Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MARCELO COUTO BRAGA MARIO LUIZ ALVES LIMA MARCOS JOSÉ MACHADO DA COSTA ORGANIZAÇÃO MAGDA MARIA VENTURA DENISE CANDAL 1ª edição rio de janeiro 2014 Introdução ao Cálculo Comitê editorial externo fernanda maria pereira raupp e luziane ferreira de mendonça Comitê editorial interno denise candal e magda maria ventura Organizadores do livro magda maria ventura e denise candal Autores dos originais marcelo couto braga (capítulos 1 e 2), marcos josé machado da costa (capítulos 3 e 4) e mario luiz alves lima (capítulos 5 e 6) Projeto editorial roberto paes Coordenação de produção rodrigo azevedo de oliveira Projeto gráfico paulo vitor fernandes bastos Diagramação paulo vitor fernandes bastos Supervisão de revisão aderbal torres bezerra Redação final e desenho didático jarcélen ribeiro Revisão linguística jarcélen ribeiro e aderbal torres Capa thiago lopes amaral Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por quais- quer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2014. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) I61 Introdução ao Cálculo Magda Maria Ventura [organizador]. — Rio de Janeiro: Editora Universidade Estácio de Sá, 2013. 192 p isbn: 978-85-60923-13-7 1. Cálculo. 2. Função. 3. Logaritmo. 4. Trigonometria. 5. Limite. I. Título. cdd 510 Diretoria de Ensino – Fábrica de Conhecimento Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa Rio Comprido – Rio de Janeiro – rj – cep 20261-063 Sumário Epígrafe 9 Prefácio 11 1. Função Afim ou Polinomial do Primeiro Grau 13 Aplicações matemáticas 14 Origem da Matemática 15 Função afim ou função polinomial do primeiro grau 15 Casos particulares de uma função afim 16 Função constante 16 Função linear 16 Função Identidade 17 Determinação de uma função afim a partir de duas coordenadas 17 Gráfico de uma função afim 18 O gráfico de toda função afim é uma reta 18 Interseção do gráfico de uma função afim com o eixo 0x 19 Intersecção do gráfico de uma função afim com o eixo 0y 19 Coeficientes angular e linear de uma função afim 20 Propriedade importante 22 Função afim crescente e decrescente 22 Estudo do sinal de uma função afim 23 2. Função quadrática ou polinomial do segundo grau 39 A função quadrática 40 Importância da função quadrática 40 Parábola 41 Gráfico de uma função quadrática 41 Concavidade 42 Forma canônica 42 Raízes ou zeros 43 Determinação algébrica das raízes da equação do segundo grau 44 Os três casos de discriminante 44 Caso1: ∆>0 44 Caso 2: ∆=0 45 Caso 3: ∆<0 45 Interseção com o eixo dos y 46 Máximo e mínimo 47 Vértice 49 Imagem 51 Soma e produto das raízes 53 Fatoração do trinômio do segundo grau 55 Estudo dos sinais da função quadrática 57 Função modular 59 Interpretação geométrica do módulo 59 Propriedades de módulo 60 Equações modulares 64 Inequações modulares 65 3. Função exponencial 77 Importância das funções exponenciais e suas aplicações 78 Gráfico de uma função exponencial 79 Esboços gráficos de função exponencial 80 Propriedades 81 Equação exponencial 82 Inequação exponencial 86 4. Logaritmos e funções logarítmicas 97 Logaritmo 98 Propriedades imediatas dos logaritmos 99 Propriedades com operações de logaritmos 101 Sistemas de logaritmos na base a 104 I - Sistema de logaritmo decimal 105 II - Sistema de logaritmo natural ou logaritmo neperiano 105 Função logarítmica 106 Gráfico de uma função logarítmica 106 Equação logarítmica 110 Inequação logarítmica 112 5. Trigonometria 119 Ângulo e Trigonometria 120 Razões trigonométricas no triângulo retângulo 120 Relação fundamental e relação entre seno, cosseno, tangente e cotangente 121 Relação Fundamental 121 Relações entre seno, cosseno, tangente e cotangente 122 Ângulos notáveis 123 Ângulo de 45º 123 Ângulo de 30º e 60º 123 Razões trigonométricas na circunferência 125 As razões trigonométricas 125 Seno e Cosseno 125 Tangente e Cotangente 126 Corolário 127 Arcos Côngruos 129 Redução ao 1º quadrante 130 Outras relações entre arcos e quadrantes 131 Transformações 135 Cosseno da soma e diferença de dois arcos 135 Seno da soma e diferença de dois arcos 135 Tangente da soma e diferença de dois arcos 136 Funções circulares de 2a 136 Transformação em produto 136 Resolução de equações e inequações trigonométricas 136 Funções trigonométricas 143 Função seno 143 Função cosseno 144 Função tangente 145 6. Limites 151 A evolução do estudo do conceito de limites 152 Noção intuitiva de limite 152 Formalizando a aproximação 154 Definição formal de limite 155 Teoremas da unicidade do limite e da conservação do sinal 157 Teorema 1: unicidade do limite 157 Teorema 2: conservação do sinal 158 Propriedades de limites 159 Função Identidade 159 Função Constante 160 Multiplicação por Escalar 160 Soma ou Subtração 160 Produto 160 Quociente 161 Potência 161 Radiciação 161 Função Polinomial 162 Função Composta 162 Limites laterais e continuidade 162 Limites infinitos 165 Propriedades dos limites infinitos 166 Limite da Soma 166 Limite do Produto 167 Limite do Quociente 167 Teorema 169 Limites no infinito 170 Propriedades dos limites no infinito 174 Limite da soma 174 Limite do produto 174 Limite do quociente 175 Limites especiais 178 Demonstração de R3 178 Complementos sobre o estudo de limites 180 Função Limitada 180 Teorema do Confronto 181 Limites Trigonométricos 182 Limites de Funções Exponenciais 184 Limites de Funções Logarítmicas 185 9 Epígrafe Ninguém aprende Matemática ouvindo o professor em sala de aula, por mais organiza- das e claras que sejam suas preleções, por mais que se entenda tudo o que ele explica. Isso ajuda muito, mas é preciso estudar por conta própria logo após as aulas, antes que o benefício delas desapareça com o tempo. Portanto, você, leitor, não vai aprender Ma- temática porque assiste aulas, mas porque estuda. E este estudo exige muita disciplina e concentração: estuda-se sentado à mesa, com lápis e papel à mão, prontos para serem usados a qualquer momento. Você tem que interromper a leitura com frequência, para ensaiar a sua parte: fazer um gráfico, um diagrama, escrever alguma coisa ou simples- mente rabiscar uma figura que o ajude a seguir o raciocínio do livro, seguir ou testar uma ideia. Às vezes, você tem que escrever uma fórmula, resolver uma equação ou fazer um cálculo que verifique se alguma afirmação do livro está mesmo correta. Por isso mesmo, não espere que o livro seja completo, sem lacunas a serem preenchidas pelo leitor; do contrário, este leitor será induzido a uma situação passiva, quando o mais importante é desenvolver as habilidades para o trabalho independente, despertando a capacidade de iniciativa individual e criatividade. Você estará fazendo progresso real- mente significativo quando sentir que está conseguindo aprender sozinho, sem a ajuda do professor, quando sentir que está realmente aprendendo a aprender. geraldo ávila (ÁVILA, Geraldo. Análise matemática para licenciatura. 3. ed. São Paulo: Edgard Bucher, 2006.) 11 Prefácio Introdução ao cálculo diferencial é um livro didático elaborado para auxiliá-lo em sua principal missão como aluno: estudar. São seis capítulos elaborados por professores experientes e cada um deles traz a definição e o desenvolvimento acerca de um tópico de Introdução ao Cálculo Di- ferencial, todos envolvendo noçõesde função, com exemplos, esquemas, gráficos e exercícios. Muitas vezes, mesmo sem que percebamos, estamos lidando com problemas cotidia- nos que envolvem funções. Quando lemos um jornal, uma revista, assistimos a um tele- jornal ou vemos notícias pela internet, com frequência nos deparamos com gráficos de re- lações ou funções, comparando grandezas, fornecendo informações, pois as funções são ferramentas poderosas para descrever o mundo real. A análise destes gráficos e das funções que os originaram é extremamente importante e, para que esta seja feita de forma precisa, é necessário estudar as funções, de maneira geral. No primeiro capítulo, definiremos a Função Afim, ou Função Polinomial de Primeiro Grau, estudando as suas particularidades, identificando os pontos notáveis, o domínio e a imagem e esboçando, então, seu gráfico. Resolveremos ainda equações e inequações en- volvendo funções afins. Estudaremos, no segundo capítulo, a Função de Segundo Grau ou Quadrática, definindo uma parábola e determinando seus pontos notáveis, a partir dos quais esboçamos e analisa- mos os gráficos. Resolveremos também situações-problema envolvendo funções quadráticas. Como complemento aos dois primeiros capítulos, ao final do capítulo 2, abordaremos a definição de módulo e Função Modular, analisando e construindo estes gráficos e resol- vendo equações e inequações modulares. No terceiro capítulo, trataremos das Funções Exponenciais, analisando seus gráficos, resolvendo problemas que envolvam estas funções e equações e inequações exponenciais. Definiremos Logaritmo no quarto capítulo, estudando as suas propriedades. Identificare- mos uma Função Logarítmica, analisaremos o seu gráfico e resolveremos problemas que en- volvam Função Logarítmica. Além disso, resolveremos equações e inequações Logarítmicas. No quinto capítulo, abordaremos noções de Trigonometria. Identificaremos as razões trigonométricas no triângulo retângulo, relacionaremos estas razões trigonométricas ao círculo trigonométrico, bem como estudaremos as relações e fórmulas trigonométricas. Neste capítulo também faremos um breve estudo das funções trigonométricas básicas. Finalizando este livro, no sexto capítulo, estudaremos o conceito de limite de uma fun- ção, aplicando suas propriedades