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CARBOIDRATOS E GLICOBIOLOGIA PROF. DR. ANDERSON GARCIA Carboidratos São biomoléculas mais abundantes na Terra. A cada ano a fotossíntese converte mais de 100 toneladas de CO2 e H2O em celulose e outros produtos vegetais • A maioria das células não fotossintetizantes utilizam carboidratos como fonte de energia através da sua oxidação. • São utilizados pelas células eucarióticas e procarióticas como como componentes estruturais de suas paredes celulases, através de glicoconjugados. • Estão presentes na nossa dieta diária • São encontrados nos tecidos conectivos de animais , lubrificam articulações e auxiliam o reconhecimento e adesão intercelular. FUNÇÃO: FONTE DE ENERGIA, ESTRUTURA E SINALIZAÇÃO CELULAR. Carboidratos: Fórmula empírica (CH2O)n São poli-hidroxialdeídos ou poli-hidroxicetonas , ou substâncias que quando hidrolisadas geram estes compostos. Definição Monossacarídeos São: Aldeídos ou cetonas com 2 ou mais hidroxilas A maioria tem sabor adocicado e são sólidos cristalinos e incolores plenamente solúveis em água. Classificação Existem três classes principais de carboidratos: • Monossacarídeos; São as subunidades monoméricas dos carboidratos. Ex: glicose, frutose, galactose, ribose, etc. • Oligossacarídeos; São constituídos por duas ou mais subunidades monoméricas: Ex: Sacarose (glicose + frutose) • Polissacarídeos; São constituídos por mais de 20 subunidades monoméricas. Ex: Celuose, amido. Estrutura dos monossacarídeos Aldoses Cetoses Grupo funcional Aldeído (carbonil) Esqueleto carbônico Hidroxila Grupo funcional Cetona (carbonil) Esqueleto carbônico Hidroxila Os monossacarídeos mais simples são as trioses, que contém 3 carbonos: gliceraldeidos (aldotrioses) e di- hidroxiacetonas (cetrotrioses). Há monossacarídeos com 4, 5, 6 e 7 átomos de carbono em seu esqueleto, sendo chamados respectivamente de tetroses, pentoses, hexoses e heptoses. Os monossacarídeos mais comuns são as hexoses D- glicose (aldo-hexose) e D-frutose (ceto-hexose). Os monossacarídeos mais simples Os monossacarídeos mais utilizados como fonte de energia por diversos organismos Os monossacarídeos constituintes dos ácidos nucleicos (DNA e RNA) Os monossacarídeos ocorrem em formas isoméricas opticamente ativas: Um molécula com n centros quirais pode ter 2n estereoisômeros. O gliceraldeido tem 21= 2, as aldo- hexoses com quatro centros quirais, têm 24=16. Estereoisômers D das aldoses e cetoses Em sua maioria as hexoses dos organismos vivos são isômeros D Epímeros: são dois açúcares que diferem-se apenas na configuração de um carbono, as aldo-hexoses diferem-se em estereoquímica em C2, C3 e C4. Monossacarídeos apresentam estrutura cíclica em solução Monossacarídeos com 4 carbonos ou mais formam estruturas cíclicas em solução aquosa através de uma reação entre álcoois e aldeídos ou cetonas para formar derivados chamados hemiacetais ou hemicetais. Hemiacetal: formado um grupo OH (hidroxila ou álcool) é adicionado a uma aldose. Hemicetal: formado um grupo OH (hidroxila ou álcool) é adicionado a uma cetose. Carbono anomérico Anômeros (Formas isoméricas que diferem-se apenas na configuração do carbono hemiacetal ou hemicetal) Projeção de Fisher Perspectiva de Hawort Nos organismos vivos são encontrados diversos derivados de hexoses Componentes das paredes celulares bacterianas Componentes de Glicoproteínas e Glicolipídeos Encontrado em Polissacarídeos vegetais. Componentes de Glicoproteínas e Glicolipídeos aminais. Os monossacarídeos são agentes redutores Vermelho ou amarelo Os monossacarídeos podem ser oxidados por agentes oxidantes relativamente suaves, como o íon cúprico (Cu2+). O carbono do carbonil é oxidado a um grupo carboxil. A glicose e outros açúcares capazes de reduzir o íon cúprico são chamados açúcares redutores. Oligossacarídeos Os mais comuns são os dissacarídeos, compostos por duas subunidades de monossacarídeos. Ex: maltose, lactose e sacarose. Os dissacarídeos são unidos covalentemente através de uma ligação O-glicosídica Açúcar redutor Carbono anomérico livre (extremidade redutora) Açúcar redutor Carbono anomérico livre (extremidade redutora) Ocorre naturalmente no leite Açúcar não redutor Não contém carbono anomérico livre Açúcar de mesa. Encontrado em plantas Açúcar não redutor Não contém carbono anomérico livre Constituinte da hemolinfa de insetos. Também é comercializada como adoçante. Polissacarídeos São compostos por mais de 20 subunidades monoméricas e contém alta massa molecular (Mr > 20.000). São também chamados glicanos e diferem-se uns dos outros pela: • Composição de subunidades monoméricas repetidas; • Tipos de ligação; • Comprimento das cadeias; • Grau de ramificação. Os polissacarídeos podem ser classificados como: • Homopolissacarídeos Contém somente uma espécie monomérica em sua cadeia. Ex: amido e glicogênio. • Heteropolissacarídeos Contém duas ou mais espécies monoméricas diferentes. Ex: peptídeoglicanos e glicosaminoglicanos. Homopolissacarídeos Funções: • Armazenamento de energia O amido é um polissacarídeo importante no armazenamento de energia nas células vegetais. Contém