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Recursos - Bechara

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Recursos e Execução da Sentença Penal – Processo Penal IV 
(Professor Fábio Bechara) 
 
RECURSOS 
1) Conceito: Forma de prolongar a discussão, com o intuito de evitar a preclusão da decisão. Ou seja, é uma 
impugnação feita pelas partes nos autos em que a decisão foi proferida, a fim de reformar (absolvição x 
condenação; aumentar ou reduzir pena), invalidar ou completar a decisão. 
Esta impugnação voluntária pode ser dirigida ao mesmo juízo ou à juízo hierarquicamente superior, numa 
mesma relação processual. 
Decisão: Todo ato judicial que resolve um ponto controvertido (mérito, matéria processual, provas, etc.). 
 “Recurso de Ofício” = É uma hipótese de reexame obrigatório, ou seja, uma condição para que os efeitos 
da decisão sejam eficazes, pois esta não precluirá. 
Ocorre quando o próprio juiz manda a decisão para reexame, sem a provocação das partes. Por isso, não se 
trata de um recurso propriamente dito, uma vez que não há ato de vontade e voluntariedade. 
 “Ação Autônoma de Impugnação” = Diferentemente do recurso, é um meio de impugnação de decisão que 
se dá em uma relação jurídica diversa da que a decisão foi proferida, por isso ficam apensos aos autos 
principais. 
Será uma relação jurídica paralela porque haverá partes, procedimento e pedidos diferentes. 
Ex. HC, MS e Revisão Criminal 
 
2) Fundamentos 
a. Político: Recurso como mecanismo de controle para coibir abusos e evitar arbitrariedades. 
b. Jurídico: Reside no duplo grau de jurisdição (expressão unicamente doutrinária). 
Convenções: garantia do reexame da decisão condenatória (Pacto Internacional de 
Direitos Civis e Políticos, e CIDH) 
Constituição Federal Art. 5º, inciso LV 
 Estrutura do judiciário hierarquizada em instâncias 
 Art. 5º, §3º (incorpora os tratados internacionais) 
 
3) Natureza Jurídica: Recorrer é exercer o direito de ação, pois a pessoa que recorre também leva ao 
judiciário a notícia de ocorrência de ameaça ou lesão de direitos. 
 
 
4) Classificação 
a. Recurso Ordinário e Extraordinário = São diferentes nos limites da impugnação, sendo que o 
ordinário tem devolutividade ampla (matéria de fato ou de direito), enquanto o extraordinário tem 
devolutividade limitada (só matéria de direito). 
b. Recurso de Fundamentação Livre = Quando a lei nada disser sobre o que pode ser alegado no 
recurso. 
Vinculada = Quando a própria lei estipular o que pode ser alegado. 
Ex. Tribunal do Júri e Resp. 
 
