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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM CLEIDY NAZARÉ DA SILVA TEIXEIRA KAROLINE DOS SANTOS DA SILVA KELLY CHRISTYANE LIMA DA SILVA LUCAS GUIMARÃES SANCHES DE SOUSA SABRINA SHAIANE DE JESUS CARDOSO ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS: PAPEL DO ENFERMEIRO NO ACONSELHAMENTO GENÉTICO BELÉM 2020 CLEIDY NAZARÉ DA SILVA TEIXEIRA KAROLINE DOS SANTOS DA SILVA KELLY CHRISTYANE LIMA DA SILVA LUCAS GUIMARÃES SANCHES DE SOUSA SABRINA SHAIANE DE JESUS CARDOSO ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS: PAPEL DO ENFERMEIRO NO ACONSELHAMENTO GENÉTICO Projeto de pesquisa apresentado à Universidade da Amazônia - UNAMA, como requisito integral para obtenção de nota na disciplina Tópicos Integradores do curso de Graduação em Enfermagem. BELÉM 2020 1. INTRODUÇÃO: Segundo o Ministério da Saúde, o Aconselhamento Genético é uma avaliação especializada para estabelecer o diagnóstico, prognóstico e, se possível, a prevenção de doenças genéticas. Essa avaliação depende de etapas que iniciam com a anamnese do paciente para observar seu histórico médico, a realização e resultado de exames, e a confirmação do diagnóstico correto da doença presente na família do indivíduo. Na etapa seguinte é verificado o histórico familiar com a elaboração da árvore genealógica, e a partir dessas informações é verificada a necessidade ou não de um teste genético e qual o tipo de teste que deve ser realizado. Após a execução do teste, o geneticista interpreta os resultados para a família que procurou o serviço e explica todas as possibilidades de desenvolver uma doença genética, seus riscos e probabilidades de gerar filhos com as mesmas condições. Todas essas informações servem como direção para as ações da família que pode ser orientada por outro profissional, como o enfermeiro dentro do programa de saúde chamado Planejamento Familiar. Nas sessões deste são abordadas as possibilidades ou não de natalidade, bem como sua prevenção com o uso de métodos contraceptivos, realização de exames, cuidados no pré-natal, número de filhos e espaçamento de tempo entre filhos, e conforme a lei federal 9.263/96 todo cidadão tem o planejamento familiar como direito constitucional, assim sendo oferecido no Sistema Único de Saúde - SUS, como meio de garantir que toda a população tenha acesso aos mecanismos que possam oferecer suporte. Conforme o Manual de Orientação em Planejamento Familiar da Organização Mundial de Saúde, uma boa assistência é baseada em 4 pilares, esses que são relacionados a critérios e recomendação de anticoncepcionais até o planejamento familiar em si. Nessa esfera, considerando os fatores de desordem genética, o profissional de enfermagem é responsável pela identificação da população sob risco, transmissão de informações clínicas e gerais de acordo com as necessidades do paciente, explicando opções existentes, riscos, limitações e benefícios, além de apoiar o paciente na tomada de decisões sem o coagir. 2. PROBLEMÁTICA: No Brasil, a incidência é de 1 a cada 10.000 nascimentos, desde a implantação do registro nacional de pacientes em 2009 e a extensão do programa de triagem neonatal, o número de diagnósticos ultrapassou 4 mil em 2016. A Fibrose cística é uma doença genética de padrão autossômico recessivo, estima- se que 85.000 pessoas no mundo sejam acometidas pela doença, é um transtorno hereditário com risco de vida que danifica os pulmões e o sistema digestivo. A incidência estimada da hemofilia é de aproximadamente um caso em cada 5 mil a 10 mil nascimentos do sexo masculino para a hemofilia A, e de um caso em cada 30 mil a 40 mil nascimentos do sexo masculino para a hemofilia B. A hemofilia A é mais comum que a hemofilia B e representa cerca de 80% dos casos no Brasil há mais de 10 mil, pacientes hemofílicos, e no mundo esse número pode ultrapassar mais 350.000 casos. No mundo, a incidência estimada é de 1 em 1 mil nascidos vivos, embora os dados de incidência nas alterações cromossômicas, fornecidos pelo Ministério da Saúde, não sejam grandiosos, possuem uma boa expressividade considerando o parâmetro geral de doenças de origem genética, havendo a necessidade da criação de uma equipe multidisciplinar para atender a