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O ABC de um 
registro 
eletroencefalográfico
Da teoria à prática clínica
Loreto Ríos-Pohl
Elza Márcia T. Yacubian 
O ABC DE UM REGISTRO ELETROENCEFALOGRÁFICO
Da teoria à prática clínica
Copyright © 2016 – Loreto Ríos-Pohl e Elza Márcia T. Yacubian
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou sistema, 
sem prévio consentimento da editora e dos autores, 
ficando os infratores sujeitos às penas previstas em lei.
Este livro foi produzido por:
Leitura Médica Ltda. 
Av. Brigadeiro Luís Antônio, 1.700 
Bela Vista – São Paulo, SP 
CEP 01318-002 – Telefax: (11) 3151-2144 
www.lmedica.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Impresso no Brasil
2016
Loreto Ríos-Pohl e Elza Márcia T. Yacubian
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática 
clínica, 
1ª edição – São Paulo: Leitura Médica, 2016.
Vários colaboradores
Bibliografia
ISBN 978.85.8494.012.7
1. Neurologia 2. Epilepsia 3. Eletroencefalografia I. Ríos-Pohl, Loreto, II. 
Yacubian, Elza Márcia T. III. Título.
Índice para catálogo sistemático: 
1. Neurologia: Epilepsia: Eletroencefalografia
3
Loreto Ríos-Pohl
Neuropediatra, professora adjunta da Universidade do Chile chefe do Laboratório de EEG do Centro Avanzado Clínica las 
Condes da Liga Chilena contra la Epilepsia, em Santiago (Chile).
Elza Márcia T. Yacubian
Professora adjunta livre-docente em Neurologia do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Escola Paulista de 
Medicina da Universidade Federal de São Paulo.
Editoras
4
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Colaboradores
Alicia Bogacz
Neurologista, eletrofisiologista, diretora da Clínica Eletro - Dr. Jaime Bogacz e membro da Seção de Epilepsia do Instituto de Neurologia da 
Universidade da República do Uruguai, em Montevidéu
Ana Carolina Dias Gomes
Pós-graduanda do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Escola Paulista de Medicina (EPM) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
Ana Carolina Zetehaku
Pós-graduanda do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da EPM/Unifesp
Daniel Nariño González
Neurologista, epileptologista, professor associado de Neurologia da Pontifícia Universidade Javeriana e coordenador do Laboratório de 
Neurofisiologia Clínica de Epilepsia e do Programa de Cirurgia de Epilepsia do Hospital Universitário San Ignacio e do Hospital Infantil de La 
Misericórdia, em Bogotá, Colômbia
David Martinez Bravo
Neurologista, epileptologista do Centro Avançado de Epilepsia da Clínica Las Condes e professor adjunto do Departamento de Ciências 
Neurológicas, Sede Oriente, da Universidade do Chile
Elza Márcia T. Yacubian
Professora adjunta livre-docente em Neurologia do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da EPM/Unifesp
Francesca Solari Bardi
Neuropediatra, epileptologista e professora adjunta da Universidade do Chile, Centro Avançado de Epilepsia da Clínica Las Condes e do 
Hospital Dr. Félix Bulnes C. Santiago
Guilca Contreras-Caicedo
Neuropediatra e professora de Neurologia e Epilepsia do Centro Médico Docente La Trinidad de Caracas, Venezuela
Horacio Sentíes Madrid
Laboratório de Neurofisiologia Clínica do Departamento de Neurologia e Psiquiatria do Instituto Nacional de Ciências Médicas e Nutrição 
Salvador Zubirán, na Cidade do México, México
5
Julio José Macías Gallardo
Laboratório de Neurofisiologia Clínica do Departamento de Neurologia e Psiquiatria do Instituto Nacional de Ciências Médicas e Nutrição 
Salvador Zubirán, na Cidade do México, México
Larisa Fabres Oyarzo
Neurologista, epileptologista e professora adjunta da Universidade do Chile, Centro Avançado de Epilepsia, Clínica Las Condes, em Santiago, Chile
Loreto Olate Rosello
Enfermeira do Centro Avançado de Epilepsia da Clínica Las Condes, em Santiago, Chile
Loreto Ríos-Pohl
Neuropediatra, epileptologista, professora adjunta da Universidade do Chile e chefe-coordenadora do Laboratório de EEG, Centro Avançado 
de Epilepsia, Clínica Las Condes, Liga Chilena contra a Epilepsia, em Santiago, Chile
Luis Carlos Mayor
Neurologista e epileptologista da Clínica de Epilepsia do Departamento de Neurologia do Hospital Universitário Fundação Santa Fe de Bogotá 
da Faculdade de Medicina Universidade dos Andes, em Bogotá, Colômbia
Magda Lahorgue Nunes
Neuropediatra e professora de Neurologia da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre (RS)
Nathália Stela Visoná de Figueiredo
Pós-graduanda do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da EPM/Unifesp
Neiby Yohana Rivera Rojas
Residente de Neurologia do Programa de Pós-graduação em Neurologia da Pontifícia Universidade Javeriana, Hospital Universitário San 
Ignacio, em Bogotá, Colômbia
Paula Natale Girotto
Pós-graduanda do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da EPM/Unifesp
Ximena Varela Estrada
Neuropediatra, epileptologista e professora instrutora da Universidade do Chile, Centro Avançado de Epilepsia, Clínica Las Condes, Hospital 
Roberto del Rio, em Santiago, Chile
Índice
Introdução __________________________________________________________________________________________ 9
Capítulo 1
Introdução à realização do eletroencefalograma ___________________________________________________________ 13
Capítulo 2
Conceitos básicos de eletrogênese e revisão dos parâmetros técnicos __________________________________________ 35
Capítulo 3
Diretrizes gerais para a realização do eletroencefalograma ____________________________________________________ 43
Capítulo 4
Nomenclatura em eletroencefalografia ___________________________________________________________________ 77
Capítulo 5
Artefatos: tipos e importância do seu reconhecimento______________________________________________________ 115
Capítulo 6
Parâmetros para registro neonatal ______________________________________________________________________ 141
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Capítulo 7
Requisitos e procedimentos mínimos para registros de EEG em lactentes e crianças _______________________________ 153
Capítulo 8
Tipos de EEG, técnicas de ativação e protocolos de acordo com a síndrome epiléptica _____________________________ 165
Capítulo 9
Registro do paciente crítico adulto: EEG contínuo __________________________________________________________ 203
Capítulo 10
Protocolo de morte encefálica _________________________________________________________________________ 211
Capítulo 11
Considerações especiais para a realização de vídeo-EEG em pacientes na UTI. Registro de paciente crítico e de morte 
encefálica em pediatria ______________________________________________________________________________ 231
Capítulo 12
Criação do laudo do técnico e do médico ________________________________________________________________ 241
Capítulo 13
Primeiros socorros em crises epilépticas _________________________________________________________________ 249
Glossário de termos em eletroencefalografia _____________________________________________________________ 253
Índice remissivo ____________________________________________________________________________________ 260
9
Introdução
Desde o descobrimento do eletroencefalograma humano 
por Hans Berger em 1929, essa técnica experimentou uma 
evolução progressiva, sendo hoje universalmente aceita e 
considerada insubstituível como método de avaliação da ati-
vidade elétrica cerebral, tanto em situações normais, como no 
estudo da maturação cerebral em recém-nascidos e crianças, 
como em situações patológicas, como em encefalopatias, le-
sões cerebrais focais, processos isquêmicos e, especialmente, 
em pacientes com epilepsia, nos quais seu uso tem grande im-
portância para a definição diagnóstica, tomada de decisões te-
rapêuticas, seguimento e determinação prognóstica.
Ao longo do tempo, a tecnologia digital permitiu a avalia-
ção do eletroencefalograma a baixo custo, de forma não inva-
siva e indolor também em unidades de cuidados intensivos, 
soba forma de monitorização prolongada da atividade elétri-
ca cerebral, hoje um instrumento imprescindível na detecção 
precoce de danos secundários ao sistema nervoso central em 
pacientes com vários tipos de doenças, possibilitando a inter-
venção oportuna, evitando danos irreversíveis e, consequen-
temente, melhorando o prognóstico. O eletroencefalograma é 
considerado ainda um exame padronizado, muito importante 
na constatação de morte encefálica. 
10
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Por outro lado, a eletroencefalografia neonatal é muito 
útil na aferição da maturidade cerebral e no estabelecimen-
to do prognóstico neurológico a longo prazo. Nas unidades 
de cuidados intensivos neonatais, o eletroencefalograma é 
utilizado para avaliar crises neonatais, patologia frequente 
nessa faixa etária que nem sempre apresenta correlato clí-
nico. 
Para o diagnóstico de epilepsia, o eletroencefalograma 
tem especificidade superior a 95%, embora sua sensibilida-
de seja variável, dependendo do momento da realização e 
da qualidade do exame, de sua execução seriada, da popu-
lação estudada e da realização de técnicas de ativação ade-
quadas a cada síndrome epiléptica. Um eletroencefalograma 
não apenas permite corroborar o diagnóstico da síndrome 
epiléptica mas também detectar padrões patognomônicos 
ou altamente sugestivos, definir a urgência do tratamento, 
como na síndrome de West, possibilitando, ainda, o diag-
nóstico diferencial com outros distúrbios paroxísticos de na-
tureza não epiléptica. 
Apesar de sua grande utilidade, é preciso considerar seu 
alcance e suas limitações. Sua obtenção deve sempre ser 
realizada por técnicos adequadamente treinados e sua inter-
pretação deve basear-se no raciocínio clínico de profissio-
nais especializados. Um exame tecnicamente inapropriado 
e/ou erroneamente interpretado pode levar a falsos diagnós-
ticos e, como consequência, a efeitos devastadores ao pa-
ciente e à sua família. 
Um bom registro é resultado de um trabalho em equipe 
com cooperação estreita entre o técnico e o médico respon-
sável pelo serviço. O técnico, por seu lado, deve ser adequa-
damente treinado, o que lhe possibilitará obter um exame de 
qualidade. Precisa ser experiente, pois será responsável pela 
informação necessária do paciente e de cuidadores para es-
tabelecer qual a melhor técnica no momento da aquisição de 
cada exame específico. 
“O primeiro erro nasce da crença de que há um único tipo 
de eletroencefalograma”.
O técnico é o primeiro elo para definir se o exame foi bem 
solicitado e se o paciente está preparado ou apresenta con-
traindicações para permitir um exame adequado. Durante os 
15 a 20 minutos nos quais prepara o paciente, pode obter in-
formações precisas sobre o motivo da realização do exame, 
tipos de crises epilépticas, fatores precipitantes, frequência de 
ocorrência e outros aspectos particulares importantes. Tais in-
formações, se consideradas relevantes, devem ser compartilha-
das com o médico que realizará o laudo a fim de definir os 
procedimentos específicos a ser realizados durante o exame, 
como colocação de eletrodos adicionais, hiperventilação pro-
longada, fotoestimulação a frequências específicas, reação de 
despertar etc. 
11
Uma vez obtido um registro de excelente qualidade, a inter-
pretação por um médico treinado e experiente é fundamental. 
As antigas escolas ensinavam que o eletroencefalograma de-
veria ser lido de forma oculta, sem conhecimento da história 
clínica nem do motivo pelo qual o exame estava sendo reali-
zado. Hoje, o médico deve interpretar os achados, ciente de 
todo o contexto clínico. Em exames evolutivos de epilepsia, a 
comparação do exame atual com os anteriores é fundamental 
na avaliação da resposta terapêutica. 
Na nossa realidade latino-americana, são poucos os centros 
que contam com equipe altamente qualificada e certificada 
para realizar e interpretar um eletroencefalograma, o que, em 
conjunção à elevada demanda, dificulta a qualidade técnica. 
Criamos este manual com duas pretensões específicas. Por um 
lado, entregar os instrumentos e as pautas básicos, “o ABC” na 
obtenção de um bom registro, e, por outro, uniformizar a lite-
ratura, desejando que, no futuro, tenha impacto unificador na 
linguagem eletrofisiológica latino-americana.
Loreto Ríos-Pohl
Elza Márcia T. Yacubian
Maio de 2016
13
Introdução à realização do 
eletroencefalograma
Nathália Stela V. de Figueiredo
Paula Natale Girotto
Ana Carolina Zetehaku
Ana Carolina Dias Gomes
Elza Márcia T. Yacubian
1. Preparação da sala de eletroencefalografia
As orientações para a preparação da sala de eletroencefalografia 
podem variar de acordo com cada país e seu órgão regulador, mas 
devem atender aos princípios básicos e universais para um registro 
de qualidade e adequada segurança para a realização do exame.
A sala deve ser espaçosa e possuir um tamanho mínimo de 
2,2 m2. A entrada de acesso deve ser suficiente para a coloca-
ção de macas e deve ter também saída de oxigênio, ar compri-
mido e suportes para soro e medicamentos. Deve conter uma 
pia para lavagem dos eletrodos e armários para guardar o mate-
rial utilizado no exame. A higienização frequente da sala é es-
sencial e recomendada, devendo-se utilizar papel descartável 
para cobertura do leito de exame1 (Figura 1). 
O ambiente deve ser calmo e tranquilo para permitir que 
o paciente possa relaxar e dormir. No planejamento estrutural 
desse ambiente pode haver a necessidade de colocação de iso-
Capítulo 1
14
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
O controle de temperatura é importante tanto para o conforto 
do paciente quanto para a qualidade do traçado a ser obtido, já 
que artefatos de sudorese são frequentes, especialmente em lac-
tentes e crianças, o que pode interferir na qualidade do registro. 
Deve-se, portanto, instalar um ar-condicionado potente que deixe 
as temperaturas em níveis de pelo menos 18°C1.
Toda a estrutura da sala, especialmente quanto às instalações 
elétricas, deve ser planejada e, de preferência, realizada por um 
engenheiro elétrico, uma vez que um aterramento adequado é 
essencial para evitar artefatos de corrente elétrica2,3. Dispositivos 
eletrônicos, incluindo a cama, se elétrica, devem ficar desligados 
durante o exame, e fios não isolados não devem estar presentes 
no lugar de registo porque também podem gerar artefatos. É im-
portante utilizar um estabilizador de energia (no break) para evitar 
sobrecargas elétricas e risco de perda da informação ainda não 
gravada caso a corrente de energia seja cortada repentinamente.
Também é importante ressaltar a necessidade de ambientes 
agradáveis, como salas de espera para a recepção dos pacien-
tes e de seus acompanhantes, que devem incluir banheiros com 
pias para realização de higiene adequada após o exame.
2. Aparelho de EEG
O aparelho de EEG é um instrumento de diagnóstico mui-
to importante em Neurologia, uma vez que registra a atividade 
elétrica do cérebro e permite sua avaliação. Esse aparelho pode 
Figura 1. A sala de eletroencefalografia.
lamento acústico nas suas paredes. A iluminação também in-
fluencia o nível de vigília do paciente, devendo ser controlada 
a fim de produzir penumbra ambiental. Alguns pacientes se be-
neficiam da utilização de vendas para os olhos, que podem ser 
também usadas com o intuito de prevenir movimentos oculares 
frequentes, que geram artefatos no registro do eletroencefalo-
grama (EEG). Além disso, a utilização de dispositivos eletrôni-
cos portáteis, como celulares, deve ser proibida dentro da sala 
para evitar outros tipos de artefatos.
15
Figura 2. Eletrodos são fios recobertos 
de plástico com um disco de metal na 
extremidade.
Figura 3. O cabeçote (jackbox) é o local no qual 
se acoplam os eletrodos nas aberturas (plugue) 
de cada entrada (grid).
ser de dois tipos: analógico e digital. Atualmente, a maioria dos 
aparelhos de EEG é digital e usaum computador para registrar e 
processar os dados. O sinal analógico é capturado, amplificado 
e digitalizado por circuitos de um computador. Esses dispositivos 
substituem o EEG analógico que antes era gravado com penas de 
tinta para análise final do traçado obtido no papel4.
O aparelho de EEG digital é constituído pelos seguintes 
componentes:
- Eletrodos: são fios revestidos de plástico com um conector 
(plugue) em uma das extremidades e um disco de metal na outra, 
sendo capaz de capturar a atividade elétrica cerebral5. As caracte-
rísticas de todos os eletrodos devem ser homogêneas6 (Figura 2).
- Cabeçote (ou jackbox): é uma caixa contendo pelo menos 
23 entradas, nas quais são acoplados os conectores de cada um 
dos eletrodos, permitido, assim, a passagem da corrente elétrica 
captada em direção ao amplificador7. Geralmente, em cada canal 
eletroencefalográfico, há duas entradas, chamadas por convenção 
de G1 e G2 – do inglês, grid (grade), também chamado de jack. 
Essa denominação se refere ao EEG analógico, no qual há uma 
“porta” móvel, logo após a entrada, que permite modificar a sele-
ção dos eletrodos a serem utilizados na gravação, ou seja, possi-
bilita o controle da passagem da corrente elétrica proveniente dos 
eletrodos à medida que é aberta ou fechada8. Chama-se deriva-
ção o traçado resultante da combinação de um par de eletrodos. 
Atualmente, as denominações entrada 1 e entrada 2 devem ser 
preferidas aos termos G1 e G2. Antes que o impulso elétrico atinja 
o amplificador, há ainda um painel seletor que permite escolher 
individualmente os eletrodos que serão colocados em cada entra-
da, permitindo a alteração dos eletrodos alocados nas entradas 1 
e 2 e, por fim, dando origem aos diversos arranjos possíveis entre 
eles, o que é denominado montagem7 (Figura 3).
16
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Entrada 1 
Eletrodo 1
AM
PLIFICAD
O
R
CALIBRADOR DERIVAÇÃO
Entrada 2
Eletrodo 2
Figura 4. Amplificador e calibrador da máquina de EEG. No esquema, o amplificador 
é um triângulo, ao qual se ligam os eletrodos nas entradas 1 e 2. O calibrador, por 
sua vez, é representado como um retângulo. O sinal elétrico é registrado depois de 
passar através do amplificador e do calibrador, resultando em uma derivação do EEG.
de 30 mm/s. No EEG digital, utiliza-se a tela do computador 
para exibir o traçado. É necessária uma boa resolução de 
tela para visualização adequada do traçado, evitando dis-
torções na atividade elétrica cerebral4 (Figura 5). Para mais 
especificações, sugerimos que se consultem os manuais das 
Sociedades de Neurofisiologia Clínica.
Figura 5. Monitor do aparelho de EEG digital.
- Amplificador: conectado ao cabeçote por um cabo elétrico, 
amplifica as ondas cerebrais captadas pelos eletrodos, as quais são 
naturalmente muito pequenas, da ordem de microvolts7 (Figura 4).
- Calibrador: é o responsável pela homogeneização das li-
nhas de registro, para que não haja discrepâncias em um mes-
mo circuito, o que poderia levar a erros de interpretação na 
leitura de traçado7 (Figura 4).
- Outros componentes elétricos: fonte de energia, a qual 
ajusta a potência que chega através da rede elétrica do edifício, 
e o cabo de alimentação, composto de fios eletricamente isola-
dos capazes de fornecer a eletricidade que alimenta o aparelho 
de EEG7.
- Monitor: o papel do EEG analógico é normalmente de 
30 cm de largura para gravar 10 segundos a uma velocidade 
3. Fundamentos da eletrofisiologia clínica
3.1. Princípios básicos de neurofisiologia
O corpo humano é constituído principalmente por água. 
Nesse ambiente aquoso existem moléculas com cargas elé-
tricas positivas (cátions) e negativas (ânions) que estão diluí-
17
20 msec
Sorvedouro
Fonte
EEG
70 mV
50 mV
Dipolo
PEPS
Figura 6. A atividade elétrica cerebral é gerada pelos fluxos de corrente elétrica 
produzidos pelos potenciais excitatórios (PEPS) e inibitórios (PIPS) pós-sinápticos 
nos neurônios piramidais corticais, os quais estão dispostos de maneira 
perpendicular ao córtex cerebral. A chegada de um PEPS na árvore dendrítica 
apical promove a rápida entrada do íon sódio, um íon positivo, para o interior 
da célula. Assim, o meio extracelular se torna mais negativo em comparação 
com o meio intracelular. No corpo celular, em estado de repouso, continua o 
predomínio dos íons sódio no meio extracelular. Esse desequilíbrio de cargas 
resulta em um fluxo de corrente da fonte (corpo neuronal) ao sorvedouro 
(dendritos apicais), formando um dipolo (um polo positivo e um negativo), 
sendo o potencial negativo na superfície do córtex cerebral. A voltagem é 
captada como uma deflexão negativa pelo eletrodo no couro cabeludo que se 
encontra sobre esse campo elétrico.
das em água e se movem conforme o tipo predominante de 
carga elétrica no meio ao redor (geralmente, cargas iguais 
se repelem e cargas opostas se atraem). É esse movimento 
constante dos íons que garante ao tecido a capacidade de 
gerar atividade elétrica. Os íons que mais frequentemente 
são encontrados em nossas células são o cátion sódio (Na+) 
e o ânion cloreto (Cl-).
Os neurônios corticais estão agrupados em circuitos com-
plexos que interagem uns com os outros através de sinapses, 
estimulando ou inibindo os neurônios vizinhos. Entre esses 
neurônios há fluxos de correntes iônicas (movimento das car-
gas dos íons). Esses fluxos e as diferenças nas concentrações 
iônicas intra e extracelulares geram a diferença de potencial 
elétrico (diferença de sinal entre as cargas elétricas totais no 
interior e exterior dos neurônios).
O campo elétrico no volume condutor, formado pelos 
componentes aquosos que rodeiam os neurônios, é o que 
gera a atividade elétrica cerebral. O somatório de potenciais 
excitatórios, chamados potenciais excitatórios pós-sinápticos 
(PEPS), e de potenciais inibitórios, chamados potenciais inibi-
tórios pós-sinápticos (PIPS), resulta na formação da atividade 
elétrica cerebral, a qual pode ser mensurada no couro cabe-
ludo ao se colocar eletrodos de escalpo que se comportam 
como transdutores de corrente iônica celular em corrente elé-
trica9 (Figura 6).
18
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
O registro gráfico desses potenciais relacionados com a ativi-
dade elétrica do cérebro é chamado de EEG, um método que 
proporciona tantas informações úteis sobre o cérebro e tem 
sido usado clinicamente desde 1929. A atividade fisiológica 
do cérebro muitas vezes, mas não necessariamente, tem reper-
cussão no EEG. Ao contrário, uma alteração no tecido cerebral 
pode resultar em uma anormalidade no EEG. Aqui está a im-
portância de EEG para o diagnóstico de doenças neurológicas.
3.2. Captação da atividade elétrica cerebral por 
eletrodos
A propriedade de eletrólito é encontrada na pasta condutora 
e no gel condutor que são colocados diretamente sobre o cou-
ro cabeludo em contato com os eletrodos. Ambos, pasta e gel 
condutor, como também o corpo humano, têm a propriedade 
de eletrólito – termo que designa o meio aquoso em que há 
íons em livre circulação5,6.
Na interface eletrólito-eletrodo, ou seja, no ponto de encon-
tro físico entre o eletrólito e o eletrodo, há cargas elétricas com 
sinais opostos entre si. Nessa interface, há um fluxo contínuo 
entre o couro cabeludo e a pasta ou gel condutor, permitindo a 
livre circulação de íons6 (Figuras 7 e 8).
O eletrodo reflete a atividade do cérebro e será influenciado 
pelas cargas elétricas presentes no eletrólito. Por conseguinte, 
Figura 7. A interface eletrólito-eletrodo compreende o encontro entre o eletrodo 
e a pasta ou gel condutor (eletrólito), local em que as cargas elétricas são trocadas 
livremente, gerando sinal proveniente do paciente, que será captado pelo eletrodo 
e transmitido ao aparelho de EEG.
PACIENTE
I
N
T
E
R
F
A
C
E
ELETRODO
APARELHO 
DE EEG
ELETRÓLITO
(PASTA/ GEL CONDUTOR)
o eletrodo tenderá a ter cargas elétricas com sinal oposto ao do 
eletrólitopara manter o equilíbrio elétrico.
Nessa interface, as cargas elétricas geradas pelos íons não 
permanecem estáticas e sofrem mudanças segundo a segundo, 
de um lado ao outro e vice-versa, sempre com o propósito de 
manter o equilíbrio elétrico entre os lados. Na prática, isso pode 
gerar “ruído”, ou seja, um tipo de artefato inerente ao processo 
de captura da atividade elétrica cerebral pelo eletrodo6.
3.3. Princípios básicos de eletricidade
Revisaremos alguns conceitos básicos de eletricidade, os 
quais devem ser considerados quando o EEG é registrado.
19
Figura 8. Uso da pasta condutora para criar a interface eletrólito-eletrodo e 
captar a atividade elétrica cerebral. Deve-se ter em conta que o cabelo não 
deve estar em contato com a pasta para evitar dificuldades na detecção das 
ondas cerebrais. A. Escarificação do couro cabeludo; B, C. Colocação da pasta 
condutora; D. Colocação dos eletrodos sobre a pasta; E. Fixação externa para 
evitar a soltura dos eletrodos (com uma gaze, tecido ou micropore).
C. D. E.
A. B.
Os conceitos físicos fundamentais são:
1- Capacitor é o componente do circuito que armazena 
energia5.
2- Resistência é o componente de circuito que impõe resis-
tência à passagem de corrente elétrica5.
O princípio básico em eletricidade vem de uma lei fundamental 
chamada Lei de Ohm, em que a corrente elétrica é igual a uma 
voltagem dividida pela resistência. A corrente elétrica é a tendência 
de movimento das cargas elétricas e sua intensidade (I) é medida 
em Ampères (A). A voltagem (V), por sua vez, é a diferença total de 
sinal entre cargas elétricas em um meio, sendo medida em Volts (V). 
A resistência (R) é uma propriedade do meio que atua impedindo o 
movimento de cargas elétricas e é medida em Ohms5,10 (Figura 9).
LEI DE OHM:
I = V
 R
Em que, I: corrente elétrica; V: voltagem; R: resistência
Figura 9. Lei de Ohm. A resistência é oriunda da Lei de Ohm, em que a corrente 
elétrica é igual à voltagem dividida pela resistência.
O aparelho de EEG utiliza corrente alternada com uma fre-
quência 50 Hz na maioria dos países latino-americanos. No 
Brasil e nos Estados Unidos, utilizam-se 60 Hz6.
A propriedade de reatância, encontrada em circuitos de 
corrente alternada, também impede o movimento das cargas 
elétricas, assim como a resistência, mas sem gasto de energia. 
O conjunto de resistência e reatância é chamado de impedân-
cia. A impedância do eletrodo é relacionada com a carga resis-
tiva total em um circuito de corrente alternada5.
O aumento da impedância de um eletrodo pode promover 
uma série de consequências que prejudicam a obtenção do 
traçado, como:
20
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
- Redução da amplitude das voltagens no EEG, o que torna 
difícil diferenciar uma atividade elétrica cerebral normal de 
uma patológica.
- Presença de artefato de corrente elétrica, ou seja, de 50 Hz ou 
60 Hz, tornando difícil a observação da verdadeira morfologia 
das ondas da atividade elétrica cerebral (Figura 10).
Por outro lado, se a impedância do eletrodo é muito baixa, 
é possível que uma “ponte de sal” apareça entre os eletrodos, 
ou, em outras palavras, que haja uma redução tão acentuada 
das voltagens em uma derivação que a resultante de registro 
tende a ser reta, indicando o encontro das pastas condutoras 
de dois eletrodos próximos6 (Figura 11).
O eletrodo também funciona como um capacitor, pois 
armazena as cargas elétricas e impede que parte da corrente 
elétrica flua livremente ao passar por ele. Com isso, acaba ten-
do uma certa quantidade de cargas elétricas que constituem 
o potencial residual do eletrodo, que varia de acordo com o 
material do qual é feito. Dependendo de como isso ocorre, o 
eletrodo pode funcionar como uma bateria, sendo capaz de ar-
mazenar energia elétrica em si. Por conseguinte, é importante 
que os eletrodos sejam homogêneos, minimizando o efeito da 
bateria que poderia alterar a morfologia do traçado8.
Finalmente, o posicionamento correto da interface etrólito-
-eletrodo é fundamental para evitar que haja explosão (pop) de 
Figura 10. Artefato de 60 Hz. Indica que a corrente alternada que está presente 
no meio ambiente ao redor da máquina de EEG está interferindo no registro, o 
que pode trazer dificuldades para a interpretação correta do traçado. Como o 
exame está sendo obtido com o padrão de corrente elétrica do Brasil, este é um 
artefato de 60 Hz. A. Inicialmente, o filtro de 50 Hz ou 60 Hz (notch filter), que 
eliminaria o ruído elétrico gerado pela corrente da rede elétrica a 60/segundo, 
não está conectado. B. A ativação desse filtro elimina a frequência de 60 Hz.
21
Figura 11. Artefato de ponte de sal. Indica que os eletrodos estão virtualmente conectados e, embora sejam dois pontos físicos diferentes, se comportam 
eletricamente como um só eletrodo (a linha isoelétrica demonstra que os eletrodos têm exatamente a mesma voltagem).
22
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
eletrodos, o que pode ser evitado com a técnica adequada de 
aplicação destes6.
A explosão (pop) de eletrodo significa que o contato entre os 
dois componentes da interface eletrólito-eletrodo é inadequado, 
com uma impedância no eletrodo anormalmente elevada, im-
pedindo a livre circulação das cargas elétricas para a obtenção 
da atividade elétrica cerebral pelo aparelho de EEG (Figura 12).
3.4. Calibração do aparelho de EEG
A atividade elétrica do cérebro tem voltagem muito baixa 
quando capturada sobre o couro cabeludo (de 1 a 1000 micro-
volts) devido às muitas barreiras que se interpõem no caminho, 
o que aumenta a impedância final verificada na superfície11. 
Por se tratar de um método de gravação externo, é claro que a 
visualização se torna mais difícil. Portanto, é necessário aplicar 
certas características ao aparelho de EEG para permitir o me-
lhor registro possível do traçado eletroencefalográfico.
Os eletrodos, uma vez colocados no cabeçote em suas res-
pectivas entradas 1 e 2 (G1 ou G2), devem ser selecionados pelo 
usuário. O amplificador, por sua vez, amplifica a atividade elé-
trica do cérebro, permitindo a sua visualização. É chamado de 
amplificador diferencial, de modo ou rejeição comum, porque 
somente amplifica a diferença de voltagem entre os dois eletro-
dos colocados nas entradas7. Essa propriedade do amplificador é 
uma vantagem, porque queremos amplificar a atividade elétrica 
do cérebro, a qual está geralmente fora de fase (ou seja, com 
diferentes valores em cada entrada). A atividade que estiver em 
fase será cancelada, ou seja, se for a mesma em ambas as entra-
das, acabarão por se anular mutuamente, o que reduz a conta-
minação com sinais provenientes do meio externo ao exame11.
3.4.1. Sensibilidade
A sensibilidade mostra como o amplificador do EEG é capaz 
de aumentar ou reduzir a amplitude da atividade elétrica cere-
bral. Por sua vez, a amplitude é o tamanho vertical medido da 
onda elétrica cerebral, ou partindo de sua base até o seu pico11,12.
Um exemplo prático: no caso de uma sensibilidade de 
10 microvolts/mm, são necessários 10 microvolts para que a 
onda tenha uma deflexão de 1 mm no traçado. Em geral, a sen-
sibilidade é definida entre 7 e 10 microvolts/mm, consideran-
do que a velocidade de gravação do registro é de 30 mm/s11.
O fator amplificador ou ganho do amplificador é a capaci-
dade do aparelho de EEG para amplificar a onda11,12.
3.4.2. Ondas elétricas e suas propriedades físicas
A atividade elétrica, seja de origem biológica ou proveniente 
de equipamentos elétricos, se propaga através de corrente elé-
trica. Nos seres vivos, essa corrente ocorre devido às mudanças 
nas cargas entre os íons presentes no meio aquoso das células.
A energia elétrica é a força capaz de gerar corrente elétrica 
(cargas elétricas em movimento), a qual, em seres vivos, é deri-
23
Figura 12. Artefato de estouro de eletrodo (pop), que se produz quando há diferença de impedância entre eles,ou seja, maior dificuldade na passagem das cargas 
elétricas na interface eletrólito-eletrodo.
24
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
vada de estruturas celulares que conduzem o fluxo iônico (por 
exemplo, a bomba de sódio-potássio-ATPase). Portanto, a cor-
rente se manifesta na aquisição do EEG como ondas elétricas.
As ondas têm algumas propriedades físicas específicas. Sua 
velocidade de propagação é determinada matematicamente 
pela frequência de onda multiplicada por sua duração. Por con-
seguinte, existe uma relação inversa entre a duração da onda e 
sua frequência para uma mesma velocidade de propagação12. 
Quanto maior a frequência, menor a duração da onda, e vice-
-versa. Isso é fundamental para o entendimento dos filtros, já 
que com eles vamos manipular a frequência das ondas e, conse-
quentemente, haverá alteração em sua duração (Figura 13).
v = f x λ ... f = v
 λ
v: velocidade de propagação da onda;
f: frequência da onda; λ: duração da onda.
Figura 13. Determinantes físicos da onda. Existe uma relação inversamente 
proporcional entre a frequência da onda e sua duração.
representam muito mais frequentemente atividades e/ou distor-
ções do ambiente, que não são de interesse do eletroencefalo-
grafista.
Atividade elétrica do cérebro inclui frequências entre 0,1 Hz 
e 30/35 Hz, que estão presentes nos quatro ritmos básicos13 
(Figura 14):
- Delta (0,1-3,5 Hz).
- Teta (4-<8HZ).
- Alfa (8-13 Hz).
- Beta (14-30 Hz).
Não há filtros que permitem somente a captação dessas 
frequências e, na prática, mesmo com a utilização dos filtros, 
ainda persistem frequências fora da faixa biológica11.
Existem três tipos de filtros no aparelho de EEG.
a) Filtro de alta frequência
O filtro de alta frequência compreende um circuito elétrico 
no qual a entrada é composta de uma resistência e a saída, de 
um capacitor. Portanto, as ondas de frequência alta são retidas 
pela resistência. O filtro de alta permite a passagem de ondas 
de baixa frequência (filtro de passa baixa)11 (Figura 15).
Ao eliminar as frequências altas, esse filtro pode ser muito útil 
na redução de artefatos musculares, por exemplo12 (Figura 16).
3.4.3. Filtros de EEG
Os filtros são parte do amplificador e importantes para per-
mitir que uma determinada faixa de frequências, com variação 
de 0,1 a 100 Hz, seja registrada no traçado eletroencefalográ-
fico rotineiramente. Os filtros removem as faixas extremas, que 
25
Figura 14. Ritmos fundamentais do EEG. Representação eletroencefalográfica das ondas quanto à frequência e à morfologia. Topografia, idades em que 
preferencialmente são encontrados (por exemplo, ritmo delta em crianças com menos de 1 ano, enquanto ritmo teta acima de 1 ano) e também o estado do ciclo 
vigília-sono em que esses ritmos estão presentes.
RITMOS 
FUNDAMENTAIS TRAÇADO DO EEG OBSERVAÇÃO
FRONTAL/CENTRAL
Beta
ß
14-30 Hz
Alfa
 α
8-13 Hz
Teta
Θ
4-<8HZ
Delta
Δ
0,1-<4Hz
Occipital
Vigília
Regiões posteriores 
Crianças > 1 ano 
Sonolência e sono leve
Crianças < 1 ano
Sono profundo
26
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 15. Esquema do filtro de alta frequência. Circuito resistência-capacitor 
que permite passar frequências baixas.
RESISTÊNCIA
CAPACITOR
DIREÇÃO DA 
CORRENTE 
ELÉTRICA
Esse filtro tende a manter cada derivação do EEG na posição 
adequada ao longo do traçado, sem desvios para cima ou para 
baixo, o que poderia causar sobreposição de derivações. É útil, 
por exemplo, quando há movimentos lentos do paciente e/ou 
artefatos de sudorese12 (Figura 18).
No entanto, quando é manejado incorretamente, pode levar 
à remoção de atividades de baixa frequência, que podem per-
tencer à atividade elétrica cerebral com perda de informações 
úteis do EEG12.
O registro das frequências lentas varia de acordo com a cons-
tante de tempo. Constante de tempo é o tempo necessário 
para que o capacitor se carregue em 63% da carga total gera-
da pela diferença de potencial aplicada ao circuito12. Quanto 
maior a constante de tempo, mais fielmente serão reproduzi-
das as frequências lentas.
c) Filtro de corrente 50-60 Hz (notch filter)
Este filtro é chamado de “filtro 50 ou 60 Hz”, dependendo do 
país de origem. Sua função é bloquear a frequência de corrente 
elétrica proveniente do ambiente externo, reduzindo os artefatos 
de corrente alternada ou artefatos de 50 ou 60 Hz11 (Figura 19).
Em condições ideais, esse filtro não deve ser utilizado, 
mas é útil em ambientes com outros dispositivos elétricos ca-
pazes de interferir no traçado, como em unidades de terapia 
intensiva11.
No entanto, se usado de forma inadequada, pode reduzir 
globalmente as frequências excessivamente altas, dando lugar a 
uma atenuação (aliasing) do traçado, em que os sinais de entrada 
se tornam indistinguíveis entre si. Com isso, podem-se perder as 
frequências agudizadas do registro, transformando um possível 
grafoelemento epileptiforme em outro não patológico. O filtro 
de alta frequência “arredonda” a atividade elétrica cerebral12.
b) Filtro de baixa frequência
O filtro de baixa frequência compreende um circuito elétrico 
em que a entrada é composta de um capacitor e a saída, de por 
uma resistência. As ondas de baixa frequência são retidas pelo 
capacitor. Portanto, o filtro de baixa frequência permite a passa-
gem das ondas de alta frequência (filtro de passa alta)11 (Figura 17).
27
Filtro de alta = 100 Hz Filtro de alta = 70 Hz Filtro de alta = 30 Hz Filtro de alta = 1 Hz
Figura 16. Alterações no traçado quando se modifica o filtro de alta. EEG de adulto em vigília, com o uso de frequências gradualmente mais baixas no filtro: 100 Hz 
(A); 70 Hz (B); 30 Hz (C); 1 Hz (D). Além da atenuação progressiva do traçado, observa-se redução das frequências. Ao final, com o uso do filtro de 1 Hz, o traçado se 
converte em uma linha quase reta (aliasing). 
28
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 17. Esquema do filtro de baixa frequência. Circuito capacitor-resistência 
que permite passar frequências altas.
CAPACITOR
RESISTÊNCIA
DIREÇÃO DA 
CORRENTE 
ELÉTRICA
4. Segurança elétrica
Embora o EEG seja um exame seguro, é necessário observar 
algumas regras para evitar ferimentos elétricos ao paciente ou 
ao técnico. 
O aparelho de EEG pode gerar correntes potencialmente 
prejudiciais por duas razões:
1- Falha de corrente elétrica ou curto-circuito.
2- Presença de corrente de fuga2,11.
4.1. Falha de corrente elétrica ou curto-circuito
A corrente elétrica pode causar danos quando os tecidos 
biológicos são utilizados como parte do circuito elétrico. Nesse 
caso, a pele deve estar em contato, seja com uma fonte elétri-
ca, seja com o solo. Desta forma, o corpo se comporta como 
um condutor, facilitando o fluxo da corrente de um ponto a 
outro do circuito elétrico. O perigo para a ocorrência de um 
ferimento elétrico é dependente da intensidade da corrente, e 
não somente de sua voltagem.
Recordando a Lei de Ohm, descobrimos que quanto mais 
baixa a resistência do corpo, maior será a intensidade da cor-
rente elétrica a passar por ele. Portanto, quando a resistência 
do corpo humano é mais baixa, como nos casos em que o 
paciente tem lesões na pele, cateteres invasivos ou implantes 
metálicos, além de outras condições comuns no ambiente hos-
pitalar, haverá mais probabilidade de ferimentos por corrente 
elétrica no paciente2,3.
O risco de lesão é dependente da intensidade elétrica da 
corrente10:
- de 300 µA a 1 mA - o paciente pode sentir a corrente.
- 1 mA a 5 mA - sensação de dor leve.
- 10 mA a 30 mA - é incapaz de se soltar da fonte.
- 40 mA - choque intenso ou paralisia muscular.
- 100 mA - dificuldade respiratória.
- acima de 100 mA - fibrilação ventricular.
- acima de 200 mA - queimaduras graves com carbonização.
29
Filtro de baixa = 5,3 s Filtro de baixa = 1,0 s Filtro de baixa= 0,1 s Filtro de baixa = 0,01 s
Figura 18. Alteraçõesno traçado quando se modifica o filtro de baixa. EEG de criança de 3 anos em sono. Observam-se um dos grafoelementos próprios do sono, a onda 
aguda do vértex (assinalada por um asterisco) e a presença de artefato de sudorese, que é responsável por ondas muito lentas e pela sobreposição entre derivações do 
traçado (A). O uso de frequências progressivamente mais baixas representadas em segundos com base na constante de tempo: 5,3 s (A); 1,0 s (B); 0,1 s (C); 0,01 s (D). O 
resultado é uma diminuição progressiva das ondas lentas e da sobreposição entre as derivações. Assim, é impossível (em D) a identificação da onda aguda do vértex 
antes identificada em A, B e C.
30
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
FREQUÊNCIAS
PONTO DE CORTE
100
100100
600
0 0
Figura 19. Esquema do filtro de corrente 50-60 Hz (notch filter), que reduz as 
frequências em torno do valor correspondente à voltagem que se encontra no 
circuito-padrão da corrente elétrica, a qual é variável ao redor de 50-60 Hz. Portanto, 
há uma diminuição (representada pela seta preta) das frequências que passam 
através do filtro de corrente quando estão próximas de 50-60 Hz, e os extremos de 
frequência, abaixo ou acima desses valores, não são afetados por esse filtro (as curvas 
voltam a crescer do centro para as extremidades do gráfico).