5) Princípios 
a. Da taxatividade = Só são recorríveis as decisões que a lei diz que são recorríveis, ou seja, precisa de 
previsão legal; 
Os recursos cabíveis também têm previsão legal. 
b. Da dialeticidade = Todo recurso interposto tem a chance de contraditório, ou seja, serão 
apresentadas contrarrazões, exceto os Embargos de Declaração. 
Para os Embargos Infringentes, que alteram a estrutura da decisão, dá-se a oportunidade para as 
contrarrazões. 
c. Da unirrecorribilidade = Para cada decisão é cabível somente um recurso. 
Quando uma decisão tratar de duas ou mais matérias que, isoladamente, seriam discutidas por recursos 
diferentes, deve-se interpor aquele que for mais abrangente. O recurso mais abrangente é o Recurso de 
Apelação. 
ABRANGÊNCIA = DEVOLUTIVIDADE = AMPLITUDE DE COGNIÇÃO 
d. Da disponibilidade = Decorre da voluntariedade do recurso, ou seja, do ato de vontade, portanto, 
pode ou não ser exercido, a parte pode renunciar (antes de interpor) ou desistir (depois de interpor) do seu 
direito. 
 O MP não é obrigado a recorrer, contudo ele não pode desistir deste. 
Este princípio é fruto de absoluta liberalidade das partes, por isso elas não precisam motivar a renúncia ou 
desistência. 
 O recurso é um ônus, pois se eu recorrer, posso me beneficiar de algo, mas se eu não recorrer, estou 
aceitando os efeitos da decisão. 
e. Da irrecorribilidade das decisões interlocutórias = O art. 581 do CPP traz um rol exaustivo das 
decisões interlocutórias recorríveis. 
Estas decisões interlocutórias irrecorríveis podem ser impugnadas, em tese, em preliminares de futura 
apelação, uma vez que a matéria não preclui, e também via MS ou HC, dependendo do objeto. 
f. Da personalidade = Só se beneficia do recurso quem dele se utiliza (regra geral). No entanto, há 3 
situações que modificam isso devido ao efeito extensivo (estender o efeito do recurso a quem se encontra na 
mesma situação reconhecida); ao reformatio in millius (melhorar, de ofício, a situação do réu); a vedação da 
reformatio in pejus (o réu, no seu próprio recurso, não pode ser prejudicado, direta ou indiretamente). 
Ex¹. Um réu, condenado a 1 ano de reclusão pelo juízo A, interpõe recurso de apelação alegando 
que este era inocente. Correto, passa a ser julgado pelo juízo B, o qual estará vinculado à decisão 
de A, tendo em vista que foi o próprio réu que recorreu (reformatio in pejus indireta). 
Ex². O réu, condenado a 4 anos de reclusão, recorreu para alteração do regime inicial de 
cumprimento de pena. O Tribunal, ao analisar a decisão, verifica que não foi considerada a 
agravante da reincidência na fase de dosimetria, o que aumentaria a pena. No entanto, não será 
possível alterar a pena para piorar a situação do réu (reformatio in pejus direta). 
 Essas situações remetem à presunção de inocência. 
g. Da fungibilidade = Possibilidade de substituição de um recurso por outro nos termos do CPP, em que só 
será possível se não houver má-fe (se houver recurso próprio previsto em lei). 
Deve-se observar o prazo maior, pois isto é interpretar a favor do direito de recorrer. 
 Suspensão condicional do processo (Recurso Estrito e Recurso de Apelação). Art. 89 da Lei 9.099/95 – 
 Para decisões objetivamente complexas. Variabilidade –
 Simultânea (Resp + Rext ou Apelação + EDs) Complementariedade –
Posterior (modificação de situação pré-existente) 
 
6) 
 Juízo de Admissibilidade Juízo de Mérito 
Objeto/Matéria Requisitos formais do recurso 
Admissibilidade – legalidade 
Matéria impugnada 
Direito processual x Direito material 
Competência 2 momentos: de quem e para quem 
Exceção: EDs 
Para quem eu recorro 
Efeitos Conhecimento ou não conhecimento 
por parte do juiz ad quem ou do juiz a 
quo – não processamento, decisão 
recorrível (regra), e natureza 
declaratória. 
Provimento (reforma-se, invalida-se, 
integra-se) ou não-provimento (dar 
efetividade à decisão recorrida). 
 
 
 
 
7) Requisitos de Admissibilidade 
a. Cabimento: É necessário identificar se a decisão é recorrível e se há recurso cabível. 
b. Legitimidade: De ser parte e também, de postular (postulatória). 
Ordinária MP (ação pública ou privada) 
Réu 
Advogado 
 O MP pode recorrer de forma ampla, inclusive em favor do réu. A atuação do MP deve ser coerente em 
todo o curso do processo. 
 Se a ação penal privada for julgada improcedente, o MP não terá legitimidade para recorrer. 
 Quando houver conflito de vontades entre o réu e o advogado, prevalece a vontade daquele que beneficiar 
mais o réu. 
Especial: Vítima Titular da APPrivada 
Assistente de acusação na APPública 
Habilitada (integra a relação processual só para recorrer) 
Como assistente de acusação na APPública, a vítima tem legitimidade para recorrer apenas nos casos de 
absolvição ou impronúncia, pois ela atua a fim de fiscalizar a ação do MP 
 