demanda. Síndrome de Down é uma doença genética, que apenas em 1966 o francês Jérôme Lejeune e a inglesa Pat Jacobs descobriram a origem cromossômica. Estima- se que no Brasil ocorra 1/700 nascimentos, o que totaliza em torno de 270 mil pessoas com Síndrome de Down; No atual cenário, com toda a tecnologia presente, as pessoas estão tendo uma preocupação maior com o futuro, inclusive sobre a possibilidade de futuros filhos possuírem alguma alteração genética ou doença que possa afetar a qualidade de vida destes indivíduos. Nesse sentido, o enfermeiro vem expandindo a atuação na área de Enfermagem Genômica, sendo respaldado e guiado pela resolução do Conselho Federal de Enfermagem- COFEN, nº468/2014, a seguir às suas funções como conselheiro genético. 3. JUSTIFICATIVA: O aconselhamento genético vem ganhando um espaço maior nas famílias, sendo feito todo um trabalho de reconhecimento e prevenção, avaliação de histórico familiar a fim de ter uma precisão maior. No entanto, pouco se é de conhecimento popular a importância do enfermeiro como conselheiro genético. Desse modo, o seguinte trabalho foi realizado mediante a importância do Aconselhamento Genético na esfera da saúde, gerando a reflexão acerca da atuação do enfermeiro como conselheiro genético. Assim, busca enfatizar que, por meio do Programa de Planejamento Familiar, o enfermeiro exerce a função de orientador, desenvolvendo uma série de ações que promovam o bem-estar e comportamentos mais saudáveis para famílias em risco ou diagnosticadas com doenças genéticas. 4. QUESTÕES NORTEADORAS Quais as competências técnicas e legais do enfermeiro nessa esfera? Quais ações os profissionais de enfermagem devem desenvolver como conselheiro genético? Como o planejamento familiar é trabalhado na atenção básica? 5. OBJETIVOS 5.1 Objetivo Geral: ● Pesquisar sobre o papel do enfermeiro no aconselhamento genético. ● 5.2 Objetivo Específico: ● Relatar sobre o papel do enfermeiro no planejamento familiar. ● Enfatizar sobre assistência de enfermagem diante de alterações cromossômicas (Fibrose Cística, Hemofilia, Síndrome de Down). 6. METODOLOGIA O presente trabalho, realizado no período de 15 de agosto a 30 de novembro, tem como pretensão utilizar o arco de Maguerez como metodologia. Buscando sanar as dúvidas acerca da temática, terá uma investigação de caráter exploratório que buscou respaldo da pesquisa a partir de um levantamento bibliográfico em livros científicos, revistas especializadas, artigos nacionais e internacionais e outros que tenham abordado o presente tema, e a partir de uma seleção, análise e olhar crítico dos dados fornecidos nos materiais, examinar as várias vertentes da temática proposta, a fim de ter mais conhecimentos e uma maior veracidade geral. De forma qualitativa, irá buscar analisar a ocorrência do fenômeno, principalmente na esfera nacional, e fazer a compreensão desde o respaldo legal do enfermeiro como conselheiro genético até o funcionamento do Programa de Planejamento Familiar. Como mencionado anteriormente, o trabalho foi desenvolvido com a metodologia chamada - arco de maguerez. Um método que envolve processos de ensino e aprendizagem a partir da realidade. Segundo Berbel (1996) "tem como ponto de partida a realidade que, observada sob diversos ângulos, permite ao estudante ou pesquisador extrair e identificar os problemas existentes". A metodologia é desenvolvida em cinco etapas: 1.Observação 2.Identificação;3.Teorização; 4.Hipóteses; 5.Aplicação à realidade. Na primeira etapa os alunos devem analisar com atenção a realidade do tema, identificar as dificuldades e discutir sobre o problema. Na segunda etapa, o grupo deve meditar sobre as causas do problema, bem como sobre os fatores que o determinam. A partir dessa reflexão destacam os pontos principais a serem analisados para entendê-lo de maneira mais crítica e visualizar sua solução. Na teorização, os alunos verificam todas as causas definidas com o auxílio de pesquisas, ou por meio de entrevistas com profissionais ou observação do problema em campo. Todo o material coletado deve ser avaliado em relação às contribuições para solucionar o problema. Na quarta etapa, o grupo deve elaborar de forma crítica as possíveis soluções. Segundo Berbel (1996) "as hipóteses são construídas após o estudo, como fruto da compreensão profunda que se obteve sobre o problema, investigando-o de todos os ângulos possíveis". A última etapa refere-se a execução. Após observar o problema e analisar seus fatores é possível propor medidas para minimizar as dificuldades existentes a fim de melhorar os serviços prestados à sociedade. 