Para evitar que as correntes indevidamente geradas por um 
aparelho de EEG usem o corpo humano como um condutor, po-
de-se criar uma resistência mais baixa do que a da pele, a qual é 
chamada terra. Isto é feito por um terceiro pino presente na toma-
da, mais longo e mais grosso do que os demais, que é ligado a um 
fio colorido verde, que desce através da tubulação de metais da 
construção diretamente até o chão onde termina.
Além disso, o aparelho de EEG contém um fusível que der-
rete quando a corrente excede um valor crítico, que, em geral, 
varia entre 10 e 15 mA. No caso de um curto-circuito, o fusível, 
ao se derreter, interrompe o circuito, impedindo a passagem da 
corrente elétrica. No entanto, esse tipo de proteção não é instan-
tâneo. Por isso, é muito importante que o técnico se assegure de 
que o fio terra está sempre presente e intacto2,10.
4.2. Presença de corrente de fuga
A corrente de fuga é um campo eletromagnético produzido a 
partir da corrente formada pela união dos cabos dos aparelhos elé-
tricos. Esse fluxo de corrente intrínseca de qualquer aparelho elé-
trico é absorvido pelo fio terra (verde) com o objetivo de prevenir 
ferimentos elétricos. Por conseguinte, se o fio terra é defeituoso, a 
corrente de fuga pode causar danos ao técnico ou ao paciente3,10.
Deve-se notar que pacientes em hospitais frequentemente 
estão ligados a vários dispositivos elétricos, como monitores 
cardíacos, instrumentos relacionados ao uso prolongado de ca-
teteres, além de implantes eletrônicos. Em tais casos, se todos 
eles estiverem conectados ao mesmo fio terra (referência elétri-
ca), poder-se-á induzir a passagem de corrente elétrica através 
do circuito de menor resistência, o que pode ser potencialmen-
te prejudicial ao paciente, uma vez que a corrente gerada por 
um dispositivo poderia reconhecer e converter parte do corpo 
humano em parte do circuito elétrico, com risco de eletrocus-
31
são, queima de parte do equipamento ou obtenção de infor-
mação errônea (Figura 20). Para evitar isso, todos os aparelhos 
elétricos devem ser conectados a uma mesma tomada elétrica, 
na mesma parede e com um mesmo fio terra3,10.
4.3. Como fazer um exame seguro?
Regras recomendadas:
• Utilize sempre a saída de três pinos e nunca os trans-
forme em dois.
• Utilize sempre um único fio terra (o mesmo circuito elé-
trico na mesma parede ou região) para todos os dispo-
sitivos elétricos ligados ao paciente.
• Evite o uso de cabos de extensão nos aparelhos elétri-
cos, para não gerar corrente de fuga.
• Evite a conexão direta do paciente com o solo, princi-
palmente por meio de vias inadvertidas, como cateteres 
intracardíacos, os quais devem sempre ter material iso-
lante ao seu redor.
• Dado que os aparelhos de EEG não necessitam de co-
nexão com a terra para funcionar, a única maneira de se 
identificar uma possível falha de corrente no circuito é 
mediante verificações programadas ao sistema.
• Qualquer hospital ou clínica que possua aparelhos de 
EEG deve estabelecer um programa de segurança elétri-
ca, que inclua o controle do aterramento e a integrida-
de dos conectores, assim como a medição da corrente 
de fuga, tanto dos aparelhos de EEG como do ambiente, 
pelo menos duas vezes ao ano3,10.
32
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
PACIENTE
APARELHO DE EEG
PACIENTE – TERRA
FIO DE 
CORRENTE 
ELÉTRICA
ESCAPE DE 
CORRENTE 
ELÉTRICA
FIO DE 
CORRENTE 
ELÉTRICA
TOMADA 2TOMADA 1 TERRA
CIRCUITO ELÉTRICO
OUTRO EQUIPAMENTO 
ELÉTRICO NO 
AMBIENTE
Figura 20. Quando o cabo terra não está funcionando corretamente, o paciente pode inadvertidamente estar conectado ao ponto de fuga de corrente da máquina de 
EEG, com risco de lesões que vão de leves a graves.
33
Referências
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dagem prática. Rio de Janeiro: DiLivros, 2011. p. 149-74.
13. Kane N, Acharya J, Benickzy S, et al. A revised glossary of terms most 
commonly used by clinical electroencephalographers and updated proposal 
for the report format of the EEG findings. Revision 2017. Clin Neurophysiol 
Practice 2017;2: 170-85
35
Conceitos básicos de 
eletrogênese e revisão dos 
parâmetros técnicos
Daniel Nariño Gonzáles
Neiby Yohana Rivera Rojas
Capítulo 2
1. Introdução
Este capítulo visa descrever os pontos-chave da eletrogêne-
se, além dos parâmetros técnicos que devem ser sempre revisa-
dos antes de se iniciar o registro eletroencefalográfico.
2. Eletrogênese
Ao longo do tempo, a origem da atividade elétrica cerebral foi 
atribuída a três potenciais provenientes dos neurônios: 1. potenciais 
de membrana, os quais foram excluídos por não se propagarem 
pelo tecido neural, sendo mensurados apenas em nível local por 
um terminal de eletrodoextra e outro intraneuronal; 2. potenciais 
de ação, os quais têm duração de 1 ms, não se somam nem se 
propagam pelo meio externo; 3. muito provavelmente, a ativida-
de elétrica registrada advém da soma dos potenciais excitatórios 
pós-sinápticos (PEPS) e potenciais inibitórios pós-sinápticos (PIPS) 
os quais, ao despolarizarem e repolarizarem a membrana por 10-
20 mseg., promoveriam fluxos de correntes ao longo da extensão 
36
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
extracelular dos neurônios posicionados em colunas de direção ra-
dial, sendo um exemplo clássico a camada de células piramidais 
no neocórtex1.
Os PEPS e PIPS são pequenos potenciais de membrana que 
não chegam a produzir a resposta de ‘tudo ou nada’ na geração 
do potencial de ação, sendo, por esse motivo, chamados de 
potenciais neurotônicos. Ocorrem principalmente ao longo da 
árvore dendrítica. O EEG registra esses potenciais de múltiplos 
circuitos neuronais (também em diferentes profundidades, tan-
to em nível cortical quanto subcortical), que estão promovendo 
despolarizações e repolarizações de forma contínua, resultan-
do na formação de dipolos nas células nervosas (Figura 1).
Esses dipolos produzem diferentes sentidos dos vetores e 
morfologia de ondas, fazendo que um segundo de registro ele-
troencefalográfico nunca seja igual ao seguinte. Portanto, ao 
interpretar o registro eletroencefalográfico de rotina, deve-se 
ter em conta a profundidade da fonte geradora, o sentido e a 
morfologia das correntes em relação aos eletrodos colocados 
sobre o couro cabeludo2 (Figura 2).
3. Bases para o registro do eletroencefalograma
Como os eletrodos de registro do EEG são grandes e es-
tão longe dos geradores dos potenciais neuronais, detectarão a 
soma das atividades de um grande número de dipolos adjacen-
tes, dispostos no mesmo eixo.
Figura 1. Dipolos formados pelo fluxo de corrente das células piramidais do 
córtex cerebral. A. A ocorrência de um potencial excitatório pós-sináptico (PEPS) 
em camadas corticais profundas promove a despolarização do corpo neuronal, 
determinando a geração de um dipolo, cujo fluxo de corrente fluirá do polo 
positivo para o negativo, ou seja, dos dendritos apicais para o corpo do neurônio. 
B. Por outro lado, a chegada do mesmo PEPS à superfície cortical despolarizará 
a árvore dendrítica apical, também determinando a formação de um dipolo. No 
entanto, neste caso, a corrente será inversa e fluirá do corpo do neurônio em 
direção à superfície.
PEPS
PEPS
A possibilidade de registro de uma camada de dipolos cor-
ticais depende da disposição da camada de células neuronais 
em relação ao eletrodo posicionado no couro cabeludo, sendo 
determinado pelo ângulo formado entre o eletrodo captante e 
o gerador cortical, por meio do chamado teorema do ângulo 
sólido de Woodbury3 (Figura 3).
A. B.
37
Figura 2. A. Registro com eletrodos de superfície sobre o couro cabeludo de 
PEPS que ocorrem nas camadas profundas do córtex cerebral. B. Registro de 
PEPS que ocorrem nas camadas superficiais. Observe que a polaridade da 
variação do potencial detectada na superfície do crânio depende da camada 
cortical onde o PEPS foi gerado.
I
II-III
IV
V
VI
A. B.
De acordo com esse conceito, em um volume condutor uni-
forme, a magnitude da campo elétrico (E) a uma dada distância 
(r) de uma carga elétrica (Q) é inversamente proporcional ao 
quadrado da distância (r2), que é maior em comparação com a 
extensão do dipolo. Portanto, o registro sobre o couro cabeludo 
é uma função direta do ângulo sólido (ω), obtido naquele ponto 
da superfície do dipolo, e sua magnitude é inversamente pro-
porcional ao quadrado da distância (Figura 3).
Figura 3. Teorema do ângulo sólido de Woodbury3. Definição do ângulo sólido (ω), 
que é medido pela área de ω1, cujo centro está no vértice de ω.
E = Q/4πεr2
E = magnitude do dipolo medida por sua voltagem.
ε = capacidade indutiva do meio.
Isto implica que as voltagens vão diminuindo muito rapidamen-
te à medida que nos afastamos da fonte geradora. Ao se registrar a 
partir do couro cabeludo, sempre estaremos relativamente distantes 
do gerador. Por essa razão, os eletrodos do couro cabeludo só po-
dem reconhecer geradores relativamente grandes, localizados na 
convexidade do cérebro e responsáveis pela ativação síncrona de 
neurônios que cobrem uma área de pelo menos 6 cm2. Geradores 
38
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
localizados na superfície mesial e basal do cérebro e, mais ainda, 
geradores profundos posicionados em sulcos ou fissuras estarão 
mais longe dos eletrodos do couro cabeludo e, portanto, seus cam-
pos elétricos serão mais difíceis de serem detectados. Para resolver 
esses problemas, teremos que colocar eletrodos mais próximos aos 
geradores usando técnicas progressivamente mais invasivas, desde 
eletrodos semi-invasivos (como eletrodos esfenoidal e de forame 
oval) até eletrodos invasivos, como eletrodos epidurais, subdurais e 
profundos (Figuras 4 e 5).
4. Aspectos técnicos fundamentais
É sempre importante explicar ao paciente e seus acompa-
nhantes, durante a preparação e antes do início do exame, 
que a atividade elétrica cerebral será registrada desde o cére-
bro até o aparelho de EEG, esclarecendo que não existe ne-
nhum risco em relação a ele próprio que decorra do registro 
dessa eletricidade de origem biológica.
5. Preparação do paciente
Para ser possível mensurar a atividade elétrica do cérebro de 
forma adequada, ou seja, correntes neurais originadas da ação 
de PEPS e PIPS, de tamanho muito pequeno, da ordem de mi-
crovolts (µV.), é necessária uma considerável amplificação do 
sinal, ao contrário do que ocorre nas outras atividades de origem 
Figura 4. A. Em uma camada de dipolos perpendicular ao couro cabeludo, localizada 
em um giro cortical, um eletrodo posicionado sobre esse giro facilmente detectará 
as alterações, já que o ângulo sólido ω é relativamente grande. B. Diferentemente 
de A, a camada de dipolos está no interior do sulco e os eletrodos de superfície 
não detectarão o potencial, já que os ângulos sólidos ω1 e ω2 são relativamente 
pequenos. No entanto, um eletrodo profundo inserido nesse sulco permitirá a 
detecção do potencial, porque o ângulo ω3 será relativamente grande3.
Eletrodo
EletrodoEletrodo profundo
Camada de dipolos 
paralela à superfície do 
córtex.
Dipolos paralelos
Couro cabeludo
Osso
Dura-máter
Camada de dipolos 
perpendicular à superfície 
do córtex
Dipolos perpendiculares
(sobre os giros corticais).
B.
A.
39
A1
FP1 FP2
F4 F8
C4 T4
T6P4
O2
P3
O1
T5
F3F7
T3 C3
A2
Negativo
100% 90% 80% 70% 60% 50%
ω
Figura 5. Os eletrodos podem reconhecer somente os geradores localizados 
na convexidade cerebral, que consistam na ativação síncrona de uma área de 
neurônios de pelo menos 6 cm2.
biológica, como eletrocardiográfica ou eletromiográfica, em que 
o potencial é medido em milivolts (mV.).
Por ser assim um potencial tão pequeno, é imprescindível 
otimizar e facilitar ao máximo a condução dos potenciais até 
seu registro final pelo EEG. Por esse motivo, é necessário dimi-
nuir a impedância, definida como a resistência à passagem da 
corrente elétrica de um meio ao outro, e isso requer:
5.1 Ótima higienização do couro cabeludo. É essencial 
realizar higiene cuidadosa no ponto de contato do eletrodo 
com o couro cabeludo. Tal procedimento deve ser feito lim-
pando-se muito bem a oleosidade e as sujidades presentes no 
couro cabeludo, utilizando água e sabão, ou ainda substâncias 
específicas para essa finalidade, como pastas abrasivas (por 
exemplo, Nuprep®). O eletrodo deve ser aplicado diretamente 
sobre a pele, sem a interposição de fios de cabelo.
5.2. O uso de eletrodos apropriados. Para reduzir a impe-
dância, devem ser utilizados eletrodos feitos com materiais de 
alta condutância elétrica.
O melhor metal capaz de conduzir a atividade elétrica é o alu-
mínio, o qual, no entanto,é pouco utilizado, uma vez que não é 
muito maleável nem permite ser moldado em fios. Outros metais 
de alta condutância elétrica são a prata e o ouro. A prata é maleá-
vel, mas frequentemente produz reações alérgicas na pele e o sul-
fato adicionalmente colocado é rapidamente oxidado, diminuin-
do a condutância elétrica final. O ouro, por sua vez, é um bom 
condutor elétrico e altamente maleável, mas seu custo frequente-
mente limita seu uso. Outro material utilizado é o cobre, que tem 
uma condutância intermediária e é muito maleável. Atualmente, a 
maioria dos discos dos eletrodos é formada a partir de ligas de co-
bre com ouro ou prata. Os cabos são constituídos de fios de cobre, 
o que lhes confere alta resistência e mobilidade.
40
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
5.3 Aderência adequada do eletrodo na pele. Para aderir o 
eletrodo na pele de forma a reduzir a impedância é usada uma 
substância condutora (por exemplo, pasta condutora 10-20®) 
que ajuda na captação do sinal, ampliando-o discretamente e 
conduzindo-o do couro cabeludo para o eletrodo.
6. Facilitando a adequada captação dos sinais 
elétricos
- É necessário obter uma impedância inferior a 10 KOhms 
para registros de rotina e inferior a 5 a 10 KOhms no caso de 
registros de morte encefálica.
- Sugere-se sempre, anteriormente ao início do exame, a ve-
rificação da impedância, bem como após a realização das 
provas de ativação.
A média do sinal captado através dos eletrodos colocados 
em G1 e G2 é transmitida a um amplificador, que então emite 
outro sinal que corresponde à diferença de potencial entre os 
dois sinais recebidos. Esse amplificador pode ser encontrado 
no cabeçote (jackbox) ou estar a distância, no dispositivo que 
permite a entrada do sinal no computador (modem). Esse si-
nal abarca não apenas a atividade do cérebro, a qual, como 
mencionado anteriormente, é muito pequena, mas também 
é influenciado por outros componentes ao redor, como osso, 
gordura, músculo e pele, que também possuem seus próprios 
sinais elétricos, os quais são maiores (em milivolts). Por isso, 
para que o registro da atividade elétrica cerebral seja adequa-
do, é fundamental o uso de filtros para o correto processamen-
to de todos esses sinais captados (de origem cerebral ou não).
7. Uso de filtros
Existem três tipos de filtros:
a) Filtro de alta. No EEG de rotina, ou padrão, este filtro é gra-
duado em 70 Hz. Isso significa que os sinais com frequência maior 
que 70 Hz vão ter sua amplitude atenuada. Quanto mais rápida é 
a frequência, maior a sua atenuação. Já nos sinais com frequências 
menores que 70 Hz, sua amplitude original será mantida. Seu uso 
mais comum é para remover artefatos de origem muscular.
b) Filtro de baixa. Atua da mesma maneira que o anterior, mas 
de modo oposto, reduzindo a amplitude das ondas nas frequências 
abaixo daquela escolhida como ponto de corte deste filtro. No EEG 
de rotina, ou padrão, este filtro gradua-se em 1 Hz, nas crianças e 
nos adultos. Em recém-nascidos, é graduado em 0,5 Hz (ver Capí-
tulo 6). Seu uso mais comum é para remover artefatos de sudorese.
c) Filtro de corrente 50-60Hz (notch filter). É usado para ate-
nuar sinais produzidos pela rede elétrica de alimentação em que 
o computador está conectado. Na maioria dos países da América 
este filtro é de 60 Hz, no entanto em países da Europa, o filtro é de 
50 Hz4. Seu uso mais comum é para remover artefatos de corrente 
elétrica (do tipo alternada) proveniente das edificações.
41
O sinal captado, amplificado e filtrado, é então transmi-
tido para o computador através de um modem (dispositivo 
para transmissão de dados, com entrada e saída, ou seja, 
modulador-desmodulador), já que o sinal recebido é ana-
lógico. Para que o computador possa interpretar a ativida-
de elétrica captada, esse sinal deve ser então transformado 
pelo modem em um sinal digital, ou seja, 010101.
O amplificador recebe dois sinais elétricos diferentes e é 
associado aos filtros que os modulam, sendo transmitidos à 
entrada do modem, resultando, individualmente, em um canal 
(Figura 6). A soma dos canais em um computador, que pode 
ser de 16, 32, 64, 128 ou mais, constitui a unidade básica do 
aparelho de EEG (Figura 6).
Quando nomeamos os sinais recebidos de acordo com a 
posição dos dois eletrodos de escalpo que os capturam, por 
exemplo, Fp1-F3, e os registramos, temos uma derivação. A 
soma das derivações, de acordo com uma ordem pré-definida, 
constitui as montagens.
Esse sinal binário ou digital pode voltar a ser amplificado 
em alguns equipamentos para ser armazenado no disco rígi-
do do computador e para análise ulterior pelo eletroencefalo-
grafista. Também pode ser convertido novamente em um sinal 
analógico para ser enviado ao monitor de vídeo, à impressora 
ou a um dispositivo de armazenamento de exame, como CD, 
DVD, pen drive etc. Nos equipamentos analógicos antigos, não 
Figura 6. Representação esquemática de um canal eletroencefalográfico. O 
sinal elétrico cerebral associado a sinais de outros tecidos e forças estáticas é 
captado pelos eletrodos G1 e G2 e amplificado com um sinal de saída igual à 
diferença de potencial dos dois sinais recebidos. Em seguida é modulado por 
filtros e recebido pelo computador via modem, para, em seguida, ser visto e 
analisado diretamente pelo monitor do computador e ser armazenado no disco 
rígido do computador ou em outros meios digitais, ou registrado em papel pela 
impressora. FAF: filtro de alta frequência; FBF: filtro de baixa frequência; FN: filtro 
notch; Modem: modulador-desmodulador; 010101: sinal digital; PC: computador.
G1
G2
Amplificador
010101
PC
Vídeo
Modem
FAF FBF FN
era possível alterar o sinal após seu registro inicial; este era 
levado para um osciloscópio ligado a uma pena-tinteiro que 
desenhava o traçado em um rolo de papel.
8. Velocidade de registro do EEG
A velocidade para a leitura do EEG preconizada nos Estados 
Unidos e na América Latina é de 30 mm/s e na Europa, 15 mm/s.
Revisão dos filtros antes de se iniciar o registro:
- Filtro de alta: 70 Hz.
- Filtro de baixa: crianças e adultos: 0,5 ou 1 Hz; recém-nas-
cidos: 0,5 Hz.
Impressora
Meios de 
armazenamento
42
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
- Filtro de corrente elétrica de 50-60 Hz: desligado, com 
exceção de ambientes com outros equipamentos elétricos 
ao redor (por exemplo, UTI).
- Velocidade de registro correta nas Américas: 30mm/s, ou 
10 segundos por página.
Referências
1. Speckmann EJ, Elger CF, Altrup U. Neurophysiologic basis of the electroen-
cephalogram. In: Willey E (ed.). Treatment of epilepsy, principles and prac-
tice. 5. ed. Filadélfia: Lippincott Williams & Wilkins, 2011. p. 60-72.
2. Mayor LC, Burneo J, Ochoa G. Manual de electroencefalografía. Handbook 
of electroencephalography (edición académica y compilación). 1. ed. Bo-
gotá: Ediciones Uniandes, 2013. p. 53-75.
3. Morris III HH, Luders H. Electrodes. In: Gotman J, Ives JR, Gloor P. Long-
term monitoring in epilepsy (EEG suppl. n. 37). Filadélfia: Elsevier, 1985. p. 
3-25.
4. Ebersole JS, Husain AM, Nordli DR. Current practice of clinical electroen-
cephalography. 4. ed. Filadélfia: Wolters Kluwer Health, 2014. p. 78-90.
43
Diretrizes gerais 
para a realização do 
eletroencefalograma
Capítulo 3
1. Preparação do paciente 
A falta de preparação adequada para realização do EEG pode 
inviabilizar o exame. Um exemplo dessa inadequação ocorre quan-
do o paciente não realiza a limpeza do couro cabeludo, faz uso de 
substâncias oleosas ou tinge o cabelo em data próxima à realização 
do exame. Na prática, devem ser entregues as seguintes recomen-
dações por escrito no momento do agendamento do exame1,2:
- Explicar ao paciente as etapas do exame e ressaltar que a 
sua cooperação é essencial para um bom resultado. 
- Lavar o couro cabeludo com xampu, de preferência neutro, 
um dia antes do exame, sem usar condicionador ou qualquer 
outro produto.- O cabelo deve estar seco no momento do exame. 
- Privar-se de sono na noite anterior. A sonolência e o sono 
funcionam como métodos de ativação natural. Exceto os 
exames cujos pedidos médicos contraindicam a privação 
de sono, esta é realizada de rotina.
Ana Carolina Zetehaku
Paula Natale Girotto
Ana Carolina Dias Gomes
Nathália Stela V. de Figueiredo
Elza Márcia T. Yacubian
44
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
- Fazer uma refeição leve antes do exame para evitar hipogli-
cemia, pois essa condição pode alterar o traçado e lhe causar 
desconforto.
- No dia do exame, o paciente deve vestir roupas confortá-
veis para se sentir relaxado durante a sua realização. 
- Sugerir que o paciente traga xampu e toalha (caso não sejam 
fornecidos pela instituição) para uso pessoal após o exame, a 
fim de remover vestígios de pasta condutora do couro cabeludo.
- No caso do uso de medicações, o paciente não se deve in-
terrompê-las para o exame, ao contrário do que comumente 
se pensa.
1.1. Situação especial para a aquisição: sedação do 
paciente
Deve-se preferir sono espontâneo à sedação. No entanto, 
algumas vezes não é possível fazer um bom registro sem a uti-
lização de medicamentos para esse propósito. As principais 
razões para tentar evitar sedação são os efeitos adversos para 
o paciente, o risco de interferência no traçado com a elimina-
ção de grafoelementos patológicos e o eventual alentecimento 
da atividade de base e/ou excesso de ritmos rápidos. Sedação 
é utilizada principalmente em lactentes e pessoas com atraso 
cognitivo que não cooperam ou possam ficar agitadas durante 
o exame e após duas tentativas de realização do exame sem 
sucesso, apesar da privação de sono adequada. Uma alterna-
tiva satisfatória para evitar a sedação em lactentes e crianças é 
realizar o registro do EEG no colo da mãe.
O sedativo deve ser prescrito apenas por médicos. A medicação 
mais utilizada é o hidrato de cloral por interferir menos no traçado, 
ter uma meia-vida curta e uma dosagem fácil e conveniente. A dose 
recomendada é de 30 mg/kg/dose, por via oral ou retal. Após o pro-
cedimento, com o paciente em vigília, deve-se estimular a ingestão 
de água para uma melhor eliminação do fármaco. 
Antes da sua administração, deve-se reportar aos responsáveis 
do paciente seus efeitos adversos mais frequentes, como sonolên-
cia excessiva e instabilidade na marcha. Náuseas e/ou vômitos 
são menos frequentes e dependentes da dose, além disso, muito 
raramente, podem ocorrer broncospasmo, erupções cutâneas, 
bradicardia, hipotensão, hipotermia e parada cardíaca.
Outra alternativa cada vez mais utilizada, devido à sua boa tole-
rabilidade e aos poucos efeitos adversos, é a melatonina, em doses 
de 3 a 6 mg, administrados por via oral 30 minutos antes do exame3. 
Em pacientes pouco colaborativos, a combinação de hidrato 
de cloral e melatonina pode representar uma alternativa segura.
Em razão da proibição da comercialização do hidrato de cloral 
e da inexistência de melatonina no mercado brasileiro, a hidroxi-
zina, um antagonista farmacológico do receptor H1 da histamina 
com ação depressora do sistema nervoso central, tem sido utiliza-
da neste país com o objetivo de sedação na dose de 1 a 2 mg/kg.
45
A sedação deve ser sempre acompanhada de privação do 
sono para garantir a sua eficácia.
Os pacientes que necessitam de medicação parenteral, 
como aqueles com doenças psiquiátricas ou comprometimen-
to cognitivo, poderão receber uma dose de midazolam de 0,1 a 
0,3 mg/kg (até 10 mg) por via intramuscular. Esse medicamento 
pode causar maior sedação, assim como confusão, alucina-
ções, agressividade, depressão respiratória e até mesmo parada 
cardiorrespiratória de forma dose-dependente. O seu uso é res-
trito a serviços hospitalares. 
Recomenda-se que o serviço tenha suporte com os mate-
riais necessários para as possíveis reações adversas e para o 
manejo de crises prolongadas. Os materiais fundamentais são 
cateter de O2, cateter de sucção, ressuscitador manual e más-
cara, estetoscópio, esfigmomanômetro, material para punção 
venosa, medicamentos básicos, como antieméticos, analgé-
sicos, glicose, soro fisiológico, além dos principais antídotos 
(principalmente para benzodiazepínicos), adrenalina, mate-
riais antialérgico e para intubação1.
Para a privação de sono, recomenda-se:
- < 1 ano: sem privação de sono; preferir o horário pós-pran-
dial para realizar o exame.
- 1 a 5 anos: despertar 2 horas antes na manhã do exame e 
sugerir realização do exame no período pós-prandial.
- 6 a 15 anos: dormir 50% das horas que habitualmente 
se dorme, privilegiando a privação de sono da manhã. Por 
exemplo, caso o paciente durma 8 horas, será permitido dor-
mir das 24 horas às 4 horas.
- 15 anos: privação total de sono. Realizar o registro no pe-
ríodo da manhã. 
- Sempre insistir para que o paciente não durma no trajeto ao 
laboratório antes da realização do exame.
2. Posicionamento dos eletrodos
O posicionamento dos eletrodos no couro cabeludo requer a 
medição cuidadosa do crânio. Para esse fim, são utilizadas uma 
fita métrica com divisão em milímetros e uma caneta marcadora 
com a qual se marcará o posicionamento dos eletrodos. Muitas 
vezes é necessário usar prendedores para a separação do cabelo, 
para facilitar a marcação e a colocação dos eletrodos4 (Figura 1).
No caso de registros prolongados, o melhor é usar gel condutor 
e colódio elástico no lugar da pasta condutora (Figura 2). Embora 
o tempo de aplicação seja maior, assegura a fixação dos eletrodos, 
permitindo a movimentação e a manipulação do paciente.
2.1. Sistema internacional 10-20 
Em 1958, a Comissão da Federação Internacional da So-
ciedade de Eletroencefalografia e Neurofisiologia Clínica re-
46
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
A. B.
D.C.
E. F. G.
comendou um sistema único para a colocação dos eletrodos 
para a obtenção do EEG, conhecido como sistema interna-
cional 10-205. Seu objetivo é a uniformização da forma de 
obtenção dos registros em diferentes laboratórios. Outra van-
tagem desse sistema é o posicionamento de forma proporcio-
nal, não fixa, a partir dos pontos de referência do crânio. O 
uso de medidas minimiza os erros de interpretação por má 
colocação dos eletrodos e o fato de que as medidas não são 
fixas permite seu uso em perímetros cefálicos de diferentes 
tamanhos. 
É chamado de sistema 10-20 porque todos os eletrodos são 
colocados a distâncias compreendidas entre 10% e 20% das re-
ferências utilizadas no crânio. A posição de cada eletrodo sobre 
o couro cabeludo é designada por uma letra e por um número 
estabelecido. As letras correspondem aos nomes dos lobos cere-
brais subjacentes, com exceção da região central, que representa 
a área nas proximidades do sulco central (ponto anatômico cen-
tral no crânio), e da região frontopolar, que se refere à porção 
anterior do lobo frontal. Portanto, Fp é frontopolar, F, frontal, C, 
central, P, parietal, T, temporal e O, occipital. 
Quanto aos números, os pares correspondem ao hemisfério 
direito e os ímpares, ao esquerdo, aumentando sua numeração 
nas direções anteroposterior e médio-lateral.
Casos especiais são os dos eletrodos da linha média que 
não são representados por números, mas apenas por letras. 
A. B. C. D.
Figura 1. Colocação dos eletrodos. A, B, C. No EEG de rotina, seja em laboratório 
ou em ambiente hospitalar, colocação da pasta condutora entre o eletrodo e o 
couro cabeludo. São necessários os seguintes materiais: pente, acessórios para 
separação de cabelos, fita métrica, canetas marcadoras, álcool, gaze ou tecido 
TNT (tecido não tecido) ou fita adesiva e um objeto ligeiramente abrasivo. D. 
Depois de estabelecer as medidas, deve-se separar os cabelos previamente 
limpos e secos, para evitar interfaces entre o eletrodo e o couro cabeludo.
Figura 2. A, B, C. Colocação de eletrodos com colódio para registros prolongados. 
Inicialmente, aplica-secolódio na musselina ou gaze de aproximadamente 2 cm2 
para fixar o eletrodo sobre o couro cabeludo. D, E, F, G. Seca-se o colódio com 
ar comprimido e, através do orifício do eletrodo, introduz-se o gel condutor, de 
forma intermitente, com agulha de ponta romba. Para remover os eletrodos, 
utiliza-se acetona.
47
A primeira letra corresponde à região do cérebro subjacen-
te e a segunda é z, que é a letra inicial do número zero e 
marca a localização central. Não se usa o número “0” (zero) 
nesses casos para evitar confusão com a letra O, que se refe-
re ao lobo occipital. O sistema internacional 10-20 contém 
21 eletrodos, incluindo 19 no couro cabeludo e dois nas 
regiões auriculares, os quais recebem a denominação de 
A5 (Figura 3). Assim, temos os seguintes eletrodos com sua 
respectiva denominação:
Figura 3. O sistema internacional 10-20 de posicionamento de eletrodos.
ESQUERDOS DIREITOS
Fp1- frontopolar esquerdo Fp2- frontopolar direito
F3- frontal esquerdo F4- frontal direito
F7- temporal anterior esquerdo F8- temporal anterior direito
T3- temporal médio esquerdo T4- temporal médio direito
C3- central esquerdo C4- central direito
P3- parietal esquerdo P4- parietal direito
T5- temporal posterior esquerdo T6- temporal posterior direito
O1- occipital esquerdo O2- occipital direito
ELETRODOS DA LINHA MÉDIA
Fz- frontal médio Cz- central médio
Pz- parietal médio
ELETRODOS AURICULARES
A1- auricular esquerdo A2- auricular direito
48
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
2.2. Métodos de medida para posicionameto de 
eletrodos no sistema internacional 10-20
É a sistematização de como medir o crânio e, em seguida, 
prosseguir com a colocação dos eletrodos no couro cabeludo, 
com base no sistema internacional 10-206,7.
2.2.1. Pontos de referência
Primeiramente, deve-se localizar os pontos de referência, consi-
derados pontos-chave na mensuração do crânio8 (Figura 4).
- Násio: ponto de união do nariz com a testa, 
representado por uma depressão.
- Ínio: é a elevação do osso occipital na linha média, 
na porção posterior do crânio. 
- Pontos pré-auriculares: são representados por uma 
depressão anterior e superior ao trago (proeminência 
anterior do pavilhão auricular) na raiz do osso 
zigomático.
Deve-se iniciar a marcação do crânio obedecendo às se-
guintes medidas4,5,8,9:
A.
B.
Figura 4. Pontos de referência no crânio. A. Násio e ínio. B. Pontos pré-auriculares.
49
2.2.2. Medida anteroposterior (plano sagital)
Identificam-se os pontos do násio e ínio e mede-se a distân-
cia entre eles no plano sagital (Figura 5).
- O primeiro eletrodo que será localizado é o fronto-polar 
(Fpz), a uma distância de 10% da medida anteroposterior 
atrás do násio. Esse ponto não pertence ao sistema 
internacional 10-20, mas é comumente usado para colocar 
o eletrodo terra, por isso é importante determiná-lo.
 - O segundo eletrodo, frontal (Fz), está a 20% da distância 
anteroposterior atrás de Fpz. 
- Assim, sucessivamente, são posicionados os eletrodos 
central (Cz) e parietal (Pz) a 20% da distância anteroposterior 
atrás daquele que o precede. 
- O último eletrodo, occipital (Oz), encontra-se a 10% da 
distância anteroposterior em frente ao ínio. 
- Cz deve corresponder a 50% da distância entre o násio e 
o ínio.
Figura 5. Medida anteroposterior (plano sagital). 
Posicionamento dos eletrodos Fpz, Fz, Cz, Pz e Oz, de 
acordo com os pontos de referência, násio e ínio.
50
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
2.2.3. Medida transversal laterolateral (plano coronal)
 Inicia-se a marcação dos pontos pré-auriculares e mede-se 
a distância entre eles no plano transversal (Figura 6).
- Mede-se a distância entre os dois pontos pré-auriculares, pas-
sando pelo vértex como ponto central - que já está estabelecido 
como eletrodo Cz. Estimam-se 10% e 20% da distância latero-
lateral.
- Os eletrodos temporais médios (T3-T4) em ambos os lados, 
esquerdo e direito, respectivamente, estão a 10% da distância 
laterolateral dos pontos de referência pré-auriculares.
- A 20% da distância laterolateral, a partir de pontos temporais 
em direção ao vértex, estão os eletrodos centrais (C). Portanto, 
o eletrodo à direita depois de T4 é C4, enquanto à esquerda, 
seguindo T3, está o C3.
- A 20% da distância laterolateral, a partir dos pontos centrais (C) 
direito e/ou esquerdo, em direção ao vértex, está o eletrodo Cz, 
previamente posicionado. 
- Note que Cz também está a 50% da distância entre os pontos 
pré-auriculares de referência.
Figura 6. Medida transversal ou laterolateral 
(plano coronal) de T4, T3, C4 e C3, de acordo 
com os pontos de referência pré-auriculares.
51
2.2.4. Medida circunferencial
Mede-se a distância entre os eletrodos Fpz e Oz, passando 
pelos eletrodos temporais T3 e T4, já posicionados. Calculam-se 
10% e 20% da distância circunferencial (Figura 7).
- A 10% da distância circunferencial à esquerda e posterior 
ao eletrodo Fpz está o eletrodo Fp1.
- A 20% da distância circunferencial à esquerda e posterior 
ao eletrodo Fp1 está o eletrodo F7.
- A 20% da distância circunferencial à esquerda e posterior 
ao eletrodo F7 está o eletrodo T3, previamente marcado.
- A 20% da distância circunferencial à esquerda e posterior 
ao eletrodo T3 está o eletrodo T5.
- O eletrodo O1 está a 10% à frente de Oz. 
Em áreas homólogas serão posicionados os eletrodos do he-
misfério direito.
Figura 7. Medida circunferencial partindo 
do eletrodo Fpz até Oz. Posicionamento dos 
eletrodos Fp1, F7, T3, T5 e O1 à esquerda.
52
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
2.2.5. Medida parassagital
- Para marcar os eletrodos restantes (F3, F4, P3 e P4), 
utiliza-se a regra do eletrodo médio: F3 é o eletrodo 
médio entre Fp1 e C3 e, de maneira homóloga, F4 é o 
eletrodo médio entre Fp2 e C4 (Figura 8).
- Por último, P3 é o ponto médio entre C3 e O1, en-
quanto P4 é o ponto médio entre C4 e O2 (Figura 9).
2.3. Alguns detalhes especiais sobre o sistema 
internacional 10-20
- Os eletrodos auriculares (A1 e A2), situados nos 
lóbulos das orelhas esquerda e direita, respectivamen-
te, estão presentes na definição inicial do sistema 10-20 
e são amplamente utilizados como referência5. Porém, 
na prática, também se utiliza comumente a localização 
desses eletrodos na região mastóidea para o mesmo pro-
pósito.
- Os eletrodos cerebelares (Cbr1 e Cbr2) e faríngeos 
(Pg1 e Pg2), também descritos originalmente no sistema 
internacional 10-20, atualmente são pouco utilizados.
- Embora os eletrodos Fpz e Oz sirvam como marcos 
de posicionamento no sistema internacional 10-20, não 
fazem parte dele. São eletrodos adicionais ou extras5.
Figura 8. Posicionamento dos eletrodos homólogos F3 e F4 na linha parassagital.
Figura 9. Posicionamento dos eletrodos P3 e P4 na linha parassagital.
53
A posição final dos eletrodos do sistema internacional 10-
20 pode ser verificada na figura 10.
2.4. Eletrodos adicionais
Na prática clínica, pode-se adicionar eletrodos para estudar 
mais especificamente as diferentes regiões do córtex cerebral, 
embora não façam parte do sistema internacional 10-20 origi-
nal. Esses eletrodos não são utilizados de forma rotineira.
2.4.1. Eletrodos temporais anteriores verdadeiros
Embora usualmente os eletrodos F7 e F8 sejam denominados 
temporais anteriores, foram originalmente chamados por Jasper4 
de “frontais inferiores”, já que não se encontram nos lobos tem-
Figura 10. Eletrodos posicionados segundo o sistema internacional 10-20, com 
presença de um eletrodo de aterramento- eletrodo terra (seta). A. Projeção 
anteroposterior. B. Projeção lateral.
A.
B.
porais, e sim no giro frontal inferior. Os eletrodos temporais ante-
riores verdadeiros (denominados T1 e T2 ou FT9 e FT10, esses úl-
timos definidos no sistema internacional 10-10 descrito a seguir), 
são importantes para o registro da atividade gerada pela porção 
anterior e mesial do lóbulotemporal. Situa-se 1 centímetro acima 
do ponto que separa os dois terços anteriores do terço posterior da 
linha traçada entre o ângulo externo do olho até o meato acústico 
externo ipsilateral. São utilizados para o estudo da epilepsia do 
lobo temporal10,11 (Figura 11).
2.4.2. Eletrodos basais
Há vários tipos de eletrodos basais que se situam próximo 
da base do crânio:
a) Eletrodo zigomático: é um eletrodo cutâneo que também 
tem importância na avaliação da atividade epileptiforme da re-
gião temporal. Seu posicionamento é realizado próximo ao ân-
gulo da mandíbula, acima do arco zigomático, sobre a incisura 
mandibular11 (Figura 12).
b) Eletrodo esfenoidal: para a colocação desse eletrodo semi-
-invasivo, utiliza-se uma agulha com fios de metal no seu interior, 
sendo o conjunto inserido perpendicularmente a 2,5 cm à frente 
do trago da orelha e a 2 mm abaixo do arco zigomático, na altura 
do ângulo da mandíbula a uma profundidade de 5 cm. Depois da 
inserção, retira-se a agulha, deixando o fio de metal implantado, 
o qual ficará localizado na superfície lateroinferior do lobo tem-
54
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 13. Posição anatômica do eletrodo esfenoidal. O eletrodo esfenoidal é 
utilizado na situação particular da avaliação dos pacientes com epilepsia do lobo 
temporal. É inserido debaixo do arco zigomático, guiado por uma agulha. 
T1
Meato acústico 
externoAB
Canto externo 
do olho 
Arco 
zigomático
Eletrodo 
zigomático 
90º
Abaixo da borda 
inferior do arco 
zigomático. 
Profundidade: 5 cm
2 mm
2,5 cm
T1
Meato acústico 
externoAB
Canto externo 
do olho 
Arco 
zigomático
Eletrodo 
zigomático 
90º
Abaixo da borda 
inferior do arco 
zigomático. 
Profundidade: 5 cm
2 mm
2,5 cm
Figura 11. Eletrodos temporais verdadeiros (T1 ou FT9 e T2 ou FT10). 
Figura 12. Posicionamento do eletrodo zigomático colocado sobre a pele, acima 
do arco zigomático, próximo ao ângulo da mandíbula. É utilizado no estudo da 
região temporal anterobasal.
90º
Abaixo da borda 
inferior do arco 
zigomático. 