básicas para resolver limites, envolvendo funções polino- miais, exponenciais, logarítmicas e trigonométricas. Abordaremos também, as noções de limites laterais e de continuidade de uma função. Resolveremos, ainda, limites de funções envolvendo indeterminações e alguns limites especiais. Acreditamos que este livro sirva como uma boa ferramenta para que você exerça sua tarefa e compreenda facilmente os tópicos nele apresentados. É fato que os temas aqui abordados não esgotam a complexidade da análise de tais noções, mas procuram sedimentar a sua formação da forma mais eficaz e prazerosa possível. Convém ressaltar que é importante que sejam prati- cados exercícios para que se forme uma base sólida de conhecimento sobre o assunto. Bons estudos! denise candal Função afim ou polinomial do primeiro grau marcelo couto 11 14 • capítulo 1 OBJETIVOS 1. Definir uma função afim e estudar suas particularidades; 2. Esboçar o gráfico de uma função afim; 3. Identificar os pontos notáveis do gráfico de uma função afim; 4. Identificar o domínio e a imagem de uma função afim; 5. Resolver equações e inequações envolvendo funções afins. Aplicações matemáticas Assim como outros conteúdos da Matemática, inúmeras são as aplica- ções interessantes e úteis das funções de maneira geral. É por meio dessas aplicações que conseguimos empregar as noções e teorias da Matemática para obter resultados, conclusões e previsões em situações comuns do nosso dia a dia, e também em questões cientí- ficas, tecnológicas e até sociais. APLICAÇÕES DAS NOÇÕES E TEORIAS DA MATEMÁTICA RESULTADOS CONCLUSÕES PREVISÕES REFLEXÃO “Como as entendemos, as aplicações do conhecimento matemático in- cluem a resolução de problemas, essa arte intrigante que, por meio de de- safios, desenvolve a criatividade, nutre a autoestima, estimula a imaginação e recompensa o esforço de aprender.” (LIMA, 1999) Para Elon Lages Lima, as aplicações representam a parte mais atraente da Mate- mática, e, se forem ligadas aos fatos e questões da vida, justificam seu estudo e descaracterizam o aspecto de complicação que muitas vezes a disciplina apresenta. 1 AUTOR Elon Lages Lima Elon Lages Lima (1929) é um ma- temático brasileiro, mestre e doutor (PhD) pela Universidade de Chicago, autor de vinte e cinco livros sobre Ma- temática. Duas vezes ganhou o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro e recebeu também o prêmio Anísio Teixei- ra do Ministério da Educação. Função afim ou polinomial do primeiro grau capítulo 1 • 15 Origem da Matemática Acredita-se que a Matemática é anterior à escrita e, por isso, não há provas históricas precisas. Porém, alguns registros arqueológicos, como o Plimpton 322, indicam que a Matemática sempre esteve pre- sente na atividade humana. Esses registros apontam justamente a aplicabilidade, como, por exemplo, a contagem do tempo. Isso mostra que a Matemática vem nos auxiliando na resolução de problemas desde os primórdios da civilização, mantendo sua importância válida e útil até hoje. E, devido ao seu desen- volvimento contínuo, tudo indica que será indispensável no futuro. Função afim ou função polinomial do primeiro grau Para compreendermos bem as aplicações, devemos, a princípio, domi- nar a teoria que embasa o estudo das funções e seus gráficos. Vamos começar com a função afim ou função polinomial do pri- meiro grau. CONCEITO No estudo das funções matemáticas, toda função do tipo f(x)=ax+b, com a,b ∈ ℝ e a ≠ 0, é denominada função afim ou função polinomial do 1º grau. Podemos, ainda, expressar f por: f:ℝ→ℝ x ↦ f(x)=ax+b Note que a,b são parâmetros e x é variável, enquanto que f(x) é o valor da função afim na variável x. Não esqueça que podemos usar qualquer letra para representar parâmetros, variáveis e valores da função. EXEMPLO a) y=6x+9 é uma função afim, em que a=6 e b=9. b) y=5x é uma função afim, em que a=5 e b=0. c) y=2x-4 é uma função afim, em que a=2 e b=-4. d) y=-0,8x-0,7 é uma função afim, em a=-0,8 e b=-0,7. IMAGEM Plimpton 322 Plimpton 322 é uma tableta de argila em escrita cuneiforme, provavelmente do século XVIII a.C., com registros da Matemática babilônica. REFLEXÃO Função O próprio significado da palavra “função” faz uma analogia às situações do nos- so cotidiano, estabelecendo claramen- te a relação de dependência entre os fenômenos. É comum ouvirmos construções do tipo: “Em função dos resultados das avalia- ções, teremos ou não aulas extras.” “O aumento de preço se deu em função da escassez do produto.” 16 • capítulo 1 ATIVIDADE Agora vamos fazer a primeira atividade deste capítulo. Veja se você consegue resol- ver este problema: Uma empresa da área de vendas paga um salário fixo de R$900,00 mais uma comissão de R$4,00 por cada produto vendido. Como você pode representar esta situação através de uma função afim? Resolução Podemos representar a situação apresentada da seguinte forma: y=4x+900 Neste caso, podemos dizer que o salário recebido pelo empregado y depende da variação de x (quantidade de produto vendida). Casos particulares de uma função afim Função constante Função constante é a fun- ção f:ℝ→ℝ, definida por f(x)=b, onde a=0. Observe o gráfico da função constante f(x)=-3: Função linear Função linear é a fun- ção f:ℝ→ℝ, definida por f(x)=ax, onde b=0. Observe o gráfico da função f(x)=4x: IDEIA Função Constante Pesquise na internet materiais sobre função afim. A Khan Academy (http:// pt.khanacademy.org), por exemplo, uma ONG educacional bem conceituada, dis- ponibiliza vários vídeossobre o assunto. 2 y 1 1-1-2-3-4 2 3 4 5 0 0 -1 -2 -3 -4 x y -2 0 0 2 -2 x -4 -6 -4-6 4 6 42 6 capítulo 1 • 17 Função Identidade Função Identidade é a função f:ℝ→ℝ, definida por f(x)=x, onde a=1 e b=0. Observe o gráfico da função f(x)=x: Determinação de uma função afim a partir de duas coordenadas Uma função afim f(x)=ax+b pode ser determinada através de duas coordenadas (x1 , y1 ) e (x2 , y2 ) quaisquer, com x1 ≠ x2 . Lembre-se que uma função afim é determinada pelos valores de seus parâmetros. EXERCÍCIO RESOLVIDO Determine a função afim sabendo que f(2)=5 e f(3)=7: Resolução Sabe-se que as coordenadas são (2,5) e (3,7). Então, substituindo esses valores diretamente na função f(x)=ax+b, obtemos o seguinte sistema: (2,5) → (3,7) →{ 2a+b=53a+b=7 Nele os parâmetros precisam ser determinados. Da primeira equação do sistema, temos que b=5-2a. Inserindo este resultado na segunda equação, temos que: 3a+b=3a+(5-2a)=1a+5=7 ⇒ a=7-5=2 Lembre-se que o símbolo “⇒” significa “implica em”. Substituindo agora a=2 na primeira equação, verifica-se que: 2a+b=2(2)+b=5 ⇒ b=5-4=1 Assim, a função afim é dada por f(x)=2x+1. y -2 0 0 2 -2 x -4 -6 -4-6 4 6 42 6 18 • capítulo 1 Gráfico de uma função afim De acordo com a tabela a seguir, vamos construir um gráfico correspondente aos valores registrados. Observe que para cada valor na coluna de tempo em x existe um valor correspondente na coluna de temperatura em y. Agora, podemos construir o gráfico interligando os pontos no eixo das abscissas (0x) aos pontos corres- pondentes nas ordenadas (0y). Percebemos, deste modo, que para esta tabela o gráfico correspondente é de uma semirreta, pois somente os valores não negativos são considerados para o tempo e a temperatura. O gráfico de toda função afim é uma reta Note que a variação dos valores de y, que indicaremos por Δy, é diretamente proporcional à variação dos valores correspondentes de x, indicada por Δx. Portanto, quando x varia de 0 a 4, a variação correspondente para y é de 15 a 75, isto é, Δy = 75 – 15 = 60 e Δx = 4 – 0 = 4, sendo Δy/Δx = 60/4 = 15. Assim, a cada variação de 1 minuto em x corresponderá a uma variação de 15 graus Celsius em y. Se, em uma função y=f(x), as variações de x e y são diretamente proporcionais, então po- demos concluir que o gráfico da função sempre será uma reta e postular o seguinte resultado: o gráfico de toda função afim é uma reta. Observações • Como consequência do resultado anterior, para construir o gráfico de uma função afim, precisamos representar dois pontos distintos da função, no plano cartesiano, e traçar a reta que passa por eles. • Devemos observar que, se b=0, a função será definida por y=ax, e, portanto, o gráfico será uma reta que passará sempre pelo ponto (0,0) dos eixos das abscissas (0x) e ordenadas (0y), pois quando x=0, temos que y=0. Tempo (min) Temperatura (ºC) x y 0 15 1 30 2 45 3 60 4 75 y(ºC) 10 2 3 4 x(min) 15 30 45 60 75 capítulo 1 • 19 Interseção do gráfico de uma função afim com o eixo 0x Seja a função afim y=ax+b com a,b ∈ ℝ, a≠0 e sendo o gráfico de toda função afim uma reta, teremos sempre a reta cruzando o eixo 0x em um único ponto. Para determinar a abscissa desse ponto, substituiremos y=0 na expressão da reta, obtendo: 0=ax+b ⇒ ax=-b ⇒ x=- ba Logo, o ponto de interseção da reta associada à função afim com o eixo 0x é (- ba , 0). Este ponto também é conhecido por raiz ou zero da função afim. EXERCÍCIO RESOLVIDO Determine a abscissa do ponto de interseção da reta y=2x-6 com o eixo 0x: Resolução Se a reta cruza o eixo 0x, significa que o ponto de interseção tem y=0. Substituindo esse resultado, na expressão da reta, obtemos: 0 = 2x − 6 ⇒ x = 62 = 3. Veja o gráfico da função afim y=2x-6: y 3 x -6 Portanto, a abscissa do ponto de interseção é 3. Intersecção do gráfico de uma função afim com o eixo 0y Seja a função afim y=ax+b com a,b ∈ ℝ,a≠0 e sendo o gráfico da função uma reta, esta cru- zará o eixo 0y em um único ponto. Para determinar a ordenada deste ponto, substituiremos x=0, na expressão da reta, ob- tendo: y=a0+b ⇒ y=b. Logo, o ponto de interseção da reta associada à função afim com o eixo 0y é (0,b). 