7. DESENVOLVIMENTO No nosso País a triagem para Fibrose Cística foi implantada em 2001, através do teste do pezinho, pelo Ministério da Saúde, e apenas os estados do Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais fazem o exame logo no primeiro mês de vida. Por conta da demora para realizar o diagnóstico, o prognóstico torna-se desfavorável para o paciente portador da FC. Quando o tratamento é precoce, pode-se retardar a progressão das lesões pulmonares, melhorando o prognóstico e aumentando a expectativa de vida, assim ajudando a melhorar a qualidade de vida do paciente portador da Fibrose Cística. A Hemofilia A é um distúrbio de coagulação grave e na maioria das vezes hereditário, no qual o sangue do indivíduo não coagula adequadamente, podendo levar a um sangramento sem controle, que pode ser ocasionado até espontaneamente ou por um pequeno trauma. Embora a pessoa com hemofilia possa não sangrar mais nem mais rápido que alguém sem hemofilia, ela sangra por um período mais prolongado e os sangramentos recorrentes podem levar a um comprometimento significativo, especialmente das articulações. Por ser um distúrbio de coagulação na maioria das vezes hereditária, a hemofilia normalmente é transmitida de uma geração para outra, através de um gene recessivo presente no cromossomo X, o que significa que geralmente ela passa da mãe para o filho do sexo masculino. Embora seja possível que a mulher seja afetada por hemofilia, isso é muito raro e a maior parte da população de pacientes com hemofilia é do sexo masculino. Pessoas com Hemofilia A não produzem ou apresentam níveis muito baixos de uma proteína essencial chamada fator VIII, que desempenha um papel crucial na coagulação sanguínea. A síndrome de down é uma condição genética causada por um problema nos cromossomos. Normalmente, o ser humano possui 23 pares de cromossomos, que são os responsáveis por abrigar o nosso código genético. São eles que contêm informações que vão da cor da pele e do cabelo ao desenvolvimento mental e às características gerais que vão ditar a fisiologia de um indivíduo. A síndrome de down é caracterizada por uma diferenciação no número de cromossomos, sendo que o cromossomo de número 21, ao invés de apresentar um par, apresenta três cromossomos, na chamada trissomia simples do cromossomo 21, apontada como causa da síndrome de down. Existem outras duas condições que podem causar a síndrome de down. Entre elas, podemos destacar a translocação cromossômica, quando o cromossomo 21 se apresenta grudado a um outro cromossomo, dando a impressão de ser um cromossomo extra, e o mosaicismo, quando o problema na divisão celular acontece depois da formação do embrião, sendo que nem todas as células acabam tendo a trissomia do cromossomo 21. O aconselhamento do enfermeiro geneticista em casos de mutações de genes tem demasiada importância para a continuidade da vida dos indivíduos afetados e na forma como a própria família vai lidar com o caso, lidando de forma psicologicamente saudável, tanto a família quanto o portador, plano de cuidados para as características individuais, podendo utilizar-se de aconselhamentos pré e pós-testes genéticos, trabalhando em conjunto com uma equipe interdisciplinar, obedecendo a fluxos e normatizações institucionais. (SANTOS, 2004, p. 27) A enfermagem visa monitorar o paciente com alterações cromossômicas ao longo do tratamento, envolvendo a presença de pais/outras pessoas significantes, uma vez que tanto o paciente como a família devem assumir a responsabilidade pelo autocuidado. Os profissionais da saúde devem ser capazes de identificar as necessidades específicas dos pacientes com doenças crônicas e suas famílias, visando alcançar uma melhor compreensão e adaptação ao processo de transição entre a saúde e a doença. Frente a esta realidade percebe-se a necessidade e intervenção da enfermagem para realizar um trabalho que busque a