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1 A Gestão do Conhecimento em Sistemas de Educação à Distância: O caso USF Americo do Nascimento Penna Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia Baiano (IFBAIANO) Caixa Postal 48.110-000 – Catu – BA – Brasil americopenna@gmail.com Abstract: Today, organizations are increasingly pressured to respond quickly to events increasingly complex, therefore it is necessary that organizations and individuals acquire and share knowledge more efficiently. In this perspective, we present the USF System and discuss the contribution that the adaptable learning management systems can make to enhance organizational knowledge. Resumo: Na atualidade, as organizações são pressionadas a responderem cada vez mais rápido a eventos cada vez complexos, portanto torna-se necessário que as organizações e pessoas adquiram e compartilhem o conhecimento de modo mais eficiente. Nesta perspectiva, apresentamos o Sistema USF e discutimos o valor da Gestão do Conhecimento para o aprendizado e a contribuição que os sistemas de educação à distância adaptáveis podem dar no sentido de aprimorar o saber organizacional. 1. Introdução Cada vez mais o conhecimento é um recurso essencial na busca da eficiência organizacional e inovação, por esta razão a Gestão do Conhecimento ganha cada vez mais importância. Estima-se que em 2012 as vendas relacionadas à Gestão do Conhecimento irão passar os 152 bilhões de dólares (GIA, 2008). Atualmente, o conhecimento é evidenciado como recurso econômico por intermédio da aplicação da tecnologia cada vez mais avançada, mediante a atualização de conhecimentos e domínio de técnicas modernas (MIYASHIRO et al. apud ARBULO et al., 2010, p. 8). É importante destacar este momento histórico em que as sociedades passam das estruturas legadas da “velha indústria” para as sociedades caracterizadas como pós- industriais (DE MASI, 2001) ou do conhecimento (BELL, 1974). Entretanto, logo se percebeu que deter quantidades inimagináveis de conhecimento armazenado em repositórios (digitais ou analógicos) não se traduzia necessariamente em melhores decisões, ou sequer em poder. A fim de se ter poder hoje precisa-se ter conhecimento sobre o conhecimento (TOFLER apud. ROCHA, 2007, p. 10). Nascendo, portanto, a necessidade de gerir tal conhecimento. Neste sentido, o Projeto Universidade Sem Fronteiras (USF) visa o desenvolvimento de um LMS flexível, de baixo custo, de código aberto e que ofereça aos estudantes do IFBAIANO, assim como a comunidade em geral, um caminho de ensino que disponibilize múltiplas possibilidades de aprendizado. Para alcançar este objetivo o presente trabalho propõe a adoção de técnicas oriundas dos sistemas 2 especialistas e da Gestão do Conhecimento para tornar os sistemas LMS mais pró- ativos, flexíveis e voltados para as necessidades dos usuários. 2. Objetivos 2.1. Objetivo Geral Este trabalho visa o desenvolvimento de um LMS flexível que ofereça aos estudantes do IFBAIANO e à comunidade em geral um caminho de ensino que ofereça múltiplas possibilidades de aprendizado. 2.2. Objetivos Específicos Desenvolver um LMS flexível e apresentar os benefícios educacionais trazidos aos seus usuários, tanto de forma quantitativa, como qualitativa. Adoção de técnicas oriundas dos sistemas especialistas e da Gestão do Conhecimento para tornar os sistemas LMS mais pró-ativos, flexíveis e voltados para as necessidades dos usuários. Este trabalho busca investigar as possíveis aplicações de LMS flexíveis no âmbito da Gestão do Conhecimento e do Aprendizado Organizacional, visando ampliar os horizontes educacionais das pessoas dentro das organizações. Prover à comunidade local meios de educação de baixo custo e fácil aprendizado. 3. A contribuição da Gestão do Conhecimento para a Educação a distância. Os recursos que a educação tradicional dispõe para o aprendizado há algum tempo não são mais suficientes para garantir a disponibilização adequada de informações e conhecimento dentro das organizações. É, portanto, necessário um grande esforço de coordenação social e tecnológico para atingir tal finalidade. A educação por meios virtuais quebra a estrutura tradicional de ensino, disponibilizando às pessoas vias não- lineares de aprendizado, onde a colaboração entre usuários e adaptação às necessidades destes são elementos fundamentais. Tecnologias mais voltadas para a Gestão do Conhecimento podem ser aplicadas em plataformas de ensino a distância (Learning Management Systems - LMS), motivando os membros da organização a colaborarem de forma ativa (Aroyo et al, 2003). 