20 • capítulo 1 EXERCÍCIO RESOLVIDO Determine a ordenada do ponto de intersecção da reta y=-5x+15 com o eixo 0y: Resolução Se a reta cruza o eixo 0y, significa que o ponto de interseção tem x=0. Substituindo esse resultado, na expressão da reta, obtemos: y=-5(0)+15 ⇒ y=15. Portanto, a reta corta o eixo 0y no ponto (0,15). Veja, a seguir, o gráfico da função y=-5x+15: y 3 x 15 Logo, a ordenada do ponto de interseção é 15. Coeficientes angular e linear de uma função afim Sabendo que a função afim y=ax+b com a,b ∈ ℝ, a≠0, vamos voltar ao tópico já menciona- do sobre taxa de variação de uma função afim. Começaremos observando o gráfico a seguir: y x1 x2 x3 x y1 y2 y3 capítulo 1 • 21 Considere 2 pontos (x1 , y1) e (x2 , y2) quaisquer, nesta reta, sabendo que y1=ax1+b e y1 = ax1+b. Observe que, isolando b, nas duas igualdades, temos: b = y1-ax1 = y2-ax2 ⇒ ax2-ax1 = y2-y1 ⇒ a = y2-y1 x2-x1 Isso significa que, em uma função afim, a taxa de variação é constante e igual ao parâ- metro a, ou seja: a= ∆y ∆x = y3-y2 x3-x2 = y2-y1 x2-x1 = y3-y1 x3-x1 Em uma função afim, a taxa de variação é constante e igual ao parâmetro a. ATENÇÃO Geometricamente, o parâmetro a é chamado de coeficiente angular, enquanto que o parâmetro b é cha- mado de coeficiente linear. Convém observar que o coeficiente angular é a tangente do ângulo de inclinação: a= ∆y ∆x EXERCÍCIO RESOLVIDO 1) Qual é o coeficiente angular da reta que passa pelos pontos (-1,3) e (-2,4)? Resolução Temos que calcular a taxa de variação dada por estes dois pontos. Assim: a= ∆y ∆x = 4-3 -2-(-1)= -1 Note que alcançamos o mesmo resultado se fizermos: a= ∆y ∆x = 3-4 -1-(-2)= -1 2) Considere a função y=4x+12. Indique a raiz e a taxa de variação: Resolução Sabendo que a raiz da função afim é o valor x correspondendo a y=0, fazemos: 0 = 4x+12 ⇒ 4x=-12 ⇒ x=-3 Para calcularmos a taxa de variação devemos ter, pelos menos, dois pontos da reta. Vamos calculá-los: 22 • capítulo 1 1) Se escolhemos x1=1, teremos o respectivo valor de y1=4(1)+12=16. Portanto, (x1 , y1)=(1,16). 2) Se escolhemos x2=3, teremos o respectivo valor de y2=4(3)+12=24. Portanto, (x2 , y2 )=(3,24). Então, fazemos: ∆y ∆x = y2-y1 x2-x1 = 24-16 3-1 = 8 2 = 4 Isso era esperado, pois já sabíamos que a taxa de variação era a=4. Esse valor nos é informado na própria expressão da função afim. Propriedade importante Se duas ou mais funções afins têm a mesma taxa de variação a, então suas retas correspon- dentes são paralelas. Na figura, a seguir, encontramos as retas paralelas y=x+3, y=x-1 e y=x-4, com a=1. y -3 1 4 x 3 -1 -4 Função afim crescente e decrescente Seja a função afim y=ax+b com a,b ∈ ℝ, a≠0. Dizemos que uma função afim é: Crescente se, e somente se, o valor de a for positivo (a>0). Decrescente se, e somente se, o valor de a for negativo (a<0). capítulo 1 • 23 EXERCÍCIO RESOLVIDO Determine se as funções abaixo são crescentes ou decrescentes: a) y=7x-12 b) y=-6x+9 Resolução a) Como o valor de a é igual a 7, esta função é denominada crescente. b) Como o valor de a é igual a -6, esta função é denominada decrescente. Estudo do sinal de uma função afim Para estudarmos o sinal de uma função afim f(x)=ax+b, teremos que determinar os valores de x para os quais f(x) se anula, é positiva ou é negativa. Este estudo pode ser realizado através do gráfico ou da raiz da função. EXERCÍCIO RESOLVIDO 1) Estude o sinal da função f(x)=4x-8 Resolução Vamos calcular primeiramente a raiz da função, ou seja, queremos determinar x tal que o valor da função se anule: f(x)=4x-8=0 ⇒ x= 84 =2 Agora, vamos determinar o intervalo de x para o qual a função apresenta valores negativos,ou seja: f(x)=4x-8<0 ⇒ 4x<8 ⇒ x<2 Finalmente, vamos determinar o intervalo de x para o qual a função apresenta valores positivos, ou seja: f(x)=4x-8>0 ⇒ 4x>8 ⇒ x>2 Observe: Graficamente, temos a semirreta que se origina em x=2 e vai a -∞ , indicando o intervalo de x em que a função apresenta valores negativos e a semirreta que se origina em x=2 e vai a +∞, indicando o intervalo de x em que a função apresenta valores positivos. Já na raiz, x=2, temos que a função se anula. y 2 x -8 – + 24 • capítulo 1 2) Estude o sinal da função f(x)=-5x+15: Resolução Vamos calcular primeiramente a raiz da função, ou seja, queremos determinar x tal que o valor da função se anule: f(x)=-5x+15=0 ⇒ 5x=15 ⇒ x=3 Agora, vamos determinar o intervalo de x para o qual a função apresenta valores negativos, ou seja: f(x)=-5x+15<0 ⇒ -5x<-15 ⇒ x>3 Finalmente, vamos determinar o intervalo de x para o qual a função apresenta valores positivos, ou seja: f(x)=-5x+15>0 ⇒ -5x>-15 ⇒ x<3 Observe: Graficamente, temos a semirreta que tem origem em x=3 e se prolonga a -∞, indicando o intervalo de x em que a função apresenta valores negativos e a semirreta que possui origem em x=3 e se prolonga a +∞, indicando o intervalo de x em que a função apresenta valores positivos. Já na raiz, x=3, temos que a função se anula. EXERCÍCIO RESOLVIDO 1) Construa o gráfico da função f(x)=2x-4: Resolução Como podemos observar f(x)=2x-4 é uma função afim, cujo gráfico é uma reta. Para traçar uma reta precisamos escolher pelo menos dois pontos. Neste caso, vamos atribuir dois valores arbitrários para x e calcular os respectivos valores de y, da seguinte forma: Escolha x=0 ⇒ f(0)=2(0)-4=0 ⇒ (0,-4) é um ponto da reta x=2 ⇒ f(2)=2(2)-4=0 ⇒ (2,0) é outro ponto da reta Passamos, então, para a construção do gráfico, marcando os pontos obtidos no plano cartesiano e traçando a reta que une esses dois pontos. Veja a figura ao lado: y 3 x -15 ++ – – y 2 x -4 capítulo 1 • 25 2) Determine a raiz da função f(x)=-3x+9 e construa seu gráfico: Resolução Para calcular o zero ou a raiz da função afim, substituímos f(x)=0 na expressão da função, ou seja, fazemos: 0=-3x+9 ⇒ 3x=9 ⇒ x=3 Agora, precisamos de dois pontos para traçar o gráfico da função afim que é uma reta. Já sabemos que (3,0) é um ponto da reta, agora vamos escolher o outro ponto. Por exemplo, para x=0, temos: f(0)=-3(0)+9 ⇒ f(0)=9. Isso significa que (0,9) é o outro ponto da reta. Marcando esses dois pontos, no plano cartesiano, e traçando a reta que os une, obtemos o seguinte gráfico: y 3 x 9 3) Determine a raiz da função f(x)=5x+7 e construa seu gráfico: Resolução Vamos primeiramente calcular a raiz da função, determinando x tal que f(x)=0, ou seja: 0=5x+7 ⇒ 5x=-7 ⇒ x=-1,4 Já sabemos que (-1,4 , 0) é um ponto da reta. Para determinar o segundo ponto, fazemos, por exemplo: f(0)=5(0)+7 ⇒ f(0)=7 Isso significa que (0 , 7) é o outro ponto da reta. Marcando esses dois pontos, no plano cartesiano, e traçando a reta que os une, obtemos o seguinte gráfico: y 1,4 x 7 26 • capítulo 1 4) Sabendo que o gráfico a seguir é de uma função polino- mial do 1° grau (afim) do tipo y=ax+b, representada pela reta que passa pelos pontos M e N, determine os valores de a e b: Resolução Tendo em vista que os pontos M e N estão sobre a reta que representa a função afim, queremos determinar o coeficiente angular a e o coeficiente linear b. Para isso, montamos o seguinte sistema com as variáveis a e b: (0,6) → 6=a(0)+b b=6 (4,-2) → -2=a(4)+b 4a+b=-2{ ⇒ ⇒ a=-2,b=6 Com isso, a expressão da função afim representada pela reta que passa nos pontos M e N é: y=-2x+6. y 4 x 6 M=(0,6) N=(4,-2)-2 capítulo 1 • 27 ATIVIDADES 1) (UERJ 2014) O reservatório A perde água a uma taxa constante de 10 litros por hora, enquanto o reservatório B ganha água a uma taxa constante de 12 litros por hora. No gráfico, estão representados, no eixo y, os volumes, em litros, da água contida em cada um dos reservatórios, em função do tempo, em horas, representado no eixo x. y x 720 B A 60 x0 Determine o tempo x0 em horas, indicado no gráfico. 2) (Unicamp 2013) A numeração dos calçados obedece a padrões distintos, conforme o país. No Brasil, essa numeração varia de um em um, e vai de 33 a 45, para adultos. Nos Estados Unidos, a numeração varia de meio em meio, e vai de 3,5 a 14 para homens e de 5 a 15,5 para mulheres. a) Considere a tabela abaixo. Numeração brasileira (t) Comprimento do calçado (x) 35 23,8 cm 42 27,3 cm Suponha que as grandezas estão relacionadas por funções afins t(x) = ax + b para a numeração brasileira e x(t) = ct + d para o comprimento do calçado. Encontre os valores dos parâmetros a e b da expressão que permite obter a numeração dos calçados brasileiros, em termos do comprimento, ou os valores dos parâmetros c e d da expressão que fornece o comprimento em termos da numeração. b) A numeração dos calçados femininos, nos Estados Unidos, pode ser estabelecida de maneira aproxima- da pela função real f definida por f(x) = 5(x–20) 3 , em que x é o comprimento do calçado em centímetros. Sabendo que a numeração dos calçados nk forma uma progressão aritmética de razão 0,5 e primeiro termo n1 = 5, em que nk = f (ck ), com k natural, calcule o comprimento c5. 