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Cálculo Jonas Lachini Jonas Lachini CÁLCULO Belo Horizonte Novembro de 2013 COPYRIGHT © 2013 GRUPO ĂNIMA EDUCAÇÃO Todos os direitos reservados ao: Grupo Ănima Educação Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610/98. Nenhuma parte deste livro, sem prévia autorização por escrito da detentora dos direitos, poderá ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravações ou quaisquer outros. Edição Grupo Ănima Educação Coordenação Geral Anderson Ceolin Soares Coordenação Pedagógica Cláudia Silveira da Cunha Coordenação de Produção de Materiais Patrícia Ferreira Alves Designer Instrucional Carla Cristini Justino de Oliveira Carolina Coelis Gomides Débora Cristina Cordeiro Campos Leal Ediane Cardoso de Araujo Fernandes Kênia da Silva Cunha Cajahiba Laura Boaventura de Melo Naiara Xavier dos Santos Diagramação Daniele Bagno Tondato Gleidson Franco Capa e Ilustração Alexandre de Souza Paz Leonardo Antonio Aguiar Revisão Mariana Elizabeth da Silva Oliveira Sandra Rocha Ribeiro Normalização Bibliográfica Patrícia Bárbara de Paula CONHEÇA O AUTOR Jonas Lachini é licenciado em Matemática, com especialização em Metodologia de Ensino e mestrado em Educação. Trabalha como professor há mais de 40 anos, tendo lecionado nos Ensinos Fundamental, Médio, de Graduação e Pós-Graduação. Atualmente, é professor da PUC Minas. Nessa universidade, leciona Cálculo para cursos presenciais de Engenharia. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Você está começando um programa de estudos de Cálculo Diferencial e Integral. É como um circuito que você deverá percorrer para ir incorporando algumas ideias que, embora antigas, estão na base da tecnologia atual. A tarefa de um profissional de qualquer área é transformar ciência em tecnologia, ou seja, transformar conhecimento em algo útil para o desenvolvimento humano e sustentado da sociedade. Cada vez que for cumprir uma etapa deste programa, lembre-se de que está fazendo um grande investimento em você mesmo, de longe seu maior capital! Lembre-se também de que é você que precisará estudar Cálculo; ninguém poderá fazer isso por você. Pense em uma aula de ginástica: você é quem faz a aula; o professor orienta! Esse programa foi estruturado para ajudá- lo a estudar; não é um programa fácil porque não existem caminhos fáceis para se trabalhar com o conhecimento! As páginas do livro, do caderno ou da internet podem servir de lembrete: a palavra página vem de pagus, termo latino utilizado para indicar o pedaço de terra, cercado e cultivado por alguém ou por um grupo de pessoas, com vistas a garantir a própria subsistência. Uma página é o terreno que você precisará cultivar para garantir seu desenvolvimento como profissional capaz de intervir no mundo de maneira inteligente. Estude com particular atenção os exemplos. Use lápis e papel, sublinhe partes do texto que julgar importantes, assim como alguém que está cavando um terreno ou examinando os detalhes de um objeto. Ler é sinônimo de investigar! Que você tenha pleno sucesso! UNIDADE 1 002 Funções e Modelos 003 O que é uma função 004 A função é uma fábrica de pares ordenados 005 Várias maneiras de representar uma função 006 UNIDADE 2 014 Funções lineares 015 Como crescem os adolescentes 016 O gráfico do crescimento de um adolescente 017 Como achar uma fórmula para o crescimento de um adolescente 017 A equação de uma reta 018 Famílias de funções lineares 020 UNIDADE 3 027 Funções quadráticas 028 Construindo quadrados com varetas 029 Viajando com uma laranja 030 A fórmula e o gráfico de uma função quadrática 030 As raízes ou os zeros de uma função quadrática 031 O gráfico da função quadrática 032 UNIDADE 4 038 Funções potências e funções polinomiais 039 Funções potências 040 Funções polinomiais 047 5 6 7 8 UNIDADE 5 058 Funções racionais 059 Funções racionais 060 Novas funções obtidas a partir de outras funções 064 Noções sobre derivadas 067 UNIDADE 6 069 Taxa de variação constante 070 Crescimento e decrescimento de funções 071 Taxa de variação constante 072 UNIDADE 7 078 Derivada em um ponto 079 Taxa de variação variável 080 Taxa de variação média 081 Derivada em um ponto ou taxa de variação instantânea 085 Exercícios 090 UNIDADE 8 094 Cálculo da Derivada 095 Velocidade média e velocidade instantânea 096 Taxa de variação média e taxa de variação instantânea 097 A função derivada 101 Duas derivada 103 REFERÊNCIAS 106 unidade 1 007 CÁLCULO FUNÇÕES E MODELOS A Matemática estuda os aspectos quantitativos dos fenômenos. Um jeito de fazer isso é por meio das funções; elas servem para ler e descrever situações e acontecimentos. Durante todo o estudo de Cálculo, você estará lidando com funções. Vale a pena saber trabalhar com elas! As funções comparecem em praticamente todos os ramos da Matemática. Podemos mesmo dizer que o Cálculo Diferencial e Integral, uma das obras mais brilhantes da humanidade, está todo voltado para o estudo de funções. Durante este curso de Cálculo, lidaremos o tempo todo com funções: as maneiras de representar uma função, o limite e a continuidade de uma função, a derivada e a antiderivada de uma função. Talvez você esteja acostumado a pensar que função é uma fórmula e não veja nenhuma importância em saber ler tabelas ou gráficos e nem qual o domínio e a imagem de uma função. É comum que gostemos mais de manipular expressões, de fazer contas e resolver, de maneira mecânica, as questões que encontramos ou que nos são postas. Com a chegada das calculadoras e dos computadores, a habilidade de fazer muitos cálculos passou a ter menos importância; atualmente, mais vale conhecer bem os conceitos e saber quando e como aplicá-los. Nessa primeira parte, constituída de cinco capítulos, estudaremos o comportamento das funções algébricas; usaremos, para isso, tabelas, fórmulas, gráficos e textos descritivos, que unidade 1 008 CÁLCULO são as maneiras mais comuns de representar funções. Embora esses capítulos abranjam conteúdos que você certamente já conhece, é bom que os estude de modo a melhorar a percepção a respeito das funções: isso é fundamental para fazer um bom curso de Cálculo. O QUE É UMA FUNÇÃO Na linguagem do dia a dia, dizemos que o preço de uma corrida de táxi está em função da distância percorrida. Nesse caso, a palavra função expressa a ideia de que o conhecimento de um fato ou de um valor (a distância percorrida) nos diz algo a respeito de outro fato ou de outro valor (o preço de uma corrida). Em Matemática, estudamos os aspectos quantitativos de um fenômeno; são aspectos que podem ser medidos e expressos por meio de números. Este é um dos motivos pelos quais as funções mais importantes, em Matemática, são aquelas em que o conhecimento de um número nos fornece informações sobre outro número. Por exemplo, se conhecemos o comprimento do lado de um quadrado, podemos calcular a medida da área desse quadrado; se soubermos a velocidade de um carro, podemos estimar quanto tempo levará para percorrer determinada distância. Muitas funções são utilizadas para descrever fenômenos físicos ou situações que acontecem em diversos campos da ciência. Essas funções são chamadas de modelos matemáticos porque servem para representar com bastante precisão o comportamento das grandezas que interferem numa situação ou fenômeno. Por meio de um exemplo, vamos estudar o que é uma função. Descreveremos também o que é o domínio e o que vem a ser a variação ou a imagem de uma função. Tente estudar com detalhes as situações apresentadas neste texto; essa é uma oportunidade para você aprender a ler tabelas e gráficos, melhorar sua habilidade de descrever situações e, sobretudo, desenvolver sua capacidade de pensar, que aqui é vista como a habilidade de estabelecer relações. Exemplo 1 De 10 a20 de janeiro de 2010, foram registradas em certa cidade as seguintes temperaturas máximas: unidade 1 009 CÁLCULO TABELA 1 Data Temperatura (ºC) 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 23 25 25 26 28 25 22 24 26 28 28 Na Tabela 1, existe uma relação entre as datas e as temperaturas máximas. A cada dia, de 10 a 20 de janeiro, está associada uma única temperatura máxima. Podemos observar que, em um mesmo dia, ocorre apenas uma temperatura máxima. Este é um exemplo de função. Embora não exista fórmula para a temperatura (senão não precisaríamos dos institutos de meteorologia), a temperatura satisfaz a definição de função: cada dia t tem uma única temperatura máxima m associada a ele. Uma grandeza m é uma função de outra grandeza t se, a cada valor de t, estiver associado um único valor de m. Quando isso acontece, dizemos que m é o valor da função ou a variável dependente, e que t é a variável independente ou argumento da função. Usando símbolos matemáticos, escrevemos: m = ƒ(t) , em que ƒ é o nome da função. O domínio de uma função é o conjunto dos possíveis valores da variável independente. Nesse exemplo, o domínio é o conjunto dos dias do período de 10 a 20 de janeiro de 2010. Fonte: Elaborada pelo autor. Em linguagem matemática, escrevemos: D (ƒ) = {10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20} A variação ou a imagem de uma função é o conjunto dos valores efetivamente assumidos pela variável dependente. Nesse exemplo, a imagem é o conjunto dos valores da temperatura máxima registrados no período de 10 a 20 de janeiro de 2010. Em linguagem matemática, escrevemos: Im (ƒ) = {22, 23, 24, 25, 26, 28} A FUNÇÃO É UMA FÁBRICA DE PARES ORDENADOS Podemos considerar uma função como uma máquina que fabrica pares ordenados de números ou de elementos. No exemplo da Tabela 1, quando colocamos nessa máquina t = 10 , obtemos m = ƒ(10) = 23; formamos, assim, o par ordenado (10, 23). Com base nessa ideia, a função é um conjunto de pares ordenados e, nesse exemplo da tabela, temos: F = {(10,23), (11,25), (12,25), (13,26), (14, 28), (15,25), (16,22), (17,24), (18,26), (19,28), (20,28)} A tecla ou x de uma calculadora é um exemplo de função como máquina de fazer unidade 1 010 CÁLCULO pares ordenados: quando pressionamos a tecla ou x e damos o input 16, aparecerá no visor o output 4. Assim, a calculadora forma o par ordenado (16, 4), ou seja, (16, 16 ). De modo geral, a máquina x fabrica pares ordenados (x, x ). Na notação funcional, escrevemos: ƒ(x) = x . Já tivemos oportunidade de observar que este operador ou x só pode ser usado para x ≥ 0. Assim, se digitarmos -9 e, na sequência, acionarmos o operador ou x , a calculadora vai escrever error , indicando que saímos do domínio da função. O processo de formar pares ordenados pode ser representado também por meio de um diagrama de flechas, como na Figura 1. 