Profundidade: 5 cm
2 mm
2,5 cm
poral, próximo ao forame oval. Deve ser conectado por um “pas-
sador” na entrada do painel de eletrodos. Sua indicação é para os 
casos de monitorização por períodos prolongados em pacientes 
com suspeita de epilepsia do lobo temporal e em avaliação pré-
-cirúrgica. Apresenta menos artefatos que os eletrodos basais, por 
ser um eletrodo com menos mobilidade11 (Figura 13).
c) Eletrodo nasofaríngeo: consiste em um fio longo com uma 
pequena esfera de metal na extremidade, que se posiciona através 
de uma narina até chegar ao ponto de contato com a nasofaringe, 
onde será alojado. Essa localização está próxima a parte anterior 
e mesial do lobo temporal. Como não há fixação do eletrodo, 
movimentos de respiração e de deglutição tornam difícil a inter-
55
pretação do traçado devido à presença de artefatos12. Além disso, 
a sua localização o torna um eletrodo mal tolerado.
d) Eletrodo timpânico: consiste em um fio de metal com 
uma esfera na extremidade. É inserido através do conduto au-
ditivo externo para ser alojado próximo da membrana timpâni-
ca, de tal forma que se aproxime a superfície inferior do lobo 
temporal. Pode-se utilizar em conjunto com o eletrodo nasofa-
ríngeo para obter uma avaliação detalhada do lobo temporal, 
uma vez que está mais relacionado com a captura da atividade 
elétrica do cérebro da região lateral do lobo temporal12.
e) Eletrodo etmoidal: como o eletrodo esfenoidal, é um con-
junto de agulha com um fio de metal, que o médico insere 
através do septo nasal para perfurar a lâmina crivosa do osso 
etmoidal. Em seguida, a agulha é removida, deixando o fio um 
pouco acima da base do osso frontal. Sua função é permitir a 
avaliação do lobo frontal anterior e mesial inferior. Uma di-
ficuldade importante é a inserção da agulha, já que existe o 
risco de sangramento, e, por isso, é indicado o uso de fármacos 
vasoconstritores durante o procedimento11.
Os eletrodos nasofaríngeo, timpânico e etmoidal são utili-
zados excepcionalmente12.
2.5. Sistema internacional 10-10
Para o estudo mais detalhado da atividade elétrica cerebral, 
a Sociedade Americana de Eletroencefalografia7 propôs o siste-
ma internacional 10-10 que inclui mais eletrodos, reduzindo 
o intervalo entre os pontos obtidos no sistema 10-20 no couro 
cabeludo, de tal forma que a distância entre os eletrodos é de 
apenas 10% entre eles (Figura 14).
Figura 14. Sistema 10-10 para a colocação de eletrodos proposto pela Sociedade 
Americana de Eletroencefalografia7. No total, são 75 eletrodos, 11 dispostos na 
linha média do plano sagital e 13, no plano coronal na linha auricular, passando 
por Cz. Os eletrodos estão dispostos em fileiras, 4 anteriores e 4 posteriores ao 
plano coronal.
Portanto, apresenta mais linhas sagitais e coronais que as 
do sistema 10-20, chamadas linhas intermediárias, nas quais 
se posicionam novos eletrodos. Para a sua denominação, utili-
za-se também um sistema de nomenclatura alfanumérico me-
diante a combinação de letras e números.
56
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Nas linhas sagitais, haverá sempre o mesmo número em cada 
linha. As linhas procedem em ordem numérica ascendente de 
medial a lateral (à esquerda, 1-11; à direita, 2-12). Já nas linhas 
coronais, sempre haverá as mesmas letras que designam a região 
cerebral correspondente a esse eletrodo. A seguir, observe as li-
nhas coronais intermediárias com a sua nomenclatura.
Linhas coronais intermediárias
- Primeira linha: frontal anterior (AF).
- Segunda linha: frontotemporal (FT) e frontocentral (FC).
- Terceira linha: temporoparietal (TP) e centroparietal (CP).
- Quarta linha (final): parieto-occipital (PO).
Quando se utiliza o sistema internacional 10-10, há uma 
ligeira modificação na nomenclatura de alguns eletrodos origi-
nalmente presentes no sistema 10-206,7.
- Os eletrodos T3 e T4 serão renomeados como T7 e T8, res-
pectivamente.
- Os eletrodos T5 e T6, por sua vez, como P7 e P8.
- A letra “P” representa o lobo parietal quando é seguida dos 
números 1 a 6; porém, se é superior ou igual a 7, correspon-
derá ao lobo temporal.
- Também é aceitável o uso da nomenclatura original de T3 
e T4, T5 e T6 do sistema internacional 10-20 devido ao uso 
habitual dela.
3. Conceito de polaridade
O traçado do EEG é uma representação gráfica da diferen-
ça entre dois eletrodos ao longo de um determinado período 
de tempo. Esses eletrodos denominam-se G1 e G2. Por con-
venção, toda atividade acima da linha de base tem polaridade 
negativa, enquanto aquela abaixo dessa linha apresenta polari-
dade positiva13 (Figura 15).
Figura 15. A. Polaridade negativa (para cima); B. Polaridade positiva (para baixo).
A.
B.
A figura 16 explica a representação eletroencefalográfica 
dos campos elétricos segundo a carga dos eletrodos (G1 e G2).
A ocorrência de atividade elétrica anormal do cérebro 
conduz à formação de um campo eletromagnético pela tro-
57
ca da polaridade das cargas elétricas dos neurônios, for-
mando um ponto de máxima eletronegatividade, com pro-
gressiva redução da carga total na região ao redor deste, 
chamado de campos de isopotencial ou equipotencial e sua 
resultante, mapas de isopotencial ou mapas de equipoten-
cial14,15 (Figura 17A).
Na maioria dos casos, a atividade elétrica cerebral anormal 
tem polaridade negativa, que, no traçado do EEG, se apresenta, 
de acordo com a convenção internacional, com uma deflexão 
negativa, isto é, com um grafoelemento para cima, enquan-
to a polaridade positiva está representada com uma deflexão 
positiva (para baixo). A razão pela qual a maioria da atividade 
elétrica anormal do cérebro se apresenta com uma deflexão 
negativa é que a soma dos potenciais excitatórios pós-sináp-
ticos (PEPS) e potenciais inibitórios pós-sinápticos (PIPS) tem, 
mais comumente, um resultado negativo14.
3.1. Entendendo o conceito de polaridadenas 
montagens bipolares
Nas montagens bipolares, que consistem na medida da di-
ferença de potencial entre os eletrodos colocados nas entradas 
G1 e G2 do painel de eletrodos, o ponto de máxima eletro-
negatividade tende a ser reconhecido graficamente no traça-
do como o ponto de encontro entre uma deflexão negativa ou 
positiva, que se denomina reversão de fase7,16,17 (Figura 17 B).
Do mesmo modo, quando temos grafoelementos com vol-
tagens muito similares em dois eletrodos consecutivos, estes 
tendem a se cancelar mutuamente pela intervenção da rejeição 
comum dos amplificadores do aparelho de EEG (Figura 18). 
Este é o princípio do cancelamento, muito importante para a 
interpretação do traçado na montagem bipolar, a qual é parti-
cularmente suscetível a sua presença7,16,17.
Nas montagens transversas bipolares, a interpretação dos 
grafoelementos é similar à das montagens longitudinais bipo-
lares (Figura 19).
3.2. Entendendo o conceito de polaridade nas 
montagens referenciais
Nas montagens referenciais, a atividade de cada eletrodo 
será comparada individualmente a um eletrodo de referência 
ou “padrão”, o qual atua na atividade elétrica cerebral de for-
ma similar na maioria dos eletrodos. Assim, o traçado mostrará 
a atividade individual (entrada G1) em comparação com a re-
ferencial (entrada G2). Por essa razão, é importante eleger uma 
referência distante e não contaminada pelo grafoelemento que 
se pretende avaliar (Figura 20).
Enquanto as montagens bipolares servem para localizar a 
área do cérebro que gera o grafoelemento com base na re-
versão de fase, as montagens referenciais servem para loca-
lizá-la com base em sua amplitude6,7,17.
58
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Para que a resultante G1-G2 seja negativa, G1 
deve ser negativo com relação a G2, ou…
… G2 deve ser positivo com relação a G1.
Para que a resultante G1-G2 seja positiva, G1 
deve ser positivo com relação a G2, ou…
G1 – G2 G1 – G2
G1 – G2G1 – G2
… G2 deve ser negativo com relação a G1.
Figura 16. A convenção internacional para a interpretação dos grafoelementos do EEG.
59
Negativo
100% 90% 80% 70% 60% 50%
A. B.
A1
FP2
F4 F8
C4 T4
T6P4
O2O1
A2
P3T5
F3F7
T3 C3
ω
FP1
Figura 17. Neste exemplo, uma onda aguda é observada na região temporal média esquerda. B. 1. Derivação Fp1-F7: a onda aguda resultante está abaixo da linha de base, 
portanto positiva. Como neste caso se está buscando o eletrodo mais eletronegativo, pode-se dizer que a polaridade positiva se deve a uma maior negatividade do eletrodo G2 
que, neste caso, é F7 (F7 é mais negativo do que Fp1). Derivação F7-T3: a onda aguda resultante está abaixo da linha de base, portanto positiva. A polaridade positiva se deve 
a uma maior eletronegatividade do eletrodo G2 que, neste caso, é T3 (T3 é mais negativo do que F7). 3. Derivação T3-T5: a onda aguda resultante está acima da linha de base, 
portanto negativa. A polaridade negativa se deve a uma maior negatividade do eletrodo G1 que, neste caso, é T3 (T3 é mais negativo do que T5). 4. Derivação T5-O1: a onda aguda 
resultante está acima da linha de base, portanto negativa. A polaridade negativa se deve a uma maior negatividade do eletrodo G1 que, neste caso, é T5 (T5 é mais negativo do 
que O1). A análise do conjunto de dados permite definir que o eletrodo T3 (temporal médio esquerdo) é aquele em que a onda aguda observada tem maior eletronegatividade. 
Portanto, pode-se dizer que a descarga epileptiforme observada é máxima na região temporal média esquerda (T3), ponto em que ocorre reversão de fase.
60
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 18. Montagem bipolar: composta de pares de eletrodos ativos sequenciais em uma cadeia longitudinal ou transversal, em que os eletrodos sucessivos 
modificam-se em cada canal. Assim, em cada cadeia, tem-se um eletrodo comum entre dois adjacentes. O campo de máxima eletronegatividade se apresenta com 
uma reversão de fase, que é uma deflexão simultânea em sentidos opostos, em dois canais que partilham um eletrodo comum. Existe uma possibilidade de que o 
campo seja maior, com equipotencialidade em um canal (destacado; equipotencialidade da derivação F7 -T3).
61
Figura 19. Montagem transversa: mesma página da figura 18. Observe a máxima eletronegatividade no eletrodo F7 (destacado).
62
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 20. Montagem referencial: mesmas páginas das figuras 18 e 19. Observe a máxima amplitude no eletrodo F7, que é maior que T3, e este, maior que T5 
(destacado).
63
4. Montagens
Inicialmente, é essencial voltar a ideia de que a representa-
ção gráfica no traçado do EEG é a diferença de potencial entre 
dois pontos no cérebro, que é captado a partir dos eletrodos ad-
jacentes e se conectam nas entradas G1 e G2 do amplificador. 
Portanto, o modo em que os pares de eletrodos do sistema 10-20 
se combinam denomina-se derivação, representada por letras e 
números separados por um hífen (por exemplo, Fp1-F7). O con-
junto de derivações é chamado de montagem18. 
A escolha correta das montagens pode revelar achados ele-
troencefalográficos que não estavam óbvios anteriormente e tem 
como objetivo determinar a topografia desses achados. Para a sua 
escolha adequada, é necessário discutir algumas noções básicas.
Os 21 eletrodos do sistema 10-20 estão localizados nos di-
ferentes lobos cerebrais e devem ser dispostos nas montagens 
obedecendo a uma lógica.
- No registro analógico (registro no papel), o técnico é responsável 
pela aquisição do EEG e a ele cabe escolher as diferentes 
montagens com diferentes pares de eletrodos para mapear o 
cérebro. Nesse tipo de registro, o traçado impresso é imutável e 
a interpretação do EEG deverá ser realizada unicamente com as 
montagens selecionadas pelo técnico durante a aquisição.
- A tecnologia digital oferece vantagens nesse sentido, uma 
vez que a escolha das montagens poderá ser feita após a 
aquisição por parte do médico ao analisar o traçado7,17. 
4.1. Normas gerais para a definição das montagens 
de EEG
Há dois tipos básicos de montagens chamadas bipolares 
e referenciais. Em geral, as montagens devem ser totalmente 
bipolares ou totalmente referenciais e devem ser facilmente 
compreendidas. Sempre se recomenda que todos os traçados 
de EEG sejam realizados em ambas as montagens, porém cada 
uma delas individualmente.
- Como seu uso está destinado a comparar áreas homólogas, 
a escolha de uma montagem não é arbitrária e deve seguir 
uma lógica anatômica de modo que a análise resultante 
tenha sentido. Não é apropriada uma comparação de pares 
aleatórios de eletrodos. Um exemplo de mau uso de pares de 
eletrodos seria comparar a área frontal esquerda (Fp1) com a 
região occipital direita (O2), resultando na derivação Fp1-O2. 
Seu resultado provavelmente não revelaria uma atividade mais 
localizada ou poderia demonstrar uma alteração localizada 
em qualquer parte entre ambos os eletrodos, não permitindo 
sua localização.
- Estabeleceu-se que as derivações do hemisfério esquerdo 
devem ser inseridas primeiramente e as regiões mais 
anteriores, antes das mais posteriores.
- Deve-se utilizar os 21 eletrodos do sistema internacional 
10-20, o que deve originar, no mínimo, 16 derivações.
64
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
- Se houver necessidade e disponibilidade das entradas 
adicionais/extras no painel de eletrodos, outras derivações 
poderão ser acrescentadas na montagem. Deve-se registrar 
simultaneamente o eletrocardiograma (ECG) em uma das 
entradas, uma vez que este ajudará a interpretar o EEG por 
registrar arritmias cardíacas, verificar as alterações de ritmo 
cardíaco durante as crises epilépticas e definir melhor o 
artefato eletrocardiográfico no traçado de EEG.
4.1.1. Princípios das montagens bipolares
As montagens bipolares são compostas de pares de eletro-
dos ativos sequenciadosem uma cadeia longitudinal ou trans-
versal, nas quais os eletrodos sucessivos se modificam em cada 
canal. Desta forma, em cada cadeia, tem-se um eletrodo co-
mum entre os adjacentes. O campo de máxima eletronegativi-
dade se apresenta como uma reversão de fase, que é a deflexão 
simultânea, em direções opostas, nos canais que compartilham 
um eletrodo em comum. Existe a possibilidade de que o campo 
seja mais amplo, com equipotencialidade em um dos canais, 
como se pode verificar na derivação F7-T3 na figura 17.
Há três tipos de montagens bipolares: longitudinal, transver-
sal e circunferencial.
Montagem bipolar longitudinal ou dupla-banana: devido 
ao desenho formado nesta montagem, é comum chamá-la de 
dupla-banana. Esta é formada por duas cadeias longitudinais, 
uma lateral e outra medial, se apresentam no formato de bana-
na, em cada hemisfério (Figura 17). 
Montagem bipolar transversal (Figura 18): nesta montagem, 
mantêm-se as convenções da disposição das derivações em sen-
tido anteroposterior e da esquerda para a direita. Observe o uso 
de EEG digital, que permite, em tempo específico, a análise com 
diferentes montagens. 
Montagem bipolar circunferencial: é a montagem cuja dis-
posição das derivações é orientada segundo a linha circunfe-
rencial do crânio. As montagens circunferenciais bipolares não 
adicionam informação às demais montagens bipolares, porém 
podem ser utilizadas em situações especiais. 
4.1.2. Princípios das montagens referenciais
A montagem referencial consiste em pares de eletrodos, 
onde o primeiro é ativo e o segundo não necessariamente ativo. 
O eletrodo de referência ideal seria aquele que captasse o míni-
mo de atividade elétrica cerebral - poderia ser um eletrodo loca-
lizado, por exemplo, entre a clavícula e o esterno. No entanto, 
essas referências estão muito expostas a artefatos. Essa é a prin-
cipal razão pela qual as referências usadas são do próprio couro 
cabeludo. É importante que a referência esteja longe da região a 
ser analisada, minimizando a sua relação com o fenômeno em 
estudo. No exemplo da figura 19, o eletrodo referencial comum 
é Pz, distante da descarga em F7.
65
Na montagem referencial promediada a referência é o resulta-
do da média de dois ou mais eletrodos. Os eletrodos auriculares 
podem somar-se, estabelecendo uma média que pode ser coloca-
da como um eletrodo referencial comum. Pode-se também esta-
belecer uma média da soma de todos os eletrodos ativos chamada 
referência promediada (AVG: Average). Recomenda-se excluir 
dessa soma os eletrodos que captam potenciais de grande am-
plitude, como os de movimento ocular (Fp1 e Fp2), assim como 
aqueles mais envolvidos no campo de interesse7,17 (Figura 21).
5. Procedimentos de ativação em 
eletroencefalografia
Há manobras que podem ativar as respostas anormais du-
rante o registro de EEG, chamadas coletivamente de métodos 
ou procedimentos de ativação.
Os procedimentos de ativação consistem em estímulos ou 
condições externas realizados com a finalidade de se obter 
uma resposta mais esclarecedora. Os estímulos externos mais 
comumente aplicados são os visuais e a hiperventilação, além 
da privação do sono19.
5.1. Estimulação luminosa intermitente
A estimulação luminosa intermitente é o método mais utili-
zado para desencadear respostas anormais aos estímulos visuais 
no EEG. É especialmente útil na investigação dos pacientes com 
epilepsias generalizadas, uma vez que o método pode provocar 
paroxismos epileptiformes em indivíduos fotossensíveis.
5.1.1. Técnica de estimulação luminosa
Utiliza-se internacionalmente o protocolo para a realização 
da estimulação luminosa intermitente do Comitê Europeu da 
Liga Internacional contra a Epilepsia20.
Recomendações a seguir:
a) O paciente deve estar desperto, sentado na sala de exa-
me em penumbra, com luz suficiente para identificar as 
clonias palpebrais, a resposta mais comum a este tipo de 
estimulação. O estado de vigília e o contraste com os lam-
pejos brilhantes, proporcionados pelo ambiente escureci-
do, facilitam a resposta a essa prova de ativação.
b) Deve-se realizar a prova após assinado o termo de consen-
timento, o qual deve incluir a possibilidade de esse proce-
dimento causar crises epilépticas, incluindo convulsões.
c) A estimulação deve começar depois de três minutos do 
final da hiperventilação.
d) Antes de iniciar a fotoestimulação, deve-se registrar dois 
minutos e meio os olhos abertos e dois minutos e meio os 
olhos fechados, com o objetivo de verificar a sensibilidade 
ao fechamento palpebral e o fenômeno de fixation-off (des-
cargas nas regiões occipitais por perda da fixação visual).
66
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 21. Montagem referencial promediada: mesmas páginas das figuras 18, 19 e 20. Observe a máxima amplitude no eletrodo F7, que é maior que T3, e este 
é maior que T5.
67
e) Deve-se utilizar um refletor com lâmpada circular que 
possa proporcionar lampejos com, no mínimo, 0,7 jou-
les de intensidade e oferecer frequências entre 0,5 e 60 
Hz. O objetivo do refletor circular é garantir a excitação 
de todas as regiões da retina de maneira homogênea, no 
entanto nem todos os equipamentos atuais o possuem.
f) O fotoestimulador é colocado a 30 cm do násio do pacien-
te, ao qual se orienta que olhe no centro do refletor e feche 
os olhos quando solicitado. Observa-se a resposta fotopa-
roxística com uma frequência maior no momento imediato 
após o comando de fechamento palpebral.
- Deve-se realizar, de forma separada, o estímulo 
fótico intermitente em três condições diferentes: 1. 
ao fechamento palpebral; 2. com olhos fechados e, 
finalmente, 3. com olhos abertos. Registram-se cinco 
segundos em cada frequência de estimulação com cinco 
segundos de intervalo entre cada uma delas nas três 
condições. Caso não haja tempo suficiente para realizar 
todas as condições, deve-se escolher o fechamento 
palpebral (deve-se instruir o paciente que feche os olhos 
no momento do início do estímulo fótico e expandir o 
período de estimulação por sete segundos).
- As frequências de lampejos utilizados são 1 Hz, 2 Hz, 8 
Hz, 10 Hz, 15 Hz, 18 Hz, 20 Hz, 25 Hz, 40 Hz, 50 Hz, 
60 Hz, nesta sequência.
- O paciente deve, por exemplo, fechar os olhos no início 
de cada frequência, segundo o comando do técnico de EEG. 
Caso haja uma resposta fotoparoxística generalizada a uma 
frequência particular, omitem-se as frequências restantes e 
recomeça-se a sequência de forma decrescente, iniciando com 
60 Hz, 50 Hz, 40 Hz, 25 Hz, 20 Hz, 18 Hz, 10 Hz, 8 Hz, 2 Hz, 
1 Hz. Aplicam-se as frequências em ordem decrescente até que 
se produza outra resposta fotoparoxística generalizada.
- Deve-se repetir o procedimento com os olhos fechados 
e, depois, com os olhos abertos, nesta ordem. Com isso, 
pode-se determinar a faixa de fotossensibilidade de cada 
indivíduo, para cada estado (fechamento palpebral, olhos 
fechados e olhos abertos).
- Deve-se observar e anotar os sinais e sintomas clínicos 
observados e reportados pelo paciente, como vibração das pál-
pebras, clonias faciais, aparecimento de cefaleia, tonturas ou 
náuseas. Deve-se descontinuar o estímulo imediatamente após 
a ocorrência de uma resposta fotoparoxística generalizada tipo 
3 ou 4 da classificação de Waltz21, mostrada abaixo:
Classificação das respos-
tas fotoparoxísticas
Descrição
Waltz tipo 1 Espículas nas regiões occipitais
Waltz tipo 2 Espículas e ondas lentas bifásicas 
parieto-occipitais
68
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Classificação das respos-
tas fotoparoxísticas
Descrição
Waltz tipo 3 Espículas bifásicas com propaga-
ção para as regiões frontais
Waltz tipo 4 Poliespícula ou complexos de 
espícula-onda generalizados
Há três respostas possíveis durante fotoestimulação inter-
mitente. Duas delas são fisiológicas: o arrastamento fótico e 
a resposta fotomiogênica, e uma patológica, que é a resposta 
fotoparoxística,que envolve a geração de paroxismos epilepti-
formes focais ou generalizados, uni ou bilaterais22.
5.1.2. Arrastamento fótico (photic driving)
É uma resposta fisiológica que consiste no aparecimento 
de atividade rítmica nas regiões posteriores do cérebro, que 
segue a mesma frequência ou está harmonicamente relaciona-
da com a frequência do estímulo (Figura 22). Em geral, é iden-
tificado quando as frequências do estímulo utilizam as faixas 
alfa, beta ou gama, porém pode ser observado nas frequências 
de estímulo fótico de 5 a 30 Hz23.
A resposta aos lampejos visuais pode ser verificada horas após 
o nascimento, mas a atividade é limitada até os seis anos de idade. 
Nas crianças maiores e adultos jovens, o arrastamento fótico é 
mais amplo, sendo identificado principalmente nas frequências de 
estimulação média, entre 8 e 20 Hz. As respostas de maior magni-
tude são obtidas geralmente quando a frequência de estimulação 
se aproxima da frequência do ritmo posterior do paciente22.
5.1.3. Resposta fotomiogênica (antigamente 
denominada resposta fotomioclônica)
A resposta fotomiogênica consiste no registro de potenciais 
dos músculos faciais durante a fotoestimulação, identificados 
em sua maioria nas regiões anteriores (Figura 23). Registram-se 
potenciais eletromiográficos no músculos da testa, das pálpe-
bras, da face e do pescoço, os quais tendem a aparecer quando 
a pessoa tem tensão muscular.
A resposta fotomiogênica é desencadeada principalmente 
em adultos quando se aplica a frequência de lampejos entre 
12 e 18 Hz. Nas crianças, a identificação desse fenômeno é mais 
rara. Em alguns tipos de epilepsia podem ser identificados po-
tenciais eletromiográficos relacionados com os piscamentos das 
pálpebras (mioclonias das pálpebras observadas na síndrome de 
Jeavons e também em algumas epilepsias generalizadas genéti-
cas) ou relacionados com clonias faciais das crises focais22.
5.1.4. Resposta fotoparoxística
A resposta fotoparoxística é o registro de paroxismos epileptifor-
mes gerados durante a fotoestimulação, na maioria das vezes iden-
tificados nas regiões posteriores do cérebro. Podem ser registrados 
69
Figura 22. Resposta do arrastamento fótico (photic driving) com estímulo luminoso a 6 Hz. O arrastamento fótico é uma resposta fisiológica, rítmica, desencadeada 
pela estimulação nas regiões posteriores do cérebro. Trata-se de atividade associada temporalmente ao estímulo e de frequência idêntica e harmonicamente 
relacionada à frequência do estímulo luminoso, cujo final é determinado pela interrupção da estimulação.
70
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 23. Resposta fotomiogênica. É uma resposta caracterizada pelo aparecimento de potenciais eletromiográficos breves e repetitivos sobre as regiões anteriores 
(Fp1-F7, Fp2-F8, Fp1-F3 e Fp2-F4) da cabeça durante a estimulação luminosa intermitente. Esses potenciais geralmente aumentam em amplitude, de forma gradual, à 
medida que o estímulo luminoso continua e cessam no momento em que o estímulo é retirado. Essa resposta também é bloqueada com a abertura ocular.
71
paroxismos uni ou bilaterais, focais no lobo occipital ou de distri-
buição generalizada, predominantemente nas regiões anteriores. As 
descargas generalizadas têm, na maioria dos casos, a morfologia de 
complexos de espícula-onda ou poliespícula generalizados21.
Para padronizar a descrição das respostas fotoparoxísticas, 
uma das classificações utilizadas é a de Waltz, descrita no pro-
tocolo de fotoestimulação21. Neste estudo, a resposta tipo 4 foi 
mais prevalente em indivíduos com epilepsia e seus respectivos 
familiares em comparação com os indivíduos sem epilepsia24 
(Figura 24). Na série descrita por Waltz et al., 80% dos pacien-
tes com resposta fotoparoxística tipo 4 apresentavam crises epi-
lépticas, enquanto nos outros tipos de resposta fotoparoxística 
essa porcentagem caiu para 2%25.
A identificação das respostas fotoparoxísticas ocorre es-
pecialmente quando se aplicam frequências de lampejos 
entre 12 e 18 Hz, que representam uma gama mais alta de 
fotossensibilidade.
5.2. Hiperventilação ou hiperpneia
A hiperventilação é um dos métodos mais importantes 
de ativação durante o registro do EEG. Foi o primeiro mé-
todo utilizado para desencadear crises epilépticas e já era 
utilizado na era pré-EEG. A revisão de literatura mostra que 
o procedimento é muito mais eficaz nas epilepsias genera-
lizadas, chegando a promover o aparecimento de comple-
xos de espícula-onda ritmados a 3 Hz em 88% dos pacien-
tes com epilepsia ausência da infância26. Porém, também é 
importante como método ativador para epilepsias focais27.
São contraindicações absolutas para realização da 
hiperventilação:
- Acidente cerebrovascular ou infarto agudo do miocárdio 
recente (dentro dos últimos 12 meses).
- Doença cardíaca significativa com angina instável ou mal 
controlada.
- Doença pulmonar.
- Anemia falciforme (ou traço falciforme).
- Doença de Moya-Moya.
São contraindicações relativas:
- Doença cerebrovascular estável.
- Infarto agudo do miocárdio ou angina prévia.
- Asma.
- Gestação de mais de três meses.
Em tais casos, o risco-benefício desse procedimento deve ser 
avaliado com o médico do paciente28. Observadas as contraindi-
cações, a hiperventilação é um procedimento que raras vezes se 
associa a eventos adversos28, mas deve ser suspensa caso o pa-
ciente apresente dor no peito, mudança no segmento ST ou no 
ritmo do ECG registrado simultaneamente ao EEG.
72
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 24. Resposta fotoparoxística do tipo 4 de Waltz et al.21 provocada com uma frequência de 12 lampejos/segundo. Esse termo é preferível ao seu sinônimo, 
resposta fotoconvulsiva, pois esse último implicaria manifestações clínicas motoras. Trata-se de uma resposta anormal à estimulação luminosa intermitente, 
caracterizada por descargas epileptiformes generalizadas que continuam por alguns segundos depois da interrupção do estímulo luminoso. Somente essa resposta 
generalizada de espícula–onda mostra uma forte correlação com epilepsia, particularmente quando se sustenta e continua após a interrupção do estímulo.
73
5.2.1. Técnica de hiperventilação
Parâmetros técnicos das diretrizes da ANS/BSCN (2013)29,30 
para a realização da prova de hiperventilação.
- Deve-se realizar a hiperventilação com o paciente 
desperto, sentado, em um ambiente com iluminação 
adequada. Deverão ser disponibilizadas informações 
sobre o método e o paciente deverá assinar o formulário 
de consentimento apropriado. O consentimento deve 
incluir a possibilidade de que esse procedimento cause 
crises epilépticas.
- Deve-se realizar inspirações profundas por 3 a 5 minutos, 
preferencialmente através do nariz, para adequada 
sensibilização dos receptores da mucosa nasal. Esse tipo 
de respiração é mais associado com o aparecimento de 
descargas epileptiformes.
- A frequência respiratória deve se manter regular entre 20 
e 30 inspirações por minuto.
- O EEG deve ser registrado durante todo o procedimento 
e durante 3 minutos após sua realização, para a leitura 
exata da recuperação após a hiperventilação.
- Em alguns casos, pode ser necessário o uso de cata-
ventos ou outros dispositivos, especialmente em crianças.
- Em adultos, o método promove um intercâmbio de gases 
de 20 a 50 L/min e redução na pressão parcial de dióxido 
de carbono entre 4 e 7 mmHg. Há várias hipóteses para 
a fisiopatologia do alentecimento suscitado durante 
a hiperventilação, incluindo vasoconstrição causada 
por hipocapnia, ativação do sistema parassimpático e 
aumento da sincronização talamocortical. Atualmente, 
a importância real de cada um desses mecanismos de 
ativação ainda não está bem definida.
Há dois parâmetros que devem ser observados durante a 
hiperventilação. O primeiro é o alentecimento do traçado e o 
segundo, o aparecimento de paroxismos epileptiformes.
5.2.2. Alentecimento do traçadoA resposta fisiológica esperada característica na hiperven-
tilação é mais proeminente nas crianças e consiste em um 
aumento da atividade lenta bilateral e síncrona e no alenteci-
mento dos ritmos alfa e beta. Em adultos normais, a atividade 
lenta em geral não é marcada, mas existe uma grande varia-
bilidade entre os indivíduos. A resposta mais evidente ocorre 
entre os 8 e 12 anos, e nessa idade as zonas mais afetadas 
pelo alentecimento dos ritmos são as regiões occipitais com 
extensão gradual a outras regiões mais anteriores do cérebro 
(Figura 25). O alentecimento cessa aproximadamente 30 se-
74
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 25. Alentecimento acentuado do EEG em uma criança de 8 anos de idade.
75
gundos depois do final da hiperventilação, mas a manutenção 
dessa atividade não deve ser considerada anormal caso per-
sista por menos de dois minutos28,29.
A resposta anormal é o alentecimento focal ou unilateral do tra-
çado do EEG. Essas anormalidades focais podem estar presentes de 
forma precoce27 ou persistir depois do final da hiperventilação. É 
importante destacar que a hipoglicemia provavelmente aumentará 
o contingente de ondas lentas em adultos durante a hiperventilação.
5.2.3. Paroxismos epileptiformes
A resposta fisiológica à hiperventilação não deve apresentar-se 
como uma morfologia espicular ou como paroxismos epileptifor-
mes característicos. Como resposta patológica, a hiperventilação 
pode induzir paroxismos epileptiformes do tipo onda aguda ou, 
mais habitualmente, complexos de espícula-onda de grande am-
plitude, especialmente nas epilepsias generalizadas.
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O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
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(Kindle Edition).
77
Capítulo 4
Nomenclatura em 
eletroencefalografia
Luis Carlos Mayor
1. Introdução
Este capítulo tem o objetivo de descrever e tentar unificar 
os termos usados na América Latina para os diferentes tipos de 
grafoelementos registrados no traçado eletroencefalográfico. 
Os termos foram agrupados em atividade normal, anormal e 
em termos usados para descrever alguns achados que podem 
ser normais ou anormais.
2. Achados normais do eletroencefalograma
2.1. Atividade de vigília normal
Ritmo alfa: também chamado de ritmo dominante posterior.Em condições normais é a atividade predominante nas regiões 
parieto-occipitais, quando um indivíduo está acordado (vigília), 
relaxado e com os olhos fechados (Figura 1). Esse ritmo em adul-
tos tem uma frequência de 8 a 13 Hz ou ciclos por segundo1.
78
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 1. Observe o ritmo alfa posterior em paciente em vigília com os olhos fechados.
79
Ritmo beta: atividade entre 14 e 30 Hz, observada de for-
ma característica nas regiões frontocentrais quando o indivíduo 
está em vigília (Figura 2)2.
Ondas lambda: atividade bifásica que consiste em ondas 
positivas de morfologia lambdoide observada de forma simé-
trica ou assimétrica nas regiões occipitais, quando o paciente 
encontra-se com os olhos abertos e está observando uma ima-
gem ou figura. Essas ondas são frequentemente observadas 
durante a vigília em estudos de vídeo-EEG, quando os pacien-
tes estão lendo ou assistindo à televisão (Figura 3).
2.2. Atividade normal do sono
Ondas agudas do vértex: ondas de morfologia aguda e de 
carga negativa que podem ser vistas com amplitude máxima na 
região do vértex (eletrodo Cz), mas que também são observa-
das em ambas as regiões centrais (eletrodos C3 e C4). Seu apa-
recimento fisiológico é observado desde os 5 meses de vida. 
Marcam o início do sono NREM (estágio N1) (Figura 4).
Fusos de sono: atividade rítmica de poucos segundos de du-
ração, localizada nas regiões centrais (eletrodos Cz, C3, C4) com 
frequência de 10 a 15 Hz em média. Aparecem desde os 2 a 3 me-
ses de vida e caracterizam o estágio N2 do sono NREM (Figura 5).
Complexos K: são ondas bifásicas de alta amplitude com um 
componente inicial negativo, seguido de um componente posi-
tivo de menor magnitude, com máxima amplitude nas regiões 
anteriores2. O complexo K é acompanhado dos fusos de sono. 
Observado principalmente na fase N2 do sono NREM a partir 
dos 5 meses de vida (Figura 6).
Transientes agudos positivos occipitais do sono: atividade 
de morfologia aguda, positiva em relação a outras áreas do cé-
rebro, localizada nas regiões occipitais durante o sono N1 e 
N2. Seu uso comum é a sigla de sua denominação em inglês, 
POSTs (Positive Occipital Sharp Transients) (Figura 7).
2.3. Variantes da normalidade
Denominam-se de variantes da normalidade aqueles gra-
foelementos de aspecto epileptiforme que não têm significância 
clínica. Essas variantes podem levantar dúvidas eletroencefalo-
gráficas importantes e levar a erros que resultam no diagnóstico 
de epilepsia1,3,4.
Ritmo mu: atividade a 7 a 11 Hz em regiões centrais de 
morfologia arciforme, de média amplitude, manifestando-se 
como surtos curtos, uni ou bilaterais em vigília e de forma 
síncrona ou assíncrona. Não desaparece com a abertura dos 
olhos, sendo caracteristicamente bloqueado pela atividade mo-
tora da mão contralateral (ou pensamento da ação de executar 
movimentos com a mão contralateral), evidenciando sua es-
treita relação com a função do córtex rolândico. Estima-se que 
tenha variações semelhantes às do ritmo alfa, desaparecendo 
na sonolência; descreve-se que o ritmo mu também poderia 
80
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 2. Ritmo beta em regiões anteriores.
81
Figura 3. Ondas lambda.
82
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 4. Ondas agudas do vértex com eletronegatividade máxima no vértex (eletrodo Cz).
83
Figura 5. Fusos de sono. Fase N2 do sono NREM.
84
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 6. Complexo K. Fase N2 do sono NREM.
85
Figura 7. Ondas agudas occipitais positivas do sono na fase N1 do sono NREM.
86
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
aparecer nos estágios N1 e N2 e até mesmo durante o sono 
REM (Figura 8).
Atividade teta rítmica temporal média da sonolência ou 
"descargas rítmicas temporais médias": anteriormente chamada 
de variante psicomotora. É caracterizada por salvas de atividade 
teta a 4 a 7 Hz, de morfologia entalhada, observada durante a so-
nolência, uni ou bilateralmente sobre a região temporal média. 
Seu caráter rítmico pode se assemelhar a um padrão recrutante 
ictal, porém seu caráter é invariável (Figura 9). Tipicamente, essa 
variante é encontrada em adolescentes e adultos1,3.
Atividade rítmica temporal de morfologia arqueada ou ar-
ciforme também conhecida como wicket spikes: corresponde a 
salvas de atividade negativa monofásica de morfologia arqueada 
que remete a descargas tipo espículas, sem que sejam observadas 
alterações na frequência entre elas e sem ser acompanhada de 
atividade lenta (Figura 10). Essa atividade é observada nas regiões 
temporais médias, tipicamente durante a sonolência e sono su-
perficial em adultos ou idosos5.
Descargas de espícula-onda fantasmas (em inglês, phantom 
spike-wave): salvas de complexos de espícula-onda em torno de 
4 a 7 Hz, com amplitude relativamente baixa (40 µV.). Normal-
mente a espícula de cada complexo tem menor amplitude do que 
a onda lenta. Apresenta-se frequentemente de forma síncrona, em 
paroxismos de menos de um segundo de duração. Ocorre na so-
nolência ou na vigília com os olhos fechados. Esse padrão é mais 
frequentemente visto em adultos jovens. São descritos dois tipos, 
um de máxima amplitude na região occipital claramente não rela-
cionado a crises epilépticas e um segundo com máxima amplitude 
sobre a região frontal, que merece uma análise mais cuidadosa 
com relação ao seu caráter epileptiforme (Figura 11). Em inglês, 
essas descargas são conhecidas pelos acrônimos: WHAM (Wake-
fulness, High amplitude, Anterior, Male) e FOLD (Female, Occipital, 
Low amplitude, Drowsiness). 
Pequenas espículas do sono (em inglês, small sharp spikes): 
são espículas de baixa amplitude e duração muito breve (< 65 
milissegundo), bifásicas, usualmente não são seguidas de onda 
lenta. Aparecem nas regiões temporais anteriores ou médias, 
de forma unilateral, bilateral, síncrona ou independente duran-
te a sonolência e o sono NREM, em adolescentes e adultos 
(Figura 12). Sem significância patológica1.
Espículas positivas a 14 e 6 Hz: esta variante da normalida-
de tem como peculiaridade a polaridade positiva. Apresenta-
-se, geralmente, na sonolência e sono, com máxima amplitude 
nas regiões temporais posteriores, como breves surtos de espí-
culas positivas que contêm atividade com frequência de 6 e 14 
Hz superimpostas. Em alguns casos, somente um dos compo-
nentes é observado (6 ou 14 Hz) e em outros, uma mistura de 
ambos. Na maioria das vezes, manifesta-se em ambos os lados, 
mas alternadamente; raramente ocorre de forma exclusivamen-
te unilateral. Descreve-se mais frequentemente em crianças e 
87
Figura 8. Ritmo mu na região central ocorrendo de forma bilateral e síncrona em vigília.
88
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 9. Atividade rítmica temporal média (anteriormente denominada variante psicomotora). Observe o entalhe característico.
89
Figura 10. Atividade rítmica temporal de morfologia arqueada (wicket spikes).
90
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 11. Descargas de espícula-onda fantasmas.
91
Figura 12. Pequenas espículas do sono.
92
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
adolescentes (1-15 anos), sendo menos observada em adultos. 
É mais bem visualizada usando grandes distâncias entre os ele-
trodos ou nas montagens referenciais (Figura 13).
3. Atividade anormal
3.1. Atividade epileptiforme
A atividade anormal está relacionada com epilepsia.
Existem dois termos na literatura inglesa para se referir a 
estes grafoelementos: espículas e ondas agudas. Ambos são 
relacionados à atividade epileptiforme. Apresentam diferenças 
quanto a duração e morfologia2.
Espícula: o termo inglês spike é traduzido como espícula. É um 
grafoelementoagudizado de carga negativa, claramente destaca-
do da atividade de base, que compromete dois ou mais eletrodos. 
Usualmente, sua ascensão e queda são igualmente pronunciadas. 
Pode ser seguida de uma onda lenta e sua forma é relativamente si-
métrica (Figura 14). Sua duração é de menos de 70 milissegundo2,6.
Complexo de espícula-onda: este complexo é formado por 
dois componentes, uma espícula e uma onda que a acompanha, 
ambas negativas, compromentedo dois ou mais eletrodos. Para 
mensurar sua frequência, contabiliza-se o complexo. Exemplo: 
descargas generalizadas de complexos de espícula-onda lenta 
ritmados a 3 Hz (Figura 15). O uso do hífen facilita sua utiliza-
ção no plural: complexos de espícula-onda.
Onda aguda: o termo inglês sharp wave é traduzido como 
onda aguda. Trata-se de um grafoelemento agudizado de car-
ga negativa, claramente destacado da atividade de base, que 
compromete dois ou mais eletrodos. Usualmente, a ascensão é 
rápida e a queda é mais inclinada, sendo seguida de uma onda 
lenta, e sua amplitude é variável. A duração é de 70 a 200 mi-
lissegundo (Figura 16).
Poliespícula: o termo polyspike é traduzido como polies-
pícula. Refere-se à presença de duas ou mais espículas que 
podem ser ou não seguidas de onda lenta, sendo, neste caso, 
denominado complexo de poliespícula-onda.
