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Legislação de Proteção dos Recursos Ambientais e Política Nacional do Meio Ambiente Instituto de Ciência Biológicas – ICB Universidade de Pernambuco Prof. Dr. Clemente Coelho Junior “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Constituição da República Federativa do Brasil Capítulo VI Do Meio Ambiente Art. 225 Constituição Federal de 1988 • Representou outro avanço em matéria ambiental. • Estabeleceu a defesa do meio ambiente como um dos princípios a serem observados para as atividades econômicas em geral e incorporou o conceito de desenvolvimento sustentável, no Capítulo VI, dedicado ao meio ambiente. Constituição Federal de 1988 • A constituição atual ampliou os mecanismos para defesa da natureza, conferindo a qualquer cidadão o direito de propor ação popular para proteger o meio ambiente: • Estabeleceu uma melhor distribuição da competência para legislar sobre matéria ambiental entre as esferas de governo da federação brasileira. • Estabeleceu o respeito ao meio ambiente. • Aproveitamento racional dos recursos como um dos requisitos para caracterizar a função social da propriedade rural. • Inclui os sítios ecológicos como elementos do patrimônio cultural. • Estabeleceu disposições em defesa a grupos veneráveis, como povos indígenas. Entes da Federação Competência Legislativa Matérias UNIÃO PRIVATIVA Monopólio: águas, energia, recursos minerais e questões indígenas (Congresso Nacional) ------------------------------------------- CONCORRENTE Estabelece as normas gerais (Congresso Nacional) Caça, energia nuclear, agrotóxicos, águas, mineração, garimpo, lixo, Unidades de Conservação e florestas ESTADOS CONCORRENTE Leis estaduais (Assembléia Legislativa) Águas internas, solo agrícola, erosão, lixo e florestas MUNICÍPIOS SUPLEMENTAR Interesse Local, Plano Diretor. (Câmara Municipal) Zoneamento urbano, Plano Diretor, Distrito Industrial, Parcelamento do Solo Urbano, Poluição Sonora, Edificação, Trânsito e Lixo Competência Legislativa Simplificado de Peters & Pires (2000) Princípios do Direito Ambiental (Fonte: www.jurisambiente.com.br e Pedro & Frangueto, 2004) Princípio do Direito Humano Fundamental – O Direito ao Meio Ambiente protegido é um direito difuso, já que pertence a todos e é um direito humano fundamental consagrado nos Princípios 1 e 2 da Declaração de Estocolmo e reafirmado na Declaração do Rio-92. Princípio Democrático – Assegurar ao cidadão a participação na elaboração de políticas públicas ambientais. Princípios do Direito Ambiental Princípio da Precaução – Estabelece a vedação de intervenções em Meio Ambiente, salvo se houver certeza que as alterações não causarão danos adversos. Princípio da Prevenção – Orienta as ações baseado no gerencialmente ambiental mais adequado ao território. São princípios de ação antecipatória sobre o meio ambiente, a fim de evitar ao máximo que o dano ambiental sobrevenha! Contemplados na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e Fórum Ambiental Internacional (Siena, Itália) Princípios do Direito Ambiental Princípio da Responsabilidade – O poluidor, pessoa física ou jurídica, responde por suas ações ou omissões em prejuízos do meio ambiente, ficando sujeito a sanções cíveis, penais ou administrativas (§ 3° do Art. 225 da Constituição Federal). Princípio do Usuário-Pagador e do Poluidor- Pagador • usuário-pagador – quem utiliza o recurso ambiental deve suportar seus custos. • poluidor-pagador – obriga quem polui a pagar pela poluição causada ou quem pode ser causada. Princípio de caráter econômico que antevê o passivo ambiental! Princípios do Direito Ambiental Princípio do Equilíbrio – Pensar em todos as implicações que possam ser desencadeadas por determinada intervenção no meio ambiente, devendo- se adotar soluções que busquem o desenvolvimento sustentável. Princípio do Limite – Cujo o dever é fixar parâmetros mínimos a serem observados em casos como emissões de partículas, ruídos, sons, destinação final de resíduos sólidos, hospitalares e líquidos, dentre outros. São princípios voltados para a administração pública! Outros princípios... • Princípio da participação; • Princípio da informação; • Princípio da notificação; • Princípio da Educação Ambiental; • Princípio do acesso à justiça em assuntos ambientais... PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENO SUSTENTÁVEL Estabelecedor de um processo que não admite o uso irracional dos recursos ambientais, ao reverso, procura evitar o comprometimento do capital ecológico do planeta Marcos Históricos da Legislação Brasileira Fonte: