Prévia do material em texto
10/12/2020 UNINTER - INOVAÇÃO E TECNOLOGIA NO TURISMO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/17 INOVAÇÃO E TECNOLOGIA NO TURISMO AULA 4 Profª Grazielle Ueno Maccoppi 10/12/2020 UNINTER - INOVAÇÃO E TECNOLOGIA NO TURISMO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/17 CONVERSA INICIAL Nesta aula, vamos verificar como as tecnologias da informação e comunicação (TICs) estão presentes na gestão pública do turismo e na promoção de destinos turísticos. O objetivo é compreendermos o uso das tecnologias pelo setor público na gestão e promoção inovadora e eficiente dos destinos turísticos por meio das Organizações de Marketing e Gestão de Destinos (DMO). Iniciaremos esta aula entendendo melhor o conceito de governo eletrônico, ou seja, de que forma os governos podem se aliar às tecnologias. Depois, vamos entender como ocorre a gestão tecnológica de destinos turísticos. Posteriormente, vamos analisar a promoção dos destinos por meio das mídias sociais, conceito trabalhado anteriormente. Em seguida, vamos verificar como os portais turísticos podem fornecer não apenas informação, mas também possibilidades de reservas para os viajantes. Por fim, também estudaremos o conceito de Destinos Turísticos Inteligentes (DTI). CONTEXTUALIZANDO O estabelecimento das TICs ocasionou a desintermediação dos serviços turísticos. Assim, os consumidores passaram a ter uma infinidade de canais para fazerem suas compras, seja por meio das tradicionais agências e operadoras, seja pelas OTAs, pelos próprios fornecedores locais e pelas ferramentas de reservas on-line. À sua maneira, as tecnologias também impactaram a gestão pública do turismo, que apresenta objetivos e funções particulares ante as empresas privadas. De acordo com Biz, Nakatani e Pavan (2013, p. 279), as TICs servem para “aprimorar as práticas organizacionais e contribuir para que tais organismos cumpram o seu papel perante o Estado”. No contexto turístico, as organizações públicas têm um caráter mais estratégico do que operacionalizador, ou seja, elas estabelecem políticas para desenvolver o turismo (Biz; Nakatani; Pavan, 2013). Nesse sentido, menos operacional, os órgãos públicos ainda encontram alguns desafios para se adaptar à tecnologia. A implementação de sistemas, por exemplo, ainda é incipiente e, 10/12/2020 UNINTER - INOVAÇÃO E TECNOLOGIA NO TURISMO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/17 diferentemente das empresas, o processo de mudança na esfera pública é mais demorado, principalmente em decorrência da burocracia que impede uma resposta mais ágil e de melhor qualidade às demandas da sociedade (Schlensinger et al., 2008). Apesar dos problemas apresentados pelo poder público, é possível encontrar boas práticas de inovação na gestão e promoção de destinos realizadas pelas organizações turísticas. Nesta aula, vamos contextualizar essas organizações, que são mais conhecidas como Organizações Públicas de Turismo (OPT) na literatura nacional e Destination Management Organizations ou Destination Marketing Organizations (DMO) em outros países (Thomaz, 2014). Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), as DMOs podem fazer parte de alguma das seguintes categorias: Autoridades ou Organizações Nacionais do Turismo (por exemplo, Ministério do Turismo), Organizações Regionais do Turismo (por exemplo, Secretaria de Estado do Turismo) e organizações locais (por exemplo, Instituto Municipal de Turismo), conforme mostra a Figura 1 (OMT, 2007). Figura 1 – Modelo de gestão descentralizada do turismo no Brasil Fonte: elaborado com base em Pinto, 2016. Independentemente do nível em que estejam, as DMOs são responsáveis por coordenar o planejamento e o desenvolvimento do turismo, além de estratégias de marketing e gestão da 10/12/2020 UNINTER - INOVAÇÃO E TECNOLOGIA NO TURISMO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/17 informação dos destinos. Ademais, elas desenvolvem legislações e incentivos fiscais, promovem destinos e produtos turísticos e apoiam a qualificação da área como um todo, seja capacitando profissionais ou fornecendo diretrizes para ordenar a atividade pelo país (Biz; Nakatani; Pavan, 2013; Thomaz, 2014). A seguir, vamos verificar alguns temas importantes que se relacionam com a aplicação das tecnologias pelas DMOs. TEMA 1 – GOVERNO ELETRÔNICO De acordo com Stimmel (2016), um dos papéis primordiais do governo é criar regulamentos e estratégias