1 5 7 2 8 16 FIGURA 1 Fonte: Elaborada pelo autor. Nesse diagrama, o conjunto A é o domínio da função: D(ƒ) = {1,5,7} . De cada elemento de A sai uma única flecha; isso significa que um elemento de A está associado a um único elemento de B. Assim, por exemplo, ƒ(5) = 8 . Observe também que nenhum elemento de A é desprovido de flecha. O conjunto B é o contradomínio da função: CD(ƒ) = {2, 8, 16}. A um mesmo elemento de B pode chegar mais de uma flecha; isso significa que um elemento de B pode ser imagem de mais de um elemento de A. O conjunto B pode ter elementos aos quais não chega nenhuma seta, ou seja, pode existir elemento de B que não seja imagem de nenhum elemento de A. O conjunto dos elementos de B aos quais chega pelo menos uma flecha é a imagem da função. No exemplo, temos: Im(ƒ) = {2, 8}. Observe que sempre o conjunto-imagem é um subconjunto de B. De modo geral, o número de elementos ou de pares ordenados de uma função é muito grande, o que torna inviável escrever todos eles; devido a isso, utilizam-se duas outras formas de representação: os gráficos e as fórmulas. As fórmulas usadas para representar funções são também chamadas de equações, leis de associação ou leis de formação. VÁRIAS MANEIRAS DE REPRESENTAR UMA FUNÇÃO As funções podem ser representadas de maneiras diferentes. Assim, a função que fornece as temperaturas máximas em função do tempo, que foi representada por meio da Tabela 1, também pode ser unidade 1 011 CÁLCULO Fonte: Elaborada pelo autor. Nesse gráfico, estão representados os pares ordenados que constituem a função. O gráfico é formado por pontos separados e cada um deles representa um elemento da função: F = {(10, 23), (11,25), (12, 25), (13, 26), (14, 28), (15, 25), (16, 22), (17,24), (18,26), (19,28), (20,28)} O primeiro termo de cada um desses pares é medido sobre o eixo horizontal onde normalmente são colocados os valores do domínio da função; o segundo termo de cada um desses pares é medido sobre o eixo vertical, onde normalmente são colocados os valores do contradomínio da função. Nos exemplos seguintes, vamos representar funções por meio de uma tabela, de um gráfico, de uma fórmula e da descrição verbal. São essas as quatro maneiras mais usuais de se representar uma função. Em geral, existe a maneira mais adequada para se representar uma função, dependendo do uso que se precisa fazer dela. Assim, por exemplo, o padrão dos batimentos cardíacos de uma representada pelo Gráfico 1. GRÁFICO 1 pessoa é mais facilmente observado em um eletrocardiograma, que é o gráfico de uma função, e a distribuição de renda no Brasil fica melhor evidenciada por meio de um gráfico em forma de pizza. Exemplo 2 Quando uma bola é chutada para cima, a altura da bola depende do tempo decorrido desde o momento do chute. a) Esse fato pode ser representado por meio da seguinte tabela de valores. TABELA 2 Fonte: Elaborada pelo autor. Tempo t (em segundos) Altura ƒ (t) (em metros) 0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 0 6,25 10,00 11,25 10,00 6,25 0 Na Tabela 2, estão indicados sete dentre os infinitos pares ordenados que constituem a função: (0, 0), (0,5; 6,25), (1,0; 10,00), (1,5; 11,25), (2,0; 10,00), (2,5; 6,25) e (3,0; 0). Os elementos da primeira linha da tabela são do domínio da função; os elementos da segunda linha são do contradomínio da função. A representação de uma função por meio de uma tabela é muito utilizada para indicar as medidas obtidas em experimentos científicos. b) Podemos, também, usar um gráfico para representar essa função. unidade 1 012 CÁLCULO Fonte: Elaborada pelo autor. GRÁFICO 2 Para construir o Gráfico 2, foram plotados em um sistema de coordenadas cartesianas três dos pares ordenados da tabela: (0, 0), (1,5; 10,25) e (3,0; 0). A seguir, esses pontos foram ligados por meio de uma curva contínua, traçada sem tirar o lápis do papel (ou mantendo o mouse pressionado). Fazer um traço contínuo sugere que, para qualquer instante considerado entre 0 e 3 segundos, existe uma altura correspondente para a bola chutada. O traço contínuo é uma invenção engenhosa da matemática para representar fenômenos que ocorrem, aparentemente, sem dar saltos. c) Para efeito de manipulação algébrica e de análise matemática, essa função pode ser representada pela fórmula. ƒ (t) = - 5t2 + 15t A descrição de uma função por meio de uma fórmula é a mais resumida delas; na fórmula, utilizamos uma linguagem codificada. Quando escrevemos ƒ(t) = 5t2 + 15t, estamos escrevendo uma frase completa por meio de símbolos matemáticos: o primeiro membro da equação, ƒ(t), é o sujeito da frase; o sinal de igualdade, = (é igual a), é o verbo e o segundo membro da equação, - 5t2 + 15t, é o predicativo. Em geral, a fórmula de uma função é conseguida por meio de muitas experimentações feitas com o fenômeno físicoque se pretende descrever ou modelar. d) Além disso, uma função pode ser representada por meio de descrição verbal. O fenômeno apreciado nesse exemplo pode ser descrito verbalmente, como feito a seguir: “Quando uma bola é chutada para o alto, a sua altura em relação ao solo é a função do tempo decorrido desde o momento do chute, ou o instante inicial, até o momento em que toca o solo, ou o instante final. No caso em estudo, a altura da bola no instante t = 0 é zero, no instante t = 1,5 é 11,25 e no instante t = 3 volta a ser zero.” Das quatro representações propostas para o exemplo, as de mais fácil leitura são a tabela e o gráfico. A de mais fácil manipulação computacional é a fórmula. A descrição verbal de uma função nem sempre consegue explicitar todos os detalhes de um fenômeno; existem situações que só conseguimos descrever por meio de gráficos, tabelas ou de fórmulas; isso significa que existem unidade 1 013 CÁLCULO situações que só podem ser descritas por meio da linguagem matemática. Você pode entender melhor esta última afirmativa se pensar que o computador é um artefato matemático! Nos programas para computadores, substituem-se cores, sons e palavras por sequências de números formados pelos algarismos 0 e 1; o computador compara e ordena essas sequências numéricas de acordo com o programado. Se é verdade que um gesto vale mais que mil palavras, também é verdade que uma equação matemática vale por milhares de palavras. Exemplo 3 Considere um tanque com 1200l de capacidade e uma torneira que despeja nele 40l de água por minuto. O volume de água despejada é função do tempo em que a torneira ficar aberta. a) O fenômeno de enchimento do tanque em função do tempo pode ser descrito por meio da tabela a seguir: TABELA 3 Fonte: Elaborada pelo autor. Fonte: Elaborada pelo autor. Tempo t (em minutos) Volume ѵ (em litros) 0 1 2 3 ... 29 30 0 40 80 120 ... 1160 1200 b) Por meio de um gráfico, a função fica assim descrita: c) Por meio de uma fórmula, podemos escrever: ƒ(t) = 40t, 0 ≤ t ≤ 30 As variáveis ѵ e t se relacionam pela igualdade ѵ = 40t, com 0 ≤ t ≤ 30 . Para cada valor atribuído à variável t, corresponde um único valor para a variável ѵ. A relação ѵ=40t é a lei de associação ou a lei de formação da função. d) Uma possível descrição verbal dessa função é a seguinte: O volume de água despejado no tanque é função do tempo decorrido desde o instante em que a torneira foi aberta. A torneira é aberta quando o tanque está vazio e despeja no tanque 40 litros a cada minuto. Como a capacidade do tanque é de 1200 litros, serão necessários 30 minutos para que essa torneira encha completamente o tanque. GRÁFICO 3 unidade 1 014 CÁLCULO EXERCÍCIOS RESOLVIDOS Orientações: A resolução e comentários dos exercícios contêm os diversos conceitos estudados e ajudam na fixação desses conceitos. Servem ainda como sugestões para a resolução dos exercícios propostos ou das questões de atividades. Sempre que tiver dúvida a respeito de qualquer afirmativa aqui feita, procure esclarecimento, revendo os textos estudados ou solicitando orientação. Para o estudo desses exercícios, você deve dispor de lápis e papel. Não se pode fazer esse estudo como se faz a leitura de notícias de jornal; é preciso estar atento aos detalhes e, ao final, compor uma visão bem completa do problema. 