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1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 2 ASPECTOS GERAIS SOBRE A DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ ..... 3 3 DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ - PERSPECTIVA HISTÓRICA CULTURAL ................................................................................................................. 5 4 CONCEITUAÇÃO DA DEFICÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA ........................................................................................ 6 5 CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO E EPIDEMIOLOGIA .................................. 6 6 CAUSAS DA SURDEZ ................................................................................ 7 7 MENSURAÇÃO DA PERDA AUDITIVA ...................................................... 8 8 CONSEQUÊNCIAS DA SURDEZ ............................................................. 10 8.1 Surdez Pré – Verbal ........................................................................... 10 8.2 Surdez Pós – Verbal........................................................................... 11 9 DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SUAS FORMAS DE TRATAMENTO ............ 12 10 DIAGNÓSTICO ...................................................................................... 14 11 EDUCAÇÃO ESCOLAR INCLUSIVA PARA PESSOAS COM SURDEZ 15 12 INCLUSÃO DO ALUNO COM SURDEZ ................................................ 16 13 LIBRAS – LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS ........................................ 19 14 O PLANEJAMENTO DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL AO ALUNO ESPECIAL 21 15 CULTURA SURDA ................................................................................ 27 15.1 Surdez - Construção a Partir de Diferentes Concepções de Multiculturalismo .................................................................................................... 28 15.2 Negações à Cultura Surda .............................................................. 31 15.3 Diferentes, mas não Desiguais ....................................................... 34 BIBLIOGRAFIAS ............................................................................................ 37 2 1 INTRODUÇÃO Prezado Aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 3 2 ASPECTOS GERAIS SOBRE A DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ Fonte: pessoascomdeficiencia.com.br A audição exerce um papel fundamental e definitivo no desenvolvimento e na manutenção da comunicação através da linguagem falada, funcionando ainda como um mecanismo de alerta e defesa contra ameaças, pois mesmo quando o indivíduo está dormindo, os ouvidos permanecem em funcionamento. A linguagem é adquirida através do contato com o som. O indivíduo obtém o que ouvem no ambiente. No entanto, o desenvolvimento da linguagem não é a única linguagem que depende da capacidade auditiva de uma criança. Suas habilidades de escuta também afetam suas habilidades de alfabetização e também afetam muito as habilidades sociais. Para desenvolver habilidades de fala, as crianças devem ser capazes de ouvir claramente a fala e ouvir sua própria voz. Se o indivíduo tem perda auditiva, seu desenvolvimento básico de linguagem geralmente é atrasado. À medida que o indivíduo cresce, vivencia situações diferentes em estágios da vida, desde a infância, passando pelo período de alfabetização até o fim de sua vida. De segurança em casa a estar sozinha em ambientes desafiadores (como escola, esportes e outras atividades de lazer), a perda auditiva terá um impacto diferente em sua vida. 4 É muito comum que haja confusão entre o termo surdez com deficiência auditiva, porém se esquecem que estas duas concepções são distintas entre sim, e não devem ser entendidas como sinônimas. A deficiência auditiva é uma perda adquirida, ou seja, o indivíduo nasce com boa audição e é perdida devido hábitos maléficos, doenças ou lesões. O envelhecimento natural ou até exposição contínua a ruídos muito altos pode gerar a deficiência auditiva. A audição começa a declinar por volta dos 40 anos e esse processo continua gradativamente. Quando o indivíduo alcança a idade de 80 anos, a diminuição pode ser muito grande, e denominada de presbiacusia. Nestas circunstâncias, na maioria dos casos, o indivíduo já aprendeu a se comunicar verbalmente. Portanto, ao adquirir esta deficiência, o indivíduo precisará aprender a se comunicar de outras maneiras. Em alguns casos, a solução para esses pacientes pode ser o uso de aparelhos auditivos, dependendo do grau de deficiência auditiva, e a cirurgia pode ser a solução para minimizar ou corrigir o problema. Já a surdez provém de origem congênita, ou seja, o indivíduo nasce surdo, não possuindo a capacidade de ouvir nenhum som. Resultando, por consequência, dificuldades na aquisição da linguagem, bem como no desenvolvimento da comunicação. A surdez congênita ocorre no nascimento, o principal motivo é uma doença durante a gravidez, como rubéola ou toxoplasmose. Também pode ser causado por problemas durante o nascimento ou herança genética. Fisiologicamente, o feto teve o sistema auditivo periférico perfeitamente completo na 20ª semana de gravidez, podendo já ouvir o som do corpo, os batimentos cardíacos e a voz da mãe a partir dos 4 meses antes do parto. Contudo, a escuta abarca não somente a detecção de sons e as atividades realizadas pelo sistema auditivo periférico, mas também envolve a percepção, compreensão, localização, atenção, análise, armazenamento e memória das informações sonoras bem como as habilidades de execução do sistema nervoso central. 5 3 DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ - PERSPECTIVA HISTÓRICA CULTURAL Outra distinção se dá através da compreensão da surdez em uma perspectiva histórica e cultural que vem ressaltar distintos modos de viver as diferenças de audição. Os Surdos são indivíduos que não se reconhecem como deficientes, fazem uso da Língua de Sinais, estimam sua história, arte e literatura e recomendam uma pedagogia adequada para a educação das crianças surdas. E os deficientes auditivos seriam aqueles indivíduos que não se identificam com a cultura e a comunidade surda. Portanto, opostamente ao que muitos veem supondo, o Surdo que tem a identificação com a Língua de Sinais e com a comunidade surda se sente incomodado de ser chamado de deficiente auditivo, pois possui orgulho em ser surdo e não se considera um deficiente. Entretanto, o indivíduo que não se identifica com a comunidade surda vive uma situação divergente, pois alguns se incomodam muito quando seu déficit auditivo é percebido, outros se reconhecem como deficientes auditivos (dependendo de sua história pregressa, da etiologia da surdez, de suas condições atuais de vida, etc.). Fonte: sis.posuscs.com.br Sendo assim, não se trata de uma simples terminologia, pois esta diferenciação traz uma compreensão mais ampla e ainda permite compreender, de formaexemplificada que o deficiente auditivo poderá ser percebido pelos demais devido ao uso de uma prótese auditiva ou se percebe alguma dificuldade, geralmente pequena, 6 de fala. Enquanto, que o Surdo não passa despercebido nos locais que frequenta, pois utiliza suas mãos para se expressar em uma língua gestual-visual e ainda fazer uso de uma mediação através do Intérprete de Língua de Sinais. 