para a oferta de serviços urbanos. Contudo, a gestão pública não pode ignorar o avanço tecnológico que nos rodeia. Por isso, o conceito de governo eletrônico surge quando o ambiente público integra as novas tecnologias em sua administração (Schlensinger et al., 2008). Stimmel (2016), por exemplo, afirma que os governos locais devem acrescentar as TICs em três aspectos: na sociedade, na regulamentação e na segurança. No primeiro caso, os aspectos sociais envolvem a utilização de tecnologias – como o Sistema de Informação estudado anteriormente – para coletar dados dos cidadãos. Assim, o gestor público pode desenvolver projetos e leis para melhorar a qualidade de vida da população com base em dados e informações concretas. Por sua vez, os aspectos regulatórios se relacionam à criação de normas que protegem a privacidade do cidadão, como a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Brasil, 2018). Finalmente, a segurança pública se beneficia das TICs para proteger os cidadãos de crimes e terrorismo com a instalação, por exemplo, de sistemas de monitoramento em vias públicas (Stimmel, 2016). De acordo com Schlensinger et al. (2008), o governo eletrônico ideal é constituído de três componentes: os serviços eletrônicos, a democracia eletrônica (e-democracy) e a governança eletrônica (e-governance). São nos serviços eletrônicos que se concentram os maiores esforços para oferecer serviços de utilidade pública para os cidadãos. Nesse caso, as TICs podem ser aliadas, por exemplo, ao fornecimento de sistemas para que o contribuinte possa verificar as suas pendências com os órgãos governamentais. A democracia eletrônica envolve a possibilidade de se realizar votações on-line. Já a governança eletrônica inclui todo o suporte digital para a elaboração de políticas públicas. Além disso, a e- 10/12/2020 UNINTER - INOVAÇÃO E TECNOLOGIA NO TURISMO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/17 governance auxilia na tomada de decisões e no trabalho em grupo entre os vários gestores públicos de diferentes escalões (Schlensinger et al., 2008). Outro conceito que se relaciona com o governo eletrônico é a e-Participação. Para Prister (2014), os cidadãos devem participar ativamente da construção democrática da cidade e nação em que vivem. Por isso, os governos devem se engajar e consultar a população sobre políticas públicas em desenvolvimento. Isso ocorre, por exemplo, nas consultas públicas de leis que serão votadas no Congresso e no Senado. As TICs são aliadas dessa participação digital porque facilitam e aceleram o acesso da população ao governo. Atualmente, podemos até encontrar sites especializados em realizar petições on-line, os quais permitem que a população as assine e essas pautas sejam levadas para os gestores públicos, como vereadores, deputados e senadores. Nesse sentido, os governos também precisam ser muito transparentes com a população. De acordo com Mendes, Bahl e Feger (2017, p. 15), “no que diz respeito aos aspectos culturais do cidadão brasileiro na busca por informações previstas na legislação, na maioria das vezes, ele se sente à vontade para buscá-las perante a administração pública”. Desse modo, o poder público deve sempre praticar a transparência, ou seja, divulgar e tornar pública as informações referentes à gestão do governo, sejam dados orçamentários, por exemplo, sejam informações acerca de atividades, planos e relatórios que os gestores estão realizando. Na gestão pública do turismo brasileiro, Mendes, Bahl e Feger (2017)constataram que o governo estava cumprindo as determinações necessárias para atender à legislação da Transparência Pública, mas ainda precisa melhorar a sua forma de divulgação para que atenda aos requisitos constitucionais. De maneira geral conclui-se que o sistema de transparência pública adotado pelo Ministério do Turismo estava atendendo parcialmente o que estabelece a Lei da Transparência, pois não informava, por exemplo, quando havia sido pago a cada fornecedor, ou até mesmo quem estava recebendo diárias e passagens, quanto foi aplicado em custeio e capital nas atividades administrativas, havendo uma dificuldade para o público leigo em assuntos da administração pública entender onde foram utilizados os recursos. (Mendes; Bahl; Feger, 2017, p. 27) De forma geral, a gestão dos destinos turísticos por meio das DMOs também se beneficia dos conceitos apresentados neste tema, porque essas organizações precisam consultar