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2012 Leitura de imagem Prof.ª Mara Lúcia Adriano Bueno Copyright © UNIASSELVI 2012 Elaboração: Prof.ª Mara Lúcia Adriano Bueno Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 741 B928l Bueno, Mara Lúcia Adriano. Leitura de imagem / Mara Lúcia Adriano Bueno. Indaial : UNIASSELVI, 2012. 181 p. : il. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-382-2 1. Imagem. 2. Desenho I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. Ensino a Distância. II. Título. Impresso por: III apresentação Prezado acadêmico, prezada acadêmica! Estamos diariamente expostos a um universo complexo de imagens, muitas passam despercebidas em nosso dia a dia, outras nem tanto, como é o caso das imagens publicitárias, que por meio da linguagem visual, têm a missão de chamar a atenção e persuadir o público em geral, para a questão do produto anunciado. Este é apenas um exemplo de como o universo da imagem é amplo, visto que tudo o que vemos é uma imagem. O ser humano sempre buscou conhecer o significado das coisas, na esperança de conhecer a si mesmo. A leitura da imagem possibilita caminhar por áreas de conhecimento, que auxiliam no entendimento de muitas questões. Ora, se a imagem é composta por figuras, elementos estruturais ou signos visuais, é importante conhecer o significado destes signos para melhor compreensão da mensagem. No filme “Sorriso de Monalisa”, precisamos ver além do que está diante de nossos olhos. Esta apresentação bem como todo o Caderno de Estudos não tem a pretensão de ter esgotado os assuntos relacionados ao tema de leitura da imagem, muito pelo contrário, espero que este Caderno seja um despertar, para aquisição de novas pesquisas às inquietações que apareceram relacionadas ao tema. Espero que as lições que constituem o Caderno venham contribuir na sua formação enquanto docente e que você seja um multiplicador destes conhecimentos, auxiliando, dessa maneira, na construção de um mundo mais sensível, ético e crítico. Bons estudos! Professora Mara Lúcia Adriano Bueno IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – ESTUDO DOS SISTEMAS DE SIGNOS ............................................................ 1 TÓPICO 1 – DESMISTIFICANDO A SEMIÓTICA .................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 3 2 O QUE É SEMIÓTICA? .................................................................................................................. 3 2.1 TIPOS DE SEMIÓTICA .............................................................................................................. 5 3 SEMIÓTICA NA PRODUÇÃO SIMBÓLICA ............................................................................ 6 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 7 RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................................... 9 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 10 TÓPICO 2 – O PERCURSO DO SIGNO ........................................................................................ 11 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 11 2 O QUE SERIA EXATAMENTE UM SIGNO? ............................................................................. 11 2.1 SIGNO-OBJETO .......................................................................................................................... 11 2.2 SIGNO-OBJETO INTERPRETANTE ........................................................................................ 13 2.3 SIGNIFICADO E SIGNIFICANTE ........................................................................................... 14 2.4 O SIGNO SEGUNDO A ESCOLA PEIRCEANA ................................................................... 17 3 PEIRCE E TIPOS DE SIGNO ........................................................................................................ 18 4 O PROCESSO DA SEMIOSE ........................................................................................................ 28 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 29 RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................................... 31 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 32 TÓPICO 3 – A COMUNICAÇÃO VISUAL DOS SIGNOS NAS IMAGENS ........................ 33 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 33 2 COMUNICAÇÃO VISUAL ........................................................................................................... 33 2.1 ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO ...................................................................................... 33 2.2 CARACTERÍSTICAS DA COMUNICAÇÃO VISUAL ......................................................... 36 3 SIGNOS ARTÍSTICOS ................................................................................................................... 39 3.1 METÁFORA ................................................................................................................................ 43 3.2 O CÓDIGO DA ARTE ................................................................................................................ 45 RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................................... 47 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 48 UNIDADE 2 – LINGUAGEM VERBALE NÃO VERBAL E SUA APLICAÇÃO NA LEITURA E INTERPRETAÇÃO DA IMAGEM ARTÍSTICA E LITERÁRIA 49 TÓPICO 1 – A LINGUAGEM COMO MEIO DE EXPRESSÃO ................................................ 51 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 51 2 LINGUAGEM ................................................................................................................................... 51 2.1 LINGUAGENS VERBAIS E NÃO VERBAIS .......................................................................... 54 2.2 LINGUAGEM VISUAL .............................................................................................................. 56 2.3 ELEMENTOS DA ESTRUTURA DA LINGUAGEM VISUAL ............................................. 57 sumário VIII 2.3.1 Linhas .................................................................................................................................. 57 2.3.2 Formas ................................................................................................................................. 58 3 CORES ................................................................................................................................................ 60 3.1 CLASSIFICAÇÃO DAS CORES ............................................................................................... 65 3.2 SENSAÇÕES VISUAIS ACROMÁTICAS E CROMÁTICA .................................................. 68 3.2.1 Sensações acromáticas ....................................................................................................... 68 3.2.2 Sensações cromáticas ......................................................................................................... 69 RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................................... 71 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 72 TÓPICO 2 – PERCEPÇÃO DO OBJETO SIMBÓLICO ............................................................... 73 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 73 2 PERCEPÇÃO ..................................................................................................................................... 73 2.1 TIPOS DE PERCEPÇÃO ............................................................................................................ 73 3 PERCEPÇÃO ESTÉTICA ................................................................................................................ 78 4 PERCEPÇÃO DAS IMAGENS ...................................................................................................... 79 5 O OBJETO SIMBÓLICO ................................................................................................................ 82 6 IMAGEM SIMBÓLICA .................................................................................................................. 83 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 85 RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................................... 90 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 92 TÓPICO 3 – A IMAGEM ARTÍSTICA E LITERÁRIA ................................................................ 93 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 93 2 MODOS DE VER A IMAGEM ...................................................................................................... 93 2.1 RELAÇÃO DA IMAGEM COM O REAL ............................................................................... 94 2.2 AS FUNÇÕES DA IMAGEM .................................................................................................... 94 2.3 RECONHECIMENTO E REMEMORAÇÃO .......................................................................... 95 2.4 A IMAGEM E O ESPECTADOR ............................................................................................... 