1) Um radar eletrônico flagra certo automóvel andando a 108 km/h em uma avenida de Belo Horizonte, às duas horas da manhã. Considerando que o carro se manteve nessa mesma velocidade por 1 minuto: a) construa uma tabela que relacione a distância percorrida por ele em função do tempo no intervalo entre 02:00 e 2:01; b) escreva uma fórmula que expresse a relação entre a distância percorrida (em metros) e o tempo (em segundos) para o carro nesse intervalo de tempo; c) esboce o gráfico da função obtida no item anterior. Solução a) Começamos por expressar a velocidade em metros por segundo Atribuindo valores ao tempo t e à distância D, temos a tabela a seguir: == 1h 108 km 3600 s 108000 m 30 m/s unidade 1 015 CÁLCULO TABELA 4 Tempo (s) Distância (m) 0 10 20 30 40 50 60 0 300 600 900 1200 1600 1800 Fonte: Elaborada pelo autor. Fonte: Elaborada pelo autor. b) Considerando que a cada segundo o carro percorre 30m, temos a seguinte equação que relaciona a distância D com cada instante t do tempo: D (t) = 30t, 0 ≤ t ≤ 60 c) O gráfico da função foi feito no winplot: GRÁFICO 4 2) Certo estacionamento cobra R$7,00 por hora, mas possui uma promoção em que o cliente pode comprar um selo no valor de R$60,00 com o qual passa a pagar apenas R$1,00 por hora. Com base nessas informações: a) escreva uma equação para cada situação de pagamento; b) faça o gráfico das duas funções em um mesmo sistema de coordenadas; c) através do gráfico determine a partir de quantos dias passa a ser vantajoso comprar o selo promocional. unidade 1 016 CÁLCULO Solução a) Sendo f a função para situação normal e t o tempo em horas, temos: ƒ(t) = 7t Sendo g a função, quando se usa o selo, e t o tempo em horas, temos: g(t) = 60 + t b) O Gráfico 5 representa as duas funções. GRÁFICO 5 Fonte: Elaborada pelo autor. c) Com base no gráfico, podemos concluir que, a partir da décima hora de uso do estacionamento, comprar o selo promocional se torna mais vantajoso. 3) Uma caixa aberta em cima tem um volume de 12m3 . O comprimento da base é o dobro da largura. O material da base custa R$10,00 por metro quadrado, ao passo que o material das laterais custa R$8,00 por metro quadrado. Expresse o custo total do material em função da largura da base. Solução Consideremos a caixa representada no diagrama ao lado, na qual a é a medida da largura da base, 2a o comprimento e h a altura. a 2a h unidade 1 017 CÁLCULO Assim, o custo total da caixa, em reais, é dado por: C = (2a • a) 10 + 2a • h • 8 + 2 • 2a • h • 8 → C = 20a2 + 48ah Por outro lado, o volume da caixa, em metros quadrados, é ѵ = 2a • a • h. Fazendo ѵ = 12, obtemos 12 = 2a2h → h = 6 Substituindo este valor de h na equação do custo total, C = 20a2 + 48ah, temos: C = 20a2 + 48ah • → C(a) = 20a2 + a 288 Portanto, a equação C(a) = 20a2 + a 288 expressa o custo C da caixa em função da largura a de sua base. d) O gráfico da função foi feito no winplot: GRÁFICO 6 a2 a2 6 Fonte: Elaborada pelo autor. 2 unidade 2 019 CÁLCULO Neste capítulo, estudaremos as funções lineares. Elas aparecem com bastante frequência no dia a dia, como, por exemplo, no cálculo do custo de uma corrida de táxi, que é proporcional à distância percorrida, e na conta de telefone, cujo valor é proporcional ao tempo utilizado nas ligações. As funções lineares são usadas para descrever situações nas quais o crescimento ou o decrescimento da variável dependente é proporcional ao crescimento da variável independente. Assim, dizemos que uma função é linear se qualquer variação na variável independente provoca uma variação proporcional na variável dependente. FUNÇÕES LINEARES unidade 2 020 CÁLCULO COMO CRESCEM OS ADOLESCENTES Em geral, as meninas crescem de 6 a 8 centímetros por ano entre os 12 e os 16 anos, enquanto os meninos crescem de 8 a 10 centímetros por ano, entre os 13 e os 18 anos. A Tabela 5 mostra a evolução da altura de certo adolescente dos treze aos dezoito anos. TABELA 5 Idade Altura (em centímetros) 13 14 15 16 17 18 131 140 149 158 167 176 Fonte: Elaborada pelo autor. Fonte: Elaborada pelo autor. Como, a cada ano, a altura aumenta 9cm, podemos afirmar que a altura desse adolescente é uma função linear de sua idade, na fase dos 13 aos18 anos. A fração = 9 114 - 13 140 - 131 indica que a altura aumenta 9cm quando a idade aumenta 1 ano. Essa fração é chamada de taxa de variação da altura em relação ao tempo. GRÁFICO 6 Em Matemática, costuma-se representar a taxa de variação de uma função por meio da fração ∆x ∆y , em que o numerador ∆y representa o incremento ou a variação da variável dependente e o denominador ∆x representa o incremento ou a variação da variável independente. O símbolo ∆ é a letra delta do alfabeto grego, correspondente ao D do alfabeto latino, sendo usada para indicar a diferença entre dois valores da variável que o sucede; ∆y (leia-se “delta y”), por exemplo, indica a diferença y1 - y0; pode-se, pois, escrever: ∆y = y1 - y0 ou ∆y = ƒ(x1) - ƒ(x0). Incremento significa uma variação que pode ser para mais ou para menos; existe também o caso em que o incremento da variável dependente é nulo, situação característica de uma função constante. Na função linear, a taxa de variação é sempre a mesma, quaisquer que sejam os pontos ou pares ordenados considerados. No exemplo que estamos estudando, indicando a altura pela letra h e a idade pela letra t, podemos escrever: =149 - 131 15 - 13∆t ∆h == 2 18 1 9 A taxa de variação é sempre a razão entre a variação da variável dependente (numerador) e a variação da variável independente (denominador). Para saber qual é a unidade de medida dessa taxa de variação, basta verificar qual é a unidade unidade 2 021 CÁLCULO de medida de cada uma das variáveis nela envolvidas. Nesse exemplo, temos: = 9 centímetros 9 centímetros por ano 1 ano∆t ∆h = Observe que , nesse caso, significa dividido por; de modo semelhante, quando dizemos 10% (dez por cento) estamos nos referindo à taxa ou à fração 100 10 . O GRÁFICO DO CRESCIMENTO DE UM ADOLESCENTE A relação existente entre a idade e a altura, no exemplo que estamos estudando, é uma função linear que pode ser representada por meio do Gráfico 7. GRÁFICO 7 Fonte: Elaborada pelo autor. Quando o domínio e o contradomínio de uma função ƒ são subconjuntos do conjunto de números reais R, dizemos que ƒ é uma função real de variável real ou, simplesmente, uma função real. Nesse caso, podemos fazer uma representação geométrica da função ƒ num sistema de coordenadas cartesianas: no eixo horizontal, assinalamos os valores da variável independente e por eles traçamos retas paralelas ao eixo vertical; no eixo vertical, assinalamos os valores da variável dependente e por eles traçamos retas paralelas ao eixo horizontal; as interseções dessas retas são os pares ordenados que constituem o gráfico da função. Observe que cada ponto do gráfico da função ƒ é um par ordenado de números reais. Podemos considerar o gráfico de uma função como sendo a trajetória de um ponto no plano cartesiano. No exemplo que estamos estudando, a variável independente t se desloca ao longo do eixo horizontal da esquerda para a direita, fazendo com que a variável dependente h se mova para cima no eixo vertical. Esse duplo movimento faz com que o par ordenado (t, h) descreva a linha que é o gráfico da função h = 131 + 9t. COMO ACHAR UMA FÓRMULA PARA O CRESCIMENTO DE UM ADOLESCENTE Podemos estabelecer uma fórmula que nos dá a altura h, em centímetros, como função da idade t, em anos, contados a partir de 13 (a idade de 13 anos correspondendo ao unidade 2 022 CÁLCULO zero, ou seja, 13 é o início da contagem da idade): h = 131 + 9t. A altura, que inicialmente é de 131cm, aumenta 9cm a cada ano. O coeficiente 9 nos informa a taxa de crescimento da altura; geometricamente, 9 é a inclinação da reta de equação h = 131 + 9t; fisicamente, é a taxa de variação da altura em relação à idade, ou seja, 9 centímetros por ano. GRÁFICO 8 Fonte: Elaborada pelo autor. A EQUAÇÃO DE UMA RETA Encontrar a equação de uma reta ou a fórmula da função linear é uma questão que aparece com muita frequência em problemas de Cálculo. Vale a pena dominar bem esse assunto. Uma função linear é dada pela fórmula y = mx + b, sendo m e b números reais. Nessa igualdade, y é a variável dependente e x é a variável independente; m é a inclinação da reta ou o coeficiente angular da reta ou a taxa de variação de y em relação à variação de x; b é o coeficiente linear da reta ou o valor de y quando x é zero ou a interseção vertical. Observe que, se m = 0, a equação da reta fica sendo y = b, que é uma reta horizontal. Se a reta não tiver inclinação, sua equação assume a forma x = k, que é uma reta vertical; lembre-se de que x = k não é uma função. Para chegarmos à fórmula ou à equação de uma reta, precisamos determinar o valor de m e o valor de b. Vamos considerar três maneiras de resolver esse problema. Exemplo 1 Determinar a equação da reta que passa pelos pontos A = (-2,7) e B = (1,-4). a) Cálculo de m (o coeficiente angular ou a taxa de variação): =m 7 - (-4) -2-1 == -3 11 3 11 - b) Cálculo de b (interseção vertical ou coeficiente linear): Sabendo que m = - , podemos escrever que a equação da reta é y = - x + b. Como o ponto B = (1,-4) pertence a essa =176 - 131 5 - 0 == ∆t ∆h 5 45 9 unidade 2 023 CÁLCULO reta, temos a igualdade = .1+ b-4 , obtida substituindo, na equação da reta, x por 1 e y por – 4. Dessa igualdade, podemos concluir que b = . c) Equação da reta ou fórmula da função linear: Com os valores de m e de b calculados anteriormente, a equação da reta fica sendo: y= - 3 1 3 11 x . Exemplo 2 Determinar