4 CONCEITUAÇÃO DA DEFICÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA O Decreto nº 5.626, de 22 de janeiro de 2005, que regulamentou a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000 considera que: Pessoa com Deficiência Auditiva – é aquele com perda bilateral, parcial ou total, de 41 decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500 Hz, 1.000 Hz, 2.000 Hz e 3.000 Hz Pessoa Surda – é aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Libras. 5 CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO E EPIDEMIOLOGIA Conforme os parâmetros estabelecidos pela American National Standards Institute, é considerado deficiência auditiva quando há uma diferenciação na percepção sonora de um indivíduo. Geralmente, a audição normal, é aquela em que há habilidade para detectar sons em até 20 dB N.A (decibéis, nível de audição). Há dois tipos de deficiência auditiva: o primeiro tipo prejudica o ouvido externo ou médio e causa deficiência auditiva condutiva, frequentemente podendo ser tratado e curado. O outro tipo afeta o ouvido interno ou nervo auditivo, chamado surdez neurossensorial, que poderá se manifestar desde o pré-natal até a idade avançada. Como a cóclea é um órgão muito sensível poderá ocorrer a perda auditiva neurossensorial devido à fatores genéticos, doenças da infância, sons altos e certos medicamentos. Em um parto prematuro ou que haja privação de oxigênio para o bebê, ou se após o nascimento adquirir icterícia poderá ter os nervos auditivos danificados, causando perda auditiva. (Secretaria de Educação Especial, 1997). 7 Para Myklebust (1971), Perelló e Tortosa (1972) e Reynolds e Birch (1976) citados por Costa, (1994), o local de lesão no ouvido, permite a diferenciar a surdez: Transmissão/Condução - causada por um problema no ouvido médio e a lesão existe apenas no dispositivo de transmissão, existindo um obstáculo quando a vibração é transmitida ao ouvido interno. Recepção/Percepção - causada por danos ao dispositivo receptor que são os órgãos de Coti ou nas fibras nervosas, causadas por vibrações que conduzem o som. Essa é uma forma mais complexa de surdez, porque o próprio órgão sensorial contribui para a distorção da percepção sonora. Mista - os ouvidos médio e interno são afetados, e isso ocorre quando a perda auditiva tem um componente nervoso condutor e sensitivo. Fonte: iobbauru.com.br 6 CAUSAS DA SURDEZ Maspetiol (apud Costa, 1994) afirma que a causa da perda auditiva pode ser genética, obtida durante o pré-natal e após o nascimento. Entre os fatores ambientais que causam perda auditiva, destacam-se as infecções, drogas e lesões na cabeça. Causas Pré-natais: Desordens genéticas ou hereditárias; relativas à consanguinidade; relativas ao Rh; relativas a doenças infectocontagiosas, como rubéola; sífilis, citomegalovírus, toxoplasmose, herpes; remédios ototóxicos, drogas, 8 alcoolismo materno; desnutrição, carências alimentares, pressão alta, diabetes; exposição à radiação. Causas Perinatais: Prematuridade, pós-maturidade, anóxia, fórceps; infecção hospitalar. Causas Pós-natais Meningite, remédios ototóxicos, em excesso, com ou sem orientação medicas; sífilis adquirida; sarampo, caxumba; exposição continua a ruídos ou sons muitos altos; traumatismos cranianos (Secretaria de Educação Especial, 1997). 7 MENSURAÇÃO DA PERDA AUDITIVA A perda auditiva pode ser medida e sua mensuração é utilizado através de um audiômetro. Este instrumento eletrônico é utilizado na medição dos níveis de audição em um espectro de frequências, O decibel (dB) é a unidade de medida sonora, e para classificar o grau de perda é utilizado esta medida como base. (Costa, 1994). Russo e Santos citaram Davis e Silverman dizendo que, em termos de extensão, a perda auditiva em indivíduos adultos pode ser dividida nas seguintes categorias: AUDIÇÃO NORMAL 0 A 25 DB PERDA LEVE 26 A 40 DB PERDA MODERADA 41 A 71 DB; PERDA SEVERA 71 A 90 DB PERDA PROFUNDA ACIMA DE 91 DB Como pode ser observado o indivíduo com surdez leve possui perda auditiva de até quarenta decibéis. Essa perda traz prejuízos na alfabetização, por exemplo, pois ela impede que o aluno perceba igualmente todos os fonemas da palavra. Como a voz fraca ou distante não é ouvida, geralmente em sala de aula, esse aluno é considerado desatento, solicitando, frequentemente, a repetição daquilo que lhe falam. É importante ressaltar que essa perda auditiva não impede a aquisição normal 9 de linguagem, mas pode causar algum problema de articulação ou dificuldade na leitura e/ou escrita. Aquele indivíduo com surdez moderada tem a sua perda auditiva entre quarenta e setenta decibéis. Como esse nível se encontra no limite da percepção da palavra, se faz necessário uma voz com certa intensidade para que possa percebê-la de forma convenientemente. Esses indivíduos comumente apresentam atraso de linguagem e nas alterações articulatórias, podendo haver alguns problemas linguísticos mais graves. Pessoas com surdez moderada apresentam maior dificuldade em discernir sons em lugares ruidosos. Conseguem identificar as palavras mais significativas, porém com dificuldade em compreender certos termos de relação e/ou frases gramaticais complexas, pois a compreensão verbal destes indivíduos está intimamente ligada à aptidão para a percepção visual. Fonte: igualmentediferentes.com Nos casos de surdez severa, o indivíduo tem uma perda auditiva entre setenta e noventa decibéis, que embora permita que ele reconheça alguns ruídos familiares e possa perceber apenas a voz forte, o indivíduo pode permanecer por quatro ou cinco anos sem aprender a falar. Sua compreensão verbal dependerá, em grande parte, da aptidão na utilização da percepção visual e para observar o contexto das situações. A surdez profunda é aquela que possui uma perda auditiva superior a noventa decibéis. Essa perda priva o indivíduo de obter informações auditivas necessárias na 10 percepção e identificação da voz humana e o impede de adquirir naturalmente a linguagem oral, já que construção da linguagem oral demanda tempo e é complexa, pois envolve aquisições como: tomar conhecimento sonoro, aprender a utilizar todas as vias perceptivas que podem complementar a audição, perceber e conservar a necessidade de comunicação e de expressão, compreender a linguagem e aprender a expressar-se. A perda auditiva infantil está referenciada como deficiência auditiva, pois apresenta a redução da clareza das informações verbais em um certo grau, prejudicando na interpretação ou aprendizado precisos. Para as crianças a classificação ocorre de forma diferenciada. Northern e Downs, afirma que: AUDIÇÃO NORMAL 0 A 15 DB PERDA DISCRETA 16 A 25 DB PERDA LEVE 26 A 40 DB PERDA MODERADA 41 A 70 DB PERDA SEVERA 71 A 90 DB PERDA PROFUNDA ACIMA DE 91 DB 8 CONSEQUÊNCIAS DA SURDEZ O impacto da surdez no desenvolvimento da linguagem varia de acordo com a importância da perda e a idade em que ela aparece, segundo Juarez A. in Pena, (1992): 8.1 Surdez Pré – Verbal Nos casos de perda leve, os problemas apresentados serão leves. Podendo ocorrer algumas dislalias por insuficiência na discriminação de certos traços fonéticos, problemas de atenção em classe e limitações para perceber baixa intensidadede voz. Muitas vezes estes passam despercebidos pela família. Nas perdas médias, o aparecimento natural da linguagem acontece com atrasos e importantes dificuldades, mas com uma prótese adequada e uma 11 capacitação