sempre a população e os visitantes, além de divulgar dados e informações do que elas estão planejando e 10/12/2020 UNINTER - INOVAÇÃO E TECNOLOGIA NO TURISMO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/17 realizando em sua localidade. Sendo assim, seguimos para o tema seguinte que abordará a gestão dos destinos. TEMA 2 – GESTÃO DE DESTINOS TURÍSTICOS Antes de tratarmos de gestão, vamos lembrar qual é o conceito de destino turístico? Segundo Petrocchi (2009, p. 2), o destino “é uma área que atrai visitantes, possui limites físicos e políticos e é percebida pelo mercado”. Levando essa definição em consideração, a área do destino pode compreender um país, uma região, uma cidade, um grupo de municípios, ilhas e até mesmo centros independentes, como os parques de diversão. Além disso, o destino precisa ter atratividade, ou seja, oferta de atrativos culturais, naturais, gastronômicos, arquitetônicos, entre outros, que sejam cativantes para o visitante. Eles também devem apresentar a infraestrutura necessária para receber os turistas, como hotéis, restaurantes, vias de acesso, aeroportos, rodoviárias e estruturas urbanas, por exemplo. Por isso, os destinos envolvem as empresas privadas – o mercado – que vão oferecer tais serviços e infraestrutura. Nesse contexto, a gestão pode ser entendida como a coordenação estratégica de todos os elementos que fazem parte do destino turístico (por exemplo, os atrativos, a infraestrutura, o mercado, o marketing, entre outros), permitindo que eles se conectem e trabalhem de forma integrada (OMT, 2007). Assim, as DMOs são responsáveis por algumas atividades essenciais (Pinto, 2016) para garantir que os destinos sejam eficazes: planejamento turístico: instrumento que traça estratégias, metas e ações de desenvolvimento para serem implementadas nos destinos; desenvolvimento sustentável: criação de produtos por meio dos recursos disponíveis no destino. Os recursos podem ser entendidos como o conjunto de atrativos materiais (por exemplo, museus) ou imateriais (por exemplo, cultura); marketing: promoção da imagem e da marca do destino, criando campanhas para atrair negócios e visitantes; qualidade: gestão da experiência do visitante ao cuidar dos atrativos e desenvolver pesquisas de demanda e satisfação. 10/12/2020 UNINTER - INOVAÇÃO E TECNOLOGIA NO TURISMO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/17 Uma gestão bem feita do destino pode trazer inúmeros benefícios para os visitantes e para a comunidade local, conforme aponta a OMT (2007). Alguns desses benefícios podem ser: a construção de uma marca vibrante e forte; a melhoria do rendimento de toda a comunidade; a dispersão dos benefícios do turismo para outras cadeias produtivas; a manutenção da integridade cultural, patrimonial e ambiental dos recursos do destino; e, por fim, o aumento da competitividade do destino, fazendo com que ele atinja uma posição de liderança no mercado. Sobre a questão da vantagem competitiva, Petrocchi (2009) afirma: O destino precisa conhecer, compreender e atender os desejos do mercado. As tendências atuais [...] mostram os turistas cada vez mais exigentes. Desejam mais qualidade e pagar menos por ela. Isso leva o destino – e as empresas que o compõe – a buscar elevados níveis de competitividade, que, para serem alcançados, exigem a gestão competente, adaptação às pressões do meio, pesquisas de mercado e atualização no desenvolvimento da oferta turística. (Petrocchi, 2009, p. 3) De acordo com o autor, a competitividade pode ser entendida no turismo como a capacidade de um destino apresentar bens e serviços mais qualificados em relação a outras destinações. Um destino mais competitivo atrai mais visitantes e, consequentemente, gera um nível de renda superior à média, garantindo que os benefícios se estendam não somente ao mercado, mas também à comunidade local (Pinto, 2016). Segundo Pinto (2016, p. 32), “a inovação tecnológica pode ser identificada como um dos principais pilares da vantagem competitiva para destinos turísticos” porque as TICs resultaram no aumento da acessibilidade para os turistas e originaram uma demanda crescente por conectividade e integração. Dessa maneira, as DMOs devem incentivar o compartilhamento de conteúdo, avaliações e recomendações dos usuários nas plataformas digitais. O turista conectado vai compartilhar sua experiência com os outros de maneira on-line, bem como expressar o sentimento de orgulho da marca, produto, serviço ou destino turístico, enaltecendo assim as vantagens do destino e favorecendo o seu posicionamento e a sua competitividade em detrimento de outras localidades (Thomaz, 2014; Pinto, 2016). Além da vantagem competitiva, a tecnologia também é importante para as outras atividades essenciais da DMO, como é o caso da gestão da informação dentro do destino, que veremos a seguir. 