mesclavam a tradição 
gótica, típica da Alemanha e da 
França, com o gosto italiano por 
formas mais leves e arredondadas. 
Criou, desta forma, as primeiras 
ROMANAS.
As letras itálicas, que também surgiram na Itália no século 
XV, foram modeladas em estilo manuscrito mais casual. 
Enquanto as letras humanistas eretas apareciam em livros 
caros e prestigiosos, a forma cursiva, que podia ser escrita 
com mais rapidez, era usada por gráficas mais baratas. 
(Economizando espaço, a forma cursiva economizava 
dinheiro).
No século XVIII, William Caslon
(1720) e John Baskerville (1750) 
abandonaram a rígida pena 
humanista em favor da pena 
metálica flexível e da pena de ave 
com ponta fina – instrumentos que 
produziam linhas fluídas e 
ondulantes.
Caslon
John Baskerville criou fontes tão definidas e contrastadas que 
seus contemporâneos o acusaram de “cegar os leitores, pois 
os traços de suas letras, de tão finos e estreitos, machucam os 
olhos”.
No início do século XIX, Giambattista Bodoni, na Itália, e 
Firmin Didot, na França, desenvolveram fontes com eixos 
totalmente verticais, extremo contraste entre traços grossos e 
finos e serifas nítidas como lâminas.
As novas fontes representavam a ruptura definitiva entre a 
caligrafia e a tipografia.
Giambattista Bodoni Bodoni
O crescimento da industrialização e do consumo no século 
XIX impulsionou a Publicidade – e esta exigiu novas formas 
tipográficas para a comunicação de massa.
Surgiram fontes grandes e pesadas, com elementos 
anatômicos distorcidos. Eram fontes de altura e largura 
assombrosas: expandidas, contraídas, sombreadas, vazadas, 
gordas, lapidadas, floreadas.
As serifas tornaram-se estruturas independentes.
THOROWGOOD – 1821
No século XIX, a Publicidade lançou mão das “fontes 
monstruosas”:
Alguns designers se opuseram ao 
que consideraram uma forma 
grosseira e imoral de uso do 
alfabeto, ligado ao sistema industrial 
e desumano.
Edward Johnston volta-se para o 
Renascimento e a Idade Média em 
busca de inspiração para o seu 
alfabeto.
Designers inspirados no 
De Stijl holandês e na 
Bauhaus alemã 
construíram alfabetos 
abstratos baseados em 
formas geométricas –
círculo, quadrado, 
triângulo.
A Futura, projetada por 
Paul Renner em 1927, 
encarnou as obsessões 
da vanguarda em uma 
fonte multifuncional e 
comercial.
Classificação de tipos
No século XIX os impressores buscaram analogias entre a 
história da arte e a herança de seu próprio ofício, 
desenvolvendo um sistema básico de classificação de tipos.
• Letras humanistas têm relação direta com a caligrafia e 
com o movimento da mão ao escrever.
• Letras transicionais e modernas são mais abstratas – ou 
seja, não têm o caráter orgânico das humanistas.
Grosso modo, esses três grupos correspondem aos 
períodos barroco, renascentista e iluminista.
Humanistas
Fontes romanas dos séculos XV e XVI, 
emulavam a caligrafia clássica.
Têm serifas mais 
afiadas e eixo 
mais vertical do 
que as 
Humanistas.
Transicionais
Modernas
Do final do século XVIII e início 
do XIX. São fontes radicalmente 
abstratas. As serifas são finas e 
retas. Há forte contraste entre 
traços grossos e finos.
Egipcias
Fontes pesadas e decorativas, adotadas no século XIX pela 
Publicidade. Possuem serifas pesadas e retangulares.
Sem Serifas
Humanistas
Tornaram-se 
comuns no século 
XX. Apresentam 
variações 
caligráficas no peso 
dos traços.
Sem Serifas
Transicionais
Apresenta caráter 
uniforme e ereto 
similar às letras 
serifadas
transicionais.
Sem Serifas
Geométricas
Construídas a partir 
de formas 
geométricas. Na 
Futura, desenhada 
por Paul Renner em 
1927, a letra “O” é 
um círculo perfeito e 
A e M são triângulos 
afiados.
Referência bibliográfica
LUPTON, Ellen. Pensar com tipos. São Paulo, Ed. 
Cosac Naify, 2006