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G. M. C. OTÁVIO; V. M. S. DAMASCENO & T. N. LEMOS Oral Sci 2014;6(2):10-17 10 Importância do Conceito de Medicina Periodontal na Integralidade da Assistência à Saúde OTÁVIO, Geovanna Macedo da Cruz; DAMASCENO, Vítor da Motta Souto; LEMOS, Tatyana Nunes. Importância do Conceito de Medicina Periodontal na Integralidade da Assistência à Saúde. Oral Sci., Jul/Dez. 2014, vol. 6, nº 2, p. 10-17. RESUMO: As doenças periodontais compreendem um grande número de infecções e condições inflamatórias originadas da interação dos biofilmes supragengival e subgengival com a resposta inflamatória do hospedeiro. Atualmente, o termo Medicina Periodontal vem sendo difundido entre os profissionais de saúde ao se comprovar que há correlação entre a saúde bucal e a saúde geral do paciente. O objetivo principal dessa revisão de literatura é destacar a importância da abordagem multi e interdisciplinar no tratamento de pacientes periodontais. Os autores concluíram que a Medicina Periodontal é uma abordagem atual da influência entre doenças periodontais e sistêmicas. Muitas doenças e condições sistêmicas podem interferir com a condição periodontal, da mesma forma que as doenças periodontais também influenciam as condições sistêmicas. Assim, há a necessidade de orientar os profissionais de saúde no intuito de ampliar a visão de sua especialidade para uma abrangência holística de assistência em saúde, tanto no aspecto preventivo como nas abordagens terapêuticas. PALAVRAS-CHAVE – Medicina Periodontal. Fatores de risco. Programa de saúde preventivo. Introdução As doenças periodontais compreendem um grande número de infecções e condições inflamatórias originadas da interação dos biofilmes supragengival e subgengival com a resposta inflamatória do hospedeiro (1). A presença do biofilme bacteriano, de microrganismos que o compõem e de seus produtos tóxicos induzem a uma resposta inflamatória (2). Primariamente, a resposta imune é ativada com o intuito de proteção, mas poderá resultar em destruição tecidual devido à liberação de vários mediadores químicos. A progressão e a gravidade da destruição periodontal dependerão do balanço entre a virulência dos microrganismos e a resposta imune do hospedeiro (3). Atualmente, o termo Medicina Periodontal vem sendo difundido entre os profissionais de saúde, ao se comprovar que há correlação entre a saúde bucal e a saúde geral do paciente. O desafio é entender o significado clínico da Medicina Periodontal e como isso pode ser incorporado de forma eficaz na clínica diária. Uma variedade de fatores e condições podem interferir e modular a relação entre o biofilme bacteriano e a resposta do hospedeiro. Dentre esses, os mais estudados são o diabetes (4) e tabagismo (5). Além desses, podemos citar a correlação entre doença periodontal e aterosclerose (6), complicações na gravidez (7), leucemia (8), obesidade (9), doenças nos rins (10), linfoma (11, 12) e mudanças hormonais (13). Objetivo O objetivo principal desse estudo é destacar a importância da abordagem multi e interdisciplinar no tratamento de pacientes periodontais. Tem como objetivos secundários: consolidar a Medicina Periodontal como um novo paradigma no processo saúde-doença e abordar as principais condições sistêmicas que têm correlação com a doença periodontal. LITERATURE REVIEW Geovanna Macedo da Cruz OTÁVIO1 Vítor da Motta Souto DAMASCENO2 Tatyana Nunes LEMOS3 1 Aspirante do Curso de Habilitação de Oficiais de Saúde- 2014/PMDF. Graduada em Odontologia, Unifran, Franca- SP. Especialista em Periodontia, FORP/USP, Ribeirão Preto -SP. Especialista em Implantodontia, ABO- Taguatinga, Brasília- DF. 2 Aspirante do Curso de Habilitação de Oficiais de Saúde – 2014/ PMDF. Graduado em Odontologia, UnB, Brasília- DF, Especialista em Endodontia- FOP/UNICAMP, Piracicaba-SP, Especialista em Odontologia do Trabalho, FSLMandic, Campinas-SP. 3 Graduada em História, UFES, Mestre em História Social das Relações Políticas, UFES, Assessora Pedagógica da PMDF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . Recebido. 