fonoaudialógica durante a infância, ocorre o desenvolvimento de uma linguagem normal e frequência a uma escola comum. Esses indivíduos apresentarão dificuldade de compreensão em ambientes ruidosos. Acima de 70 dB de perda, não é observado o desenvolvimento espontâneo da linguagem, a audição residual não é funcional, mesmo que que esteja amplificada, e a aprendizagem oral ocorre de formar difícil, lenta e muitas vezes, limitada. Na surdez severa, havendo um trabalho intenso e precoce poderá permitir que a criança possa ouvir uma voz articulação inteligível, o aproveitamento de seus resíduos auditivos, unidos a leitura labial, auxiliam na compreensão Na surdez profunda, a compreensão verbal da criança dependerá exclusivamente da leitura labial. Com exceções, em casos onde a voz e a pronúncia se tornam alteradas e a aquisição da linguagem oral difícil. Fonte: signumweb.com.br 8.2 Surdez Pós – Verbal A surdez obtida após o primeiro processo de aprendizagem de línguas faladas tem uma influência significativamente menor no desenvolvimento da fala, dos aspectos fonéticos, léxicos e morfossintáticos. Embora a leitura labial seja melhor devido ao conhecimento da língua, as consequências da compreensão são as 12 mesmas e proporcionais à importância da perda. Também com consequências emocionais e sociais (isolamento, retorno, etc.) e podem afetar o desenvolvimento pessoal e a integração social. Se ocorrer surdez durante os 3 a 6 anos de aprendizado básico de linguagem, será necessário acompanhamento de fonoaudiologia para atingir um nível normal de aquisição. Se ocorrer mais tarde, o treinamento mudará o foco para o aprendizado da leitura labial e a manutenção da qualidade da voz e da pronúncia da criança, que podem ser severamente deterioradas devido à falta permanente de feedback auditivo. 9 DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SUAS FORMAS DE TRATAMENTO Igualmente aos demais órgãos do sentido, o ouvido relaciona o SNC com o mundo exterior, sendo responsável pelo equilíbrio e pela audição. A grande importância da audição no desenvolvimento intelectual e na integração social do indivíduo é que tanto audição como a linguagem, são funções essenciais à comunicação oral entre os homens. É pela audição que se originam os processos e mecanismos da formação e desenvolvimento da linguagem. Como esta é necessária à integração social e à aprendizagem acadêmica, torna-se evidente que o dano causado por um distúrbio auditivo representa muito mais do que uma simples redução da capacidade de ouvir. (PIZA 2008) Portanto, considerando não apenas a surdez espontânea, as crianças surdas que necessitam de tecnologia da educação psicológica, professores e equipamentos especiais, mas também crianças com surdez moderada e leve e com baixa audição, devem ter grande valor para a capacidade auditiva da educação. A deficiência auditiva pode levar a desajustes, distúrbios de linguagem e escrita, baixo desempenho acadêmico. O som da linguagem está impactando constantemente a aquisição da linguagem, aprender os nomes de pessoas, objetos, sentimentos, etc. e que esses nomes são compostos por sons específicos, por sua vez. As crianças que ouvem subconscientemente dominam a estrutura gramatical de sua língua e podem fundir e remontar elementos da língua indefinidamente sem treinamento prévio, sendo madura e adequada para estudos mais complexos. 13 As crianças surdas não conseguem aprender a língua naturalmente, se não receber treinamento estrito, pode nem perceber a existência das palavras, e não externalizar os significados daquilo que compreendeu. A linguagem sempre será uma barreira ao aprendizado, o que exigirá esforço e conclusão gradualmente. A voz sempre alcançará a criança de forma filtrada e distorcida, mesmo que sua inteligência seja normal, seu crescimento será prejudicado por restrições de comunicação. Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com A deficiência auditiva pode ser tratada, mas a audição não pode ser restaurada. Na maioria dos casos, a perda auditiva pode ser tratada usando aparelhos auditivos. Certas perdas auditivas podem ser tratadas com diferentes tipos de implantes, e a cirurgia pode curar certos tipos de perda auditiva condutiva. A perda auditiva neurossensorial geralmente pode ser tratada com aparelhos auditivos. Por outro lado, a perda auditiva condutiva geralmente pode ser tratada por cirurgia ou remoção do entupimento auditivo. Em alguns casos, aparelhos auditivos ou implantes devem ser usados. A perda auditiva súbita pode ser tratada imediatamente. O tratamento geralmente envolve o uso de esteróides. 14 10 DIAGNÓSTICO Para Russo e Col. o diagnóstico distinto da causa da deficiência auditiva é de imprescindível tanto para prevenir como para adequar os métodos fonoaudiólogos e educacionais que deverão ser empregados na reabilitação e/ou na habilitação de uma criança com deficiência auditiva. O processo de (re)habilitação de uma indivíduo com alterações sensoriais precisa ser diferenciado daquele que será utilizado em um indivíduo com alterações condutivas ou centrais. Assim, tendo o conhecimento, do grau, o momento em que ocorreu e a origem do problema, é possível adequar melhor todo o trabalho de (re)habilitação posterior. De acordo com Granato e Cols., a deficiência auditiva é a mais comum desordem sensorial do indivíduo, da qual aproximadamente 50% das deficiências auditivas profundas têm etiologia genética. A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem estimado que 5% da população de qualquer país é apresenta algum tipo de deficiência. No Brasil, nos últimos anos, estudos adotaram métodos de triagem comportamental e eletrofisiológica para desenvolver um plano de reconhecimento precoce de deficiências auditivas. Com estes estudos foi possível coletar a ocorrência de disacusia sensorioneural entre 2,5 a 9% em crianças de alto risco e de 0,2 a 0,85% em crianças sem risco; as alterações de orelha média variaram na faixa de 8,5 a 15% na população sem risco e de 25 a35% na população de alto risco15/18. De acordo com uma pesquisa do Comitê Brasileiro de Perda Auditiva Infantil, existem 1 a 3 recém-nascidos em cada 1.000 recém-nascidos na unidade de terapia intensiva (UTI) e 2 a 4 recém-nascidos por 1.000 recém-nascidos. Ainda de acordo com esse comitê, dentre as doenças que podem ser rastreadas no nascimento, a prevalência de perda auditiva é alta (fenilcetonúria 1: 10.000; hipotireoidismo: 2,5: 10.000; anemia falciforme 2: 10.000; deficiência auditiva 30: 10.000). 