10/12/2020 UNINTER - INOVAÇÃO E TECNOLOGIA NO TURISMO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/17 2.1 GESTÃO DA INFORMAÇÃO De acordo com Biz, Nakatani e Pavan (2013), a informação é o elemento primordial para a gestão e organização das atividades nas organizações. Os dados organizados e, posteriormente, processados em informações auxiliam no planejamento da atividade turística no destino, assim como na criação de novos produtos, no marketing e na qualidade dos serviços presentes na localidade. Desse modo, para facilitar a implantação de processos de fluxo de informação, as DMOs também podem realizar a Gestão da Informação por meio dos Sistemas de Informação (SI). Um exemplo foi apresentado por Biz, Nakatani e Pavan (2013) em relação à Secretaria de Estado de Turismo do Paraná (Setu/PR). Nesse caso, a Setu/PR implementou um sistema que ordenava dados e informações dos seus projetos para que o gestor responsável pudesse manter um fluxo contínuo na tomada de decisões estratégicas. Além das informações internas da própria organização, a DMO também precisa conhecer seus visitantes. Assim, ela pode planejar e desenvolver atividades personalizadas para o seu público-alvo. Nesse sentido, as organizações utilizam diversos instrumentos para coletar dados dos turistas, seja por meio de pesquisas de demanda ou até mesmo por SI e aplicativos que mapeiam os locais pelos quais os turistas andaram na cidade, onde se hospedaram, quais suas regiões e atrativos favoritos. Ainda, as DMOs podem monitorar as redes sociais e outras mídias de compartilhamento de informação de viagem, por exemplo, o TripAdvisor, para verificar o que os visitantes estão falando e compartilhando sobre o destino. Com esses dados soltos e interpretados pela DMO, a informação traz segurança e conhecimento para os gestores tomarem decisões acertadas sobre as estratégias do destino. Uma tendência que está se fortalecendo cada vez mais no Brasil são os Observatórios de Turismo, organizações que podem fazer parte das DMOs ou trabalhar de forma independente, mas em parceria com os órgãos públicos. Apesar de cada observatório apresentar estruturas organizacionais e operacionais diferentes, o objetivode sua existência é mantido a fim de manter a competitividade do destino, produzindo e manuseando informações que podem ser úteis para os processos internos da instituição que o incorpora e também para a comunidade […] sempre se adequando às necessidades e à realidade de cada território. (Oliveira; Miranda; Amaral, 2016) 10/12/2020 UNINTER - INOVAÇÃO E TECNOLOGIA NO TURISMO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/17 Os observatórios realizam pesquisas sobre o turismo em diversos estados e municípios, coletando e divulgando dados, informações, estatísticas e conhecimento sobre a realidade turística das regiões. No Paraná, por exemplo, o Observatório de Turismo (Obstur/PR) é um núcleo de estudos e pesquisas da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Já em São Paulo, o Observatório de Turismo e Eventos faz parte da DMO São Paulo Turismo (Oliveira; Miranda; Amaral, 2016). TEMA 3 – PROMOÇÃO DE DESTINOS TURÍSTICOS Assim como as empresas turísticas utilizam as mídias sociais para promover e comercializar seus produtos e serviços, mantendo um relacionamento mais próximo com os clientes, os destinos turísticos podem se promover nas mídias para atrair mais visitantes. >Nakatani, Gomes e Nunes (2017) constataram que a comunicação de destinos turísticos serve para promover a imagem da localidade e os valores sociais que representam o destino. Assim, as DMOs criam uma imagem mais institucional com o foco na atração dos turistas e propagação de ideias. a localidade como um destino turístico apresenta as seguintes características: 1) passível de promoção, 2) promovida pelas organizações oficiais de turismo, 3) comunicada como uma ideia/experiência/marca (atribui-se a ideia de valor a experiência e não ao dinheiro), 4) atrelada ao conceito de propaganda. Nas diversas redes sociais, como Facebook, Instagram, YouTube, é possível