16 de fevereiro de 2015 Aceito. 17 de dezembro de 2015 Correspondência: Geovanna Macedo da Cruz Otávio. Instituto Superior de Ciências Policias, Curso de Habilitação de Oficiais de Saúde, Setor de Áreas Isoladas Sudeste, SAISO Área Especial , Asa Sul, Brasília , DF, Brasil, CEP: 70610-200. E-mail: geovannamc@icloud.com Importância do Conceito de Medicina Periodontal na Integralidade da Assistência à Saúde Oral Sci 2014;6(2):10-17 11 Material e Método O trabalho desenvolvido trata-se de uma revisão de literatura. A busca bibliográfica foi realizada na plataforma eletrônica Pubmed. Revisão de Literatura Nos últimos anos, a correlação entre doenças bucais e sistêmicas tem sido estudada de forma exaustiva. Os pesquisadores têm investigado os mecanismos pelos quais as bactérias presentes no meio bucal contribuem para uma infecção sistêmica (14). Numerosos estudos epidemiológicos avaliaram a associação de doenças bucais e uma série de condições, incluindo: aterosclerose (15), diabetes (16), obesidade (17), leucemia (18), intercorrências na gravidez (19) e tabagismo (20). Diabetes O Diabetes Mellitus (DM) é uma desordem de origem endócrina que provoca inúmeras alterações de ordem sistêmica. Caracteriza-se por estado constante de hiperglicemia com distúrbio no metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas devido a uma deficiência na secreção ou ativação da insulina (21). A Doença Periodontal (DP) é considerada a sexta complicação mais comum do DM (22). A relação entre as duas patologias é bidirecional. Um alto nível de destruição periodontal coexiste em um meio de descontrole glicêmico, assim como a terapia periodontal contribui para o controle da glicemia e reduz a inflamação sistêmica (23). Em pacientes diabéticos descompensados, a DP torna-se mais agressiva (24). Além disso, o DM parece modificar a microbiota periodontal, favorecendo a colonização por espécies relacionadas à DP (25). Em pacientes descompensados há uma diminuição da resposta imune à infecção, observada pela presença constante de hiperglicemia e cetoacidose, refletindo-se num mal funcionamento das células do sistema imune, principalmente, monócitos, macrófagos e polimorfonucleares neutrófilos. A hiperglicemia crônica resulta em glicosilação não enzimática de algumas proteínas, levando ao acúmulo de produtos finais de glicação avançada (AGEs) (26). O maior número de ligações dos AGEs aos macrófagos e monócitos pode resultar em uma linhagem celular com maior sensibilidade, resultando em maior liberação de citocinas (27). A alteração fenotípica dos macrófagos devido à ligação desses produtos à superfície celular evita o desenvolvimento de macrófagos associados ao reparo, contribuindo para o retardo na cicatrização das feridas (28). Alguns aspectos da DP são mediados por elevados níveis de Fator de Necrose Tumoral α (TNF-α). A melhora dos níveis de TNF-α tem sido associada a alterações celulares na retinopatia diabética, na progressão do diabetes e na cicatrização de feridas (29, 30). Alguns estudos sugerem que parte do prejuízo na cicatrização em pacientes diabéticos é decorrente da apoptose de fibroblastos e osteoblastos. As Caspases constituem uma família de cisteína-proteases que podem agir tanto como iniciadores ou executores de apoptose. A Caspase-3 parece desenvolver um papel central na apoptose bacteriana mediada por lipopolissacarídios. Alguns inibidores dessas proteases foram estudados em modelos animais para atenuar a morte celular ou diminuir o dano tecidual sob condições de isquemia, sepse e outros processos patológicos como diabetes e doença periodontal (31, 32). Pacientes diabéticos com periodontite associada apresentam mudançashipertróficas no epitélio gengival com alterações na permeabilidade vascular e inflamação intraepitelial, levando a lesões degenerativas e ulcerações epiteliais (33). O diabetes influencia na instalação e progressão da DP, a exemplo da dificuldade cicatricial, mas também sofre influência da mesma, visto que o curso clínico da DP pode alterar o metabolismo da glicose, dificultando o controle do diabetes (34). Na DP há um aumento na produção de citocinas pró-inflamatórias como: Fator de Necrose Tumoral α (TNF-α), Interleucina 6 (IL-6), Interleucina 1β (IL-1β) e Interferon γ (IFN-γ). Também há um aumento nos níveis de Proteína C Reativa. Todos esses têm importantes efeitos na síntese de insulina e na degradação de glicose (35). Desta forma, a estreita relação entre as duas doenças tem sido motivo de preocupação entre cirurgiões-dentistas (36). Gravidez Vários estudos demonstram uma correlação entre parto prematuro e DP. Alguns mediadores químicos, como a prostaglandina E2 (PGE-2) não estão presentes apenas na inflamação periodontal, mas também regulam o processo fisiológico do parto. Os níveis intra-amnióticos desses mediadores se elevam no decorrer da gravidez até começarem a provocar contrações uterinas, dilatação do colo e induzir o parto. Por extrapolação, num estado constante de inflamação, os mediadores químicos advindos do fluido gengival entrariam na corrente sanguínea e desencadeariam efeitos sistêmicos, podendo induzir o parto prematuro (37, 38). Durante a gestação ocorre um crescimento de bactérias anaeróbias Gram negativas, como Fusobacterium nucleatum, Treponema denticola, Tannarella forsythia, Campylobacter rectus, Eikenella corrodens e Selenomonas sputigena. Tendo em vista que os níveis elevados de estrogênio e progesterona aumentam a permeabilidade vascular dos tecidos gengivais, acredita-se que alguns produtos tóxicos dessas bactérias podem entrar na corrente sanguínea e atravessar a barreira placentária. Numa outra hipótese, essa infecção desencadearia um estado constante de inflamação e os mediadores químicos, por sua vez, afetariam negativamente a gravidez (39). A prevalência e a magnitude da gengivite aumentam ao longo do período gestacional, havendo uma desproporcionalidade entre a quantidade de placa acumulada e os sinais da doença. A mudança hormonal é G. M. C. OTÁVIO; V. M. S. DAMASCENO & T. N. LEMOS Oral Sci 2014;6(2):10-17 12 um fator modificador, mas a placa bacteriana ainda permanece como fator etiológico primário, ou seja, sem a placa bacteriana, a gestante não desenvolverá inflamação gengival (40). A alta concentração de estrogênio na circulação afeta a fisiologia normal das células do epitélio gengival, incluindo a proliferação e diferenciação celular, influenciando a resposta inflamatória, assim como a síntese e manutenção das fibras colágenas. Já a progesterona tem ação no processo de remodelação óssea. Pode agir diretamente, ativando receptores dos osteoblastos, ou indiretamente, por meio de competição pelos receptores de glicocorticoides. Além disso, esses hormônios são capazes de modular a atividade dos neutrófilos. Uma menor função dessas células é observada durante a gravidez, deixando o organismo mais suscetível a inflamação (41, 42). Indivíduos com DP apresentam altos níveis de biomarcadores para estresse oxidativo. Entre as gestantes, o estresse oxidativo é um dos processos patológicos associados a pré-eclâmpsia. Mulheres com predisposição à pré-eclâmpsia têm concentrações sistêmicas maiores de 8- iso PGF2α no início da gravidez, antes mesmo de algum sinal clínico da doença (43). Leucemia As manifestações bucais mais comuns da leucemia são: hiperplasia gengival, sangramento espontâneo e ulcerações da mucosa. A queda na contagem plaquetária pode ocasionar hemorragias, petéquias, equimoses e hematomas. Além disso, as células leucêmicas são capazes de infiltrar diretamente o baço, linfonodos, sistema nervoso central e gengiva (44). Recidivas isoladas no periodonto são extremamente raras (45). Pacientes que apresentam higiene bucal deficiente, estão mais suscetíveis a lesões periodontais, principalmente nos casos onde há hiperplasia gengival. Na área inflamada haverá um grande número de leucócitos, favorecendo a infiltração de células leucêmicas no tecido gengival. Entretanto, depois de instalada a doença, o nível de inflamação periodontal parece estar mais associado ao acúmulo de placa do que a baixa contagem plaquetária (46). As manifestações bucais são decorrentes da