Pedro & Franguetto (2000); Antunes (2207) e www.jurisambiente.com.br 1760 – Alvará Real de Proteção dos Manguezais “Alvará com força de Ley, por que Vossa Magestade he servido prohibir, que nas Capitanias do Rio de Janeiro, Pernambuco, Santos, Paraíba, Rio Grande, e Seará, se naõ cortem as Arvores de Mangues, que naõ estiverem já descascadas, debaixo das penas nelle conteúdas: Tudo na fórma que assima se declara”. Para V. Magestade ver. Conde de Oeyras Marcos Históricos da Legislação Brasileira 1934 – Código das Águas 1965 – Código Florestal 1967 – Código de Caça (ou Lei da Fauna) 1967 – Código de Mineração 1981 – Política Nacional do Meio Ambiente 1988 – Constituição do Brasil 1997 – Lei dos Recursos Hídricos 1998 – Lei dos Crimes Ambientais 2001 – Lei do Estatuto da Cidade 2000 – Sistema Nacional de Unidades de Conservação 2012 – Novo Código Florestal Política Nacional do Meio Ambiente Clemente Coelho Junior Instituto de Ciências Biológicas Universidade de Pernambuco Política Nacional do Meio Ambiente Fonte: www.mma.gov.br e Antunes, 2005 Foi estabelecida em 1981 mediante a edição da Lei Federal 6938/81, criando o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), regulamentada pelo Decreto 99.274/99. Seu objetivo principal é o estabelecimento de padrões que tornem possível o desenvolvimento sustentável, através de mecanismos e instrumentos capazes de conferir maior proteção ao meio ambiente. Histórico • É na década de 1930 que o poder público brasileiro começa a se preocupar com o meio ambiente, quando o Brasil começa a dar passos firmes em direção a industrialização. • A ano de referência é 1934, quando foram promulgados as seguintes leis relativos a gestão ambiental: – Código da Caça. – Código Florestal. – Código de Minas. – Código de Águas. Política Nacional do Meio Ambiente O SISNAMA é constituído pelos órgãos e entidades da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, e pelas Fundações instituídas pelo Poder Público. É formado por: • Órgão Superior: O Conselho do Governo • Órgão Consultivo e Deliberativo: Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) • Órgão Central: Ministério do Meio Ambiente (MMA) • Órgão Executor: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e ICMBio • Órgão Seccionais: Estados (Ex.: SEMAS/PE) • Órgãos Locais: Municípios (Ex.: SEMAM/PCR) Política Nacional do Meio Ambiente O SISNAMA é formado por uma rede de órgãos e instituições ambientais, compostas pelo Poder Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público: • Poder Executivo: fiscalizar e controlar as atividades potencialmente poluidoras e exigir EIAs/RIMAs • Poder Legislativo: elaborar leis e regulamentos ambientais, aprovar os orçamentos dos órgãos ambientais e exercer o controle dos atos administrativos do Executivo; • Poder Judiciário: compete julgar as ações de cunho ambiental, exercer o controle da constitucionalidade das normas e rever os atos administrativos; • Ministério Público: instauração de inquérito civil, do inquérito criminal e a promoção da ação civil pública. PolíticaNacional do Meio Ambiente Art. 9° – São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: I – o estabelecimentos de padrões de qualidade ambiental; II – o zoneamento ambiental; III – a avaliação de impacto ambiental; IV – o licenciamento e a revisão de atividade efetiva ou potencialmente poluidora; V – os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; VI – a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; Política Nacional do Meio Ambiente (continua) VII – o sistema nacional de informação sobre meio ambiente; VIII – o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento de Defesa Ambiental; IX – as penalidades disciplinares ou compensatórias pelo não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental; X – a institucionalização do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo IBAMA; XI – a garantia da prestação de informação relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzí-las, quando inexistentes; XII – o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais. CONAMA O Conselho é um colegiado representativo de cinco setores, a saber: órgãos federais, estaduais e municipais, setor empresarial e sociedade civil. Compõem o Plenário: o Ministro de Estado do Meio Ambiente, que o presidirá; o Secretário-Executivo do Ministério do Meio Ambiente, que será o seu Secretário-Executivo; um representante do IBAMA e ICMBio; um representante da Agência Nacional de Águas-ANA; um representante de cada um dos Ministérios, das Secretarias da Presidência da República e