99 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 107 RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................................... 110 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 111 UNIDADE 3 – LEITURA DE IMAGEM FORMAL, INFORMAL, INTERPRETATIVA E CONTEXTUALIZADA ...................................................................................................................... 113 TÓPICO 1 – LEITURA DE IMAGENS PELA TEORIA DA GESTALT .................................... 115 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 115 2 O MOVIMENTO GESTALTISTA ................................................................................................ 116 3 LEIS DA GESTALT .......................................................................................................................... 117 4 CATEGORIAS CONCEITUAIS: FUNDAMENTAIS ............................................................... 126 5 CATEGORIAS CONCEITUAIS: TÉCNICAS VISUAIS APLICADAS ................................. 127 6 METODOLOGIA DA LEITURA VISUAL PELA GESTALT .................................................. 128 6.1 LEITURA DE IMAGENS ........................................................................................................... 128 6.2 A LEITURA VISUAL DO OBJETO SEGUNDO A GESTALT ............................................... 129 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 132 RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................................... 135 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 136 IX TÓPICO 2 – LEITURA DA IMAGEM PUBLICITÁRIA ............................................................. 137 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 137 2 A IMAGEM PUBLICITÁRIA ........................................................................................................ 137 3 METODOLOGIA DA IMAGEM PUBLICITÁRIA ................................................................... 137 3.1 A MENSAGEM PLÁSTICA ....................................................................................................... 138 3.2 A MENSAGEM ICÔNICA ........................................................................................................ 140 3.3 A MENSAGEM LINGUÍSTICA ................................................................................................ 140 4 LEITURA E INTERPRETAÇÃO DA IMAGEM PUBLICITÁRIA .......................................... 140 RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................................... 146 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 147 TÓPICO 3 – LEITURA: QUANDOSENTIMOS A OBRA .......................................................... 149 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 149 2 A OBRA É ABERTA ......................................................................................................................... 149 2.1 LER É PRODUZIR SENTIDO ................................................................................................... 152 2.2 O ACESSO À PRODUÇÃO ARTÍSTICA ................................................................................. 154 3 METODOLOGIAS DE LEITURAS .............................................................................................. 155 3.1 MÉTODO DE EDMUND BURKE FELDMAN ....................................................................... 156 3.2 MÉTODO DE ROBERT WILLIAN OTT .................................................................................. 157 3.3 MÉTODO DE MARJORIE E ROBERT WILSON E ALL HURWITZ ................................... 158 3.4 MÉTODO DE ANA AMÉLIA BUENO BUORO .................................................................... 158 3.5 METODOLOGIA TRIANGULAR ............................................................................................ 159 4 SUGESTÕES EM SALA DE AULA .............................................................................................. 160 4.1 LEITURA COMPARADA PELO MÉTODO DE FELDMAN ...............................................160 4.2 LEITURA DE IMAGEM USANDO O MÉTODO DE ROSALIND RAGANS – DISCIPLINED BASED ART EDUCATION (COM ÊNFASE NA CRÍTICA) ......................163 4.3 LEITURA DE IMAGEM PELO MÉTODO DE BUORO ........................................................165 4.4 LEITURA DA OBRA DE ANDRÉ NEVES ..............................................................................166 4.5 LEITURA DE OBRAS DE ARTE RELACIONADA POR TEMA .........................................169 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 171 RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................................... 175 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 176 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 177 X 1 UNIDADE 1 ESTUDO DOS SISTEMAS DE SIGNOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Esta unidade tem por objetivos: A partir desta unidade, você será capaz de: • entender o objetivo da semiótica; • compreender o percurso do signo; • identificar o significante e o significado; • estabelecer a correspondência entre a forma do objeto e seu significado. Esta unidade está organizada em três tópicos. Em cada um deles você encontrará diversas atividades que o(a) ajudarão na compreensão das informações apresentadas. TÓPICO 1 – DESMISTIFICANDO A SEMIÓTICA TÓPICO 2 – O PERCURSO DO SIGNO TÓPICO 3 – A COMUNICAÇÃO VISUAL DOS SIGNOS NAS IMAGENS 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 DESMISTIFICANDO A SEMIÓTICA 1 INTRODUÇÃO O mundo que nos cerca é composto de imagens que estamos produzindo diariamente, lendo e sempre que possível decodificando. O homem, no sentido geral, sempre esteve em busca de entender o significado de tudo o que o cerca. Estas significações por ele reveladas configuram a multiculturalidade humana. São os signos artísticos que permitem ao homem, este ser sensível, construir sua poética pessoal, seu modo singular de ver e tornar visível seu universo imaginário. Este tópico apresentará conceitos de semiótica, seus principais pensadores, a natureza dos signos e o fenômeno da semiose. Estes são os pontos importantes para se entender um pouco de semiótica e aprender a olhar este mundo que nos cerca de maneira poética. 2 O QUE É SEMIÓTICA? De acordo com Santaella (1992, p. 13), “A semiótica é a ciência que tem por objeto de investigação todas as linguagens possíveis, ou seja, que tem por objetivo o exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno como fenômeno de produção de significação e de sentido”. Conforme a autora, podemos verificar que a semiótica estuda todas as linguagens de signos e que o signo está relacionado a qualquer coisa. Teremos na representação de um signo, um objeto que de acordo com seu interpretante terá relacionado a si, um significado direto. O signo também está ligado diretamente aos sentidos em função da nossa percepção. Daí o fato de também estudarmos a semiótica em outros campos perceptivos. Um recurso sonoro, uma imagem ou um cheiro podem lembrar um objeto e ser determinante na sua significação. Enfim, como a semiótica estuda este fenômeno da significação, é importante que saibamos perceber e interpretar. Este momento entre o indivíduo perceber o signo e sua interpretação identificamos como um processo chamado semiose, que veremos no Tópico 2. UNIDADE 1 | ESTUDO DOS SISTEMAS DE SIGNOS 4 O nome semiótica vem da raiz grega semeion, que quer dizer signo. Semiótica é a ciência que estuda signos. IMPORTANT E No estudo da semiótica existe uma certa convenção simbólica a que estamos acostumados e onde encontramos diversos signos visuais que possuem a mesma relação de significado e interpretação. Dois exemplos citados por Martins (1998) são muito práticos para este entendimento: • convencionou-se que a figura da pomba branca está mundialmente relacionada ao símbolo da paz; • a cor vermelha no semáforo, também por convenção é reconhecida como um signo visual, que simboliza o ato de parar. De acordo com a semiótica de Santaella (1992), podemos resumir simbolo como alguma coisa que representa algo para alguém e que portanto possui um significado. IMPORTANT E De acordo com Nörth (1995, p. 55), no séc XIX, “símbolos e imagens são as noções centrais da semiótica”, portanto, mesmo assim ainda é considerada uma ciência nova e há muito para ser estudado. Grandes nomes estão atrelados aos estudos semióticos no século XX, como: Edmund Hussert, com a teoria da fenomenologia dos signos e significados e Charles Sanders Peirce, conhecido como um dos maiores nomes da história da semiótica moderna e fundador da teoria moderna dos signos. Como já foi dito anteriormente, a Semiótica é a ciência geral dos signos e portanto atrelada a ela também estudamos a semiose. O entendimento é que ao estudarmos este sistema de signos, estamos estudando todos os fenômenos culturais capazes de relacionar os significantes aos seus significados ligados à ideia ou conceito de alguma coisa abrangendo áreas como música, dança, fotografia, culinária, religião, moda, arquitetura, artes