Em diferentes locais da América Latina, diversas termi-
nologias são utilizadas. Assim, em alguns países, utili-
za-se o termo pontas para designar tanto espículas (du-
ração inferior a 70 milissegundo) como ondas agudas 
(duração entre 70 e 200 milissegundo). Isto torna esse 
termo confuso. Quando o termo ponta for utilizado, re-
comenda-se definir seu significado, uma vez que espícu-
las são mais frequentemente observadas no contexto de 
epilepsias generalizadas, enquanto ondas agudas no de 
epilepsias focais.
Quanto ao momento de ocorrência, a atividade epileptifor-
me pode ser dividida em:
93
Figura 13. Espículas positivas de 14 a 6 Hz. Neste caso, observam-se espículas a 14 Hz na montagem Average.
94
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 14. Espícula seguida de onda lenta de projeção generalizada. Neste caso, associa-se a um fuso de sono. Na sua fisiopatologia é aventado o conceito de disormia, 
segundo o qual impulsos talâmicos normais, ao encontrarem um córtex hiperexcitável, produzem grafoelementos epileptiformes, mais comumente espiculares.
95
Figura 15. Complexos de espícula-onda lenta ritmados a 3 Hz.
96
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 16. Descarga de onda aguda. Observe sua ascensão rápida e sua queda mais inclinada, o que confere um aspecto assimétrico ao grafoelemento. Observe 
também sua eletronegatividade máxima no eletrodo temporal anterior direito (F8).
97
Atividade epileptiforme interictal: atividade de poucos 
segundos de duração, sem manifestações clínicas associadas, 
nem evolução eletroencefalográfica.
Atividade epileptiforme ictal: atividade de maior duração, 
que consiste em salvas de atividade epileptiforme com duração 
de segundos, a qual apresenta frequentemente evolutividade 
(incremento e decremento de frequência e amplitude), com ou 
sem propagação para áreas vizinhas. Essa atividade pode ser 
elétrica ictal (somente anormalidade eletroencefalográfica) ou 
eletroclínica ictal (com manifestação clínica associada).
Atividade epileptiforme focal: atividade epileptiforme limi-
tada a uma parte do cérebro7.
Atividade epileptiforme generalizada: atividade epileptifor-
me que ocorre simultaneamente em amplas áreas de ambos 
os hemisférios cerebrais, podendo ser simétrica ou assimétrica.
3.2. Atividade lenta anormal
Os alentecimentos correspondem a atividade teta ou delta 
em uma região cerebral na qual se espera uma frequência de 
ocorrência maior. Os alentecimentos não são específicos de 
epilepsia, mas a sua persistência pode denotar lesão estrutural 
(alentecimento focal) e/ou disfunção sistêmica (alentecimento 
generalizado). Por isso, é importante reconhecê-los e descre-
vê-los.
Os alentecimentos focais devem comprometer dois ou mais 
eletrodos. Neles, como nos grafoelementos epileptiformes, 
também é possível evidenciar a reversão de fase (Figura 18).
Os alentecimentos devem ser caracterizados também em 
relação a sua frequência e localização, morfologia (agudizada, 
variável, mono ou polimórfica), ritmicidade (rítmica, intermi-
tente), amplitude, propagação e persistência.
Atividade monomórfica: ondas de morfologia similar 
(Figura 19).
Atividade polimórfica: consiste em atividade na qual as on-
das se apresentam de forma e duração diferentes6 (Figura 20).
Atividade periódica: grafoelementos que se destacam do 
traçado de base, de morfologia uniforme, que se apresentam 
a intervalos de tempo relativamente regulares. Tipicamente ob-
servados em salvas de ao menos seis ciclos de duração ou de 
maneira contínua (Figura 21).
Atividade quase periódica: termo recomendado para des-
crever atividades periódicas cujo intervalo entre as descargas 
não é estritamente regular, apresentando uma variação entre 
25% e 50%. Para padrões cujo intervalo varie menos de 25%, é 
apropriado não usar o termo quase periódico, já que este deve 
ser considerado periódico per si. Para aqueles padrões cujo in-
tervalo entre as descargas é maior que 50%, o termo periódico 
não deve ser utilizado (Figura 22).
98
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 17. Paroxismo tipo poliespícula-onda.
99
Figura 18. Observe o alentecimento focal temporal esquerdo com máxima negatividade temporal anterior (equipotencialidade na derivação F7-T3).
100
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 19. Atividade delta monomórfica. Observe a semelhança das ondas.
101
Figura 20. Atividade delta polimórfica.
102
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 21. Descargas focais periódicas nos eletrodos F4 e F8. Observe a marcada estereotipia dos grafoelementos epileptiformes com uma frequência fixa.
103
Figura 22. Atividade quase periódica em paciente em coma.
104
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Recomenda-se erradicar os termos semi e pseudo e utilizar 
o termo quase, para substituir “quasi”, termo recomendado 
pela Academia Americana de Neurofisiologia8.
Atividade rítmica: ondas de morfologia similar que se repe-
tem por um período de tempo, sem intervalo entre elas. O termo 
pode ser utilizado tanto para atividade normal quanto anormal.
4. Outros termos utilizados
Dipolo: refere-se à polaridade e à projeção que uma ativida-
de elétrica apresenta, com um extremo negativo e outro positivo 
(Figura 23). Pode-se referir a uma atividade normal ou anormal.
Reversão de fase: este termo se aplica às montagens bipo-
lares e, em terminologia inglesa, é denominado phase reversal. 
Essa reversão de fase pode ser de carga negativa em condições 
normais e também nas com caráter epileptiforme. A reversão 
de fase de carga positiva é quase sempre um artefato (Figura 
24), mas pode ser encontrada nas hemorragias intraventricula-
res dos recém-nascidos e nos traumatismos cranianos.
Máxima negatividade: refere-se ao eletrodo ou eletrodos de 
maior negatividade, entre os quais se produz a reversão de fase. 
Pode ou não ser anormal9 (Figura 25).
5. Outros padrões generalizados anormais
Padrão surto-supressão: consiste em períodos de ativida-
de eletroencefalográfica nos quais podem haver atividade de 
qualquer frequência (usualmente teta e delta), frequentemente 
associada a descargas de espículas e ondas agudas, de poucos 
segundos de duração, que se alternam com períodos de ate-
nuação ou supressão da atividade cerebral menor que 10 µV. 
por vários segundos10 (Figura 26).
Padrão hipsarrítmico: caracteriza-se por um padrão caótico, 
anárquico, sem regularidade cronológica, de amplitude elevada 
(maiorque 250 µV.), constituído por ondas lentas, espículas e ondas 
agudas multifocais que variam a todo momento (Figura 27). Carac-
terístico do padrão eletrográfico interictal da síndrome de West.
Padrão de onda aguda-onda lenta ritmado a menos de 3 Hz: 
caracteriza-se por complexos generalizados de onda aguda-onda 
lenta ritmados a menos de 3 Hz, observados em vigília, que apa-
recem de forma isolada ou em salvas irregulares em frequência, 
amplitude e morfologia. Nem todas as ondas são precedidas por 
uma onda aguda, sendo por vezes difícil definir um início e um tér-
mino claro. Pode existir certa assimetria em diferentes paroxismos, 
porém a presença de assimetria persistente focal ou lateralizada 
orienta para a presença de uma lesão estrutural. Quando a duração 
do paroxismo é superior a vários segundos, pode ser associado 
a um correlato comprometimento da consciência, caracterizando 
uma crise de ausência atípica (Figura 28). Esse padrão é caracte-
rístico da síndrome de Lennox-Gastaut. Nela são também obser-
vados, principalmente no sono NREM, paroxismos de ritmos rápi-
dos (10-20 Hz), difusos e bilaterais, de duração variável, síncronos 
105
Figura 23. Montagem referencial em Cz. Conformação do dipolo fronto-occipital em uma criança com epilepsia rolândica. Observe a positividade do grafoelemento 
nos eletrodos F4 e Cz e a negatividade em amplas áreas, desde T4 até O2.
106
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 24. Nesta figura, observam-se dois tipos de grafoelementos: um anormal, epileptiforme, e outro normal. Observe a máxima negatividade da onda aguda 
patológica no eletrodo temporal anterior esquerdo (F7) e a reversão de fase de um grafoelemento normal, a onda aguda do vértex em Cz.
107
Figura 25. Observe a máxima negatividade em C4-P4, na montagem referencial Average.
108
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 26. Padrão surto-supressão em paciente adulto em coma.
109
Figura 27. Padrão hipsiarrítmico clássico.
110
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 28. Padrão de complexos de onda aguda-onda lenta ritmados a menos de 3 Hz em paciente com síndrome de Lennox-Gastaut.
111
ou assíncronos, sendo considerados por alguns autores essenciais 
para o diagnóstico desta síndrome epiléptica11 (Figura 29).
Padrão periódico com descargas de morfologia trifásica 
(previamente conhecido apenas como “ondas trifásicas”): 
consiste em um padrão periódico de atividade delta de alta 
voltagem, que possui três fases, e, algumas vezes, quatro. A 
primeira fase da onda é um componente de curta duração, 
negativo, visto usualmente como uma onda com deflexão 
para cima; o segundo componente é mais proeminente e 
resulta em uma deflexão positiva para baixo; finalmente, o 
terceiro componente é uma onda negativa de maior duração. 
Sua distribuição é bilateral, síncrona, de predomínio anterior 
a 1,5 a 2,5 Hz. Embora este padrão não se relacione a uma 
etiologia específica, associa-se usualmente a encefalopatias 
metabólicas ou tóxicas, mais frequentemente de natureza he-
pática. Uma característica das ondas trifásicas é um retardo 
temporal (time lag) progressivo (25 a 140 milissegundo) das 
regiões anteriores para as posteriores do componente positi-
vo. Essa característica já foi considerada mais específica da 
etiologia hepática, embora estudos mais recentes mostrem 
que esse retardo temporal não é específico das ondas trifá-
sicas nem do tipo de encefalopatia metabólica (Figura 30).
112
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 29. Ritmo rápido difuso e bilateral em paciente com síndrome de Lennox-Gastaut. Observe a co-ocorrência de descargas de ondas agudas nas áreas anteriores.
113
Figura 30. Observe o padrão periódico com ondas de morfologia trifásica, em paciente de 39 anos com encefalopatia hepática, e o característico time lag (25 a 140 milissegundo) 
do componente positivo da onda trifásica das derivações anteriores para as posteriores do cérebro. 
114
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Referências
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11. Livingston JH. The Lennox-Gastaut syndrome. Dev Med Child Neurol. 
1988;30:536-40.
115
Capítulo 5
Artefatos: tipos e importância 
do seu reconhecimento
Alicia Bogacz
1. Introdução
Artefato é qualquer sinal que está registrado no traçado eletroen-
cefalográfico (EEG) e que não corresponde à atividade cerebral. Há 
muitas fontes de artefatos, as quais devem ser detectadas e corrigi-
das para a interpretação adequada do registro. Muitos desses artefa-
tos podem ser confundidos com atividades patológicas e levar a um 
diagnóstico errôneo se não interpretados corretamente1,4.
A tarefa de identificação dos artefatos deve ser realizada pelo 
técnico que efetuou o registro e pelo médico que o interpretará. 
A esse respeito, é essencial que o técnico esteja atento ao registro 
e ao ambiente em que este é feito para corrigir esses artefatos e 
indicar na ficha do paciente tudo o que foi realizado para esse 
fim, bem como o que aconteceu no ambiente durante o exame. O 
médico que interpreta o registro deve estar alerta à possibilidade 
de encontrar artefatos que simulem atividade cerebral e não os 
julgar a priori como sinais patológicos.
116
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Os artefatos podem ser divididos entre aqueles que advêm 
de sinais biológicos gerados pelo próprio paciente de forma fi-
siológica e aqueles não biológicos que advêm de causas exter-
nas e instrumentais. Neste capítulo, serão descritos os artefatos 
mais comuns e algumas das medidas que podem ser utilizadas 
para sua eliminação.
Todo o tempo gasto em corrigir artefatos, mesmo não sendo 
contado dentro do tempo exigido para o registro, é ganho 
em qualidade e eficácia diagnósticas.
2. Artefatos biológicos
Estes artefatos são gerados pelo paciente,mas provêm de 
fontes extracerebrais. Os mais comuns são:
- artefatos oculares,
- artefatos eletromiográficos,
- eletrocardiograma (ECG).
2.1. Artefatos oculares
2.1.1. Movimentos dos olhos e pálpebras: ao fechar as pál-
pebras, há desvio dos globos oculares para cima, e ao 
abri-las, para baixo. A fonte deste artefato é a diferença 
das cargas elétricas entre as partes anteriores e posterio-
res dos globos oculares, já que suas porções anteriores 
são positivas em relação à retina1,2,5. Artefatos oculares 
são observados nos eletrodos frontopolares e frontais, 
podendo se estender aos eletrodos temporais de acordo 
com os movimentos que os olhos realizam. Movimen-
tos verticais são registrados pelos primeiros, enquanto 
movimentos laterais, pelos últimos. Caracteristicamen-
te, são nítidos, rítmicos e simétricos. Movimentos de 
oscilação dos globos oculares como diferentes tipos de 
nistagmo podem ser observados mesmo com as pál-
pebras fechadas. Antes de iniciar o registro, deve-se 
solicitar ao paciente que permaneça relaxado, com as 
pálpebras fechadas, evitando piscamentos. Caso não 
atenda a essa instrução, pode-se segurar delicadamen-
te os olhos com tampões ou gazes sobre estes, visando 
ao desaparecimento de tal atividade. Em caso de per-
sistência, pode ser útil a colocação oblíqua de um par 
de eletrodos nas bordas superior e inferior das órbitas 
para observar os movimentos2-4. Isto deve facilitar a di-
ferenciação entre uma fonte de atividade frontal lenta 
de origem cerebral e os movimentos oculares, pois a 
primeira nunca está em fase, ao contrário dos movi-
mentos oculares (Figura 1)5.
2.1.2. Piscamento rápido (eye flutter): consiste em pisca-
mento repetitivo, observado como uma sequência de 
ondas de amplitude elevada que se assemelha a uma 
atividade delta rítmica (Figura 2).
117
Figura 1. Artefato de piscamento.
118
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 2. Artefato de piscamento rápido.
119
2.1.3. Mirada lateral: o artefato de mirada lateral afeta prin-
cipalmente os eletrodos F7 e F8. Durante a mirada la-
teral para a esquerda, a polaridade positiva do globo 
ocular se move em direção a F7 e se distancia de F8. 
Na montagem bipolar longitudinal, a polaridade posi-
tiva máxima será verificada no eletrodo F7 e a negati-
vidade será máxima no eletrodo F8, porque a córnea 
é positiva e a retina, negativa. A forma didática para 
lembrar como interpretar esse tipo de registro é que o 
lado de máxima positividade indica a direção da mo-
vimentação dos olhos (Figura 3).
2.1.4. Movimentos oculares lentos erráticos (slow roving eyes 
movements): corresponde a um artefato originário do 
movimento lateral dos olhos, que mostra uma inversão 
de fase lenta, geralmente verificada na sonolência.
2.1.5. Espículas do reto lateral: durante os movimentos ocu-
lares laterais rápidos, podem ser vistos transientes agu-
dos de baixa amplitude que correspondem a poten-
ciais de ação musculares dos músculos retos laterais, 
denominados espículas do reto lateral. Este artefato 
pode ser seguido por um movimento ocular lento si-
mulando um complexo de espícula-onda lenta.
2.1.6. Movimentos oculares rápidos do sono REM: este ar-
tefato tem a mesma localização e morfologia similar 
à mirada lateral em vigília. É observado no sono REM, 
como ondas assimétricas com uma elevação mais rá-
pida que o descenso (Figura 4).
2.2. Artefatos musculares
2.2.1. Artefatos eletromiográficos: são os artefatos mais fre-
quentes, observados em quaisquer eletrodos, porém 
mais comuns nos eletrodos frontais e temporais. São 
potenciais breves, de alta frequência, geralmente repe-
titivos, localizados ou difusos. Podem ser determinados 
pela ansiedade do paciente diante do procedimento e, 
para eliminá-la, deve-se dedicar o tempo que for neces-
sário para fornecer todas as explicações necessárias e 
tentar deixar o paciente relaxado2. Pode-se solicitar que 
ele abra a boca e diga uma palavra longa, por exemplo, 
“Constantinopla”, visando ao relaxamento dos múscu-
los faciais, como recomendaram Gibbs e Gibbs1. Outra 
técnica consiste em solicitar que a língua seja colocada 
entre os dentes transitoriamente, o que facilitará o rela-
xamento dos músculos masseteres e temporais. Para sua 
eliminação, não é recomendável o uso de filtros, já que 
poderão modificar a morfologia característica desses ar-
tefatos e gerar confusão com paroxismos epileptiformes 
do tipo ondas agudas3,6. Nos pacientes com tremor ou 
nos lactentes que exibem movimentos de sucção, há a 
combinação de artefatos de movimentos lentos, repe-
titivos e de potenciais musculares rápidos que podem 
120
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 3. Artefato de mirada lateral. Observe que há inversão de fase positiva em F8 e negativa em F7, o que indica que a mirada lateral está se fazendo para a direita 
(a positividade ocorre no lado que se olha).
121
Figura 4. Artefato de movimentos oculares rápidos do sono REM. Nos eletrodos frontopolares (Fp1 e Fp2), observe a ascensão rápida e o descenso mais lento.
122
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
causar confusão com paroxismos epileptiformes do tipo 
complexos de espícula-onda lenta3 (Figura 5).
2.2.2. Artefato glossocinético: os movimentos da língua e da 
orofaringe, algumas vezes rítmicos e repetitivos, po-
dem gerar ondas lentas de distribuição difusa, frequen-
temente com amplitude máxima nas regiões tempo-
rais, especialmente quando a boca se mantém fechada 
durante os movimentos linguais2,3. Pode ser uni ou bi-
lateral, dependendo da posição da língua. Este artefato 
é causado pela diferença de potencial entre a base, 
positiva, e a ponta da língua, negativa (Figura 6).
2.2.3. Resposta fotomiogênica: este termo atualmente utiliza-
do na descrição desta resposta sem significado clínico 
substituiu a denominação anterior, resposta fotomio-
clônica, que poderia ser confundida com uma anor-
malidade. Consiste em contrações musculares breves 
geradas pela exposição aos feixes de luz em pessoas 
susceptíveis enquanto os olhos são fechados. A con-
tração envolve principalmente os músculos frontais e 
orbiculares, podendo acometer ainda outros músculos 
da face e do pescoço (Figura 7).
2.3. Artefatos cardíaco e de pulso
Os artefatos gerados pelo ECG podem ser de dois tipos: elé-
tricos ou mecânicos.
2.3.1. Artefatos elétricos: os potenciais gerados pelo coração po-
dem ser registrados no EEG, especialmente quando se uti-
lizam montagens com distâncias amplas entre os eletrodos 
e o paciente tem pescoço curto2-4. Podem manifestar-se em 
todos os eletrodos ou ser limitados a uns poucos (Figura 8). 
Em geral, são reconhecidos facilmente por sua frequência 
e morfologia, mas, em caso de arritmias, a variabilidade 
do intervalo R-R ou a aparição intermitente do artefato 
pode gerar confusão deste com paroxismos epileptiformes 
do tipo espículas ou ondas agudas intermitentes5. Diferen-
temente de outros, este artefato não pode ser eliminado 
pelo reposicionamento dos eletrodos; por esse motivo, é 
aconselhável que sempre seja reservado um canal de EEG 
para registro da atividade cardíaca2-5. A maioria dos equi-
pamentos modernos conta com um canal especial para 
esse fim. Contudo, caso não o tenha, pode-se lançar mão 
de um canal de EEG com modificação da sensibilidade, 
de modo a permitir o registro do ECG, permitindo a dife-
renciação de elementos mais ou menos rítmicos de origem 
cerebral ou cardíaca.
2.3.2. Artefato mecânico do ECG: o artefato de pulso é obser-
vado quando um eletrodo é colocado nas proximida-
des de uma artéria. É reconhecido por sua correlação 
temporal com a sístole cardíaca e pode ser corrigido 
pelo reposicionamento do eletrodo2-5. Pode aparecer 
123
Figura 5. Artefato muscular assimétrico. Observe a atividade rápida em regiões frontotemporais mais expressivas à esquerda.
124
O ABC de um registro eletroencefalográfico- Da teoria à prática clínica
Figura 6. Artefato glossocinético advindo do ato da deglutição.
125
Figura 7. Artefato fotomiogênico. Observe a atividade rápida em regiões frontopolares durante a fotoestimulação intermitente.
126
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 8. Artefato de ECG assimétrico sobre o hemisfério esquerdo.
127
em qualquer local, mas é mais frequentemente visto 
nas regiões temporais e frontais.
2.4. Transpiração
A transpiração pode modificar a resistência dos eletrodos e 
gerar potenciais cutâneos que se observam como ondas muito 
lentas, em geral com 1 Hz ou menos (Figura 9). São mais co-
muns nos eletrodos frontais, mas podem se estender a outros 
eletrodos. O uso de ventilador ou ar-condicionado pode redu-
zi-lo ao promover o resfriamento da cabeça do paciente. Caso 
essa conduta não promova sua resolução, podem ser necessárias 
remoção dos eletrodos e limpeza do couro cabeludo com álcool 
ou acetona, seguidas da secagem e recolocação dos eletrodos2-4. 
3. Artefatos não biológicos 
São artefatos gerados por interferências cujas origens estão 
fora do corpo. São muito frequentes em registros hospitalares em 
unidades de cuidados intensivos, onde os pacientes estão conec-
tados a vários tipos de máquinas com diferentes tipos de ruído.
 Esses artefatos são subdivididos em:
 - artefatos de eletrodos;
 - artefatos de equipamentos externos.
3.1. Artefatos de eletrodos
Artefatos produzidos pelos eletrodos podem ser facilmente 
reconhecidos por serem gerados em canais que compartilham 
um eletrodo em comum (Figura 10). Alguns podem ser agudos 
e parecer ser oriundos da atividade cerebral (por exemplo, o 
pop ou popping de eletrodo).
Por esse motivo, durante o registro, a integridade dos con-
tatos e dos cabos deve ser verificada, a pasta condutora ou gel 
não devem estar secos e a impedância deve ser checada. Ar-
tefatos no traçado podem advir da caixa de eletrodos e, para 
averiguar essa suspeita, pode-se mudar a posição do eletrodo 
em questão para outra cujo funcionamento é sabidamente 
adequado e a correção do artefato corroborará a suspeita. 
3.1.1. Artefato de estouro de eletrodo (pop ou popping de 
eletrodo): transiente espontâneo que reflete a capaci-
dade do eletrodo de armazenar cargas elétricas na in-
terface formada entre o eletrodo, a pasta condutora e 
a fixação do eletrodo ao couro cabeludo. A morfologia 
desses artefatos pode simular espículas ou ondas agu-
das, mas diferenciam-se dessas últimas por serem confi-
nados a um único eletrodo, enquanto os grafoelementos 
epileptiformes geralmente mostram um campo elétrico 
claro que envolve eletrodos vizinhos (Figura 11).
3.1.2. Contato de eletrodo: quando existe um mau contato 
no eletrodo devido à fixação ruim, ocorre instabilida-
de na resistência do eletrodo, levando à produção de 
grafoelementos agudos e ondas de morfologia e ampli-
tude variáveis (Figura 12). Essas ondas podem adquirir 
128
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 9. Artefato produzido por transpiração nos eletrodos frontais.
129
Figura 10. Artefato nos eletrodos F3 e O2.
130
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 11. Artefato no eletrodo C3 por movimento popping de eletrodo.
131
Figura 12. Artefato pelo mau contato do eletrodo.
132
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
um caráter rítmico no contexto de pacientes com mo-
vimentos anormais (por ex., tremores).
3.1.3. Movimento dos cabos dos eletrodos: este artefato tem 
uma morfologia desorganizada que não parece ati-
vidade eletroencefalográfica. Os grafoelementos fre-
quentemente apresentam reversão de fase, mas esta 
não é compatível com uma polaridade ou um campo 
elétrico de origem cerebral (Figura 13).
3.1.4. Ponte de sal: quando há transpiração, um eletrodo 
pode interagir com o gel ou a pasta condutora de outro 
ou outros vizinhos e produzir uma ponte salina. 
3.2. Artefatos de dispositivos externos
Os artefatos de dispositivos externos com frequência pro-
duzem ondas muito diferentes das geradas pelo cérebro. É 
papel do técnico em EEG reconhecer esses artefatos, mar-
cá-los, descobrir a sua origem e, idealmente, sempre que 
possível, corrigi-los. Tais artefatos podem simular um padrão 
ictal.
São basicamente quatro:
3.2.1. Ruído do ambiente elétrico 50/60 Hz: o artefato 
ambiental mais frequentemente encontrado é o 
de 50 ou 60 Hz, dependendo do tipo de corrente 
alternada de cada país. Os equipamentos de EEG 
possuem filtros que permitem removê-los, mas só 
devem ser usados após as medidas utilizadas para 
melhorar o aterramento do aparelho e do ambien-
te terem falhado, uma vez que podem alterar o re-
gistro4,6. Os artefatos podem ser gerados quando o 
paciente está conectado a mais de uma terra com 
valores diferentes5. Ainda esses artefatos gerados 
por campos eletromagnéticos produzidos por equi-
pamentos como ventiladores, ar-condicionado, 
lâmpadas fluorescentes ou outros dispositivos pró-
ximos ao paciente são mais difíceis de eliminar e 
deve-se tentar evitar que estejam ligados durante o 
registro2,3. Tais artefatos são geralmente observados 
em todos os canais, mas, quando a resistência dos 
eletrodos não é similar, podem estar restritos a um 
ou mais canais3 (Figura 14). A diferenciação de ar-
tefatos de 50 Hz ou 60 Hz com artefatos muscula-
res pode ser facilitada pela compressão do registro 
quando se observará que os artefatos musculares 
têm conformação sinusoidal, a qual não é observa-
da em artefatos de corrente alternada4.
3.2.2. Gotejamento intravenoso: a carga eletrostática das go-
tas pode produzir um ruído elétrico no EEG semelhan-
te a uma espícula associada com a regularidade do 
gotejamento.
133
Figura 13. Artefato de movimento dos cabos. Nota-se que a sua morfologia e polaridade têm uma lógica. Além disso, o ECG está alterado.
134
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 14. Artefato de corrente alternada de 50 a 60 Hz. É corrigido ativando-se o filtro notch.
135
3.2.3. Dispositivos elétricos (bombas de infusão, celulares 
etc.): qualquer equipamento com um motor elétrico 
pode produzir artefatos de grande amplitude e morfo-
logia espicular. O artefato é produzido pela atividade 
motora e pode ser constante ou intermitente, como é o 
caso de bombas de infusão.
3.2.4. Efeitos mecânicos: dispositivos mecânicos, como venti-
ladores e bombas de circulação, muitas vezes produzem 
artefatos com componentes mais lentos do que os de ou-
tros dispositivos elétricos. O artefato é gerado pelo movi-
mento dos eletrodos ou do corpo e pode ter um aspecto 
enganosamente evolutivo ou recrutante (Figuras 15 a 17).
3.2.5. Movimentos de pessoas: o movimento das pessoas 
no ambiente de registro pode causar artefatos gerados 
pelo seu movimento ou com as roupas que usam em 
sua passagem perto dos cabos de registro. Por isso, é 
importante evitar que as pessoas se desloquem no am-
biente durante o registro2,3.
3.2.6. Artefatos de registro por falha de equipamento: apa-
recem abruptamente e, geralmente, comprometem 
todos os canais. A sua forma é muito diferente da ati-
vidade cerebral e, por esse motivo, são facilmente re-
conhecidos, mas podem impossibilitar a interpretação 
do traçado ou requerer apoio técnico especializado3.
136
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 15. Artefato mecânico de compressão rítmica do tórax durante cinesioterapia respiratória.
137
Figura 16. Artefato mecânico pelo ato de coçar o couro cabeludo.
138
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 17. Artefato mecânico por golpes no tórax posterior após a alimentação em um lactente de 3 meses.
139
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rophysiol Suppl. 1999;52:S7-S10.
141
Capítulo 6
Parâmetros para 
registro neonatal
1. Técnicas de monitorização
A polissonografia neonatal deve ser feita em um ambien-
te favorável ao neonato, sem prejuízo ao seu cuidado e ali-
mentação. O comportamento do recém-nascido (RN) deve ser 
observado em tempo real ou por meio de videomonitoramen-
to por um observador treinado em reconhecer os diferentes 
estados de um RN. A observação clínica talvez seja a única 
maneira de reconhecer o estado de vigília e distingui-lo dos 
períodos de agitação relacionados a diferentes situações du-
rante o sono.
A tabela 1 mostra a caracterização das fases de sono e vigília 
mediante a observação comportamental de acordo com Prechtl1.
Magda Lahorgue Nunes
142
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Tabela 1. Reconhecimento do comportamento no sono e na 
vigília de recém-nascidos1
Estado Comportamento Estado sono/vigília
1 Respiração regular, ausência 
de movimentação, olhos 
fechados
NREM
2 Respiração irregular, movi-
mentos leves, olhos fechados
REM
3 Respiração regular, criança tran-
quila, olhos abertos, não chora
Vigília
4 Respiração irregular, movi-
mentos bruscos, olhos aber-
tos, não chora
Vigília
5 Respiração irregular, movi-
mentos bruscos, olhos abertos 
ou fechados, chorando
Vigília
O registro polissonográfico pode ser realizado tanto em 
papel como em dispositivos digitais. Os requisitos técnicos de 
registro são os mesmos em ambos os casos. A duração mínima 
deve ser a necessária para observar um ciclo completo de sono, 
incluindo um episódio completo de sono REM - NREM - REM 
(no período neonatal, o sono REM é também chamado sono 
ativo e o sono NREM, sono passivo), ou seja, com duração ao 
redor de 40 a 60 minutos.
De acordo com o objetivo do estudo, podem ser utilizadas di-
ferentes combinações de eletrodos e técnicas. O local de fixação 
dos eletrodos deve ser limpo com álcool para reduzir a resistência 
elétrica da pele, que é elevada em recém-nascidos. A impedância 
deve ser inferior a 10 KOhms. 
Os eletrodos devem ser posicionados de acordo com o sis-
tema 10-20, abrangendo toda a extensão do crânio, embora 
seja utilizado um número reduzido de eletrodos que devem 
ser posicionados com distância dupla entre si. A velocidade 
do registro deve ser ajustada para 15 mm/s. Para a realiza-
ção do registro se exigem, pelo menos, oito canais de EEG, 
devendo ser incluídos os eletrodos Fp1 (ou F1), Fp2 (ou F2), 
C3, C4, T3, T4, O1, O2 e Cz. No sistema 10-20 modificado 
para RN, os eletrodos Fp1 e Fp2 têm suas posições altera-
das, ou seja, deverão ser colocados a meia distância entre 
Fp1-F3 e Fp2-F4, sendo chamados F1 e F2 (Tabela 2) (Figura 
1). A razão para o reposicionamento dos eletrodos Fp1 e Fp2 
é que, em decorrência da imaturidade, os lobos frontais não 
se estendem tão anteriormente no crânio como em crianças 
mais velhas. Assim, os eletrodos Fp1 e Fp2 devem ser deslo-
cados 10% para trás da sua localização normal, ou seja, 20% 
a partir do násio em relação à distância total násio-ínio e a 
10% da linha média da medida circunferencial, passando a 
chamar-se F1 e F2.
143
Figura 1. Colocação dos eletrodos no couro cabeludo. 1) F1-C3; 2) C3-O1; 3) F2-
C4; 4) C4-O2; 5) F1-T3; 6) T3-O1; 7) F2-T4; 8) T4-O22.
31 75
426 8
F2F1
Tabela 2. Exemplo de montagem neonatal.
Montagem neonatal Montagem neonatal modificada
Fp1- T3 F1- T3
T3-O1 T3-O1
Fp1-C3 F1-C3
C3-O1 C3-O1
Fp2-T4 F2-T4
T4- 02 T4- 02
Montagem neonatal Montagem neonatal modificada
Fp2-C4 F2-C4
C4-O2 C4-O2
T3-C3 T3-C3
C3- Cz C3- Cz
Cz-C4 Cz-C4
C4- T4 C4- T4
EOG esquerdo EOG esquerdo
EOG direito EOG direito
EMG mento EMG mento
Respiração Respiração
ECG ECG
Para registros neonatais, deve-se preferir eletrodos ovais de clo-
reto de prata com um diâmetro de 5 a 7 mm, fixados por meio 
de pasta adesiva condutora. O registro com montagens bipolares 
facilita a detecção de assincronias fisiológicas dos grafoelementos 
próprios do RN prematuro e auxilia a reduzir potenciais artefatos. 
Deve-se considerar que a atividade eletroencefalográfica neonatal é 
muito lenta, devendo-se utilizar filtros com as seguintes característi-
cas: filtro de alta de 70 Hz, filtro de baixa de 0,53 Hz e constante de 
tempo de 1 a 1,2 segundo. Além disso, sempre que possível devem 
144
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
ser monitorados parâmetros poligráficos: eletromiograma, EOG, 
ECG, monitoração do fluxo aéreo nasal, além dos movimentos res-
piratórios abdominais. Na impossibilidade de registro desta nature-
za, a observação visual e o registro das ocorrências, realizados de 
forma permanente por um técnico em EEG com experiência, são 
obrigatórios.
Os movimentos oculares podem ser registrados por detec-
tores mecânicos (piezoelétricos), por observação direta ou pela 
eletro-oculografia (EOG). Os eletrodos destinados ao registro 
eletro-oculográfico devem ser independentes e não se deve uti-
lizar os eletrodos Fp1 e Fp2. Um eletrodo é posicionado abaixo 
e lateralmente ao rebordo externo do olho, o outro, ligeiramen-
te lateral ao násio e o outro, em áreas homólogas contralaterais 
(Figura 2).
O registro da respiração fornece informações sobre o ritmo 
respiratório (detecção de pausas respiratórias) e identifica arte-
fatos de movimentos da cabeça e pescoço associados com a 
respiração.
Lembre-se de que a respiração do RN é abdominal, de 
modo que a cinta de respiração deve ser colocada 2 cm acima 
do umbigo. Se são utilizados eletrodos para o registro, estes 
devem ser colocados com 2 cm de distância entre si (Figura 3).
Figura 2. Posição dos eletrodos bipolares para registro de EOG.
Figura 3. Posição da cinta ou dos eletrodos para registro da respiração.
O ECG fornece informações sobre o ritmo cardíaco e per-
mite a identificação de artefatos dos batimentos cardíacos no 
EEG. O ECG pode ser registrado usando eletrodos semelhantes 
aos utilizados no EEG ou por meio de um cardioneumógrafo.
As mudanças do tônus muscular relacionadas com os dife-
rentes estágios do sono são avaliadas pela EMG submentual do 
RN, que é captada por eletrodos semelhantes aos utilizados no 
145
EEG ou com eletrodos cutâneos. Os eletrodos de registro devem 
ser fixados na protuberância do queixo e a referência (que pode 
ser ligada à terra), a 1,5 cm da mandíbula. A técnica de regis-
tro é semelhante à utilizada durante a EMG dos músculos res-
piratórios (diafragma, genioglosso, abdominal). A detecção dos 
movimentos corporais fornece informações sobre a atividade 
motora e permite a identificação de artefatos nos outros canais 
da poligrafia. Esses movimentos podem ser detectados utilizan-
do diferentes técnicas: observação visual ou assistida por vídeo 
com anotação em papel, actímetro (que no neonato deve ser 
utilizado apenas se através de um aparelho pequeno e leve) e 
transdutores piezoelétricos, como os empregados para detectar 
movimentos oculares. Os artefatos detectados no EEG também 
podem ser usados para avaliar a atividade motora.
As figuras4A, 4B, 5A, 5B e 5C mostram as características 
neurofisiológicas do sono REM (ativo) e NREM (passivo) de 
acordo com a idade gestacional do RN3.
2. Regras básicas de interpretação
Para uma análise correta do EEG neonatal, é necessário 
que o eletroencefalografista conheça os diferentes aspectos 
da ontogênese do sono e seja capaz de identificar tanto os 
padrões anormais quanto os grafoelementos normais próprios 
dessa faixa etária. É essencial que o neonatologista ou o neu-
rologista que solicitou o exame informe a razão do pedido, 
forneça um relatório da história clínica do paciente e indique 
a idade gestacional. A idade concepcional ou corrigida, cal-
culada no dia do exame, é obtida a partir da soma da idade 
gestacional e dos dias de vida. Por exemplo, um RN com ida-
de gestacional de 32 semanas realizando seu EEG com 14 
dias de vida tem idade concepcional de 34 semanas. Estabe-
leça uma metodologia e tente seguir a mesma dinâmica em 
todos exames analisados4.
3. Pontos fundamentais para interpretação 
adequada
1) Caracterização das fases do sono. Descrever a ordem de 
aparecimento dos vários estados e sua duração. No final 
do exame, informar se o despertar foi espontâneo ou es-
timulado.
2) Descrição do ritmo de base. 
3) Cálculo da idade eletroencefalográfica: esse dado informa 
o grau de maturidade da atividade bioelétrica do cérebro. 
Em nosso laboratório, usamos os seguintes parâmetros para 
avaliar a idade gestacional/concepcional: a) número de fu-
sos delta contados no mesmo canal durante o sono NREM 
e REM; b) porcentagem de sincronização inter-hemisférica 
durante os sonos NREM; c) duração do maior intervalo en-
tre picos de atividade durante o sono NREM3-5.
146
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 4A. Sono NREM. Verifique o traçado descontínuo com longos intervalos intersalvas, observados até a semana 34 da idade gestacional.
147
Figura 4B. Sono REM (sono ativo) em RN com idade gestacional inferior a 34 semanas. Note o traçado descontínuo com intervalos intersalvas de duração mais curta 
do que no sono passivo (NREM).
148
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 5A. Sono REM (sono ativo) em RN com idade gestacional superior a 34 semanas. Note traçado contínuo com mistura de frequências e média amplitude.
149
Figura 5B. Sono NREM. Traçado de RN com idade gestacional entre 34 e 44 semanas. Observe o padrão contínuo com traçado alternante.
150
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 5C. Sono NREM. Observe o padrão contínuo de ondas lentas de alta voltagem em RN com mais de 40 semanas de idade concepcional.
151
4) Descrição da presença/ausência de atividade paroxística 
anormal ictal.
5) Se houver registro de atividade ictal, compará-la com 
sua manifestação clínica (tipo de crise).
6) Se houver registro de crise eletrográfica sem manifesta-
ção clínica, descrever sua duração e localização.
7) No caso de registro poligráfico, descrever as variáveis 
fisiológica extracerebrais registradas.
8) Caracterizar o padrão respiratório descrevendo quan-
tidade, tipo e duração de apneias. Correlacionar as 
pausas respiratórias com as fases do sono, frequên-
cia cardíaca, saturação de oxigênio, despertar, ge-
midos e movimentos corporais bruscos. Verificar o 
tempo total de respiração periódica, descrevendo-o 
como uma porcentagem do tempo total de sono.
9) A conclusão do relatório deve incluir comentários sobre: a) 
a organização do sono; b) a atividade eletroencefalográfica 
normal, incluindo a comparação da idade determinada pelo 
EEG com a idade concepcional e o padrão respiratório.
Para que o resultado do exame seja útil para o pediatra/
neonatologista/neurologista que o solicitou, é essencial ten-
tar estabelecer uma correlação clínico-eletroencefalográfica. 
Lembre-se de que o EEG neonatal é um método importante 
de investigação, não invasivo e de fácil obtenção, que possui 
forte correlação com o prognóstico neurológico.
Recomenda-se como leitura complementar o artigo: Regis-
tro electroencefalográfico normal y anormal del RN. Revista 
Chilena de Epilepsia. 2015;2:12-35.
Referências
1. Prechtl HFR. The behavioral states of the newborn infant (a review). Brain 
Res. 1974;76:183-212.
2. De Weerd AW, Despland PA, Plouin P. Neonatal EEG. In: Deuschl G, Eisen A 
(eds.) Recommendations for the practice of clinical neurophysiology: guide-
lines of the International Federation of Clinical Neurophysiology. Amsterdam: 
Elsevier, 1999. p.149-157.
3. Nunes ML, Da Costa JC. Manual de EEG e polissonografia neonatal: atlas 
de traçados. Porto Alegre: Edipucrs, 2003.
4. Nunes ML, Da Costa JC. Polisomnografia neonatal. In: Davi P, Blanco M, 
Pedemonte M, et al. (eds.). Medicina del sueño. Santiago: Mediterraneo, 
2008.
5. Curzi-Dascalova L, Mirmiran M. Manual of methods for recording and an-
alyzing sleep-wakefulness states in preterm and full-term infant. Paris: In-
serm, 1996.
153
Capítulo 7
Requisitos e 
procedimentos mínimos 
para registros de EEG em 
lactentes e crianças
Guilca Contreras-Caicedo
1. Introdução
Os princípios para realização do eletroencefalograma 
(EEG) em crianças são basicamente os mesmos dos adultos 
(ver capítulo 3). No entanto, existem recomendações especiais 
para essa faixa etária, especialmente em relação à fixação dos 
eletrodos, provas de ativação, técnicas de privação de sono 
específicas para cada idade e sedação.
Cabe destacar que a agilidade do técnico em fazer um exa-
me divertido e não assustador para a criança é a chave para a 
obtenção adequada do registro.
Neste capítulo, são fornecidas as informações básicas que 
o técnico deve anotar na ficha técnica do registro e, muito bre-
vemente, os principais marcos da maturação que devem ser 
identificados pelo eletroencefalografista e pelo técnico, muitas 
vezes mal interpretados como anormalidades a olhos inexpe-
rientes.