3) (UFRN 2013) Uma empresa de tecnologia desenvolveu um produto do qual, hoje, 60% das peças são fabricadas no Brasil, e o restante é importado de outros países. Para aumentar a participação brasileira, essa empresa investiu em pesquisa, e sua meta é, daqui a 10 anos (considere que o ano de partida seja o de 2012), produzir, no Brasil, 85% das peças empregadas na confecção do produto. Com base nesses dados e admitindo-se que essa porcentagem varie linearmente com o tempo contado em anos, o percentual de peças brasileiras, na fabricação desse produto, será superior a 95% a partir de: a) 2027 b) 2026 c) 2028 d) 2025 28 • capítulo 1 4) (UFMG 2013) A fábula da lebre e da tartaruga do, escritor grego Esopo, foi recontada com uso do gráfico abaixo para descrever os deslocamentos dos animais. Distância (m) Tempo (min.) 200 150 100 50 5 240 245 Suponha que, na fábula, a lebre e a tartaruga apostam uma corrida, em uma pista de 200 metros de comprimento. As duas partem do mesmo local no mesmo instante. A tartaruga anda sempre com velo- cidade constante. A lebre corre por 5 minutos, para, deita e dorme por certo tempo. Quando desperta, volta a correr com a mesma velocidade constante de antes, mas, quando completa o percurso, percebe que chegou 5 minutos depois da tartaruga. Considerando essas informações, a) Determine a velocidade média da tartaruga durante esse percurso, em metros por hora. b) Determine após quanto tempo da largada a tartaruga alcançou a lebre. c) Determine por quanto tempo a lebre ficou dormindo. 5) (UEL 2013) Na cidade A, o valor a ser pago pelo consumo de água é calculado pela companhia de saneamento, conforme mostra o quadro a seguir. Quantidade de água consumida (em m³) Valor a ser pago pelo consumo de água (em R$) Até 10 R$18,00 Mais do que 10 R$18,00 + R$2,00 por m³ que excede 10m³ Na cidade B, outra companhia de saneamento determina o valor a ser pago pelo consumo de água por meio da função cuja lei de formação é representada algebricamente por: 17 se x ≤ 10 2,1x-4 se x > 10{B(x) = Aqui x representa a quantidade de água consumida (em m³) e B(x) representa o valor a ser pago (em reais). a) Represente algebricamente a lei de formação da função que descreve o valor a ser pago pelo consumo de água na cidade A. b) Para qual quantidade de água consumida, o valor a ser pago será maior na cidade B do que na cidade A? capítulo 1 • 29 6) (UFSM 2013 - Adaptado) Os aeroportos brasileiros serão os primeiros locais que muitos dos 600 mil turistas estrangeiros, estimados para a Copa do Mundo FIFA 2014, conhecerão no Brasil. Em grande partedos aeroportos, estão sendo realizadas obras para melhor receber os visitantes e atender a uma forte de- manda decorrente da expansão da classe média brasileira. Passageiros (em milhões) Ano 2010 4,0 6,7 7,2 8,0 2014 C D O gráfico mostra a capacidade (C), a demanda (D) de passageiros/ano, em 2010, e a expectativa/projeção para 2014 do Aeroporto Salgado Filho (Porto Alegre, RS), segundo dados da lnfraero — Empresa Bra- sileira de lnfraestrutura Aeronáutica. De acordo com os dados fornecidos no gráfico, o número de passagei- ros/ano, quando a demanda (D) for igual à capacidade (C) do terminal, será, aproximadamente, igual a: a) sete milhões, sessenta mil e seiscentos b) sete milhões, oitenta e cinco mil e setecentos c) sete milhões, cento e vinte e cinco mil d) sete milhões, cento e oitenta mil e setecentos e) sete milhões, cento e oitenta e seis mil 7) (Unicamp 2013) Em 14 de outubro de 2012, Felix Baumgartner quebrou o recorde de velocidade em queda livre. O salto foi monitorado oficialmente e os valores obtidos estão expressos de modo aproximado na tabela e no gráfico abaixo. Tempo (segundos) 0 1 2 3 4 Velocidade (km/h) 0 35 70 105 140 Supondo que a velocidade continuasse variando de acordo com os dados da tabela, encontre o valor da velocidade, em km/h, no 30º segundo. 8) (ESPCEX AMAN 2013) Na figura abaixo, está representado o gráfico de uma função real do 1º grau f(x). y 1 2 x A expressão algébrica que define a função inversa de f(x) é: a) y= x 2 +1 b) y=x+ 1 2 c) y=2x-2 d) y=-2x+2 e) y=2x+2 30 • capítulo 1 9) (Unioeste 2013) Uma empresa de telefonia celular possui somente dois planos para seus clientes optarem entre um deles. No plano A, o cliente paga uma tarifa fixa de R$27,00 e mais R$0,50 por minuto de qualquer ligação. No plano B, o cliente paga uma tarifa fixa de R$35,00 e mais R$0,40 por minuto de qualquer ligação. É correto afirmar que, para o cliente: a) com 50 minutos cobrados, o plano B é mais vantajoso que o plano A. b) a partir de 80 minutos cobrados, o plano B é mais vantajoso que o plano A. c) 16 minutos de cobrança tornam o custo pelo plano A igual ao custo pelo plano B. d) o plano B é sempre mais vantajoso que o plano A, independente de quantos minutos sejam cobrados. e) o plano A é sempre mais vantajoso que o plano B, independente de quantos minutos sejam cobrados. 10) (G1 - CFTMG 2013) Os preços dos ingressos de um teatro, nos setores 1, 2 e 3, seguem uma função polinomial do primeiro grau crescente com a numeração dos setores. Se o preço do ingresso no setor 1 é de R$120,00 e no setor 3 é de R$400,00, então o ingresso no setor 2, em reais, custa: a) 140 b) 180 c) 220 d) 260 11) (G1 - CFTMG 2013) Um experimento da área de Agronomia mostra que a temperatura mínima da superfície do solo t(x), em °C, é determinada em função do resíduo x de planta e biomassa, na superfície, em g/m2, conforme registrado na tabela seguinte. x (g/m²) 10 20 30 40 50 60 70 t(x) (°C) 7,24 7,30 7,36 7,42 7,48 7,54 7,60 Analisando os dados acima, é correto concluir que eles satisfazem a função: a) y = 0,006x + 7,18 b) y = 0,06x + 7,18 c) y = 10x + 0,06 d) y = 10x + 7,14 12) (UPE 2013) Um dos reservatórios d’água de um condomínio empresarial apresentou um vazamento a uma taxa constante, às 12h do dia 1º de outubro. Às 12h dos dias 11 e 19 do mesmo mês, os volumes d´água no reservatório eram, respectivamente, 315 mil litros e 279 mil litros. Dentre as alternativas seguin- tes, qual delas indica o dia em que o reservatório esvaziou totalmente? a) 16 de dezembro b) 17 de dezembro c) 18 de dezembro d) 19 de dezembro e) 20 de dezembro capítulo 1 • 31 13) (G1 - IFSP 2013) Andando de bicicleta a 10,8 km/h, Aldo desloca-se da livraria até a padaria, enquan- to Beto faz esse mesmo trajeto, a pé, a 3,6 km/h. Se ambos partiram no mesmo instante, andando em velo- cidades constantes, e Beto chegou 10 minutos mais tarde que Aldo, a distância, em metros, do percurso é: a) 720 b) 780 c) 840 d) 900 e) 960 14) (Insper 2013) Num restaurante, localizado numa cidade do nordeste brasileiro, são servidos diversos tipos de sobremesas, dentre os quais sorvetes. O dono do restaurante registrou, numa tabela, as tempe- raturas médias mensais, na cidade, para o horário do jantar e a média diária de bolas de sorvete servidas como sobremesa no período noturno. Mês JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Temperatura média mensal (graus Cel- sius) 29 30 28 27 25 24 23 24 24 28 30 29 Bolas de sorvete 980 1000 960 940 900 880 860 880 880 960 1000 980 Ao analisar as variáveis da tabela, um aluno de Administração, que fazia estágio de férias, no restaurante, per- cebeu que poderia estabelecer uma relação do tipo sendo x a temperatura média mensal e y a média diária de bolas vendidas no mês correspondente. Ao ver o estudo, o dono do restaurante fez a seguinte pergunta: “É possível, com base nessa equação, saber o quanto aumentam as vendas médias diárias de sorvete caso a temperatura média do mês seja um grau maior do que o esperado?” Das opções abaixo, a resposta que o estagiário pode dar, baseando-se no estudo que fez é: a) Não é possível, a equação só revela que quanto maior a temperatura, mais bolas são vendidas. b) Não é possível, pois esse aumento irá depender do mês em que a temperatura for mais alta. c) Serão 20 bolas, pois esse é o valor de a na equação. d) Serão 20 bolas, pois esse é o valor de b na equação. e) Serão 400 bolas, pois esse é o valor de a na equação. 32 • capítulo 1 GABARITO COMENTADO 1) De acordo com as informações do problema, temos: yA=720-10x yB=60+12x Lembre-se que a representa a taxa de variação. O valor x0 indicado, no gráfico, é o valor de x quando yA = yB , ou seja: 720-10x=60+12x -22x=-660 x=30 Logo, x0 = 30 horas 2) a) t(x) = ax + b 27,3a + b = 42 23,8a + b = 35{ Resolvendo o sistema, temos: a = 2 e b = –12,6. Logo t(x) = 2x – 12,6. Agora escrevendo x em função de t, temos: x(t) = 0,5t + 6,3, portanto c = 0,5 e t = 6,3. b) f(x)= 5(x–20) 3 n1 = 5, n2 = 5,5, n3 = 6, n4 = 6,5 e n5 = 7 Fazendo 7= 5(c5-20) 3 , temos: 5c5 – 100 = 21 5 c5 = 121 c5= 24,2 cm 3) Partindo do ano de 2012 (t=0) e sabendo que a variação do percentual com o tempo é linear, considere a função definida por p(t)=at+b em que p(t) afere o percentual de peças fabricadas, no Brasil, daqui a t anos. A taxa de variação da função p é dada por: a= 85-60 10-0 = 5 2 Logo, p(t)=5/2 t+60 capítulo 1 • 33 Os valores de t para os quais o percentual de peças brasileiras, na fabricação do produto, é superior a 95% são tais que: 5 2 t + 60 > 95 ⇔ t > 14 Portanto, o percentual de peças produzidas, no Brasil, superará 95% a partir do ano de 2012+15=2027 Logo, a resposta é alternativa A. 4) a) Velocidade média da tartaruga é o coeficiente angular da reta que representa seu deslocamento. Como essa velocidade deve ser dada em metros por hora, temos que 240min = 4h, então fazemos: a = 200 – 04 – 0 = 2004 = 50 b) A posição y da tartaruga (m) em função do tempo x (minutos) é: T(t)=50t A tartaruga se encontra com a lebre quando ambas estão na posição a 50m da origem: T(t)=50 Isso significa que: 50=50t ⇒ t=1h Portanto, a lebre e a tartaruga se encontrarão 1 hora após o início da corrida. c) As velocidades, nos trechos em que a lebre corre, são iguais, portanto os coeficientes angulares das duas retas são iguais: 200-50 245-t = 50-0 5-0 ⇒ 150 245-t = 10 ⇒ t = 230min (Instante em que a lebre voltou a correr depois que acordou.) Portanto, a lebre ficou dormindo 230 – 5 = 225 min = 3 horas e 45 min. 34 • capítulo 1 5) a) De acordo com a descrição do enunciado: A(x)= 18, x ≤ 10 18+2(x-10), x > 10{ Já o gráfico é dado por: A(x) x 22 18 1012 b) 2,1x - 4 > 18 + (2x-10) 2,1x - 4 > 2x - 2 0,1x > 2 x > 20 O valor a ser pago