a equação da reta que passa pelos pontos m = (2, 5) e P = (-3, 7). Outra maneira de resolver esse problema é considerar que os pontos m = (2, 5) e P=(-3,7) pertencem à reta y = mx + b e que, portanto, suas coordenadas verificam essa equação. Assim, temos: a) Se m = (2, 5) pertence à reta y = mx + b, então, 5 = m • 2 + b , ou seja, 2m + b = 5 . b) Se P = (-3, 7). pertence à reta y = mx + b, então, 7 = m(-3) + b, ou seja, -3m + b = 7 . c) Os valores de m e de b são a solução do sistema de equações -3m + b = 7 2m + b = 5 , ou seja, m = - 5 2 e b = - 5 29 . d) Equação da reta ou fórmula da função linear: Exemplo 3 Determinar a equação da reta que passa pelos pontos R = (2, 3) e S = (-4, -7). Podemos resolver esse problema utilizando a igualdade y - y1 = m( x - x1) , que é a equação da reta com inclinação m e que passa pelo ponto ( x1 - y1) . Para isso, procedemos do seguinte modo: a) Cálculo do coeficiente angular m: 3 5 6 10 42 73 == + + =m b) Equação da reta que passa pelo ponto R = (2, 3) e tem inclinação m = 3 5 : )2( 3 5 3 = xy ou, na forma explícita, Se ao invés do ponto R = (2, 3), utilizarmos as coordenadas do ponto S = (-4, -7) e m = 3 5 , chegaremos à equação ou , a mesma equação obtida com as coordenadas de R. Tal resultado tem por base a ideia da geometria plana de que por dois pontos passa uma única reta, ou seja, dois pontos sempre são colineares. Com os valores de m e de b calculados anteriormente, a equação da reta fica sendo 5 29 5 2 += xy . unidade 2 024 CÁLCULO FAMÍLIAS DE FUNÇÕES LINEARES As funções lineares podem ser descritas pelas fórmulas y = mx + b, y = mx ou y = b Nessas fórmulas, as constantes m e b são chamadas de parâmetros. Atribuindo a esses parâmetros diversos valores, podemos gerar famílias de funções. A Figura 2 representa o que acontece com uma reta y = mx à medida que fazemos o parâmetro m assumir diferentes valores. Essas retas formam uma família de funções que têm uma característica comum: todas elas passam pelo ponto (0, 0). FIGURA 2 Fonte: Elaborada pelo autor. Fonte: Elaborada pelo autor. O parâmetro m é a taxa de variação da função linear. Se m for positivo, a função será crescente e seu gráfico será uma reta inclinada para a direita (forma umângulo agudo com o semieixo horizontal positivo); se m for negativo, a função será decrescente e seu gráfico será uma reta inclinada para a esquerda. Na Figura 3, está representada outra família de retas, obtida por meio da variação do parâmetro b. São retas paralelas, ou seja, retas que têm a mesma inclinação m = 1 . FIGURA 3 Retas paralelas não verticais representam funções lineares que têm a mesma taxa de variação. A família de retas representadas na Figura 4 é de retas horizontais. Também essa família é obtida por meio da variação do parâmetro b; as retas são paralelas e têm inclinação m = 0 . unidade 2 025 CÁLCULO FIGURA 4 Fonte: Elaborada pelo autor. Fonte: Elaborada pelo autor. Funções que têm taxa de variação m = 0 são funções constantes. Na Figura 5, estão representadas retas verticais. Apesar de constituírem uma família de retas, elas não são funções. FIGURA 5 Agrupar em famílias funções com características comuns é um processo utilizado na modelagem matemática. Modelar um fenômeno, no Cálculo, significa descrever esse fenômeno por meio de uma função matemática. Para modelar um fenômeno ou uma situação, escolhe-se uma família de funções e, depois, por meio de dados experimentais, ajustam-se os parâmetros. unidade 2 026 CÁLCULO EXERCÍCIOS RESOLVIDOS Orientações: A resolução e comentários dos exercícios contêm os diversos conceitos estudados e ajudam na fixação desses conceitos. Servem ainda como sugestões para a resolução dos exercícios propostos ou questões de atividades. Sempre que tiver dúvida a respeito de qualquer afirmativa aqui feita, procure esclarecimento, revendo os textos estudados ou solicitando orientação. Para o estudo desses exercícios, você deve dispor de lápis e papel. Não se pode fazer esse estudo como se faz a leitura de notícias de jornal; é preciso estar atento aos detalhes e, ao final, compor uma visão bem completa do problema. 1) Para animar uma festa de formatura, o conjunto A cobra uma taxa fixa de R$400,00, mais R$90,00 por hora. Pelo mesmo serviço, o conjunto B cobra R$600,00, mais R$60,00 por hora. Com base nessas informações: a) escreva a fórmula do preço a ser pago ao conjunto A e a fórmula do preço a ser pago ao conjunto B em função do tempo de duração da festa; b) esboce o gráfico de cada uma dessas funções; c) observando os gráficos, descreva o significado do ponto em que eles se interceptam. Solução a) Sendo t o tempo em horas e CA o preço em reais a ser pago ao conjunto A, podemos escrever CA(t) = 400 + 90t. De modo semelhante, sendo t o tempo em horas e CB o preço em reais a ser pago ao conjunto B, temos: CB(t) = 600 + 60t. Essas duas funções são lineares e o gráfico de cada uma delas é uma reta e ambas estão definidas para t ≥ 0. unidade 2 027 CÁLCULO b) Um esboço do gráfico de cada uma dessas funções está a seguir: GRÁFICO 9 Fonte: Elaborada pelo autor. c) O ponto de interseção dos gráficos corresponde ao tempo t de duração da festa para o qual o preço a ser pago a cada conjunto é o mesmo, ou seja, CA = CB . Assim, 400 + 90t = 600 + 60t; resolvendo essa equação, temos: t = 6h 40min. Se a festa durar mais de 6h 40min, será mais barato contratar o conjunto B; caso a festa dure menos de 6h 40min, contratar o conjunto A será mais barato. 2) O custo de uma caixa de uvas frescas, numa viticultura, é de R$15,00, mas o preço cai R$0,30 a cada dia. Obtenha o custo de uma caixa que já foi colhida há t dias. Solução O preço da caixa, em função do número de dias passados depois de colhidas as uvas pode ser expresso por meio da Tabela 6: TABELA 6 t (dias) C(t) (reais) 0 1 2 3 ... ? ? 15,00 14,70 14,40 14,10 ... 0,30 0 Fonte: Elaborada pelo autor. Essa é uma função linear porque o preço diminui a uma taxa constante. Podemos determinar a lei de associação dessa função: unidade 2 028 CÁLCULO a) Cálculo do coeficiente angular ou da taxa de variação: b) Equação da reta que passa pelo ponto (0, 15) e tem coeficiente angular m = -0,30: y - 15 = - 0,30 (x - 0) ou, explicitando y, y = - 0,30x + 15 No problema que estamos resolvendo, a variável dependente é o custo C e a variável independente é o tempo t. Assim a função custo é dada pela equação C(t) = - 0,30t + 15 O gráfico dessa função está representado abaixo: GRÁFICO 10 Fonte: Elaborada pelo autor. Por meio da fórmula C(t) = - 0,30t + 15, fica fácil determinar em quantos dias a caixa de uvas perde completamente seu valor. Basta fazer C(t) = 0 , condição que leva à igualdade 0 = - 0,30t + 15. Resolvendo essa equação, obtemos t = 30,0 15 → t = 50. Assim, podemos afirmar que, depois de 50 dias de colhidas as uvas, a caixa dessas frutas perde completamente seu valor. 3) Um carro parte do ponto P no instante t = 0 e viaja a 80km/h. a) Escreva uma função y = d(t) para a distância que o carro percorre em t horas saindo do ponto P. b) Faça o gráfico de y = d(t). c) Qual é o coeficiente angular do gráfico feito em (b) e qual sua relação com o carro? d) Crie uma situação em que o coeficiente linear de y = d(t) valha 30. unidade 2 029 CÁLCULO Solução a) A distância percorrida pelo carro em t horas é uma função linear, dada por y = 80t , onde y é a distância medida em quilômetros e t é o tempo, em horas. b) O gráfico é uma semirreta com origem no ponto (0, 0) e está representado a seguir: GRÁFICO 11 Fonte: Elaborada pelo autor. Fonte: Elaborada pelo autor. c) O coeficiente angular da reta y = 80t é 80 e corresponde à velocidade do carro, que é a taxa de variação da distância em relação ao tempo. d) Podemos considerar a função y = 30t que fornece a distância, y, percorrida por um carro que parte do ponto P no instante t = 0 e anda a uma velocidade de 30km/h 4) Um círculo tem centro na origem e raio 5. Determine a equação da reta tangente a este círculo no ponto (3, 4). Solução A figura abaixo representa a situação considerada no problema. FIGURA 6 unidade 2 030 CÁLCULO Sejam m o coeficiente angular da reta tangente e m1 o coeficiente angular da reta que contém o raio do círculo. Como a reta tangente a um círculo é perpendicular ao raio que termina no ponto de tangência, o coeficiente angular da reta tangente é: m = 1 m1 , onde m1 = = 4 3 4 - 0 3 - 0 . Assim, m = - 4 3 e a equação da reta tangente ao círculo no ponto (4, 3) , é y - 4 = - (x - 3) ou 3x + 4y - 25 = 0 unidade 3 032 CÁLCULO FUNÇÕES QUADRÁTICAS Neste capítulo, estudaremos a função quadrática ou função do segundo grau. Seu gráfico é uma parábola, termo de origem grega que significa jogar longe (para – longe, balein – jogar). Ela aparece na descrição da queda de corpos, no movimento de projéteis, no estudo de ótica (lentes e espelhos) e de outros fenômenos. Você já conhece esta função! É dela que vêm as equações e inequações do segundo grau, que você estuda desde o Ensino Fundamental. É importante que você saiba manipular bem esta função e, sobretudo, conheça bem o seu gráfico e suas propriedades. unidade 3 033 CÁLCULO CONSTRUINDO QUADRADOS COM VARETAS Um artesão constrói quadrados com varetas cujos comprimentos, medidos em centímetros, são números inteiros que variam de um a dez centímetros. A medida da área A de cada quadrado é função do comprimento do seu lado l. Na Tabela 7 estão alguns valores do lado l e os valores correspondentes da medida da área A. TABELA 7 Idade A (em centímetros quadrados) 1 2 3 4 5 ... 