15 11 EDUCAÇÃO ESCOLAR INCLUSIVA PARA PESSOAS COM SURDEZ estrategiaconcursos.com.br Estudar a educação escolar para surdos não apenas relata suas limitações e possibilidades, mas também relata o preconceito na atitude da sociedade em relação a eles. Indivíduos surdos enfrentam muitos obstáculos devido à perda auditiva e ao modo como a educação escolar é organizada. Muitos alunos surdos podem sofrer de falta de potencial cognitivo, sócio afetivo, linguístico e político-cultural e sofrer perdas consideráveis em aprendizado e desenvolvimento. Na última década do século XX e início do século XXI, pesquisas conduzidas por vários autores e pesquisadores contribuíram para a educação de alunos surdos em escolas comuns, enfatizando o valor das diferenças na vida social e a compreensão do potencial de todos. Poker, destacou que a comunicação simbólica estimulava a representação desses alunos em um ambiente de aprendizado heterogêneo, propício ao desenvolvimento de ideias e conhecimentos. No entanto, existem posições contrárias à inclusão de alunos com surdez nas turmascomuns, em decorrência da compreensão das formas de representação da surdez como incapacidade ou das propostas pedagógicas desenvolvidas tradicionalmente para atendê-las que não consideram a diversidade linguística. Conforme Skliar, o modelo excludente da Educação Especial está sendo substituído 16 por outro, em nome da inclusão que não respeita a identidade surda, sua cultura, sua comunidade. Essas questões causaram polêmica entre muitos estudiosos, profissionais, familiares e até mesmo entre os surdos. Os que defendem a cultura, a identidade e as comunidades surdas confiam no discurso da diferença, declarando que se faz necessário que compreendam sua particularidade. Mas as pessoas podem cair na armadilha da diferença, como Pierucci disse, em nome da diferença o indivíduo poderá também se isolar. Diante dessa situação, o importante é procurar promover o confronto nas relações entre as escolas e as diferenças entre as escolas internas e externas, o novo estilo de vida da vida coletiva e, portanto, trabalhar com um aluno surdo. Considerando que a escola é aberta a todos e, portanto, verdadeiramente inclusiva, que cursos e processos de ensino precisam ser criados para resolver essa diferença. A ideia não é substituir as escolas excludentes especiais por escolas excludentes comuns. Os fatos provaram que algumas práticas de fala e educacionais não conseguiram responder às questões levantadas acima, mantendo assim o processo de normalização dos surdos. 12 INCLUSÃO DO ALUNO COM SURDEZ A inclusão do aluno com surdez deve acontecer desde a educação infantil até a educação superior, garantindo-lhe, desde cedo, utilizar os recursos de que necessita para superar as barreiras no processo educacional e usufruir seus direitos escolares, exercendo sua cidadania, de acordo com os princípios constitucionais do nosso país. A inclusão de pessoas com surdez na escola comum requer que se busquem meios para beneficiar sua participação e aprendizagem tanto na sala de aula como no Atendimento Educacional Especializado. Conforme Dorziat, o aperfeiçoamento da escola comum em favor de todos os alunos é primordial. Esta autora observa que os professores precisam conhecer e usar a Língua de Sinais, entretanto, deve-se considerar que a simples adoção dessa língua não é suficiente para escolarizar o aluno com surdez. Assim, a escola comum precisa implementar ações que tenham 17 sentido para os alunos em geral e que esse sentido possa ser compartilhado com os alunos com surdez. Fonte: pontocritico.org Mais do que a utilização de uma língua, os alunos com surdez precisam de ambientes educacionais estimuladores, que desafiem o pensamento, explorem suas capacidades, em todos os sentidos. Se somente o uso de uma língua bastasse para aprender, as pessoas ouvintes não teriam problemas de aproveitamento escolar, já que entram na escola com uma língua oral desenvolvida. A aquisição da Língua de Sinais, de fato, não é garantia de uma aprendizagem significativa, como mostrou Poker, quando trabalhou com seis alunos com surdez profunda que se encontravam matriculados na primeira etapa do Ensino Fundamental, com idade entre oito anos e nove meses e 11 anos e nove meses, investigando, por meio de intervenções educacionais, as trocas simbólicas e o desenvolvimento cognitivo desses alunos. Segundo esta autora, o ambiente em que a pessoa com surdez está inserida, principalmente o da escola, na medida em que não lhe oferece condições para que se estabeleçam trocas simbólicas com o meio físico e social, não exercita ou provoca a capacidade representativa dessas pessoas, consequentemente, compromete o desenvolvimento do pensamento. 18 A pesquisadora constatou que nesse caso, a natureza do problema cognitivo da pessoa com surdez está relacionada à: [...] deficiência das trocas simbólicas, ou seja, o meio escolar não expõe esses alunos a solicitações capazes de exigir deles coordenações mentais cada vez mais elaboradas, que favorecerão o mecanismo da abstração reflexionante e consequentemente, os avanços cognitivos {...} (POKER, 2001: 300). Considerando a necessidade do desenvolvimento da capacidade representativa e linguística dos alunos com surdez, a escola comum deve viabilizar sua escolarização em um turno e o Atendimento Educacional Especializado em outro, contemplando o ensino de Libras, o ensino em Libras e o ensino da Língua Portuguesa. Ao optar-se em oferecer uma educação bilíngue, a escola está assumindo uma política linguística em que duas línguas passarão a coexistir no espaço escolar. Além disso, também será definido qual será a primeira língua e qual será a segunda língua, bem como as funções em que cada língua irá representar no ambiente escolar. Pedagogicamente, a escola vai pensar em como estas línguas estarão acessíveis às crianças, além de desenvolver as demais atividades escolares. As línguas podem estar permeando as atividades escolares ou serem objetos de estudo em horários específicos dependendo da proposta da escola. Isso vai depender de “como”, “onde”, e “de que forma” as crianças utilizam as línguas na escola. (MEC/ SEESP, 2006). Inúmeras polêmicas têm se formado em torno da educação escolar para pessoas com surdez. A proposta de educação escolar inclusiva é um desafio, que para ser efetivada faz-se necessário considerar que os alunos com surdez têm direito de acesso ao conhecimento, à acessibilidade, bem como ao Atendimento Educacional Especializado. Conforme cita Bueno, é “preciso ultrapassar a visão que reduz os problemas de escolarização das pessoas com surdez ao uso desta ou daquela língua, mas sim de ampliá-la para os campos sócios políticos”. As tendências de educação escolar para pessoas com surdez centram-se ora na inserção desses alunos na escola comum e/ou em suas classes especiais, ora na 19 escola especial de surdos. Existem três tendências educacionais: a oralista, a comunicação total e a abordagem por meio do bilinguismo. 13 LIBRAS – LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Fonte: pessoascomdeficiencia.com.br As escolas comuns ou especiais, pautadas no oralismo, visam à capacitação da pessoa com surdez para que possa utilizar a língua da comunidade ouvinte na modalidade oral, como única possibilidade linguística, de modo que seja possível o uso da voz e da leitura labial, tanto na vida social, como na escola. O oralismo, não conseguiu atingir resultados satisfatórios, porque, de acordo com Sá ocasiona déficits cognitivos, legitima a manutenção do fracasso escolar, provoca dificuldades no relacionamento familiar, não aceita o uso da Língua de Sinais, discrimina a cultura surda e nega a diferença entre surdos e ouvintes. Já a comunicação total considera as características da pessoa com surdez utilizando todo e qualquer recurso possível para a comunicação, a fim de potencializar as interações sociais, considerando as áreas cognitivas, linguísticas e afetivas dos alunos. 