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Universidade Federal de Goiás Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública Departamento de biociências e tecnologia (debiotec) ________________________________________________________ RELATÓRIO 14 AULA: Coprocultura DISCIPLINA: Bacteriologia Humana DATA: 08/12/2020 Turma: B01 ACADÊMICA: Vitória Carreiro de França Teixeira - 201801439 1. INTRODUÇÃO Existem mais microorganismos no intestino grosso do que em qualquer outra região do organismo. Estima-se que possam ser encontradas em média 10¹¹ bactérias por grama de fezes, sendo esse número mil vezes maior quando se trata de bactérias anaeróbias (MURRAY, 2013). Dessa forma, amostras de fezes possuem uma gama de microrganismos componentes da microbiota natural do trato intestinal. Entretanto, algumas espécies possuem maior importância patogênica, sendo elas Salmonella spp., Shigella spp., Escherichia coli e Campylobacter spp. (MURRAY, 2013). A coleta da amostra tem grande importância nessa modalidade de análise. Sendo realizada em um momento adequado da sintomatologia, ou seja, a fase aguda. Além disso, o recipiente deve ser estéril, sendo nesse sentido necessária uma instrução adequada e atenciosa ao paciente por parte do laboratório (BARBOSA et al., 2020). 2. OBJETIVOS Entender o procedimento de diagnóstico da coprocultura, assim como seus possíveis resultados. 3. METODOLOGIA A amostra ideal é de 1 a 2 g de fezes no início do quadro diarréico antes da antibioticoterapia. Fezes sem conservante devem ser encaminhadas à temperatura ambiente (20 a 25°C) e processadas no máximo dentro de 1h após a coleta e fezes com conservante devem ser mantidas refrigeradas de 2 a 8 °C por até 24h (BARBOSA et al., 2020). Inicialmente, é preciso identificar a suspeita clínica para definir qual a melhor opção para conservação da amostra. A salina glicerinada e tamponada é indicada para Salmonella e Shigella, já Cary Blair é indicado para todos os patógenos bacterianos intestinais, exceto Shigella. No geral, fezes e aspirados gastrointestinais podem ser transportados sob refrigeração em frascos estéreis e biópsias podem ser conservadas com um pouco de salina em frasco estéril (BARBOSA et al., 2020). Os meios utilizados para cultura e isolamento são MacConkey, Salmonella-Shigella e meio para detecção de Campylobacter, podendo ser utilizado meio específico mediante suspeita clínica. É indicada a pesquisa de EHEC (E. coli enterohemorrágica) em caso de fezes hemorrágicas. No caso de amostras de crianças menores de 1 ano é indicado que se pesquise também Salmonella, Shigella, EPEC (E. coli enteropatogênica), EIEC (E. coli enteroinvasora), EHEC, Yersinia enterocolitica, Aeromonas e Plesiomonas (BARBOSA et al., 2020). 4. RESULTADOS A coloração de gram é útil na identificação de Staphylococcus spp. e leveduras. O meio MacConkey inibe os microrganismos gram-positivos, as bactérias fermentadoras de lactose produzem colônias na cor rosa e as incapazes de fermentar permanecem incolores. Neste meio as colônias de E. coli são vermelhas e lactose positivas e colônias incolores lactose negativas são indicativos de de S. enterica (MURRAY, 2013). O ágar eosina azul de metileno é seletivo para bactérias gram-negativas e passa de incolor para preto em condições ácidas, indicando fermentação. Neste meio E. coli se apresentam como colônias azul-pretas escuras com brilho verde metálico indicando fermentação vigorosa de lactose e produção de ácido que precipita o pigmento metálico verde. Além disso, pode haver crescimento de Klebsiella pneumoniae com colônias mucóides marrom-escuras indicando fermentação de lactose e produção de ácido. Salmonella enteritidis pode aparecer com colônias mucóides cinzas sem fermentação de lactose ou produção de ácido (MURRAY, 2013). Os meios Salmonella-Shigella e Hektoen Enteric são seletivos. Em sua maioria, o gênero Salmonella spp. se apresenta em colônias mucóides com pontos pretos, indicando a produção de H2S. Shigella spp demonstram colônias transparentes, indicando a ausência de fermentação de carboidratos e que não há produção de H2S. Podem ser vistas também colônias mistas (MURRAY, 2013). Existem outros meios menos utilizados na rotina, como o Verde-Brilhante (indicado para isolamento de Salmonella spp., exceto S. Typhi e S. paratyphi), e os caldos Selenito e Tetrationato, também indicados para Salmonella spp. Os meios de Skirrow, AS Campy e Meio de Karmali podem ser utilizados no isolamento de Campylobacter (MURRAY, 2013). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A amostra de coprocultura apresentará uma gama de microorganismos da própria microbiota do organismo, que é rico em bactérias comensais, o que deve ser diferenciado no processo de diagnóstico de bactérias patogênicas por meio de culturas seletivas e diferenciais. Os métodos utilizados para sua identificação são de fácil execução e apresentam boa reprodutibilidade (MURRAY, 2013). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BARBOSA, Mônica Santiago et al. Aulas práticas de Bacteriologia Humana. [e-book]. Goiânia : Gráfica UFG, 2020. 32 p. Disponível em: https://producao.ciar.ufg.br/ebooks/iptsp/bacteriologia_humana/index.html. Acesso em 10 dez. 2020. 2. MURRAY, Patrick R. Microbiologia médica. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 1694 p. ISBN 978‑85‑352‑7106‑5.