3 Fig 1: Fluxo do Saber na Organização (Adaptado de Calic et al. 2004) A primeira geração de sistemas dedicados à educação a distância, foi marcada pela disponibilização de conteúdos de forma muito rígida (ROSSI, 2009). Com o advento da Web 2.0, os LMS passaram a adotar ferramentas de interação social tais como e-mails, chat, fóruns e outros dispositivos com a finalidade de ampliar o compartilhamento de conhecimento. Tornou-se necessário com o tempo o desenvolvimento de plataformas que pudessem também abrigar conteúdos informais. A aprendizagem implica um permanente processo de reformulação dos modelos mentais e mapas cognitivos. Neste sentido, as organizações devem prover condições favoráveis (recursos financeiros e principalmente tempo) para que as pessoas encontrem seus próprios métodos de aprendizagem (SEQUEIRA, 2008). Entretanto, tais técnicas apoiadas sobre paradigmas sócio-construtivistas não são capazes de resolver plenamente todas as questões pedagógicas envolvendo a educação à distância. Neste sentido, as ferramentas de direcionadas à Gestão do Conhecimento podem realizar uma análise semântica dos conteúdos em níveis mais eficazes e organizar o conhecimento disponível na base de dados. Segundo Rossi (2009), os sistemas LMS podem ser descritos como uma sobreposição de três tipos de redes: Redes de Dispositivos: São os dispositivos de software, hardware e redes que irão interligar os usuários do LMS. Redes de Conteúdos: É a rede formada por todos os artefatos do conhecimento presente no LMS, assim como suas interconexões semânticas. Redes de Relacionamento: São as conexões sociais e cognitivas estabelecidas durante o processo de aprendizagem. Há alguns princípios relativos aos Sistemas de Gestão do Conhecimento (Knowledge Management Systems - KMS) que podem ser aplicados nos LMS, tais como os apontados por Villaverde (2006): a) Criar e compartilhar boas práticas b) Criação de Memória Organizacional 4 c) Criação de redes de conhecimento Em alguns casos, sistemas LMS podem incluir recursos presentes em KMS como proteção de informações sensíveis a partir de mecanismos de senha, criptografia, restrições à distribuição, circulação e impressão de arquivos (TERRA, 2007). Por fim, a engenharia do conhecimento permite focar as oportunidades e gargalos a respeito de como as organizações desenvolvem, distribuem e aplicam seus recursos de conhecimento, de modo a fornecer as ferramentas para a gestão do conhecimento corporativo (SCHREIBER et al., 2002). 4. Teoria da Transferência do Conhecimento São vários os estudos que apontam que o uso correto do conhecimento presente nas organizações traz diversos benefícios como aumento de lucros, redução de riscos e melhorias na inovação. Segundo Vizecky (2011), o auxílio na solução de problemas é o principal objetivo da Transferência do Conhecimento. Há autores que defendem que pessoas e organizações devem possuir certas capacidades para concretizar uma transferência de conhecimento bem sucedida, tais como: a) Habilidade de criar conhecimento b) Habilidade de disseminar o conhecimento c) Habilidade de absorver o conhecimento d) Habilidade de adaptar o conhecimento A atividade de transferência de conhecimento visa garantirque o conhecimento individual de cada especialista seja transferido para os demais, garantindo a sinergia entre todos (SVEIBY, 1998). A transferência do conhecimento sucede de forma natural no quotidiano das organizações sendo importante que a gestão do conhecimento possa intervir dando-lhe alguma formalidade, mas não o asfixiando (SEQUEIRA, 2008). Para que ocorra a transferência do conhecimento é necessário que os sistemas LMS sejam amigáveis aos seus utilizadores e para aqueles que irão compartilhar seu conhecimento. Neste sentido, Uma infra-estrutura de gestão do conhecimento pode ajudar a armazenar informação para sua posterior distribuição (SEQUEIRA, 2008). Embora os processos de transferência do conhecimento certamente trazem benefícios aos indivíduos e organizações, há alguns fatores que dificultam esta transferência. Davenport e Prusak (2003) ilustram alguns deles no quadro abaixo: 5 Fig 2. Fatores Culturais Inibidores da Transferência do Conhecimento (in. Sequeira, 2008. Adaptado de Davenport e Prusak, 2003) 5. Representação helicoidal para projetos envolvendo produção e conservação de conhecimento Observando alguns modelos conceituais relativos à Gestão do Conhecimento, especialmente o proposto por Nonaka e Takeuchi (1995), vemos que é importante inserir também o fator tempo, e assim chegamos a esta representação de um projeto ideal utilizando uma hélice cônica, no gráfico exposto abaixo: 6 Fig 3: Hélice do Conhecimento No gráfico acima vemos que o conhecimento é diretamente proporcional à adaptação e a complexidade do sistema de GC é diretamente proporcional ao esforço aplicado em sua construção. 6. Aprendizado adaptável por meio de agentes Segundo Skyrme(1998), o volume de informação está se tornando um problema para alguns profissionais. Para resolver este impasse, agentes inteligentes estão sendo “treinados” para vasculhar a rede (base de conhecimento), selecionando e buscando novas informações. Adicionalmente, eles podem ser usados como filtros de informações relevantes. A primeira geração de sistemas inteligentes aplicados a educação vem da década de oitenta e noventa do século passado, o objetivo era geralmente organizar um processo eficaz para muitos estudantes, limitando o papel do professor a um mero executor no processo de entrega de materiais fixos (ROSSI, 2009). Todavia, o foco atualmente não é substituir o professor, mas sim, auxiliá-lo nos momentos críticos da aprendizagem. Um LMS flexível pode acompanhar um usuário durante todo o seu percurso dentro do sistema, podendo analisar suas preferências, acertos e erros, para então sugerir alternativas e novos conteúdos. E não somente isto, é possível personalizar a experiência disponibilizando diferentes materiais de estudo para diferentes usuários sem alterar as regras de negócio do sistema principal. Neste sentido, Aroyo et al.