visuais etc. Encontramos em oposição aos estudos semióticos a linguística, que se atém a estudar os sígnos linguísticos, ou seja, do sistema sígnico da linguagem verbal. TÓPICO 1 | DESMISTIFICANDO A SEMIÓTICA 5 Agora que você já viu os conceitos de semiótica segundo grandes autores do estudo em questão, podemos entender que a semiótica é uma ciência que tem por objeto qualquer sistema sígnico e que fazem parte deste sistema as artes visuais, música, fotografia, cinema, culinária, vestuário, gestos, religião, ciência etc. IMPORTANT E 2.1 TIPOS DE SEMIÓTICA É importante conhecer e distinguir os tipos de semiótica e qual é o mais apropriado para um determinado estudo de acordo com o seu foco. Veja o texto a seguir: São muitas as origens da semiótica moderna. Em função dessa multiplicidade, existem várias correntes semióticas. Portanto, quando se fala em semiótica, a primeira questão que se deve colocaré de qual semiótica estamos falando”. [...] dependendo da corrente semiótica de que estamos tratando, difere a própria definição da semiótica, assim como diferem os conceitos e o modo como eles são aplicados a outros campos do saber das produções e criações humanas. FONTE: Disponível em: <http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=11&id=81>. Acesso em: 10 jan. 2011. Sabemos que são várias as correntes da semiótica moderna, porém para entender um pouco mais dos tipos de semiótica, relacionamos as três correntes mais estudadas: a semiótica peirceana, semiótica greimasiana e semiótica da cultura também conhecida como a de tradição russa. Segundo Perez, 2004: a) Semiótica peirceana (Peirce) - Como o próprio nome diz, teve suas origens e estudos com Charles Sanders Peirce (1839-1914) que conferiu um legado ao desenvolver uma lógica universal com aplicação em vários campos do saber, desde a Filosofia ao Marketing. Embasou sua teoria na noção de signo, entendido como qualquer elemento/coisa que representa algo para alguém. Para ele, três coisas são fundamentais na relação que o signo tem com o objeto em si com o interpretante e a ação que ele representa. A este conjunto de ações, Peirce chamou de tríade semiótica. Portanto, a semiótica de Peirce foca os signos e suas formas de ação, como também proporciona um vasto repertório de signos. UNIDADE 1 | ESTUDO DOS SISTEMAS DE SIGNOS 6 b) Semiótica greimasiana - Estabelecida na França tem como foco os signos verbais. Greimas procurou aplicar os métodos de pesquisa da linguística estrutural à análise de textos, definida por ele como discurso. Ele aborda a questão da semiótica como um discurso mais profundo de organização dos processos de emissão e recepção das mensagens. Acredita que a semiótica como era vista, baseada na análise de significado, figuras e retórica, leva a manifestações superficiais de sentido. Ele destaca a importância de compreender o discurso por inteiro, de modo a visualizar a significação em sua totalidade. Logo o método greimasiano fundamenta-se na relação significante/significado, em busca de níveis maiores de significação produzidos pela mensagem. c) Semiótica russa ou conhecida como semiótica da cultura - Os países soviéticos sempre tiveram sua visão semiótica focada na globalização da cultura. Mas em função do sistema político e econômico socialista de Stalin, os trabalhos de semiótica começaram tarde, porém quando desenvolvidos foram intensos. Seus precursores foram Bakhtin (1895-1975), Jakobson (1896-1982) e Iúri Lotman (1981) que se revela como um dos nomes renomados na semiótica russa. 3 SEMIÓTICA NA PRODUÇÃO SIMBÓLICA A semiótica tem se destacado muito no campo da imagem e nesse sentido a imagem pode ser concebida como uma representação plástica, material ou aquela que evoca uma determinada coisa, por ter ela semelhança ou relação simbólica. O conceito de representação e de signo aparece muitas vezes na literatura semiótica como sinônimos, sendo possível a intercambialidade deles em diversas situações. A representação é um conteúdo concreto apreendido pelos sentidos, pela imaginação, pela memória ou pelo pensamento. De maneira que podemos dizer que, a forma de uma imagem é feita por semelhança com o objeto representado, porém em inúmeras situações percebemos que a semelhança não garante a representatividade. É importante lembrar que a semiótica é teórica e quando a usamos como método para a leitura de imagens, estamos lidando com signos e semiose. Ao se trabalhar com o método semiótico na produção simbólica é importante que se tenha “atitude fenomenológica, que segundo Santaella, (1992), baseado em Peirce, envolve a capacidade contemplativa, a capacidade de distinção e de generalização das observações” (apud PEREZ, 2004). • Capacidade contemplativa – Como o próprio nome diz é a capacidade de vermos o que está diante dos nossos olhos. Está ligada à sensação que o signo pode gerar em nossas mentes. A capacidade contemplativa é, portanto, uma habilidade que pode ser treinada e desenvolvida à medida que mudamos nossa maneira de ver, perceber e sentir o mundo. TÓPICO 1 | DESMISTIFICANDO A SEMIÓTICA 7 • Capacidade de distinção – é quando começamos a distinguir as diferenças existentes nos signos, saímos da contemplação e apuramos mais o olhar, buscando o que é diferente. Logo, também é uma habilidade que se desenvolve por meios de exercícios de observação e separação dos signos visuais que se está observando. • Generalização das observações – está ligada à aptidão de separar as observações feitas nos signos e ampliá-las em categorias gerais. Neste caso, o signo em questão passa a pertencer a uma série de classificações, que dependem de convenções, padrões e códigos. Ex.: Uma determinada observação que nos leva a concluir que diz respeito a um tipo específico de (classe) moradia: um apartamento. Portanto, a leitura dos processos simbólicos pressupõe o desenvolvimento dessas três habilidades. Pois se espera que ao se realizar este procedimento ocorra a desmistificação do conteúdo simbólico do signo e tenhamos o entendimento dos significados em questão. LEITURA COMPLEMENTAR QUANDO SE INICIARAM OS PRIMEIROS ESTUDOS DE SEMIÓTICA PEIRCEANA NO BRASIL? Primeiramente, no Brasil, foram desenvolvidos estudos linguísticos, cujo maior representante seria Joaquim Mattoso Câmara Jr. Assim, por essa via, as ideias saussurianas foram divulgadas antes das peirceanas. "Desde o início da década de 1970, há quase trinta anos, a obra do norte- americano Charles Sanders Peirce (1839-1914), cientista, lógico, filósofo e criador da moderna ciência semiótica, vem sendo estudada na PUC de São Paulo. O pensamento de Peirce não entrou nessa universidade pela via da lógica, nem pela via da filosofia, mas pela via da semiótica. Naquela época, o atual programa de pós-graduação em Comunicação e Semiótica se chamava Teoria Literária, fundado e coordenado por Lucrécia Ferrara, pioneira junto com Joel Martins e Antonieta Alba Celani na criação dos programas de estudos pós-graduados na PUC-SP, esses mesmos que cresceram, multiplicaram-se, trazendo hoje tanto prestígio acadêmico a essa universidade. Foi nas magníficas aulas de Haroldo de Campos e Décio Pignatari, primeiros professores do programa de Teoria Literária, que a teoria dos signos de Peirce começou a ser interpretada no Brasil. Em 1970, Haroldo de Campos organizou a edição para a Perspectiva da Pequena Estética de Max Bense, filósofo alemão e divulgador primeiro da obra peirceana em seu país. Em 1972, a Cultrix editou, com tradução de Octanny S. da Mota e Leonidas Hegenberg, mais coletânea de escritos escolhidos de Charles Sanders Peirce. UNIDADE 1 | ESTUDO DOS SISTEMAS DE SIGNOS 8 Essa coletânea antecederia em muitos anos, as primeiras coletâneas de textos traduzidos de Peirce em vários países da Europa. Enfim, foi com salutar precocidade que se deu o plantio das primeiras sementes dos estudos peirceanos no Brasil, cuja dianteira foi tomada pela pós-graduação em Teoria Literária da PUC-SP. Em 1978, esse antigo programa ampliou-se interdisciplinarmente numa proposta de estudos pós-graduados em Comunicação e Semiótica (COS). Sob essa nova sigla, que dura até hoje, e com novas perspectivas comunicacionais, a semiótica encontrou solo fértil para se desenvolver e se diversificar. A semiótica peirceana entrou em convivência com outras correntes da semiótica - saussuriana, hjelmsleviana, soviética, greimasiana, barthesiana etc. - formando um conjunto teórico aberto e crítico que, desde então, espraiou-se numa variada gama e campos de aplicações: literatura, artes, som, música, oralidade, dança, performance, jornal, rádio, imagenstécnicas da era eletromecânica - fotografia e cinema -, da era eletrônica - televisão, vídeo - e da era teleinformática - infografia, infovias etc. A vocação interdisciplinar da semiótica, como uma ciência da comunicação, também se dilatou na multi e transdisciplinaridade, propiciando o diálogo e intercâmbio conceitual com a epistemologia, a história das ciências, as ciências sociais, a psicologia, a psicanálise etc. Nesse contexto, desde 1992, um fenômeno importante e original começou espontaneamente a brotar no programa de COS. Começaram a surgir, pouco a pouco, Centros de Pesquisa ligados às linhas de pesquisa que estão definidas como extensões diretas das áreas de concentração do programa. (p. 3 e 4). O Centro de Estudos Peirceanos é um desses centros de pesquisa, fundado em 1996, por Lúcia Santaella. FONTE: SANTAELLA, L. (1997). Estudos de Peirce no COS/PUCSP. In: Laurentiz, S. (Org.). JORNADA DO CENTRO DE ESTUDOS PEIRCEANOS, 1., São Paulo. Anais... São Paulo: CENEP COS/PUC. Disponível em: <www.pucsp.br/pos/cos/cepe/peirce/peirce.htm>. Acesso em: 6 jan. 2011. 