9 10 1 4 9 16 25 ... 81 100 Fonte: Elaborada pelo autor. Fonte: Elaborada pelo autor. Observando os valores dessa tabela, podemos concluir que não se trata de uma função linear porque a taxa de variação da medida da área em relação à variação do comprimento do lado não é constante. Podemos verificar, porexemplo, que, quando o comprimento do lado passa de 2 cm para 3 cm, a medida da área do quadrado passa de 4cm2 para 9cm2 , ou seja, ; porém, quando o comprimento do lado vai de 4 cm para 5cm, a medida da área varia de 16cm2 para 25cm2, ou seja, . Esses valores mostram duas variações distintas da função área: uma de cm1 cm5 2 (centímetros quadrados por centímetro) e outra de cm1 cm9 2. A variação da área é proporcional à variação do quadrado do comprimento do lado. Em matemática, escrevemos: A = kl2 (onde k é a constante de proporcionalidade). Como o ponto (3, 9) pertence ao gráfico dessa função, temos: 9 = k • 32 → k = 1 . Assim, a função é dada pela fórmula: A = l2. GRÁFICO 12 No Gráfico 12 da função A = l2 , cujo domínio é D = {1, 2, 3,...,10} e cujo conjunto imagem é Im = {1, 4, 9, 16, ..., 100} . Observe que esse gráfico é constituído de pontos separados porque no domínio da função aparecem apenas números inteiros. Ligando esses pontos por um traço contínuo, obtemos uma curva que é o segmento de uma parábola. unidade 3 034 CÁLCULO VIAJANDO COM UMA LARANJA Uma laranja é jogada verticalmente para o alto, com velocidade de 15 metros por segundo, no instante t = 0 . Sua altura h (em metros) acima do solo, no instante t (em segundos), é dada pela equação h = - 5t2 + 15t . O gráfico dessa função h é uma parábola voltada para baixo. Observe, à esquerda no Gráfico 13, a trajetória da laranja, que só se movimenta na vertical e cai no mesmo ponto do qual partiu. A parábola, à direita na mesma figura, não é o gráfico da trajetória, mas sim da altura h em função do tempo t; em outros termos, a parábola indica a variação da altura em relação à variação do tempo. GRÁFICO 13 Fonte: Elaborada pelo autor. As interseções do gráfico com o eixo horizontal são obtidas fazendo-se h = 0 na fórmula da função, ou seja, 0 = - 5t2 + 15t. Resolvendo essa equação, temos t = 0 ou t = 3 . O movimento da laranja ocorre, pois, entre t = 0 , instante em que a laranja é jogada, e t = 3 , momento em que cai no chão. Na metade de sua viagem, no instante t = 1,5s , a laranja atinge o ponto mais alto: h(1,5) = - 5 • (1,5)2 + 15 • 1,5 = 11,25m. A laranja se encontra a 10 metros do chão nos instantes t = 1s e t = 2s ; a altura é igual a 5 metros para t = 0,38s e também para t = 2,62s . Podemos observar que a taxa de variação da altura h é positiva quando a laranja está subindo e negativa quando a laranja está descendo: (velocidade média com que a laranja sobe); (velocidade média com que a laranja desce). As funções A = l2 e h = - 5t2 + 15t são exemplos de funções quadráticas, também chamadas de funções do segundo grau porque o maior grau da variável independente é dois. A FÓRMULA E O GRÁFICO DE UMA FUNÇÃO QUADRÁTICA De modo geral, a função quadrática tem a forma y = ax + bx2 + c , onde a, b e c são unidade 3 035 CÁLCULO números reais, com a ≠ 0 . O gráfico da função quadrática é sempre uma parábola, côncava para cima ou côncava para baixo. O Gráfico 14 representa a função quadrática y = x2 . O valor da variável dependente y é proporcional ao valor do quadrado da variável independente x. GRÁFICO 14 Fonte: Elaborada pelo autor. Na Tabela 8, estão alguns valores de x e os correspondentes valores de y; na terceira linha, estão valores da variação ∆y para uma variação ∆x = 1. TABELA 8 x y = x2 ∆y -3 -2 -1 0 1 2 3 9 4 1 0 1 4 9 -5 -3 -1 1 3 5 Fonte: Elaborada pelo autor. A taxa de variação x y ∆ ∆ é negativa quando são tomados dois valores de y correspondentes a valores de x à esquerda da origem, fato que indica ser essa função decrescente no intervalo (-∞, 0] ; por outro lado, a taxa de variação x y ∆ ∆ é positiva , o que mostra ser essa função crescente no intervalo [0, ∞). Lembre-se de que ∆x é sempre positivo. AS RAÍZES OU OS ZEROS DE UMA FUNÇÃO QUADRÁTICA Uma raiz ou um zero de uma função y = ƒ(x) é o valor de x para o qual ƒ(x) = 0 . Geometricamente, os zeros de uma função são os valores de x em que o seu gráfico cruza ou toca o eixo x (o eixo x é a reta y = 0). Nem toda função tem gráfico que toca ou cruza o eixo horizontal; portanto, nem toda função tem zeros ou raízes. A função y = x2 + 4, por exemplo, não tem zeros. O gráfico da função y = ax + bx2 + c , com a ≠ 0, é uma parábola, quaisquer que sejam os valores dos coeficientes a, b e c. Quando a> 0 , a parábola se abre para cima e existem três possibilidades para os zeros dessa função e essas são mostradas na Figura 7. unidade 3 036 CÁLCULO FIGURA 7 Fonte: Elaborada pelo autor. Como já sabemos, as raízes da equação quadrática y = ax2 + bx + c = 0 são dadas pela fórmula. As três possibilidades mostradas na Figura 7 correspondem, respectivamente, às condições algébricas: b2 - 4ac > 0 (duas raízes reais distintas) b2 - 4ac = 0 (uma raiz real dupla) b2 - 4ac < 0 (sem raízes reais) O ponto mais baixo do gráfico da função quadrática é o vértice da parábola e suas coordenadas são xv = - 2a b e yv = 4a (onde b2 - 4ac). Observe que yv = ƒ ( - 2a b ) O GRÁFICO DA FUNÇÃO QUADRÁTICA O problema de construir o gráfico de uma função quadrática dada por meio de sua fórmula é bem simples (mesmo sem utilizar uma calculadora), conforme podemos verificar nos dois exemplos a seguir. Exemplo 1 Esboce o gráfico da função ƒ (x) = 3x2 - 2x - 1. a) Determinamos as coordenadas do vértice: b) Determinamos dois pontos da parábola, um à esquerda do vértice e outro à direita do vértice: ƒ (-1) = 3(-1)2 - 2(-1) - 1 = 4 . O ponto (-1, 4) pertence ao gráfico de ƒ ƒ (2) = 3 • 22 - 2 • 2 - 1 = 7. O ponto (2, 7) pertence ao gráfico de ƒ. c) Plotamos os pontos (-1, 4), (2, 7) e ( 3 1 , - 3 4 ), ligando-os por meio de uma curva que tenha a forma de uma parábola. A reta vertical que passa pelo vértice é o eixo de simetria da parábola; ela funciona como um espelho que reflete à direita o traço desenhado a sua esquerda e vice-versa. Veja o unidade 3 037 CÁLCULO Gráfico 15. GRÁFICO 15 Fonte: Elaborada pelo autor. Fonte: Elaborada pelo autor. Fonte: Elaborada pelo autor. Exemplo 2 Uma bola é atirada para cima do topo de um edifício com 96 pés de altura, com velocidade inicial de 16 pés por segundo. Sua altura h (em pés) acima do solo, t segundos após ser atirada, é dada pela função h = 96 + 16t - 16t2 . Esboce o gráfico da altura versus tempo. a) Determinamos as raízes da função: 16t2 - 16t - 96 = 0 → 32 16 ± 80 → t = -2 ou t = 3. b) Determinamos o vértice da parábola: 2 1 2 32 = + =Vt (a abscissa do vértice é a média aritmética das raízes) hv = h(2 1 ) = 96 + 8 - 4 =100 (a ordenada do vértice é h(tv ). c) Plotando-se os três pontos determinados, (-2, 0), (3, 0) e ( 2 1 , 100), e considerando-se que o domínio dessa função é o intervalo [0, 3 ], podemos esboçar o gráfico de h. GRÁFICO 16 Também é bem simples o problema de achar uma possível fórmula para a função quadrática dada por meio de seu gráfico ou de uma tabela de valores. Consideremos dois exemplos. Exemplo 3 Determine uma possível fórmula para a função quadrática do Gráfico 17. GRÁFICO 17 unidade 3 038 CÁLCULO a) No gráfico, aparecem as raízes da função x = - 1 e x = 3 . Então, a função é da forma y =a ( x + 1 ) ( x - 3 ) . Como a parábola é côncava para baixo, a é negativo. b) Não há como calcular o valor de a porque não foram dadas as coordenadas de nenhum ponto fora do eixo x. Assim o problema tem muitas respostas. c) Estimando que o gráfico corte o eixo y no ponto (0, 4), podemos determinar o valor de a, fazendo y(0) = 4 . Então, temos: 4 = a ( 0 + 1) (0 - 3) → a = - 3 4 . d) Assim, a função tem comofórmula y= - 3 4 (x + 1) (x - 3) ou, efetuando o produto, y = - . Neste exemplo, a função quadrática é dada por meio de um gráfico. No exemplo seguinte, examinamos uma função do segundo grau dada por meio de uma tabela. Exemplo 4 Suponha que uma espaçonave, lançada do solo, suba até uma altitude de 192 km, e depois caia no mar, totalizando um voo de 16 minutos. Determine a fórmula da função que dá a altitude y (em quilômetros) em função do tempo, t minutos após a decolagem. a) Com os dados do problema, podemos fazer a seguinte tabela de valores: TABELA 9 t (em minutos) y (em quilômetros) 0 8 16 0 192 0 Fonte: Elaborada pelo autor. b) Com os valores da tabela, podemos escrever y = a(t - 0) (t - 16) e, considerando que o ponto (8, 192) pertence à curva, 192 = a (8 - 0) (8 - 16) → a = -3. c) Assim, a função tem como fórmula y = -3(t - 0) (t - 16) ou, efetuando o produto, y =-3t2 + 48ƒ, com 0≤ t ≤ 16. unidade 3 039 CÁLCULO EXERCÍCIOS RESOLVIDOS Orientações: A resolução e comentários dos exercícios contêm os diversos conceitos estudados e ajudam na fixação desses conceitos. Servem ainda como sugestões para a resolução das questões das atividades. Sempre que tiver dúvida a respeito de qualquer afirmativa aqui feita, procure esclarecimento, revendo os textos estudados ou solicitando orientação pelo correio acadêmico. Para o estudo desses exercícios, você deve dispor de lápis e papel. Não se pode fazer esse estudo como se faz a leitura de notícias de jornal; é preciso estar atento aos detalhes e, ao final, compor uma visão bem completa do problema. 