154
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
2. Visão geral
O registro do EEG é realizado com os mesmos padrões 
apresentados nos capítulos 2 e 3. A seguir, são descritas as di-
ferenças pontuais da faixa etária pediátrica.
2.1. Número de eletrodos
Devem ser utilizados todos os 21 eletrodos e suas respecti-
vas posições conforme a recomendação da Federação Interna-
cional de Neurofisiologia Clínica. O sistema 10-20 é o único 
sistema de colocação de eletrodos oficialmente recomendado 
e utilizado em todos os pacientes com circunferência da cabe-
ça maior que 36 cm. Em recém-nascidos e em pacientes com 
microcefalia, pode ser usada a montagem para recém-nascido 
(ver capítulo 6). Se for necessário inserir eletrodos adicionais, 
estes devem ser fixados de acordo com o sistema 10-10 (para 
mais detalhes, ver o capítulo 3).
2.2. Colocação dos eletrodos
Já que as crianças, especialmente as mais jovens, tendem a 
se movimentar durante a maior parte do registro, a colocação 
dos eletrodos no local correto é difícil e deve ser feita com mui-
to cuidado. Podem ser aplicados com pasta condutora ou gel 
condutor e colódio. No caso de registros prolongados (mais de 
24 horas de duração), o uso de colódio é preferível em pacien-
tes com idade superior a 1 ano, a fim de melhorar a fixação e 
evitar que os eletrodos se soltem pela inquietação da criança. 
O uso de colódio não é recomendado para idades mais jovens, 
sendo contraindicado a recém-nascidos por sua elevada toxici-
dade e risco de laceração do couro cabeludo.
Em alguns laboratórios, o colódio foi substituído por creme de 
eletrodos (por exemplo, Genuine grama EC2®) cuja vantagem é 
não ser abrasivo e ser hidrossolúvel, portanto facilmente removido 
com água. Sua desvantagem é que a pasta requer tempo de seca-
gem mais longo e, assim, maior atraso na fixação dos eletrodos.
A cabeça deve ser envolvida com um curativo para assegu-
rar que os eletrodos permaneçam no local. Uma outra alterna-
tiva é o uso de malha tubularelástica (por exemplo, Surgifix®), 
que, por ser elástica e não conter tecido grosso, permite a fi-
xação dos eletrodos sem perda da visibilidade, possibilitando 
alterar ou recolocar um eletrodo se este se soltar durante o re-
gistro (Figura 1).
2.3. Manobras de ativação
2.3.1. Manobra de abertura e fechamento palpebral
A comparação do que acontece com o registro de uma de-
terminada atividade durante a abertura e o fechamento palpebral 
é um importante método de avaliação em eletroencefalografia. 
Alguns ritmos podem ser mascarados pela atividade alfa e só se 
tornam visíveis quando o ritmo alfa é atenuado pela abertura dos 
155
Figura 1. Uso de malha tubular elástica que permite a fixação segura de 
eletrodos, sem perda da visualização, possibilitando a eventual correção deles 
durante o exame.
olhos. Certos movimentos oculares podem assemelhar-se com a 
atividade delta ou teta frontal e a abertura ocular pode auxiliar na 
sua diferenciação. Além disso, uma atividade paroxística pode 
manifestar-se somente quando os olhos estão abertos ou apenas 
quando fechados ou, ainda, no momento da transição, de modo 
que a não realização da abertura e do fechamento palpebrais 
como um processo de rotina durante o registro pode reduzir a 
possibilidade de se obter informações muito importantes. Esse 
procedimento é tão simples que é injustificável não o realizar.
Em crianças com mais de 3 meses de idade e até que haja 
cooperação delas, recomenda-se que os olhos sejam mantidos 
fechados manualmente pelos pais ou técnico, durante cinco 
segundos, sendo esse um tempo geralmente eficaz para de-
monstrar o ritmo posterior dominante. A técnica de jogo com 
o paciente de “onde está”, “achou” ou “peek-a-boo” também 
pode ser uma alternativa divertida e menos ameaçadora para a 
criança (Figura 2).
Figura 2. Técnica de jogo para obter o fechamento palpebral da criança, a fim de 
definir o ritmo posterior. Jogo "Onde está?" ou “Peek-a-boo”.
156
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
2.3.2. Fotoestimulação ou estimulação luminosa 
intermitente
Em pacientes pediátricos, a manobra de fotoestimulação é 
realizada em uma sala de EEG escura e com o paciente prefe-
rencialmente sentado. As crianças pequenas podem ser enco-
rajadas a sentar-se no colo de um dos pais, porém como este 
também será exposto ao estímulo de luz e fotossensibilidade 
é um traço reflexo genético, deverá sempre ser questionado 
antecipadamente se tem ou não epilepsia e se é ou não fotos-
sensível. Nesse caso, deverá ser obtido o consentimento para 
acompanhar a criança, pelas consequências indesejáveis que 
podem ocorrer durante a estimulação luminosa.
A fotoestimulação deve ser realizada três minutos depois ou 
antes da hiperventilação. Realizada ao final do registro e tendo 
sido efetuada a ativação pela hiperventilação no início, facili-
ta-se a obtenção de um sono espontâneo durante o estudo, es-
pecialmente em crianças. No entanto, é muito importante que, 
nesses casos, o técnico assegure o registro de vigília satisfatório 
antes de iniciar a prova.
O procedimento de estimulação luminosa intermitente ava-
lia respostas específicas que ocorrem em vigília, por isso deve 
ser sempre realizado em vigília, e não em sono, exceto em 
pacientes com comprometimento de consciência, nos quais 
rotineiramente essa prova é realizada para avaliar a reatividade 
dos ritmos.
A estimulação luminosa produz o arrastamento fótico fisio-
lógico desde o período neonatal no RN a termo, no entanto 
não é utilizada nessa faixa etária. Recomenda-se realizar esse 
procedimento de ativação após os 3 meses de idade, sendo sua 
resposta mais evidente após os 6 anos de idade.
Para que a criança olhe para o centro da lâmpada, pode-se 
colocar um brinquedo um pouco acima e por trás da lâmpada 
de estimulação.
Como é ideal que a fotostimulação seja realizada durante 
o fechamento palpebral, com os olhos fechados e os olhos 
abertos, em crianças menores de 4 anos ou naquelas que 
não cooperam (pacientes com incapacidade cognitiva ou 
distúrbios comportamentais), os olhos devem ser fechados 
passivamente pelos pais ou pelo técnico (com cuidado para 
permitir a passagem do estímulo luminoso). Normalmente, 
as crianças acima de 4 anos colaboram para o fechamento 
dos olhos.
2.3.3. Hiperventilação
Deve ser realizada de rotina, a não ser que existam razões 
médicas ou outros motivos que a contraindiquem (ver capítulo 
3). A prova de hiperventilação também deve durar três minutos, 
como nos adultos, porém deve ser realizada por mais tempo (cin-
co minutos) nos pacientes que estão em investigação por crises 
de ausência.
157
Para avaliar o efeito dessa técnica de ativação, deve ser 
realizado um registro de pelo menos um minuto prévio à 
hiperventilação com a mesma montagem que será utilizada 
durante o procedimento. É fundamental que o técnico espe-
cifique no traçado ou em folha avulsa a qualidade do esforço 
do paciente durante a prova (bom esforço, regular ou ruim). 
A hiperventilação em crianças pode ser realizada a partir do 
momento que elas colaborem com a manobra, geralmente a 
partir dos 3 anos de idade. Utiliza-se o recurso de soprar uma 
folha de papel, que deve ser mantida elevada ou, de forma 
mais lúdica, com um cata-vento (Figura 3), explicando-se pre-
viamente à criança como ela deverá proceder e reforçando 
que o catavento deve ser mantido girando durante todo o pro-
cedimento.
O alentecimento progressivo, intermitente e em salvas do tra-
çado de base durante a infância pode ser muito intenso e não é 
infrequente que seja confundido com atividade epileptiforme por 
olhos inexperientes (Figura 4).
2.3.4. Registro de sono
Sempre se deve tentar registrar sonolência e sono, dado que 
muitas informações adicionais podem ser obtidas durante esses 
estágios, reconhecidamente mais sensíveis para a detecção de 
atividade epileptiforme. Por outro lado, em crianças inquietas 
ou que não cooperam, o traçado de vigília pode conter muitos 
artefatos, os quais impossibilitarão sua análise.
Figura 3. O cata-vento permite que a criança realize uma hiperventilação mais 
lúdica, imprimindo maior qualidade de esforço.
A obtenção do sono natural é desejável e, para que isso 
ocorra, aplicam-se regras básicas de privação de sono.
Se a criança necessitar de sedação, deve ser utilizada a me-
nor dose necessária e sempre associada à privação de sono, a 
fim de evitar efeitos adversos. Por outro lado, será necessário 
despertar o paciente no final do registro com o objetivo de ob-
ter a reação de despertar, o registro em vigília e a realização da 
prova de estimulação fótica no final do estudo.
158
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 4. Marcada lentificação do traçado de base ante a prova de hiperventilação.
159
3. Sedação para o EEG de crianças
A realização do EEG exige a cooperação do paciente, de 
modo que manter as crianças quietas e imóveis, especialmen-
te as mais jovens e aquelas com deficiências cognitivas e/ou 
transtornos do espectro autista, pode ser difícil e desafiador. 
O treinamento antes do estudo pode ser um método eficaz, 
porém mesmo assim algumas crianças necessitam de sedação 
para realizar o exame. É importante ressaltar que, independen-
te da idade, o registro de sono natural é preferível ao induzido 
por um fármaco hipnótico.
Idealmente, no procedimento de sedação para o EEG, 
devem ser utilizados agentes que não alterem o registro, por 
exemplo, que não induzam marcada impregnação farmacoló-
gica ou supressão da atividade epiléptica. Além disso, devem 
ter um início e final de ação rápida e previsível, com depres-
sões respiratória e cardiovascular mínimas.
O uso de qualquer fármaco sedativo em crianças deve ser 
precedido por uma breve, mas clara, explicação do procedimen-
to a ser realizado para os pais, qual a duração do efeito e possí-
veis efeitos adversos. Todos os pais que autorizarem a sedação 
devem assinar um consentimentoinformado, o qual deve ser 
parte dos protocolos no laboratório de EEG.
Os medicamentos mais utilizados para sedação são hidrato 
de cloral e melatonina2.
3.1. Hidrato de cloral
O hidrato de cloral é um halogênio orgânico que foi sin-
tetizado pela primeira vez por Justin Liebig em 1832 e é uti-
lizado como sedativo e hipnótico desde 1869. Apesar da sua 
utilização durante anos como método de escolha no EEG em 
crianças, o seu mecanismo de ação no sistema nervoso central 
ainda é desconhecido.
É administrado principalmente por via oral ou retal. Para ad-
ministração VO, usa-se o xarope preparado em 5% (adoçado e 
aromatizado), em uma dose de 0,5 a 1 ml por kg de peso cor-
poral (25 a 50 mg/kg), com um máximo de 30 ml (1,5 g), admi-
nistrados 30 minutos antes do registro. O pico de concentração 
plasmática é alcançado em 60 a 180 minutos após a administra-
ção, seu efeito hipnótico ocorre em 20 a 60 minutos e dura entre 
60 e 120 minutos.
Embora o uso em doses adequadas e bem monitorado 
o torne um fármaco seguro, é importante conhecer as suas 
desvantagens e potenciais efeitos adversos. Entre os mais im-
portantes, destacam-se sabor desagradável, náuseas, vômitos, 
ataxia, agitação, irritação gástrica e depressão respiratória 
(em superdosagem). O hidrato de cloral é contraindicado em 
casos de úlcera péptica, insuficiência hepática, porfiria, insu-
ficiência respiratória, ingestão de anticoagulantes e hipersen-
sibilidade3,4.
160
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
3.2. Melatonina
A melatonina (5-metóxi-N-acetiltriptamina) é uma indola-
mina, um hormônio produzido pela glândula pineal, cuja sín-
tese é controlada por vários fatores externos, incluindo a luz 
ambiental. A melatonina é um indutor natural do sono de fácil 
administração oral, que desempenha um papel na modulação 
do ritmo circadiano do sono.
A dose recomendada é de 0,3 mg/kg por via oral, 0,5 a 1 
hora antes do registro (3 a 6 g, VO, é a dose usual). O pico de 
concentração plasmática é alcançado em 20 a 120 minutos 
após a administração, o início da ação ocorre em 30 a 120 
minutos e a meia-vida de eliminação é de 30 a 50 minutos.
Os principais efeitos adversos da melatonina incluem sono-
lência diurna, tonturas e cefaleia.
Tem sido relatado que a melatonina pode ter efeitos ne-
gativos sobre a coagulação, a pressão arterial e o índice 
glicêmico, por isso deve ser utilizada com precaução em 
doentes de risco, como aqueles com distúrbios hemorrá-
gicos, hipertensão arterial e diabéticos, bem como em pa-
cientes transplantados, dado que aumenta a resposta imu-
nológica5,6.
Em crianças difíceis, por exemplo, pacientes com distúrbios 
do espectro autista, retardo mental, distúrbio de comportamen-
to grave etc., pode até mesmo se combinar o uso de hidrato de 
cloral e melatonina quando os pais advertirem que a coopera-
ção será muito difícil.
A sedação não substitui a privação parcial do sono, que 
deve ser exigida dos cuidadores sempre que se utilizar seda-
ção, a fim de requerer dose mínima e reduzir os riscos de efei-
tos adversos.
4. Informações clínicas que devem ser obtidas 
pelo técnico para a gravação de EEG em pediatria
1. As informações clínicas devem incluir aspectos relevantes 
do nascimento (idade gestacional, Apgar, período neonatal).
2. Antecedentes do desenvolvimento neurológico da criança.
3. Motivo da solicitação do exame (dados importantes da 
doença atual, sinais e sintomas clínicos que estabeleçam 
o tipo de crise e epilepsia ou síndrome epiléptica).
4. Estabelecer, de acordo com a síndrome epiléptica estuda-
da, se são necessárias manobras específicas de ativação 
(ver capítulo 8).
5. Antecedentes mórbidos pessoais: doenças subjacentes que 
possam contraindicar a hiperventilação, fármaco(s) que re-
cebe, data e hora da última crise epiléptica (se houver).
6. Frequência de crises epilépticas e o momento em que 
se apresentam (por exemplo, se são crises ao despertar, 
161
sempre realizar o registro do EEG durante a reação de 
despertar, o qual deverá ser mantido pelo menos 15 mi-
nutos após).
7. Perguntar se existe um desencadeante específico para as 
crises epilépticas.
8. Hora da última refeição ou ingestão hídrica.
9. Perguntar sobre a presença de alergias a fármacos, es-
pecialmente se é necessário sedar ou usar qualquer me-
dicamento no caso de uma crise epiléptica durante o 
exame.
5. Preparação adicional para registro do EEG em 
lactentes e crianças
1. As crianças devem comparecer com roupas confortá-
veis para realizar o EEG, mantendo-se em temperatura 
confortável, sem frio e evitando a transpiração por ex-
cesso de roupas ou casacos. Levar uma muda de roupa, 
se possível.
2. Os lactentes devem ser alimentados antes ou durante o 
registro, a fim de facilitar o sono.
3. Lembre-se sempre de solicitar que a criança vá ao ba-
nheiro antes de começar o exame.
4. Para facilitar o sono, os cuidadores devem ser aconse-
lhados a evitar sonecas ao levar a criança para a sala de 
monitorização. Em lactentes e crianças jovens, o ideal é 
registrar o exame na parte da manhã, a fim de evitar a 
fadiga da criança e obter mais colaboração.
5. Assim como para os adultos, deve se evitar jejuns de 
mais de quatro horas de duração.
6. Aspectos essenciais da maturação do EEG a 
serem reconhecidos no traçado de lactentes e 
crianças
A análise do EEG a partir de 2 meses de idade é diferen-
te da utilizada na avaliação dos traçados durante o período 
neonatal (ver capítulo 6). Na maturação do EEG, há certos 
grafoelementos que aparecem em determinadas idades e as 
respostas do traçado perante diferentes provas de estimula-
ção, próprias da criança, são importantes para reconhecer e 
diferenciar daquelas da atividade anormal.
A partir dos 12 anos de idade, o EEG da criança é muito 
semelhante ao do adulto7.
6.1. Atividade de base
Ritmo posterior de vigília
O ritmo posterior da vigília é um dos principais parâmetros 
para análise da atividade de base do EEG em qualquer idade. A 
162
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
criança distingue grandes mudanças na frequência, morfologia e 
amplitude ao longo do desenvolvimento. Tais variações depen-
dentes da idade são tão características que é possível, para os 
eletroencefalografistas mais experientes, inferir qual é a idade da 
criança com base na análise do ritmo posterior de vigília.
Até o final do primeiro mês, o EEG de um recém-nascido a 
termo apresenta, durante a vigília tranquila, atividade rítmica 
de 1 a 2 Hz. Aos 2 meses de idade, 3 a 4 Hz. Ao longo do pri-
meiro ano de vida, sofre aumento da frequência, atingindo 5 a 
6 Hz de frequência com 1 ano de idade.
Entre 1 e 3 anos, observa-se uma aceleração gradual, che-
gando o ritmo posterior em vigília a uma frequência de 8 Hz. No 
entanto, a regulação dessa frequência varia entre os indivíduos, 
havendo um grupo de crianças normais de 3 anos com um rit-
mo posterior de vigília a 8 Hz bastante estável, enquanto outras 
apresentam partes do registro com essa frequência e outras par-
tes com frequências de 6 a 7 Hz. Aos 3 anos, a reatividade do 
ritmo alfa à abertura palpebral está bem estabelecida (Figura 5).
Ritmo alfa posterior com frequência superior a 8 Hz é obri-
gatório após os 4 anos de idade.
Modulação lenta juvenil
As ondas lentas no EEG em vigília durante a infância se apre-
sentam de forma fisiológica predominantemente nas regiões 
posteriores. Observa-se uma sobreposição do ritmo alfa sobre 
Hz
4 meses
75% 4 Hz
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
3 anos
80% 8 Hz
9 anos
65% 9 Hz
15 anos
65% 10 Hz
Idade em anos
10
9
8
7
6
5
4
1
Figura 5. Evolução da frequência de ritmo alfa com a idade7.
essas ondas delta, adquirindo a forma de “dedos de luva” com 
amplitude e frequência irregulares, chamada de modulação len-
ta juvenil. É comumente encontrada ao longo da adolescência 
e não deve ser confundida com um ritmo alfa lento (Figura 6).
6.2.Sonolência e sono
Hipersincronia hipnagógica
Consiste em surtos de atividade monomórfica, lenta, na frequên-
cia teta (4-6 Hz), de amplitude elevada e projeção difusa, de expres-
são máxima nas regiões centroparietais e sagitais. É característica 
de sonolência e tende a desaparecer quando o sono é consolidado 
163
Figura 6. Observe atividade delta superposta ao ritmo alfa posterior, com variação da amplitude, dando um aspecto de “dedos de luva”, característico da infância, e 
denominada modulação lenta juvenil.
164
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
no estágio N2, com fusos do sono e complexos K. A hipersincronia 
hipnagógica é mais pronunciada em crianças e ainda é evidente na 
criança pré-escolar, tendendo a desaparecer na idade escolar.
É importante que esse elemento normal não seja confun-
dido com surtos de ondas lentas anormais nem fenômenos 
paroxísticos que, para o avaliador inexperiente, podem gerar 
dúvida. É importante destacar a natureza fisiológica desse gra-
foelemento que não deve ser registrado em vigília nem durante 
o sono, apenas na sonolência.
Hipersincronia hipnopômpica
O despertar da criança durante o registro de EEG pode cau-
sar um surto de atividade delta ou teta monorrítmica, seme-
lhante à hipersincronia hipnagógica, que consiste na chama-
da hipersincronia hipnopômpica. Deve ser entendida como o 
mesmo fenômeno da hipersincronia hipnagógica, mas em uma 
sequência inversa, ou seja, ocorre quando se superficializa o 
sono, na transição de um sono mais profundo para a fase N1.
Fusos de sono
O aparecimento de fusos de sono após o nascimento a ter-
mo ocorre a partir de 2 meses de idade. Os fusos de sono na 
criança são assíncronos e com o desenvolvimento, se tornam 
síncronos. Sua assincronia é comum antes dos 3 anos de idade. 
Se os fusos de sono continuam assíncronos depois dos 3 anos 
de idade, este achado deverá ser considerado anormal.
Ondas agudas do vértex
As ondas agudas do vértex são observadas a partir de 5 me-
ses de idade, porém seu aparecimento precoce não deve ser 
considerado anormal.
Referências
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ination in Eletroencephalography. The ten-twenty electrode system 
of the international federation. Electroencephalogr Clin Neurophysiol. 
1958;10:371-5.
2. Ashrafi MR, Mohammadi M, Tafarroji J, et al. Melatonin versus chloral hy-
drate for recording sleep EEG. Eur J Paediatr Neurol. 2010;14(3):235-8.
3. López MEB, Lopez IS, Troncoso LA, et al. Hidrato de cloral y midazolam 
en sedación para electroencefalograma en niños de 1 a 5 años. Rev Chil 
Pediatria. 1995;66(4):204-8.
4. Gauillarad J, Cheref S, Vacherontrystram MN, et al. Chloral hydrate: a hyp-
notic best forgotten? Encephale. 2002;28:200-94.
5. Wassmer E1, Carter PF, Quinn E, et al. Melatonin is useful for record-
ing sleep EEGs: a prospective audit of outcome. Dev Med Child Neurol. 
2001;43(11):735-8.
6. Eisermann M, Kaminska A, Berdougo B, et al. Melatonin: experience in its 
use for recording sleep EEG in children and review of the literature. Neuro-
pediatrics. 2010;41(4):163-6.
7. Kellaway P. An orderly approach to visual analysis: characteristics of the 
normal EEG of adults and children. In: Daly D, Pedley T (eds.). Current 
practice of clinical electroencephalography. 2. ed. New York: Raven, 1990. 
p. 139-99.
165
Capítulo 8
Tipos de EEG, técnicas de 
ativação e protocolos de 
acordo com a síndrome 
epiléptica
Loreto Ríos-Pohl
1. Introdução
Especialmente em crianças, existem padrões de eletroencefalo-
grama que podem ser patognomônicos ou altamente sugestivos de 
uma síndrome epiléptica. É importante reconhecer os diferentes pa-
drões, não só para auxiliar o clínico na sua orientação diagnóstica, 
mas também para que o técnico saiba as características eletroence-
falográficas específicas de cada síndrome epiléptica, para escolher 
o melhor exame e executar as manobras de ativação necessárias.
Os tipos de EEG, técnicas de ativações específicas e acha-
dos eletroencefalográficos característicos das síndromes epi-
lépticas mais frequentes estão detalhados a seguir, sem uma 
análise profunda de suas características clínicas, que excede os 
objetivos do presente capítulo.
1.1. Síndrome de West
Encefalopatia epiléptica idade-dependente (3-12 meses), 
caracterizada por espasmos epilépticos e padrão de eletroen-
cefalograma com anormalidade característica, chamado de pa-
166
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
drão hipsarrítmico. São descritas, além do padrão hipsarrítmico 
clássico, cinco variantes1.
O padrão hipsarrítmico pode aparecer primeiramente apenas 
no sono NREM, com padrões de vigília e sono REM relativa-
mente normais ou alterações focais (Figuras 1 e 2). Os espasmos 
epilépticos geralmente são observados ao despertar.
Tipo de EEG
EEG em sono com reação de despertar e vigília.
- Sempre deve ser registrado o sono NREM, com a rea-
ção do despertar e vigília.
- O exame deve durar pelo menos 15 minutos depois do 
despertar para tentar registrar os espasmos epilépticos.
- O uso de eletrodos de registro adicionais, como EMG 
dos deltoides, é recomendável, já que facilita a de-
tecção das características da contração dos espasmos 
musculares.
1.2. Epilepsia focal benigna da infância com 
descargas centrotemporais
Esta síndrome é também dependente da idade e seu selo são as 
descargas de ondas agudas centrotemporais, que se caracterizam 
por serem ondas agudas bifásicas, estereotipadas, localizadas nas 
regiões centrais ou centrotemporais de forma bilateral síncrona e/ou 
independente, inicialmente em salvas, que podem ocorrer apenas 
no sono NREM, estando ausentes ou presentes muito ocasional-
mente quando em vigília e durante o sono REM. Essa atividade é o 
achado intercrítico característico e peculiar dessa síndrome epilép-
tica (Figuras 3 e 4). A morfologia dessas descargas é sempre este-
reotipada e consiste em uma ampla onda aguda negativa (mais de 
200 µV.), de duração superior a 80 ms, precedida por uma espícula 
positiva de baixa amplitude (0,5 e 0,8 µV.), seguida de uma maneira 
inconstante por uma onda lenta de amplitude sempre menor que 
a da onda aguda. É por isso que a denominação correta desse gra-
foelemento deveria ser complexos de onda aguda-onda lenta e não 
espículas centrotemporais (centrotemporal spikes). 
Após o despertar é frequentemente observada uma diminui-
ção dramática na atividade epileptiforme. Outra característica 
também peculiar desse padrão de EEG é que a estimulação soma-
tossensitiva pode induzir a ocorrência de descargas evocadas nas 
mesmas áreas em que ocorrem as descargas interictais (Figura 5)2.
Tipo de EEG
EEG com privação parcial de sono.
- Deve ser sempre registrados vigília e sono NREM.
- Testes somatossensitivos: pedir que a criança bata 
os dedos polegar e indicador das mãos em interva-
los aleatórios e com frequência variável. Esta é uma 
maneira fácil de induzir o surgimento das descargas 
somatossensitivas evocadas. Se o paciente não coo-
perar, o técnico poderá percutir com um martelo de 
reflexos os dedos das mãos ou dos pés da criança.
167
Figura 1. Paciente de 16 meses com esclerose tuberosa. EEG em vigília evidencia atividade epileptiforme focal interictal parietal direita (P4).
168
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 2. EEG do mesmo paciente da figura 1, em sono NREM com padrão hipsarrítmico.
169
Figura 3. Paciente do sexo masculino com 5 anos de idade. Observe no sono NREM, fase N2, ondas agudas de morfologia característica localizadas nas regiões centro-
temporais bilaterais, com maior expressão à esquerda.
170
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 4. EEG do mesmo paciente da figura 3 após o despertar, na transição sonolência-vigília. EEG evidencia redução significativa da atividade epileptiforme, 
observada apenas na região centrotemporalesquerda.
171
Figura 5. EEG de paciente de 7 anos com epilepsia com descargas centrotemporais. Observe como aparecem ondas agudas centrais esquerdas quando se indica a 
percussão dos dedos da mão direita (teste somatossensitivo).
172
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
1.3. Epilepsia occipital idiopática
São descritos dois tipos de epilepsia occipital idiopática: a 
síndrome de Panayiotopoulos com início na primeira infância 
(3-6 anos) e a epilepsia idiopática occipital tipo Gastaut, de 
início tardio (6-15 anos). Nelas se observa que as descargas são 
acentuadas durante o sono e ativadas pela remoção da visão 
central e da fixação, fenômeno denominado sensibilidade à 
perda da fixação visual (fixation-off sensitivity) (Figuras 6 a 8).
Fixation-off sensitivity (FOS): a eliminação da visão central e da 
fixação deve ser obtida por meio do fechamento dos olhos, no es-
curo ou com lentes +10 esféricas, que é um estímulo precipitante 
específico que induz o aparecimento de descargas focais occipitais 
ou de paroxismos generalizados de voltagem elevada, os quais per-
sistem enquanto o estímulo é mantido, mesmo na presença de luz2.
Tipo de EEG
EEG com privação parcial de sono.
- Devem ser sempre registrados vigília e sono NREM.
- Se a criança é pequena, é recomendável iniciar o re-
gistro em sono leve (a atividade epileptiforme pode ser 
observada somente durante sono) e realizar as mano-
bra de ativação no final do exame, após o despertar.
- Manobra fixation-off sensitivity: com essa manobra, 
espera-se desencadear o aparecimento de descargas 
occipitais em salvas: 
 Executar abertura e fechamento dos olhos.
 No paciente não cooperante, realizar manobra 
de eliminação da visão central com escureci-
mento do quarto ou colocação de uma lente 
+10 esférica.
1.4. Epilepsia ausência da infância
Também idade-dependente, esta síndrome epiléptica tem 
seu pico de manifestação entre os 6 e 7 anos e os pacientes 
afetados apresentam predisposição genética. Seu curso é be-
nigno, sendo mais frequente no sexo feminino. 
As crises epilépticas se caracterizam por ausências bre-
ves que ocorrem com frequência elevada durante o dia (ca-
ráter picnoléptico), com alterações eletroencefalográficas 
que acompanham as ausências clínicas, caracterizadas por 
um padrão de complexos de espícula-onda lenta generaliza-
dos, bilaterais e síncronos, ritmados a 3 Hz, facilitados pela 
hiperventilação em 90% dos casos (Figura 9). A atividade de 
base é normal2. 
173
Figura 6. EEG de paciente do sexo masculino, 6 anos, em vigília. Observe a escassa atividade epileptiforme occipital direita após o fechamento ocular.
174
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 7. EEG do mesmo paciente da figura 5, ao entrar no sono NREM, evidencia um aumento significativo da atividade epileptiforme focal occipital bilateral, com 
predomínio à direita.
175
Figura 8. EEG de paciente de 5 anos, sexo feminino, com epilepsia occipital benigna. Observe o bloqueio das descargas occipitais esquerdas ante a abertura palpebral 
(fixation-off), as quais se reiniciam poucos segundos após voltar a fechar os olhos (imagem comprimida à velocidade: 20 mm/s; sens: 7 µV; HF: 70; LF: 1,6).
176
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 9. EEG de paciente de 9 anos, sexo feminino, consulta por episódios de ausência e baixo rendimento escolar. Observe o padrão de complexos de espícula-onda 
generalizados ritmados a 3 Hz, 1 minuto e 40 segundos após o início da hiperventilação.
177
Tipo de EEG
EEG padrão (em vigília, sem privação de sono), com hiper-
ventilação prolongada de 5 minutos. 
- Durante a hiperventilação, deve-se estar atento aos 
sinais clínicos e, caso o paciente coopere, pode-se 
solicitar que eleve ambos os braços e que conte as 
incursões respiratórias em voz alta. 
- Ao solicitar que a criança assopre um cata-vento, a ma-
nobra se torna mais divertida, o que possibilita uma me-
lhor cooperação.
1.5. Epilepsia mioclônica juvenil
Esta síndrome é uma das mais prevalentes dentre as epilepsias 
generalizadas, correspondendo a 5% do total de todas as epilep-
sias e 25% das epilepsias generalizadas idiopáticas ou genéti-
cas. Clinicamente se caracteriza por início na adolescência pela 
tríade de ausências, abalos mioclônicos e crises tônico-clônicas 
generalizadas. O selo do EEG é o aparecimento das descargas 
poliespícula-onda generalizadas a 3 a 6 Hz, com presença de 
fotossensibilidade em 30% dos pacientes (Figura 10). 
Nesta síndrome, há fatores precipitantes claros, como a pri-
vação do sono e fadiga, além da ingesta excessiva de álcool. O 
estresse mental e as emoções (concentração, hiperexcitação, 
frustração) também podem induzir mioclonias. Ainda é descrita a 
indução das mioclonias nas extremidades superiores por praxia e 
das mioclonias perorais ao falar/ler3. 
Tipo de EEG
EEG com privação parcial de sono, despertar e estimulação 
fótica intermitente. Idealmente com EMG de deltoides. 
- O registro após ao despertar deve se estender por 15 
minutos para registrar mioclonias. 
- A indução de mioclonias focais específicas, através 
de estímulos neuropsicológicos ou praxia não são 
realizados de maneira rotineira.
1.6. Epilepsias reflexas
Estas epilepsias correspondem aproximadamente a 5% de 
todas as epilepsias e se caracterizam por apresentar crises quase 
exclusivamente em resposta a estímulos específicos, que podem 
ser externos ou, com menos frequência, por processamentos 
mentais internos. As crises podem ser focais ou generalizadas. 
Os fatores desencadeantes mais comuns são os estímulos 
visuais ou sensoriais (somatossensoriais, auditivos, olfativos 
ou proprioceptivos). Fatores desencadeantes mais complexos 
como ler, escutar música ou atos práxicos são mais raros. 
Tipo de EEG 
Nestes casos, o EEG deve ser realizado com a aplicação de estí-
mulos desencadeantes específicos. É desejável adicionar vídeo.
178
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 10. EEG de paciente de 14 anos, consultado por mioclonias matinais. Observe a resposta fotoparoxística generalizada, autossustentável, acompanhada 
de mioclonias nas extremidades superiores, registradas nos eletrodos adicionais de deltoides esquerdo e direito. Ao gerar essa resposta, o técnico suspende 
imediatamente o estímulo fótico.
179
1.7. Epilepsia com mioclonias palpebrais e ausências 
ou síndrome de Jeavons
Representa aproximadamente 3% das epilepsias e 13% 
das epilepsias generalizadas com ausências. Observa-se 
predomínio do sexo feminino. As crises têm início na infân-
cia, em uma idade média de 6 anos, sendo caracterizadas 
pela tríade4: 
 1) Mioclonias palpebrais frequentes acompanhadas 
de elevação dos globos oculares com ou sem ausên-
cias, induzidas pelo fechamento palpebral em um 
ambiente luminoso e que desaparecem em ambiente 
escuro. 
 2) Correlato elétrico de poliespícula/poliespícula-onda 
generalizadas ou de predomínio posterior de voltagem 
elevada a 3 a 6 Hz, de duração breve (1 a 6 segundos), 
com latência de aparecimento de 0,5 a 2 s (Figura 11). 
 3) Resposta fotoparoxística em 100% dos pacientes 
(Figura 12). 
 4) Deterioração da atividade de base do EEG após o des-
pertar. 
Vídeo-EEG é o procedimento mais importante para o 
diagnóstico dessa síndrome (ou a observação direta pelo 
médico).
Tipo de EEG 
EEG com privação parcial de sono.
- Registrar primeiro a vigília, com a manobra de aber-
tura e fechamento palpebral em ambiente luminoso 
e depois em ambiente escuro. Os paroxismos de po-
liespícula são desencadeados principalmente pelo 
fechamento palpebral em ambiente iluminado, com 
desaparecimento deles perante o mesmo procedi-
mento em um ambiente de escuridão total.
- Reação de despertar: é descrito um aumento da ati-
vidade epileptiforme após o despertar. 
- A fotoestimulação é obrigatória, devendo ser rea-
lizada apósa obtenção do traçado em sono, dado 
que pode desencadear crises e invalidar o restante 
do exame, ou induzir angústia no paciente pela res-
posta fotoparoxística intensa, provendo a perda da 
cooperação dele.
2. Padrões de EEG fortemente sugestivos de 
patologias neurológicas específicas 
São descritos alguns padrões de EEG específicos, caracte-
rísticos de certas doenças neurológicas, cuja detecção se torna 
importante na condução do diagnóstico e/ou do seguimento 
evolutivo. 
180
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 11. Síndrome de Jeavons. Ao pedir que o paciente feche os olhos em ambiente iluminado, são observadas mioclonias palpebrais com elevação dos globos 
oculares (EOG) com correlato de poliespícula/poliespícula-onda generalizadas de predomínio posterior de voltagem elevada a 3 a 6 Hz de breve duração (1,5 s), com 
latência de aparecimento aproximada de 0,5 s. Esse fenômeno desaparece quando a prova é realizada da mesma forma, em ambiente escuro.
181
Figura 12. Síndrome de Jeavons. Resposta fotoparoxística Waltz tipo 4.
182
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
2.1. Síndrome de Angelman 
A síndrome de Angelman foi descrita pela primeira vez em 
1965 pelo Dr. Harry Angelman. Tem prevalência de 1 em 15 
mil e etiologia genética heterogênea envolvendo o cromosso-
mo 15q11-13. 
Fenotipicamente é caracterizada por retardo mental grave, 
ausência de linguagem, ataxia, dismorfias craniofaciais (estrabis-
mo, boca grande, dentes espaçados, microcefalia, braquicefalia, 
prognatismo, protrusão lingual) e comportamento característico 
em que se destacam surtos de riso imotivado, aparência de fe-
licidade e personalidade facilmente excitável (“fantoche feliz”). 
Esta síndrome cursa com epilepsia em 70% a 90% dos ca-
sos. O início das crises epilépticas é principalmente antes dos 
3 anos, especialmente entre 1 e 3 anos.
São descritos três padrões de EEG interictais característicos, 
que aparecem precocemente na vida a partir de quatro meses, 
sem ter uma correlação com o aparecimento clínico das crises. 
Assim, trata-se de um instrumento valioso para suspeitar do diag-
nóstico clínico de forma precoce. Os padrões são verificados em 
vigília e sono, seja de forma isolada ou combinada, não sendo 
incomum encontrar mais de um padrão no mesmo paciente5. 
2.1.1. Padrão tipo 1 
Observa-se atividade rítmica persistente a 4 a 6 Hz de volta-
gem elevada (> 200 µV.), frequentemente generalizada, não as-
sociada à sonolência e que persiste em grande parte do registro. 
Não é bloqueada pelo fechamento palpebral. Esse padrão é mais 
comum em crianças com menos de 12 anos (Figura 13).
2.1.2. Padrão tipo 2 
Este padrão é o mais frequente, observado em crianças e 
adultos. Consiste em atividade delta rítmica a 2 a 3 Hz (200-500 
µV.) generalizada, mais proeminente nas regiões anteriores com 
descargas epileptiformes interictais interpostas do tipo espículas e 
ondas agudas e, por vezes, complexos de espícula-onda irregula-
res de amplitude moderada e distribuição multifocal. O selo desse 
padrão é que a atividade lenta predomina sobre a atividade epilep-
tiforme. É o mais frequentemente descrito em crianças e adultos. 
Laan et al.6 descreveram uma variação desse padrão que 
consiste na substituição da atividade delta rítmica de voltagem 
elevada por salvas rítmicas ou contínuas de ondas trifásicas a 
2 a 3 Hz, com amplitude muito alta (200 a 500 µV.), entremea-
das por atividade epileptiforme interictal de predominância 
frontal. Essas ondas trifásicas diferem daquelas habitualmente 
descritas em pacientes com alterações metabólicas, já que são 
observadas em crianças e adultos alertas e responsivos e que 
não apresentam variações na vigilância (Figura 14).
2.1.3. Padrão tipo 3
Atividade delta de voltagem elevada (>200 µV.) a 3 a 4 Hz de 
predomínio posterior, com espículas e ondas lentas entremeadas, 
183
Figura 13. Padrão 1 da síndrome de Angelman. Atividade rítmica persistente a 4 a 6 Hz generalizada, de voltagem elevada, sem associação com a sonolência e que 
persiste em grande parte do registro. Esse padrão é mais frequente em menores de 12 anos.
184
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 14. Padrão 2 da síndrome de Angelman. Observe a atividade delta rítmica a 2 a 3 Hz generalizada, mais proeminente nas regiões anteriores, com descargas 
epileptiformes interpostas, porém não predominantes.
185
a qual é facilitada ou identificada apenas com o fechamento pal-
pebral (Figura 15).
Tipo de EEG 
EEG com privação de sono. Registrar sono e vigília.
- Se necessitar de sedação, utilizar a mínima possível.
- Programar EEG prolongado de, no mínimo, duas horas, 
capaz de obter registro de vigília.
- Recomenda-se iniciar o EEG no sono e, após o des-
pertar, registrar a vigília. Avaliar abertura e fecha-
mento palpebral. Se o paciente não cooperar, solicite 
ao seu cuidador que feche as pálpebras do paciente 
ativamente por alguns segundos.
- Marcar essa ativação no registro.
2.2. Síndrome de Rett
Descrita em 1966 pelo Dr. Andreas Rett, é um distúrbio 
do desenvolvimento de caráter dominante ligado ao cromos-
somo X, que afeta de 10 a 15 mil nascidos do sexo feminino 
no mundo e é a segunda causa mais comum de atraso mental 
em mulheres. Grande parte dos casos de síndrome de Rett 
se deve à mutação do gene MeCP2 (Methyl-CpG Binding 
Protein 2), que codifica um regular epigenético presente em 
todas as células do corpo. A proteína MeCP2 se encontra 
em concentrações elevadas nos neurônios, sendo necessárias 
para seu desenvolvimento e maturação ambas característi-
cas relacionadas com os principais sintomas observados em 
pacientes com síndrome de Rett. As pacientes são aparen-
temente normais nos primeiros meses de vida, para depois 
desenvolver microcefalia, deterioração cognitiva e social, 
perda de linguagem e das habilidades manuais, estereotipias 
manuais do tipo “lavagem das mãos” na linha média. Crises 
epilépticas, escoliose, apraxia de marcha e alterações respi-
ratórias também são comuns. A epilepsia é um dos sintomas 
principais e afeta entre 70% e 90% dos pacientes e se torna 
refratária em 50% dos casos. 
Distinguem-se quatro etapas da enfermidade: (1) estádio 
inicial (6-18 meses); (2) estádio de regressão (até os 3 anos); (3) 
estádio pseudoestacionário; (4) estádio de deterioração motora 
tardia7. 
2.2.1. Padrão do EEG
O EEG na síndrome de Rett frequentemente apresenta pa-
drões estereotipados que progridem ao longo das quatro etapas 
da enfermidade. 
- Estádio 1 ou inicial (6-18 meses): 
o Nesta época da doença, as crises não são uma ca-
racterística proeminente.
o O EEG é normal ou evidencia apenas alentecimen-
to do ritmo de base posterior.