independência e autonomia do indivíduo com alterações cromossômicas através de estimulação, mudanças e adaptações constantes envolvendo toda a família, valorizando suas capacidades naturais para suportar, sobreviver e prosperar mesmo na presença de diversos desafios associados a este paciente. Já a enfermagem no planejamento familiar age como um conjunto de ações que visa informar e orientar homens e mulheres que desejam construir uma família, ou até mesmo aqueles que querem evitar uma gravidez, não devendo ser compreendido apenas no âmbito da utilização de métodos anticoncepcionais, pois acaba distorcendo o seu verdadeiro conceito na Atenção Básica (AB). Em 2007, foi criada a Política Nacional de Planejamento Familiar, idealizada com o intuito de expandir as ações educativas e informativas sobre a saúde sexual e reprodutiva, além de disponibilizar alguns métodos contraceptivos através das Unidades Básicas de Saúde (UBS). Portanto, o enfermeiro, responsável pelas consultas de planejamento familiar na AB, tem um papel importante, devendo passar todas as orientações e informações para aqueles que desejam evitar uma gravidez e oferecer métodos disponíveis na UBS. 8. RESULTADOS E DISCUSSÕES O papel do enfermeiro no aconselhamento genético requer responsabilidade e conhecimento na área de planejamento familiar. Há crescente reconhecimento de que a genética é preocupada com desordens raras, relevantes somente para enfermeiros e para outros profissionais de saúde que trabalham nessa área. Conforme a genética permeia todos os aspectos do cuidado em saúde aumentam as implicações para a enfermagem e para a educação de enfermeiros. O aconselhamento genético têm aparecido na literatura de enfermagem desde o início da década de 60, quando eram enfatizados como sendo de responsabilidade dos enfermeiros o suporte psicossocial e o acompanhamento dos casos. O aconselhamento genético tornou-se parte da linguagem sistematizada de enfermagem quando foi incluído na Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC, Nursing Interventions Classification). Onde está definido como um processo interativo de ajuda focado na assistência a um indivíduo, família ou grupo, manifestando ou sob risco de desenvolver ou transmitir um defeito congênito ou uma condição genética. O aconselhamento genético pode também ser definido como um processo de comunicação ou educação por meio do qual o sujeito e os membros da sua família recebem informações sobre a natureza e as limitações de testes genéticos, assim como os benefícios, os riscos e o significado do resultado dos testes. Estão inclusos nesse processo o aconselhamento e o suporte a respeito das implicações das informações obtidas a partir dos testes. Osclientes precisam receber informações adequadas para tomar decisões informadas sobre sua saúde e para consentir de maneira informada durante o processo de testagem. É um desafio apresentar informações que são, com freqüência, tecnicamente complexas e emocionalmente carregadas para esses indivíduos. Oferecer-lhes informações claras, completas e sistematizadas é essencial para que esses possam tomar decisões informadas. Os enfermeiros podem ser questionados pelos seus clientes sobre esse processo e devem ser capazes de dedicar-se às preocupações dos seus clientes. Em conclusão, devido à abordagem original e holística no cuidado aos seus clientes, os enfermeiros possuem uma riqueza de conhecimentos, recursos e ideias de pesquisa para utilizar a fim de realçar e melhorar mais e mais o cuidado clínico na era genômica. Na atualidade é possível considerar que nove entre dez causas de morte e ou invalidez prevalentes na população mundial apresentam predisposição genética e genômica, estão incluídas as doenças cardíacas, o câncer, as doenças cerebrovasculares e o diabetes. Além dessas, temos outras doenças genéticas tradicionalmente reconhecidas como as alterações cromossômicas, doenças gênicas e síndromes raras, que podem ou não ser herdadas, tais como síndrome de Turner, anemia falciforme, dentre muitas. São competências profissionais principais do enfermeiro que atua nas áreas de genética e genômica segundo publicação da Associação Americana de Enfermagem: incorporar tecnologias e informação em genética e genômica