1) Na figura, estão os gráficos da reta r e da parábola y = x2 - 3x. Determine a equação da reta r e o valor da ordenada b, sabendo que os pontos de interseção dessas curvas (a reta e a parábola) são B = (-1, y1) e A = (2, y2). FIGURA 8 Solução Os pontos B(-1, y1) e A(2, y2) pertencem à parábola y = x 2 - 3x . Portanto, y1 = (-1) 2 - 3(-1) = 4 e y2 = 2 2 - 3 • 2 = -2. Assim, os pontos comuns à parábola e à reta r são (-1, 4) e (2, -2) . Então, r é a reta que passa por esses dois pontos e, em consequência, seu coeficiente angular é e sua equação é y - 4 = -2(x + 1) ou y = -2x + 2. Fonte: Elaborada pelo autor. unidade 3 040 CÁLCULO Como o ponto (0, b) está sobre a reta r, temos: b = -2 • 0 + 2 → b =2 . 2) O gráfico da função ƒ(x) = ax2 + bx + c passa pelo ponto (5, 8) , tem vértice em (2, -1) e corta o eixo das ordenadas no ponto (0, 3) . Com base nessas informações: a) estabeleça a equação dessa função; b) determine as suas raízes; c) esboce seu gráfico. Solução a) Se o ponto (5, 8) pertence ao gráfico da função ƒ(x) = ax2 + bx + c , podemos escrever: a • 52 + 5b +c = 8 → 25a + 5b + c = 8. Como (2, -1) é o vértice da parábola ƒ(x) = ax2 + bx + c, 2 = - 2a b → b = -4a . Já que o ponto (0, 3) pertence à parábola ƒ(x) = ax2 + bx + c , temos: a • 02 + b • 0 + c = 3 → c = 3 . Usando as igualdades encontradas até aqui, podemos achar o valor dos parâmetros da equação da parábola, conforme indicado a seguir: Então, a equação da parábola é ƒ(x) = x2 - 4x + 3 b) Para determinar as raízes, resolvemos a equação: x2 - 4x + 3 = 0 → x = 2 4 ± 2 → x = 1 ou x = 3 c) O gráfico da função ƒ(x) = x2 - 4x + 3 está a seguir: GRÁFICO 18 Fonte: Elaborada pelo autor. unidade 3 041 CÁLCULO 3) Escreva uma possível fórmula para a função quadrática cujo gráfico aparece a seguir: GRÁFICO 19 Fonte: Elaborada pelo autor. Solução Supondo que a função tenha como raízes x = -2 e x = 3 , podemos afirmar que sua equação é da forma f(x) = k(x + 2)(x - 3) , uma vez que a função é quadrática. Além disso, estimando que o gráfico corte o eixo das ordenadas no ponto (0, 12) , temos: f(0) = 12 → k(0 + 2) (0 - 3) = 12 → k = - 2. Portanto, uma possível fórmula para a função representada nesse gráfico é ƒ(x) = -2x2 + 2x + 12. unidade 4 043 CÁLCULO FUNÇÕES POTÊNCIAS E FUNÇÕES POLINOMIAIS Começamos este capítulo com o estudo das funções potências. Preste atenção na influência que o grau tem na função potência, no formato de seu gráfico, nos fenômenos que é possível descrever com estas funções e no que ocorre quando a variável independente assume valores muito grandes em módulo, negativos ou positivos. A seguir, abordaremos as funções polinomiais. São as funções obtidas a partir das funções potências. Observe como o termo de maior grau comanda as funções polinomiais e o que ocorre quando a variável independente assume valores muito grandes em módulo, negativos ou positivos. Reconhecer o formato dos gráficos dessas funções o ajudará a identificar os fenômenos ou situações que é possível descrever com as mesmas. unidade 4 044 CÁLCULO FUNÇÕES POTÊNCIAS No estudo de Geometria, as funções potência são utilizadas com bastante frequência. A título de ilustração, podemos considerar o perímetro P de um quadrado como função do comprimento de seu lado l; essa relação é dada pela fórmula P = 4l e nos diz que o perímetro é diretamente proporcional ao comprimento do lado ou à potência um de seu lado l; significa, por exemplo, que se dobrarmos a medida do lado de um quadrado, seu perímetro será duplicado, ou seja, será multiplicado por 21. Também a área A de um quadrado é função do comprimento de seu lado l e pode ser expressa pela equação A = l2. Essa igualdade nos diz que a área é diretamente proporcional ao quadrado do comprimento do lado; isso significa, por exemplo, que se dobrarmos o lado de um quadrado, a medida de sua área ficará quatro vezes maior, ou seja, será multiplicada por 22. De modo semelhante, o volume V de um cubo é função do comprimento de sua aresta l, função que tem a fórmula V = l3. Essa equação estabelece que o volume do cubo é diretamente proporcional ao cubo de sua aresta; assim, por exemplo, se dobrarmos a aresta de um cubo, seu volume ficará oito vezes maior, ou seja, será multiplicado por 23. FUNÇÃO POTÊNCIA Função potência é aquela na qual a variável dependente é proporcional a uma potência da variável independente. As funções potência são uma importante família de funções; elas aparecem em muitas situações como as do item 4.1 e as exemplificadas a seguir. a) O volume V de uma esfera é proporcional à terceira potência de seu raio r: V= 3 4 �r3. Desse modo, se dobrarmos o raio de uma esfera, seu volume aumentará oito vezes: V= 3 4 � (2r)3 = 8 • 3 4 �r3. b) A medida do lado l de um quadrado é proporcional à potência 2 1 da medida de sua área A: A = l1/2 ou A = √l. Se quadruplicarmos a área de um quadrado, seu lado será duplicado: l = (4A)1/2 = 2 • A1/2. c) A Lei de Newton da Gravitação diz que a força de atração gravitacional g sobre uma massa unitária a uma distância r da Terra é proporcional ao inverso da potência dois de r: g = k • r2 1 , onde k é uma constante positiva. Podemos escrever g = r2 k ou g = kr-2. Se dobrarmos a distância r, o valor de g ficará quatro vezes menor: g = k • . 4 1 unidade 4 045 CÁLCULO A Tabela 10 mostra a influência de potências no valor das funções. Observe como essas potências interferem na taxa de variação de cada função quando x varia de uma unidade. TABELA 10 x y = x ∆1y y = x 2 ∆2y y=x 3 ∆3y Fonte: Elaborada pelo autor. Fonte: Elaborada pelo autor. 0 1 2 3 4 5 1 1 1 1 1 1 3 5 7 9 0 1 2 3 4 5 0 1 4 9 16 25 0 1 8 27 64 125 1 7 19 37 61 Na Figura 9, você pode observar o efeito das potências no gráfico das funções. FIGURA 9 Em geral, uma função potência tem a forma y = ƒ(x) = kxp, em que k e p são constantes quaisquer. Nos itens subsequentes, vamos comparar várias funções potências entre si. Se possível, faça esse estudo comparativo usando uma calculadora ou um software (Yag, winplot) para traçado degráficos. FUNÇÕES COM POTÊNCIAS INTEIRAS E POSITIVAS Primeiramente, vamos considerar funções do tipo y = xn, sendo n um número inteiro positivo. Essas funções se dividem em dois grupos: o de potências ímpares e o de potências pares. unidade 4 046 CÁLCULO Na Figura 10 estão os gráficos das funções y = x, y = x3 e y = x5. São funções potências ímpares de graus respectivamente iguais a 1, 2 e 3. FIGURA 10 Fonte: Elaborada pelo autor. Fonte: Elaborada pelo autor. Toda função potência ímpar (y = x, y = x3 e y = x5 ,etc.) é crescente e seu gráfico é simétrico em relação à origem. Também podemos notar que o gráfico de toda função potência ímpar da forma y = xn, com n> 1 , é “retorcido” na origem; à esquerda da origem, o gráfico tem concavidade voltada para baixo e, à direita da origem, o gráfico é côncavo para cima. Ainda podemos verificar que os gráficos têm pontos comuns em x = -1, x = 0 e x = 1; para 0< x < 1 , o gráfico da função y = x5 está abaixo do gráfico de y = x3 que, por sua vez, está abaixo do gráfico de y = x ; quando x é maior do que 1, a ordem em que estão os gráficos é outra: o gráfico de y = x5 está acima do gráfico de y = x3 que, por sua vez, está acima do gráfico de y = x . As observações feitas anteriormente nos gráficos podem ser comprovadas por meio de desigualdades algébricas. Assim, querendo comparar as funções y = x3 e y = x5 , podemos investigar as soluções da inequação x3 ≤ x5. Resolvendo essa desigualdade, temos: x3 ≤ x5 → x3 - x5 ≤ 0 → x3 (1 - x2) ≤ 0 → -1 ≤ x ≤ 0 ou x ≥ 1. O resultado obtido algebricamente indica que o gráfico de y = x3 está abaixo do gráfico de y = x5 quando x estiver entre -1 e 0, bem como quando x for maior do que 1. Consideremos agora as funções potências pares. Na Figura 11 estão os gráficos das funções y = x2, y = x4 e y = x6, que são potências pares com graus respectivamente iguais a 2, 4 e 6. FIGURA 11 Toda função potência par (y = x2, y = x4, y = x6 etc.) é decrescente para x pertencente ao intervalo (-∞, 0] e é crescente para x unidade 4 047 CÁLCULO pertencente ao intervalo [0, +∞). Com isso, o gráfico tem a forma de U e é simétrico em relação ao eixo y. Todas as funções potências pares têm gráficos com concavidade voltada para cima, enquanto todas as funções potências ímpares (n > 1) têm gráficos côncavos para baixo se x < 0 e côncavos para cima se x > 0 . A Figura 12 mostra um zoom feito no gráfico de funções potências para valores de x entre 0 e 1. Nesse intervalo, y = x é maior que y = x2, que é maior que y = x3, e assim por diante. FIGURA 12 Fonte: Elaborada pelo autor. Fonte: Elaborada pelo autor. Os valores apresentados na Tabela 11 confirmam o que foi observado na Figura 12. TABELA 11 Fonte: Elaborada pelo autor. Fonte: Elaborada pelo autor. x y = x y = x2 y = x3 y = x5 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 0,5 0,5 0,25 0,125 0,03125 3 3 9 27 81 243 0,2 0,2 0,04 0,008 0,0032 2 2 4 8 16 32 0,8 0,8 0,64 0,512 0,32768 4 4 16 64 256 2024 1 1 1 1 1 5 5 25 125 625 3125 Na Figura 13, aparecem os gráficos de funções potências para valores de x maiores que 1. Podemos constatar que, quanto maior a potência de x, mais rápido cresce a função. Assim, o gráfico da função y = x5 está acima do gráfico da função y = x4 que é maior do que a função y = x2 . FIGURA 13 O que foi constatado por meio dos gráficos é confirmado pelos valores da Tabela 12. TABELA 12 x y = x y = x2 y = x3 y = x4 y = x5 Para x > 1, as potências mais