c. Interesse: É a necessidade do recurso, e o proveito que este pode, eventualmente, gerar. 
Está atrelado ao conceito de sucumbência, e associado ao reconhecimento ou não do recurso (necessário? 
Proveitoso?) 
A possibilidade do MP recorrer pelo réu dará um tratamento especial à sucumbência, pois se recorrer pelo 
réu, ele não será a parte sucumbente. 
Numa decisão de extinção de punibilidade, pode-se interpor ou não um recurso. Para a primeira corrente, não 
há interesse de recorrer do réu para conseguir uma absolvição após a análise do mérito, pois trata-se de 
absoluta inutilidade do recurso. Por outro lado, entende-se que há sim interessede recorrer do réu a fim de 
assegurar um provimento de mérito com base na presunção de inocência. 
 
d. Regularidade Formal 
Interposição do Recurso Por escrito ou oralmente (reduzida a termo) 
Momento preclusivo para a delimitação da impugnação – uma vez delimitado, 
não poderá ser ampliado ou reduzido nas razões. 
 
Razões – É indispensável, pois viabiliza o contraditório do recurso (contrarrazões), ou seja, viabiliza a 
dialeticidade do recurso. Sua ausência não é mera irregularidade. 
Contrarrazões – Dispensável, exceto quando forem contrarrazões de defesa, pois acarretaria em réu indefeso. 
 
e. Tempestividade 
Prazo Interposição - fatal/peremptório (passado o prazo, perde-se o direito de recorrer por preclusão). 
 Razões – impróprio 
Quando a interposição e as razões se confundirem, o prazo será, evidentemente, peremptório. 
Termo inicial de contagem -Tem como marco a intimação 
MP ou Defensor Público – Pessoal (momento em que os autos ingressam no cartório) 
Defensor Dativo – Mandado 
Réu ou Advogado constituído – Imprensa 
Réu condenado – Pessoalmente 
Réu absolvido – Edital 
 Quando houver réu e advogado para serem intimados, o prazo começará a ser contato a partir da data de 
intimação do último. 
 Súmula 706 do STF: o prazo começa a contar a partir da intimação e não da juntada do mandado nos autos. 
No caso de intimação do processo eletrônico, temos que observar duas situações: diário oficial eletrônico 
(início no próximo dia útil após a publicação) ou por e-mail, quando houver partes cadastradas, em que a 
pessoa terá até 20 dias para abrir a caixa de e-mail, ou seja, se não aberto o e-mail após 20 dias (aviso de 
leitura/recebimento), o prazo começará a contar do mesmo jeito. 
Quanto a intimação da vítima, se ela estiver habilitada como assistente de acusação, ela será intimada a 
recorrer. Já se ela não estiver habilitada, o prazo começa a correr no dia seguinte ao término do prazo de 
recorrer do MP, sendo que não haverá intimação, então a vítima deve acompanhar os autos. 
Termo final de contagem – Será, obrigatoriamente, em dias úteis. 
 
f. Ausência de fatos impeditivos ou extintivos dos recursos 
Renúncia: Ato unilateral que antecede o exercício de recorrer. 
Desistência: Se dá em qualquer momento ou grau de jurisdição após a interposição do recurso, desde que 
ainda não julgado. 
Deserção: Só ocorre quando não houver recolhimento do preparo na APPrivada. A APPública não exige o 
recolhimento, pois haveria uma quebra na paridade de arma, uma vez que o MP não recolhe custas. 
 