20 Os resultados obtidos com a comunicação total são questionáveis quando observamos as pessoas com surdez frente aos desafios da vida cotidiana. A linguagem gestual visual, os textos orais, os textos escritos e as interações sociais que caracterizam a comunicação total parecem não possibilitar um desenvolvimento satisfatório e esses alunos continuam segregados, permanecendo agrupados pela deficiência, marginalizados, excluídos do contexto maior da sociedade. Esta proposta, segundo Sá não dá o devido valor a Língua de Sinais, portanto, pode-se dizer que é uma outra feição do oralismo. Os dois enfoques, oralista e da comunicação total, negam a língua natural das pessoas com surdez e provocam perdas consideráveis nos aspectos cognitivos, sócio afetivos, linguísticos, político culturais e na aprendizagem desses alunos. A comunicação total, em favor da modalidade oral, porexemplo, usava o Português sinalizado e desfigurava a rica estrutura da Língua de Sinais. Por outro lado, a abordagem educacional por meio do bilinguismo visa capacitar a pessoa com surdez para a utilização de duas línguas no cotidiano escolar e na vida social, quais sejam: a Língua de Sinais e a língua da comunidade ouvinte. As experiências escolares, de acordo com essa abordagem, no Brasil, são muito recentes e as propostas pedagógicas nessa linha ainda não estão sistematizadas. Acrescenta- se a essa situação, a existência de trabalhos equivocados, ou seja, baseados em princípios da comunicação total, mas que são divulgados como trabalhos baseados na abordagem por meio do bilinguismo. De fato, existem poucas publicações científicas sobre o assunto, há falta de professores bilíngues, os currículos são inadequados e os ambientes bilíngues, quase inexistentes. Não se podem descartar também outros fatores, tais como: dificuldade para se formar professores com surdez num curto período de tempo; a presença de um segundo professor de Língua Portuguesa para os alunos surdos e; a falta de conhecimento a respeito do bilinguismo. As propostas educacionais dessa natureza começam a estruturar-se a partir do Decreto 5.626/05 que regulamentou a lei de Libras. Esse Decreto prevê a organização de turmas bilíngues, constituídas por alunos surdos e ouvintes onde as duas línguas, Libras e Língua Portuguesa são utilizadas no mesmo espaço educacional. Também define que para os alunos com surdez a primeira língua é a Libras e a segunda é a Língua Portuguesa na modalidade escrita, além de orientar para a 21 formação inicial e continuada de professores e formação de intérpretes para a tradução e interpretação das Libras e da Língua Portuguesa. 14 O PLANEJAMENTO DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL AO ALUNO ESPECIAL Contrariando o modelo de integração escolar, que concebe o aluno com surdez, a partir dos padrões dos ouvintes, desconsiderando a necessidade de serem feitas mudanças estruturais e pedagógicas nas escolas para romper com as barreiras que se interpõem entre esse aluno e o ensino, as propostas de atendimento a alunos com surdez, em escolas comuns devem respeitar as especificidades e a forma de aprender de cada um, não impondo condições à inclusão desses alunos no processo de ensino e aprendizagem. Também, a escola especial é segregada, pois os alunos isolam-se cada vez mais, ao serem excluídos do convívio natural dos ouvintes. Há entraves nas relações sociais, afetivas e de comunicação, fortalecendo cada vez mais os preconceitos. Fonte: criciumanews.com.br Segundo alguns professores, é mais fácil ensinar em classes especiais das escolas comuns, pois, essas classes além do agrupamento ser constituído apenas 22 por alunos com surdez, a comunicação e a metodologia de ensino da língua escrita e oral são as mesmas para todos. Entretanto nessas classes os alunos com surdez não têm sido igualmente beneficiados na aprendizagem. As posições contrárias à inclusão de alunos com surdez tomam como referência modelos que se dizem “inclusivos”, mas, na verdade, não alteram suas práticas pedagógicas no que se refere às condições de acessibilidade, em especial às relativas às comunicações. É preciso fazer a leitura desse movimento político cultural e educacional, procurando esclarecer os equívocos existentes, visando apontar soluções para os seus principais desafios. Deflagram-se atualmente, debates sobre a comunidade surda, sua cultura e sua identidade. Essas questões são polêmicas e, quando analisadas pelos antropólogos, sociólogos, filósofos e professores, levam a interpretações conceituais, provocando divergências relacionadas à indicação de procedimentos escolares. Grande parte dos pesquisadores e estudiosos da cultura surda têm se apropriado da concepção de diferença cultural, defendendo uma cultura surda e uma cultura ouvinte o que fortalece a dicotomia surdo/ouvinte (BUENO, 1999). O desafio frente à aprendizagem da Língua Portuguesa é uma questão escolar importante. A Língua Portuguesa é difícil de ser assimilada pelo aluno com surdez. Segundo Perlin os surdos não conseguem dominar os signos dos ouvintes, por exemplo, a epistemologia de uma palavra, sua leitura e sua escrita. De fato, existem dificuldades reais da pessoa com surdez para adquirir a oralidade e a escrita, porém, dizer que não são capazes de aprendê-la reduz totalmente a pessoa ao seu déficit e não considera a precariedade das práticas de ensino disponíveis para esse aprendizado. Há, pois, urgência de ações educacionais escolares que favoreçam o desenvolvimento e a aprendizagem escolar das pessoas com surdez. A Língua de Sinais é, certamente, o principal meio de comunicação entre as pessoas com surdez. Contudo, o uso da Língua de Sinais nas escolas comuns e especiais, por si só, não resolveria o problema da educação escolar das pessoas com surdez. É necessário o domínio de outros saberes que lhes garantam, de fato, viver, produzir, tirar proveito dos bens existentes, no mundo em que vivemos. 23 As práticas pedagógicas constituem o maior problema na escolarização das pessoas com surdez. Torna-se urgente, repensar essas práticas para que os alunos com surdez, não acreditem que suas dificuldades para o domínio da leitura e da escrita são advindas dos limites que a surdez lhes impõe, mas principalmente pelas metodologias adotadas para ensiná-los. Fonte: pessoascomdeficiencia.com.br Neste sentido, é necessário fazer uma ação-reflexão-ação permanente a acerca deste tema, visando à inclusão escolar das pessoas com surdez, tendo em vista a sua capacidade de frequentar e aprender em escolas comuns, contra o discurso da exclusão escolar e a favor de novas práticas educacionais na escola comum brasileira. O trabalho pedagógico com os alunos com surdez nas escolas comuns, deve ser desenvolvido em um ambiente bilíngue, ou seja, em um espaço em que se utilize a Língua de Sinais e a Língua Portuguesa. Um período adicional de horas diárias de estudo é indicado para a execução do Atendimento Educacional Especializado. Nele destacam-se três momentos didático-pedagógicos: 24 Momento do Atendimento Educacional Especializado em Libras na escola comum, em que todos os conhecimentos dos diferentes conteúdos curriculares, são explicados nessa língua por um professor, sendo o mesmo preferencialmente surdo. Esse trabalho é realizado todos os dias, e destina-se aos alunos com surdez. Momento do Atendimento Educacional Especializado para o ensino de Libras na escola comum, no qual os alunos com surdez terão aulas de Libras, favorecendo o conhecimento e a aquisição, principalmente de termos científicos. Este trabalhado é realizado pelo professor e/ou instrutor de Libras (preferencialmente surdo), de acordo com o estágio de desenvolvimento da Língua de Sinais em que o aluno se encontra. O atendimento deve ser planejado a partir