será maior na cidade B para quantidadessuperiores a 20m³. 6) A função da demanda é dada por: D(x)= 7,2 - 6,7 2014 - 2010 x + bD = 1 8 x + bD Temos que bD ficará determinado quando a reta D(x) passar por um ponto conhecido, por exemplo, (2014, 7,2). Neste caso, temos: 7,2= 1 8 (2014) + bD ⇒ bD = -244,55 Portanto: D(x)= 1 8 x - 244,55 Função da capacidade é dada por: C(x) = 8 – 42014 – 2010 x + bC = x + bC Temos que bC ficará determinado quando a reta C(x) passar por um ponto conhecido, por exemplo, (2014, 8). capítulo 1 • 35 Neste caso, temos: 8 = x + bC ⇒ bC= -2006 Portanto: C(x) = x - 2006 Queremos que C(x) = D(x). Para isso, temos que calcular primeiramente x, como: 1 8 x - 244,55 = x - 2006 ⇒ x = 2013,085 Agora, substituindo x em C(x) ou em D(x) , obtemos: C(2013,085) = 2013,085 - 2006 = 7,085 Isso significa que o número de passageiros é igual a 7,085 milhões. Cuidado para não tomar bD=6,7 em D(x), nem bC=4 em C(x). Lembre-se que coeficientes lineares têm sempre abscissa igual a zero! A resposta é a alternativa B. 7) A partir dos pontos que estão sobre a reta, (0,1) e (-2,0), montamos a expressão da função afim y = x/2 + 1, e sua inversa é tal que: x = y 2 + 1 ⇔ y = 2(x-1) ⇔ f -1(x) = 2x - 2 A resposta é a alternativa C. 8) Preço da ligação do plano A: PA = 27 + 0,5t Preço da ligação do plano B: PB = 35 + 0,4t em que t é o tempo da ligação em minutos. Fazendo PA = PB , temos: 27+0,5t=35+0,4t ⇒ 0,1t=8 ⇒ t=80min Graficamente temos: y x 67 35 27 80 PA PB Analisando o gráfico, concluímos que a partir de 80 minutos cobrados, o plano B é mais vantajoso que o plano A. Logo, a resposta é alternativa B. 36 • capítulo 1 9) Taxa de variação do preço: 400-120 3-1 =140 Temos que o preço do ingresso em cada setor x é dado pela função y = 140 x + b. Para obter o valor de b, substituímos na expressão da função um ponto, por exemplo, (1, 120), e obtemos 120 =140(1) + b, o que implica que b=-20. Portanto, a expressão será y = 140x - 20. Nesse caso, o preço de um ingresso, no setor 2, tem valor y = 260. Logo, a resposta é alternativa D. 10) Considere t(x) = ax + b. Calculando taxa de variação, temos: a = 7,30-7,24 20-10 = 0,006 e t(0) = 7,24 - 10(0,006) = 7,18 Logo, t(x)=0,006x+7,18 Logo, a resposta é alternativa A. 11) Seja o volume de água (em milhares de litros), no reservatório, dado pela função definida por V(t)=at+b após t dias. Sabendo que o gráfico de V passa pelos pontos (11 , 315) e (19 , 279) segue que : a= 279-315 19-11 = - 9 2 Logo, V(11)=315 ⇔ - 9 2 ∙ 11 + b = 315 ⇔ b = 729 2 Queremos calcular t de modo que V(t) = 0. Portanto: -9 2 t + 729 2 = 0 ⇔ t = 81 Como 81=31+30+20 o reservatório esvaziou totalmente no dia 20 de dezembro. Logo, a resposta é alternativa E. capítulo 1 • 37 12) De acordo com os dados do problema, temos: Distância percorrida por Aldo: dA = 10,8t Distância percorrida por Beto: dB = 3,6(t + 9 2 ), pois 10min equivale a 1 6 da hora. Fazendo dA= dB, obtemos 10,8t = 3,6t + 0,6 ⇒ t = 1 12 . Portanto: dA = dB = 10,8 1 12 = 0,9 km = 900 m Logo, a resposta é alternativa D. 13) Da tabela, temos que: JAN FEV 29 30 980 1000 a = ∆y ∆x = 1000-980 30-29 = 20 bolas por °C. Logo, a resposta é alternativa B. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS IEZZI, Gelson; MURAKAMI, Carlos. Fundamentos de Matemática Elementar 1: Conjuntos e Funções. 9. ed. São Paulo: Atual, 2013. LIMA, Elon Lages. Conceituação, Manipulação e Aplicações: Os três componentes do ensino da Matemática. Disponível em: http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/bitstream/handle/mec/20082/pdf/rpm41.pdf. Acesso em: 04 de abr. 2014. PAIVA, Manoel Rodrigues. Moderna Plus Matemática 1. Parte 1. São Paulo: Moderna, 2013. IMAGENS DO CAPÍTULO p. 12 Elon Lages Lima impa. · Wikimedia . dp p. 13 Plimpton 322 Autor desconhecido · Wikimedia . dp 2 Função quadrática ou polinomial do segundo grau marcelo couto 2 40 • capítulo 2 OBJETIVOS 1. Identificar uma função de segundo grau ou quadrática; 2. Definir uma parábola e determinar seus pontos notáveis; 3. Esboçar e analisar o gráfico de uma função quadrática; 4. Identificar o domínio e a imagem de uma função quadrática; 5. Resolver situações-problema envolvendo funções quadráticas; 6. Resolver inequações quadráticas. A função quadrática Estudamos função quadrática desde o Ensino Fundamental, mas, geral- mente, neste segmento, o conteúdo é apresentado como simples aplica- ção de fórmulas. Por isso, chegou o momento de compreender quais as características de uma relação entre duas grandezas de uma situação faz com que ela possa ser modelada por uma função quadrática. Importância da função quadrática A função quadrática modela problemas em muitas áreas, por isso ela ganha tanto destaque. É muito comum, por exemplo, o seu estudo na Geometria, na Física e no Esporte. Dentre as suas aplicações encontramos o lançamento de projéteis, antenas parabólicas e radares, o formato de um farol de automóvel e até de um forno solar. CONCEITO Dizemos que uma função f de ℝ em ℝ é uma função do segundo grau ou quadrática quando associa a cada número real x o número real ax²+bx+c, em que a, b e c são números reais dados, com a≠0. Ainda podemos expressar f por: f:ℝ→ℝ x ↦f(x)=ax²+bx+c. 2 IMAGEM No esporte Na imagem, vemos a análise do movi- mento curvilíneo de uma bola. Estudos como este aproximam a Matemática do esporte e nos ajudam a compreender com mais facilidade o conceito de fun- ção quadrática. Função quadrática ou polinomial do segundo grau capítulo 2 • 41 EXEMPLO Analise estes exemplos: 1. f(x)= – 13 x² + 4 3 x + 5 3 , em que a= – 1 3 , b= 4 3 e c= 5 3 ; 2. f(x)= –2x²+x, em que a= –2, b=1 e c=0; 3. f(x)=x²– 4, em que a=1, b=0 e c= –4; 4. f(x)=x²-4x+3, em que a=1 b=-4 e c=3. Parábola Uma parábola é o lugar geométrico dos pontos do plano que são equidis- tantes de uma reta r e de um ponto F, não pertencente à reta, no plano dado. Por exemplo, na figura, podemos observar que qualquer ponto P da parábola dista igualmente da reta r e do ponto F. r P FL Gráfico de uma função quadrática O gráfico de uma função de segundo grau ou quadrática é uma parábola. Podemos visualizar de forma concreta uma pará- bola, por exemplo, dirigin- do um jato de água de forma oblíqua para cima. CURIOSIDADE Parábola A palavra “parábola” provém do grego e significa “lançar ao longe” e foi o grego Apolônio que descobriu que a parábola é um caso especial de curvas obtidas sec- cionando um cone por um plano, sendo, por isso, chamadas de seções cônicas, incluindo as hipérboles e as elipses. 42 • capítulo 2 Concavidade A parábola pode ter concavidade para cima ou para baixo. Na prática, para determinarmos a concavidade observamos a expres- são da função de segundo grau. Para isso, basta identificar o sinal do coeficiente do termo x2, ou seja, o valor de a na expressão f(x)=ax2+bx+c. a>0 Se a>0, a parábola possui concavidade para cima. a<0 Se a<0, a parábola possui concavidade para cima. EXEMPLO Veja estes exemplos: 0.5 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 f(x)=x²-3x+2 0.5–0.5–1.0–1.5 1.0 1.5 -2 -2 -4 -6 f(x)=-3x²+6 Forma canônica Podemos escrever a função quadrática de uma forma diferente, chama- da forma canônica, que nos será muito útil para a determinação das raí- zes da função do segundo grau. Partindo da expressão de f, obtemos: f(x) = ax² + bx + c = a(x² + b a x + c a ) = a(x² + b a x + b 2 4a2 – b 2 4a2 + c a ) a[(x² + ba x + b24a2 ) – ( b24a2 – ca )]= a[(x + b2a )² – ( b² – 4ac4a² )] COMENTÁRIO Forma canônica Em Matemática, a forma canônica é uma forma simples de apresentar algum objeto matemático, podendo ser uma matriz, uma equação ou uma fórmula. capítulo 2 • 43 Fazendo ∆ = b² – 4ac, dito discriminante do trinômio do segundo grau, obtemos então a forma canônica: f(x) = a[(x + b2a )² – ( ∆ 4a2)] Raízes ou zeros As raízes ou zeros da função de segundo grau são os valores de x que anulam a função f ou, ainda, são os valores reais de x tais que: f(x)=ax²+bx+c=0 Graficamente, as raízes são os pontos onde a parábola corta o eixo dos x. EXEMPLO Seja a função quadrática f(x) = x² – 4x + 3. Pelo gráfico podemos perceber que a função possui duas raízes: x=1 e x=3. 1-1 2 2 4 6 8 3 4 5 COMENTÁRIO Discriminante Não deixe de pesquisar os vídeos da Khan Academy sobre discriminante. Com certeza, eles contribuirão muito para o seu entendimento sobre o assunto. 44 • capítulo 2 Determinação algébrica das raízes da equação do segundo grau Algebricamente, para determinarmos as raízes da equação do segundo grau, utilizamos a forma canônica e o fato de que a≠0: ax²+bx+c=0 a[(x + b2a )² – ( ∆ 4a² )]= 0 (x + b 2a )² – ( ∆ 4a² ) = 0 (x + b 2a )² = ( ∆ 4a² ) x + b 2a = ± ∆ 4a² x + b 2a = ± ∆ 2a x= – b 2a ± ∆ 2a x= b ± ∆2a Esta fórmula é conhecida por Fórmula de Bhaskara. Os três casos de discriminante A existência de raízes reais da função quadrática depende da existência da raiz quadrada do discriminante. Dessa forma, podemos identificar três casos: ∆>0, ∆=0 ou ∆<0. Caso1: ∆>0 Nesse caso, a raiz do discriminante existe, e assim a função quadrática tem duas raízes reais e distintas, a saber: a>0 e Δ>0 x x1= b + ∆ 2a a<0 e Δ>0 x x2= –b – ∆ 2a Observamos que a parábola corta o eixo dos x em dois pontos distintos. CURIOSIDADE Bhaskara Bhaskara II (1114–1185) nasceu na Índia e seguiu a tradição profissional da família de astrólogos, mas com uma mais orientação científica, dedicando- se à parte Matemática e Astronomia. É reconhecido como o mais importante matemático do século XII e último ma- temático medieval importante da Índia. capítulo 2 • 45 Caso 2: ∆=0 Como a raiz quadrada de zero é zero, neste caso, a função quadrática tem duas raízes reais e iguais, a saber: a>0 e Δ=0 x x= –b ± ∆2a a<0 e Δ=0 x x1 = x2 = –b 2a Observamos que a parábola apenas tangencia o eixo dos x. Caso 3: ∆<0 Como a raiz quadrada de um número negativo não é um número real, neste caso, dizemos que a função quadrática não tem raízes reais, já que ∆ ∉ ℝ. a>0 e Δ<0 x a<0 e Δ<0 x Observamos que, a parábola não corta o eixo dos x. EXERCÍCIO RESOLVIDO 1. Determine as raízes reais de f(x) = x² – 3x + 4: Resolução Primeiramente, calculamos: ∆ = b² – 4ac = (–3)² – 4(1)(4) = 9 – 16 = –7 Como ∆<0, f não tem raízes reais. 