encontrar perfis oficiais dos destinos turísticos. Neles, as DMOs aproveitam para promover os seus atrativos, cativando o turista por meio de imagens inspiradoras, vídeos das diversas paisagens e atividades que são possíveis de se realizar no local, além de campanhas de propaganda para criar um vínculo com o turista que almeja conhecer aquele destino. As mídias sociais permitem que o turista vivencie a experiência do destino antes mesmo de estar lá, pois as DMOs estimulam o emocional do visitante por meio das inúmeras visualizações em suas postagens, imagens, áudios e vídeos. Por sua vez, o uso das mídias sociais é uma via de mão dupla, porque os turistas também utilizam as redes para compartilhar dados sobre os destinos. Esses dados podem vir em forma de comentários positivos e negativos sobre os atrativos, a infraestrutura e a qualidade dos serviços no 10/12/2020 UNINTER - INOVAÇÃO E TECNOLOGIA NO TURISMO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/17 local, assim como por meio de fotografias e materiais audiovisuais que, se bem interpretados pela DMO, representam as experiências e emoções vivenciadas pelo visitante quando ele está no destino. Figura 2 – Turista compartilhando dados do destino por meio de uma fotografia Créditos: Bon Appetit/Shutterstock. O compartilhamento de dados pelo turista pode se tornar algo benéfico para o destino porque os consumidores confiam cada vez mais nos comentários e opiniões on-line de outras pessoas (Thomaz, 2014). Dessa maneira, se os comentários forem positivos, mais turistas podem desejar viajar para aquela localidade. Por fim, Thomaz (2014) menciona que é fundamental que as DMOs estejam presentes e participem ativamente nas mídias sociais, porque, além do aumento da sua visibilidade, as mídias permitem a interatividade entre oferta e demanda, e também a criação de estratégias inovadoras. TEMA 4 – PORTAIS TURÍSTICOS Segundo Thomaz (2014, p. 42), as DMOs precisam “satisfazer as necessidades de informação dos usuários através de portais turísticos, mídias sociais, entre outras tecnologias da informação e 10/12/2020 UNINTER - INOVAÇÃO E TECNOLOGIA NO TURISMO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/17 comunicação”. Por isso, os destinos também utilizam as mídias sociais para fornecerem informações seguras e de qualidade para os turistas. Dessa maneira, basta o visitante acessar o website do destino que ele vai visitar para encontrar desde informações básicas, como o clima, moeda local, telefones de emergência, endereços importantes, até informações turísticas, como os principais atrativos, como fazer para comprar ingressos e bilhetes para museus e outros monumentos, as melhores regiões para se hospedar, os bairros gastronômicos ou famosos pelas compras, entre outras informações pertinentes. Os portais turísticos das DMOs influenciam durante todo o processo de escolha de um destino turístico para viajar, bem como dos serviços e produtos a serem adquiridos. Isso ocorre porque esses portais oferecem segurança e confiabilidade nas informações e conteúdos disponíveis sobre um determinado destino (Biz, 2009). Figura 3 – Representação de um portal turístico em diferentes aparelhos eletrônicos Crédito: McLittle Stock/Shutterstock. 10/12/2020 UNINTER - INOVAÇÃO E TECNOLOGIA NO TURISMO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/17 Atualmente, além de serem meros fornecedores de informação, os portais turísticos dos órgãos públicos também podem funcionar como canais de comercialização. O website da DMO de Barcelona, por exemplo, oferece um sistema de reservas que permite ao turista, na busca por informações no portal, realizar a compra ali mesmo, principalmente de produtos gerenciados pela DMO, como entradas em monumentos. Contudo, muitas organizações públicas fazem parcerias com a iniciativa privada para divulgar seus destinos (por exemplo, hotéis, restaurantes, casas de shows), de modo que essas empresas também utilizam esse canal oferecido pela DMO. Apesar de os portais serem essenciais no fornecimento de informações e na promoção do destino, existem dificuldades para a implementação dos portais como modelos de negócios (Biz, 2009). Conforme mencionado anteriormente, os órgãos públicos apresentam maior lentidão para se adequar às novas tecnologias. No caso dos portais, seu alto custo, a definição do design e a ausência de conhecimento prévio para implementá-los aparecem como problemas que as DMOs precisam