Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Prof. MSC. André de Souza Rocha Faculdade de Fisioterapia IES Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation O termo transcutânea, descreve o modo de como a terapia é aplicada. O termo elétrica refere-se ao procedimento da passagem de impulsos elétricos de baixa voltagem controlada através da pele ao tecido subjacente para a sua ação como estímulo. O termo nervo, recebe e emite sinais. 2 A primeira TENS moderna TENS, aplicável à pacientes, foi patenteada nos Estados Unidos em 1974 pela empresa Medtronic. Foi inicialmente utilizado para testar a tolerância de pacientes com dor crônica à estimulação elétrica antes do implante de eletrodos na coluna dorsal da medula espinhal pelo neurocirurgião Clyde Norman Shealy, M.D., Ph.D. Os eletrodos foram conectados a um receptor implantado, que recebeu sua energia de uma antena usada na superfície da pele. Embora destinado apenas para testar a tolerância à estimulação elétrica, muitos dos pacientes disseram que receberam tanto alívio da própria TENS que nunca voltaram para o implante. Raio X Antero-Posterior de um estimulador da medula espinhal (SCS) implatado no coluna torácica. https://en.wikipedia.org/wiki/Medical_Doctor https://en.wikipedia.org/wiki/Doctor_of_Philosophy 3 Efeitos da eletricidade no corpo humano A sensibilidade do organismo a passagem de corrente elétrica inicia em um ponto conhecido como Limiar de Sensação Ocorre com uma intensidade de corrente de ~1mA para corrente alternada e ~5mA para corrente contínua. O TENS é uma corrente despolarizada (alternada). Os geradores da TENS podem receber sua fonte de energia primária de uma fonte convencional de corrente alternadas de 60 Hz. Sendo então modificada pelo gerador para produção de uma das formas típicas de ondas do TENS. 4 Característica Para a estimulação do tecido excitável com um único pulso de corrente, três critérios devem ser preenchidos: 1. O estímulo precisa ter uma ascensão abrupta (quadrangular) 2. O pulso precisa ter largura adequada 3. A intensidade precisa ser limiar ou supra limiar. Característica CORRENTE DE BAIXA FREQÜÊNCIA A utilização da TENS é um recurso extremamente útil no tratamento da dor. Uso viável em todas as situações dolorosas: indicada tanto para casos agudos quanto crônicos. Modalidade de tratamento não invasiva cuja função principal é proporcionar analgesia Benefícios secundários: sedação e aumento da temperatura tissular local podem ser observados. 5 Efeitos da eletricidade no corpo humano O corpo humano é mais sensível a corrente alternada do que à corrente continua Os efeitos destes no organismo humano em geral são os mesmos Passam por contrações simples para valores de baixa intensidade até resultar em queimaduras graves e a morte para valores maiores. Efeitos da eletricidade no corpo humano Existe apenas uma diferença na sensação provocada por correntes de baixa intensidade: A corrente continua de valores imediatamente superiores a 5 mA que é o Limiar de Sensação, cria no organismo a sensação de aquecimento ao passo que a corrente alternada causa a sensação de formigamento, para valores imediatamente acima de 1 mA. 6 Efeitos da eletricidade no corpo humano O aumento da amplitude e intensidade primeiro atinge o limiar sensitivo, em segundo o limiar motor e por último o limiar de dor. O Limiar de Sensação da corrente cresce com o aumento da freqüência, ou seja, correntes com freqüências maiores são menos sentidas pelo organismo. A relação entre força e duração de um estímulo necessário para gerar um potencial de ação em uma fibra de nervo motor. 