9 • O nome semiótica vem da raiz grega semeion, que quer dizer signo. Semiótica é a ciência que estuda signos. • De acordo com a semiótica, podemos resumir símbolo como alguma coisa que representa algo para alguém. • A Semiótica é a ciência geral dos signos e da semiose, que estuda todos os fenômenos culturais como se fossem sistemas sígnicos, isto é, sistemas de significação. • Podemos então entender que a semiótica é uma ciência que tem por objeto qualquer sistema sígnico e que fazem parte deste sistema as artes visuais, música, fotografia, cinema, culinária, vestuário, gestos, religião, ciência etc. • A semiótica pode ser estudada de acordo com os tipos: semiótica peirceana, semiótica estruturalista/semiologia e a semiótica russa ou semiótica da cultura. • Ao se trabalhar com a semiótica na produção simbólica, devemos utilizar a atitude fenomenológica, que utiliza a capacidade contemplativa, a capacidade de distinção e a generalização das observações. RESUMO DO TÓPICO 1 10 1 De acordo com os conteúdos abordados no Tópico 1, procure formular um conceito para semiótica. 2 Como você explica o processo da semiose? 3 Qual a importância da semiótica para Peirce? 4 E para você, por que estudamos semiótica? 5 Qual o foco de atenção da semiótica de Peirce? AUTOATIVIDADE 11 TÓPICO 2 O PERCURSO DO SIGNO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Para entender o signo na leitura de imagem, é fundamental conhecer a relação signo-objeto por meio de seu significante e significado, bem como identificar os índices, ícones e símbolos presentes na comunicação visual e que nos auxiliam na leitura e produção de linguagem. Seguiremos o pensamento de Martins (1998), que nos fala que o encontro com o nosso mundo se dá pela leitura e produção de linguagens, o que é ao mesmo tempo leitura e produção de sistema de signos. 2 O QUE SERIA EXATAMENTE UM SIGNO? É com o filósofo norte-americano Charles Sanders Peirce (1839-1914), que procuraremos compreender melhor o que é um signo. “Como criador de uma teoria geral dos signos – a semiótica, Peirce investigou o que são e como operam os signos e, por meio deles, o próprio pensamento do homem. É a trilha de seu pensamento que seguiremos”. (MARTINS, 1998, p. 38). Para isto vamos explicar três partes consideradas importantes no processo de leitura do signo, o signo-objeto, signo-objeto interpretante e significado e significante. Creio que ao apreendermos qual função que cabe a cada uma dessas partes, com certeza, faremos a interpretação da leitura de imagem com muito mais segurança. 2.1 SIGNO-OBJETO Vamos tomar como exemplo a palavra carro, o desenho de um carro, o esquema de um carro, a fotografia de um carro, a escultura de um carro. São todos signos do objeto carro, ou representações dele. UNIDADE 1 | ESTUDO DOS SISTEMAS DE SIGNOS 12 FIGURA 1 – SIGNO DO OBJETO CARRO FONTE: Disponível em: <http://artnolapis.blogspot.com>. Acesso em: 14 mar. 2011. FONTE: Disponível em: <http://www.mangacom.com.br/site/ atualidades/>. Acesso em: 14 mar. 2011. FIGURA 2 – SIGNO DO OBJETO CARRO Martins (1998, p. 38) usa uma linguagem clara para explicar signo segundo a noção de Peirce. “Um signo é alguma coisa que representa outra coisa: seu objeto (ideia ou coisa) para alguém sob algum aspecto de qualidade. Então, tanto a palavra quanto o desenho, o esquema, a fotografia ou a escultura de um carro não são o próprio carro. São signos dele, um representante. Cada um deles, de certo modo representa a realidade do carro”. Por esta razão também, podemos entender quando um artista toma a liberdade de interferir na sua criação com cores ou traços que no mundo real não fazem parte. Pois na verdade o que ele tem é uma representação de algo, ou alguma coisa que lhe permite assim aplicar cores e ou traços que na realidade não condizem com o produto real. Para que o signo seja utilizado por nós como signo de algo, ele tem que ter esse poder de representar, ou seja, estar no lugar do objeto, para torná-lo presente a nós por meio de uma presença, sem com isso perder sua característica. Como o signo representa seu objeto para alguém, logo representa para um intérprete que fará sua leitura de acordo com os códigos visuais ali encontrados. (MARTINS, 1998). TÓPICO 2 | O PERCURSO DO SIGNO 13 2.2 SIGNO-OBJETO INTERPRETANTE Ainda seguindo o conceito de Martins (1998, p. 39), para signo-objeto interpretante, ela define que: “[...] ao ser comunicado a alguém, o signo produz na mente desse intérprete um segundo signo que traduz o significado do primeiro. Chama-se o signo assim criado de interpretante do primeiro signo. Assim, o significado de um signo é sempre outro signo. Isto ocorre porque há uma relação entre o próprio signo (um representante), o objeto (aquilo a que o signo se refere e é por ele representado) e o interpretante (conceito, imagem mental construída na mente do receptor do signo)”. Dessa maneira, nós teremos para um mesmo signo muitos significados ou também conhecidos como significados de primeiro nível e posterior a este as conotações de segundo nível. Caro(a) acadêmico(a), voltamos ao exemplo do carro. UNI 1 Quando você olha o desenho de um carro, olha um signo (a representação) do objeto do carro. Ex.: carro. 2 Sua mente processará esse signo fazendo vir ao seu pensamento um segundo signo (a representação que sua mente faz a partir do objeto carro representado). Este é o interpretante, que traduz para você o significado do primeiro. Ex.: Veículo de quatro rodas. 3 Como intérprete, você olhou o desenho de um carro (signo) e sua mente o interpretou criando outro signo (interpretante) que mostra a você o que é um carro. CARO(A) ACADÊMICO(A), PRESTE ATENÇÃO! “Um signo só é a representação de algo para nós se conhecermos o objeto do signo, isto é, aquilo que é representado pelo signo. Se um signo-objeto não faz parte das referências pessoais e culturais do intérprete, não há possibilidade de o signo ser aplicado, de denotar o objeto para o intérprete” (Martins, 1998, p. 39). NOTA UNIDADE 1 | ESTUDO DOS SISTEMAS DE SIGNOS 14 Logo, para fazer a leitura visual das imagens é importante que se tenha conhecimento do assunto em questão e uma boa bagagem cultural e condições e habilidades perceptivas. 2.3 SIGNIFICADO E SIGNIFICANTE Para entender o signo na leitura de imagem, é fundamental conhecer a relação signo-objeto por meio de seu significante e significado, bem como identificar os índices, ícones e símbolos presentes na comunicação visual e que nos auxiliam na leitura e produção de linguagem. Caro(a) acadêmico(a)! A leitura dos signos visuais depende do seu significado próprio, mas também depende do conhecimento, da experiênciaprática e do hábito daqueles que o interpretam. Interessa por isso que todas as pessoas aprendam a ler e interpretar criticamente os signos visuais. IMPORTANT E Todas as mensagens, qualquer que seja a linguagem utilizada, integram sempre dois aspectos: o conteúdo (significado = relaciona a ideia ou conceito) da mensagem e uma forma (significante = elemento material perceptível). Podemos, assim, dizer que todas as mensagens visuais integram uma função cognitiva e uma função emotiva. SIGNO = SIGNIFICANTE + SIGNIFICADO Significante - Elemento material e perceptível (desenho, foto etc.). Está relacionado à forma, cor, textura e dimensão. Pode também ter mais aspectos além desses elementos identificados. Significado - Ideia ou conceito. Código - Combinação de signos utilizados para a transmissão de mensagens. TÓPICO 2 | O PERCURSO DO SIGNO 15 Veja as imagens a seguir e identifique o significante e o significado para interpretar o signo. UNI Exemplo 1 FONTE: Disponível em: <http://www.lojasambura.com.br/>. Acesso em: 14 mar. 2011. FIGURA 3 – SIGNO SIGNO = SIGNIFICANTE + SIGNIFICADO UNI SIGNIFICANTE SIGNIFICADO Forma circular Movimento Cor vermelha Atenção Cor branca Destaque Textura visual Lisa Dimensão Não existe outro elemento para servir de parâmetro FONTE: A autora QUADRO 1 – SIGNIFICANTE/SIGNIFICADO SIGNO = SIGNIFICANTE (BOIA) + SIGNIFICADO (SALVAR VIDAS). UNIDADE 1 | ESTUDO DOS SISTEMAS DE SIGNOS 16 Exemplo 2 FIGURA 4 – AS BOTAS NEGRAS DE VINCENT VAN GOGH (1886) FONTE: Disponível em: <http://choquemiope.blogspot.com>. Acesso em: 14 mar. 2011. LEMBRANDO: SIGNO = SIGNIFICANTE + SIGNIFICADO SIGNIFICANTE SIGNIFICADO Forma irregular Usada Cor marrom-escuro desgastado Desgaste, Velho Textura visual Enrugada Dimensão Não existe outro elemento para servir de parâmetro FONTE: A autora QUADRO 2 – SIGNIFICANTE/SIGNIFICADO Caro(a) acadêmico(a)! Para facilitar o aprendizado tenha sempre em mente que: Signo - Significante + significado. Significante - É o elemento material e perceptível. Está relacionado à forma, cor, textura e dimensão. Significado - É a ideia ou conceito. IMPORTANT E SIGNO = SIGNIFICANTE (Um par de botas) + SIGNIFICADO (muito usadas, velhas). TÓPICO 2 | O PERCURSO DO SIGNO 17 No campo da matéria no mundo real, tudo pode ser considerado signo e no campo imaginário, no mundo irreal tudo também pode ser considerado signo. Portanto, é possível afirmar que signo é tudo que pode representar, substituir ou significar alguma coisa. IMPORTANT E Para Peirce, o ser humano não pode pensar sem signos. Os signos funcionam como veículos de comunicação, capazes de transportar mensagens ou significados. Por isso, o signo é o elemento fundamental no estudo da Semiótica. 