do diagnóstico do conhecimento que o aluno tem a respeito da Língua de Sinais. Momento do Atendimento Educacional Especializado para o ensino da Língua Portuguesa, no qual são trabalhadas as especificidades dessa língua para pessoas com surdez. Este trabalho é realizado todos os dias para os alunos com surdez, à parte das aulas da turma comum, por uma professora de Língua Portuguesa, graduada nesta área, preferencialmente. O atendimento deve ser planejado a partir do diagnóstico do conhecimento que o aluno tem a respeito da Língua Portuguesa. O planejamento do Atendimento Educacional Especializado é elaborado e desenvolvido conjuntamente pelos professores que ministram aulas em Libras, professor de classe comum e professor de Língua Portuguesa para pessoas com surdez. O planejamento coletivo inicia-se com a definição do conteúdo curricular, o que implica que os professores pesquisemsobre o assunto a ser ensinado. Em seguida, os professores elaboram o plano de ensino. Eles preparam também os cadernos de estudos do aluno, nos quais os conteúdos são inter-relacionados. No planejamento para as aulas em Libras, há que se fazer o estudo dos termos científicos do conteúdo a ser estudado, nessa língua. Cada termo é estudado, o que amplia e aprofunda o vocabulário. Na sequência, todos os professores selecionam e elaboram os recursos didáticos para o Atendimento Educacional Especializado em 25 Libras e em Língua Portuguesa, respeitando as diferenças entre os alunos com surdez e os momentos didático pedagógicos em que serão utilizados. Os alunos com surdez são observados por todos os profissionais que direta ou indiretamente trabalham com eles. Focaliza-se a observação nos seguintes aspectos: sociabilidade, cognição, linguagem (oral, escrita, viso espacial), afetividade, motricidade, aptidões, interesses, habilidades e talentos. Registram-se as observações iniciais em relatórios, contendo todos os dados colhidos ao longo do processo e demais avaliações relativas ao desenvolvimento do desempenho de cada um. Este atendimento constitui um dos momentos didático-pedagógicos para os alunos com surdez incluídos na escola comum. O atendimento ocorre diariamente, em horário contrário ao das aulas, na sala de aula comum. A organização didática desse espaço de ensino implica o uso de muitas imagens visuais e de todo tipo de referências que possam colaborar para o aprendizado dos conteúdos curriculares em estudo, na sala de aula comum. Os materiais e os recursos para esse fim precisam estar presentes na sala de Atendimento Educacional Especializado, quais sejam: mural de avisos e notícias, biblioteca da sala, painéis de gravuras e fotos sobre temas de aula, roteiro de planejamento, fichas de atividades e outros. Fonte: www.faers.com.br 26 Na escola comum, é ideal que haja professores que realizem esse atendimento, sendo que os mesmos precisam ser formados para ser professor e ter pleno domínio da Língua de Sinais. O Professor em Língua de Sinais, ministra aula utilizando a Língua de Sinais nas diferentes modalidades, etapas e níveis de ensino como meio de comunicação e interlocução. O planejamento do Atendimento Educacional Especializado em Libras é feito pelo professor especializado, juntamente com os professores de turma comum e os professores de Língua Portuguesa, pois o conteúdo deste trabalho é semelhante ao desenvolvido na sala de aula comum. O Atendimento Educacional Especializado em Libras fornece a base conceitual dessa língua e do conteúdo curricular estudado na sala de aula comum, o que favorece ao aluno com surdez a compreensão desse conteúdo. Nesse atendimento há explicações das ideias essenciais dos conteúdos estudados em sala de aula comum. Os professores utilizam imagens visuais e quando o conceito é muito abstrato recorrem a outros recursos, como o teatro, por exemplo. Os recursos didáticos utilizados na sala de aula comum para a compreensão dos conteúdos curriculares são também utilizados no Atendimento Educacional Especializado em Libras. No decorrer do Atendimento Educacional Especializado em Libras, os alunos se interessam, fazem perguntas, analisam, criticam, fazem analogias, associações diversas entre o que sabem e os novos conhecimentos em estudo. Os professores neste atendimento registram o desenvolvimento que cada aluno apresenta, além da relação de todos os conceitos estudados, organizando a representação deles em forma de desenhos e gravuras, que ficam no caderno de registro do aluno. Respaldados pelos novos paradigmas inclusivos, as pessoas com surdez têm conquistado atualmente direitos fundamentais que promovem a sua inclusão social. O reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais – Libras, em abril de 2002, e sua recente regulamentação, conforme o decreto nª 5.626, de 22 de dezembro de 2005, legitimam a atuação e a formação profissional de tradutores e intérpretes de Libras e Língua Portuguesa. Garante ainda a obrigatoriedade do ensino de Libras na educação básica e no ensino superior - cursos de licenciatura e de Fonoaudiologia e regulamenta a formação de professores da Libras, o que abre um amplo espaço, nunca antes alcançado, para a discussão sobre a educação das pessoas com surdez, suas formas de ocorrência e socialização. 27 Nesse contexto, a formação profissional dos tradutores e intérpretes de Libras e de Língua Portuguesa torna-se cada vez mais valorizada, pois a presença destes profissionais é fundamental para a inserção das pessoas com surdez, que são usuárias da Língua de Sinais. Fonte: educadorvc.com.br 15 CULTURA SURDA Os elementos culturais constituem a mediação simbólica que torna a vida possível. A cultura é expressa através da linguagem, julgamento de valor, arte, motivação etc., e a ordem do grupo é gerada através de suas próprias regras, formas organizacionais e unidade. São recriadas de acordo com cada grupo pertencente à cultura. Os surdos são um grupo minoritário e estão tentando trazer sua cultura para a sociedade e torná-la legal. Aqui, a "cultura" é definida como um campo subjetivo que dá sentido a um grupo. Por meio da explicação baseada na maioria das culturas, na construção social dos surdos, é prestado atenção ao modelo de escuta, principalmente no processo educacional dos surdos. Isso impõe uma imposição subjetiva, às vezes até objetiva, à identidade, subjetividade e autoimagem da pessoa surda, ou seja, o exercício do 28 poder afeta a pessoa surda a perder sua identidade surda, assimilando suas diferenças. Disfarçado para se tornar invisível. As culturas minoritárias geralmente vivem com normas culturais consideradas dominantes e padronizadas. Por exemplo, na educação de pessoas surdas, o objetivo de "padronizar pessoas surdas" é proposto. Nesse discurso em particular, "normalização" aparece no sentido de "igual a", mas, na realidade, os surdos são considerados pessoas que nunca podem ser "normais" ou "iguais". A "normalização" pode ser entendida como atribuindo todas as características positivas possíveis a uma identidade específica, enquanto outras identidades são relacionadas a ela de maneira negativa, considerando que existe uma identidade correta e perfeita que é selecionada como "melhor". Portanto, neste conflito, a cultura das pessoas surdas está se reconstruindo todos os dias, mas é desconhecida e negligenciada, e é uma maneira de sobrecarregar a experiência e o insight. Como o problema da surdez existe em um único corpo, a taxonomia médica é reproduzida e garantida, interpretando assim a surdez como falta, incapacidade ou experiência em incapacidade. Embora a surdez seja um fato comum, a cultura da surdez é considerada "uma espécie exótica cuja identidade está destinada a apodrecer e desaparecer" (Owen Wrigley,1996, p. 94). 