8) Efeitos do Recurso 
a. Devolutivo = Devolver a matéria impugnada para reexame, que será analisada da maneira mais ampla e 
profunda, pois envolverá todos os elementos explicita ou implicitamente relacionados. 
Dentro deste efeito há 2 subtipos, o efeito devolutivo próprio (devolução da matéria impugnada para juízo 
diverso daquele que proferiu a decisão) e efeito devolutivo impróprio (devolução para o próprio juízo 
prolator), que ocorre, normalmente, nos Embargos e no RESE (art. 581, CPP), que permite a retratação do juiz 
(“efeito regressivo/diferido/interativo”). 
Entende-se que o efeito extensivo (ampliação dos efeitos do recurso para quem dele não se utilizou) é uma 
peculiaridade do efeito devolutivo impróprio. 
b. Suspensivo = Normalmente, todos os recursos interpostos contra uma decisão condenatória suspendem 
os efeitos da sentença. 
O CPP definirá quais as hipóteses de efeito suspensivo, uma vez que a regra é de que os recursos não 
suspendem os efeitos, o início da execução. 
Exceção: Execução provisória. 
 
EMBARGOS INFRINGENTES - (“Embargos de Nulidade”) 
1. Cabimento 
A decisão impugnável por Embargos Infringentes é aquela de Tribunal, não unânime, no julgamento de RESE 
ou Apelação. A decisão colegiada é negativa ao réu, mas o voto divergente é favorável. 
A natureza da matéria impugnada nos Embargos Infringentes recai sobre o mérito, enquanto que nos 
Embargos de Nulidade recai sobre questões processuais. 
 
2. Legitimidade 
É um recurso exclusivo do réu (ele próprio ou seu advogado). 
→ Nada impede que o MP recorra em favor do réu. Não existe Embargos Infringentes pró interesse público. 
 
3. Interesse de recorrer 
Está diretamente atrelado à divergência, ou seja, o limite da impugnação é restrito à divergência. 
No entanto, esta não é uma ideia fechada, pois há situações em que a divergência pode repercutir naquilo que 
é unânime. 
Ex. Mudar a pena altera o regime inicial prisional. 
Quando se for olhar para a divergência, deve-se verificar o grau de prejudicialidade que ela tem com o resto. 
 
4. Tempestividade 
Prazo único de 10 dias. 
→ Não há contrarrazões, mas um Parecer do MP em 10 dias. 
 
5. Regularidade Formal e Procedimento 
Só pode ser interposto por petição, e da interposição caberá parecer do MP. Não prevê mais a possibilidade 
de interposição por temo nos autos. 
No julgamento dos Embargos Infringentes haverá um novo Relator e uma nova composição do colegiado 
(composição ampliada). 
 
6. Ausência de fatos impeditivos e extintivos 
Renúncia 
Desistência 
 Não há deserção, pois não há preparo, uma vez que é parte de um recurso anteriormente interposto. 
 
7. Efeitos 
Devolutivo: 
Próprio = Refere-se à matéria objeto da divergência, cuja cognição e profundidade são as mais amplas 
possíveis, e a extensão depende da matéria impugnada → próprio do ordinário Recurso de Apelação. 
Impróprio = Por causa da possibilidade de retratação daqueles que participaram do julgamento anterior. Além 
disso, trata sobre a possibilidade de se aplicar o efeito extensivo àquele que não recorreu. 
Suspensivo: A princípio, suspendem a execução de toda a decisão. No entanto, se houver matérias de 
naturezas diferentes na mesma decisão (matéria penal x matéria civil), só ficarão suspensos aqueles 
impugnados/embargados. 
Quando houver um acórdão com uma parte unânime e outra não unânime, caberá, simultaneamente, os 
Embargos Infringentes para a parte não unânime e RESP/REXT com relação a parte unânime, a fim de evitar a 
preclusão temporal. 
 