(2003) ressalta a importância da disponibilização de conhecimento por vias personalizadas, com respeito às preferências dos usuários, tanto na parte de conteúdo, como também de apresentação. A ação de agentes inteligentes em LMS modernos deve prover conhecimento aos seus usuários de maneira pró-ativa e não somente reativa, como nos LMS tradicionais, 7 levando em consideração suas preferências e necessidades. De acordo com Bontchev e Vassileva (2009), para se alcançar este objetivo, são necessárias várias técnicas como adaptações de navegação, estruturais, de apresentação e histórica. Wooldridge e Jeennings (1995) destacam que os agentes baseados em software possuem características como: Autonomia: Os agentes operam sem alguma forma de intervenção direta humana e tem alguma forma de controle sob suas ações e seu estado interno. Habilidade social: agentes podem interagir com seres humanos utilizando alguma forma de linguagem. Reatividade: agentes podem perceber seu ambiente e responder a mudanças que possam ocorrer. Pró-atividade: os agentes não simplesmente respondem às mudanças ambientais; eles são capazes adotar comportamentos visando cumprir objetivos, e assim tomar a iniciativa. Por fim, destacamos que a Inteligência Artificial que não visam substituir o professor, mas apoiar-lo na fase de concepção, no monitoramento e no redesenho de caminhos que conduzem a uma aprendizagem plena e construção ativa do conhecimento (ROSSI, 2009). 7. Estudo de Caso: O Sistema de Educação à Distância USF (Universidade Sem- Fronteiras) 7.1. Apresentação do Sistema (Relato da Experiência) O sistema USF (Universidade Sem-Fronteiras) é uma iniciativa da Virtus Jr (Empresa Júnior dos Estudantes de Análise e Desenvolvimento de Sistemas do IFBaiano – Campus Catu) que visa desenvolver um protótipo de um ambiente virtual de aprendizagem com foco nas necessidades do IFBAIANO. Tendo em vista a distância geográfica entre os diversos campi que compõem o IFBAIANO, chegou-se à conclusão de que deveria haver um sistema de educação à distância que tornasse possível o armazenamento, disseminação e compartilhamento do conhecimento produzido. Embora existam diversas ferramentas AVA (Ambientes Virtuais de Aprendizagem) disponíveis para download, a grande maioria obrigava os usuários a se ajustarem ao sistema. Entretanto, a pesquisa demonstrou que era justamente o caminho o oposto que deveria ser adotado, isto é, o sistema deveria se adaptar ao usuário. Isto fez com que repensássemos qual caminho deveríamos seguir durante o desenvolvimento. A solução foi adotar um modelo de implementação baseado em plugins, para que o usuário pudesse ter algum poder sobre a estrutura que o sistema iria adotar. Também chegamos à conclusão de que é necessário que o Sistema USF seja dotado de um plugin voltado para analisar e sugerir novos conteúdos com base no perfil do usuário durante o uso do sistema. O código-fonte do protótipo do sistema está disponível no site: http://virtusjr.blogspot.com. É necessário ter o TOMCAT instalado e suporte a tecnologia JAVA. 8 Fig 4. Interface do Sistema USF 9 8. Conclusão Atualmente, os sistemas LMS são pouco flexíveis, orientados a reações do usuário e frequentemente provêem um caminho de ensino por uma única via, limitando assim as possibilidades de aprendizado. Visando reverter este quadro, o Sistema USF objetivou desenvolver um protótipo contendo as linhas gerais de um LMS mais flexível e inteligente. Para encontrar um caminho alternativo, este trabalho (assim como alguns outros) propõe a adoção de técnicas oriundas dos sistemas especialistas e da Gestão do Conhecimento para tornar os sistemas LMS mais pró-ativos, flexíveis e voltados para as necessidades dos usuários. Finalmente, é valido ressaltar a importância do uso de sistemas como o USF nas comunidades carentes e com amplas deficiências educacionais. O uso de sistemas de educação à distância, sobretudo aqueles de código-aberto, na educação é uma prática que pode definitivamente melhorar o rendimento no processo de aprendizagem e diminuir as desigualdades tecnológicas entre as diversas regiões. É, portanto, uma iniciativa que precisa de mais incentivo à pesquisa e desenvolvimento de novos e melhores protótipos. Referências AROYO, L.M., Guizzardi-Silva Souza, R. y WAGNER, G. Agent-oriented knowledge management in learning environments: a peer-to-peer helpdesk case study. 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