na prática de enfermagem; demonstrar na prática a importância da informação genética e genômica personalizada de acordo com a cultura, a religião, o nível educacional, o conhecimento e a língua do cliente; advogar pelo direito do cliente à tomada de decisão autônoma e informada; demonstrar habilidade para identificar a história familiar em, no mínimo, três gerações; fornecer aos clientes informação adequada, apropriada e atualizada sobre recursos, serviços e tecnologia que facilite a decisão informada, entre outras. O aconselhamento genético (AG) fundamenta-se em um serviço de saúde como um processo de comunicação onde o profissional capacitado instrui, esclarece dúvidas e orienta o indivíduo e família a compreender e a participar do acompanhamento através de consultas relacionadas à prevenção, diagnóstico, prognóstico e tratamento de doenças genéticas ou hereditárias. Duas importantes anomalias genéticas são a síndrome de Down e a síndrome de Turner. A síndrome de Down refere-se a uma desordem no cromossomo 21. Sabe-se que a origem é resultado da divisão errônea na anáfase da meiose. Têm-se discutido a existência de fatores tanto endógenos quanto exógenos que contribuem para a ocorrência da desordem, como por exemplo a idade da mãe. Já a síndrome de Turner é um distúrbio causado pela ausência total ou parcial de um segundo cromossomo X em indivíduos do sexo feminino. A monossomia pode surgir por uma falha na transmissão de um cromossomo sexual para um dos gametas ou pela perda de um cromossomo sexual do zigoto ou embrião. A enfermagem, como a ciência do cuidado, constitui-se em uma área de suma importância para a prática assistencial no aconselhamento genético e busca oferecer um serviço de qualidade levando em consideração questões éticas, sociais e culturais, livre de condutas ilegais, como a imperícia, a imprudência e a negligência. O enfermeiro poderá contribuir em todas as questões pertinentes a possíveis alterações genéticas, além de elaborar projetos de pesquisa que sustentem a melhoria da qualidade de vida da população. Vale reforçar que ele também assistirá ao paciente e à família em todos os momentos do processo saúde- doença. O diagnóstico clínico para SD é baseado nas características físicas. O fenótipo – características observáveis no organismo – desse indivíduo tem como particularidades principais: cabelo fino, face aplanada, orelhas de implantação baixa, pavilhão auricular pequeno, sinófris, pregas palpebrais oblíquas para cima, epicanto, base nasal plana, protrusão lingual, palato ogival, retrognata, excesso de tecido adiposo no dorso do pescoço, diástase dos músculos retos abdominais, hérnia umbilical, braquidactilia, clinodactilia do 5º dedo da mão, prega simiesca, pé plano, afastamento entre o 1º e 2º dedos do pé, hipotonia e frouxidão ligamentar. Nem todas as características precisam, necessariamente, estarem presentes para confirmar o diagnóstico clínico de SD, bem como uma característica isolada não define o diagnóstico. O diagnóstico laboratorial da síndrome de Down é feito através do cariótipo – análise genética. A presença de um cromossomo 21 extra pode se dar em três formas: trissomia simples, translocação e mosaico. A primeira forma da trissomia ocorre em 95% dos casos e é caracterizada pela presença de um cromossomo 21 extra. A translocação é identificada quando o cromossomo 21 está ligado a outro cromossomo, ocorrendo mais frequentemente com os cromossomos 21 e 14. E a terceira forma, mosaico, caracteriza-se por duas linhagens celulares, sendo uma com 46 cromossomos e outra com 47, onde aparece o cromossomo 21 extra. Enquanto a SD é considerada uma trissomia, por conta da presença de um cromossomo extra, a síndrome de Turner é uma monossomia, pois nesse caso é detectado a ausência de um cromossomo, o cromossomo X, em indivíduos do sexo feminino. O diagnóstico é feito através do cariótipo, onde geralmente a alteração cromossômica mais encontrada é a monossomia 45, X, com 50% dos casos, seguido da variante 46, Xi com 15% dos casos e por último o mosaico 45, X/46, XX também com 15% dos casos. A expressão aconselhamento genético foi propalada pelo médico norte- americano Sheldon Reed no ano de 1947, traçando um novo e amplo campo de serviço para