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
1. Cabimento 
Sentença de 1º grau 
Isto é segundo o CPP, mas qualquer decisão 
pode ser embargada, pois todas precisam 
ser claras e coesas. 
 ou 
Acórdãos dos Tribunais 
2. Legitimidade 
Todos podem opor Eds Ministério Público 
Réu e advogado de defesa 
Vítima habilitada ou não 
 
3. Interesse de recorrer 
Contradição/Ambiguidade 
Omissão (dúvida) 
Obscuridade 
Estes pontos devem estar didaticamente especificados, não cabendo alegações genéricas, ou seja, deve-se 
apontar, de forma cirúrgica, os motivos dos EDs. 
 
4. Tempestividade 
TJ = 48 horas 
STJ = 5 dias 
STF = 3 dias 
Não se dá muita relevância ao caráter protelatório dos EDs, pois a má-fé deliberada e procrastinada não afeta 
o prazo prescricional. 
 
5. Regularidade formal e Procedimento 
Apenas interposto por meio de petição e não cabe contrarrazões. 
Em analogia ao NCPC, se reconhecido o caráter infringente dos EDs, caberá a apresentação de contrarrazões. 
IMPORTANTE! Os EDs podem ser opostos tanto diante de erro material, quanto de erro de fato. Ocorre que, 
se houver erro material, a decisão poderá ser corrigida de ofício, independentemente dos EDs, mas se houver 
erro de fato, a decisão estará associada à realidade do julgamento, que demanda um esforço cognitivo muito 
mais elaborado que o erro material, exigindo a oposição de EDs. 
 
6. Ausência de fatos impeditivos e extintivos 
Renúncia 
Desistência 
 
7. Efeitos 
Devolutivo = É próprio, limitado ao esclarecimento da decisão, salvo se reconhecido o caráter infringente. 
Suspensivo = Suspendem os efeitos de uma decisão (interrompendo o prazo para interposição de Recurso de 
Apelação), porém, nas decisões de Tribunal, interromperá o prazo para interposição de RESP ou REXT. 
 
REVISÃO CRIMINAL 
1. Cabimento 
Rescinde a coisa julgada na ação criminal.A presunção de inocência “fala mais alto” do que a segurança 
jurídica. 
 
2. Tempestividade 
Não tem prazo, não está sujeito à preclusão temporal. 
 
3. Natureza jurídica 
Ação autônoma de impugnação. 
 
4. Condições da ação 
a) Possibilidade jurídica do pedido: É o cabimento. Deve haver uma condenação criminal transitada em 
julgado. 
Se houver a extinção da pretensão punitiva, não caberá Revisão Criminal. Por outro lado, se houver pretensão 
punitiva, admite-se a Revisão. 
b) Interesse de agir: Necessidade de provimento + utilidade. 
Há dois juízos na Revisão Criminal - o juízo rescindente, que tem o poder de desconstituir coisa julgada (há e 
toda a revisão criminal) – Ex. Legalidade. 
- o juízo rescisório, que é a modificação da decisão empregada por uma 
nova. 
 A jurisprudência tem admitido o uso da Revisão Criminal como uma revaloração de provas anteriores. 
 O fundamento invocado no ajuizamento da Revisão Criminal não vincula a decisão penal, ou seja, há uma 
fungibilidade do pedido, cujo critério é aquele que for melhor para o réu. Portanto, nada impede que o juízo 
conheça a RC por outro fundamento que não aquele utilizado. 
c) Legitimidade: É exclusiva do condenado (ad causam) → Se morto, será de seus sucessores (art. 31, CPP), 
não existindo a figura do assistente de acusação. 
O MP tem legitimidade para impetrar RC em favor do réu, pois ele já se manifesta após o ajuizamento. 
Quando se pretende modificar 
a decisão de mérito, haverá 
os dois juízos. 
 