2. Determine as raízes reais de f(x) = x² – 3x + 2: Resolução Temos ∆ = b² – 4ac = (–3)² – 4(1)(2) = 9 – 8 = 1. Usando a Fórmula de Bhaskara, obtemos as raízes: x= –b ± ∆ 2a = 3 ± 1 2 ={21 46 • capítulo 2 3. Determine os valores de m para que a função de segundo grau f(x) = (m–1) x² + (2m + 3)x + m possua dois zeros reais e distintos: Resolução Para que a função quadrática possua dois zeros reais e distintos, é necessário que ∆>0. Partindo desta condição, temos: ∆ = b² – 4ac = (2m+3)² – 4(m – 1)(m) > 0 4m² + 6m + 9 – 4m² + 4m > 0 10m + 9 > 0 10m > –9 m > – 9 10 Precisamos, além disso, nos assegurar que a função realmente seja de segundo grau. Para isso, o coefi- ciente do termo x² precisa ser diferente de zero (a≠0). Logo, é preciso verificar que m–1 ≠ 0 ⇒ m ≠ 1. Não se esqueça de que o símbolo matemático “⇒” significa “implica em”. Assim, os valores de m procurados são: m > – 9 10 e m≠1. Interseção com o eixo dos y Uma vez que todo ponto localizado em cima do eixo dos y possui abscissa igual a zero, para determinarmos o ponto de interseção da parábola com o eixo dos y precisamos fazer x=0 na função quadrática f(x) = ax² + bx + c, ou seja: f(0) = a0² + b0 + c = c Assim, a parábola interceptará o eixo y em c. EXEMPLO Seja f(x) = x² – 4x + 3. Como c=3, verifica-se que esta parábola intercepta o eixo y em y=3, conforme o gráfico a seguir. 1 1 -1 2 3 4 5 6 7 8 -1 2 3 4 5 capítulo 2 • 47 Máximo e mínimo Teorema Se a<0, a função quadrática y=ax²+bx+c admite valor máximo yM= – ∆ 2a , para xM= – b 2a . Prova Considere a forma canônica da função quadrática: y = a[(x + b2a )² – ( ∆ 4a² )] Queremos determinar o valor de x para que y tenha valor máximo. Como a<0, temos que quanto menor for o valor de (x + b 2a )² – ( ∆ 4a² ), maior será o valor de y. Observamos que – ( ∆ 4a² ) é constante em relação aos valores de x, uma vez que depende so- mente dos valores dos coeficientes a, b e c, e não da variável x. Além disso, (x + b 2a )² ≥0,∀x∈ℝ. Assim, precisamos determinar o menor valor que (x + b 2a )² – ( ∆ 4a² ) pode assumir. Isso acontecerá quando (x + b 2a )² = 0, ou ainda, quando: x + b 2a = 0 ⇒ x=– b 2a Este valor é, portanto, o valor de x para o qual o valor da função y é o maior possível, o máximo. Vamos denotar esse valor de x por xM. Para determinar qual o valor máximo da função, yM , basta substituirmos xM=– b 2a na forma canônica da função quadrática: y = a[(x + b2a )² – ( ∆ 4a² )] yM = f(xM ) = a[(– b2a + b2a )² – ( ∆ 4a² )] yM = a[0 – ( ∆ 4a² )] yM = a[– ∆ 4a² ] yM = – ∆ 4a ■ O gráfico a seguir ilustra o ponto de máximo da parábola, XM , e o valor máximo correspondente YM. XM YM Valor Máximo Ponto de Máximo x y V 48 • capítulo 2 Teorema Se a>0, a função quadrática y=ax²+bx+c admite valor mínimo yM=– ∆ 4a , para xM=– b 2a . Prova Considere a forma canônica da função quadrática: y = a[(x + b2a )² – ( ∆ 4a² )] Como a>0, temos que quanto menor for o valor de (x + b 2a )² – ( ∆ 4a² ), menor será o valor de y. Observamos que – ( ∆ 4a² ) é constante, uma vez que depende somente dos valores dos coeficientes a, b e c, e não da variável x. Além disso, (x + b 2a )² ≥ 0, ∀ x ∈ ℝ. Assim, precisamos determinar o menor valor que (x + b 2a )² – ( ∆ 4a² ) pode assumir. Isso acontecerá quando (x + b 2a )²=0, ou ainda, quando: x + b 2a = 0 ⇒ x=– b 2a Este valor é, portanto, o valor de x para o qual o valor da função y é o menor possível, o mínimo. Vamos denotar esse valor por xM. Para determinar qual o valor mínimo da função, basta substituirmos xM=– b 2a na forma canônica da função quadrática: y = a[(x + b2a )² – ( ∆ 4a² )] yM = f(xM ) = a[(– b2a + b2a )² – ( ∆ 4a² )] yM = a[0 – ( ∆ 4a² )] yM = a[– ∆ 4a² ] yM = – ∆ 4a ■ O gráfico a seguir ilustra o ponto de mínimo da parábola XM e o valor mínimo correspondente YM. XM YMValor Mínimo Ponto de Mínimo x y V capítulo 2 • 49 EXERCÍCIO RESOLVIDO (ENEM 2000) Um boato tem um público alvo e alastra-se com determinada rapidez. Em geral, essa rapi- dez é diretamente proporcional ao número de pessoas desse público que conhece o boato e diretamente proporcional também ao número de pessoas que não o conhece. Em outras palavras, sendo R a rapidez de propagação, P o público-alvo e x o número de pessoas que conhece o boato, tem-se: R(x) = kx(P–x), em que k é uma constante positiva característica do boato. Considerando o modelo acima descrito, se o público-alvo é de 44000 pessoas, então a máxima rapidez de propagação ocorrerá quando o boato for conhecido por um número de pessoas igual a: (a) 11000 (b) 22000 (c) 33000 (d) 38000 (e) 44000 Resolução Como o público-alvo é de 44000 pessoas, temos P=44000. Substituindo o valor de P em R(x) = kx (P–x), temos R(x) = kx(44000–x) = –kx² + 44000kx. Como k é uma constante positiva, o coeficiente de x² em R é negativo. Portanto, o valor máximo de propa- gação R será alcançado quando o número de pessoas x corresponder ao ponto de máximo de R. Assim, sabemos que o ponto de máximo é: xM = – b 2a = – 44000k 2(–k) = 22000 Logo, a resposta é a letra b. Vértice Você deve ter notado no exercício resolvido que o ponto de máximo tem a mesma fórmula do ponto de mínimo, assim como a fórmula do valor máximo é igual à fórmulado valor mínimo. Vamos ver a explicação para isso a seguir. Chamamos por vértice da parábola o ponto V=(– b 2a ,– ∆ 2a ) associado à função quadrática y=ax²+bx+c. O gráfico da função quadrática possui um eixo de sime- tria que passa pelo vértice da parábola e é perpendicular ao eixo dos x. O eixo de simetria funciona como um espelho, di- vidindo a parábola em duas partes. O ponto de máximo tem a mesma fórmula do ponto de mínimo, assim como a fórmula do valor máximo é igual à fórmula do valor mínimo. 50 • capítulo 2 Analise os gráficos: x y Eixo de Simetria ∆ 4a b 2a V 0 x y Eixo de Simetria ∆ 4a b 2a V ( 0 , ) EXERCÍCIO RESOLVIDO 1. Determine os intervalos onde a função f(x)=–x²+x+2 é crescente e decrescente: Resolução Como a = –1, sabemos que a concavidade de f é para baixo, sendo o vértice o ponto que delimitará a mudança da inclinação da parábola: xV = – b 2a = – 1 2(–1) = 0,5 Esboçando o gráfico da função, percebemos que a função é crescente para os valores de x menores que 0,5 e será decrescente para os valores de x maiores de 0,5. 1 1 2 3 V (0,5 , 2,25) Intervalo de crescimento y x –1 –1 –2 –3 –2–3 2 1 1 2 3 V (0,5 , 2,25) Intervalo de crescimento y x –1 –1 –2 –3 2 3 4 capítulo 2 • 51 2. (ENEM 2013) A temperatura T de um forno (em graus centígrados) é reduzida por um sistema a partir do instante de seu desligamento (t = 0) e varia de acordo com a expressão T(t)= – t 2 4 + 400, com t em minutos. Por motivos de segurança, a trava do forno só é liberada para abertura quando o forno atinge a temperatura de 39°C. Qual o tempo mínimo de espera, em minutos, após se desligar o forno, para que a porta possa ser aberta? (a) 19,0 (b) 19,8 (c) 20,0 (d) 38,0 (e) 39,0 Resolução Lembre-se que a trava do forno só é liberada para abertura quando o forno atinge a temperatura de 39°C. As- sim, o tempo mínimo de espera, em minutos, após se desligar o forno será quando a temperatura atingir os 39°C. Substituindo T = 39 na expressão da temperatura do forno, temos: T(t) = – t 2 4 + 400 39 = – t 2 4 + 400 t2 4 = – 39 + 400 = 361 t² = 361 . 4 = 1444 t = 38 Portanto, a resposta é a letra d. Imagem Seja a função quadrática f(x) = ax²+bx+c. Se a concavidade da parábola é para cima, ou seja, a>0, o menor valor de y corresponde à ordenada do vértice da parábola. A imagem da função, quando a>0, será Im(f)=[– ∆ 4a² , + ∞ [ Analogamente, no caso em que a<0, o maior valor de y corresponde à ordenada do vér- tice da parábola, e, portanto, a imagem da função será: Im(f)=]– ∞ , – ∆ 4a² ] 52 • capítulo 2 EXEMPLO Seja f(x) = x² – 4x + 3. Como a=1>0, o menor valor de y é dado por: yV=– ∆ 4a² = – b² - 4ac 4a = (-4)² - 4(1)(3) 4(1) = –1 Nesse caso, Im(f) = [–1,+∞[, como vemos no gráfico: 1 1 –1 2 3 2 3 4 ∆ = 4a Seja f(x)=– 13 x²+ 4 3 x + 5 3 . Temos que a=– 1 3 <0, então o menor valor de y é dado por: yV=– ∆ 4a² = – ( 4 3 )² – 4(– 1 3 )( 5 3 ) 4(– 1 3 ) = 3 Portanto, Im(f)= ]– ∞ , 3], como pode ser visto no gráfico: 1 –1 –2 2 3 2–2 4 6 ∆ = 4a capítulo 2 • 53 Soma e produto das raízes Como vimos, as raízes da função de segundo grau f(x)=ax²+bx+c são: x1= –b + ∆ 2a e x2= –b – ∆ 2a A soma das raízes desta função de segundo grau é dada por: S = x1 + x2 = –b + ∆ 2a + –b – ∆ 2a = –b + ∆ –b – ∆ 2a = –2b 2a = – b a ou S = – b a Já o produto das raízes desta função de segundo grau é dado por: P = x1.x2 =( –b + ∆ 2a ).( –b – ∆ 2a )= (–b + ∆).