15.1 Surdez - Construção a Partir de Diferentes Concepções de Multiculturalismo Na mesma sociedade, existem muitas culturas entrelaçadas, por isso é necessário considerar o "multiculturalismo", principalmente nas atividades educacionais. No entanto, existem vários conceitos de multiculturalismo. Portanto, é importante enfatizar o conceito de multiculturalismo no qual exigimos essa reflexão. No conceito definido aqui há o entendimento do multiculturalismo como a necessidade de conferir uma cultura maior / melhor a outras culturas menores / pobres. Aqui, o multiculturalismo também não significa que o conceito de "cultura" se limite à raça ou nacionalidade, mas como um conceito que enfatiza os métodos que constituem a subjetividade, que ajudam a identificar e organizar grupos. Skliar adverte (com base em Harlan Lane, 1990 e em Peter McLaren, 1997), que a surdez é construída a partir de concepções diferentes de multiculturalismo. 29Segundo ele, pode-se observar a concepção conservadora de multiculturalismo, segundo a qual, na abordagem à questão da surdez, há uma supremacia do ouvinte sobre os surdos, há um destaque para a biologização da surdez e dos surdos, há a priorização de todos os julgamentos pela perspectiva do mais “valoroso”, da “mais valia”, há a deslegitimação das línguas estrangeiras e dos dialetos regionais e étnicos, há a proclamação do monolinguismo, e, se usa o termo “diversidade” para encobrir uma ideologia de assimilação. Também é possível observar os conceitos de humanismo e liberalismo, que exageram o papel das escolas, assumindo que elas podem mudar a desigualdade e trazer alguma opressão àqueles que desejam diferenças ou não conseguem alcançar a chamada "igualdade". Também enfatiza o conceito de progresso. De acordo com esse conceito, o conceito de diferença é aceito, mas é a essência do pensamento da diferença. Neste artigo, estamos falando sobre surdos-mudos "verdadeiros", "surdos- mudos militantes" e surdos-mudos "conscientes", mas ignorando a história e a cultura de fornecer apoio político para essa diferença. Fonte: ocp.news Por fim, o autor comentou esse lote de conceitos críticos: enfatizando o papel da linguagem e da representação na formação do significado e da identidade surda; nesse caso, a expressão de raça, classe e gênero é considerada a luta da sociedade 30 em signos e significados. Sob essa perspectiva, pode-se dizer que existe uma cultura de surdos e que existem diferentes valores, estilos, atitudes e hábitos da cultura do público. Ao abordar as questões culturais das pessoas surdas, a ideia não é fazer a divisão entre surdo/ouvinte, como se essa também fosse a única divisão possível / melhor / primária do trabalho, ou parece que a única característica da pessoa surda é a surdez, esquecendo-se das demais características que a constituem: como o fato de ser surdo/negro, surda/negra, surdo/branco, surda/branca, surda/mulher, surdo/homem, etc. A cultura dos surdos é considerada uma das múltiplas determinações, sabendo que, no estudo de outras culturas minoritárias, seja cultura negra, cultura indígena ou cultura de imigrantes, existem surdos, mas também negros, indígenas, imigrantes etc. Ao estudar a composição da estrutura social na qual as pessoas surdas também fazem parte, é necessário revelar as diferentes posições do sujeito com poderes especiais, onde o indivíduo possui ou não características e quais características. A ideia aqui não é a surdez absoluta ou a surdez, nem enfatizar a cultura da surdez às custas da maioria das culturas, mas fornecer outro ponto de vista para analisar a composição da sociedade. Isso não é colocar a cultura dos de um lado, e a cultura ouvinte de outro, mas tentar fazer com que percebam os surdos como grupo social, devido suas características culturais organizadas. Os surdos são grupos sociais com interesses, objetivos, lutas e direitos comuns, mas como grupo social, assim como outros grupos sociais, em sua própria estrutura, as tensões serão confirmadas em outros grupos. Wrigley adverte que, durante o processo de construção de cultura surda, os mecanismos de exclusão e inclusão geralmente ocorrem porque novas definições de identidade surda começam a definir novos métodos, geralmente priorizando a linguagem, pelos quais os que não são membros da cultura, ou são membros periféricos, podem ser excluídos (os que apenas ouvem mal, os filhos ouvintes de pais surdos, intérpretes, pais de surdos, etc.). O autor enfatizou que a surdez agressiva geralmente gera estratégias repulsivas, que é a fonte de sua resistência. Os surdos geralmente não conhecem as áreas intermediárias, que são a criação dinâmica dessas mesmas práticas. 31 15.2 Negações à Cultura Surda A questão da existência de uma cultura surda gera dificuldades e incompreensões em alguns. Skliar já indicava em relação ao incômodo gerado quando se referencia a uma cultura surda; diz ele: “quando se trata de refletir sobre o fato de que nessa comunidade (de surdos) surgem - ou podem surgir – processos culturais específicos, é comum a rejeição à ideia da “cultura surda”, trazendo como argumento a concepção da cultura universal, a cultura monolítica. (...) A cultura surda não é uma imagem velada de uma hipotética cultura ouvinte. Não é o seu revés. Não é uma cultura patológica”. (SKLIAR,1998). O entendimento de uma cultura patológica, de um corpo doente/deficiente, da vivência de uma falta ou de uma subcultura (ou não-cultura), é o que na maioria das vezes alicerça as percepções comuns e de profissionais que os surdos são menos que “normal”, logo, suscetíveis a serem enquadrados no modelo da “deficiência”. Fonte:sinalizandodf.wordpress.com A cultura de surdos é construída como uma subcultura na sociedade, o objetivo é tornar os surdos "aceitáveis" para a sociedade do ouvinte, muitos surdos precisam resistir fortemente ato de rejeitar sua identidade. As pessoas geralmente não têm uma explicação positiva para a resistência. 32 Uma das negações mais observadas da cultura surda é enfatização que todas as pessoas surdas são iguais e, portanto, triviais, ou que são iguais à cultura circundante, exceto que não podem ouvir. Portanto, a possibilidade de diferença é eliminada. O que acontece é que as pessoas surdas são frequentemente forçadas a ignorar os marcos de sua cultura em troca de marcos superiores da cultura geral comum. A surdez é erguida como uma subcultura e, para tal, o parâmetro quantitativo é solicitado frequentemente. Na realidade, a questão não é que formam uma minoria, mas que se trata de uma minoria “menos que normal” (WRIGLEY, 1996). O parâmetro da quantidade, maioria ouvinte, comumente é utilizado para explicar a hegemonia que os ouvintes aspiram praticar sobre os surdos. Aparentemente a surdez ainda é narrada no alicerce daquilo que Skliar e Quadros chamam de “quantidades indiscretas, manipuláveis e obscenas”. A surdez na maioria das vezes é entendida como limitação e o espaço do convívio cultural e comunitário dos surdos não é valorizado como um “ambiente social” normal – normal costuma ser fingir que é ouvinte e frequentar uma escola regular. Segundo