dos Comandos Militares do Ministério da Defesa, indicados pelos respectivos titulares; um representante de cada um dos Governos Estaduais e do Distrito Federal, indicados pelos respectivos governadores; oito representantes dos Governos Municipais que possuam órgão ambiental estruturado e Conselho de Meio Ambiente com caráter deliberativo, sendo: • um representante de cada região geográfica do País; • um representante da Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente-ANAMMA; • dois representantes de entidades municipalistas de âmbito nacional; vinte e um representantes de entidades de trabalhadores e da sociedade civil, sendo: • dois representantes de entidades ambientalistas de cada uma das Regiões Geográficas do País; • um representante de entidade ambientalista de âmbito nacional; • três representantes de associações legalmente constituídas para a defesa dos recursos naturais e do combate à poluição, de livre escolha do Presidente da República; • um representante de entidades profissionais, de âmbito nacional, com atuação na área ambiental e de saneamento, indicado pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental-ABES; • um representante de trabalhadores indicado pelas centrais sindicais e confederações de trabalhadores da área urbana (Central Única dos Trabalhadores-CUT, Força Sindical, Confederação Geral dos Trabalhadores-CGT, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria-CNTI e Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio- CNTC); • um representante de trabalhadores da área rural, indicado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura-CONTAG; • um representante de populações tradicionais, escolhido em processo coordenado pelo Centro Nacional de Desenvolvimento Sustentável das Populações Tradicionais- CNPT/IBAMA; • um representante da comunidade indígena indicado pelo Conselho de Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Brasil-CAPOIB; • um representante da comunidade científica, indicado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência-SBPC; • um representante do Conselho Nacional de Comandantes Gerais das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares-CNCG; • um representante da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza-FBCN; oito representantes de entidades empresariais; um membro honorário indicado pelo Plenário; integram também o Plenário do CONAMA, na condição de Conselheiros Convidados, sem direito a voto: • um representante do Ministério Público Federal; • um representante dos Ministérios Públicos Estaduais, indicado pelo Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais de Justiça; e • um representante da Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias da Câmara dos Deputados. É da competência do CONAMA estabelecer normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e Municípios e supervisionado pelo referido Instituto; determinar, a realização de estudos das alternativas e das possíveis conseqüências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem como às entidades privadas, informações, notadamente as indispensáveis à apreciação de EIA/RIMA; decidir, em última instância administrativa, sobre as multas e outras penalidades impostas pelo IBAMA; determinar, a perda ou restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da poluição causada por veículos automotores, aeronaves e embarcações; estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente, com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos; estabelecer os critérios técnicos para a declaração de áreas críticas, saturadas ou em vias de saturação; acompanhar a implementação do SNUC; estabelecer sistemática de monitoramento, avaliação e cumprimento das normas ambientais; incentivar a criação, a estruturação e o fortalecimento institucional dos Conselhos Estaduais e Municipais de Meio Ambiente e gestão de recursos ambientais e dos Comitês de Bacia Hidrográfica; avaliar regularmente a implementação e a execução da política e normas ambientais do País, estabelecendo sistemas de indicadores; recomendar ao órgão ambiental competente a elaboração do Relatório de Qualidade Ambiental, previsto no inciso X do art. 9 o da Lei 6.938, de 1981; estabelecer sistema de divulgação de seus trabalhos; promover a integração dos órgãos colegiados de meio ambiente; elaborar, aprovar e acompanhar a implementação da Agenda Nacional do Meio Ambiente; deliberar, sob a forma de resoluções, proposições, recomendações e moções, visando o cumprimento dos objetivos da Política Nacional de Meio Ambiente; elaborar o seu regimento interno.