2.4 O SIGNO SEGUNDO A ESCOLA PEIRCEANA Peirce afirmava que o universo está cheio de signos e o próprio homem é um signo. Suas ideias são signos e que enfim vivemos em um contexto de signos que tanto podem pertencer à esfera material (pintura, escultura, música, gesto, qualquer coisa que corporifique uma ideia), como também pertencer à esfera imaterial (memória, sonho, sentimentos), mas que sempre estarão representando alguma coisa ou elemento em si, ou para alguém. Pois para Peirce representar é “estar para” indicando uma relação com o outro, que está relacionado a um conteúdo concreto apreendido quer seja pelos sentidos, pela imaginação ou pelo pensamento. A ideia peirceana, então, é que não há lugar no mundo vazio de signos. “Vivemos em um mundo composto de sistemas sígnicos que se traduzem em linguagens e que estas nos auxiliam a compreender o mundo simbólico mesmo que deste mundo simbólico façam parte as fantasias ou o que é real”. (MARTINS, 1998, p. 40). Podemos verificar então que para Peirce, o processo de significação é questão de comunicação, porque para ele o importante não era o signo em si, mas sim o processo de formação do signo, que é identificado como semiose e que nada mais é do que um processo que relaciona o signo, o objeto e um interpretante. Dessa forma, podemos entender “que todo signo se estabelece a partir de relações que envolvem seu fundamento, suas relações com aquilo a que representa, seu objeto (ou referente) e com os efeitos que gera, chamados interpretantes”. (PEREZ, 2004, p. 141). Para esclarecer melhor, vamos ao texto a seguir! UNI UNIDADE 1 | ESTUDO DOS SISTEMAS DE SIGNOS 18 O intérprete está diante do signo em uma dada circunstância de ocorrência e, ao mesmo tempo, dispõe de um continuum (universo) de significados possíveis. Uma mensagem qualquer, visão ou ruído que despertou a atenção do sujeito. Nesse momento, a mente é acionada pela percepção desse estímulo: o signo ou, em geral, vários deles combinados. Operações do raciocínio processam informações e alcançam um significado. Entre o signo e o significado, existem inúmeras possibilidades de interpretação: são os significantes. Ou seja, o significado depende; sempre de um contexto, de circunstâncias, que o determinam, caso a caso. Há significados óbvios e outros, nem tanto. É fácil ler um bilhete em chinês se você é chinês. Mas nem sempre é tão fácil entender obras de arte. O fenômeno é sempre o mesmo: semiose. Mas o resultado final, o significado, é um mutante que varia conforme intérprete e ocorrências reais. Por causa desses diferentes modos de ocorrência da semiose, existe mais de um mecanismo que nos leva ao entendimento de uma proposição ou mensagem. FONTE: SEMIÓTICA FÁCIL. Disponível em: <http://ligiacabus.sites.uol.com.br/semiotica/ semiose.htm>. Acesso em: 7 jan. 2011. 3 PEIRCE E TIPOS DE SIGNO Para melhor utilizar os signos, diante de tanta diversidade, Peirce classificou-os em três espécies, que estão relacionados ao modo como ocorre semiose, são eles: os índices, os ícones e os símbolos. a) Índice – É um signo incompleto porque sugere sem afirmar ou representar completamente. O índice é um signo que representa o seu objeto por relação de causa e efeito, casualidade ou consequência. Isto equivale a dizer que existe uma relação direta entre o índice e o seu objeto, ou que o índice foi causado pelo seu objeto. Também podemos entender que o índice não oferece ambiguidades. Todas as sugestões são índices. Logo o índice são signos indicativos. Representam algo que não está presente e esta representação decorre de uma relação de causalidade. Exemplos: • Fumaça (indica a presença de fogo, pois foi o fogo que a causou). • Rastro de pneus (indica que algum automóvel passou por ali). • Som de chamada do celular no momento em que estiver tocando (indica que há uma chamada sendo feita). • Céu com nuvens escuras (indica que poderá chover). • Ruas molhadas (indica que choveu ou alguém molhou a rua). TÓPICO 2 | O PERCURSO DO SIGNO 19 FONTE: Disponível em: <http://celardacaridade.blogspot.com/>. Acesso em: 7 jan. 2011. FIGURA 5 – EXEMPLOS GRÁFICOS DE ÍNDICES FONTE: Disponível em: < http://tripasetragos.blogspot.com/>. Acesso em: 7 jan. 2011. FIGURA 6 – EXEMPLOS GRÁFICOS DE ÍNDICES b) Ícones – Um signo que representa o seu objeto por relação de similaridade, ou traços de semelhança. O ícone possui algumas qualidades que se assemelham às qualidades daquilo que representa, sendo que as relações de semelhança podem ser de diferentes níveis. É um signo elementar que tem como significado direto a imagem que representa. Possui leitura imediata. Portanto, não existe distinção entre o representante e o objeto - o representado. O ícone representa o que representa, seja como for, pelo fato de ser como é. Representa por característica própria que possui, mesmo que seu objeto não exista. As imagens, em geral, são ícones. Exemplos gráficos: UNIDADE 1 | ESTUDO DOS SISTEMAS DE SIGNOS20 Exemplos: • Placas de banheiro masculino com desenho (representa uma pessoa porque tem alguns traços de semelhança visual com ela). • A imagem da lixeira, na área de trabalho do seu computador, representa a lixeira porque é de fato, a figura de uma lixeira tal como nos é possível reconhecê-la. • Placas com desenho de garfo, faca e prato (pode representar iconicamente um restaurante, uma lanchonete ou algo similar, porque têm alguns traços de semelhança visual com estes ambientes). • Sorvete de morango (representa iconicamente o morango, porque tem alguns traços de semelhança gustativa com o morango). • Placa com desenho de cesto de lixo (representa iconicamente um local para o lixo, porque possui alguns traços de semelhança com a cesta de lixo). Exemplos gráficos: FONTE: Disponível em: <http://naoeval.blogspot.com/2008/03/galeria-de- cones-para-incremetar-seu.html>. Acesso em: 7 jan. 2011. FIGURA 7 – EXEMPLO DE ÍCONES c) Símbolo – É um signo que representa o seu objeto por convenção, arbitrariedade ou pacto coletivo. Logo um símbolo depende de um acordo prévio entre as pessoas (consciente ou não) para ser reconhecido. O símbolo não depende de semelhanças ou vinculações diretas com o objeto que representa, pode surgir naturalmente. Exemplos: Seu exemplo clássico: letras, palavras. Também são símbolos figuras, objetos, gestos, quando remetem a uma ideia ou a uma significação que não tem, necessariamente, qualquer semelhança objetiva com o aquilo que simbolizam. TÓPICO 2 | O PERCURSO DO SIGNO 21 • a cruz simbolizando o Cristo; • os dedos em V para dizer "paz e amor"; • bandeira branca, indicando paz; • logotipo (representa simbolicamente uma empresa, uma pessoa, um serviço, um conceito, porque foi divulgado assim); • gosto azedo do sorvete de chocolate (representa simbolicamente algo estragado, pois todos sabem que o gosto deveria ser outro; • pessoa atravessando a rua na faixa de segurança, (representa simbolicamente o correto, caso contrário, pode acontecer um acidente); • placa de sinalização para dobrar (representa simbolicamente o correto, caso contrário poderá acontecer um acidente). Estamos acostumados com esses significados, mas não podemos negar que são meras convenções consagradas pelo uso em determinadas culturas. Exemplos gráficos: FONTE: Disponível em: <http://tufalamadeira.blogspot.com/>. Acesso em: 7 jan. 2011. FIGURA 8 – SÍMBOLOS DE TRÂNSITO Caro(a) acadêmico(a)! Dependendo da situação, um mesmo signo pode ser símbolo, ícone e índice. Ex.: BALANÇA. Dependendo das circunstâncias, balança pode assumir diferentes significados. É símbolo da justiça, é ícone balança representando a si mesma, indício de local de pesagem de alimentos num supermercado. FONTE: Disponível em: <http://ligiacabus.sites.uol.com.br/semiotica/signos.htm>. Acesso em: 14 mar. 2011. IMPORTANT E UNIDADE 1 | ESTUDO DOS SISTEMAS DE SIGNOS 22 SÍMBOLOGIA EGÍCIA FONTE: Adaptado de: Mallon, 2009 SÍMBOLO SIGNIFICADO TOURO Fertilidade e fecundidade FLOR DE LÓTUS Símbolo do sol, da criação e renascimento NEBU Imortalidade OLHO DE HÓRUS Integridade PIRÂMIDES Escadaria p/ o céu LEÃO Força, majestade, coragem ESCARAVELHO Vida nova, ressurreição QUADRO 3 – SIMBOLOGIA EGÍPCIA FONTE: Disponível em: <http://mundonanet.sites.uol.com.br/egipcia2.jpg>. Acesso em: 14 mar. 2011. FIGURA 9 – SIMBOLOGIA EGÍPCIA SIMBOLOGIA GREGA E ROMANA SÍMBOLO SIGNIFICADO ÁGUIA Poder e autoridade