dois tipos de polímeros de glicose, a amilose e a amilopectina. A amilose consiste em cadeias longas de resíduos de D-glicose conectados por ligações (α1-4). A amilopectina ao contrário da amilose é altamente ramificada e as ligações glicosídicas que unem suas cadeias são do tipo α1-6 (ocorrem a cada 24 a 30 resíduos) e as ligações que unem os resíduos de D-glicose sucessivamente assim como na amilose são α1-4. O glicogênio é um polissacarídeo importante no armazenamento de energia nas células animais. Como a amilopectina, o glicogênio é um polímero de resíduos de D-glicose ligadas por ligações α1-4, com ligações α1-6 nas ramificações, porém é mais ramificado (em média a cada 8 a 12 resíduos) e mais compacto que o amido. O glicogênio é abundante especialmente no fígado constituindo até 7% do peso líquido. Nos hepatócitos o glicogênio é encontrado em grandes grânulos, os quais são agrupamentos de grânulos menores compostos por moléculas únicas de glicogênio altamente ramificadas, com massa molecular média de alguns milhões. É também encontrado no músculo esquelético. As Dextranas são polissacarídeos de bactérias e leveduras compostas por resíduos de D- glicose em ligações α1-6, todos tem ramificações α1-3, e alguns também α1-2 ou α1-4. A placa bacteriana, formada por bactérias que crescem na superfície dos dentes, é rica em dextranas, as moléculas que permitem as bactérias grudarem nos dentes e umas as outras. • Função estrutural A celulose é uma substância fibrosa, resistente e insolúvel em água. É encontrada na parede celular de plantas. É um homopolissacarídeo não ramificado constituído por resíduos de D-glicose ligados por ligação β1-4. A quitina é um homopolissacarídeo linear composto por resíduos de N-acetilglicosamina em ligações β1-4. A quitina é o principal componente do exoesqueleto duro de aproximadamente 1 milhão de artrópodes. Heteropolissacarídeos Funções: • Estrutura O peptídeoglicano é um heteropolissacarídeo constituído por resíduos alternados de N-acetilglicosamina e ácido N-acetilmurâmico unidos por ligações β1-4. Os polímeros encontram-se lado a lado na parede celular, cruzadamente ligados por peptídeos curtos. Os glicosaminoglicanos são uma família de polímeros lineares compostos por unidades de dissacarídeos repetidas. São exclusivos de animais e bactérias. Um dos dois monossacarídeos é obrigatoriamente N- acetilglicosamina ou N-acetilgalactosamina, o outro na maioria dos casos é um ácido urônico, geralmente o ácido D- glicurônico ou ácido L-idurônico. Os glicosaminoglicanos são componentes da matrix extracelular (MEC). Geralmente são sulfatatados Funciona como lubrificante no líquido sinovial das articulações e gera a consistênciagelatinosa do humor vítreo nos olhos dos vertebrados. É encontrado também na matriz extracelular de cartilagens e tendões onde auxilia na resistência à tensão e elasticidade. Auxilia na resistência à tensão das cartilagens, dos tendões e dos ligamentos da aorta. Estão presentes em cartilagens, ossos e várias estruturas córneas formadas por células mortas: chifres, cascos, cabelos unhas e garras. É uma agente terapêutico utilizado para inibir a coagulação sanguínea por sua capacidade de se ligar à antitrombina, um inibidor de proteases. GLICOCONJUGADOS São moléculas de mono, di ou polissacarídeos ligados à: • Proteínas (glicoproteínas, proteoglicanos); • Lipídeos (glicolipídeos, glicoesfingolipídeos); Função: • Fornecem comunicação entre as células e a matriz extracelular; • Sinalizam proteínas para o transporte e a localização em organelas específicas; • Sinalizam para a degradação de biomoléculas; • Atuam como ponto de reconhecimento para moléculas de sinalização extracelular; • Suporte e proteção celular. Proteoglicanos São macromoléculas da superfície celular ou da matriz extracelular nos quais uma ou mais cadeias de glicosaminoglicanos sulfatados estão covalentemente unidas a uma proteína de membrana ou a uma proteína secretada. São os principais componentes de todas as matrizes extracelulares. Glicoproteínas Contém um ou alguns oligossacarídeos de complexidade variada, unidos covalentemente a uma proteína. Costumam ser encontradas na superfície externa da membrana plasmática (como parte do glicocálice), na matriz extracelular e no sangue. Nas células, são encontradas em organelas específicas, como o aparelho de Golgi, grânulos de secreção e lisossomos. Glicoesfingolipídeos São componentes da membrana plasmática na qual o grupo hidrofílico da cabeça é um oligossacarídeo. Como nas glicoproteínas, os oligossacarídeos servem como pontos específicos para o reconhecimento por lectinas. O cérebro e os neurônios são ricos em glicoesfingolipídeos, os quais auxiliam na condução nervosa e na formação da mielina. São importantes para a transdução de sinal celular. Lectinas Encontras em todos os organismos, são proteínas que ligam carboidratos com alta especificidade e com moderada a alta afinidade. Participam de vários processos de reconhecimento celular, sinalização e adesão e na destinação de proteínas recentemente sintetizadas
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