186
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 15. Padrão 3 da síndrome de Angelman (sens: 30 µV./mm; HF: 70; LF: 1,6; 15 seg/página).
187
- Estádio 2 ou período de regressão (18 meses-3 anos):
o Se não está presente desde a etapa inicial, a instala-
ção da lentificação do ritmo de base posterior é de 
regra em vigília.
o Aparecimento de descargas centrotemporais. O pa-
drão de EEG lembra o da epilepsia parcial benigna da 
infância com ondas agudas centrotemporais que apa-
recem na sonolência e aumentam no sono NREM. 
Esse padrão pode persistir no estádio 3. O compro-
metimento da área motora (área rolândica) correla-
ciona-se com o início da deterioração motora.
o Início da perda da arquitetura do sono NREM.
- Estádio 3 ou pseudoestacionário (2-10 anos):
o É a etapa com maior frequência de crises.
o A estrutura do sono se deteriora de forma significa-
tiva com desaparecimento dos fusos de sono e das 
ondas agudas do vértex.
o Presença de salvas síncronas de atividade delta 
pseudoperiódicas e aparecimento de paroxismos 
generalizados de espículas rítmicas durante o sono. 
- Estádio 4 ou período de deterioração motoratardia:
o Nesta etapa, as crises não são uma característica 
proeminente.
o Há marcado alentecimento da atividade de base 
com ritmos delta.
o Atividade teta rítmica (4-6 Hz) em regiões fronto-
-centrais ou centrais é o selo desta etapa.
o A atividade epileptiforme pode desaparecer ou ainda 
estar presente sob a forma de descargas multifocais 
em vigília e paroxismos generalizados de espícula-
-onda durante o sono.
o Um achado interessante é a incidência elevada de 
encefalopatia com estado de mal epiléptico durante 
o sono NREM, o qual, se não detectado, pode trazer 
consequências ainda mais catastróficas para o desen-
volvimento cognitivo da paciente (Figuras 16 e 17). 
Tipo de EEG 
EEG com privação de sono.
- O registro de vigília e sono NREM é obrigatório.
- Não requer manobras de ativação especiais.
2.3 Síndrome do X-frágil
É a síndrome genética que mais frequentemente causa defi-
ciência mental hereditária e uma das formas mais bem caracte-
rizadas de transtorno do espectro autista. Afeta principalmente 
crianças do sexo masculino que apresentam um fenótipo ca-
188
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 16. Paciente de 3 anos, com a postura típica de lavagem das mãos e EEG característico do estágio 2 da síndrome de Rett. Observe ocasionais espículas centrais no 
traçado em vigília.
189
Figura 17. A mesma paciente da figura 16. Observe o aumento acentuado da atividade epileptiforme interictal no sono em regiões centrais com persistência dos fusos 
de sono.
190
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
racterístico. É transmitido, fundamentalmente, por mulheres. 
Seu nome se deve a um estreitamento da extremidade distal do 
cromossomo X (Xq27.3) que aparece no cariótipo dos indiví-
duos afetados e que se denominou “local frágil”. 
Sua prevalência é de 1:4.000 e 1:6.000. A cifra para o sexo 
feminino é aproximadamente a metade (1:8.000 a 1:12.000). 
Na maioria dos casos é decorrente de uma expansão anômala 
do trinucleotídeo composto de cistina-guanina-guanina (CGG) 
no gene FMR1 (Fragile X Mental Retardation 1) em uma zona 
não codificante situada no início do gene (extremo 5´). 
Fenotipicamente se caracteriza por retardo mental, face alargada 
com fronte ampla e mento proeminente, orelhas grandes e descola-
das, hiperfrouxidão articular e macro-orquidia antes da puberdade. 
A epilepsia ocorre em 10% a 40% dos indivíduos com síndrome do 
X-frágil. É excepcional que os portadores apresentem crises nos pri-
meiros dois anos de vida, assim como o aparecimento da primeira 
crise após os 10 anos de idade. Apesar de serem descritos todos os 
tipos de crises, as mais frequentes são as parciais complexas (85%). 
Diferentemente das outras síndromes, o controle destas parece ser 
satisfatório com a medicação antiepiléptica habitual. Há tendência 
ao desaparecimento das crises na adolescência. 
2.3.1. Padrão do EEG
É observado em cerca de 50% dos pacientes. Como na sín-
drome de Rett, o EEG assemelha-se ao da epilepsia rolândica8.
- Presença de ondas agudas bifásicas ou trifásicas de voltagem 
elevada, com escasso desenvolvimento de onda lenta, de 
projeção em regiões centrotemporais, em focos independen-
tes, em salvas breves, com aumento significativo durante o 
sono NREM (Figuras 18 A e B).
- Essas descargas epileptiformes tendem a desaparecer na 
idade adulta.
- Descreve-se também atividade teta rítmica bilateral em re-
giões centrais, frontais ou temporais em 50% dos casos.
- Alentecimento da atividade de base é observado em 28% 
dos casos. 
Tipo de EEG 
EEG com privação de sono
- O registro de vigília e sono NREM é obrigatório.
2.4. Síndrome do cromossomo 20 em anel
Cromossomopatia de baixa prevalência, menor que 1 em 
1.000.000. Foi descrita pela primeira vez em 1972, em um pacien-
te com epilepsia, déficit intelectual e alteração de comportamento. 
A síndrome do cromossomo 20 em anel representa o exem-
plo mais assombroso de uma alteração cromossômica na qual 
a epilepsia pode ser a única expressão do distúrbio, com au-
sência de características dismórficas ou apenas dismorfias mí-
nimas e desenvolvimento neuropsicomotor normal até o início 
191
Figura 18. A e B. Síndrome do X frágil. Paciente do sexo masculino, 7 anos, em avaliação por dificuldade de aprendizagem sem antecedente de crises epilépticas. Solicitado 
EEG que evidenciou padrão sugestivo de epilepsia benigna com descargas centrotemporais. Seu fenótipo e EEG levaram a realizar estudo genético que confirmou 
diagnóstico de síndrome do X frágil.
192
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
das crises. Ulteriormente, podem ocorrer diferentes graus de 
deterioração cognitiva e do comportamento. 
Epilepsia ocorre em 90% a 100% dos casos, é de gravidade 
variável, com início das crises antes dos 10 anos em 90% dos 
afetados (1-20 anos).
Caracteriza-se por crises epilépticas de origem frontal em vigí-
lia, de segundos a horas de duração, sob a forma de estado de mal 
não convulsivo, em que os pacientes permanecem imóveis, olham 
fixamente, têm automatismos complexos e podem até deambular. 
Podem estar associadas a automatismos ou mioclonias palpebrais 
ou perorais. Esses eventos frequentemente não são diferenciados de 
um início de transtorno de base comportamental. As crises noturnas 
frontais ocorrem na forma de despertares confusionais com estira-
mento, atrito e rotação. Temores de início recente, que aparecem 
de maneira concomitante às crises epilépticas, assim como aluci-
nações aterrorizantes, que muitas vezes imitam terrores noturnos 
e que podem ser mal interpretados como paroxismos não epilépti-
cos sobretudo em crianças, a não ser que sejam documentados por 
vídeo-EEG podem ocorrer. Esta epilepsia é altamente resistente a 
fármacos antiepilépticos e não remite na idade adulta9,10.
2.4.1. Padrão do EEG
- Interictal: não específico, com atividade de base normal 
ou lentificação difusa, com ou sem atividade epileptiforme 
interictal de predomínio frontal.
- Ictal: estado de mal não convulsivo. Observa-se atividade 
delta rítmica a 2 a 3 Hz de alta voltagem, com espículas e 
descargas de espícula-onda lenta sobrepostas em regiões 
frontais, de início e término abruptos (Figuras 19 e 20).
Tipo de EEG 
Vídeo-EEG prolongado com privação parcial de sono.
- O técnico deve estar atento a mudanças eletroen-
cefalográficas bruscas, que sugerem atividade ictal 
frontal a fim de realizar interação com o paciente e 
avaliar o nível de consciência.
2.5. Síndrome da tetrassomia do cromossomo 15
A tetrassomia 15q, também encontrada na literatura como 
“invdup 15” ou “tetrassomia parcial do cromossomo 15”, é 
uma cromossomopatia infrequente com incidência estimada 
de 1 em 30 mil recém-nascidos vivos, que, como a síndrome 
do cromossomo 20 em anel, também é rara e apresenta um 
padrão eletroencefalográfico altamente sugestivo e orientador.
Do ponto de vista fenotípico, as dismorfias não são muito cha-
mativas e podem passar despercebidas: incluem ângulo palpebral 
caído, epicanto, orelhas de implantação baixa e clinodactilia. Os 
pacientes afetados apresentam, desde a lactância, hipotonia, atra-
so do desenvolvimento psicomotor e comportamento autista.
As crises epilépticas têm início em idades variadas, evo-
luindo frequentemente para epilepsia refratária com ausências 
193
Figura 19. Síndrome do cromossomo 20 em anel. Paciente de 12 anos, sem dismorfias, com epilepsia refratária e alentecimento cognitivo flutuante. Observe crise 
eletrográfica frontal bilateral não convulsiva caracterizada por atividade delta rítmica a 2 a 3 Hz de voltagem elevada, com interposição de espículas e ondas agudas.
194
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 20. Síndrome do cromossomo 20 em anel. Continuação da crise eletrográfica da figura 19. Observe sua evolução em frequência e voltagem, neste caso sem 
término abrupto, dado que seapresenta de forma subentrante compatível com estado focal frontal não convulsivo. Estudo cromossômico confirmou o diagnóstico, 
depois de suspeita baseada na clínica e no padrão do EEG.
195
atípicas, crises atônicas e crises de desvio do olhar para cima 
durante o sono NREM. Essas últimas são o selo da enfermidade 
e sua presença orienta para o diagnóstico. 
O padrão eletroencefalográfico se caracteriza por padrão 
desorganizado com alentecimento do traçado de base, descar-
gas multifocais com predominância hemisférica, paroxismos 
generalizados de complexos de espícula-onda e ondas agudas 
de grande amplitude de 10 a 20 segundos de duração, em sua 
maioria associados a ausências atípicas.
O selo eletroclínico obriga a suspeita diagnóstica e a apre-
sentação de surtos de poliespícula generalizados durante o 
sono NREM com ruptura da arquitetura do sono, associados à 
rotação dos olhos para cima com componente tônico do corpo 
e/ou taquipneia11 (Figura 21).
Tipo de EEG 
EEG prolongado que registre o sono NREM.
- Recomenda-se, se possível, registrar vídeo-EEG pro-
longado noturno com registro adicional de EOG para 
detectar eventos oculares. 
2.6. Monossomia parcial 4p (4p ou síndrome Wolf- 
-Hirschhorn)
Esta cromossomopatia é causada pela perda parcial da 
porção distal do braço curto do cromossomo 4 (4p16.3). Cal-
cula-se frequência de 1 em 50 mil recém-nascidos, com pre-
dileção pelo sexo feminino de 2:1. Caracteriza-se fenotipica-
mente por microcefalia, ponte nasal larga e plana, fronte alta 
(aparência de “escudo de guerreiro grego”), olhos grandes e 
protuberantes, filtro curto, micrognatia, boca formando uma 
parábola para baixo, orelhas malformadas, assimetria facial 
e defeitos de linha média. Todos os afetados apresentam an-
tecedente de restrição de crescimento intrauterino, hipotonia 
congênita, atraso grave no crescimento, atraso da idade óssea, 
retardo mental; a epilepsia está presente em mais de 70% dos 
casos. 
As crises começam nos primeiros três anos de vida, exce-
tuando-se o período neonatal, com incidência máxima entre 
os 6 e 12 meses. São desencadeadas em uma grande porcen-
tagem por febre (> 70% dos casos), têm padrão na maioria das 
vezes tônico-clônicas generalizadas ou focais, e essa última 
característica obriga sempre a fazer o diagnóstico diferencial 
com a síndrome de Dravet. O tipo de crise mais característi-
co, porém não o mais frequente (aproximadamente 30%), são 
as ausências atípicas, que se desenvolvem entre 1 e 6 anos, 
acompanhadas de um componente mioclônico palpebral e de 
ambas as mãos. Pode-se observar em até 50% dos pacientes 
estado de mal convulsivo desencadeado por febre. A evolu-
ção da epilepsia é favorável, desaparecendo com o passar dos 
anos12. 
196
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 21. Síndrome da tetrassomia do cromossomo 15. No sono NREM, observa-se paroxismo generalizado poliespicular com ruptura da arquitetura do sono, 
associado à rotação de ambos os olhos para cima.
197
2.6.1. Padrão do EEG
Somente 10% apresentam EEG normal.
O padrão do EEG é alterado em 90% dos casos e se carac-
teriza por: 
1) Complexos de espícula-onda irregulares a 2 a 3,5 
Hz, generalizados ou de lateralização hemisférica al-
ternante, de alta voltagem, de ocorrência em salvas 
prolongadas de até 25 segundos, ativados pelo sono 
NREM. Esse padrão interictal pode ser visto, também, 
em pacientes sem crises clínicas. 
2) Frequentes complexos de espícula e poliespícula-on-
da a 4 a 6 Hz sobre a região temporoparieto-occipital 
(quadrantes posteriores), facilitados pelo fechamento 
palpebral. 
Tipo de EEG 
Vídeo-EEG com privação de sono.
- Registrar sono e vigília. Se necessitar de sedação, 
utilizar a menor dose possível.
- Se possível, colocar EOG e EMG das extremidades su-
periores.
- Programar EEG prolongado de, no mínimo, duas 
horas a fim de obter registro adequado da vigília.
- Recomenda-se iniciar o EEG em sono leve e pos-
teriormente o despertar, registrar a vigília e avaliar 
abertura e fechamento palpebral. Se o paciente não 
cooperar, solicitar a seu cuidador que feche as pál-
pebras do paciente ativamente por alguns segundos. 
Marcar a prova de ativação no registro eletroencefa-
lográfico. 
2.7. Lipofuscinose ceroide neuronal tipo infantil 
tardia (doença de Jansky-Bielschowsky)
Faz parte do grupo das lipofuscinoses ceroides neuronais, 
que constituem o grupo mais frequente de doenças neurode-
generativas em crianças. Tem herança autossômica recessiva e 
início entre 2 e 4 anos. Caracteriza-se, do ponto de vista clí-
nico, por crises mioclônicas e mioclono-atônicas associadas 
a uma grande variedade de outros tipos de crise, como crises 
tônico-clônicas generalizadas, ausências atípicas e crises fo-
cais, deterioração intelectual e perda progressiva de visão. O 
paciente falece com aproximadamente 10 anos.
O padrão eletroencefalográfico revela deterioração progres-
siva, lentificação e desorganização do ritmo de base, com ativi-
dade epileptiforme do tipo espícula e poliespícula-onda lenta, 
generalizada e multifocal, especialmente em regiões posterio-
198
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
res. A principal característica da variante infantil tardia é o apa-
recimento de espículas gigantes occipitais, seguidas de ondas 
lentas induzidas pela estimulação fótica intermitente de baixa 
frequência (1-4 Hz), correspondendo a componentes iniciais de 
potenciais evocados visuais13 (Figuras 22 e 23). Além disso, o 
eletrorretinograma e os potenciais evocados visuais geralmente 
mostram respostas anormais dentro do primeiro ano após o iní-
cio dos sintomas, devido à perda de cones e bastonetes.
Tipo de EEG 
EEG em vigília relaxada com estimulação fótica entre 1 e 4 Hz.
199
Figura 22. Doença de Jansky-Bielschowsky. Observe o padrão de sono desorganizado sem grafoelementos fisiológicos do sono e com atividade epileptiforme 
multifocal.
200
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 23. Doença de Jansky-Bielschowsky. Fotoestimulação a 1 Hz. Evidenciam-se descargas de espícula seguida de onda lenta levemente fora de fase do estímulo, 
compatíveis com potenciais evocados visuais.
201
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203
Larisa Fabres Oyarzo
Capítulo 9
Registro do paciente crítico 
adulto: EEG contínuo
1. Introdução
A monitorização por EEG contínuo (EEGc) é um exame 
cada vez mais frequente em pacientes criticamente enfermos 
com comprometimento neurológico, já que permite detectar 
crises epilépticas convulsivas e não convulsivas, isquemia ce-
rebral e outras condições, além de contribuir no manejo das 
medicações antiepilépticas1 e da isquemia cerebral2.
Na detecção de isquemia focal, o EEGc pode ser mais sen-
sível que a neuroimagem3, tendo a vantagem de permitir uma 
avaliação do paciente ininterrupta e em tempo real.
Os pacientes com encefalopatia também podem se bene-
ficiar do EEGc, mesmo na ausência de uma lesão cerebral co-
nhecida4. A falta de variabilidade e reatividade eletroencefalo-
gráfica pode indicar lesão cerebral grave e de mau prognóstico.
O uso crescente de EEGc mostrou que é possível encontrar 
atividade epileptiforme clinicamente indetectável em 10% a 67% 
204
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
dos pacientes críticos5, permitindo uma maior taxa de registro de 
crises subclínicas do que no EEG de rotina. Na tabela 1 é possível 
verificar a taxa de ocorrência de crises e o estado de mal epilépti-
co (EME) em diferentes grupos de pacientes críticos.
Tabela 1. Taxa de ocorrência de crises e estado de mal epiléptico6
Taxas de ocorrência
Pacientes Crises
Estado de mal 
epiléptico
Pacientes críticos não neurológicos 4-15% 0,4%
Acidente vascular isquêmico 5% 1-10%
Hemorragia subaracnoidea 4-16% 10-14%
Hemorragia intracerebral 10-30% 1-2%
Encefalopatia hipóxico-isquêmica 5-40% 30%
Traumatismo cranioencefálico 12-50% 8-35%
Com a monitorização por EEGc, 56% das crises epilépticas 
são detectadas na primeira hora e até 88%, nas primeiras 24 
horas. Um estudo recente mostrou que crises ocorrem em 27% 
dos pacientes sob monitorização com EEGc, sendo a primeira 
registrada de forma bastante precoce (dentro dos primeiros 30 
minutos de monitorização) em 58% dos casos7,8. A evidência 
para o uso de EEGc centrou-se sobre as taxas de detecção de 
crises em populações específicas e o significado de padrões 
particulares de EEG9.
Em 2015, a American Society of Neurophysiology10 de-
senvolveu recomendações com base em um consenso de es-
pecialistas para uso de EEGc em pacientes adultos e crianças 
criticamente doentes. As recomendações sugerem que o EEGc 
também é útil na identificação de isquemia em pacientes de 
alto risco, na avaliação do nível de consciência naqueles sub-
metidos ao coma induzido e no estabelecimento do prognósti-
co de pacientes após parada cardiorrespiratória.
Este consenso recomenda o EEGc para o diagnóstico de cri-
ses epilépticas não convulsivas, estado de mal epiléptico não 
convulsivo, outros eventos paroxísticos, bem como para avaliar 
a eficácia do tratamento antiepiléptico e ainda para o acompa-
nhamento do estado de mal epiléptico (Tabela 2).
Tabela 2. Recomendações de EEGc10,11
Diagnóstico de crises não convulsivas
Diagnóstico do estado de mal epiléptico não convulsivo
Diagnóstico diferencial com outros eventos paroxísticos
Avaliação da eficácia do tratamento de crises não convulsivas
Avaliação da eficácia do tratamento do estado de mal 
epiléptico
205
Identificação de isquemia cerebral em pacientes de alto risco
Avaliação do nível de consciência em pacientes submetidos 
a coma induzido
Prognóstico após parada cardiorrespiratória
Na segunda parte11, descreve as exigências e responsa-
bilidades do pessoal envolvido no registro de um EEGc, in-
cluindo os técnicos que o registram e os médicos que o inter-
pretam. É recomendável verificar o equipamento necessário 
para o registro de EEGc, incluindo eletrodos, aparelhos de 
EEG, estações de revisão de EEG e vídeo, equipamentos de 
controle central e de rede, acesso remoto e equipamentos de 
armazenamento de dados, entre outros.
2. Padrões de eletroencefalograma e sua utilidade
2.1. Artefatos
A aquisição e interpretação de um EEG nas unidades de tra-
tamento intensivo (UTI) para pacientes críticos são frequente-
mente comprometidas por uma série de fatores, como ferimen-
tos e curativos que limitam a colocação dos eletrodos, além de 
sudorese, atividade muscular e movimentos, como é o caso de 
pacientes agitados ou com delirium. Pode haver interferência 
elétrica de ventiladores mecânicos, máquinas de diálise e bom-
bas de infusão, entre outros. Deve ser feito um esforço para 
controlar e eliminar esses artefatos6.
2.2. Paroxismos periódicos
Os paroxismos epileptiformes periódicos, incluindo as des-
cargas periódicas (periodic lateralized discharges [PLDs]) e as 
descargas lateralizadas bilaterais independentes e generalizadas 
(generalized periodic discharges [GPDs]), são padrões encontra-
dos muitas vezes em pacientes críticos de UTIs. Também não é 
raro observar padrões lentos, delta, contínuos ou variáveis12.
Na avaliação de crises eletrográficas, é essencial a aplica-
ção do conceito de evolução ou progressão dos ritmos ictais, 
porque está associada à probabilidade de que realmente se trate 
de verdadeiros fenômenos ictais, ou seja, crises epilépticas12. 
Esse conceito de evolução ou progressão dos ritmos ictais re-
quer pelo menos duas mudanças inequívocas sequenciais, quer 
no tempo, na morfologia ou na distribuição espacial deles. Essas 
modificações podem ocorrer:
- Na frequência: pelo menos duas mudanças consecutivas 
na mesma direção de pelo menos 0,5 Hz, por exemplo de 2 
para 2,5 ou 3/s, ou de 3 para 2 ou 1,5/s.
- Em morfologia: pelo menos duas mudanças consecutivas 
para uma morfologia diferente.
- Em localização: propagação sequencial para ao menos 
dois canais adjacentes do sistema 10-20. Cada um desses “es-
206
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
tados” deve se manter por pelo menos três ciclos. Por outro 
lado, esse padrão não deve permanecer inalterado em frequên-
cia, morfologia nem em amplitude por cinco minutos ou mais.
3. Dificuldades na interpretação do EEG
Apesar dos esforços para unificar critérios e dos inegáveis 
progressos nas definições dos padrões eletroencefalográficos 
que correspondem a crises epilépticas (padrões ictais), a inter-
pretação incorreta é um problema comum. 
É fundamental que o médico responsável pelo laudo esteja 
familiarizado com os critérios para distinguir descargas epilép-
ticas de ondas mais agudas que não representam grafoelemen-
tos ictais e também de variantes normais.
Os paroxismos epileptiformes interictais e a má interpreta-
ção de certos padrões podem levar a erros de diagnóstico e, 
assim, ao tratamento inadequado.
4. Indicações e valor prognóstico do EEGc
Em UTIs, EEG e EEGc são usados frequentemente para ava-
liar um comprometimento de consciência de causa desconhe-
cida. Nesses pacientes, o EEG pode detectar padrões consisten-
tes com encefalopatias ou crises epilépticas.
Nessas situações, os sinais clínicos de crises epilépticas não 
convulsivas podem estar ausentes ou ser sutis, representados ape-
nas por movimentos breves de um membro, desvios oculares e 
nistagmo. A monitorização por EEG e EEGc também pode ser útil 
no caso de intoxicação medicamentosa como as decorrentes de 
doses elevadas de antidepressivos tricíclicos e benzodiazepínicos.
Os pacientes criticamente enfermos com septicemia e encefa-
lopatia também podem apresentar crises epilépticas ou descargas 
periódicas, que têm sido associadas com prognóstico ruim a cur-
to prazo. Vários relatos descrevem estado de mal não convulsivo 
(EENC) ou crises epilépticas em 27% dos pacientes com compro-
metimento da consciência em UTIs e em 8% dos pacientes em 
coma, sem histórico de epilepsia ou crises epilépticas prévias13,14.
5. Coma
Até 30% dos pacientes críticoscom mais de 65 anos estão em 
coma na admissão e cerca de 10% evoluirão para o coma durante 
sua internação15. Os paroxismos epileptiformes ou periódicos são 
frequentemente observados em pacientes em coma. Considera-se 
que a atividade epiléptica pode ser a causa, embora, mais frequen-
temente, constitua um epifenômeno. Nesses casos, a atividade de 
base é lenta e não há reatividade.
O valor prognóstico do EEG no paciente em coma depende 
do contexto clínico.
Um estudo realizado por Young et al.16 mostrou que a mor-
talidade em paciente comatoso está fortemente associada com 
a idade (mais de 65 anos), etiologia anóxica, padrão de surto-
-supressão no EEG e falta de reatividade do EEG16.
207
6. Estado de mal epiléptico
Em pacientes com epilepsia, a ocorrência de EME pode 
ser parte da história natural da doença ou decorrente de 
mudanças ou descontinuação do tratamento com fármacos 
antiepilépticos. Em pacientes sem epilepsia, EME ocorre no 
contexto de diferentes etiologias, como as mencionadas na 
tabela 1.
O EENC está associado a sinais clínicos sutis que podem 
muitas vezes ser ignorados13. Nesses casos, o EEG se torna 
um instrumento fundamental de diagnóstico. Em centros ter-
ciários, quase metade dos pacientes criticamente enfermos 
com EME também apresenta crises epilépticas não convul-
sivas17.
O prognóstico do EENC é determinado principalmente pela 
etiologia, no entanto o tempo de evolução também é conside-
rado um fator prognóstico importante. O atraso no diagnóstico 
está associado a um aumento da mortalidade em pacientes com 
traumatismo cranioencefálico (TCE) e acidente vascular encefáli-
co (AVE)18.
7. Acidente vascular encefálico isquêmico 
Crises não convulsivas e EENC devem ser considerados 
em todo paciente que tenha sofrido um AVE isquêmico ou 
infarto cerebral e apresentado uma mudança repentina e 
inexplicável no comportamento ou na consciência. Em dois 
terços dos casos, as crises manifestam-se nas primeiras 24 
horas depois do AVE.
A incidência de EME depois de um AVE alcança 9% ao lon-
go de um período de 3,7 anos. O EENC pode explicar até 85% 
do início de crises precoces pós-isquemias. O EME ocorre nos 
primeiros sete dias após o AVE e é associado com alta mortali-
dade em comparação às crises tardias.
As PLDs são alterações eletroencefalográficas comuns, ob-
servadas na fase aguda de um AVE isquêmico19. O EEGc mostra 
esse padrão em 17% dos pacientes com AVE, sendo associado 
a crises epilépticas em 2%. Não está claro se esse padrão con-
tribui para agravar os danos cerebrais. Nesse momento, os da-
dos são ainda insuficientes para estabelecer o valor prognóstico 
do EEGc no AVE9. 
8. Hemorragia subaracnóidea
Um grande estudo retrospectivo de EEGc demonstrou incidên-
cia de cerca de 20% de crises na hemorragia sunaracnóidea (HSA) 
e determinou que o grau de comprometimento da consciência e 
idade mais jovem são preditores de EENC15. Nesses quadros, quan-
do o EENC persistiu além do quinto dia, o prognóstico foi ruim e a 
mortalidade se aproximou de 100%. Esse estudo apoia a utilidade 
do EEGc no diagnóstico e tratamento desses pacientes. Padrões de 
EEGc associados com mau prognóstico são a ocorrência de descar-
gas periódicas, EME e perda da arquitetura do sono15,20.
208
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
9. Hemorragia intracerebral
A incidência de crises epilépticas em pacientes com hemor-
ragia intracerebral (HIC) é de 10% a 30%, ocorrendo sob a for-
ma de EME em 1% a 21%. Padrões anormais ao EEGc têm sido 
relatados em 18% a 28% dos pacientes com HIC. Quando ocor-
rem crises epilépticas em um paciente com HIC, estas podem 
promover aumento da área hemorrágica e ocorrência de descar-
gas periódicas nesses casos é indicativa de mau prognóstico21,22.
10. Traumatismo cranioencefálico
O EEGc demonstra 10% de crises não convulsivas nos pa-
cientes pós-TCE. Podem ser observadas descargas periódicas em 
11%, sempre acompanhadas de outras alterações, como espí-
culas ou padrões de ondas agudas de alta voltagem23. Dos 94 
pacientes com TCEs moderados a graves e submetidos a EEGc, 
foram observadas crises não convulsivas em 21 e a ocorrência de 
EME foi associada a 100% de mortalidade24. O TCE é associado 
com um risco elevado de atividade epileptiforme e a ocorrência 
de EME aumenta o potencial de danos cerebrais.
11. Encefalopatia hipóxico-isquêmica 
É uma indicação comum de EEGc nas UTIs, sendo utilizada 
como instrumento para o tratamento e prognóstico.
São detectadas crises epilépticas em 5% a 40% dos pacien-
tes após recuperação de parada cardiorrespiratória23.
O EEGc registra uma atividade rítmica na forma de espícu-
las não progressivas em uma atividade de base hipoatenuada, 
achados que não deveriam ser considerados EME. Outros pa-
drões também podem ser encontrados, como surto-supressão 
ou ondas lentas com morfologia trifásica.
Entre os padrões preditores de mau prognóstico, figuram o 
de surto-supressão, ausência de reatividade ou atenuação da 
atividade de base25.
12. Conclusões
Recomenda-se EEGc após EME convulsivo ou crise clínica 
recente a todo paciente que não recupera o estado basal de 
consciência. Indica-se também EEGc para descartar crises não 
convulsivas ou EENC, especialmente a pacientes que tenham 
sofrido anóxia cerebral (TCE, HSA e HIC) e a pacientes em 
coma com a consciência comprometida de forma persistente 
ou inexplicável.
O EEG é útil em detectar isquemia em pacientes em estado 
de coma com HSA e melhora o prognóstico do coma após pa-
rada cardiorrespiratória.
Recomenda-se o registro de EEGc quando no EEG inicial de 
30 minutos são detectadas descargas epileptiformes ou padrões 
periódicos.
Finalmente, considera-se que o EEGc é útil no tratamento 
do EME refratário.
209
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O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
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211
Julio José Macías Gallardo
Horacio Sentíes Madrid
Capítulo 10
Protocolo de morte 
encefálica
1. Introdução
O conceito de morte encefálica (ME) se apresenta como um 
produto do progresso dos cuidados médicos e, na década de 
1950, os primeiros casos de lesões cerebrais graves na presen-
ça da função cardíaca preservada se tornaram evidentes. A pri-
meira descrição detalhada desse fenômeno veio da França em 
1959, onde Mollaret e Goulon1 cunharam a denominação le 
coma depassé (um estado além do coma).
Com o crescimento das unidades de terapia intensiva, o es-
tabelecimento da ventilação mecânica e avanços na cirurgia 
de transplante de órgãos, ficou evidente a necessidade do diag-
nóstico de ME de maneira prática e oportuna, a fim de poder 
determinar os candidatos à doação de órgãos.
Um indivíduo morre quando o cérebro morre e não por 
consequência de uma parada cardiorrespiratória; os suportes 
ventilatório e cardiovascular devem cessar quando se institui o 
diagnóstico de ME.
212
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Na maioria dos países, o EEG é um exame complemen-
tar utilizado no diagnóstico de ME; em alguns, como exame 
obrigatório e em outros, apenas para suporte. A principal 
característica é um EEG sem atividade de origem cortical 
igual ou superior a 2 µV., observada em montagens com a 
distância intereletrodos > 10 cm e sensibilidade ≥ 2 µV./
mm. Esse padrão é conhecido como inatividade elétrica 
cerebral.
2. Definição
Desde a década de 1960, comitês em diferentes países têm 
publicado protocolos2-4 para definir morte no contexto de con-
tinuidade dos cuidados em pacientes com danos cerebrais ir-
reversíveis.
A determinação da morte deve ser realizada seguindo-se 
regras médicas aprovadas. Em 1995, a Academia Americana 
de Neurologia (AAN)5 publicou uma diretriz clínica baseada 
em evidências, que enfatizou os parâmetros clínicos para de-
terminar ME, na qual foram considerados três parâmetros que 
apontam para a determinação da interrupção irreversível de to-
das as funções do cérebro e tronco encefálico: coma de causa 
conhecida, ausência de reflexos do tronco encefálico e apneia. 
Essa diretriz também estabeleceu o papel de EEG como um 
método diagnóstico auxiliar (Tabela 1).
Tabela 1. Diretriz para a determinação da morte encefálica da AAN
Pré-requisitos
Estabelecer uma causa de coma irreversível
Normotermia: > 36°C.
Pressão normal: pressão arterial sistólica > 100mm/Hg
Avaliação neurológica
Coma com falta de resposta a estímulos
Ausência de reflexos do tronco encefálico
Ausência de resposta pupilar bilateral ao estímulo luminoso
Ausência de movimentos oculares nos reflexos oculocefálicos 
ou oculovestibulares
Ausência do reflexo corneano
Ausência de movimentos faciais ao estímulo nociceptivo
Ausência de reflexos de faringe ou traqueia
Apneia
Ausência de esforço respiratório
PaCO2 > 60 mmHg ou aumento > 20 mmHg em relação à 
linha de base após teste de apneia
Estudos complementares
EEG, angiografia cerebral, USG doppler transcraniano ou 
SPECT, se houver dúvida no diagnóstico neurológico ou de 
acordo com a lei
213
É importante notar que os conceitos de morte do tronco en-
cefálico (brain stem death) e morte cerebral (brain death) ou neo-
cortical são diferentes, uma vez que a ausência de sinais de tron-
co encefálico não exclui a presença de atividade cortical, a qual 
pode estar presente no EEG. A presença de atividade cortical na 
ausência de reflexos do tronco encefálico exclui o diagnóstico 
de ME e destaca o conceito de morte cerebral total (MCT) (whole 
brain death), uma vez que lesões do tronco isoladas poderiam 
resultar em tal situação. O conceito de ME resulta no diagnóstico 
prático e acertado e conseguiu ser aceito na sociedade ociden-
tal. No entanto, algumas legislações aceitam ME como sinônimo 
de ausência de reflexos do tronco encefálico (por exemplo, a 
legislação do Reino Unido)6.
Portanto, o melhor termo a ser empregado é “morte encefá-
lica”, devendo ser evitado o uso de “morte cerebral”.
Atualmente, nos Estados Unidos, o diagnóstico de ME ba-
seia-se nos parâmetros práticos da AAN 20107, que é uma revi-
são das diretrizes clínicas publicadas em 1995.
3. Fisiopatologia
Independentemente da causa do coma, há uma via final 
comum em todos os casos fatais. O mecanismo crucial con-
siste em elevação da pressão intracraniana até atingir os ní-
veis da pressão arterial sistêmica. Uma vez que essas duas 
pressões se equalizam, cessam o fluxo sanguíneo, a perfusão 
e a atividade elétrica cerebrais8 (Figura 1).
Limiar de isquemia
Comprometimento da 
função elétrica
Falência elétrica celular, 
edema celular
Morte celular
60
50
40
30
20
10
0
Fl
ux
o 
sa
ng
uí
ne
o/
m
et
ab
ol
ism
o 
ce
re
br
al
RELAÇÃO ENTRE O FLUXO 
SANGUÍNEO/METABOLISMO CEREBRAL E A 
ATIVIDADE ELÉTRICA CEREBRAL
Figura 1. Relação entre o fluxo sanguíneo cerebral/metabolismo e o EEG. Com um 
fluxo regional <20 ml /100 g/min, a função elétrica cerebral é afetada. Com fluxo 
<10 ml/100 g /minuto, o potássio intracelular é liberado e ocorre edema celular. Se 
essa condição estende-se ao longo do tempo, provoca a morte celular neuronal.
A lesão primária expõe o tecido cerebral à redução da con-
centração de oxigênio, à formação de radicais livres e aos danos 
celulares, gerando edema e aumento da pressão intracraniana. 
Essas alterações são decorrentes de cascatas de complexos pro-
214
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
cessos bioquímicos de excitotoxicidade, principalmente indu-
zidas pela liberação do neurotransmissor excitatório glutamato.
Pode haver um dano secundáriode reperfusão nos casos 
nos quais a parada cardiorrespiratória é revertida tardiamente, 
sendo o mecanismo exato não conhecido com precisão.
4. Diagnóstico
Para determinar a cessação de todas as funções cerebrais, 
os médicos devem determinar a presença de um coma que não 
responde a estímulos, ausência de reflexos de tronco encefáli-
co e de intenção respiratória após um teste de apneia.
O médico que realiza o diagnóstico de ME deve estar fami-
liarizado com o protocolo e os critérios, devendo-se notar que 
não está provado que tipo de especialista deve ser o médico 
que deve fazê-lo. A lei nos EUA prevê que qualquer médico 
pode fazer o diagnóstico. Na revisão de Greer9, o diagnósti-
co foi feito por um neurologista ou neurocirurgião em apenas 
42% dos casos. Na revisão de Wijdicks6, em alguns casos, uma 
enfermeira realizou o diagnóstico inicial com confirmação mé-
dica em 24 horas.
5. Exames complementares 
Os exames mais comumente utilizados são o EEG, o estudo de 
imagem de fluxo vascular cerebral e o de medicina nuclear, mas 
qualquer um dos três pode ser considerado adequado como auxi-
liar no diagnóstico de ME.
O médico solicitante de um exame complementar deve estar 
ciente de que este não substitui o exame clínico, que pode haver 
discrepâncias em cada um dos testes e há riscos de falso-positivos 
ou falso-negativos. Há também argumentos contra o seu uso10. O 
tempo de ME deve ser documentado no registro médico, assim 
como se foi feito teste de apneia, devendo-se escrever o horário 
em que foi obtido o resultado > 60 mm/Hg de PaCO2 e, no caso 
de o teste de apneia ter sido inconclusivo, o horário em que o exa-
me complementar foi interpretado deve ser documentado.
6. EEG e morte encefálica
O EEG é um estudo não invasivo, reprodutível e de fácil 
aquisição no ambiente hospitalar.
O termo para se referir à ausência de atividade é “inativida-
de elétrica cerebral” ou “silêncio elétrico cerebral”, que é defi-
nido como a ausência de atividade eletroencefalográfica ≥2 µV. 
quando registrada com eletrodos separados ≥10 cm na super-
fície craniana com impedâncias <10.000 Ω, porém > 100 Ω.
A diferenciação de silêncio elétrico no EEG e EEG com mui-
to baixa amplitude é difícil. As principais dificuldades são de 
ordem técnica e relativas à interpretação dos artefatos, e a pre-
sença de ondas cerebrais no EEG exclui o diagnóstico de ME 
(Figuras 2 a 5).
Antes de realizar o EEG, deve-se registrar dados clínicos 
essenciais, como nome completo, data de nascimento, cir-
215
Figura 2. EEG na morte encefálica e artefato de ECG nos eletrodos Fp1-C3 e Fp1-T3.
216
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 3. EEG de mulher de 41 anos, neuromilelite óptica, mielite longitudinal extensa, evento vascular cerebral isquêmico da artéria cerebral média bilateral. Coma e 
ausência de reflexos de tronco encefálico. São observados artefato de ECG e silêncio elétrico cerebral.
217
Figura 4A. EEG mostrando artefato de ECG e silêncio elétrico cerebral sem reação aos estímulos dolorosos.
218
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 4B. EEG mostrando silêncio elétrico cerebral. Ausência de reatividade à fotoestimulação intermitente a 20 Hz. Artefato fotoelétrico mostrado nos eletrodos 
frontopolares bilaterais e artefato de ECG.
219
Figura 4C. Silêncio elétrico cerebral. Ausência de reatividade no EEG aos estímulos sonoros.
220
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 5A. Um surto generalizado de atividade delta de 2 segundos de duração durante a fotoestimulação intermitente. O paciente não está em silêncio elétrico 
cerebral.
221
Figura 5B. EEG em que se observa atividade delta polimórfica de baixa amplitude predominantemente no hemisfério direito entremeada com artefatos de contração 
muscular e ECG. A paciente não está em silêncio elétrico cerebral.
222
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Figura 5C. O estímulo nociceptivo novamente promove um surto de atividade delta generalizada predominantemente à direita.
223
cunstâncias e origem do coma, principalmente a hora e o dia 
do evento, etiologia do coma e resultados de exames de ima-
gem que tenham sido feitos, hora, dia e local do registro, con-
dições do crânio, medicamentos administrados nas últimas 
24 horas (no caso de tiopental, 36 horas), exames toxicológi-
cos realizados no soro ou na urina, assim como temperatura 
corporal e parâmetros hemodinâmicos, especialmente pres-
são arterial11.
Deve-se descartar qualquer suspeita de efeito tóxico, me-
tabólico ou farmacológico como causa de coma; se houver 
suspeita, deve-se preferir estudos de angiorressonância, já que 
o resultado deste estudo não é afetado pelo efeito dessas subs-
tâncias.
O relatório só pode ser escrito por um médico especialista 
em EEG e os resultados só devem ser comunicados a médicos 
qualificados para o diagnóstico.
6.1. Requisitos técnicos
A confiabilidade do silêncio elétrico como um auxílio no 
diagnóstico de ME é baseada em padrões técnicos aplicados 
durante o registro. Diferentes Sociedades de Neurofisiologia 
têm publicado recomendações11,12 focadas principalmente na 
interpretação do EEG, utilizando alta sensibilidade e o reco-
nhecimento de artefatos. As principais recomendações técnicas 
são as seguintes:
1) Utilizar um conjunto de eletrodos que cubram a maior área 
possível do crânio
O registro das áreas temporais, centrais, occipitais e frontais 
é necessário. Um eletrodo terra deve estar incluído.
Já que inicialmente não há nenhuma garantia de encontrar 
o silêncio elétrico, o sistema internacional 10-20 é recomen-
dado para começar o exame e, mais tarde, deve-se fazer alte-
rações para cumprir as distâncias de 10 cm preconizadas para 
o registro de ME. Deve-se incluir os eletrodos de linha média 
(Fz, Cz, Pz), pois são úteis para detectar a atividade residual de 
baixa amplitude e relativamente livres de artefatos.