(–b – ∆) 4a² = (–b)² – ∆ 4a² = b²–b²+4ac 4a² = 4ac 4a² = c a ou P = c a EXEMPLO (ENEM 2010) Nos processos industriais, como na indústria de cerâmica, é necessário o uso de fornos ca- pazes de produzir elevadas temperaturas e, em muitas situações, o tempo de elevação dessa temperatura deve ser controlado, para garantir a qualidade do produto final e a economia no processo. Em uma indústria de cerâmica, o forno é programado para elevar a temperatura ao longo do tempo de acordo com a função em que T é o valor da temperatura atingida pelo forno, em graus Celsius, e t é o tempo, em minutos, decorrido desde o instante em que o forno é ligado. T(t)={ 7 5 t + 20 2 125 t²– 16 5 t + 320 para 0≤t<100 para t≥100 Uma peça deve ser colocada nesse forno quando a temperatura for 48°C e retirada quando a tem- peratura for 200°C. O tempo de permanência dessa peça no forno é, em minutos, igual a: (a) 100 (b) 108 (c) 128 (d) 130 (e) 150 54 • capítulo 2 Resolução Temos duas situações: (I) Para 0≤t<100, a função a ser considerada é T(t)= 7 5 + 20 Determinamos a temperatura T para t=0 e T=100, fazendo: T(0) = 7 5 0 + 20 = 20 T(100) = 7 5 100 + 20 = 140 + 20 = 160 Dessa forma, quando 0≤t<100 , teremos 20≤T<160. (II) Para t≥100, a função a ser considerada é T(t)= 2 125 t²– 16 5 t + 320. Precisaremos determinar o valor de t quando a peça for colocada e retirada do forno, de modo que consi- gamos precisar o tempo de permanência dessa peça dentro dele. Quando a temperatura for 48°C, a peça entra no forno. Neste caso, determinamos o valor de t corres- pondente, fazendo: T(t) = 7 5 t + 20 48 = 7 5 t + 20 7 5 t = 48 – 20 = 28 7t=28∙5 t=4∙5=20 min Quando a temperatura for 200°C, determinamos o valor de t, fazendo: T(t)= 2 125 t²– 16 5 t + 320 200= 2 125 t²– 16 5 t + 320 0 = 2 125 t²– 16 5 t + 320 – 200 2 125 t²– 16 5 t + 120 = 0 2t²-(16∙25)t+(120∙125)=0 2t²-400t+15000=0 t²-200t+7500=0 Podemos resolver esta equação de segundo grau utilizando a Fórmula de Bhaskara. Temos que ∆ = (200)² – 4(1)(7500) = 40000 – 30000 = 10000. Então, as raízes são: –(–200) – 10000 2(1) = 200 – 100 2 = 50min –(–200)+ 10000 2(1) = 200 + 100 2 = 150min capítulo 2 • 55 Uma vez que estamos trabalhando com uma temperatura de 200°, sabemos que t≥100. Assim, a peça é retirada do forno no tempo t=150 min. Logo, o tempo de permanência da peça no forno será: 150 – 20 = 130 minutos. A resposta, portanto, é a letra d. Fatoração do trinômio do segundo grau Considerando a função quadrática f(x)=ax²+bx+c, esta pode ser fatorada com o auxílio de suas raízes: f(x)=a(x–x1 )(x–x2 ). De fato, dada f(x)=ax²+bx+c, colocando o coeficiente a em evidência, obtemos: f(x)=a(x²+ b a x+ c a ) (I) Se x1 e x2 são as raízes desta função quadrática, sabemos que: S=x1+x2=– b a P=x1∙x2= c a Então, podemos fatorar f como f(x)=a(x²–Sx+P). Agora, vamos ver outro modo de fatorar f : f(x)=a(x²–(x1+x2)x+(x1∙x2)) f(x)=a(x²–x1 x–x2 x+x1 x2) Colocando x e depois x2 em evidência, obtemos f(x)=a(x(x–x1 )+x2 (x–x1 )). Agora, colocando (x-x1) em evidência, decompomos o trinômio do segundo grau em fa- tores de primeiro grau, utilizando as raízes da equação: f(x)=a(x-x1 )(x-x2 ) ATENÇÃO Podemos ainda escrever a função f(x)=a(x²+ b a x+ c a ) (I) como: f(x)=a(x²+ b a x+ c a ) (I) f(x)=a(x²–(x1+x2 )x+(x1∙x2 )) f(x)=a(x²–Sx+P) Aqui S é a soma das raízes e P o produto. 56 • capítulo 2 EXEMPLO Determine a forma fatorada da função quadrática f(x)=2x²–6x+4: Resolução Precisamos encontrar primeiramente as raízes de f: ∆=b²-4ac=(-6)²-4(2)(4)=36-32=4 x= –b ± ∆ 2a = 6 ± 2 4 ={21 A forma fatorada será, então, f(x)=2(x-2)(x-1). RESUMO Construção do gráfico de uma função de segundo grau 1. Concavidade da parábola: coeficiente a; 2. Onde a parábola corta o eixo dos y: coeficiente c; 3. Pontos em que a parábola intercepta o eixo dos x: raízes; 4. Ponto de mínimo (a > 0), ou máximo (a < 0): vértice V; 5. Eixo de simetria da parábola: reta que passa por V e é paralela ao eixo dos y. EXEMPLO Esboce o gráfico da função f(x)=-x²-4x-3: Resolução 1. Concavidade da parábola - coeficiente a: Como a=-1<0, a concavidade da parábola é voltada para baixo. 2. Onde a parábola corta o eixo dos y - coeficiente c: Como c=-3, a parábola corta o eixo dos y em (0,-3). 3. Pontos em que a parábola intercepta o eixo dos x– raízes: ∆=b²-4ac=(-4)²-4(-1)(-3)=16-12=4 x= –b ± ∆ 2a = 4 ± 2 -2 ={-3-1 4. Como a=-1<0, teremos um ponto de máximo, sendo o vértice: V=−b2a, −∆4a=−(−4)2(−1), −44(−1)=−2, 1 capítulo 2 • 57 Desse modo, o gráfico de f é dado por: –2 –1–2–3–4–5 1 –2 –6 –8 Estudo dos sinais da função quadrática Estudar o sinal de uma função consiste em determinar os intervalos de x nos quais esta função possui imagem positiva (f(x)>0), imagem negativa (f(x)<0) e imagem nula (f(x)=0). O estudo do sinal de uma função quadrática depende da concavidade desta função e a mudança de sinal da função quadrática está intimamente ligada às raízes desta função. RESUMO Podemos resumir o estudo dos sinais de uma função quadrática com o auxílio dos seguintes gráficos: ∆>0 a>0 a<0 ∆<0 ∆=0 y y>0 y>0 y<0 x0 x2x1 y y>0 x0 y y>0y>0 x0 x1=x2 y y<0 x 0 y y<0y<0 x 0 x1=x2y y<0 y<0 y>0 x 0 x2x1 58 • capítulo 2 EXEMPLO Estude o sinal da função quadrática f(x)=x²-4x+3: Resolução Ao montar o gráfico de f, apresentado abaixo, determinamos suas raízes x1=1 e x2=3. Então, verificamos de imediato que f(x)=0, quando x=x1 e x=x2. A imagem de f é positiva, ou seja, f(x)>0, no intervalo x<1 ou x>3. Já a imagem de f é negativa, ou seja, f(x)<0, no intervalo 1<x<3. 1 1 -1 2 3 4 5 6 7 8 -1 2 3 4 5 Repare que, entre as raízes x1=1 e x2=3, o valor da função é negativo (está abaixo do eixo dos x), enquanto para valores de x me- nores e maiores do que as raízes, o valor da função é positivo. EXERCÍCIO RESOLVIDO Resolva a inequação (x²-11x-24) (x²-11x-24) ≥0: Resolução Para resolver esta inequação precisamos estudar o sinal de cada uma das funções envolvidas. São elas: (I) f(x)=x²-6x+5 Temos que a=1>0 e suas raízes são x=1 e x=5. Podemos agora identificar o sinal de imagem de f no esquema a seguir, que tem como orientação o eixo dos x. x2 - 6x + 5 raízes 1 5 + – – – + + (II) g(x)=(x-4) Sabemos que g é uma função linear crescente com raiz x=4. x-4 raízes 4 – – – + + + (III) h(x)=x²-11x-24 Temos que a=1>0 e suas raízes são x=3 e x=8. x2 - 11x + 24 raízes 3 8 + + – – – + capítulo 2 • 59 Como a função h está no denominador, ela não pode assumir valor zero. Assim, as raízes desta equação não podem pertencer à solução. Para analisar a inequação, montamos um quadro com os sinais da imagem das funções f, g e h, e estuda- mos o sinal do produto do numerador junto com o sinal do denominador, lembrando-se de excluir as raízes de h, já que o denominador não pode ser nulo. x2 - 6x + 5 raízes 1 3 4 5 8 + – – – + + x-4 – – – + + + x2 - 11x + 24 + + – – – + inequação – + – + – + Representamos a solução da inequação por: S={x∈ℝ| 1≤x<3}∪{x∈ℝ| 4≤x≤5}∪{x∈ℝ| x>8} Função modular CONCEITO Módulo de um número real Definimos módulo ou valor absoluto de um número real x como: |x| = {-x, x<0 x, x≥0 EXEMPLO 1. |-5|=5 2. | 5 2 |= 5 2 Interpretação geométrica do módulo Na reta numérica, |a| representa a distância do ponto a ou do número a até a origem 0. EXEMPLO |4| é a distância do número 4 até a origem e |-4| é a distância do número -4 até a origem. Note que as distâncias coincidem. -4 0 +4 4 4 60 • capítulo 2 Propriedades de módulo Para todo x,y ∈ ℝ, são válidas as seguintes propriedades de módulo: I. |x| ≥ 0 Prova Como x ∈ ℝ, podemos ter x>0, x=0 ou x<0. Vamos examinar cada um dos casos: • Para x>0, pela definição de módulo, temos que |x|=x>0. • Para x=0, pela definição de módulo, temos que |x|=x=0. • Para x<0, pela definição de módulo, temos que |x|=-x>0. Assim, |x|≥0, para todo x ∈ R. ■ II. |x|=0⇔x=0 Prova Para provarmos um “se e somente se” (⇔), precisaremos provar a “ida” (⇒) e a “volta” (⇐). • (⇒) Provando que |x|=0 ⇒ x=0. Se |x|=0, temos que o ponto x tem distância zero da origem, ou seja, x=0. • (⇐) Provando que x=0 ⇒|x|=0. Se x=0, pela definição de módulo, temos que |x|=x=0. ■ III. |x||y|=|xy| Prova Vamos considerar todos os casos possíveis de sinais de x e y. • Se x≥0 e y≥0, temos que xy≥0. Portanto, da definição de módulo, temos que |x|=x, |y|=y e |xy|=xy. Assim, |x||y|=xy=|xy|. • Se x>0 e y<0, temos que xy<0. Portanto, da definição de módulo, temos que |x|=x, |y|=-y e |xy|=-xy. Assim, |x||y|=-xy=|xy|. • Se x<0 e y<0, temos que xy>0. Portanto, da definição de módulo, |xy|=xy>0,|x|=-x>0 e |y|=-y>0. Assim, |x||y|=(-x)(-y)=xy=|xy|. • Se x<0 e y>0, temos que xy<0. Portanto, da definição de módulo, |xy|=-(xy)>0,|x|=-x>0 e |y|=y>0. Assim, |x||y|=(-x)y=-(xy)=|xy|. • Se x≠0 e y=0, temos que |y|=0 e xy=0. Portanto, |x||y|=0∙|x|=0=|xy|. ■ capítulo 2 • 61 IV. |x|² = x² Prova Da propriedade (III), temos que |x||x|=|x.x|⇒|x|²=|x² |=x², pois x² ≥ 0. ■ V. -|x| ≤ x ≤ |x| Prova • Se x≥0, temos que |x| = x ≥ 0 e -|x| ≤ 0. Assim, -|x| ≤ x = |x| ≤ |x|. • Se x<0, temos que |x| = -x ≥ 0 e -|x| ≤ 0. Assim, -|x| ≤ x ≤ -x = |x| ≤ |x|. ■ VI. |x+y|≤|x|+|y| Prova Da propriedade (IV), temos que |x|²=x². Assim, |x+y|²=(x+y)². Desenvolvendo o produto notável quadrado da soma, obtemos: |x+y|²=(x+y)²=x²+2x∙y+y² Da mesma propriedade (IV), sabemos que |x|²=x²e |y|²=y². Logo: |x+y|²=(x+y)²=x²+2x∙y+y²=|x|²+2x∙y+|y|² No entanto, da propriedade (V), sabemos que x≤|x|, y≤|y|. Ficamos, então, com: |x+y|²=(x+y)²=x²+2xy+y²=|x|²+2x∙y+|y|²≤|x|²+2|x|∙|y|+|y|²=(|x|+|y|)² Assim, |x+y|²≤(|x|+|y|)² ⇒ |x+y|≤|x|+|y|. ■ VII. |x-y| ≥ |x|-|y| Prova Da propriedade (IV), temos que |x|²=x². Assim, |x-y|²=(x-y)². Desenvolvendo o produto notável quadrado da diferença, obtemos: |x-y|²=(x-y)²=x²-2x∙y+y² Da mesma propriedade (IV), |x|²=x² e |y|²=y². Logo: |x-y|²=(x-y)²=x²-2x∙y+y²=|x|²-2x∙y+|y|² No entanto, da propriedade (V), sabemos que -|x|≤x e -|y|≤y. Ficamos então com: |x-y|²=(x-y)²=x²-2xy+y²=|x|²-2x∙y+|y|²≥|x|²-2|x|∙|y|+|y|²=(|x|-|y|)² Assim, |x-y|²≥(|x|-|y|)² ⇒|x-y|≥|x|-|y|. ■ 62 • capítulo 2 CONCEITO Definição de função modular Dizemos que uma função f de ℝ em ℝ é uma função modular quando associa, a cada número real x, o elemento |x|∈ℝ. Ou ainda: f:R→R f(x)=|x| O gráfico da função modular f(x)=|x|, mostrado a seguir, é traçado com o auxílio da definição de módulo de um número real: y = |x| = {-x, x<0 x, x≥0 1 0.5 1 2 1.5 -2-2 2 x y EXEMPLO 1. Vamos construir o gráfico da função f(x)=|x+2|: Processo 1 Utilizando a definição de módulo de um número real: |x+2| = {-(x+2), x+2 < 0 x+2, x+2 ≥ 0 |x+2| = {-x-2, x < -2 x+2, x ≥ -2 1 2 4 5 3 -4 -2-6 2 y x Trata-se de uma função definida por duas sentenças de acordo com o domínio: I. y=-x-2 para x<-2 II. y=x+2 para x≥-2 ou capítulo 2 • 63 Processo 2 Utilizando rebatimento. Podemos esboçar o gráfico sem o módulo e depois rebater a parte negativa, utilizando o eixo x como um “espelho”. 