7 8 Mecanisamos de analgesia do TENS TEORIA DAS COMPORTAS Liberação de Betaendorfinas (opióides) Colisão antidromica TEORIA DAS COMPORTAS DA DOR Ronald Melzack e Patrick Wall (1965) 9 Ronald Melzack , PhD (1929 - ) Psicólogo Canadense e professor emérito na Universidade McGill , Quebéc, CA. Durante a década de1970, desenvolveu o Questionário McGill de Dor e tornou-se membro fundador da International Association for the Study of Pain. Patrick David Wall, PhD (1925 –2001) Proeminente neurocientista Britânico,professor da Universidade de Harvard e do MIT Considerado o “principal especialista mundial em dor” reconhecido pela formulação da teoria das comportas da dor. TEORIA DAS COMPORTAS: O estímulo ascendente das fibras de grande calibre (A mielínicas) inibem a nível medular a transmissão do estímulo doloroso ao SNC conduzidas pelas fibras A delta e C. Assim, aplica-se um estímulo não doloroso, as fibras A (rápidas, mecanoceptores) fecham a comporta inibindo a percepção da dor. Isto ocorre na região da substância gelatinosa na medula, passando adiante por ali apenas o estímulo das fibras A mielínicas para os neurônios de transmissão (células T). 10 Componentes da Teoria nos receptores periféricos EXTEROCEPTORES: respondem a estímulos cutâneos *Terminaçoes nervosas livres *Corpúsculos de Paccini (profundo, pressão dinâmica, AR) *Corpúsculos de Meissner (superficial, pressão dinâmica AR) *Disco de Merkel (superficial, pressão estática, AL) *Terminações de Ruffini (profundo, estiramento da pele, AL) 11 Componentes de modulação da dor no corno posterior: Aferente Nociceptor primário Célula Substância Gelatinosa (SG) Neurônio de Transmissão T (secundário). 12 Vias reflexas espinhais para os reflexos de retirada flexora e extensão cruzada. Os interneurônios excitatórios estão representados em branco e os interneurônios inibitórios em preto. 13 Vias ascendentes conduzindo informações nociceptivas para os centros superiores. 1º Aferentes nociceptivos primários (I) 2º Corno dorsal 3º Sinapse com neurônios de segunda ordem 4º Cruzam a linha média 5º Ascendem nas vias ântero-laterais (II). Alguns axônios terminam na formação reticular da ponte e bulbo encefálico (linhas tracejadas). Outros axônios ascendem para o tálamo onde fazem sinapse com neurônios de terceira ordem (III) que ascendem para o córtex somatossensorial. 14 Circuitos neurais no corno dorsal que influenciam a transmissão da dor para os centros superiores A. Inibição pré-sináptica dos terminais aferentes nociceptivos no ponto onde fazem sinapse com as células de transmissão B. Células SG são inibidas quando os aferentes nociceptivos são ativados reduzindo a inibição pré-sináptica. C. Ativação de aferentes mecanossensitivos estimula as células SG por sinapse excitatória aumentando a inibição pré- sináptica agindo nos aferentes nociceptivos D. Impulsos descendentes dos centros superiores têm conexões excitatórias com as células SG: controle descendente sobre a excitabilidade geral das células T. 15 A inibição da transmissão de dor é conseguida alterando o equilíbrio dos impulsos para as células de transmissão de modo a favorecer os aferentes mecanossensitivos de diâmetro largo ou provenientes de impulsos descendentes. A quantidade maior de impulsos inibitórios (seta larga) supera o impulso excitatório gerado pelos aferentes nociceptivos (seta pequena). T = célula de transmissão LIBERAÇÃO DE ENDORFINAS: O estímulo de baixas freqüências, faz com que os neurônios de 1ª ordem levem as informações à medula Na medula, neurônios de 2ª ordem levam informações ao tálamo No Tálamo, neurônios de 3ª ordem levam informações até o córtex para então ser interpretado e assim ocorre a liberação de beta- endorfinas. 