infiltração direta das células patológicas nos tecidos ou secundariamente a imunodeficiência, anemia ou trombocitopenia. Esses sinais são descritos como manifestações precoces da doença na sua forma aguda (47, 48). A hiperplasia gengival cianótica ou eritematosa é relatada como o principal motivo que leva o paciente ao cirurgião-dentista, sinal esse fortemente relacionado a leucemia aguda (49). Tabagismo A correlação entre tabagismo e doenças bucais tem sido exaustivamente documentada na literatura odontológica. Sabe-se que o tabagismo é fator de risco para DP e câncer bucal. Além dessas duas doenças, tabagistas apresentam menor taxa de sucesso de implantes dentários, maiores dificuldades no reparo de enxertos ósseos e maior incidência de lesões de cárie radicular (50). O fumo é o principal e mais prevalente fator de risco para a periodontite (51). Os estudos epidemiológicos relatam que fumantes apresentam um risco 2 a 7 vezes maior de desenvolver DP e perda de inserção quando comparados a não fumantes. Também estimam que o risco é diretamente proporcional ao número de cigarros fumados por dia. Tabagistas que consomem 31 cigarros ou mais por dia apresentam os maiores riscos da doença (taxa de risco em cerca de 5.6) (52, 53). Fumantes apresentam maior expressão do gene que codifica a enzima Metaloproteinase de Matriz 8 (MMP-8). As Metaloproteinases de matriz (MMPs) são encontradas em periodontos saudáveis ou de pacientes com periodontite crônica não tratada, sendo mais prevalente no segundo caso. Elas estão associadas à gravidade da DP e desempenham um importante papel na degradação do periodonto do portador. A MMP-8 é a principal MMP degradadora de colágeno presente no tecido gengival e fluidos bucais (54). O fumo promove uma pressão seletiva na microbiota subgengival dos pacientes, favorecendo a colonização por bactérias relacionadas a DP, como: Aggregatibacter actinomycetemcomitans, Porphyromonas gingivalis e Tannerella forsythia (55). O tabagismo altera a resposta imune humoral contra Porphyromonas gingivalis e pode aumentar a infectividade dessa bactéria. Além disso, há fortes evidências indicando que os mecanismos de progressão da DP são diferentes nesses pacientes, quando comparados a não fumantes (56). Os fumantes apresentam menor sangramento gengival a sondagem do que não fumantes (57). Embora tenha sido relatado um maior número de neutrófilos na circulação periférica dos adictos, a sua função está prejudicada. Além disso, a nicotina exerce um efeito vasoconstritor, o que reduz o fluxo sanguíneo, o edema e sinais clínicos da inflamação, mascarando doenças periodontais graves nesses pacientes (58, 59). Aterosclerose Os estudos epidemiológicos relatam haver uma forte associação entre DP e doenças cardiovasculares, mas os mecanismos exatos dessa interação ainda permanecem controversos (60). A bactéria Porphyromonas gingivalis, muito associada a DP, tem fragmentos de seu DNA frequentemente detectado em placas ateromatosas, sugerindo ser capaz de invadir o tecido periodontal e colonizar grandes vasos no coração. Além disso, a bactéria promove diversas ações nas células endoteliais, como: ativar os receptores Toll-4, induzir a apoptose ou ainda romper as estruturas de adesão (61, 62). Na DP as células do epitélio gengival produzem várias citocinas pró-inflamatórias, como TNF-α, IL-1β,PGE-2 e MMPs. Localmente essas citocinas induzem a destruição tecidual, podendo ter efeitos sistêmicos após entrarem na corrente sanguínea. As células endoteliais estimuladas, por Importância do Conceito de Medicina Periodontal na Integralidade da Assistência à Saúde Oral Sci 2014;6(2):10-17 13 sua vez, poderão produzir outras citocinas, incluindo, MCP- 1, MCSF, ICAM, VCAM, P-selectina, E-selectina. Essas citocinas aceleram a formação de placas ateromatosas (63). Pacientes com formas agressivas de DP possuem concentrações maiores de Porphyromonas gingivalis e Aggregatibacter actinomycetencomitans e bolsas periodontais mais profundas do que pacientes com formas brandas da doença. Quanto maior a profundidade se sondagem, maior será a