enfrentar para oferecerem websites dinâmicos, estratégicos e informativos. TEMA 5 – DESTINOS TURÍSTICOS INTELIGENTES O conceito de Destinos Turísticos Inteligentes (DTI) ainda é muito novo, mas a ideia de destino inteligente nasceu da noção de cidade inteligente, ou seja, das cidades que se desenvolvem aplicando as TICs em diversas áreas do funcionamento urbano, como na economia, no meio ambiente, na mobilidade e na governança. Uma definição mais clara do que é o DTI foi escrita por Pinto (2016): O destino turístico inteligente é o destino turístico maduro que integra as tecnologias da inovação e comunicação (TICs) no desenvolvimento de ações e projetos para o turismo, criando um ambiente turístico inovador, sustentável e acessível para o visitante e o cidadão. O destino turístico inteligente nasce de uma cidade inteligente, porque ele também se beneficia do aperfeiçoamento na mobilidade urbana, no trânsito, nas vias públicas, na administração de recursos ambientais, na gestão de dados coletados, entre outros, que a smart city viabiliza. Contudo, uma cidade inteligente não é, necessariamente, um destino turístico inteligente. Para a cidade ser considerada um destino inteligente ela precisa ter, primeiramente, um fluxo turístico relevante que a caracterize como um destino. Ainda, ela deve desenvolver ações tecnológicas exclusivamente para o turismo. (Pinto, 2016, p. 131) Desse modo, podemos afirmar que o Destino Turístico Inteligente é como se fosse um selo de qualidade para a localidade, pois a partir do momento que o destino maduro se torna inteligente 10/12/2020 UNINTER - INOVAÇÃO E TECNOLOGIA NO TURISMO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/13/17 significa que ele está aplicando a tecnologia em sua gestão organizacional, em seu planejamento, na gestão da informação, nas estratégias de promoção pelas mídias sociais, nos portais turísticos, entre outros. Ao mesmo tempo que o DTI fornece ao turista informações e serviços convenientes, melhorando a qualidade da sua estadia e, consequentemente, da sua experiência, o destino inteligente também coleta informações e dados para o gestor que facilitam a tomada de decisão, já que ele acaba por conhecer um pouco melhor o comportamento do turista durante a viagem, visto que as informações podem ser monitorizadas em tempo real (Pinto, 2016). Figura 4 – Representação de um DTI Crédito: Vasin Lee/Shutterstock. Alguns exemplos da aplicação da tecnologia em DTI podem ser: nos roteiros (pontos de informação sem fio em locais-chave ao longo da rota; nos museus (guias audiovisuais nos celulares); na educação da comunidade local para o turismo (livros eletrônicos e acesso a conteúdo por meio da internet); shopping centers (utilização dos celulares para informar sobre os centros comerciais e lojas do destino); grandes eventos (saber o que está acontecendo a cada momento e onde); e o marketing pelas mídias sociais (Pinto, 2016). 10/12/2020 UNINTER - INOVAÇÃO E TECNOLOGIA NO TURISMO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/17 Por fim, os destinos consolidados devem se tornar inteligentes porque a principal intenção dessa conversão é revalorizar o destino, permitindo a melhoria de competitividade, o aproveitamento correto dos recursos turísticos, o aumento da eficiência dos processos de produção e a comercialização e o uso de fontes de energia renováveis que impulsionem o desenvolvimento sustentável (Pinto, 2016). TROCANDO IDEIAS Nesta aula, entendemos como as tecnologias da informação e comunicação estão presentes na gestão pública do turismo e na promoção de destinos turísticos. Tendo como referência os conceitos aprendidos, busque exemplos de Destinos Turísticos Inteligentes ao redor do mundo e poste no fórum um dos destinos encontrados, bem como o motivo pelo qual ele pode ser considerado um DTI. NA PRÁTICA Tendo como referência os estudos desenvolvidos nesta aula, de que maneira a Gestão da Informação impacta na gestão pública do turismo? Ainda, como as DMOs devem aplicar as TICs para promover seus destinos de maneira mais assertiva? Busque exemplos dentro de destinos turísticos e enriqueça o seu olhar sobre essa temática do turismo. FINALIZANDO Conseguimos compreender melhor, nesta aula, o uso das tecnologias pelo setor público na gestão e promoção inovadora e eficiente dos destinos turísticos, por meio das DMOs. Em um primeiro momento, entendemos o conceito de governo eletrônico, ou seja, de que maneira a tecnologia é utilizada pelo poder público. Em seguida, adentramos o tema gestão de destinos turísticos, visualizando o papel das DMOs na coordenação das atividades dentro das localidades. Os órgãos públicos de turismo possuem diversas funções e é recomendável que todas elas estejam embasadas na Gestão da Informação. 