Skliar, aqueles que têm dificuldade para compreender a existência da cultura surda são geralmente indivíduos que pensam que só existe a sua referência cultural; assim, elas entendem a cultura surda como uma anormalidade, desvio e irrelevância. Normalmente, esses indivíduos não entendem o processo e o produto dessa cultura de surdos: eles não sabem que surdos estão relacionados a drama, brinquedos, poesia visual, linguagem gestual e literatura, a tecnologia que usam na vida cotidiana etc. Dessa forma, percebe-se que há uma grande dificuldade em entender a existência da cultura surda porque a maioria dos indivíduos baseiam-se num “universalismo”. Segundo Wrigley, “os universalismos, em todo discurso, são nutridos pelo conceito de que os seres humanos compartilham características comuns. Nesta busca de universalismos há atitudes de acomodação e ocorrem táticas para paralisar os desafios às definições hegemônicas. É aí que as culturas nativas dos Surdos propões formas para dialogar sobre o ‘universalismo vivido’, ‘de experiências da surdez”. Afinal, os surdos “podem espelhar certos aspectos da cultura dominante que os circunda, mas também possuem raízes epistemológicas pelas quais esses aspectos foram legitimamente “declarados” ou “compreendidos” dentro da experiência 33 nativa dos Surdos” (WRIGLEY, 1966). São justamente estas raízes epistemológicas que levam aos surdos formarem grupos culturalmente diferentes. Comumente as culturas são vividas em comunidades. É entendido que a comunidade é uma confraria que partilha fatores comuns com os quais se auto identificam. Portanto, apesar dealguns surdos insistirem que todos os surdos compartilham a mesma cultura e normas, é percebido que há outras diferenças – de raça, de classe, de gênero, de educação, etc. – podendo ser mais significantes que o “ideal” de uma sociedade uniforme, e isto não acontece apenas com a comunidade dos surdos. Fonte: institutosingularidades.edu.br Na comunidade surda, fenômenos sociais foram observados como em qualquer outra comunidade, como, por exemplo, círculos de liderança menores que desejam mudar, deixando os membros em uma posição subordinada. O conceito de "surdos legítimos " ou "politicamente correto" pode fortalecer essa situação. Defender uma identidade, cultura ou perspectiva surda (ou Surda) unificadora, não é saudável, porque os surdos também pertencem a raça, gênero, classe, nacionalidade, condição física e outras fontes de "diferença". A unidade deve superar os grilhões de toda cultura - pessoas surdas, como qualquer humano, não podem ser poupadas do desejo de dominação e poder. Pode- se notar que, devido à história fracassada do ensino de idiomas para surdos, eles 34 foram privados da oportunidade inicial de usar a Língua de Sinais. Quando entraram na comunidade de surdos, foram novamente estigmatizados com a Língua de Sinais de "ouvinte". Sua capacidade limitada de usar a língua indica que eles não são "nativos"; portanto, como membro da comunidade social surda, sua legitimidade é finalmente comprometida. 15.3 Diferentes, mas não Desiguais Os surdos e os ouvintes formam diferentes grupos sociais. Diferentes, mas não diversos. É importante estabelecer diferenças entre os conceitos de diversidade e diferença. O conceito de diversidade "cria um falso consenso de que a normalidade tem diversidade, mas oculta normas étnicas e desempenha um papel na contenção de diferenças" (Skliar, 1998). Para Skliar, a diferença não é apenas um espaço retórico, mas também sempre baseado na aparência e no significado da prática e atitude social. Portanto, a surdez é diferente porque "a surdez é uma construção histórica e social, e o impacto do conflito social depende do significado e da prática de representação compartilhada entre surdos e mudos". Cultura surda refere-se às regras dos surdos, sua forma organizacional, unidade, linguagem, julgamento de valor, arte etc. Os surdos estão relacionados à cultura surda, mesmo que não possuam as características de sinais raciais ou étnicos, eles também se chamam participantes da cultura surda. Wrigley, destaca uma questão basilar: a importância do uso da Língua de Sinais. Diz o autor: “uma, senão a, característica que define a auto identidade como pertencente a uma minoria linguística ou étnica é ter e usar sua própria língua”. Dessa forma, o uso da Língua de Sinais, pode ser percebido como uma das características definidoras da “auto identidade” de uma minoria linguística ou étnica, mas não significa, que para participar de uma “comunidade surda” tem-se que, necessariamente, usar/conhecer a Língua de Sinais. Surdos e os que ouvem, participantes da comunidade surda, fazem isso seletivamente porque são baseados em sua própria experiência ou porque são afetados por essa experiência e se tornam a base da surdez. 35 Talvez devido à importância da Língua de Sinais como um dos principais aspectos da identidade, historicamente tenha havido violência institucional real contra comunidades surdas - desde o final do século 19, foi "recomendado" que as escolas proibissem a Língua de Sinais. Podemos dizer que, historicamente, a cultura surda é realmente "amordaçada". Se entender que o termo “amordaçar” lembra “impedir a fala”, é interessante dizer que existe um "amarração" na cultura dos surdos, porque a mão literalmente está amarrada, de modo que eles não podem usar o apoio para entrar mundo cognitivo dos surdos. Ainda hoje, devido à negação ou desautorização de diferenças, as pessoas estão tentando "amarrar" a cultura dos surdos do ponto de vista de uma sociedade igual, sem diferença, como uma sociedade ideal. Fonte: aen.pr.gov.br Os indivíduos se organizam em grupos, e esses grupos estão em uma posição assimétrica na sociedade, porque onde há diferenças, eles estão lutando por poder e conhecimento. As relações sociais dão ao indivíduo posições diferentes em momentos e lugares diferentes. Sendo, assim é indispensável a compreensão que a expressão cultural da surdez não é a expressão da cultura patológica, mas a expressão da cultura legitima. 36 Entender que os surdos têm sua própria história, é permitir que tornem conhecida sua cultura, fortalecendo sua identidade enquanto cidadão. Vale lembrar que todo cidadão tem o direito de receber educação em seu próprio idioma, e o uso Língua Brasileira de Sinais garante que as relações emocionais e sociais sejam estabelecidas. Embora existam muitas barreiras sociais, políticas e culturais, isso não tem sido suficiente para impedir que continuem na luta por seus direitos. Em vez disso, eles se tornam mais fortes e podem superar todos os obstáculos encontrados pelo caminho. 37 BIBLIOGRAFIAS BEHARES, L. E. Novas correntes na educação do surdo: dos enfoques clínicos aos culturais. Santa Maria, UFSM, p.1-22, 2002 BIANCHETTI, B e Col. Um olhar sobre a diferença: interação, trabalho e cidadania. SP: Papiros, 2006. Bisol, C. A. e Col. Cultura Surda. Surdez e Deficiência Auditiva – Qual a Diferença? – CS/FAPERGS, 2011 BRASIL, MEC. Secretaria de Educação Especial: Direito à educação: Orientações Gerais e Marcos Legais. Brasília: MEC/SEESP. 1997. BRASIL, Ministério Público Federal. O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Rregular. Eugênia Augusta G. Fávero; Luisa de Marillac P. Pantoja; Maria Teresa Eglér Mantoan. Brasília: Procuradoria Federal dos direitos do cidadão, 2004 BUENO, J.G. 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