superfície de contato das bactérias com a microcirculação (64). Investiga-se que altas concentrações dessas bactérias estão relacionadas à formação de placas nos grandes vasos do coração. Além dessas duas espécies, há outros patógenos periodontais associados a um maior risco de doenças cardiovasculares, como Prevotella intermedia, Tannerella forsythia e Fusobacterium nucleatum (65). Discussão Há a necessidade de que as autoridades em saúde pública comecem a valorizar mais a saúde bucal e seus reflexos na saúde sistêmica dos pacientes. Devem ser elaboradas estratégias de modo a conscientizar os pacientes sobre o impacto positivo da saúde bucal no prognóstico de várias doenças, como diabetes e aterosclerose. O diabetes trata-se de um grupo de desordens metabólicas caracterizadas pela hiperglicemia resultante de defeitos na secreção e/ou ativação de insulina. Esse estado constante de hiperglicemia está relacionado a danos a vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, coração e vasos sanguíneos. Há vários processos envolvidos na patogênese do diabetes, variando desde a destruição autoimune das células β do pâncreas (diabetes tipo 1) até anomalias que culminam na resistência à ação da insulina (diabetes tipo 2). A longo prazo as complicações podem resultar em retinopatia com potencial perda da visão; nefropatia podendo levar a falência renal; neuropatia periférica, dentre outras (66). Num estado constante de hiperglicemia, como no diabetes não compensando, há a síntese exagerada de produtos finais de glicação avançada (AGEs). Os AGEs são modificações de proteínas ou lipídios que se tornam de forma não enzimática glicados após o contato com monossacarídios de aldose. A glicação precoce e o processo de oxidação resultam na formação de bases de Schiff e produtos de Armadori. A glicação tardia de proteínas e lipídios ocasiona rearranjos moleculares que geram AGEs. Esses produtos sintetizam espécies reativas de oxigênio (ROS), ligam-se a receptores específicos e formam ligações cruzadas. Além disso, são capazes de ligar-se às paredes dos vasos, perturbando a estrutura e função celular. Também podem modificar a matriz extracelular, a ação de hormônios e citocinas (67). Os AGEs influenciam a patogênese do diabetes e da DP. As células mononucleares gengivais possuem receptores específicos para AGEs – os RAGEs. A ativação desses receptores resulta em estresse oxidativo com liberação aumentada de citocinas e geração de espécies reativas de oxigênio, dessa forma, podendo levar ao dano periodontal. Além disso, os AGEs também ampliam a função da enzima NADPH oxidase (ativada durante a fagocitose) e o ciclo respiratório dos neutrófilos. Esses leucócitos têm importância particular na patogênese da DP, pois durante a resposta imune liberaram seus conteúdos lisossomais, podendo levar ao dano tecidual (27). Dessa forma, a colaboração entre o cirurgião-dentista e o endocrinologista é indispensável para o bom andamento do tratamento dos pacientes diabéticos. Devido a suas inúmeras complicações, torna-se fundamental que o clínico- geral e o periodontista saibam das alterações que os pacientes diabéticos não compensados podem apresentar. Deve ser mudada a mentalidade antiquada, muitas vezes do próprio paciente diabético, que se preocupa apenas com o controle glicêmico e negligencia os autocuidados bucais. Durante o período gestacional, há um aumento nos níveis de PGE-2 e citocinas pró-inflamatórias no líquido amniótico até que um limiar é atingido, induzindo a ruptura do saco amniótico, contrações uterinas, dilatação do cérvice uterino e parto. Assim, o processo normal do parto é controlado por citocinas, podendo ser desencadeado precocemente por estímulos externos, como infecções e estresse inflamatório (68). Os estudos demonstram haver correlação entre uma infecção bacteriana e parto prematuro. Os microrganismos podem alcançar a cavidade amniótica das seguintes maneiras: de forma ascendente pelo canal vaginal e cérvice uterino; via hematogênica através da placenta; introdução acidental durante exames e via retrógrada pelas tubas