10/12/2020 UNINTER - INOVAÇÃO E TECNOLOGIA NO TURISMO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/17 As mídias sociais devem ser aliadas da promoção de destinos turísticos, por meio da construção de sua imagem. Nesse sentido, postagens turísticas organizadas e de fácil acesso também são importantes para fornecer informações confiáveis aos visitantes. Por fim, compreendemos melhor a definição de Destino Turístico Inteligente, conceito que pode ser utilizado para resumir bem todos os conteúdos desta aula, visto que, para se tornar inteligente, o destino deve incluir a tecnologia em todos os seus aspectos. REFERÊNCIAS BIZ, A. A. Avaliação dos portais turísticos governamentais quanto ao suporte à gestão do conhecimento. 242 f. Tese (Doutorado em Engenharia e Gestão do Conhecimento) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009. Disponível em: <http://btd.egc.ufsc.br/?p=29>. Acesso em: 23 set. 2020. BIZ, A. A.; NAKATANI, M. S. M.; PAVAN, C. de S. Análise da Gestão da Informação na Secretaria de Estado do Turismo do Paraná – SETU – PR. Turismo em Análise, v. 24, n. 2, p. 278-297, 2013. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rta/article/view/64183/66869>. Acesso em: 23 set. 2020. BRASIL. Lei n. 13.709, de 14 de agosto de 2018. Institui a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 157, 15 ago. 2018. Seção 1, p. 59. MENDES, S. M.; BAHL, M.; FEGER, J. E. Transparência na gestão pública do turismo no Brasil: um discurso ou uma prática de governança?. Revista Turismo: Estudos & Práticas, v. 6, n. 2, p. 10-31, 2017. Disponível em: <http://periodicos. uern.br/index.php/turismo/article/view/2736/1498>. Acesso em: 23 set. 2020. NAKATANI, M. S. M.; GOMES, E. L.; NUNES, M. P. Diferentes olhares da comunicação no Turismo: entendendo três localidades paranaenses como destino e produto turístico. Revista Turismo em Análise, v. 28, n. 3, p. 474-491, 2017. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rta/article/view/123822>. Acesso em: 23 set. 2020. OLIVEIRA, R. A.; MIRANDA, I. P. de.; AMARAL, J. P. S. Gestão da Informação: o papel dos observatórios de turismo brasileiros para a tomada de decisão do setor público. Marketing & 10/12/2020 UNINTER - INOVAÇÃO E TECNOLOGIA NO TURISMO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/17 Tourism Review, v. 1, n. 2, p. 1-31, 2016. Disponível em: <https://revistas.face.ufmg.br/index.php/mtr/article/view/3837/pdf>. Acesso em: 23 set. 2020. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO. A Practical Guide to Tourism Destination Management. Madrid: OMT, 2007. Disponível em: <https://www.e- unwto.org/doi/pdf/10.18111/9789284412433>. Acesso em: 23 set. 2020. PETROCCHI, M. Turismo: planejamento e gestão. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. PINTO, M. J. A. Destinos turísticos inteligentes: uma proposta de transformação para Curitiba – PR. 143 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Turismo) – Setor de Ciências Humanas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2016. Disponível em: <https://acervodigital.ufpr.br/handle/ 1884/62924>. Acesso em: 23 set. 2020. PRISTER, G. The FUPOL Project: an integrated approach to e-Governance, e-Participation and Policy Modeling. In: SHARK, A. R.; TOPORKOFF, S.; LÉVY, S. (Org.). Smarter Cities for a bright sustainable future: a global perspective. Alexandria: Public Technology Institute, 2014. p. 241-259. SCHLESINGER, C. C. B. et al. Gestão do conhecimento na administração pública. Curitiba: Instituto Municipal de Administração Pública – IMAP, 2008. STIMMEL, C. L. Building Smart Cities: Analytics, ICT, and Design Thinking. Boca Raton: CRC Press, 2016. THOMAZ, G. M. Processo de mineração de conteúdo em mídias sociais para auxílio na gestão de destinos turísticos. 223 f. Dissertação (Mestrado em Turismo) – Setor de Ciências Humanas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2014. Disponível em: <https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/37396>. Acesso em: 23 set. 2020. 10/12/2020 UNINTER - INOVAÇÃO E TECNOLOGIA NO TURISMO https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/17