2) As impedâncias intereletrodos devem ser <10.000 Ω (10 KΩ) 
e > 100 Ω (0,1 KΩ)
As discrepâncias nas impedâncias podem distorcer o sinal 
do EEG. Quando um eletrodo tem uma impedância elevada 
em comparação com outro, a amplificação de um sinal estará 
desequilibrada, resultando em artefatos de grande amplitude.
Há uma queda acentuada na amplitude <100 Ω e não haverá 
amplificação de sinal algum se as impedâncias chegarem a zero, 
por isso a recomendação de manter as impedâncias > 100 Ω.
3) Verificar a integridade de todo o sistema de registro
A integridade do registro deve ser checada eletrodo por ele-
trodo, pressionando-o com uma compressa para criar um artefa-
to e verificar a sua presença no registro, assim como a colocação 
224
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
adequada do eletrodo na localização no crânio. Embora o siste-
ma de calibração de teste avalie a função dos amplificadores e 
da unidade de digitalização, não exclui a possibilidade de co-
municação intereletrodo por pontes de corrente ou anomalias na 
caixa de eletrodos ou no cabo de entrada.
4) A distância intereletrodos deve ser > 10 cm
A distância média entre os eletrodos no sistema internacional 
10-20 é 6-6,5 cm, por isso, se fossem utilizadas montagens longi-
tudinais ou transversais com o dobro da distância entre os eletro-
dos seriam alcançadas distâncias entre os eletrodos > 10 cm (por 
exemplo, Fp1-C3, F3-P3 etc.). Com o aumento da distância inter-
-eletrodos, é possível observar atividade elétrica cerebral de baixa 
amplitude que não seria observada com distâncias normais. Não 
se recomenda usar a referência na mastoide pela possibilidade 
de interferência do eletrocardiograma (ECG). Tem sido sugerida a 
utilização de montagens que excluam os eletrodos occipitais pela 
maior susceptibilidade a artefatos de movimento por ventiladores. 
Essa consideração deve ser feita por quem vai interpretar o EEG.
5) A sensibilidadedeve ser aumentada de 7µV./mm a 2 µV./mm por 
pelo menos 30 minutos de registro com calibrações apropriadas.
6) Deve-se realizar um registro de 30 minutos
É importante saber que pode haver períodos de inatividade 
cerebral até de 20 minutos em registros de muito baixa am-
plitude e, por isso, deve-se documentar 30 minutos de silên-
cio elétrico cerebral. A velocidade do papel recomendada na 
América Latina é de 30 mm/seg (10 segundos por tela). Escolas 
europeias utilizam 20 segundos por tela (15 milímetros/seg).
7) Os filtros devem ser adequadamente ajustados para um re-
gistro de inatividade elétrica cerebral.
Com a intenção de evitar atenuação da atividade rápida ou 
lenta de baixa amplitude, o filtro de alta não deve ser < 30 Hz nem 
o filtro de baixa > 1 Hz, isto é, deve manter o registro da faixa de 
frequências dentro de um intervalo de 1 a 30
8) Técnicas de monitorização adicionais devem ser usadas 
quando necessário
O registro de inatividade cerebral é difícil de ser executado, 
principalmente por causa da sua elevada sensibilidade, o que 
aumenta a probabilidade de artefatos no registro de maneira 
acentuada. A melhor estratégia para evitar essa situação é um 
conjunto de eletrodos estáveis com impedância baixa. No en-
tanto, apesar de todos os esforços, por vezes não é possível 
evitar o aparecimento de artefatos, de modo que é sugerido 
utilizar um monitor de ECG que permita a visualização da ati-
vidade cardíaca e sua possível presença como um artefato no 
registro de EEG.
Se houver um artefato pela ventilação e não for possível re-
movê-lo, pode-se desligar o ventilador brevemente, para garantir 
a origem desse artefato e documentá-lo devidamente no registro.
225
Em algumas ocasiões, um monitor adicional com registros 
de eletrodos na mão do paciente pode ajudar a documentar 
artefatos provenientes do paciente ou de algo ao seu redor.
É comum encontrar alguma contaminação por artefatos 
musculares persistente em pacientes com ME. Se esses poten-
ciais musculares dificultarem a interpretação do EEG, torna-se 
necessária a aplicação de um bloqueador neuromuscular sob a 
supervisão de um anestesista.
É importante reconhecer que mesmo utilizando a melhor 
técnica possível, às vezes a alta sensibilidade desse registro tor-
na difícil interpretá-lo. Por isso, se o médico responsável pela 
interpretação do exame tiver dúvida no diagnóstico de ME, 
apesar de ter feito todo o possível, a dúvida diagnóstica deverá 
ser documentada.
9) Não deve haver nenhuma reatividade a estímulos somatos-
sensoriais, auditivos ou visuais
Como critério para estabelecer o diagnóstico, não deve ha-
ver reatividade a qualquer um destes estímulos e deve-se fazer 
esforços para distinguir a possível reatividade do EEG de arte-
fatos durante algumas manobras, como aspiração de secreções 
ou outros procedimentos.
10) O registro deve ser executado por equipe qualificada
Em diversos estudos12,13 demonstrou-se a sensibilidade de 
um único registro para o diagnóstico de ME. No entanto, em 
casos nos quais existem dificuldades técnicas ou de outra na-
tureza que deixem dúvidas no diagnóstico de ME, todo o pro-
cedimento deve ser repetido pelo menos seis horas mais tarde 
para confirmação do diagnóstico.
Tabela 1. Critérios de inatividade cerebral no EEG pela Socie-
dade Internacional de Neurofisiologia Clínica
Ausência de atividade > 2 µV. durante 30 minutos com um 
registro realizado sob as seguintes condições:
1. Utilização de pelo menos oito eletrodos sobre a superfície 
craniana.
2. Impedância intereletrodos <10 KOhms.
3. A integridade do sistema de registro deve ser verificada.
4. As distâncias intereletrodos devem ser ≥ 10 cm.
5. A sensibilidade do registro deve ser ≥ 2µV./mm durante 30 
minutos.
6. Filtros de alta a 30 Hz e de baixa a 1 Hz.
7. Técnicas de monitorização adicionais devem ser usadas, 
se necessário.
8. Não deve haver reatividade eletroencefalográfica a 
estímulos aferentes.
9. O registro deve ser feito por equipe qualificada.
10. Deve-se repetir o registro se houver dúvida no 
diagnóstico de inatividade cerebral.
226
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
6.2. Sensibilidade e especificidade
A sensibilidade do método relatada em diferentes estu-
dos oscila entre 50% e 95%. A especificidade do EEG tem 
sido confirmada desde 1960. A Academia Americana de Ele-
troencefalografia, por meio da Comissão para Determinação 
de ME, publicou que dentre 2.650 casos de coma com um 
EEG aparentemente isoelétrico, apenas três dos que cumpri-
ram as recomendações da Comissão mostraram alguma re-
cuperação e, mais tarde, foi demonstrado que isso se deveu 
ao uso de medicamentos12.
No entanto, para melhorar a especificidade do EEG, deve-se 
descartar o efeito de medicamentos ou de outras circunstâncias.
6.3. Medicamentos
O EEG é altamente sensível a medicamentos, particular-
mente a barbitúricos, que podem gerar depressão da ativida-
de elétrica ou silêncio elétrico cerebral. Essa situação requer 
que se postergue a realização do EEG até que os medica-
mentos sedativos sejam removidos do paciente (pelo menos 
24 horas no corpo; 36 horas no caso do tiopental). A AAN 
afirma: ‘’Se medicamentos tóxicos, como barbitúricos, ben-
zodiazepínicos ou opiáceos, estiverem presentes, os níveis 
não deverão ser iguais a zero, mas sim estar numa gama que 
normalmente não se espera que interfira significativamente 
na consciência”15.
6.4. Hipotermia
Coselli et al.14 tentaram correlacionar o aparecimento de 
um “EEG isoelétrico’’ com a temperatura periférica do cor-
po em 56 pacientes operados sob hipotermia. Eles observa-
ram uma variabilidade para o início do registro isoelétrico 
com valores que variaram de 12,8°C a 28,6°C (temperatura 
retal). De acordo com esse estudo, a hipotermia < 30°C não 
pode causar inatividade elétrica cerebral, no entanto, na 
ausência de dados validados, a maioria das orientações exi-
ge temperatura > 35°C.
O uso de avaliações consecutivas do EEG, as quais foram 
sugeridas para melhorar a acurácia diagnóstica do EEG, ainda 
é controverso. Poucos dados na literatura indicam mudanças 
observadas entre dois EEGs e a maioria das sociedades cien-
tíficas, incluindo a AAN, não o considera obrigatório. Parece 
improvável que um EEG com inatividade elétrica cerebral, 
realizado em condições adequadas, será significativamente 
alterado depois de um período de quatro horas. No entanto, a 
prova deve ser realizada a um tempo considerável da condi-
ção inicial que levou ao diagnóstico clínico de ME. Na Fran-
ça, para identificar e validar o diagnóstico, a lei exige dois 
EEGs realizados no prazo de quatro horas de observação, os 
quais devem mostrar silêncio elétrico cerebral ou ausência de 
fluxo cerebral em angiorressonância cerebral15.
227
6.5. Legislação na América Latina
A utilidade e a necessidade do EEG no diagnóstico de ME 
é diferente, dependendo da legislação de cada país. As princi-
pais diferenças nos critérios entre diferentes países encontram-
-se nos seguintes itens: o número de médicos necessários para 
realizar o diagnóstico confirmatório de ME, o nível de conhe-
cimentos que estes devem ter, a necessidade ou não de exames 
subsequentes e o período de observação após o diagnóstico.
Na tabela 2, as principais diferenças são mostradas nos di-
ferentes países latino-americanos.
Tabela 2. Principais diferenças no diagnóstico de morte encefá-
lica em países da América Latina
Legis-
lação
Orien-
tação 
clínica
Prova 
da 
apneia
Número de 
médicos
Tempo 
de ob-
servação 
(horas)
Teste con-
firmatório
Argentina16 P P RV 1 6 Necessário
Brasil P P RV 1 6 Opcional
Chile17 P P RV 2 A Necessário
Colômbia18 P P A 2(N) A Opcional
Costa Rica P P PaCO2 1 24 Opcional
Equador A A A A 4 Opcional
Legis-
lação
Orien-
tação 
clínica
Prova 
da 
apneia
Número de 
médicos
Tempo 
de ob-
servação 
(horas)
Teste con-
firmatório
El Salvador A P A 1 6 Necessário
Guatemala A A A A A
Desconhe-
cidoHonduras A A A A A
Desconhe-
cido
México19 P P A A 24 Necessário
Paraguai A P PaCO2 1 24 Opcional
Uruguai P P PaCO2 1 A Opcional
Venezue-
la20
P P PaCO2 2(N) 12 Opcional
Estados 
Unidos7
P P PaCO2 2 6 Opcional
Canadá21 P P PaCO2 1 6 Opcional
P: presente; A: ausente; PaCO2: prova da apneia com limite 
estabelecido de PaCO2; RV: retirada do ventilador. N: 
neurologista.
228
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Algoritmo de diagnóstico de morte encefálica
Coma de causa 
conhecida
A avaliação neurológica indica ME?
- Parâmetros fisiológicos
1. Normotensão
2. Normotermia
- Sem resposta a estímulos externos
- Prova da apneia positiva
*A legislação vigente no México diz 
ser mandatório ter um estudo de 
imagem ou EEG. É necessário verificar a 
legislação vigente em cada país.
**O EEG em crianças é solicitado em 
caso de dúvida diagnóstica ou para 
abreviar o tempo de observação.
Uma vez que se tenham uma avaliação 
e um exame positivo para ME, a 
segunda avaliação pode ser realizada 
em qualquer momento.
- Continuar observação e manejo
- Considerar exames complementares: 
EEG ou estudos de medicina nuclear ou 
imagem
NÃO SIM
Efeitos tóxicos de 
medicamentos ou metabólicos 
foram excluídos?
Adulto (> 18 anos)
Uma avaliação neurológica
Um exame complementar*
Criança (30 dias -18 anos)
Duas avaliações neurológicas 
separadas por 12 horas
EEG ou imagem**
Neonato 37 semanas- 30 dias 
Duas avaliações neurológicas 
separadas por 24 horas
EEG ou imagem**
229
Referencias
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8. Rossini PM. Neurophysiological signs of brain death (EEG & evoked potentials): 
are they safe & reliable? Pontifical Academy of Sciences, Scripta Varia 2007,110.
9. Greer DM, Varelas PN, Haque S, et al. Variability of brain death determination 
guidelines in leading U.S. Neurologic Institutions. Neurology. 2008:70:284-9.
10. Wijdicks EFM. The case against confirmatory tests for determining brain 
death in adults. Neurology. 2010;75:77-83.
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inique de Langue Française. EEG guidelines in the diagnosis of brain death. 
Clinical Neurophysiol. 2015;45:97-104.
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may negatively affect organ donation. Neurology. 2011;76:119-24.
14. Coselli JS, Crawford ES, Beall Jr AC, et al. Determination of brain tempera-
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death diagnosis: a study on French practice. Anaesth Crit Care Pain Med. 
2015;34:145-50.
16. Decreto 30011 de Octubre. Boletín Oficial (Octubre 13, 1977); Art. 21, 
República Argentina Ley 21, 541 (Marzo 2, 1977); Boletín Oficial, Art. 21 
(Marzo 18, 1977).
17. Ley de Transplantes 19.451. Chile, 1997. Disponível em: www.ispch.cl/
ley20285/t_activa/marco_normativo/7c/dec_656_1996.pdf
18. Ministerio de Salud Pública, Republica de Colombia. Decreto número 1.172, 
de 1989 junio 6 (Colombia). Transplante de órganos y tejidos, ley n. 14.005 
(agosto 29, 1971).
19. Ley General de Salud en Materia de Trasplantes y Donación de Órganos. 
Diario oficial de la federación, articulo 17bis, fracciones IV y V, 343, 344 
(2009). México.
20. Gaceta oficial de la República de Venezuela. ANOCXX-Mes II, Caracas, 
jueves 3 de diciembre de 1992, n. 4.497 extraordinario (1992). 
21. Canadian Congress Committee on Brain Death. Death and brain 
death: a new formulation for Canadian Medicine. Can Med Assoc J. 
1988;138:405-6.
231
Capítulo 11
Considerações especiais para 
a realização de vídeo-EEG 
em pacientes na UTI. 
Registro de paciente crítico 
e de morte encefálica 
em pediatria
Francesca Solari Bardi 
Ximena Varela Estrada
Este capítulo tem como objetivo normatizar e auxiliar na 
realização de EEG em UTI pediátrica (não incluindo neonato-
logia). O procedimento é diferente de um estudo de EEG em 
pacientes ambulatoriais, requerendo experiência e constante 
acompanhamento pelo técnico de EEG e pelo neuropediatra.
1. Introdução
Quando uma criança entra em uma unidade de terapia inten-
siva pediátrica com insulto neurológico agudo, tem um risco ele-
vado de desenvolver convulsões ou estado de mal epiléptico. Em 
muitas dessas crianças, os parâmetros clínicos de avaliação de 
seu estado de consciência são perdidos pelo uso de sedativos ou 
anestésicos, e também os parâmetros de seu padrão motor, pelo 
uso de medicações que promovem bloqueio neuromuscular.
Pouco a pouco, a utilização do EEG contínuo (EEGc) tem se 
mostrado um instrumento importante no seguimento de alguns 
dos pacientes críticos, tornando-se essencial para otimizar o 
tratamento empregado.
232
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
2. Indicações e parâmetros teóricos
A intervenção precoce em crianças tem proporcionado melho-
res resultados prognósticos do que em adultos. É por esse motivo 
que o monitoramento com EEGc em crianças é fundamental tão 
logo quanto possível1.
As indicações atuais de EEGc incluem não só a manipula-
ção ou a detecção das crises epilépticas agudas, mas também a 
avaliação de potencial risco de dano no sistema nervoso central 
da criança. Esse risco potencial de dano neurológico não é in-
comum em pacientes internados na UTI, mas é ainda mais im-
portante se o paciente tem uma patologia neurológica de base.
As alterações da consciência, sejam primárias e/ou secundá-
rias, modificam a avaliação dos sintomas, uma vez que o exame 
clínico neurológico estará limitado. Nesse caso, o EEG torna-se 
uma extensão do exame clínico neurológico. Portanto, é essen-
cial contar com dados clínicos do paciente e detalhes das indi-
cações médicas, pois tais dados afetam a interpretação do EEG 
e, mais ainda, exigem adaptação da técnica de EEG de acordo 
com os antecedentes e com definição da sua indicação2.
A Sociedade Europeia de Medicina Intensiva recomenda 
realizar o monitoramento com EEGc no seguimento do es-
tado de mal epiléptico (convulsivo e não convulsivo) com 
o objetivo de: 1) descartar a presença de crises epilépticas 
em pacientes com insulto neurológico agudo; 2) em pacien-
tes com comprometimento persistente do sensório de causa 
desconhecida; 3) a fim de detectar isquemia associada com 
hemorragia subaracnóidea; 4) para avaliar o prognóstico na 
anóxia cerebral após parada cardiorrespiratória3.
A ocorrência de crises no acompanhamento de longo prazo em 
UTI varia entre 7% e 47% (média de 30%) em diferentes estudos. 
Em uma pesquisa realizada por Abend et al.4, emque foram segui-
das 100 crianças com insultos neurológicos agudos de diferentes 
causas, verificou-se a presença de crises epilépticas em 46 crian-
ças, incluindo 19 com estado de mal epiléptico não convulsivo e 
27 com crises subclínicas. Existe uma relação entre estado de mal 
epiléptico não convulsivo e maior taxa de mortalidade5.
Em relação ao traçado de base, o encontro de uma arqui-
tetura normal durante o sono é um fator de bom prognóstico. 
As depressões e atenuações de voltagem são associadas a le-
sões cerebrais de origem isquêmica após terapia com sedativos 
anestésicos ou hipotermia mais agressiva. O prognóstico dessas 
crianças depende da etiologia primária. Aquelas que apresentam 
esse padrão secundário à parada cardíaca e à hipóxia têm pior 
prognóstico e sobrevida mais baixa, e muitas delas evoluem com 
sequelas importantes. Por outro lado, aquelas cujos registros 
mostram o referido padrão, estando submetidas à hipotermia ou 
após a administração de fármacos, normalmente se recuperam, 
desenvolvendo menor número de sequelas neurológicas6. 
Finalmente, o EEG de baixa voltagem é definido como um 
traçado contínuo de ondas delta e teta, com amplitude inferior 
233
a 20 µV., na ausência de estimulação, que é muitas vezes cau-
sado pelo comprometimento extenso corticossubcortical devi-
do a uma lesão cerebral isquêmica e/ou trauma grave, fatores 
que frequentemente predizem um mau prognóstico7. 
Em relação às crianças com trauma cerebral agudo, tanto 
as crises clínicas como as sutis ou subclínicas estão associa-
das com pior prognóstico e maior morbidade. Ao acompanhar 
essas crianças, verificou-se que 30% apresentaram crises epi-
lépticas durante sua evolução e 51% dos casos das crises epi-
lépticas ocorreram dentro das primeiras 12 horas8,9.
3. Registro de EEG em UTI pediátrica
EEG em UTI é uma entidade especial, que necessita de 
estreita coordenação e trabalho em equipe entre técnicos de 
EEG, eletrofisiologista, médico intensivista e enfermagem. 
O traçado de base pode ser alterado ou modificado por 
fármacos que podem ter sido administrados ou, ainda, por di-
ferentes intervenções realizadas, devendo-se anotar no regis-
tro o momento em que foram executadas. Por isso, a equipe 
deve também ser treinada para saber registrar esses eventos 
no exame.
Por outro lado, as múltiplas intervenções e equipamentos 
em uso podem gerar artefatos que, se não registrados, podem 
levar a suspeitas que resultam em possível interpretação incor-
reta pelo revisor do EEG. 
A interpretação do registro deve ser contínua, para detectar e 
quantificar as crises epilépticas clínicas e subclínicas em tempo in-
tegral, assessorando se há alguma alteração nas funções corticais.
3.1 Requerimentos técnicos
3.1.1. Montagem: na maioria das vezes, o paciente crítico 
pode necessitar do uso concomitante de uma série de 
equipamentos de apoio, incluindo aparelhos elétri-
cos, além daqueles habitualmente presentes no pró-
prio ambiente de urgência em que se encontra. Assim 
sendo, é importante em cada caso definir os tipos de 
eletrodos e as montagens que serão usados de acordo 
com as características específicas para cada paciente.
 O ideal é que o traçado seja associado ao registro de 
vídeo, o que ajuda a diagnosticar estado de mal epi-
léptico não convulsivo e distinguir uma série de artefa-
tos externos que se interpõem à atividade elétrica cere-
bral por procedimentos médicos e/ou de enfermagem 
que possam ocorrer durante a obtenção do registro 
eletroencefalográfico nesses pacientes10,11.
3.1.2. Revisão do registro: o traçado deve ser revisado a cada 
quatro a seis horas pelo técnico para verificar ou corrigir 
artefatos e fazer a avaliação de reatividade do paciente. A 
disponibilidade de técnicos é variável, mas independen-
temente dos recursos disponíveis, é preciso obter um EEG 
de qualidade técnica satisfatória.
234
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
3.1.3. Parâmetros para se utilizar na UTI: utilizam-se os mes-
mos parâmetros do EEG de rotina. 
- É importante assegurar sempre que o fio terra seja único (ou 
seja, parte do mesmo circuito elétrico, na mesma parede ou re-
gião) para todos os aparelhos elétricos conectados ao paciente.
- O uso do filtro notch é recomendável para reduzir a corrente 
alternada proveniente de outros equipamentos elétricos em uso.
- A fixação de eletrodos com colódio e o uso de gel condu-
tor são recomendados, mas em crianças com menos de 1 ano a 
fixação de eletrodos deve ser realizada apenas com pasta con-
dutora. Em crianças maiores, recomenda-se o uso de colódio, 
com a verificação da condição da pele e mudança dos eletro-
dos a cada 72 horas. Se lesões estiverem presentes, o eletrodo 
deverá ser instalado lateralmente a estas e a mudança de po-
sição ocorrida deverá ser definida e especificamente descrita, 
devendo ser relatada como um evento adverso.
- Eletrodos adicionais e poligráficos (por exemplo, EMG, 
cinta de respiração etc.) podem ser úteis e a equipe médica 
define o seu uso, mas não são rotineiramente utilizados.
3.2. Avaliação da reatividade do paciente
É importante avaliar as alterações do traçado em relação à 
aplicação de estímulos específicos, que devem ser descritos no 
registro, especificando o tipo de estímulo realizado. Se houver 
dúvida na resposta ao estímulo, este deverá ser repetido para 
esclarecer qual foi a resposta gerada.
Avaliam-se as alterações no padrão de base quanto à fre-
quência e à amplitude em relação aos seguintes estímulos:
(1) tátil: estímulos feitos com toque em diferentes partes do 
corpo.
(2) auditivos: deve ser um ruído forte e abrupto (bater pal-
mas no lado do ouvido, por exemplo).
(3) fóticos: recomenda-se, mesmo quando o paciente apre-
senta comprometimento da consciência.
(4) nociceptivos: durante a permanência na UTI, os pacientes 
estão sujeitos a procedimentos de enfermagem, como perfura-
ções venosas ou arteriais para a aplicação de medicações en-
dovenosas, mudança de cateteres ou aspiração de vias aéreas, 
que são úteis para avaliar a nocicepção (reatividade a estímulos 
dolorosos).
3.3. Outras respostas
Resposta às medicações usadas: durante o registro, pode ser 
necessária a administração de medicações, as quais devem ser 
descritas (tipo de medicação e doses utilizadas) pela equipe da 
UTI, observando-se, ainda, as alterações que ocorrem no traça-
do de base durante a após a sua administração.
4. Interpretação
O eletrofisiologista deve ser contatado por quem solicita o 
exame para informar as condições do paciente, as medicações 
em uso e a finalidade do EEGc.
235
As alterações de doses e medicamentos em uso devem ser 
cuidadosamente listadas no registro, bem como quando da sua 
administração, o nome dele e a dose usada.
É recomendável que o primeiro relatório seja feito após a 
primeira hora do registro para identificar eventos críticos e de-
cidir sobre a necessidade de continuar a monitorização de EEG 
de acordo com a indicação clínica inicial. Caso se opte por 
continuar, devem ser liberados relatórios a cada quatro a seis 
horas ou de acordo com critérios estabelecidos com o médico 
intensivista. Deve ser elaborado um relatório por escrito com-
pleto a cada 24 horas. 
O tempo total de gravação ainda é indefinido, mas existem 
estudos que descrevem que a maioria das crises ocorre nas pri-
meiras 24 horas do registro.
Deve-se ter um sistema de comunicação ao qual tenham 
acesso todas as pessoas que assistem o paciente.
Pontos-chave
• Se o EEG-padrão não fornece informações suficien-
tes para explicar o estado do paciente em relação ao 
nível de consciência, o EEG contínuo pode fornecer 
informações úteis que ajudam a avaliar a gravidade 
do comprometimento da consciência, seu prognósti-
co e também detectar a presença de crises não con-
vulsivas.
• Deve incluir pelo menos oito eletrodos (escolher os de 
superfície ou escalpo em relação aos invasivos) e ECG.
• Deve ser realizado por técnicos treinados em registrodo 
exame de UTI.
• Testes de reatividade devem ser sempre feitos em todos 
os pacientes com comprometimento da consciência.
• O registro do tipo de medicações usadas previamente e 
durante o registro, além de sua dosagem, sempre deve 
ser informado ao eletroencefalografista.
• Idealmente, o EEG deve ser sincronizado com o vídeo.
• A interpretação deve ser feita em condições ideais, seja 
no local do exame, seja por acesso remoto.
5. Morte encefálica
5.1. Introdução
Morte encefálica (ME) é definida como a morte do indiví-
duo que é aceita na legislação da maioria dos países, sendo 
especificamente detalhada na lei sobre doação e transplante 
de órgãos12.
Existem diferenças importantes de país para país em rela-
ção aos critérios clínicos de ME, quanto ao tempo de obser-
vação, tempo de realização da avaliação clínica e repetição 
de exames complementares. As atualizações realizadas em 
2011 pela Academia Americana de Pediatria (AAP)13,14 espe-
236
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
cificaram e determinaram que o diagnóstico deve ser essen-
cialmente clínico (presença de coma irreversível, ausência 
de reflexos de tronco encefálico e teste de apneia positivo 
para ME), estabeleceram mais precisão para os pré-requi-
sitos para realizar o exame neurológico e consideraram o 
teste de apneia obrigatório. O EEG é considerado um dos 
estudos complementares para diagnóstico de ME com o es-
tudo de fluxo sanguíneo cerebral por Doppler transcraniano 
e potenciais evocados. Os estudos complementares são de 
suporte diagnóstico, mas não são considerados obrigatórios 
para determinar a ME segundo a AAP15. Consulte as regras 
específicas para cada país.
Com o objetivo de unificação, a AAP publicou uma atuali-
zação de diretrizes de 198713, estabelecendo que a ME "é um 
diagnóstico clínico, baseado na ausência de funções neuroló-
gicas, com uma etiologia conhecida, que determina um estado 
de coma irreversível, detalhando que o coma e a apneia devem 
coexistir"14.
A AAP recomenda estudos complementares nos seguintes 
casos14:
1. Quando o exame neurológico ou o teste de apneia não 
puder ser feito na íntegra devido a uma condição médica sub-
jacente do paciente.
2. Se existirem dúvidas em relação ao exame neurológico.
3. Quando há efeito de medicação.
4. Para reduzir o período de observação.
O EEG deve ser executado de acordo com as normas esta-
belecidas pela Sociedade Americana de Eletroencefalografia 
e ser realizado e interpretado por equipe qualificada e trei-
nada16. 
Antes de se realizarem os estudos complementares, bem 
como o exame neurológico, o paciente deve estar hemodi-
namicamente compensado, com temperatura adequada (nor-
motermia) e sem efeitos de medicamentos que poderiam in-
fluenciar a interpretação desses testes, sendo, em alguns casos, 
necessário determinar as concentrações séricas de fármacos 
quando clinicamente indicados. Níveis séricos baixos a mode-
rados de barbitúricos não deveriam excluir o registro de EEG 
para diagnóstico de ME17.
O termo recomendado no Glossário da Federação Interna-
cional de Neurofisiologia Clínica18 para traçados isoelétricos é 
“inatividade elétrica cerebral” (IEC), definida como a ausência 
de atividade cerebral no EEG de amplitude superior a 2 µV., 
com uma distância entre os eletrodos de 10 cm ou mais e im-
pedâncias dos eletrodos entre 0,1 e 10 KOhms.
Requisitos para o registro do EEG:
1. O registro deve ser executado somente por um técnico qua-
lificado.
237
2. Uma calibração adequada e apropriada é essencial. A sensi-
bilidade (responsável pela amplitude das ondas no traçado a 
partir do sinal captado pelo EEG. O EEG deve ser registrado 
com sensibilidade entre 2 e 5 µV.
3. A montagem deve cobrir a maior parte da superfície ce-
rebral para descartar que a ausência de atividade não se 
deva somente a um fenômeno local. Os eletrodos frontais, 
centrais, temporais e occipitais são recomendados como 
requisitos mínimos para o registro.
4. Em um registro inicial, recomenda-se usar a montagem 
10-20, incluindo os eletrodos de linha média (Fz, Cz e 
Pz) que são úteis para detectar a atividade fisiológica 
residual de baixa voltagem e geralmente estão livres de 
artefatos. Exceção ocorre quando não é possível o aces-
so a todo o crânio devido a trauma cranioencefálico ou 
cirurgia recente.
5. A distância entre os eletrodos deve ser de pelo menos 10 
cm. No sistema de Internacional 10-20, a distância mé-
dia entre os eletrodos em adultos é de 6 a 6,5 cm. Com 
essa distância e uma sensibilidade habitual é possível que 
alguns potenciais cerebrais não sejam observados, sendo, 
por isso, recomendado realizar distância dupla entre os 
eletrodos nas montagens bipolares transversais e longitudi-
nais. Na tabela 1, descreve-se a montagem recomendada.
Tabela 2. compara orientações para determinar morte encefáli-
ca no paciente pediátrico
Montagem para registro de morte encefálica
Fp1- T3
T3-O1
Fp1- C3
C3-O1
Fp2-T4
T4-O2
Fp2-C4
C4-O2
Fz-Cz
Cz-Pz
ECG
6. A impedância deve ser inferior a 10 KOhms.
7. Recomenda-se utilizar a referência Cz ou outra de linha 
média, uma vez que a referência auricular (na orelha) pode 
estar contaminada com artefato de ECG.
8. A sensibilidade deve ser aumentada para 2 µV.
9. Duração do exame: 30 minutos.
10. Filtro de alta: não deve ser inferior a 30 Hz. Filtro de baixa: 
não deve ser superior a 1 Hz. Filtro notch: ligado (on).
11. Sempre deve ser adicionada a derivação de ECG.
238
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
12. Realizar manobras de reatividade elétrica aos estímulos soma-
tossensoriais, auditivos e visuais (fotoestimulação intermitente).
13. O registro do EEG deve ser feito assegurando-se que a tempe-
ratura corporal do paciente no início do exame esteja entre 
32 e 35OC, de acordo com a norma vigente em cada país12.
14. Em caso de dúvidas de IEC, recomenda-se repetir o EEG 
em 24 horas.
Quando se aumenta a sensibilidade do EEG, os artefatos tam-
bém são acentuados, o que torna altamente recomendadas moni-
torizações adicionais durante o registro. Se o artefato de respiração 
não puder ser excluído, este deverá ser objetivamente monitorado 
através da respiração e, se ainda assim, não for possível identificá-
-lo, recomenda-se realizar uma breve desconexão do ventilador.
Frequentemente, um outro monitor para artefatos prove-
nientes do paciente ou do ambiente torna-se necessário, sendo 
o mais conveniente instalar um par de eletrodos separados por 
6 a 7 cm na parte dorsal da mão.
Se não está claro e se há contaminação de origem muscular, 
é possível reduzi-la ou eliminá-la utilizando agentes de blo-
queio neuromuscular, prescritos por um médico treinado para 
o manejo dessas medicações.
O ruído do aparelho e a interferência externa podem ser 
verificados por um “paciente manequim”, com uma resistência 
de 10 KOhms entre os terminais G1 e G2 de um canal.
A tabela 2 compara orientações para determinar morte encefá-
lica no paciente pediátrico13,14:
5.2. Aspectos legais
Há uma grande variabilidade na execução das orientações em 
relação ao diagnóstico jurídico que é aplicado em diferentes paí-
ses, ainda mais no que se refere ao grupo de idade pediátrica. Tais 
diferenças ocorrem tanto em países europeus19 como Ibero-ameri-
canos. Em uma pesquisa sobre o diagnóstico médico e jurídico de 
ME, dentre os 21 países que formam o RED/Conselho Ibero-ameri-
cano de Doação e Transplante de Órgãos, observou-se uma gran-
de diversidade de critérios, tanto do ponto de vista clínico como 
legal12, excedendo os objetivos do presente manual, mas que são 
recomendados para leitura e aplicação de acordo com cada país.
239
Tabela 2. Comparação de orientações para determinar morte encefálica no paciente pediátrico
Guia clínico 1987 2011
Tempo entre causa e avaliação inicial Não especificado 24 horas
Temperatura corporal Não especificado > 35 °C
Número de
avaliações
Duas avaliações. No grupo etáriode 2 a 12 
meses, a segunda avaliação não é necessá-
ria se a avaliação inicial de fluxo cerebral e 
EEG for compatível com ME
Duas avaliações independentes do resul-
tado do EEG em todos os grupos de idade
Número de
examinadores
Não especificados Dois examinadores diferentes para exe-
cutar a primeira e a segunda avaliação
Intervalo entre as avaliações Idade-dependente
- 7 dias a 2 meses: 48 h
- 2 a 12 meses: 24 h
- Maior que 1 ano: 12 h ou
24 h no caso de encefalopatia anóxico-
-isquêmica
Idade-dependente
- Menor que 37 semanas a 30 dias: 24 h
- 1 mês a 18 anos: 12 h
Auxiliares no diagnóstico Idade-dependente
- 7 dias a 2 meses: 2 EEGs separados por 
48 h.
- 2 a 12 meses: dois EEGs. O estudo do 
fluxo cerebral pode substituir a necessi-
dade do segundo EEG
- Maior que 1 ano: estudo complemen-
tar não é necessário
São apenas necessários quando o teste de 
apneia ou a avaliação clínica não foram 
feitos ou o resultado não foi confirmatório
No grupo de idade de 37 semanas a 1 mês: 
o EEG é pouco sensível, sendo recomenda-
do estudo do fluxo cerebral
> 30 dias a 18 anos: EEG e estudos de 
fluxo cerebral têm a mesma sensibilidade
240
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Referências
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nostic value of electroencephalography patterns obtained in pediatric in-hospital 
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4. Abend NS, Gutierrez-Colina AM, Topjian AA, et al. Nonconvulsive seizures 
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7. Sanchez SM, Arndt DH, Carpenter JL, et al. Electroencephalography moni-
toring in critically ill children: current practice and implications for future study 
design. Epilepsia. 2013;54:1419-27.
8. Sanchez SM, Arndt DH, Carpenter JL, et al. Electroencephalography moni-
toring in critically ill children: current practice and implications for future study 
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9. O’Neill BR, Handler MH, Tong S, et al. Incidence of seizures on continuous 
EEG monitoring following traumatic brain injury in children. J Neurosurg Pe-
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physiol. 2011;28(1):15-9.
11. Kaminska A, Cheliout-Heraut F, Eisermann M, et al. EEG in children, in the 
laboratory or at the patient’s bedside. Neurophysiol Clin. 2015;45(1):65-74.
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Report of special task force: guidelines for determination of brain death in 
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15. Casado Flores J. Diagnóstico de muerte cerebral en niños y neonatos. Par-
ticularidades diagnósticas, monográfico muerte encefálica en UCI (II). Me-
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16. American Electroencephalographic Society. Guideline three. Minimum tech-
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18. Chatrian GE, Bergamini L, Dondey M, et al. A glossary of terms most com-
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19. Szurhaj W, Lamblin MD, Kaminska A, et al. EEG guidelines in the diagnosis 
of brain death. Neurophysiol Clin. 2015;45(1):97-104.
241
Capítulo 12
Criação do laudo do 
técnico e do médico
David Martinez Bravo
1. Introdução
O presente capítulo tem o objetivo de estabelecer alguns 
pontos mínimos de consenso em relação à elaboração do lau-
do do eletroencefalograma1-3. Para isso, é importante não per-
der de vista que o intuito final do laudo é colaborar no proces-
so de análise do caso que motiva o estudo.
Devem ser incluídos os seguintes tópicos:
• Laudo técnico
• Laudo médico.
2. Laudo técnico
O laudo técnico permite o acesso às informações relaciona-
das ao paciente e às circunstâncias em que o exame foi realizado. 
Um bom laudo técnico é tão importante quanto um laudo médi-
co, sendo fundamental para a avaliação e interpretação do EEG.
242
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Neste laudo, deve-se considerar a boa comunicação e o 
trabalho em equipe entre o técnico e o eletroencefalografista.
2.1. Na primeira parte, deve-se destacar os dados 
que identificam o exame:
o Nome do paciente.
o Idade do paciente.
o Dominância manual do paciente: destro ou sinistro.
o Data de realização do exame.
o Código de identificação do exame.
o Duração do exame.
o Nome do técnico que realizou o exame.
o Nome do médico solicitante.
o Nome do médico que elaborou o laudo do exame.
2.2. Na segunda parte, deve-se incluir informações 
associadas às circunstâncias clínicas que envolvem a 
obtenção do registro:
Diagnóstico ou motivo pelo qual o exame foi solicitado.
o Data e hora da última crise (caso exista alguma).
o Frequência e tipo de crises.
o Condições em que foi realizado o exame:
•	 Estado de consciência no momento do registro 
(vígil orientado, vígil confuso, sonolento, torpo-
roso, coma).
•	 Com ou sem privação de sono. Em caso de pri-
vação de sono, deve-se registrar o tipo de priva-
ção (parcial ou total) e a hora em que o paciente 
dormiu e acordou.
•	 Com ou sem sedação. Caso tenha sido utilizada 
sedação, registrar qual foi usada.
o Medicamentos em uso no momento do registro.
o Pré-medicação para realizar o exame (caso exista alguma).
o Outros antecedentes médicos relevantes: antece-
dentes perinatais, neurocirurgias, déficit neurológi-
co etc.
o Registrar e, idealmente, destacar cicatrizes ou lesões 
do couro cabeludo.
o Antecedentes familiares de epilepsia.
2.3. A terceira parte se relaciona às técnicas de 
ativação:
o O técnico deve perguntar se o paciente tem algum 
tipo de contraindicação para realizar as manobras de 
ativação e registrá-la na folha de identificação (ver 
capítulo 3).
o Qualidade do esforço: em relação à ativação pela 
hiperventilação, é importante registrar a duração 
da prova e a qualidade de esforço (satisfatório, re-
gular e insatisfatório).
243
Laboratório de Eletroencefalografia
Folha de identificação
Data:
Hora:
Técnico:
ID ou código de identificação:
Dados do Paciente:
Nome: Data de nascimento:
Idade: _____ anos_____ meses Idade gestacional: Sexo: M F 
Dominância: Destro: ___ Sinistro: ___
Tipo de EEG: Médico solicitante: Médico que lauda:
Diagnóstico:
Informações gerais:
Última alimentação:
Estado de couro cabeludo:
Hora em que dormiu:
Hora em que despertou:
Antecedentes perinatais:
Antecedentes familiares de epilepsia:
Tipo de crises:
Frequência de crises:
Data da últimacrise:
Medicações:
Medida da circunferência craniana: Coronal: ___
 Sagital: ___
 Horizontal: ___ 
Hiperventilação:
Estimulação fótica intermitente: Realizada___ Não realizada___ Motivo: _____________________
Duração: _____________________
Qualidade do esforço: Bom___ Regular___ Mau____
Comentário técnico:
Anexo I. Modelo de folha de registro técnico recomendado.
244
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
o Registrar a realização de técnicas de ativação adicio-
nais específicas para cada síndrome.
2.4. Outros dados relevantes ou comentários
o Estado do couro cabeludo.
o Alimentação prévia ao exame.
o Comentários do técnico que sejam relevantes: artefatos 
registrados, causa, correção ou intenção de correção etc.
3. Laudo médico
O laudo médico deverá conter, no mínimo, as seguintes partes:
3.1. Introdução.
3.2. Descrição do traçado.
3.3. Interpretação.
3.1. Introdução
Em um parágrafo breve, deve-se mencionar:
• Montagem utilizada na gravação original.
• Utilização de eletrodos adicionais aos utilizados tradi-
cionalmente.
• Detalhar se existe algum tipo de preparação (privação 
de sono, jejum).
• Condições do paciente observadas pelo avaliador ao 
rever o exame.
• Existência de algum fármaco que poderia alterar a in-
terpretação do registro.
• Local onde o exame foi realizado: ambulatório, hospi-
tal, cuidados intensivos.
3.2. Descrição do traçado
Cada laudo deve possuir uma descrição dos achados, sejam 
de caráter normal ou anormal. Uma boa descrição deve permi-
tir que um avaliador externo imagine o traçado, sem necessa-
riamente ter as amostras dele.
Sugere-se começar com uma caracterização dos achados 
de significado fisiológico, sem se estender excessivamente 
na descrição deles, para, em seguida, dar ênfase especial aos 
achados de caráter patológico. 