16 EFEITOS NEUROFISIOLÓGICOS DO TENS Os estímulos provenientes do sistema aferente sensitivo, atingem a via trato espino talâmico (núcleos periaquedutais) Sob controle cortical e do sistema límbico liberam então endorfinas (endo-morfinas) as quais produzem alívio da dor. Substância Cinzenta Periaquedutal: - Inibição no corno dorsal da medula espinal 17 18 19 Modulação da corrente Modulação é qualquer padrão de variação em um ou mais parâmetros de estimulação. A modulação é usada para limitar a adaptação neural a uma corrente elétrica. Tipos de modulação ◦ Variações de intensidade ◦ Variação de freqüência de pulso ◦ Variação de largura ◦ Trens de pulso TIPOS DE TENS: Convencional Tipo acupuntura Burst ou trens de pulso Breve e intenso 20 Modo convencional ou de alta freqüência Mecanismo: ativação(despolarização) de aferentes sensitivos A- Beta. Promovendo analgesia enquanto durar o estímulo. Ação rápida enquanto durar a terapia. Frequência: alta freqüência, > 150Hz (150-250Hz). Largura de pulso: baixa, < 100µs (50- 80µs). Tempo de terapia: > 30min (30-45 min - enquanto durar a dor). Amplitude: limiar sensitivo (formigamento suportado pelo paciente). Habilitar VIF para minimizar a acomodação. Colocação de eletrodos: na área dolorosa, dermátomo. Sempre respeitando o espaço entre os eletrodos, de pelo menos o tamanho de um eletrodo. Resultado: analgesia enquanto durar o estímulo. Indicada para dores agudas. Modo acupuntura ou baixa freqüência Mecanismo: ativação de aferentes sensitivos A- delta por meio de abalos musculares resultando em ativação de vias descendentes que contribuirão para o fechamento do portão da dor. Ocorre também a liberação de opióides endógenos. Frequência: baixa freqüência, < 30Hz (2- 10Hz). Largura de pulso: alta, >100µs (200- 300µs). Tempo de terapia: entre 15 e 20 min. Amplitude: limiar motor (abalos musculares) Modo: normal. Colocação de eletrodos: na área dolorosa, dermátomo. Sempre respeitando o espaço entre os eletrodos, de pelo menos o tamanho de um eletrodo. 21 Modo BURST Mecanismo: ativação de aferentes sensitivos A-delta por meio de abalos musculares resultando em ativação de vias descendentes que contribuirão para o fechamento do portão da dor. Ocorre também a liberação de opióides endógenos. Frequência: baixa freqüência do pulso < 90Hz (2- 10Hz). Portadora alta de 250 Hz com envoltória baixa de 2 Hz. Largura de pulso: alta, >100µs (200- 300µs). Tempo de terapia: entre 15 e 20min. Amplitude: limiar motor (abalos musculares). Modo: burst. Colocação de eletrodos: na área dolorosa, dermátomo. Sempre respeitando o espaço entre os eletrodos, de pelo menos o tamanho de um eletrodo. Obs: os parâmetros acupuntura e BURST são iguais, porém o BURST pode ser mais eficaz ou melhor tolerado pelo paciente. TENS Breve-Intensa (alta freqüência e alta largura de pulso) Mecanismo: ativação direta dos aferentes sensitivos A-delta resultando em ativação de vias descendentes, a liberação de opióides endógenos e colisão antidrômica. Frequência: > 100 Hz (100- 250Hz). Largura de pulso: alta, >100µs (200- 300µs). Tempo de terapia: 15min. Amplitude: limiar sensitivo (formigamento suportado pelo paciente). Modo: normal. Colocação de eletrodos: na área dolorosa, dermátomo. Sempre respeitando o espaço entre os eletrodos, de pelo menos o tamanho de um eletrodo. Resultado: analgesia rápida e potente. 22 Características sugeridas para uso do paciente que está experimentando TENS pela primeira vez 23 Posicionamento de eletrodos 1 – Local Um eletrodo sobre a área da dor e outro no segmento medular relacionado Cercando a área da dor Proximal à área da dor Distal à área da dor Cruzada 2 – Sobre o trajeto de um nervo – Técnica de overlapping 3 – Sobre o ponto motor 4 – Sobre Trigger points 5 – Sobre pontos de acupuntura Posição dos eletrodos para condições comuns de dor - vista anterior 24 Posição dos eletrodos para condições comuns de dor - vista posterior 25 KITCHEN, S. – Eletroterapia Baseada em Evidências. Ed. Manole, 2003. PRENTICE, W.– Modalidades terapêuticas em Medicina Esportiva. Ed. Manole, 2002. LOW, J. & REED, A. – Eletroterapia Explicada: princípios e prática. Ed. Manole, 2001. GUYTON, A. C. & HALL. Fisiologia Humana. 6a ed. Rio de Janeiro, Guanabara-Koogan, 1998.
Compartilhar