1 -1 -2 -3 -4 2 4 5 3 -4 -2-6 2 y x 1 -1 -2 -3 -4 2 4 5 3 -4 -2-6 2 y x 1 -1 -2 -3 -4 2 4 5 3 -4 -2-6 2 y x 2. Esboce o gráfico da função real definida por f(x)=x+|x+1|: Da definição de módulo, temos: |x+1| = { x+1 se x+1 ≥ 0-(x+1) se x+1 < 0 |x+1| = {x+1 se x ≥ -1-x-1 se x < -1 A função ficará, então: y = x + |x+1| = {x+x+1 se x ≥ -1x-x-1, se x < -1 y = x + |x+1| = {2x+1 se x ≥ -1 -1, se x < -1 Agora, podemos montar o gráfico da função observando as expressões em cada intervalo. -1 1 2 3 -2 -1-3 1 y x ou 64 • capítulo 2 Equações modulares Vamos apresentar dois resultados importantes com relação a equações com funções modulares. Resultado 1 Para b≥0, temos que |x|=b se, e somente se, x=b ou x=-b. Prova • (⇒) Provando que, para b≥0 , |x|=b ⇒ x=b ou x=-b. Para b≥0, suponha que |x|=b. Se x≥0, temos b=|x|=x⇒x= b. Se x<0, temos b=|x|=-x ⇒x= -b. Assim, x=b ou x=-b. • (⇐) Provando que: para b≥0, x=b ou x=-b ⇒|x|=b. Para b≥0, suponha que x=b ou x=-b. Se x=b≥0, então |x|=|b|=b. Se x=-b≤0, então |x|=|-b|=b. Ou seja, |x|=b. ■ EXEMPLO Resolva, em ℝ, a equação modular |2x-1|=7: Do resultado 1 acima, temos que: 2x-1=7 ou 2x-1=-7 2x=7+1 ou 2x=-7+1 2x=8 ou 2x=-6 x=4 ou x=-3 S={-3,4}Resultado 2 Para a,b∈ℝ, |a|=|b| ⇔ a=b ou a=-b. Prova • (⇒) Provando que, para a,b∈ℝ,|a|=|b| ⇒ a=b ou a=-b. Para a,b∈ℝ, suponha que |a|=|b|. Consideremos os casos possíveis para a e b. I. a=0⇒ |a|=|b|=0 ⇒ b=0 e a=0 ⇒ a=b II. b=0 ⇒ |a|=|b|=0 ⇒ a=0 e b=0 ⇒ a=b III. a>0,b>0 e |a|=|b| ⇒ a=b capítulo 2 • 65 IV. a>0 e b<0 ⇒ |a|=|b| ⇒ a=-b V. a<0 e b>0 ⇒ |a|=|b| ⇒ - a=b ⇒ a=-b VI. a<0 e b<0 e |a|=|b| ⇒ - a=-b ⇒ a=b Pudemos verificar que: |a|=|b| ⇒ a=b ou a=-b • (⇐) Provando que, para a,b∈ℝ, a=b ou a=-b ⇒ |a|=|b|. Para a,b∈ℝ, suponha que a=b ou a=-b. Se a=b, então temos que |a|=|b|. Se a=-b , então temos que |a|=|-b|=|(-1)b|=|-1|.|b|=1.|b|=|b|. Note que usamos acima a propriedade (III) do módulo. ■ EXEMPLO Resolva, em R, a equação modular |3x-1|=|2x+3|: Do resultado 2 acima, temos que: 3x-1=2x+3 ou 3x-1=-(2x+3) 3x-1=2x+3 ou 3x-1=-2x-3 3x-2x=3+1 ou 3x+2x=-3+1 x=4 ou 5x=-2 x=4 ou x=-2/5 S={- 2 5 ,4} Inequações modulares Vamos agora ver dois resultados importantes sobre inequações que en- volvem funções modulares. Resultado 1 |x|<a e a>0 ⇔ -a<x<a Prova Considere a>0. Da definição de módulo, temos que |x|=x e |x|=-x, pois depende do sinal de x. Então, segue que: |x|<a ⇔ x<a e -x<a ⇔ x<a e x>-a ⇔ -a<x<a ■ Geometricamente, |x|<a, significa que estamos procurando os valo- res reais x cuja distância até a origem é menor que a, que estão localiza- dos no intervalo indicado em preto. -a 0 -a IDEIA Inequações Não deixe de pesquisar os vídeos da Khan Academy sobre Inequação Modular. Com certeza, eles contribuirão muito para o seu entendimento sobre o assunto. 66 • capítulo 2 EXEMPLO Resolva em ℝ a inequação modular |3x-2|<: Do resultado 1 de inequações modulares, temos que: -4<3x-2<4 -4+2<3x-2+2<4+2 -2<3x<6 - 2 3 <x< 6 3 - 2 3 <x<2 S={x∈R | - 2 3 <x<2} Resultado 1 |x|>a e a>0 ⇔ x<-a ou x>a Prova Considere a>0 Segue que: |x|>a>0 ⇔ x>a ou -x>a ⇔ x>a ou x<-a ⇔ x<-a ou x>a ■ Geometricamente, note que |x|>a significa que estamos procurando os valores reais x cuja distância até a origem é maior que a, que estão localizados nos intervalos indicados em preto. -a 0 -a EXEMPLO Resolva em ℝ a inequação modular |2x-1|>3: Do resultado 2 de inequações modulares, temos que: 2x-1<-3 ou 2x-1>3 2x<-3+1 ou 2x>3+1 2x<-2 ou 2x>4 x<-1 ou x>2 S={x∈ℝ | x<-1,x>2 } capítulo 2 • 67 ATIVIDADE 1. (UERJ 2009) Uma bola de beisebol é lançada de um ponto 0 e, em seguida, toca o solo nos pontos A e B, conforme representado no sistema de eixos ortogonais: y(m) x(m) 0 C D A 35 B Durante sua trajetória, a bola descreve duas parábolas com vértices C e D. A equação de uma dessas parábolas é y= -x² 75 + 2x 5 . Se a abscissa de D é 35 m, a distância do ponto 0 ao ponto B, em metros, é igual a: (a) 38 (b) 40 (c) 45 (d) 50 2. (UERJ 2008) Os gráficos I e II representam as posições S de dois corpos em função do tempo t. 0 t1 V1h S (m et ro s) t (segundos) 0 2t1 V2h S (m et ro s) t (segundos) No gráfico I, a função horária é definida pela equação S=a1t² + b1t e, no gráfico II, por S=a2t² + b2t. Admita que V1 e V2 são, respectivamente, os vértices das curvas traçadas nos gráficos I e II. Assim, a razão a1 a2 é igual a: (a) 1 (b) 2 (c) 4 (d) 8 68 • capítulo 2 3. (UERJ 2001) A figura mostra um anteparo parabólico que é representado pela função f(x)=- 3 3 x² + 2 3x. Uma bolinha de aço é lançada da origem e segue uma trajetória retilínea. Ao incidir no vértice de anteparo é refletida e a nova trajetória é simétrica à inicial, em relação ao eixo da parábola. f(x) x 0 α O valor do ângulo de incidência corresponde a: (a) 30º (b) 45º (c) 60º (d) 75º 4. (PUC–SP) Uma bola é largada do alto de um edifício e cai em direção ao solo. Sua altura h em relação ao solo, t segundos após o lançamento, é dada pela expressão h=-25t²+625. Após quantos segundos do lançamento a bola atingirá o solo? 5. (PUC–Campinas) A trajetória de um projétil foi representada no plano cartesiano por y= -x² 64 + x 16 , com uma unidade representando um quilômetro. Determine a altura máxima que o projétil atingiu. 6. (UERJ 2007) A foto abaixo mostra um túnel cuja entrada forma um arco parabólico com base AB = 8m e altura central OC = 5,6m. Observe, na foto, um sistema de coordenadas cartesianas ortogonais, cujo eixo horizontal Ox é tangente ao solo e o vertical Oy representa o eixo de simetria da parábola. y xA B C d x1 2,45 0 Ao entrar no túnel, um caminhão com altura AP igual a 2,45m, como ilustrado a seguir, toca sua extremidade P em um determi- nado ponto do arco parabólico. Calcule a distância do ponto P ao eixo vertical 0y: A P 2, 45 m capítulo 2 • 69 7. (UERJ) Numa partida de futebol, no instante em que os raios solares incidiam perpendicularmente so- bre o gramado, o jogador “Chorão” chutou a bola em direção ao gol, de 2,30m de altura interna. A sombra da bola descreveu uma reta que cruzou a linha do gol. A bola descreveu uma parábola e quando começou a cair da altura máxima de 9 metros, sua sombra se encontrava a 16 metros da linha do gol. x y 9m 16m 2,3m Após o chute de “Chorão”, nenhum jogador conseguiu tocar na bola em movimento. A representação gráfica do lance em um plano cartesiano está sugerida na figura. A equação da parábola era do tipo S=- x² 36 +c. O ponto onde a bola tocou pela primeira vez foi: (a) na baliza (b) atrás do gol (c) dentro do gol (d) antes da linha do gol 8. (ENADE 2011) Em um jogo de futebol, um jogador irá bater uma falta diretamente para o gol. A falta é batida do ponto P, localizado a 12 metros da barreira. Suponha que a trajetória da bola seja uma parábola, com ponto de máximo em Q, exatamente acima da barreira, a 3 metros do chão, como ilustra a figura abaixo. x y 0 3 QGol Posição da FaltaParábola Barreira 8 12 P Sabendo-se que o gol está a 8 metros da barreira, a que altura está a bola ao atingir o gol? 9. (UFRJ 2005) Durante o ano de 1997 uma empresa teve seu lucro diário L dado pela função L(x)=50(|x -100|+|x-200|), em que x=1,2,…,365 corresponde a cada dia do ano e L é dado em reais. Determine em que dias (x) do ano o lucro foi R$10.000,00. 70 • capítulo 2 GABARITO 1. As raízes de y= -x² 75 + 2x 5 são x=0 e x=30. Podemos resolver utilizando a Fórmula de Bhaskara ou fatorando a expressão: y=0 ⇒ -x² 75 + 2x 5 = 0 ⇒ -x 5 ( x 15 -2) = 0 Assim, temos que: -x 5 = 0 ⇒ x = 0 ou x 15 -2 = 0 ⇒ x 15 = 2 ⇒ x = 30 Isso implica que a equação dada se refere à parábola de raízes em 0 e em A, sendo a abscissa do ponto A igual a 30. Sabemos que os pontos A e B são simétricos em relação ao eixo que passa no vértice D. Como a distância do ponto A à abscissa do vértice D mede 5m, então a abscissa do ponto B será igual a 40m. Logo, a resposta é a letra b. 2. Podemos escrever as funções S1(t) = a1t² + b1t e S2(t) = a2t² + b2t em suas formas fatoradas. Sabemos que as raízes de S1 são 0 e t1, enquanto que as raízes de S2 são 0 e 2t1: S1(t) = a1t² + b1t = a1t(t-t1) S2(t) = a2t² + b2t = a2t(t-2t1) Lembrando que a abscissa do vértice de uma quadrática está sobre o eixo de simetria da parábola, segue que as abscissas de V1 e V2 são, respectivamente, t1 2 e t1, e ambos os vértices possuem a mesma ordenada h. Dessa forma, podemos dizer que: S1 ( t1 2 ) = S2 (t1) = h a1 t1 2 ( t1 2 -t1 ) = a2t1 (t1-2t1) a1 ( t1 2 )(- t1 2 ) = a2(t1)(-t1) a1 ( t1 2 )² = a2 (t1)² a1 4 = a2 ⇒ a1 a2 = 4 Logo, a resposta é a letra c. capítulo 2 • 71 3. Repare que o coeficiente c na função f é nulo. Precisamos determinar as coordenadas do vértice da parábola (xV, yV): xV = -b 75 = - 2 3 2(- 3 3 ) = (- 3)(- 3 3 ) = 3 yV= -∆ 4 =- (2 3)² – 4(- 3 3 ) (0) 4(- 3 3 ) = – (2 3)² 4(- 3 3 ) =– 12 4(- 3 3 ) = 3(– 3 3 )= 9 3 3 3 =3 3 Da figura: tgα = cateto oposto cateto adjacente = xV yV = 3 3 3 = 1 3 =
Compartilhar