 A vítima não dispõe de qualquer legitimidade. 
LEGITIMIDADE ≠ CAPACIDADE POSTULATÓRIA 
 
5. Processo 
a) Capacidade postulatória: O réu não precisa estar, obrigatoriamente, assistido por advogado. 
b) Competência: É originária dos Tribunais (onde se analisou o mérito) 
STJ → STJ 
STF → STF 
TRF → TRF 
 Uma decisão de 1º grau (estadual) confirmada em 2º grau, ou transitada em julgado em 1º grau, a RC é 
ajuizada no respectivo Tribunal (Tribunal de Justiça). 
 JECRIM = RC deve ser ajuizado no respectivo tribunal que se acha vinculado, ou seja, a competência não é 
da Turma Recursal. 
 RESP e REXT em 2º grau = Competência do Tribunal que foi confirmado. 
c) Preclusão: A RC pode ser ajuizada a qualquer momento, ou seja, não preclui, podendo ser inclusive, 
após a extinção da punibilidade. 
d) Prisão: Não impede que a RC seja ajuizada, pois não é condição para o início da execução, tampouco 
para o ajuizamento desta. 
Não se fala de prisão cautelar, mas isso não impede que sejam tomadas providências de caráter cautelar como 
forma de minimizar o impacto negativo da prisão e preservar o fim do objeto final da RC. 
 
6. Procedimento 
É sumarizado, simplificado. → Toda vez que uma RC é ajuizada, ela é automaticamente distribuída ao Relator 
(função jurisdicional ou administrativa). Depois disso, o MP se manifestará dentro de 10 dias, seguindo para a 
decisão (colegiada – renovada). 
 Contra qualquer decisão liminar do Relator caberá Agravo Regimental pelo órgão colegiado. 
A prova é sempre pré-constituída, ou seja, não se produz provas, incidentalmente, na Revisão Criminal. 
Justificação Criminal = Incidente preparatório da RC, utilizado para instruí-la, em casos de provas novas ou 
provas falsas. 
 
7. Ônus da prova 
É do condenado, de quem ajuíza a Revisão Criminal, de quem alega. 
→ Não conflita em nada com a presunção de inocência, pois já passada a fase da acusação. 
 
 
8. Efeitos 
Num primeiro momento, o ajuizamento da RC não afeta ou suspende ou interrompe nenhum outro 
procedimento ou a execução, exceto se houver clara relação de prejudicialidade (caráter cautelar). 
 
9. Decisão 
Por maioria de votos, não necessariamente unânime. 
Não pode piorar a situação do réu, que foi quem ajuizou a Revisão Criminal, ou seja, não se pode agravar a 
pena ou haver reformatio in pejus indireta. 
Em casos de absolvição, o condenado será indiretamente posto em liberdade. Além disso, se pela condenação 
o réu perdeu um cargo, por exemplo, esta absolvição produzirá, também, efeitos extrapenais, quando possível 
e dependendo de cada caso, de acordo com os fundamentos dessa absolvição. 
 
10. Recursos cabíveis 
Embargos de Declaração 
2ª Instância = RESP ou REXT 
Tribunais Superiores = Eventuais recursos internos 
 
11. Coisa Julgada 
A Revisão Criminal julgada improcedente não impede o ajuizamento de novas RCs, desde que haja um novo 
fundamento de fato, pois se o motivo for o mesmo, já se terá coisa julgada material. 
Uma RC julgada procedente tampouco afasta a possibilidade de ajuizamento de uma RC no futuro se for para 
melhorar ainda mais a situação do réu. 
 
12. Indenização por erro 
O condenado pode pedir uma indenização por erro do judiciário, ou o Tribunal pode concedê-la de ofício. 
O pressuposto dessa concessão é a má-fé, responsabilidade objetiva, ou seja, se a causa do erro foi provocada 
pelo próprio condenado, ele não terá direito à indenização, uma vez que ninguém pode se beneficiar da 
própria torpeza. 
 Cabível nas Ações Penais Públicas e Privadas. 
 
Podem ser interpostos tanto pelo MP 
quanto pelo réu. 
HABEAS CORPUS 
1. Origem 
Carta de João sem Terra de 1215 – “Bill of Rights” 
2. Conceito 
É uma ação constitucional de tutela da liberdade de locomoção contra qualquer ilegalidade. 
 