geneticistas. O AG pode ser entendido como o processo de comunicação que cuida dos problemas humanos associados às doenças genéticas em uma família, envolvendo uma equipe interdisciplinar na tentativa de ajudar os indivíduos e/ou famílias a compreender os fatos médicos, incluindo o diagnóstico, o risco de recorrência, o prognóstico e os tratamentos disponíveis. Outra anomalia genética na qual o enfermeiro desempenha papel crucial no aconselhamento genético é a Anemia falciforme, ou depranocitose, é uma doença hereditária mais prevalente no Brasil. Essa patologia deve ser diagnosticada precocemente para que o tratamento tenha maior eficácia e o paciente uma melhor qualidade de vida. Os sintomas mais comuns dos portadores da doença são: dactilite falcêmica, anemia crônica, priapismo, crise do sequestro esplênico, infecções e acidente vascular encefálico (AVE). Segundo o MS há grande necessidade de detecção da anemia falciforme já nos primeiros dias de vida. Sendo observado uma diminuição de 80% para 1,8%, em crianças até os cinco anos de vida. As infecções necessitam de tratamento de rotina como: ácido fólico, penicilina oral ou injetável (até os 5 anos de idade), havendo a necessidade de adaptações ao longo da vida. Artigos também citam o transplante mieloablativos alogênicos, bem como o medicamento hidroxiuréia, como eficazes nesse tratamento. O enfermeiro tem um importante papel devendo estar informado e capacitado para prestar assistência a esse paciente, visando afastar os fatores desencadeantes das crises, além de educar o paciente sobre sua patologia, para que, os mesmos, consigam lidar melhor com sua condição. Ademais, outra doença genética na qual também o enfermeiro auxilia ativamente é a fibrose cística. É uma doença crônica, congênita e multissistêmica que afeta as glândulas exócrinas, podendo ocorrer em diversas células epiteliais, ductos de suor e pancreáticos, células secretoras de muco e sudoríparas, trazidas por genes presentes em pais assintomáticos (TORRES, 2010). Nesta patologia, as alteraçõesocorrem devido às proteínas dos canais de cloreto da membrana que possui um defeito. Por esse motivo as glândulas serosas apresentam secreções com grande quantidade de íons sódio e cloro e as glândulas mucosas são hiper viscosas (KRUEL, 2013). O gene defeituoso acarreta disfunção de uma proteína que se situa na membrana apical das células epiteliais de muitos órgãos e que tem como principal função ser um canal de transporte de cloro (FIRMINA, 2011). A doença tem prevalência na raça caucasiana, acometendo menos os negros e asiáticos. Sendo o Brasil um país de raça miscigenada, a incidência da doença pode variar muito, mas ainda assim se aproxima da Europa que é de 1/2.500. E no restante dos países a incidência tem uma média de 1/10.000 (TAVARES, 2014). Afeta cerca de 30.000 crianças e adultos nos EUA e 70.000 no mundo todo e sua incidência varia em diferentes países. Na União Europeia, um em cada 2.000 a 3.000 recém-nascidos são afetados pela fibrose cística. Na América Latina, a etnia da população não varia, sendo bem heterogênea. Em países como Uruguai e Argentina, cerca de 90% da população é Caucasóide, enquanto no México, Chile e Colômbia de 57 a 87% são mestiços (Caucasóides com Ameríndios). Ainda no Uruguai, Equador, Venezuela e Brasil, a presença de negros é muito importante, pois reduz a taxa de incidência, embora essa taxa não ultrapasse 10% da população (FIRMINA, 2011). O avanço da ciência tem aumentado a sobrevida dessas crianças de 12 a 14 anos para 25 a 40 anos de idade (GABATZ, 2007). A descoberta do gene da fibrose cística em 1989 permitiu a melhoria significativa da expectativa de vida quando comparada à década de 40, quando 70% dos casos morriam antes de completar o 1º ano de vida. No Brasil a expectativa de vida é de 18 anos dado pelo fato do atraso no diagnóstico (TORRES, 2010). As crianças com fibrose cística apresentam um grau de insuficiência pancreática que resulta na má absorção alimentar, levando a um estado nutricional prejudicado. E também gastam mais energia que as demais, tendo que se alimentar com mais frequência e usar suplementos nutricionais (GABATZ, 2007). O enfermeiro deve atentar-se para o biopsicossocial do paciente, realizando um cuidado individualizado. Além disso, é importante que o profissional desenvolva novos saberes para cuidar e orientar as necessidades e expectativas dos portadores da fibrose cística e de seus familiares. Nesse sentido, o enfermeiro deve desenvolver uma atitude de comprometimento para dar um cuidado de forma humanizada, baseando-se em uma relação de ajuda e compaixão (KRUEL, 2013). Se sabe que a fibrose cística é uma doença de alta complexidade e que a interação do assunto não é de domínio público e muitas vezes nem de domínio da equipe de saúde. 