uterinas. Dessa forma, os produtos tóxicos dessas bactérias entrariam em contato com os tecidos que protegem o feto, estimulariam a liberação de citocinas que, finalmente, induziriam o trabalho de parto (69). Sabe-se que há uma correlação entre a infecção da DP e parto prematuro, todavia, o mecanismo exato não está elucidado (39). A inflamação gengival associada a gravidez é iniciada pela placa bacteriana e exacerbada pelo aumento na produção de estrogênio e progesterona. O estrogênio é produzido pelo ovário e pela placenta, enquanto a progesterona é secretada pelo corpo lúteo, placenta e córtex adrenal. Ao final do terceiro trimestre, esses hormônios atingem um pico plasmático de 100 ng/ml (progesterona) e 6 ng/ml (estrogênio), ou seja, cerca de 10 a 30 vezes mais do que durante o ciclo menstrual. Aparentemente, apenas gengiva e ligamento periodontal possuem receptores específicos para essas moléculas, enquanto que osso alveolar e cemento não. Isso explicaria o porquê da inflamação ficar restrita às gengivas e não desencadear perda de inserção (42). A suscetibilidade a infecções aumenta no começo da gravidez, devido a alterações no sistema imune. Essa resposta imune deficiente propiciaria o crescimento de certas espécies bacterianas associadas à DP (70). A pré-eclâmpsia caracteriza-se como uma elevação da pressão arterial após a 20ª semana de gestação. Afeta de 7 a 10% das grávidas e está fortemente associada a morbidade e mortalidade perinatal. Entre essas mulheres, o estresse oxidativo é um dos processos envolvidos na pré-eclâmpsia. G. M. C. OTÁVIO; V. M. S. DAMASCENO & T. N. LEMOS Oral Sci 2014;6(2):10-17 14 Pode induzir a adesão de leucócitos e plaquetas ao endotélio, além de liberar citocinas e fatores antiangiogênicos. Como resultado dessa inflamação, há uma vasoconstrição generalizada e maior resistência à circulação placentária (71). O estresse oxidativo originado a partir da DP está associado a um maior risco de pré- eclâmpsia entre gestantes (43). A leucemia é uma doença maligna de origem hematológica. Sua principal característica é a proliferação desordenada de células imaturas ou indiferenciadas na medula óssea ou no sangue periférico (em um estágio avançado da doença). Essas alterações levam a efeitos sistêmicos como infiltração de células leucêmicas nos tecidos e diminuição da contagem de células sanguíneas (46). Dentre todas as manifestações bucais da leucemia que afetam o periodonto, a hiperplasia gengival é a mais comum, sendo um dos motivos que leva o paciente a procurar o cirurgião-dentista. Além desse, a presença de sangramento gengival espontâneo excessivo pode ser indício de alguma desordem hematológica aguda (48). Assim, o profissional de odontologia deverá ficar atento a essas alterações, pois é elemento importante no diagnóstico precoce do câncer. O tabagismo é responsável por câncer em vários órgãos, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias, dentre outras (72). Especificamente na Odontologia, indivíduos tabagistas têm maior risco de desenvolvercâncer de boca, lesões na mucosa bucal e doença periodontal (73). Após a placa bacteriana, o tabagismo é o principal fator de risco para doença periodontal (51). O fumo prejudica vários aspectos da resposta imune, o que possibilita a colonização de bactérias associadas à DP e posterior destruição do periodonto. Os estudos evidenciam que há um crescimento exagerado de patógenos específicos da DP em fumantes e que a doença é muito mais agressiva do que em indivíduos que nunca fumaram (54-59). Tendo em vista todos os malefícios que o fumo causa, tanto na DP como na saúde sistêmica, um efetivo programa de controle e cessação do tabagismo é um ponto fundamental no tratamento da DP. Os profissionais de saúde devem se esforçar para conscientizar ao máximo seus pacientes de que hábito de fumar por si só é uma doença e causa dependência. Cerca de 80% dos fumantes têm desejo de parar de fumar, mas somente 3% logram êxito sem ajuda profissional (74). Os efeitos de longo prazo do fumo não são totalmente reversíveis; todavia, a perda de inserção