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Cardiopatias congênitas cianogênicas – Dr. Romulo ❖ CIANOSE: Presença de coloração azulada da pele e mucosas, principalmente nas extremidades Em cianoses crônicas há algumas alterações como: Dedos em baqueta de tambor e unha vidro de relógio. ❖ LABORATORIALMENTE: A saturação normal é de 95% A hemoglobina total normal de 15g% A hemoglobina reduzida normal de 2,25g% É considerado insaturação periférica quando < 91%, nesse momento começa a aparecer os sinais de cianose. É necessário ao menos 5g% de hemoglobina reduzida para dar uma saturação de oxigênio de 75%, o que é bem baixa, o que classifica cianose crônica. ❖ CARDIOPATIAS CONGÊNITAS CIANOGÊNICAS: São mais complexas, quando relacionada com as acionogênicas Geralmente são classificadas em: Fluxo pulmonar aumentado: semelhante com o que vimos nas cardiopatias acianogênicas Fluxo pulmonar normal ou reduzido (mais comuns): › Ventrículo direito dominante, fica mais delgado/ fino, e pode ou não ser acompanhado de hipertensão pulmonar › Ventrículo esquerdo dominante, fica mais hipertrófico. Fluxo arterial pulmonar normal/reduzido com ventrículo direito dominante sem hipertensão pulmonar. Presença da tetralogia de Fallot – Parece uma bota de criança Fluxo arterial pulmonar aumentado Presença de transposição das grandes artérias Trama vascular e tronco pulmonar aumentado o que é clássico de hipertensão pulmonar O diagnóstico é feito através da formula Qp/Qs ❖ TETRALOGIA DE FALLOT (Importante): ***Muito importante e bastante incidente, e possui quatro componentes: 1 Comunicação interventricular (CIV): › Componente mais importante 2 Estenose infundíbulo-valvar pulmonar: › A válvula pulmonar tem um comprometimento ou o infundíbulo (parte muscular). › O sangue tem dificuldade para passar devido a essa estenose › CIV grande › O infundíbulo está relacionado ao músculo na via de saída do ventrículo direito. Essa via de saída fica hipertrofiada, e assim o sangue terá dificuldade de entrar na árvore pulmonar. › Na grande maioria das vezes também existirá um comprometimento da válvula pulmonar. E se tiver comprometimento valvar, é preciso intervir. 3 Dextroposição aórtica: › Quando a aorta está mais à direita do plano esternal. 4 Hipertrofia de VD: › Vai ocorrer devido à estenose infundíbulo-valvar pulmonar. O ventrículo direito fará mais força para que o sangue consiga transpor a estenose, e assim acaba hipertrofiando. ❖ DIAGNÓSTICO: Radiografia de tórax: › Imagem em bota: aumento do ventrículo direito, típico da tetralogia de Fallot › Não há hipertensão Eletrocardiograma: › Presença de sobrecarga ventricular direita › E bloqueio de ramo direito Ecocardiograma: › É o exame de escolha para o diagnóstico da patologia › É verificado o tamanho da CIV, sua localização e qual seu grau de fluxo; caracteriza as características da válvula, como a competência dos seus folhetos, seu tipo (bicúspide, tricúspide). Crianças com doença cianogênica, geralmente têm válvula bicúspide › Analisa também a estenose do infundíbulo (para analisar se há ou não estenose, devemos observar o gradiente de pressão, e quando o gradiente foi acima de 40/50 mmHg consideramos como estenose. Angiografia: › Feito quando não conseguimos fazer o diagnóstico através do ECO › Boa anatomia: Uma árvore pulmonar apresenta uma boa anatomia quando mesmo com uma estenose do infundíbulo-valvar importante, há uma passagem de sangue satisfatória para o tronco pulmonar, e assim os pulmões conseguem se desenvolver. Essa característica permite o tratamento definitivo da criança. › Má anatomia: Quando a criança tem uma estenose do infundíbulo-valvar muito importante, o que dificulta a passagem de sangue, e assim o tronco pulmonar, as artérias pulmonares e os pulmões não se desenvolvem de forma adequada. Então nesse caso se faz intervenção paliativa e depois correção definitiva. ❖ TRATAMENTO – PALIATIVO: › Farmacológico: — Crises: ▪ Morfina: Faz venodilatação periférica, o que diminui a pré-carga e consequentemente diminuirá o shunt sistêmico pulmonar e menos cianose, o que evita crise de hipóxia graves. ▪ Bicarbonato de sódio: Corrige a cianose já que a criança está em acidose metabólica. ▪ Posição genupeitoral – cócoras: Também diminui a pré-carga o que diminui o retorno venoso e ajuda a oxigenar o sangue, diminuindo a cianose. — Prevenção de crises: ▪ Combate à infecção e anemia: Pois essas condições proporcionam crise de hipoxemia ▪ Propranolol: Relaxa a musculatura facilitando a entrada de sangue para a árvore pulmonar ▪ Prostaglandina E: Vasodilatador arterial que atua principalmente no canal arterial, que liga o arco aórtico ao tronco pulmonar. Esse canal passa a frente da estenose, e se ele estiver aberto, passa mais sangue para o pulmão. › Shunts sistêmico-pulmonares — Blalock-Taussig clássico — ***Blalock-Taussig modificado: Faz a anastomose da artéria subclávia no tronco da pulmonar através de um tubo sintético. Esse procedimento é feito em crianças com má anatomia para que elas se desenvolvem por um tempo (normalmente entre 6 meses) e após esse tempo, é feito um ecocardiograma para verificar se ela está pronta para a correção definitiva. — Shunts centrais — Outros › Dilatação de valva pulmonar ❖ DEFINITIVO: › Correção cirúrgica – tem que saber: — Feita diretamente em boa anatomia e anatomia habitual. — O músculo estenosado é ressecado, promovendo abertura da via de saída. — É feito o fechamento da CIV com pericárdio, abre a válvula pulmonar (via de saída) e tratamos essa estenose infundíbulo-pulmonar. — Esse procedimento cirúrgico só é feito em crianças grandes, se não, primeiro fazemos o Blalock Taussig (crianças com 20-30 dias) ❖ TRANSPOSIÇÃO DAS GRANDES ARTÉRIAS: Existe 3 componentes: Concordância atrioventricular: O Átrio direito drena para o ventrículo direito, e átrio esquerdo drena para o ventrículo esquerdo. Discordância ventrículo-arterial: O ventrículo direito normal deveria drenar para o tronco pulmonar, mas nesse caso ele drena para a aorta. E o ventrículo esquerdo que deveria drenar para a aorta, vai drenar para o tronco pulmonar. Circulações em paralelo: Essa discordância faz com que a circulação fique em paralelo, o que é incompatível para a vida, pois o sangue oxigenado vai ficar na pequena circulação, enquanto o sangue não oxigenado vai para a grande circulação. › Como a criança sobrevive? Existem comunicações que fazem uma mistura do sangue, então a criança consegue sobreviver até que seja feito tratamento. Essas comunicações são: — Forame oval permeável: Passagem de sangue da cavidade de maior pressão para a de menor pressão, e assim ocorre uma mistura. Vai do átrio esquerdo para átrio direito. — Persistência do canal arterial: Também permite a mistura sanguínea ❖ DIAGNÓSTICO: Radiografia: Cardiomegalia Eletrocardiograma Ecocardiograma: É o que faz o diagnóstico. Presença de cardiomegalia, principalmente do ventrículo esquerdo. Angiografia: É feito quando há dúvida no ECO. A criança pode ter alguma anomalia coronariana. ❖ TRATAMENTO - PALIATIVO: › Prostaglandina E: Mantém o canal arterial aberto/pérvio, e assim consegue manter a mistura sanguínea até que a criança seja operada. Muito importante esse medicamento até a correção cirúrgica. › Atriosseptostomia por: — Balão (Rashkind) – melhora a mistura de sangue atrial – via hemodinâmica ou Lámina (Park) › Atriosseptectomia cirúrgica (Blalock-Hanlon) – não faz mais › Bandagem Pulmonar › Blalock-Taussing ❖ TRATAMENTO – DEFINITIVO: › Correção Atrial - Fisiológica — Cirurgia de Senning ou cirurgia de Mustard: Se o sangue chegar no átrio direito e vai para o ventrículo direito e volta para a aorta, vamos desviar esse sangue a nível atrial. Então veia cava superior AE VE e volta para a artéria pulmonar, e o sangue que chega no AE através das pulmonares vai drenar para átrio direito ventrículo direito e depois para a aorta. Mas no futuro foi observado que as crianças desenvolviam insuficiência cardíaca direita, pois o VD é mais delgado, seu musculo não é igual à do ventrículo esquerdo, e a aorta tem pressão sistêmica, então sua resistênciaperiférica é muito grande, o que leva a insuficiência e possivelmente precisará de um transplante cardíaco. › Correção Anatômica — Cirurgia de Jatene (PADRÃO OURO): Correção a nível arterial, onde se inverteu a aorta com a pulmonar. Tirou a aorta do ventrículo direito e colocou na via saída do ventrículo esquerdo, e tirou a artéria pulmonar do ventrículo esquerdo e colocou na via de saída do ventrículo direito. O problema era que junto ele tinha que levar as coronárias, reimplante das coronárias para irrigar o musculo cardíaco. ▪ Correção das grandes artérias. ▪ Reimplantação das artérias coronárias. ▪ Se tiver CIA tem que ser feita a correção CIA – fecha a CIA ▪ E se tiver conducto arterioso, dever ser feito a correção do conducto arterioso ATRESIA TRICUSPÍDEA: A criança vai apresentar: Valva tricúspides atrésica (nasce sem ela) Ventrículo direito hipoplásico Comunicação interventricular Comunicação interatrial. Estenose Pulmonar › Criança nasce sem valva tricúspide (tricúspide atrésica) e por isso precisa de uma comunicação interatrial para que o sangue passe do átrio direito para o esquerdo, e uma comunicação interventricular para que o sangue vá para o ventrículo direito. › Ventrículo direito hipoplásico: VD não funcionante, cavidade sem função. › A criança também pode ter estenose da válvula pulmonar, semelhantemente a tetralogia de Fallot, então realmente há muita dificuldade de chegada de sangue na árvore pulmonar. ❖ DIAGNÓSTICO: Radiografia › Não tem trama pulmonar, pulmões pouco desenvolvidos. Eletrocardiograma › Sobrecarga atrial direita › Sobrecarga ventricular esquerda Ecocardiograma › Diagnóstico anatômico e direciona os passos do tratamento Cateterismo › Dúvidas diagnósticas no ecocardiograma. ❖ TRATAMENTO: 1º faz a cirurgia de Blalock-Taussig 2º Depois com 6 meses de vida, mais ou menos, faz a Glenn Bidirecional 3º Fontan PALIATIVO: › Prostaglandina E › Atrioseptostomia por balão › Blalock-Taussig: Anastomose entre subclávia direita e ramo pulmonar direito, e depois de 6 e 7 meses quando houver desenvolvimento da arvore pulmonar, realiza a corretiva funcional, primeiro a Glenn Bidirecional e depois a Fontan CORRETIVO FUNCIONAL: › Parcial — Glenn Bidirecional: Tira o shunt, e faz um ventriculo único (esquerdo), onde a veia cava superior vai ser anastomosada no tronco pulmonar, e assim todo o sangue drenado da cabeça e membros superiores irá diretamente para o pulmão, e não fará todo o circuito. › Total — Fontan – Extracardíaco: É feito a anastomose da veia cava inferior no ramo direito pulmonar TRUNCUS ARTERIOSUS: Tronco arterial originando as artérias coronárias, aorta e artérias pulmonares – tronco único Válvula semilunar única localizada acima da comunicação interventricular Comunicação interventricular grande. Hipertensão pulmonar importante, aumento da trama vascular e do tronco da pulmonar São crianças muito graves, se não intervir até os 3 meses (time cirúrgico) a criança pode ir a óbito. ❖ DIAGNÓSTICO: Radiografia de tórax e angiografia ❖ TRATAMENTO: Apenas 15% das crianças atingem 1 ano Tratamento clínico: Medidas para ICC É construído uma nova árvore pulmonar, um novo tronco pulmonar e une os ramos pulmonares a esse tronco, existem várias técnicas para isso, e a mais comum é a de Rastelli. Cirurgia por técnica de Rastelli: Quando reconstrói a válvula semilunar e o tronco pulmonar com material sintético › Tubo valvado do ventrículo direito para artéria pulmonar › Fechamento da CIV › Corrigir insuficiência da válvula semilunar única, se houver. DRENAGEM ANÔMALA TOTAL DE VEIAS PULMONARES: Nesse caso, as veias pulmonares drenam para o átrio direito. Essas crianças vão ter um tronco pulmonar comum que vão drenar para o lado direito. Essa patologia pode ser: Infra cardíaca: Fora do eixo cardíaco: Esse tronco vai para o átrio direito; ou Supra cardíaca: O tronco vai para a veia cava superior Devido a isso vai ocorrer, o sangue que vem arterializado dos pulmões vai para o átrio direito e volta para os pulmões, não havendo a oxigenação. O que vai manter oxigenação será as comunicações atriais, que mistura esse sangue, e permite que essa criança viva até a correção São crianças extremamente graves, e evoluem com hipertensão pulmonar venosa sistêmica importante. Geralmente operamos em até 3 meses de vida. ❖ DIAGNÓSTICO: Radiografia de tórax: Pulmões com padrão de vidro esmerilado Angiograma ❖ TRATAMENTO: Sem cirurgia: › 50% de óbito até 3 meses › 80% de óbito até 1 ano Com cirurgia: › Todos com diagnóstico › Desvia aquele canal comum para o átrio esquerdo novamente. › E é feita a correção da drenagem e da CIA. LEMBRAR: Cardiopatias cianóticas são mais graves, principalmente se não houver intervenção precoce (3 meses de vida). Saber diferenciar as patologias acianóticas das cianóticas Características clínicas das patologias Tetralogia de Fallot é a mais incidente e saber as 4 características dela – componente/ saber as indicações de cirurgia paliativa e definitiva. Tratamento: Em pulmão pouco desenvolvido e uma má anatomia, fará sempre a cirurgia paliativa de Blalock, e nos casos habituais e normais pode fazer a cirurgia convencional Lembrar da cirurgia de Jatene REF Cecil Braunwald
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