altas crescem de maneira bem rápida e têm valores comparativamente muito maiores. Fazendo x = 1000 , por exemplo, x5 = 10005 unidade 4 048 CÁLCULO que é mil vezes maior do que x4 = 10004 . Por outro lado, para valores de x entre zero e um, as potências mais altas são bem menores; fazendo x = 0,001 , por exemplo, x5 = (0,001)5 é mil vezes menor do que x4 = (0,001)4. FUNÇÕES COM POTÊNCIA ZERO OU COM POTÊNCIAS INTEIRAS NEGATIVAS A função y = x0 é a função constante y = 1 e seu gráfico é uma reta horizontal. Dizer que uma função é constante significa dizer que, para qualquer valor da variável independente, o valor da variável dependente é sempre o mesmo. Assim, se ƒ(x) = 1, podemos escrever ƒ(-5) = ƒ(�) = ƒ(- √2) =1. Usualmente, as potências negativas são escritas de duas maneiras: y = x-1 é a mesma função potência y = x 1 ; a fórmula y = x-2 pode ser escrita na forma y = x2 1 . Na Figura 14, estão os gráficos das funções y = x 1 e y = x3 1 ; na Figura 15, estão os gráficos de y = x2 1 e y = x4 1 . FIGURA 14 FIGURA 15 Fonte: Elaborada pelo autor. Fonte: Elaborada pelo autor. Para as potências negativas ímpares (Figura 14), os gráficos são simétricos em relação à origem, ao passo que as potências negativas pares (Figura 15) têm gráficos simétricos em relação ao eixo y. Para valores de x maiores que um, o gráfico da função y = x4 1 está abaixo do gráfico da função y = x2 1 ; quando x está entre zero e um, ocorre o contrário, ou seja, o gráfico da função y = x4 1 está acima do gráfico da unidade 4 049 CÁLCULO função y = x2 1 . As funções com potências negativas são usadas para modelar diversos fenômenos ou situações, como a lei exibida no exemplo a seguir. Exemplo 1 A Lei de Boyle para um gás ideal estabelece uma relação exata entre a pressão p e o volume v, dado que a temperatura permaneça constate: pv = k. Imagine, por exemplo, uma quantidade fixa de ar no interior do cilindro de um motor. Movimentando-se os pistões, o volume de ar diminui e a pressão aumenta ou, reciprocamente, o volume aumenta e a pressão diminui. Reescrevendo a Lei de Boyle, temos: p = v k ou p = kv-1. A relação p = v k equivale a dizer que p é inversamente proporcional a v. Para valores positivos de k, o gráfico da função p = v k tem a forma ilustrada a seguir. GRÁFICO 20 Fonte: Elaborada pelo autor. Essa curva é conhecida como uma hipérbole retangular. Por ser o valor da pressão sempre maior do que zero, o Gráfico 20 apresenta apenas um ramo dessa hipérbole. O eixo vertical é uma assíntota da curva, mostrando que, à medida que o volume tende para zero, a pressão tende para infinito; o eixo horizontal também é uma assíntota da curva, indicando que, à medida que o volume tende para infinito, a pressão tende para zero. Para indicar que o volume tende para infinito, usa-se a notação v→+∞ (lê-se v tende a infinito); para indicar que a pressão tende para zero, escrevemos p → 0 (lê-se p tende a zero). Uma reta é assíntota de uma curva quando a distância entre um ponto móvel da curva e essa reta fica cada vez menor; significa dizer que a distância entre um ponto móvel da curva e a assíntota tende para zero. FUNÇÕES COM POTÊNCIAS FRACIONÁRIAS Observações feitas por biólogos têm mostrado que o número de espécies encontradas em uma ilha varia de acordo com o tamanho da mesma. Sendo A a área da ilha e N o número de espécies, tem- se aproximadamente a função N = k ou N = kA1/3, onde k é uma constante que depende da região mundial em que se encontra a ilha. unidade 4 050 CÁLCULO A fórmula dessa função envolve uma potência fracionária de A, que é a variável independente. As funções potências fracionárias são da forma y = kxm/n ou y = k , com m e n inteiros, n > m e n ≠ 0. Com frequência, restringimos o domínio dessas funções para x ≥ 0 porque raízes em que n é par não estão definidas para x < 0. Muitas calculadoras não nos permitem elevar um número negativo a uma potência fracionária. Na Figura 16, aparecem os gráficos das funções y = x , y = x1/2 e y = x1/3. FIGURA 16 Fonte: Elaborada pelo autor. Quando x está entre 0 e 1, o gráfico da função y = x1/3 fica acima de y = x1/2 que, por sua vez, fica acima de y = x. A Tabela13 confirma essa observação. Fonte: Elaborada pelo autor. Fonte: Elaborada pelo autor. Fonte: Elaborada pelo autor. x 0 0,25 0,49 0,64 0,81 1 x 1 25 49 64 81 100 y = x1/2 0 0,5 0,7 0,8 0,9 1 y = x1/2 1 5 7 8 9 10 y = x 0 0,25 0,49 0,64 0,81 1 y = x 1 25 49 64 81 100 y = x1/3 0 1 y = x1/3 1 TABELA 13 Para x > 1, a situação fica invertida: o gráfico da função y = x1/3 fica abaixo de y = x1/2 que, por sua vez, fica abaixo de y = x. A Tabela 14 confirma essa observação. TABELA 14 Na Figura 17, estão os gráficos de y = x, y = x2 e y = x1/2, com x≥ 0 . FIGURA 17 unidade 4 051 CÁLCULO O gráfico de y = x2 cresce cada vez mais depressa quando x aumenta; ele é côncavo para cima. Enquanto isso, o gráfico de y = x1/2 cresce cada vez mais devagar e é côncavo para baixo. A taxa de crescimento de y = x é sempre a mesma e seu gráfico não tem concavidade. Mesmo assim, essas três funções tendem para infinito à medida que x aumenta. FUNÇÕES POLINOMIAIS As funções potências podem ser multiplicadas por um escalar e os resultados, somados. Por meio dessas duas operações feitas sobre funções potências com expoentes naturais – multiplicação por um escalar e adição – obtemos os polinômios ou as funções polinomiais da forma y = anx n + an-1x n-1 +...+ a2x 2 + a1x + a0, em que n é um número natural, chamado grau do polinômio (desde que an ≠ 0). A função linear y = mx + b é a função polinomial y = a1x + a0 de grau um ou do primeiro grau; a função quadrática y = ax2 + bx + c é a função polinomial y = a2x 2 + a1x + a0 de grau dois ou do segundo grau. O GRÁFICO DE UMA FUNÇÃO POLINOMIAL A forma do gráfico de uma função polinomial depende de seu grau. Na Figura 18 estão possíveis formas de gráficos de polinômios com an positivo, ou seja, com o coeficiente de an maior do que zero. FIGURA 18 Fonte: Elaborada pelo autor. Fonte: Elaborada pelo autor. O gráfico de polinômio de grau 2 (à esquerda) só dá uma “volta”; o de grau 3 dá duas “voltas”; o de grau 4, três “voltas” e o de grau 5, quatro “voltas”. De modo geral, o gráfico do polinômio de grau n dá, no máximo, (n - 1)voltas. Na Figura 19 estão possíveis formas de gráficos de polinômios com an negativo, ou seja, com o coeficiente de xn menor do que zero. FIGURA 19 COMO ENCONTRAR A FÓRMULA DE UMA FUNÇÃO POLINOMIAL Por meio de exemplos, vamos estudar como fazer para encontrar a fórmula ou a equação de uma função polinomial, quando conhecemos seu gráfico ou uma unidade 4 052 CÁLCULO tabela de valores. Exemplo 2 Encontre uma possível fórmula para o polinômio que o Gráfico 21 está representando. GRÁFICO 21 Fonte: Elaborada pelo autor. As interseções horizontais indicam os zeros da função e sugerem que o polinômio precisa ter os fatores (x + 3) e (x - 3). Então, podemos escrever: ƒ(x) = k(x + 3) (x - 3) Para encontrar k, usamos o fato de que o gráfico de ƒ corta o eixo y no ponto de ordenada 5, o que nos permite escrever ƒ(0) = 5. Assim, temos: 5 = k(0 + 3)(0 - 3) → k = 9 5 . Portanto, ƒ(x) = 9 5 (x + 3) (0 - 3) ou, efetuando o produto, ƒ(x) = 9 5 x2 + 5. Outra maneira de resolver o problema é considerar o gráfico como sendo o de uma parábola côncava para baixo e cuja equação é do tipo ƒ(x) = ax2 + c . Os pontos (-3, 0), (3, 0) e (0, 5) pertencem ao gráfico de ƒ; daí podermos escrever ƒ(-3) = 0, ƒ(3) = 0 e ƒ(0) = 5. Portanto, temos o sistema de equações: → c = 5 e a = 9 5 . Assim, uma possível fórmula do polinômio é ƒ(x) = 9 5 x2 + 5. Observe que g(x) = 81 5 x4 + 5 também satisfaz às condições do problema: seu gráfico tem concavidade voltada para baixo e passa pelos pontos (-3, 0), (3, 0) e (0, 5). Isso nos leva a afirmar que o problema tem várias respostas e existem muitas funções polinomiais cujo gráfico se assemelha ao apresentado neste exemplo. Exemplo 3 Encontre uma possível fórmula para a função polinomial dada pela tabela de valores: TABELA 15 x ƒ(x) -3 0 1 2 0 -12 0 0 Fonte: Elaborada pelo autor. Na Tabela 15, aparecem três zeros da função, fato que sugere como possível fórmula para o polinômio: ƒ(x) = k(x + 3) (x - 1)(x - 2). unidade 4 053 CÁLCULO Como (0, -12) é um ponto do gráfico, temos ƒ(0) = -12. Em consequência, podemos escrever k(0 + 3) (0 - 1)(0 - 2) = -12 → k = -2. Assim, uma das possíveis fórmulas para esse polinômio é: ƒ(x) = -2(x + 3) (x - 1)(x - 2) ou, resolvendo o produto, ƒ(x) = -2x3 + 14x -12. Um esboço do gráfico de f está na Figura 20. FIGURA 20 Fonte: Elaborada pelo autor. Fonte: Elaborada pelo autor. Exemplo 4 Encontre uma possível fórmula para o polinômio cujo gráfico é apresentado na Figura 21. FIGURA 21 O gráfico se assemelha ao de um polinômio cúbico, ou seja, pode ser o gráfico de uma função polinomial de grau três, com zeros em x = -3 e em x = 2. Em x = -3, o gráfico cruza o eixo horizontal, ao passo que em x = 2, o gráfico toca o eixo horizontal, mas não o cruza. Dizemos que x = -3 é um zero simples ou uma raiz simples, enquanto x = 2 é um zero de segunda ordem ou uma raiz dupla da função. Para encontrar uma fórmula para f, imagine que seu gráfico estivesse um pouco mais para baixo, de modo que f tivesse um zero próximo de x = -3 (em x = -2,9 , por exemplo) e dois zeros perto de x = 2 (por exemplo, em x = 1,9 e em x = 2,1). Então, poderíamos escrever ƒ(x) ≈ k(x + 2,9) (x - 1,9) (x - 2,1). Agora, deslocando o gráfico de f para a posição