3. Natureza Jurídica 
É uma ação de conhecimento, pois é voltada a reconhecer uma ilegalidade. A natureza cautelar (preventiva) 
só é verificada na liminar do HC, uma vez que tem função de proteger o objeto final. Além disso, é uma ação 
autônoma de impugnação, pois apenas será usada apenas quando não houver outro recurso cabível (HC 
substitutivo), caso contrário, burlaria o sistema (HC + outro recurso). 
Como uma ação de conhecimento, o HC tem três hipóteses de provimento: 
a) Condenatório: Má-fé ou abuso de autoridade da autoridade coatora; 
b) Declaratório: Reconhece uma situação pré-existente (Ex. Nulidades); 
c) Constitutivo: Desconstituição de decisão transitada em julgado. 
 
4. Espécies 
HC Liberatório = Para fazer cessar uma situação de ilegalidade consumada. 
HC Preventivo = Para evitar a consumação de uma situação de constrangimento ilegal. 
AÇÃO DE HC (pressupõe provocação) ≠ ORDEM DE HC (concedida de ofício ou por provocação das partes) 
 
5. Condições da Ação 
a) Legitimidade: Qualquer pessoa (física ou jurídica) → Polo Ativo 
Autoridade coatora (responsável pelo constrangimento ilegal, quem decidiu pelo 
constrangimento) – Pode ser tanto um agente público quanto um particular → Polo Passivo 
b) Interesse de agir: Qualquer ato de constrangimento ilegal à liberdade de locomoção, direta ou 
indiretamente. 
Ex. Prova ilícita – a instauração de um IP com base em uma prova ilícita gerará uma possível prisão, 
portanto, afeta indiretamente. 
Indiciamento 
 Quando não for verificado o constrangimento à liberdade de locomoção, mesmo que longinquamente, 
caberá Mandado de Segurança. 
c) Possibilidade jurídica do pedido: Causas/hipóteses que justificam e tornam o pedido juridicamente 
possível → Art. 648, CPP (rol meramente exemplificativo). 
 
 
6. Processo 
a) Capacidade postulatória: Dispensa advogado, pois prestigia o acesso à justiça, ou seja, dá mais valor à 
liberdade do que à indispensabilidade de advogado prevista na CF. 
b) Competência: Se orienta por três hipóteses, aplicáveis na justiça comum (estadual ou federal) e especial 
(militar e eleitoral). 
- Judiciário Territorial 
Hierarquia 
- Juiz do Trabalho (TRF) ou Membro do MP Estadual (TJ) 
 Federal (TRF) 
- Agente público ou particular, exceto MP – será julgado pelo judiciário de 1º grau. 
c) Procedimento: É simplificado e sumário, ou seja, tem uma tramitação enxuta, sem dilação probatória 
e/ou fase de instrução. 
Há uma cognição sumária que permite identificar uma situação sem grande aprofundamento, baseada apenas 
na prova pré-constituída. 
Não é admitido, no HC, revaloração de provas, pois trata-se de um reexametípico do procedimento ordinário. 
Além disso, é um procedimento contraditório, pois dá o prazo de 10 dias para a autoridade prestar 
informações, a fim de defender a legalidade de seu ato. 
 O HC impetrado em 2º grau ou nos Tribunais Superiores exigirá, sempre, a manifestação do MP. 
d) Recursos: Nas decisões de 1º grau, caberá RESE ou Reexame Necessário para a concessão de habeas 
corpus. 
Nas decisões de 2º grau, caberá o ROC, sem prejuízo do REXT. 
Nos Tribunais Superiores, restarão os recursos internos, todos embargáveis por EDs em 
qualquer situação. 
e) Coisa julgada: A decisão do HC faz coisa julgada, ou seja, se modificado o pressuposto de fato, nada 
impedirá a impetração de novo HC. 
 O que determina a celeridade do julgamento é a situação em que a pessoa se encontra (preso ou solto). 
 