ABELHA Alma CORNUCÓPIA Abundância inesgotável MEDUSA Medo, em particular o medo dos homens da mudança de humor das mulheres FONTE: Adaptado de: Mallon, 2009 QUADRO 4 – SIMBOLOGIA GREGA E ROMANA TÓPICO 2 | O PERCURSO DO SIGNO 23 FONTE: Disponível em: <http://spc.fotolog.com photo/28/18/73/gaanja/1237344918589_f.jpg>. Acesso em: 14 mar. 2011. FIGURA 10 – SIMBOLOGIA GREGA E ROMANA SIMBOLOGIA ASTECA SÍMBOLO SIGNIFICADO MÃE-TERRA Deusa da fertilidade ligada ao plantio e às colheitas. ÁGUA A água simboliza o caos de onde o mundo surgiu e a fonte da vida. CORAÇÃO Simboliza o centro do homem, religião e amor, a unificação do princípio da vida. JAGUAR É um dos símbolos mais poderosos das Américas. Representa o poder, conhecimento físico, magia, majestade, terra, fertilidade, realeza e valentia. COIOTE Força, sexualidade e perspicácia. FONTE: Adaptado de: Mallon, 2009 QUADRO 5 – SIMBOLOGIA ASTECA FONTE: Disponível em: <http://suine.files.wordpress.com/2009/07/ aztec-4.jpg>. Acesso em: 14 mar. 2011. FIGURA 11 – SIMBOLOGIA ASTECA UNIDADE 1 | ESTUDO DOS SISTEMAS DE SIGNOS 24 SIMBOLOGIA MAIA SÍMBOLO SIGNIFICADO SOL Autoridade real ARBUTRE Morte VITÓRIA-RÉGIA Renascimento e regeneração JAGUAR Força, coragem FONTE: Adaptado de: Mallon, 2009 QUADRO 6 – SIMBOLOGIA MAIA FONTE: Disponível em: <http://www.leidaatracao.com.br/imagens/ maia.jpg>. Acesso em: 14 mar. 2011. FIGURA 12 – SIMBOLOGIA MAIA SIMBOLOGIA INCA SÍMBOLO SIGNIFICADO PUMA Coragem, força interior e o presente. CONDOR Poder, regeneração, nobreza e conexão entre o céu e a terra. COBRA Intelecto, conhecimento e passado. FONTE: Adaptado de: Mallon, 2009 QUADRO 7 – SIMBOLOGIA INCA TÓPICO 2 | O PERCURSO DO SIGNO 25 FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_ hYzAhs6cklo/TAxYjnepazI/AAAAAAAAAGc/4HGvr0uXgIE/s1600/ arte+inca.jpeg>. Acesso em: 14 mar. 2011. FIGURA 13 – SIMBOLOGIA INCA SÍMBOLOS RELIGIOSOS SÍMBOLO SIGNIFICADO CRUZ LATINA C/ JESUS Representa o sacrifício de Jesus. CRUZ LATINA VAZIA - no Protestantismo Ressurreição. CRUZ INVERTIDA Humildade. CRUZ CELTA Conexão entre o céu e a terra. O GRAAL Doação da graça divina. POMBA Pureza, fidelidade e paz. FONTE: Adaptado de: Mallon, 2009 QUADRO 8 – SÍMBOLOS RELIGIOSOS FONTE: Disponível em: <http://vinatelha.blogspot.com/>. Acesso em: 14 mar. 2011. FIGURA 14 – SÍMBOLOS RELIGIOSOS UNIDADE 1 | ESTUDO DOS SISTEMAS DE SIGNOS 26 SÍMBOLOS DE PODER - REALEZA E IGREJA SÍMBOLO SIGNIFICADO COROA Soberania e vitória. DIADEMA Autoridade e marca de um líder. SINO Poder da Igreja. ANEL Usado pelo Bispo simboliza a união com a Igreja, usado pela freira representa seu casamento com Deus. MITRA Autoridade religiosa. FONTE: Adaptado de: Mallon, 2009 QUADRO 9 – SÍMBOLOS DE PODER – REALEZA E IGREJA FONTE: Disponível em: <http://symbolom.com.br/wp/wp-content/ uploads/2010/06/coroa-de-rainha.jpg>. Acesso em: 14 mar. 2011. FIGURA 15 – SÍMBOLOS DE PODER – REALEZA E IGREJA SÍMBOLOS DE TEMPO SÍMBOLO SIGNIFICADO FOICE Sacrifício e renovação. AMPULHETA Mundos superiores e inferiores e sua inversão. Nos tempos modernos, simboliza a passagem do tempo. FONTE: Adaptado de: Mallon, 2009 QUADRO 10 – SÍMBOLOS DE TEMPO FONTE: Disponível em: <http://caminhantes2.blog.uol. com.br/images/ampulheta.jpg>. Acesso em: 14 mar. 2011. FIGURA 16 – SÍMBOLOS DE TEMPO TÓPICO 2 | O PERCURSO DO SIGNO 27 SÍMBOLOS DE FORMA SÍMBOLO SIGNIFICADO QUADRADO Solidez, firmeza. CÍRCULO Eternidade, perfeição, divindade, infinidade e igualdade. CUBO Estabilidade CRUZ Conjunção de dois mundos. Relaciona-se com a união do físico espiritual, a síntese do passivo e do ativo. FONTE: Adaptado de: Mallon, 2009 QUADRO 11 – SÍMBOLOS DE FORMA FONTE: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_ jrqaMj2Q5cs/TVMgudGkDKI/AAAAAAAAAJc/v-x64eUdQm0/ s1600/figuras_geometricas2.jpg>. Acesso em: 14 mar. 2011. FIGURA 17 – SÍMBOLOS DE FORMA Estes símbolos de formas serão estudados na Unidade 2. UNI UNIDADE 1 | ESTUDO DOS SISTEMAS DE SIGNOS 28 Semiose é um fenômeno ancestral. Atividade catalisadora, viabilizadora de todas as demais faculdades da mente humana. É o ponto de partida para uma ontologia da consciência - estado de ser e estar consciente de si mesmo, dascoisas à sua volta e das relações entre tudo isso. Pretender entender a semiose é pretender entender o entendimento. É querer flagrar a si mesmo a sofrer um fenômeno intermitente, pois, que estar consciente depende de "se entender" como vivo, existente. Pensar sobre semiose é pensar sobre o pensamento porque operar com signos precede a própria reflexão sobre o fato de que somente pensamos por meio de signos. Disse Descartes: "penso, logo existo". Porém, nem tudo que existe, pensa. Mas, se existo e digo "eu existo", e represento para mim que existo, então com certeza, isso é pensar. Digamos então: se sei que existo é sinal de que penso! FONTE: SEMIÓTICA FÁCIL. Disponível em: <http://ligiacabus.sites.uol.com.br/semiotica/ semiose.htm>. Acesso em: 7 jan. 2011. a) Fenomenologia da Semiose Para ocorrer a semiose ou o fenômeno da significação, é necessário que exista o signo e que haja um interpretante, o sujeito que irá interpretar a mensagem. Ela ocorre no momento da ação em que o pensamente procura desvendar o significado oculto do signo e buscar interpretantes. A semiose ou o fenômeno da significação ocorre com a participação de três elementos, são eles: SIGNO, SIGNIFICANTE e SIGNIFICADO. (SEMIÓTICA FÁCIL, 2011). b) Mecanismos do Entendimento Para entender os mecanismos da semiose, a semiótica aponta três diferentes maneiras que o mecanismo da semiose pode trilhar para acontecer. Estes caminhos levam ao entendimento de alguma coisa e têm um significado a partir das discussões e relações de diferentes ideias. Então os rumos que estes caminhos podem tomar para o entendimento do significado poderão ocorrer por meio da relação de equivalência, das interferências e das associações. Todos os três caminhos levam a descobertas dos significados e, portanto, o entendimento do signo ao seu interpretante. O que varia entre eles é o nível de raciocínio exigido, para deixar claro o processo de significação. (SEMIÓTICA FÁCIL, 2011). Logo, o entendimento irá variar de pessoa para pessoa, de acordo com o grau de necessidade e conhecimento. Para modos diferentes de entendimento ocorrerão diferentes mecanismos de entendimento, diferentes combinações de significados. 4 O PROCESSO DA SEMIOSE Como foi exposto, a semiótica é uma ciência que estuda signos e processo de significação, abrangendo toda e qualquer linguagem. Veja o texto a seguir. TÓPICO 2 | O PERCURSO DO SIGNO 29 Um exemplo de semiose Se você levanta pela manhã e encontra sobre a mesa singelo bilhete dizendo: "Querido, fui à padaria e volto já...", você entende logo que sua mulher foi à padaria e ainda subentende que ela foi comprar pão, ou leite ou qualquer produto para o desjejum! Considerando ainda que a padaria é na esquina, ela deverá voltar em cerca de 15 minutos. Esse seu entendimento brilhante e imediato é o ocorrência flagrante da semiose. NOTA LEITURA COMPLEMENTAR INDÍCIOS, SÍMBOLOS E ÍCONES A todo fenômeno percebido atribuímos ou tentamos atribuir um determinado significado. A relação, no entanto, que estabelecemos nesse processo varia conforme as circunstâncias. Observando as diferenças é que indicamos alguns princípios para a compreensão das relações sígnicas que têm o som como suporte. Nesse sentido, os conceitos de indício, símbolo e ícone são instrumentos de nossa análise. Um disco de efeitos especiais nos é muito útil para a demonstração que pretendemos. Por exemplo, se temos a gravação do som de água corrente, com certas peculiaridades, inevitavelmente pensamos em um riacho, em um ambiente bucólico etc. Em termos objetivos, não nos detemos no som em si, a imagem produzida nos remete a outro referente (o riacho), mesmo que a gravação, por hipótese, tenha sido produzida em condições outras: num tanque, talvez. O importante é que atribuímos ao evento sonoro um significado, ou seja, nos remetemos a referências memoriais anteriores, servindo a gravação como um indicador, como um índice do principal referente. Um signo indicial é aquele que estabelece uma contiguidade com o objeto ao qual se refere, não se confundindo com ele e, principalmente, fazendo com que o intérprete não se detenha no fenômeno e passe, de imediato, ao referido. É o caso do som de passos numa rua, do silvar do vento nas árvores e janelas, do silêncio inesperado do motor de um carro quando giro a chave de ignição, indicando haver algum defeito (não fora isso ouviríamos o ruído próprio da partida), ou, no caso de percepção visual, a visão de fumaça fazendo-nos pensar em fogo, a imagem de uma pegada de animal na terra etc. De tudo isso podemos inferir muitas coisas, como o fato de nos exemplos expostos não haver necessariamente, intencionalidade por parte do emissor do signo, quer dizer, o esforço de conferir aos fenômenos algum atributo de significado caberia mais a quem percebe. UNIDADE 1 | ESTUDO DOS SISTEMAS DE SIGNOS 30 Em outra hipótese o mesmo não ocorreria. Se ouço o apito de um juiz de futebol, ou de um guarda de trânsito, se escuto a sirene