original, o zero x = -2,9 se desloca para x = -3; o zero x = 1,9 vai para x = 2 e o zero x = 2,1 também chega em x = 2. Assim, podemos escrever: ƒ(x) = k(x + 3)(x - 2)(x - 2) ou ƒ(x) = k(x + 3) (x - 2)2 . Não é possível calcular k porque não foram dadas as coordenadas de outro ponto do gráfico de f fora do eixo x. Podemos atribuir a k qualquer valor positivo; com isso, iremos alongar ou contrair o gráfico, sem alterar os zeros da função. Uma raiz dupla gera um fator repetido na fórmula da função. Observe que, para x > 2, o fator (x - 2)2 é positivo e, para x < 2, o fator (x - 2)2 ainda é positivo. Isso significa que a unidade 4 054 CÁLCULO função f não troca de sinal na vizinhança de x = 2. Por outro lado, na vizinhança do zero simples, x = -3, a função f muda de sinal (no caso, passa de negativa para positiva). A VARIAÇÃO DE SINAL DE UMA FUNÇÃO POLINOMIAL Em diversas situações, interessa-nos saber como é a variação de sinal de uma função. Estudar o sinal de uma função é o mesmo do que determinar os valores da variável independente para os quais essa função ou a variável dependente é positiva ou negativa; merecem atenção também os zeros da função, valores da variável independente nos quais podem ocorrer mudanças de sinal da função. Exemplo 5 A Figura 22 apresenta o gráfico da função f definida por y = x3 - 4x, cuja fórmula pode ser reescrita na forma de um produto y = x(x + 2) (x - 2). FIGURA 22 Fonte: Elaborada pelo autor. O gráfico de f e a forma fatorada indicam que – 2, 0 e 2 são os zeros dessa função. Os zeros ou as raízes de f dividem o eixo x em quatro intervalos e, em cada um desses intervalos, a função tem o sinal indicado na Tabela 16. TABELA 16 -2 0 2 -2 0 2 - + - + - - + + - + + + - - - + - + - + Fonte: Elaborada pelo autor. Fonte: Elaborada pelo autor. Nos intervalos em que o gráfico de f está abaixo de eixo x, o sinal de y é negativo (-); nos intervalos em que o gráfico de f está acima do eixo x , o sinal de y é positivo(+). Podemos fazer o estudo da variação do sinal de y combinando os sinais dos fatores em que se decompõe a função polinomial. Para y = x(x + 2) (x - 2), temos a Tabela 17. TABELA 17 x x + 2 x - 2 y=x(x+2)(x-2) Exemplo 6 A Figura 23 apresenta o gráfico de y = (x2 + 1) (3 - x) (x + 1) ou, na forma expandida, ƒ(x) = -x4 + 2x3 + 2x2 + 2x + 3. unidade 4 055 CÁLCULO FIGURA 23 Fonte: Elaborada pelo autor. Por inspeção do gráfico e da forma fatorada, concluímos que a função f tem dois zeros: x = -1 e x = 3. Esses zeros dividem o eixo x em três intervalos e, em cada um deles, f tem um sinal, conforme indicado na Tabela 18. TABELA 18 -1 3 + - + Fonte: Elaborada pelo autor. Reiterando o que foi dito no Exemplo 6, nos intervalos em que o gráfico de f está abaixo do eixo x, o sinal de y é negativo (-); no intervalo em que o gráfico de f está acima do eixo x, o sinal de y é positivo (+). A Tabela 19 traz o estudo da variação de sinal de f por meio da combinação de sinais dos fatores presentes na lei de definição da função. TABELA 19 -2 0 2 + + + + + - - + + - + - Fonte: Elaborada pelo autor. Fonte: Elaborada pelo autor. x2 + 1 -x + 3 x + 1 y=(x2+1)(3-x)(x+1) FAZENDO X AUMENTAR ARBITRARIAMENTE Outro aspecto que interessa no estudo de funções é saber o que acontece com a variável dependente quando a variável independente assume valores cada vez maiores, negativos ou positivos. Nos exemplos 6 e 7, abordados a seguir, vamos estar atentos a esses fatos. Exemplo 7 O gráfico de ƒ(x) = x3 - 4x + 2 está representado na Figura 24 juntamente com o gráfico de g(x) = x3. FIGURA 24 Quando x é numericamente grande, ou seja, quando x está bem para a esquerda ou bem para a direita, os gráficos dessas funções unidade 4 056 CÁLCULO ficam cada vez mais próximos. Significa que, à medida que os valores de x aumentam, o valor de y no gráfico de ƒ tende a ser igual ao valor de y no gráfico de g. A fórmula de ƒ pode ser reescrita: ƒ(x) = x3 • (1 - x2 4 + x3 2 ); nessa forma, podemos observar que, para grandes valores de x, a expressão entre parênteses está bem perto de 1 e, portanto, y está bem perto de x3. Usando símbolos matemáticos, escrevemos: (Lê-se: “limite de x3 - 4x + 2, quando x tende para mais infinito, é igual a limite de x3, quando x tende para mais infinito”.) Essa frase nos diz que, para valores de x numericamente grandes e positivos, podemos trocar ƒ(x) = x3 - 4x + 2 pela função g(x) = x3. De modo semelhante, para valores de x numericamente grandes e negativos, podemos trocar ƒ(x) = x3 - 4x + 2 pela função g(x) = x3. Usando a sintaxe matemática, escrevemos: O código ƒ(x) substitui a pergunta: “De que valor se aproxima ƒ(x) quando x se torna arbitrariamente grande?”. Exemplo 8 Vamos observar os gráficos das funções ƒ(x) = x4 e g(x) = x4 + 2x3 - 5x2 - 6x, que estão nas três figuras a seguir. FIGURA 25 Fonte: Elaborada pelo autor. Fonte: Elaborada pelo autor. Fonte: Elaborada pelo autor. Na Figura 26, estamos olhando o gráfico bem de perto, os gráficos parecem muito diferentes. FIGURA 26 Quando nos afastamos um pouco, mantendo a mesma janela, os gráficos continuam parecendo bastante diferentes. FIGURA 27 unidade 4 057 CÁLCULO Entretanto, quando olhamos de longe, na Figura 27, esses dois gráficos são muito parecidos. Isso acontece porque o termo de maior grau, x4, domina os demais termos para valores grandes de x. Na Tabela 20 estão os valores das duas funções e as diferenças entre elas para x = -20, x = -15, x = 15 e x = 20. TABELA 20 Fonte: Elaborada pelo autor. x ƒ(x) = x4 g(x) = x4 + 2x3 - 5x2 - 6x ƒ(x) - g(x) – 20 160 000 142 120 17 880 – 15 50 625 42 840 7 785 15 50 625 56 160 - 5 535 20 160 000 173 880 - 13 880 Apesar das diferenças serem grandes quando vistas na tabela, elas são muito pequenas se comparadas à escala vertical (-104 a -105) e, por isso, não podem ser vistas no gráfico. A observação dos gráficos da Figura 27 e dos valores da Tabela 20 nos permite escrever, usando a simbologia matemática: O símbolo x → ∞ indica que x tende para valores numericamente muito grandes, positivos ou negativos. unidade 5 059 CÁLCULO Começamos este capítulo com o estudo do comportamento de funções racionais. Poderemos notar que, muitas vezes, fica mais fácil esboçar o gráfico de funções quando, em vez de fazer uma tabela, observarmos alguns aspectos qualitativos da função. Entre esses aspectos qualitativos, ocupam lugar de destaque os que se referem ao comportamento da função para valores próximos dos zeros do denominador e os que indicam o que acontece com a função quando a variável independente assume valores numericamente muito grandes. A seguir, estudaremos como podemos obter novas funções a partir de uma função dada. Esse processo serve para abordar problemas que envolvem o deslocamento horizontal ou o deslocamento vertical de uma função, quando seu gráfico está representado em um sistema de coordenadas cartesianas. FUNÇÕES RACIONAIS unidade 5 060 CÁLCULO FUNÇÕES RACIONAIS As funções racionais resultam da divisão de polinômios e podem ser escritas na forma ƒ(x) = q(x) p(x) , com q(x) ≠ 0. Elas têm certa semelhança com os números racionais, números da forma x = q p , em que p e q são números inteiros, com q ≠ 0 . Em ambos os casos, é preciso fazer a ressalva de que o denominador é diferente de zero, porque zero não pode ser divisor. ASSÍNTOTAS DO GRÁFICO DE UMA FUNÇÃO A palavra assíntota vem do grego e significa “que não pode coincidir”. Uma reta s chama-se assíntota de uma curva C quando a distância entre a reta s e um ponto que se move sobre a curva C se aproxima de zero. Na Figura 28, estão retas que são assíntotas das curvas dadas. FIGURA 28 Fonte: Elaborada pelo autor. Frequentemente, o gráfico de uma função racional apresenta assíntotas verticais, assíntotas horizontais ou assíntotas oblíquas. As assíntotas verticais ocorrem nos valores de x que anulam o denominador. As assíntotas horizontais ocorrem quando f se aproxima de um determinado valor numérico à medida que x tende para um número arbitrariamente grande, positivo ou negativo. As assíntotas oblíquas ocorrem quando a diferença entre o grau do numerador e o grau do denominador, nessa ordem, for igual a um. Como saber se existe assíntota horizontal? Se o gráfico de uma função y = ƒ(x) se aproxima de uma reta horizontal y = c quando x assume valores muito grandes, positivos ou negativos, dizemos que a reta y = c é uma assíntota horizontal. Em linguagem matemática, escrevemos: Se ƒ(x) → c, quando x → +∞ ou ƒ(x) → c, quando x → -∞, então y = c é uma assíntota horizontal. Outro modo de escrever é: Se ou , então y = c é uma assíntota horizontal. unidade 5 061 CÁLCULO Como saber se existe assíntota vertical? Se o gráfico de uma função y = ƒ(x) se aproxima de uma reta vertical x = d quando x assume valores muito próximos de d, pela direita ou pela esquerda, dizemos que a reta x = d é uma assíntota vertical. Em linguagem matemática, escrevemos: Se ƒ(x) → +∞ ou ƒ(x) → -∞, quando x → d+ ou x → d-, então x = d é uma assíntota vertical. Outro modo de escrever é: Se ou , então x = d é uma assíntota vertical. ESTUDO DO COMPORTAMENTO DE FUNÇÕES RACIONAIS Na sequência, analisamos o comportamento de funções racionais, por meio de exemplos. Exemplo 1 A Figura 29 apresenta o gráfico da função racional ƒ(x) = x2 - 4 x2 - 9 . O gráfico da função tem três ramos: um está à esquerda da reta x = -2 e abaixo da reta y = 1; outro está à direita da reta x = 2 e abaixo
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