Primeiramente devem ser descritas as características da 
atividade de base observadas em vigília, identificando o rit-
mo dominante, sua frequência, continuidade (intermitente, 
contínuo), localização, amplitude e simetria. A frequência 
deve ser relatada em Hertz ou ciclos por segundo, a amplitu-
de deve ser medida em montagens usando eletrodos adjacen-
tes (por exemplo: bipolar longitudinal) e, idealmente, deve 
ser expressa em microvolts, para evitar o uso de termos de in-
terpretação diferentes, como “baixa”, “média” ou “elevada”.
Em seguida, é aconselhável registrar os estímulos realiza-
dos (abertura e fechamento palpebral, estimulações auditiva, 
245
tátil ou dolorosa) e observar as respostas diante das manobras 
implementadas para avaliar a reatividade do traçado. Essas res-
postas devem ser descritas em termos de simetria e persistência 
(sustentada ou não sustentada). 
Caso haja uma marcada assimetria inter-hemisférica, suge-
re-se descrever, separadamente, a atividade observada em cada 
hemisfério.
Descreve-se, então, o registro dos achados em sono. Deve-se 
informar se o registro foi realizado em sono espontâneo ou induzi-
do e caracterizar os elementos que definem cada fase, em termos 
de simetria, morfologia, frequência e distribuição topográfica.
Após a descrição dos achados fisiológicos, descrevem-se os 
achados que sugerem anormalidade, de acordo com o julgamen-
to do médico responsável pela elaboração do laudo. Para caracte-
rizar esses achados, recomenda-se especificar a sua natureza (epi-
leptiforme ou não epileptiforme), distribuição topográfica (para a 
qual, quando focal, idealmente, deve ser destacado o eletrodo de 
máxima expressão), sincronia ou assincronia, amplitude em mi-
crovolts, simetria e quantidade, essa última entendida como uma 
avaliação subjetiva, que busca expressar a magnitude do fenôme-
no anormal em todo o registro. Quando um achado anormal é 
observado episodicamente, deve-se descrever sua duração e es-
pecificar se constitui ou não um padrão de descargas periódicas. 
Em seguida, deve-se descrever as manobras de ativação rea-
lizadas. No caso da hiperventilação, deve-se especificar se esta 
foi ou não realizada de maneira adequada e o tipo de resposta 
observada. Para a fotoestimulação, deve-se especificar as fre-
quências da estimulação utilizadas e se as respostas observadas 
foram simétricas ou não. Uma vez que a hiperventilação e a 
fotoestimulação são provas de ativação realizadas rotineira-
mente, caso alguma delas não tenha sido realizada, deve-se 
justificar o motivo.
A existência de artefatos somente deve ser mencionada 
caso estes tenham gerado algum tipo de questionamento em 
relação à sua natureza, ao caráter excessivo e à dificuldade na 
interpretação do traçado ou em casos em que forneçam infor-
mação clínica relevante (por exemplo, o artefato de movimento 
ocular que traduza um nistagmo ocular).
Não é aconselhável incluir na descrição a ausência de cer-
tos achados (por exemplo, “nenhuma atividade epileptiforme 
observada”), uma vez que as informações devem ser relevantes. 
Isto deverá ser incluído na impressão do traçado e em nenhum 
caso constituir parte da descrição. 
3.3. Interpretação 
Nesta última seção do laudo, há grandes diferenças de es-
tilo entre os médicos responsáveis por sua elaboração, razão 
pela qual se torna muito importante estabelecer orientações 
gerais com o propósito de se obter um maior grau de homoge-
neidade, fato observado atualmente. É aconselhável dividir a 
interpretação em duas partes:
246
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
3.3.1. Impressão
a. O primeiro ponto a ser destacado é se o resultado do 
eletroencefalograma é normal ou anormal. Isto deve 
sempre ser caracterizado, pois um laudo que não o des-
creve é um laudo incompleto.
b. Em seguida, deve-se mencionar, de forma clara e sucin-
ta, os achados considerados anormais. Caso as anorma-
lidades sejam numerosas, deve-se citar apenas as prin-
cipais e por ordem de importância para tornar este item 
breve.
1. Atividade ictal focal e/ou generalizada, elétrica ou ele-
troclínica.
2. Anormalidade epileptiforme interictal focal.
3. Anormalidade epileptiforme interictal generalizada. 
4. O alentecimento pode ser do ritmo de base posterior ob-
servado em vigília, focal (especificar o local) ou difuso.
5. Anormalidades do registro de base. 
6. Efeito de fármacos: por exemplo, impregnação far-
macológica. 
c. Se os exames anteriores estiverem disponíveis, é aconse-
lhável estabelecer uma relação com eles.
d. Não é aconselhável o uso dos termos “discretamente 
anormal” e “moderadamente anormal”, pois consti-
tuem características de interpretação subjetiva.
O termo “intensamente anormal” deve ser usado apenas em 
caso de padrões que exijam intervenção urgente (exs.: padrões 
hipsarrítmicos ou de encefalopatias, registros ictais etc.) ou de 
padrões que impliquem mau prognóstico (exs.: traçados arrea-
tivos com baixa voltagem, periódicos etc.).
3.3.2.Correlação clínica 
Nesta parte, o médico responsável pela elaboração do laudo 
deve tentar determinar se os achados podem ou não explicar 
o quadro clínico pelo qual o paciente foi encaminhado para o 
exame. Sugere-se que haja extremo cuidado em relação a isso.
Possíveis cenários a serem considerados: 
• O achado descrito pode ser efetivamente encontrado 
em um paciente com o diagnóstico de referência. Nes-
te caso, sugere-se destacar que “os achados apoiam ou 
são consistentes com o diagnóstico de referência”. De-
saconselha-se o uso da frase “compatível com”, dado 
que os achados eletroencefalográficos podem, even-
tualmente, ser compatíveis com muitos diagnósticos. 
247
• O achado eletroencefalográfico é fortemente sugesti-
vo de uma condição não mencionada no diagnóstico 
de referência. Nesta situação, aconselha-se utilizar 
frases como “o achado descrito encontra-se fortemente 
associado com 'X' condição clínica”, sem necessaria-
mente a indicar. Não é aconselhável fornecer uma lis-
ta de possíveis diagnósticos diferenciais associados ao 
achado e o diagnóstico somente deve ser mencionado 
emlaudos com achados patognomônicos. 
• Exame anormal, porém a anormalidade descrita pode 
ser explicada por alguma modalidade terapêutica ou 
intervenção médica. Isto deve ser mencionado. 
Finalmente, não esqueça que o eletroencefalograma so-
mente será “diagnóstico” de uma situação clínica se esta for 
testemunhada durante o registro. Por exemplo, um eletroence-
falograma será diagnóstico de crises de ausência somente em 
um cenário em que o paciente apresente uma crise de ausência 
durante a aquisição do traçado.
Sob nenhuma circunstância, deve-se recomendar ou sugerir 
mudanças na terapia do paciente por meio do laudo, no entan-
to pode-se recomendar a realização de um seguimento do EEG 
se o médico considerar uma estratégia útil. 
• Deve-se sempre incluir amostras conforme a descrição 
do laudo. Estas devem ser cuidadosamente seleciona-
das, pois deverão ser capazes de mostrar as condições 
em que o exame foi realizado e as amostras das anor-
malidades encontradas devem ser indubitáveis, com-
patíveis com a conclusão do laudo.
Referências
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requirements for performing clinical electroencephalography. J Clin Neuro-
physiol. 2006;23(2):86-91.
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Neurology. 2013;80(suppl. 1):S43-S46.
249
Loreto Olate Rosello
Capítulo 13
Primeiros socorros 
em crises epilépticas
1. Introdução
Os primeiros socorros para as crises epilépticas são muito 
simples. No entanto, entre as pessoas envolvidas no cuidado de 
pacientes que podem apresentá-las há falta de conhecimento 
e um nível elevado de ansiedade em relação ao fato de pode-
rem ser confrontados com uma convulsão; em muitas ocasiões, 
essa reação é desproporcional à gravidade da situação1.
Independentemente do tipo de crise que uma pessoa apre-
sente, um aspecto fundamental dos primeiros socorros é que 
ela deve ser protegida de possíveis lesões secundárias à crise. 
As crises podem provocar alteração parcial ou total da cons-
ciência, de modo que o paciente se encontra vulnerável. A 
conduta adequada em uma crise dependerá do seu tipo, do 
contexto em que ocorre e se há ou não o comprometimento 
250
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
da consciência. A maioria das crises é autolimitada e cessará 
espontaneamente, portanto não corresponde a uma emergên-
cia médica que exigiria assistência imediata. No entanto, cri-
ses prolongadas ou recorrentes podem indicar estado de mal 
epiléptico.
Neste caso, a intervenção destina-se à pessoa que auxi-
lia um paciente a agir antes da evolução para estado de mal 
epiléptico, o que requer rápida administração de fármacos 
antiepilépticos de emergência. A janela recomendada para 
administrar medicamentos para abortar uma crise é de cinco 
a dez minutos. Por conseguinte, a administração de fármacos 
antiepilépticos entre dois e cinco minutos após o início da 
crise e antes de o paciente chegar ao hospital corresponde ao 
tempo de intervenção ótimo2.
2. Primeiros socorros em diferentes tipos de crise
2.1. Crises focais com alteração do nível de 
consciência
• Observe a pessoa com cuidado.
• Proteja-a de quedas e/ou acidentes.
• Não a deixe mover objetos potencialmente perigosos.
• Nunca a deixe só ou a perca de vista.
• Registre com detalhes os fenômenos observados du-
rante a crise.
• Caso a crise ocorra na unidade de vídeo-EEG, deve-se 
registrá-la e avaliar a deterioração da consciência com 
protocolos estabelecidos por cada laboratório.
• Registre o início e o final clínicos.
• Não cubra a câmera em que a crise está sendo gravada.
2.2. Crises focais sem alteração do nível de 
consciência
• Tranquilize o paciente e explique-lhe o que está acon-
tecendo.
• Não é necessário de assistência especial.
• Registre em detalhes o que foi observado durante a crise.
• Caso ocorra na unidade de vídeo-EEG, interaja com o 
paciente de acordo com protocolos de testagem esta-
belecidos por cada laboratório.
• Registre o início e o final clínicos.
• Não cubra a câmera em que a crise está sendo gravada.
2.3. Crises tônico-clônicas generalizadas3
2.3.1. Recomendações gerais
• Mantenha a calma, pois a maioria das crises dura pou-
cos minutos (<2 minutos) e cede espontaneamente.
• Nunca deixe o paciente sozinho ou o perca de vista 
(Figura 1).
251
• Proteja a cabeça de possíveis lesões, remova objetos 
perigosos e afrouxe roupas apertadas (Figura 2).
Figura 1. Posição lateralizada do paciente deve ser em direção ao auxiliar para 
facilitar a observação.
Figura 2. Medidas básicas para evitar complicações ou acidentes.
• Lateralize o paciente para manter pérvias as vias aéreas; 
é necessário cuidado ao realizar a lateralização para 
não agravar uma possível luxação do úmero a qual o 
paciente está sujeito durante a fase tônica da crise.
• Descubra o paciente.
• Registre o tempo de duração da crise com um relógio.
• Interfira o menos possível nos movimentos do pa-
ciente.
• Mantenha sempre as laterais da cama levantadas.
• Não tente abrir a boca à força, nem introduza objetos 
nela. Forçar a boca pode causar ferimentos graves nos 
dentes ou na mandíbula.
• Peça ajuda, mas sem abandonar o paciente.
• Se o paciente está em uma unidade de vídeo-EEG, 
certifique-se de que a câmera está registrando correta-
mente o evento, tomando cuidado para não obstruir a 
visão dela ao ajudar o paciente.
252
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Crise tônico-clônica generalizada
Solicitar ajuda
Medidas gerais
Administração de oxigênio por 
máscara (1,5 l/min a 50%)
• Administrar medicamento de 
emergência indicado
• Manter as vias aéreas pérvias
• Medidas gerais
• Manter vigilância contínua 
do paciente
• Nunca deixar o paciente só
• Manter o paciente numa 
posição lateralizada
• Avaliar:
• Parâmetros clínicos: FC, 
PA, FR, saturação de 
O2, coloração da pele, 
características das crises
• Nível de consciência
• Registrar detalhadamente 
características clínicas
2 minutos
Crise cessou Crise continua
Crise cessou Crise continua
Transporte 
para serviço de 
urgência
Fluxograma de atenção Referências
1. O’Hara K. First aid for seizures: the importance of education and appropriate 
response. J Child Neurol. 2007;22 (suppl. 5):S30-S37.
2. Pellock J, Marmarou A, De Lorenzo R. Time of treatment in prolonged sei-
zures episodes. Epilepsy Behav. 2004;5(2):192-6.
3. Epilepsy Foundation of America. First aid. Disponível em: http://www.epilep-
sy.com/get-help/seizure-first-aid. Acesso em: 20 jan. 2016.
253
Glossário de termos em eletroencefalografia
Amplitude: voltagem das ondas do EEG. É normalmente ex-
pressa em microvolts (µV.). Define-se como: a. < 20 µV. (“muito 
baixa”); b. 20-49 µV. (“baixa”); c. 50-199 µV. (“média”); d. > 
200 µV. (“elevada”). 
Arrastamento fótico: resposta fisiológica que consiste em ati-
vidade rítmica induzida em regiões posteriores em resposta à 
fotoestimulação repetitiva com frequências que variam entre 5 e 
30 Hz, idêntica ou harmonicamente relacionada com a frequên-
cia de estimulação. 
Artefato: qualquer diferença de potencial registrada no EEG, 
devida à fonte extracerebral. As fontes extracerebrais podem 
ser fisiológicas, do equipamento de EEG ou do ambiente. 
Assimetria: diferença de amplitude da atividade registrada no 
EEG entre áreas homólogas de lados opostos da cabeça. 
Assincronia: ocorrência não simultânea de uma atividade EEG 
sobre regiões do mesmo lado ou de lados opostos da cabeça. 
Atenuação: redução na amplitude da atividade de EEG. No caso 
particular de monitorização com EEG contínuo de pacientes críti-
cos, considera-se atenuação a diminuição de voltagem até 10 µV. 
de amplitude (se inferior a 10 µV., é considerada supressão). Pode 
ser fisiológica e transitória (porexemplo, bloqueio do ritmo alfa) 
ou patológica (por exemplo, crises epilépticas eletrodecrementais). 
Ativação: qualquer procedimento usado para desencadear ou 
induzir atividade eletroencefalográfica normal ou anormal. 
Exemplos: hiperventilação, fotoestimulação, privação do sono. 
Atividade de base: atividade de fundo sobre a qual se destaca um 
achado qualquer, que pode ser de caráter normal ou anormal. 
Atividade epileptiforme: atividade cerebral claramente distin-
guível da atividade de base, que tipicamente pode ser encon-
trada em pacientes com diagnóstico de epilepsia (sem ser limi-
tada a este diagnóstico), a qual, caracteristicamente, apresenta 
morfologia agudizada, seguida ou não por uma onda lenta. 
Atividade epileptiforme ictal: padrão rítmico ou epileptiforme cla-
ramente evolutivo em frequência, morfologia ou distribuição topo-
gráfica. 
Atividade epileptiforme interictal: qualquer padrão eletrográ-
fico claramente distinguível da atividade de base e de caráter 
anormal, observado fora da ocorrência de uma crise epiléptica. 
Atividade focal: atividade restrita a uma região do cérebro. 
Atividade generalizada: que acontece em todas as regiões do cére-
bro simultaneamente, em geral com expressão máxima na região 
frontal. 
Atividade rápida: atividade de frequência maior do que a faixa alfa. 
Bilateral: em ambos os hemisférios cerebrais. 
Bilateralmente síncrono: que ocorre simultaneamente em 
áreas homólogas de ambos os hemisférios. 
Complexo K: elemento fisiológico do sono que é constituído por 
uma onda principal de polaridade negativa, seguida por uma 
segunda onda positiva de menor voltagem geralmente associada a 
um fuso de sono. Ocorre na fase N2 do sono NREM e pode ser visto 
de forma espontânea ou desencadeada por um estímulo sensorial.
Complexos: sequência de duas ou mais ondas com uma forma 
característica e se diferencia do padrão de fundo. Ex.: complexo 
de espícula-onda/complexo de onda aguda-onda lenta. 
254
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Crise eletroclínica: descarga rítmica ou do tipo espícula/onda 
aguda, que claramente evolui em morfologia, frequência ou 
distribuição topográfica, acompanhada por sintomas ictais.
Crise eletrográfica: situação na qual a atividade epileptiforme 
adquire um padrão eletrográfico característico na ausência de 
sinais clínicos sugestivos de crises. Para considerar que um pa-
drão eletrográfico constitui uma crise eletrográfica, os seguin-
tes itens precisam estar presentes: 1. duração de pelo menos 10 
segundos; e 2. ser constituído por um dos seguintes itens: 2.1. 
atividade epileptiforme (espículas, poliespícula, ondas agudas 
ou complexos de espícula-onda ou de onda aguda-onda lenta) 
com frequência superior a 2,5 Hz; 2.2. atividade epileptiforme 
com frequência igual o menor do que 2,5 Hz ou ondas lentas 
ritmadas a mais de 0,5 Hz, que preencham pelo menos um 
dos seguintes critérios: 2.2.1. evolutividade eletrográfica; 2.2.2. 
melhora clínica e eletrográfica observada após a administração 
de benzodiazepínicos; 2.2.3. presença de manifestações clíni-
cas sutis sugestivas de crises epilépticas durante esta atividade.
Descargas periódicas bilaterais independentes (BiPDs - Bilate-
ral Periodic Discharges, antes BiPLEDs- Bilateral Periodic La-
teralized Discharges): padrão de descargas periódicas observa-
das sobre ambos os hemisférios cerebrais de forma assíncrona. 
Descargas periódicas generalizadas (GPDs - Generalized Periodic 
Discharges, antes GPLEDs- Generalized Periodic Lateralized Epi-
leptiform Discharges): padrão de descargas periódicas observadas 
de maneira bilateral, síncrona e simétrica, independentemente de 
a atividade descrita ter um campo reduzido sobre cada hemisfério. 
• Em relação a esses achados, cabe ressaltar que no 
caso de a morfologia das ondas periódicas corres-
ponder a uma morfologia trifásica, essa característica 
deverá ser mencionada (por exemplo, descargas pe-
riódicas de morfologia trifásica com expressão máxi-
ma nas regiões anteriores). Porém, não é aconselhá-
vel se referir a elas como “ondas trifásicas”, já que 
não existe uma relação etiológica consistentemente 
ligada a tal morfologia. 
Descargas periódicas lateralizadas (LPDs - Lateralized Periodic 
Discharges, antes PLEDs - Periodic Lateralized Epileptiform Dis-
charges): padrão de descargas periódicas observadas de forma 
unilateral ou bilateral, no último caso com clara assimetria in-
ter-hemisférica. 
Descargas rítmicas: ondas de morfologia e duração relativa-
mente uniformes, que se repetem de maneira constante por 
pelo menos 6 ciclos, sem interrupção entre elas. 
Desorganização do traçado: alteração grave de frequência, for-
ma, topografia e/ou quantidade dos ritmos eletroencefalográfi-
cos de base fisiológica. 
Dipolo: fenômeno eletroencefalográfico a que se refere quando 
a projeção do extremo positivo e negativo de um campo elétri-
co é registrada no EEG. Não tem um caráter necessariamente 
patológico, no entanto os dipolos mais conhecidos são carac-
terísticos de certos tipos de epilepsia, como o dipolo presente 
na epilepsia com descargas centrotemporais da infância (dipolo 
horizontal). 
255
Eletrocorticografia: técnica de registro da atividade elétrica 
cortical mediante aplicação direta dos eletrodos sobre o córtex 
cerebral. 
Eletrodo subdural: eletrodo localizado sobre o cérebro e abai-
xo da dura-máter. 
Eletrodos profundos: eletrodos localizados no parênquima ce-
rebral.
Espícula: atividade de carga negativa, que claramente se 
distingue da atividade de base, que compromete dois ou 
mais eletrodos, cuja duração é de 20 a 70 mseg. Usualmen-
te suas fases ascendente e descendente são pronunciadas. 
Pode ou não ser seguida de uma onda lenta, mas sua forma 
é relativamente simétrica. É sinônimo de ponta, do francês 
pointe. No entanto, recomenda-se o uso do termo espícula, 
do inglês spike.
Evolutividade eletrográfica: padrão eletrográfico de início 
abrupto com término progressivo que apresenta pelo menos 
duas modificações inequívocas em três características: 1. Fre-
quência: duas alterações consecutivas de pelo menos 0,5 Hz 
no mesmo sentido; 2. Morfologia: duas alterações consecuti-
vas para uma nova morfologia; 3. Localização: propagação se-
quencial para, pelo menos, dois canais adjacentes do sistema 
10-20.
Faixa de frequência beta: ondas de frequência entre 14 e 30 Hz. 
Faixa de frequência delta: ondas de frequência inferior a 3,5 Hz. 
Faixa de frequência teta: ondas de frequência entre 4 e 7,5 Hz.
Filtro de alta frequência: circuito que reduz a sensibilidade do 
eletroencefalograma para frequências altas. 
Filtro de baixa frequência: circuito que reduz a sensibilidade 
do eletroencefalograma para frequências baixas. 
Filtro de notch ou de 50-60 Hz: circuito que atenua seletiva-
mente a sensibilidade do eletroencefalograma para frequências 
específicas que, em determinadas condições, podem causar 
graves distorções do registro. É tipicamente utilizado em regis-
tro de pacientes críticos para filtrar frequências de 50-60 Hz. 
Fotoestimulação: aplicação de lampejos de luz intermitente 
aos olhos do paciente. 
Frequência: número de ciclos completos de ondas observadas em 
um segundo. É medido em Hertz (Hz) ou ciclos por segundo (c/s). 
Frequência alfa: ondas de frequência entre 8 e 13 Hz. 
Frequência teta: ondas de frequência entre 4 e 7 Hz.
Fusos do sono: grupo de ondas rítmicas de morfologia fusifor-
me, com frequência de 12 a 14 Hz e menos de 50 µV. de am-
plitude, tipicamente observado na fase N2 do sono em regiões 
centrais ou frontocentrais. 
Hertz (Hz): ciclos por segundo (c/s). 
Hipersincronia hipnagógica: salvas de atividade teta ou delta 
rítmica de alta voltagem, observadas em ambos os hemisférios 
em crianças e adolescentes, durante a transição vigília-sono. 
Hipersincronia hipnopômpica: salvas de atividade teta ou delta 
rítmica de alta voltagem, observadas em ambos os hemisférios 
em crianças e adolescentes, durantea transição sono-vigília no 
despertar. 
Hiperventilação: prova de ativação que consiste em fazer com 
que o paciente realize incursões respiratórias de forma profun-
da e regular, durante um período de três a cinco minutos. 
256
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Hipsarritmia: padrão eletroencefalográfico caótico, anárquico 
e sem regularidade cronológica, de voltagem elevada (> 250 
µV.), constituído por ondas lentas, espículas e ondas agudas 
multifocais que variam a todo momento.
Impedância do eletrodo: resistência total ao fluxo da corrente 
alternada. É expressa em Ohms. 
Lateralizado: que compromete principalmente o lado direito 
ou esquerdo do cérebro. 
Modulação lenta juvenil do ritmo posterior: ondas lentas pos-
teriores, isoladas ou em série, impostas sobre o ritmo alfa nor-
mal. São mais proeminentes entre 8 e 14 anos, mas podem 
manifestar-se entre 2 e 21 anos. São atenuadas na vigília.
Montagem: disposição particular da organização dos pares de 
eletrodos, para realizar a análise dos achados eletroencefalo-
gráficos. 
Montagem bipolar: arranjo formado por pares de eletrodos em 
que não existe um eletrodo comum a todos os canais. Normal-
mente, a segunda entrada de um canal coincide com a primeira 
entrada do canal imediatamente adjacente da montagem, uma 
vez que esse tipo de montagem abrange regiões adjacentes da 
superfície do crânio. Nesse tipo de montagem, os eletrodos li-
gados formam uma cadeia longitudinal ou transversal.
Montagem referencial: arranjo formado por eletrodos em pares, 
em que um deles se repete em todos os pares. Sua leitura é por 
amplitude. 
Multifocal: dois ou mais focos espacialmente separados. 
Onda: qualquer mudança na diferença de potencial entre os 
dois eletrodos no registro do EEG.
Onda aguda: atividade com carga negativa, de conotação 
anormal epileptiforme, que perturba claramente a atividade 
de base e compromete dois ou mais eletrodos, cuja duração 
varia de 70 a 200 mseg. Usualmente a fase ascendente é 
levemente inclinada e a fase descendente ainda mais incli-
nada, o que confere assimetria ao grafoelemento. É seguida 
de uma onda lenta e sua amplitude é variável. Sinônimo de 
ponta lenta (do francês, pointe lente). No entanto, recomen-
da-se o termo onda aguda (do inglês, sharp wave).
Ondas lambda: ondas difásicas de morfologia aguda, positivas 
em relação a outras áreas cerebrais, observadas na região occi-
pital de indivíduos acordados durante a varredura visual. 
Ondas lentas: onda com duração menor que a onda alfa (cerca 
de 1/8 s). 
Ondas ou transientes agudos do vértex: potenciais agudos, 
cuja negatividade máxima se encontra e tipicamente define a 
fase N1 do sono. Podem ser únicos ou repetitivos e de ampli-
tude variável. 
Padrão ictal eletrodecremental: atenuação súbita da voltagem, 
associada a espasmos infantis ou a crises tônicas. 
Padrão periódico: descargas disruptivas do traçado de base, de 
morfologia estereotipada que ocorrem a intervalos de tempo re-
lativamente regulares e que devem permanecer por pelo menos 
6 ciclos. Se a coincidência dos intervalos entre as descargas não 
é completa, um padrão aparentemente periódico deve ser defi-
nido pelos seguintes critérios: 1. flutuação entre 0-25%: trata-se 
de um padrão periódico; 2. flutuação entre 25-50%: trata-se de 
um padrão quase periódico; 3. se a flutuação for superior a 50% 
o padrão eletrográfico não deve ser considerado periódico.
257
Paroxismo: fenômeno de início súbito, que rapidamente atinge 
seu pico máximo e termina abruptamente distinguindo-se da ati-
vidade de base, comumente usado para se referir à atividade 
epileptiforme. 
Poliespícula: duas ou mais espículas. 
Ponta: atividade de carga negativa, que claramente pertur-
ba a atividade de base e compromete dois ou mais eletro-
dos. Dependendo da região, utiliza-se o termo ponta como 
sinônimo de espícula (menor que 70 mseg), mais frequen-
temente presente em epilepsias generalizadas ou como si-
nônimo de onda aguda (entre 70 e 200 mseg), mais fre-
quentemente presente em epilepsias focais, o que o torna 
um termo confundidor ao tentarmos unificar os critérios. 
Por isso, caso seja utilizado, recomenda-se definir o seu 
significado.
POSTS (Positive Occipital Sharp Transients of Sleep): transien-
tes occipitais positivos do sono; grafoelementos fisiológicos da 
sonolência e estágio N1 do sono, localizados nas regiões pos-
teriores. 
Prevalência: percentual específico de duração em segundos de um 
padrão específico ao longo de um registro. Pode ser: a. > 90% 
(contínuo); b. 50% a 89% ( “abundante”); c. 10% a 49% (“frequen-
te”); d. 1% a 9% (“ocasional”); e. < 1% (“raro”). 
Reatividade: alteração do padrão EEG de base, observada em 
resposta a estímulos sensoriais ou outras de ações fisiológicas. 
Resposta fotomiogênica: artefato do movimento palpebral e 
atividade miogênica anterior, associada com a manobra de fo-
toestimulação. 
Resposta fotoparoxística: aparição de atividade epileptiforme 
associada à estimulação fótica intermitente. Pode ser autolimi-
tada ou exceder a duração do estímulo. 
Ritmo: atividade EEG que consiste em ondas de frequência re-
lativamente constante.
Ritmo alfa: atividade do EEG na faixa alfa, posterior, sinusoidal 
e bloqueada ou atenuada pela abertura dos olhos. 
Ritmo de base: ver atividade de base. 
Ritmo mu: atividade fisiológica na faixa alfa, localizada nas re-
giões centroparietais, de morfologia arciforme, bloqueada pelo 
movimento ou estimulação tátil do membro superior contrala-
teral e não bloqueada pela abertura dos olhos. Corresponde a 
um ritmo normal.
Salvas: grupo de ondas com início e término paroxísticos, cla-
ramente distinguível da atividade de base, seja por sua ampli-
tude, frequência ou morfologia. Esse termo não implica anor-
malidade e nem é sinônimo de “paroxismo” (ver paroxismo).
Sensibilidade: relação entre voltagem e desvio da atividade 
EEG basal. É medida em µV./mm. 
Silêncio elétrico cerebral: ausência completa de atividade ele-
troencefalográfica de origem cortical. Para usar esse termo, o 
traçado deve ter sido registrado com sensibilidade de 2 µV./mm, 
durante pelo menos 30 minutos. 
Sistema internacional 10-20: sistema convencional para a co-
locação de eletrodos em pontos específicos do couro cabeludo. 
Sono ativo: corresponde ao sono REM do recém-nascido, que 
é observado a partir de 30 semanas de idade gestacional. Cor-
responde à primeira fase de sono nessa idade, na qual se ob-
258
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
servam respiração irregular, movimentos oculares, movimentos 
fásicos de membros e da mímica facial. Ele representa 60% do 
tempo total de sono da criança nesta idade. 
Sono estágio N1: estágio do sono caracterizado pela presença 
de POSTS, hipersincronias e ondas agudas do vértex. 
Sono estágio N2: estágio do sono caracterizado pela presença 
de fusos do sono e complexos K. 
Sono estágio N3: estágio do sono caracterizado pela predomi-
nância da atividade delta, ocupando mais de 20% do traçado.
Sono indeterminado: sono do recém-nascido que não atende 
às características do sono ativo ou sono quieto. 
Sono NREM: sono sem movimentos rápidos dos olhos (REM- 
rapid eyes movements ou movimentos rápidos dos olhos) é um 
sono reparador no qual se produz um funcionamento fisiológi-
co que permite a reparação de tecidos e órgãos. O sono NREM 
abrange as fases N1 a N3, de menor a maior profundidade. 
Sono quieto ou passivo: corresponde ao sono NREM do recém-
-nascido. É um sono relaxado, em que estão ausentes movi-
mentos e grunhidos, com a respiração regular. 
Sono REM: estágio do sono associado a movimentos rápidos 
dos olhos. É normalmente apresentado aos 70 a 100 minutos 
após o adormecimento. Nele é observada diminuição ou au-
sência de tônus muscular, excetuando-se o do diafragma e os 
dos músculos responsáveis pelos movimentos dos olhos. Esta 
fase também é chamada de sono paradoxal, já que a atividade 
elétrica cerebralé semelhante à vigília. A maior parte da ativi-
dade onírica é produzida neste estágio do sono. 
Supressão: registro no qual ha atividade eletroencefalográfica 
inferior a 10 µV. de amplitude. Geralmente este termo é usado 
para descrever o padrão de surto-supressão. 
Surto-supressão: padrão eletroencefalográfico caracteriza-
do por paroxismos de atividade teta-delta com atividade 
rápida sobreposta que são interrompidos por períodos de 
atividade eletrográfica menor que 10 µV. de amplitude. 
Normalmente é relacionado a danos cerebrais significati-
vos ou aos efeitos de fármacos anestésicos. Este termo tam-
bém pode ser encontrado como padrão de paroxismo-su-
pressão. 
Traçado alternante: visto em recém-nascidos desde 36 sema-
nas de idade concepcional, persistindo até três a quatro sema-
nas após o nascimento. Este padrão é caracterizado por surtos 
de ondas lentas (1-3 Hz, 50-100 µV.) que ocorrem aproxima-
damente a cada 4 a 5 s, intercalados por períodos de atividade 
teta de baixa voltagem (inferior a 50 µV.). 
Transiente: qualquer onda ou complexo isolado que se destaca 
da atividade de base. Normalmente usado na descrição de gra-
foelementos não patológicos. 
Transientes agudos (sharp transients): onda de qualquer duração 
com aparência pontiaguda. É recomendada somente para descri-
ção de grafoelementos do EEG neonatal.
Variantes normais: padrões de baixa incidência caracterizados 
por atividade aguda ou rítmica de morfologia específica, com 
localização particular, geralmente associados a sonolência ou 
sono e dependentes da idade, sendo considerados normais. 
259
Referências
1. Fish BJ. Spehlmann’s EEG primer. 3. ed. Amsterdã: Elsevier, 1990.
2. Niedermeyer E, Lopes da Silva F. Electroencephalography: basic principles, 
clinical applications, and related fields. 5. ed. Filadélfia: Lippincott Williams 
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3. Noachtar S, Binnie C, Ebersole J, et al. A glossary of terms more commonly 
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for the EEG findings. The International Federation of Clinical Neurophysiolo-
gy. Electroencephalogr Clin Neurophysiol. 1999;52(suppl.):S21-S41.
4. Beniczky S, Aurlien H, Brogger JC, et al. Standardized computer-based or-
ganized reporting of EEG: score. Epilepsia. 2013;54(6):1112-24.
5. Hirsch LJ, Laroche SM, Gaspard NN, et al. American Clinical Neurophysi-
ology Society’s standardized critical care EEG terminology: 2012 version. 
Copyright 2012 American Clinical Neurophysiology Society. J Clin Neuro-
physiol. 2013;30(1):1-27.
260
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Índice remissivo
A
Alfa ______________ 24, 25, 55, 68, 73, 77, 78, 79, 154, 162, 
163, 253, 255, 256
Amplificador diferencial ______________________________ 22
Arrastamento fótico ______________________68, 69, 156, 253
Artefato cardíaco e de pulso ____________________ 122, 126
Artefatos de dispositivos externos _________________ 132,134
Artefatos de eletrodos _______________________________127
Artefatos musculares ____________________24, 119, 132, 225
Artefatos oculares __________________________________116
Atividade lenta anormal ______________________________ 97
Atividade rítmica temporal de morfologia arqueada ou 
arciforme _______________________________________86, 89
Atividade teta rítmica temporal média da sonolência _____ 86
B
Beta 24, 25, 68, 73, 79, 80, 254 _________________________
C
Calibração do aparelho de EEG ________________________ 22
Campos de isopotencial ______________________________ 57
Capacitor _____________________________19, 20, 24, 26, 28
Coma _________________103, 108, 204, 205, 206, 208, 211, 
212, 213, 214, 216, 223, 226, 228, 229, 236, 239, 242
Complexo de espícula-onda __________________92,119, 253
Complexos K ______________________________ 79, 164, 257
Constante de tempo _________________________ 26, 29, 143
Corrente elétrica de fuga __________________________30, 32
Crises eletrográficas ________________________________205
D
Delta ____________ 24, 25, 97, 100, 101, 104, 111, 116, 145, 
155, 162, 163, 164, 182, 184, 187, 192, 193, 205, 220, 221, 
222, 232, 254, 255, 257
Descargas periódicas _________205, 206, 207, 208, 245, 254
Dipolo_________________________ 17, 36, 37, 104, 105, 254
Disormia ___________________________________________ 94
E
Eletrodo esfenoidal ___________________________ 53, 54, 55
Eletrodo etmoidal ___________________________________ 55
Eletrodo nasofaríngeo _____________________________54, 55
Eletrodos __________________________10, 13, 15, 16, 17, 18, 
19, 20, 21, 22, 33, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 45, 46, 47, 48, 49, 
50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57, 60, 63, 64, 65, 75, 79, 92, 97, 
102, 104, 105, 116, 119, 121, 122, 127, 128, 129, 132, 135, 
142, 143, 144, 145, 153, 154, 155, 166, 178, 205, 212, 214, 
215, 218, 223, 224, 225, 233, 234, 235, 236, 237, 238, 244, 
254, 255, 256, 257
Eletrodos basais __________________________________53, 54
Eletrodos temporais anteriores verdadeiros ______________ 53
Eletrodo timpânico __________________________________ 55
Eletrodo zigomático ______________________________53, 54
Eletrogênese ________________________________________ 35
Encefalopatia hipóxico-isquêmica _______________ 204, 208
Epilepsia focal benigna da infância com descargas centro-
temporais _________________________________________166
261
Epilepsia mioclônica juvenil ____________________ 177, 257
Epilepsia occipital idiopática ____________________ 172, 257
Epilepsias reflexas _____________________________ 177, 257
Espícula __ 68, 71, 72, 75, 86, 90, 92, 94, 95, 119, 122, 132, 
166, 172, 176, 182, 187, 192, 195, 197, 200, 253, 254, 256
Espículas-onda fantasmas __________________________86, 90
Espículas positivas a 14 e 6 Hz ________________________ 86
Estado de mal epiléptico _ 187, 204, 207, 231, 232, 233, 250
Estimulação luminosa intermitente __________65, 70, 72, 156
F
Filtro de alta _________24, 26, 27, 40, 41, 143, 224, 237, 254
Filtro de baixa _______ 26, 28, 29, 40, 41, 143, 224 237, 254
Filtro de corrente 50-60 Hz ____________________ 26, 30, 40
Fusos de sono _____________________ 79, 83, 164, 187, 189
H
Hemorragia intracerebral _______________________ 204, 208
Hemorragia subaracnóidea _____________________ 207, 232
Hidrato de cloral _______________________44, 159, 160, 164
Hidroxizina ________________________________________ 44
Hipersincronia hipnagógica _________________ 162, 164, 255
Hipersincronia hipnopômpica ___________________ 164, 255
Hiperventilação _10, 65, 71, 73, 75, 156, 157, 158, 160, 172, 
176, 177, 242, 243, 245, 253, 255
Hipotermia ________________________________ 44, 226, 232
I
Impedância ______________19, 20, 22, 23, 39, 40, 127, 142, 
223, 224, 225, 237, 255, 206
Infarto cerebral ____________________________________207
Interface eletrólito-eletrodo _________________ 18, 19, 22, 23
L
Laudo médico ________________________________ 241, 244
Laudo técnico _____________________________________241
Lei de Ohm _____________________________________19, 28
M
Melatonina ____________________________________ 44, 160
Midazolam ____________________________________ 45, 164
Modulação lenta juvenil ____________________ 162, 163, 255
Monossomia parcial 4p _____________________________195
Montagens ______________41, 57, 63, 64, 92, 104, 122, 143, 
212, 224, 233, 237, 244
Montagens bipolares ________________ 57, 64, 104, 143, 237
Montagens referenciais ________________________ 57, 64, 92
Morte encefálica _______________ 9, 40, 211, 212, 213, 214, 
215, 227, 228, 231, 235, 237, 238
O
Onda aguda _____________29, 59, 75, 92, 96, 104, 106, 110, 
166, 253, 255, 256
Ondas agudas do vértex _____________ 79, 82, 164, 187, 257
262
O ABC de um registro eletroencefalográfico - Da teoria à prática clínica
Ondas lambda ______________________________ 79, 81, 256
Ondas trifásicas ___________________________ 111, 182, 254
P
Paciente crítico ___________________________ 203, 231, 233
Padrão hipsarrítmico __________________ 104, 165, 166, 168Padrão surto-supressão _________________________ 104, 108
Painel de eletrodos ___________________________ 54, 57, 64
Pequenas espículas do sono _______________________86, 91
Polaridade _____ 37, 56, 57, 59, 86, 104, 119, 132, 133, 253
Poliespícula _____________________________________92, 98
Ponte de sal ________________________________ 20, 21, 132
Potenciais excitatórios pós-sinápticos ____________ 17, 35, 57
Potenciais inibitórios pós-sinápticos _____________ 17, 35, 57
Potenciais neurotônicos ______________________________ 36
Primeiros socorros em crises epilépticas _______________249
Princípio do cancelamento ___________________________ 57
Protocolo de morte encefálica ________________________211
R
Reatância __________________________________________ 19
Regra do eletrodo médio _____________________________ 52
Resposta fotomiogênica __________________68, 70, 122, 256
Reversão de fase _________ 57, 59, 60, 64, 97, 104, 106, 132
Ritmo alfa _________77, 78, 79, 154, 162, 163, 253, 255, 256
Ritmo beta ______________________________________79, 80
Ritmo mu _______________________________79, 86, 87, 256
S
Sedação _____ 44, 45, 75, 153, 157, 159, 160, 185, 197, 242
Segurança elétrica ________________________________28, 31
Síndrome da epilepsia ausência da infância _______ 172, 175
Síndrome da tetrassomia do cromossomo 15 ______ 192, 196
Síndrome de Angelman _______________ 182, 183, 184, 186
Síndrome de Jeavons _____________________68, 179, 180, 18
Síndrome de Rett __________________________ 185, 188, 190
Síndrome de West __________________________ 10, 104, 165
Síndrome do cromossomo 20 em anel ___ 190, 192, 193, 194
Síndrome do X frágil ________________________________191
Sistema internacional 10-10 __________________________ 56
Sistema internacional 10-20 _______________________47, 75
T
Técnica de estimulação luminosa ______________________ 65
Terra _______________30, 31, 32, 49, 53, 132, 145, 223, 234
Teta ______________ 24, 25, 86, 97, 104, 155, 162, 164, 187, 
190, 232, 254, 255, 257
Transientes agudos positivos occipitais do sono __________ 79
Traumatismo cranioencefálico ________________________208
Agradecemos à Dra. Ana Paula Hamad e ao Dr. Luis Otávio Caboclo que 
produziram algumas das imagens utilizadas neste livro.
“O conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade de seu(s) autore(s) e 
produtor(es), não refletindo necessariamente a opinião da Abbott”.

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