das fábricas ou a campainha de um telefone, nesses casos não poderia dizer que se trata de meros indícios ou, muito menos, que não haja alguma intencionalidade. Todos esses eventos supõem algum tipo de pacto ou de código, todos eles significam algo previamente combinado, e em todos é fundamental determos alguma informação prévia a respeito para que possamos, de fato, atribuir significado ao que ouvimos. Alguém que jamais viu um telefone, por exemplo, não entenderia o soar da campainha como chamado de outrem e não saberia distinguir os sinais de linha, ocupado, etc. que nós cotidianamente utilizamos. Em outras palavras, todos esses sons citados (apitos, sirenes e campainhas) envolvem uma relação de referências e referentes, implicam códigos ou pactos, supõem intenções específicas, o que os distingue dos primeiros exemplos, dos signos indiciais. Da mesma forma, ao ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, ou o Hino da Seleção, ou a marchinha Cidade Maravilhosa, fazemos uma série de associações que ultrapassam a simples audição de peças musicais. Nesses casos, as melodias têm um atributo simbólico, uma função específica, e nos remetem a diferentes instâncias de significação. Por isso, para efeito de nossa análise, observamos que hinos, campainhas, sirenes e apitos apresentam algo em comum: são casos de signos internacionais, signos que supõem uma vinculação entre o sinal e o referente, signos cuja referência depende de um contexto cultural bastante determinado. A esses signos nos referimos como símbolos. O terceiro caso, além dos signos indiciais e simbólicos, diz respeito aos ícones, ou seja, aqueles signos que apresentam similitude em relação aos seus objetos referentes. [...] são ícones sonoros alguns efeitos especiais, ou trechos de obras musicais que imitam fatos ou fenômenos (o caso, digamos, da flauta em Pedro e o lobo, de S. Prokofiev, representando o passarinho). Os sonoplastas criam constantemente ícones sonoros para os programas radiofônicos ou de tevê, ou seja, ao ouvirmos o produto de seus trabalhos, remetemo-nos diretamente a significados específicos, diferentemente de quando nos deparamos com signos de tipo simbólico ou indicial. O fato é que essas categorias sígnicas sempre ocorrem conjugadas e de maneira complementar. No processo comunicativo é a partir de suas relações que o imaginário vai sendo construído. FONTE: SÁ, Leonardo. O sentido do som. In: NOVAES, Adauto (Org.). Rede imaginária: televisão e democracia. São Paulo: Cia. das Letras, 1991. p. 124-6. 31 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você viu que: • No campo da matéria no mundo real, tudo pode ser considerado signo e no campo imaginário, no mundo irreal, tudo também pode ser considerado signo. Portanto, é possível afirmar que signo é tudo que pode representar, substituirou significar alguma coisa. • Para Peirce, o ser humano não pode pensar sem signos. Os signos funcionam como veículos de comunicação, capazes de transportar mensagens ou significados. • Todas as mensagens, qualquer que seja a linguagem utilizada, integram sempre dois aspectos: o conteúdo (significado = ideia ou conceito) da mensagem e uma forma (significante = elemento material perceptível). • Todas as mensagens visuais integram uma função cognitiva e uma função emotiva. • Entre o signo e o significado, existem inúmeras possibilidades de interpretação: são os significantes. O significado depende sempre de um contexto, de circunstâncias que o determinam. • O significado é um mutante que varia conforme intérprete e ocorrências reais. Por causa desses diferentes modos de ocorrência da semiose, existe mais de um mecanismo que nos leva ao entendimento de uma proposição ou mensagem. • Índice é um signo incompleto porque sugere sem afirmar ou representar completamente. • Ícone é um signo elementar que tem como significado direto a imagem que representa. • Símbolo é um signo que representa o seu objeto por convenção, arbitrariedade, pacto coletivo. • A semiose - ou o fenômeno da significação - constitui-se numa relação de 3 elementos. São eles: SIGNO, SIGNIFICANTE e SIGNIFICADO. 32 AUTOATIVIDADE 1 De acordo com os conteúdos abordados no Tópico 2, descreva os signos a seguir com seus significantes e significados. FONTE: Disponível em: <http://maisondestaque.blogspot.com/>. Acesso em: 14 mar. 2011. FIGURA 18 – SIGNO 2 Por que é importante compreendermos os significados dos elementos que estruturam as imagens? 3 Faça um divertido passeio pela sua cidade e observe os signos visuais encontrados. Identifique a forma que eles apresentam, se são índices, ícones ou símbolos. 4 Construa com palavras o percurso do signo. 5 O que você entendeu por semiose? 6 Exemplifique um processo de semiose. 33 TÓPICO 3 A COMUNICAÇÃO VISUAL DOS SIGNOS NAS IMAGENS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO A comunicação visual é importante na leitura de imagens. Ela utiliza-se da linguagem de signos visuais que auxiliam o entendimento das mensagens, desde que apresentem um sistema de comunicação. 2 COMUNICAÇÃO VISUAL A comunicação visual usa a linguagem dos signos e apresenta igualmente um sistema de linguagem organizado que devemos conhecer, para que haja a comunicação. Segundo Rabaça e Barbosa, (1987, p. 23) comunicação visual é: “Conjunto de técnicas, conhecimentos e procedimentos que buscam maior eficácia na transmissão visual de mensagens verbais ou não verbais através dos diversos meios de comunicação”. 2.1 ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO Para que possa de algum modo haver comunicação, é importante que se tenha conhecimento e clareza dos elementos que compõem uma mensagem, segundo Amaral (2011): Emissor: aquele que emite a mensagem. O emissor pode ser considerado uma pessoa, um grupo, uma empresa, uma instituição. Receptor: aquele que recebe a mensagem. Código: é o conjunto de signos organizados com regras determinadas, para passar uma mensagem. Um código pode ser gestos, sons, a língua oral e escrita etc. O importante é que o código seja conhecido pelo emissor e receptor para que a comunicação aconteça. Canal de comunicação: está relacionado ao meio físico ou virtual em que a mensagem é passada. O canal deve garantir o contato entre emissor e receptor. (Ex.: TV, rádio, jornal, revista, cordas vocais etc.). Mensagem: é constituída pelo conteúdo das informações transmitidas ao receptor. 34 UNIDADE 1 | ESTUDO DOS SISTEMAS DE SIGNOS Referente ou contexto: está ligado à situação a que a mensagem se refere. O contexto pode se constituir na situação, nas circunstâncias de espaço e tempo em que se encontra o destinador da mensagem. Pode também dizer respeito aos aspectos do mundo textual da mensagem. Ruído – qualquer perturbação que incomode na comunicação. Em um esquema, os elementos da comunicação podem ser representados assim: FONTE: A autora FIGURA 19 – ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO EMISSOR MENSAGEM RECEPTOR CÓDIGO CANAL DE COMUNICAÇÃO Deve-se ter o cuidado para que a mensagem alcance seu objeto, pois, às vezes, a troca de informações não é bem sucedida, podendo ter como causa os ruídos que são elementos que perturbam, dificultam a compreensão pelo receptor, como por exemplo, o barulho ou mesmo uma voz muito baixa. O ruído pode ser também de ordem visual, como borrões, rabiscos etc. (AMARAL, 2011). TÓPICO 3 | A COMUNICAÇÃO VISUAL DOS SIGNOS NAS IMAGENS 35 AUTOATIVIDADE Caro(a) acadêmico(a)! Na comunicação visual também encontramos estes elementos. Você é capaz de identificá-los na imagem a seguir? FONTE: Disponíveis em: <http://www.feiradeciencias.com.br/>. Acesso em: 14 mar. 2011. FIGURA 20 – SIGNO Emissor........................................................................... Receptor.......................................................................... Código.............................................................................. Mensagem....................................................................... Canal de comunicação.................................................... Contexto........................................................................... PORTANTO: • A leitura e interpretação derivam fundamentalmente da experiência do receptor. • Nesse sentido, podemos dizer que a forma como é organizada a comunicação de um conteúdo pode alterar ou, pelo menos, produzir muitos sentidos diferentes. Veja o exemplo a seguir: 36 UNIDADE 1 | ESTUDO DOS SISTEMAS DE SIGNOS FONTE: Disponível em: <http://renanleandro.zip.net/>. Acesso em: 14 mar. 2011. FIGURA 21 – TIRINHA DE HUMOR (MAURÍCIO DE SOUZA) • Para entender esta tirinha de humor, é necessário conhecer quais os contextos que Maurício de Souza (o autor), trabalha seus personagens. 