EXECUÇÃO DA SENTENÇA PENAL 
Natureza Jurídica = Procedimento jurisdicional que busca efetiva o cumprimento da sentença. 
Mesmo juízo competente para 
julgar casos de abuso de autoridade. 
Processo de execução de natureza mista/híbrida – Fase administrativa + Fase jurisdicional 
Tipo de tutela jurisdicional 
 
Objeto = É a sanção penal lato sensu Pena: Multa, PRD e PPL 
Medida de segurança 
O início da execução da PRD, PPL e da medida de segurança se dá a partir do trânsito em julgado, 
independentemente de provocação judicial, bastando a expedição da guia de recolhimento, que é mero ato 
cartorial. 
A partir deste momento, o juiz competente será o Juiz da Execução → Tramitação paralela 
Por outro lado, a pena de multa é executada como uma dívida executiva perante a Fazenda Pública (Execução 
Fiscal), pelo MP, por meio de petição. 
 
Objetivos = Reinserção social do condenado e cumprimento da pena. 
Visa atender os princípios retributivo e preventivo específico (evita a reincidência do condenado). 
 
Princípios = Legalidade 
Humanidade 
Isonomia 
Jurisdicionalidade → Competência: lugar onde se está cumprindo a pena → Territorialidade (“A 
execução acompanha o preso”) 
Individualização 
Personalidade 
Devido processo legal 
Presunção de inocência 
Contraditório e Ampla Defesa 
 Qualquer decisão na fase de execução é impugnada por meio de Agravo ao Tribunal de Justiça, que utilizará 
o procedimento que mais observa o contraditório, pelo Princípio da Fungibilidade (procedimento do Agravo 
no CPC ou RESE no CPP). 
 Uma questão disciplinar será julgada por meio de uma decisão administrativa, a qual não será agravável, 
pois isto só é possível para decisões do juízo da execução. Esta será impugnada no juízo da execução. 
 Quando houver alguém condenado quando tinha foro especial (foro por prerrogativa de função), a 
competência para julgar a execução será a do foro originário (do processo de conhecimento), 
Tudo aquilo que tiver relação 
e for incidental 
Qualquer incidente desta fase será, 
necessariamente, contraditório, uma vez 
que se trata de um PROCESSO. 
independentemente de onde o condenado está cumprindo a pena, pois nestes casos, não se observa o critério 
da territorialidade. 
 
 
Sujeitos = Configuração muito ampliada (Competência: art. 24, CF) 
Passivo = Preso provisório 
Condenado 
Submetido a medida de segurança 
Prisão civil 
Prisão administrativa 
Egresso 
Estrangeiros 
 A LEP regulamenta uma série de direitos básicos, e pouco importa a nacionalidade ou condição da pessoa 
no sistema. 
Ativo = Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária 
Departamentos penitenciários 
Conselho penitenciário 
Juízo da execução 
Ministério Público 
Defensoria Pública 
Patronato 
Conselho da comunidade 
 
Direitos do Preso = O preso conserva todos os direitos de sua qualidade de preso. 
→ Intimidade e vida privada: Qual a extensão disso, uma vez que vivem sob monitoramento e vigilância? 
Vigilar para preservar a segurança é diferente de vigilar com a finalidade de incriminar a pessoa, que depende 
de autorização judicial para ocorrer. 
Ex. Gravar as conversas do preso com seu advogado. 
 
Deveres e Disciplina = As infrações disciplinares (descumprimento de dever) sempre exigem procedimento 
prévio de apuração, e deve ter contraditório. 
Estas infrações podem ser leves ou médias, e serão julgadas pela própria autoridade administrativa, ou então 
graves, julgadas pelo juiz da execução. 
A Lei de Execução Penal não trata somente 
de processo, mas também de 
previdenciário, pois o regime jurídico não se 
exaure na figura do condenado, mas em 
qualquer um que ingresse no sistema 
previdenciário 
Fiscalizam o sistema penitenciário internamente

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