9. CONCLUSÕES É de extrema importância que os enfermeiros aprimorem seus conhecimentos em genética e genômica e fomentem sua utilização por outros membros de sua equipe, para não somente se adaptarem a essa nova demanda, mas também participarem ativamente de decisões terapêuticas, assumindo com eficácia e eficiência seu papel de conselheiro genético perante a comunidade e demais profissionais de saúde. No tratamento da doença, os pacientes são acompanhados por uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, fisioterapeutas, geneticistas, nutricionistas, psicólogos, enfermeiros, microbiologistas, entre outros. Quando acompanhada desde o início, pode-se ter uma melhora na vida dos portadores e familiares, mas ainda não há ao certo uma cura para essas doenças. A triagem neonatal vem ajudando muito com a melhoria da qualidade de vida dos pacientes, pois quando se obtém um diagnóstico precoce da doença, mais chances você tem para o retardamento dos sintomas, prolongando a expectativa de vida. A intervenção para novos casos, como a reprodução assistida, ainda é pouco discutida, pois, é um tratamento muito caro, sendo somente para os casais que possam pagar pelo tratamento. Por ser uma doença multissistêmica, o tratamento da FC deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, composta por Fisioterapeuta, Enfermeiro Geneticista, Nutricionista, Pneumologista entre outros. Para que haja um impedimento de novos casos de FC, a Saúde Pública teria que passar por uma reforma e disponibilizar na rede esses atendimentos com equipes multidisciplinares para todos. Com profissionais capacitados e dispostos a ajudar a família que busca o tratamento. As técnicas de reprodução assistida vem cada dia mais aumentando e evoluindo conforme necessidade do paciente. Graças a essas melhoras, podemos comemorar nascimentos de crianças saudáveis. Por conta dos avanços, casais portadores ou com antecedente de doenças genéticas, como Fibrose Cística podem ser beneficiados com a fertilização in vitro (FIV) associada ao diagnóstico genético pré-implantacional (PGD, preimplantation genetic diagnosis), permitindo a seleção de embriões saudáveis previamente à transferência intrauterina. (HARPER, 2009, p. 42). Diante do conhecimento dos sintomas da fibrose cística o enfermeiro geneticista pode orientar no aconselhamento genético ao paciente portador e rastrear na sociedade os casos por meio do teste do pezinho ou aspectos clínicos dos pacientes. De posse do diagnóstico as chances de ter um filho com fibrose cística aumenta aconselhamento para técnicas inovadoras como a reprodução assistida ou até mesmo a opção de não ter filhos. 10. REFERÊNCIAS ANTUNES, E. T. Epidemiologia. In: LUDWIG NETO, N. Fibrose Cística: enfoque multidisciplinar. Florianópolis. Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, 2008. BIAZOTTI, Maria Cristina Santoro; JUNIOR, Walter Pinto; ALBUQUERQUE, Maria Cecília Romano Maciel de; FUJIHARA, Litsuko Shimabukuro; SUGANUMA, Cláudia Haru; REIGOTA, Renata Bednar; BERTUZZO, Carmen Silvia. Diagnóstico Genético Pré-Implantacional na Fibrose Cística: relato de caso Pre implantation genetic diagnosis for cystic fibrosis: a case report, 2006. CAMPOS, J. V. M.; KOTZE, L. M. S.; DAMACENO, N.; CARVALHO, C. R. R. Fibrose Cística: Mucoviscidose. São Paulo. IBEPEGE, 1996. COREN/SP. Parecer GAB n° 032/2011. Atuação do Enfermeiro na Área de Genética. São Paulo, 2011. Disponível em . Acesso em 20 de Abril de 2016. DALCIN, Paulo de Tarso Roth; SILVA, Fernando Antônio de Abreu. Fibrose Cística no Adulto: aspectos diagnósticos e terapêuticos. Jornal Brasileiro de Pneumologia. São Paulo, v. 34, n. 2, p.107-117, 2008.
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