tende a diminuir ou estabilizar. Os estudos sugerem que ex-tabagistas respondem ao tratamento periodontal (cirúrgico ou convencional) de forma similar a indivíduos que nunca fumaram. Por isso, as várias sessões do tratamento periodontal deverão oferecer múltiplas oportunidades para que sejam implementadas estratégias de cessação ao tabagismo (52). A aterosclerose é a causa fundamental de infarto do miocárdio, angina instável e morte súbita. A doença é desencadeada pela retenção de apolipoproteína B (apo-B) em regiões específicas das artérias, particularmente naquelas onde o fluxo laminar é prejudicado por curvaturas ou ramificações arteriais. Esse acúmulo acaba gerando uma resposta inflamatória endotelial e vascular da musculatura lisa, recrutamento de monócitos e acúmulo de gordura no espaço subendotelial. Algumas lesões podem apresentar áreas de necrose, o que aumenta a resposta inflamatória e propicia a colonização bacteriana (75). A literatura relata uma forte correlação entre DP e aterosclerose. Entretanto, o nexo causal ainda permanece controverso. Investiga-se que os patógenos periodontais conseguem colonizar as placas ateromatosas por via hematogênica, contribuindo para a progressão da doença. Também suspeita-se que a reação inflamatória descontrolada em resposta à DP levaria à liberação de vários mediadores químicos que contribuiriam para a formação das placas ateromatosas (61-65). A Medicina Periodontal vem fomentando novas exigências para programas de prevenção e promoção da saúde. Sua finalidade é minimizar o dano causado pela falta de atenção aos cuidados na saúde bucal. Como profissão da saúde, a Odontologia deve ser mais uma contribuinte na construção de indivíduos e comunidades mais saudáveis e assim motivar as autoridades da área da saúde para exercerem um papel mais efetivo frente às possibilidades das doenças periodontais. Considerações Finais A Medicina Periodontal é uma abordagem atual, que destaca a influência entre doenças periodontais e sistêmicas, de extrema importância na prevenção e tratamento de doenças. Desta forma, a orientação dos profissionais de saúde quanto às interações existentes entre as condições bucais e sistêmicas torna-se imprescindível, uma vez que amplia a visão de sua especialidade para uma abrangência holística de assistência em saúde. A atuação multidisciplinar entre médicos e dentistas não deve ocorrer somente no diagnóstico precoce e tratamento de enfermidades. A equipe deve promover a conscientização do paciente na adequação de seu estilo de vida, incluindo hábitos saudáveis e eliminação de fatores de risco para as diversas doenças. A prevenção é a melhor forma de assistência em saúde. Abstract OTÁVIO, Geovanna Macedo da Cruz; DAMASCENO, Vítor da Motta Souto; LEMOS, Tatyana Nunes. Importance of the Concept of Periodontal Medicine in the Whole Health Care. Oral Sci., Jul/Dez. 2014, vol. 6, nº 2, p. 10-17. Periodontal diseases comprise a large number of infections and inflammatory conditions caused by the interaction of supragingival and subgingival biofilms with the host inflammatory response. Currently, the term Periodontal Importância do Conceito de Medicina Periodontal na Integralidade da Assistência à Saúde Oral Sci 2014;6(2):10-17 15 Medicine has been widespread among health professionals, to prove that there is a relationship between oral health and general health of the patient. The main objective of this study is to highlight the importance of multi and interdisciplinary approach in the treatment of periodontal patients. We concluded in this literature review that Periodontal Medicine is a current approach of influence between periodontal and systemic diseases. Many diseases and systemic conditions are reflected in periodontal and vice versa. Therefore, it is necessary to orientate the health professionals in order to expand the vision of their specialty for a holistic range of health care. KEYWORDS: Periodontal Medicine. Risk factors. Preventive health program. References 1. Socransky SS, Haffajee AD. 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