2.2 CARACTERÍSTICAS DA COMUNICAÇÃO VISUAL De uma maneira sucinta, vamos destacar algumas das características da imagem que podem ser mais significativas para nosso estudo. a) Recriação da realidade A imagem é a representação visual dos seres. É um objeto físico, material de que nos servimos para representar os seres de uma maneira concreta, particular e sensível. Gutierrez (1978) contribui com o estudo em questão ao apontar de uma forma muito clara que a imagem não é cópia, mas sim uma recriação da realidade. O pintor, o fotógrafo ou o cineasta se valem da natureza para nos oferecerem uma imagem do objetivo ou do subjetivo que vai depender do foco em questão. Este novo produto resultante, embora esteja relacionado com o objeto que representa, se distingue enquanto forma uma realidade diferente da imagem primeira. Caro(a) acadêmico(a)! Verifique como o processo de recriação da realidade acontece. A seguir temos duas imagens que recriam uma realidade que serviu como fonte de inspiração para uma pintura e uma fotografia. NOTA TÓPICO 3 | A COMUNICAÇÃO VISUAL DOS SIGNOS NAS IMAGENS 37 FONTE: Disponível em: <http://espaco-da-criatividade.blogspot.com/>. Acesso em: 14 mar. 2011. FIGURA 22 – PINTURA DOS JARDINS DE MONET FONTE: Disponível em: <http://japostei.com/jardins-de-monet-em- paris-fotos>. Acesso em: 14 mar. 2011. FIGURA 23 – FOTOGRAFIA DOS JARDINS DE MONET Caro(a) acadêmico(a)! “A representação das imagens não se relaciona unicamente com objetos reais, com existências concretas, porque as imagens também fazem referências a seres abstratos, genéricos e inclusive a produto da fantasia ou imaginação de um criador”. (GUTIERREZ, 1978, p. 17). NOTA UNIDADE 1 | ESTUDO DOS SISTEMAS DE SIGNOS 38 b) Imediatismo Para que uma imagem nos sensibilize, ela deve, de alguma maneira, despertar os sentimentos. Poderíamosdizer que ela provoca um choque que desperta nossas capacidades perceptivas, afetivas e sensíveis, tornando-nos consumidores de imagens. A esta causa denominamos de imediatismo que pode de certa forma contribuir nas informações geradas pelas imagens, pois “as imagens nos oferecem informações concretas, polimorfas e vivenciais” que são usadas como instrumentos de aprendizagem para o homem contemporâneo. (GUTIÉRREZ, 1978, p. 17). c) A imagem como forma de expressão Desde os tempos mais remotos, a imagem tem sido usada como fonte de transmissão de conhecimento entre as diversas culturas. Assim como tantos outros modos de expressão, a imagem é um deles e que pode ser apreendida de várias maneiras. Ela fala por si, é uma linguagem universal e eterna, compreendida independente de época, credo, raça ou língua. (GUTIÉRREZ, 1978). Observe os exemplos a seguir: a) Ícone feminino e masculino FONTE: Disponível em: <http://fathum.blogspot.com>. Acesso em: 14 mar. 2011. FIGURA 24 – ÍCONE FEMININO E MASCULINO b) ícone de perfume FONTE: Disponível em: <http://fathum.blogspot.com>. Acesso em: 14 mar. 2011. FIGURA 25 – ÍCONE PERFUME TÓPICO 3 | A COMUNICAÇÃO VISUAL DOS SIGNOS NAS IMAGENS 39 c) A imagem é significativa Ao estudar a imagem sabemos que ela vem acompanhada de significados que podem ser reconhecidos num primeiro momento ou ter um estudo mais aprofundado para significações mais complexas. Então concluímos que toda imagem por mais simples que seja vem carregada de sentido que já lhe é próprio. No entanto, podemos desvelar os conteúdos ocultos das imagens e assim consegui-las interpretar melhor. (GUTIÉRREZ, 1978). 3 SIGNOS ARTÍSTICOS Ao longo da história da humanidade, verifica-se a importância das produções humanas. Estas produções, nas suas diferentes linguagens, têm servido como meio de comunicação e representação entre as diversas culturas. É por meio delas que identificamos um período artístico ou entre tantas coisas, um traço de uma civilização. Podemos então refletir que o homem sempre utilizou a arte para produzir objetos com intenções de facilitar o seu dia a dia e essa atitude de criar instrumentos e aperfeiçoá-los constantemente, de acordo com suas necessidades é que torna possível a compreensão e entendimento do processo civilizatório pelo qual o homem vem passando. Já vimos que a arte é uma forma de criação e acontece por meio de diversos modos de linguagem: a arte pode acontecer pela linguagem visual, musical, cênica ou entre tantas outras formas de expressão. O importante é destacar que a arte propicia tanto a quem a produz como a quem a consome uma reflexão do seu papel de estar no mundo como indivíduo e que busca a melhor forma de expressar seus sentimentos e emoções. (MARTINS, 1998). Quando Martins (1998, p. 41) afirma que, “Na feitura da linguagem da arte, do seu sistema signo, o homem leva ao extremo sua capacidade de inventar e ler signos com fins artístico-estéticos”. Ele quer dizer que podemos ler e interpretar os sistemas visuais que compõem uma obra de arte, mediante as formas que são expressas pela obra, visto que estas formas apresentam caráter de signo e, portanto, representam algo para alguém. Ele cita o exemplo da obra de Rodin, O pensador, para entendermos o quanto uma obra de arte pode ser lida e interpretada. Caro(a) acadêmico(a)! Agora observe O Pensador – 1881, famosa estátua do escultor francês René François Auguste Rodin (1840-1917). UNI UNIDADE 1 | ESTUDO DOS SISTEMAS DE SIGNOS 40 FONTE: Disponível em: <http://pensamentosifragmentos.blogspot>. Acesso em: 24 fev. 2011. FIGURA 26 – O PENSADOR – 1881 – RODIN Ao observar estas imagens, você já é capaz de entender que elas fazem parte de uma representação da imagem pensada pelo artista e. portanto, também já é capaz de identificar que o artista utilizou a comunicação não verbal para comunicar suas ideias. UNI Para auxiliar na leitura e compreensão da obra O pensador, de August Rodin, Martins elaborou uma série de perguntas que nos levam a refletir sobre a obra como um todo. As perguntas de Martins (1998, p. 42) são as seguintes: • Haverá diferença entre a imagem dessa obra e a imagem que vemos de alguém pensando? • Queria Rodin reproduzir em sua obra alguém pensando? • O que queria representar? • Observando os detalhes da obra, o que podem querer expressar esses pés tensos? • O que nos comunicam nessa imagem o ritmo e o movimento das suas formas? • O que essa imagem representa? O que ela traz presente a nossa consciência? Martins (1998) quer que consigamos olhar para a obra e entender o que exatamente quis o artista. Depois de algum tempo observando a obra, tomamos ciência que Rodin não reproduziu um homem pensando, mas usou de metáforas visuais para justificar sua ideia. Muito bem posto pelo poeta tcheco Rainer Maria Rilke (apud MARTINS, 1998, p. 43) que fez uma observação riquíssima sobre essa TÓPICO 3 | A COMUNICAÇÃO VISUAL DOS SIGNOS NAS IMAGENS 41 obra: “Ele está sentado, perdido e mudo, pesado de imagens e de pensamentos, e toda a sua força-que é a força de alguém que se move-pensa. Seu corpo inteiro se torna um crânio, e todo o sangue das sua veias, cérebro”. As metáforas visuais que Rodin lançou mão estão relacionadas aos signos corporais encontrados em toda a extensão da obra, estão nos gestos na postura, no ritmo, no movimento, volume e material usado. Todo este conjunto expressa como forma simbólica o ato de pensar, por isto a grandeza da obra. Quanto maiores os conhecimentos semióticos e mais estimulada e aguçada for a percepção, maiores serão as chances de desvendar os significados ocultos existentes nas imagens de obras de arte. (MARTINS, 1998). autoativida de Reflita sobre as obras a seguir e explique como as metáforas se encontram nas obras. FONTE: Disponível em: <http://observarte.zip.net>. Acesso em: 14 mar. 2011. FIGURA 27 – O ABAPORU, 1928 – TARSILA DO AMARAL 3.1 METÁFORA Toda obra de arte é uma forma sensível, construída por formas simbólicas do sentimento humano, a linguagem da arte propõe um diálogo de sensibilidades entre nós espectadores as formas da imaginação e as formas de sentimento que a obra nos propõe. Neste diálogo, os signos artísticos aparecem como metáforas aos nossos sentidos, auxiliando na leitura da imagem da obra conforme Martins (1998, p. 43), “[...] o termo metáfora significa transposição, translação. Consiste no uso de alguma coisa no lugar de outra, por causa de certo contato entre as duas, permitindo estabelecer uma comparação”. 42 UNIDADE 1 | ESTUDO DOS SISTEMAS DE SIGNOS FONTE: Disponível em: <http://www.angolaxyami.com>. Acesso em: 14 mar. 2011. FIGURA 28 – MONALISA DE FERNANDO BOTERO Um pouco sobre TARSILA DO AMARAL INFÂNCIA E APRENDIZADO Tarsila do Amaral nasceu em 1 de setembro de 1886, no Município de Capivari, interior do Estado de São Paulo. Filha do fazendeiro José Estanislau do Amaral e de Lydia Dias de Aguiar do Amaral, passou a infância nas fazendas de seu pai. Estudou em São Paulo, no Colégio Sion e depois em Barcelona, na Espanha, onde fez seu primeiro quadro, 'Sagrado Coração de Jesus', 1904. Quando voltou, casou-se com André Teixeira Pinto, com quem teve a única filha, Dulce. Separaram-se alguns anos depois e então iniciou seus estudos em arte. Começou com escultura, com Zadig, passando a ter aulas de desenho e pintura no ateliê de Pedro Alexandrino em 1918, onde conheceu Anita Malfatti. Em 1920, foi estudar em Paris, na Académie Julien e com Émile Renard. Ficou lá até junho de 1922 e soube da Semana de Arte Moderna (que aconteceu em fevereiro) através das cartas da amiga Anita Malfatti. Quando voltou ao Brasil, Anita a introduziu no grupo modernista e Tarsila
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