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HABEAS CORPUS COM PEDIDO LIMINAR

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
 
 
 
 
ADVOGADO (NOME COMPLETO), nacionalidade, estado civil, advogado, portador do RG nº (...) e CPF nº (...), inscrito na OAB sob o nº (...), endereço eletrônico, com endereço profissional (endereço completo), vem a presença de Vossa Excelência com fulcro no artigo 5º, inciso LXVIII da Constituição Federal, impetrar: 
HABEAS CORPUS COM PEDIDO LIMINAR
Em favor de MATILDE (SOBRENOME), nacionalidade, estado civil, profissão, portadora do RG nº (...) e CPF nº (...), endereço eletrônico, residente e domiciliada (endereço completo), Rio de Janeiro, em razão do ato praticado pelo JUIZ DE DIREITO DA 10º VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DA CAPITAL, pelos fatos e fundamentos a seguir: 
 
I. DOS FATOS 
A paciente é domiciliada na cidade do Rio de Janeiro e está sendo executada por seus filhos Jane e Gilson Pires, menores, com treze e seis anos de idade, respectivamente, representados po r seu pai, Gildo , pelo rito do artigo 911 do CPC. 
Na execução de alimentos, que tramita perante o juízo da 10ª V ara de Família da Capital, paciente foi citada para pagar a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), referente aos últimos cinco meses não pagos dos alimentos fixados por sentença pelo juízo da mesma Vara de Família. 
Ocorre que a paciente está desempregada há 1 ano, fruto da grave situação econômica em que passa o país, com isso não est á conseguindo se inserir novamente no mercado de trabalho e nem possui condições financeiras para quitar a dívida alimentar. 
Diante da real impossibilidade da executada em adimplir a sua dívida, o magistrado decretou a prisão da mesma, pelo prazo de sessenta dias. 
 
II. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS 
A prisão civil por alimentos te ve seu germe na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, o Pacto de San José da Costa Rica em seu artigo 7º, vedou a prisão civil do depositário infiel, somente permitindo a hipótese de dívida alimentar. 
A execução da prestação alimentícia com a utilização do instrumento coercitivo da ameaça a prisão civil somente é possível nas hipóteses em que o débito executado compreenda no inadimplemento dos 3 (três) meses anteriores ao ajuizamento da ação. 
Ocorre, que se entende que no caso em questão, não se justifica a excepcionalidade da supressão da liberdade da executada quando se refira a execução de débito vencido a 5 (cinco) meses, pois o credor já não precisa urgentemente de tal valor para prover a subsistência dos filhos, visto que decorrido prazo razoável. E, portanto, a execução por quantia certa contra devedor solvente será procedimento eficaz para obtenção da satisfação do crédito . 
Não obstante, o STJ após entendimento firmado, editou a Súmula 309, com o seguinte teor: 
 
 O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anterior es ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo . 
É evidente o débito, entretanto, a prisão ordenada pelo juízo, é uma medida extrema, uma vez que apesar do débito ultrapassar aos 3 meses, fica evidenciado, que o autor não necessita de tal valores para sobrevivência. A prisão, no caso em questão é apenas um empecilho a mais para que a Paciente continue inadimplente, pois se privada de liberdade a mesma não conseguirá encontrar um trabalho, e assim, não conseguirá arcar com sua responsabilidade. 
Desta forma, com amparo da Constituição Federal que em seu artigo 5º, inciso LXVIII: 
 LXVIII - conceder-se -á habeas corpus sem LXVIII e alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade d e locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; 
A Paciente destacou em sua justificativa, cuja cópia segue com a presente, aspectos fáticos sustentando sua inadimplência atual no pagamento do débito alimentar pela circunstância do desemprego. Não obstante estes aspectos, a Autoridade Coatora desprezou absolutamente tais circunstâncias, sem permitir fosse reavaliado o montante exato do débito, em que pese sustentar-se a primeira tese de que não haveria razão alguma para imposição de pagamento face à situação financeira da Paciente. 
 A decisão, pois, neste contexto, foi absolutamente ilegal, na medida que importou em ausência de fundamentação e cerceamento de defesa, quando sequer permitiu-se a Paciente demonstrar sua situação financeira com melhor vagar e, mais, os depósitos já realizados anteriormente e que abateriam o valor perseguido pela execução. 
 
III. DA LIMINAR 
A leitura por si só da decisão que decretou a prisão civil, demonstra na singeleza de sua redação a sua fragilidade legal e factual. A ilegalidade da prisão se patenteia pela ausência de fundamentação e cerceamento de defesa. 
Por tais fundamentos, requer- se a Vossa Excelência, em razão do alegado, presentes o “ periculum in mora” e ‘fumus boni Iuri” , seja LIMINARMETE garantido à Paciente a sua liberdade de locomoção. 
IV. DAS PROVAS 
Resta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidas, na amplitude do artigo 369 e seguintes do CPC, em especial, o depoimento pessoal do autor, documento s, testemunhas e todos mais que se fizerem necessários. 
 
V. DOS PEDIDOS 
Ante o exposto, requer: 
a) Que seja deferido pedido da liminar, determinando a expedição do alvará de soltura; 
b) A notificação da autoridade coatora para que preste informações necessárias; 
c) A procedência dos pedidos, concedendo-se o Habeas corpus à paciente. 
 
 
Nestes termos,
Pede Deferimento
Rio de Janeiro, 19 de outubro de 2020
ADVOGADO
OAB/UF

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