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Diagnóstico microbiológico de infecções da pele e tecido subcutâneo

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Doenca
Lesoes
(úteis para descrever sinais da
doença)
Diagnostico
A pele integra o sistema tegumentar e é uma
região bastante exposta, podendo ser sítio de
infecções de diversos microrganismos
Vesículas Lesões pequenas cheias de fluido
Bolhas Vesículas com diâmetro > 1 cm
Máculas Lesões planas e avermelhadas
Pápulas Lesões elevadas sem líquido
Pústulas Lesões elevadas com pus
Bacteriana
Viral
Fúngica
Estafilococos
S. aureus é o mais patogênico e consegue escapar das
defesas normais do hospedeiro
Foliculite Infecção do folículo piloso devido a algum dano à
pele (atritos). Não compromete pele subjacente ou tecidos
profundos
Furúnculo Infecção extensa e invasiva do folículo piloso em
que há abscesso com comprometimento da derme. Alívio da
dor ocorre mediante drenagem
Carbúnculo Resultado do coalojamento de vários furúnculos.
Os tecidos vizinhos são invadidos e há formação de massa
endurecida e inflamada
Impetigo Infecção contagiosa que afeta, principalmente,
crianças de 2 a 5 anos
Forma Não Bolhosa
Maioria causada por S. pyogenes
Pápulas eritomatosas pequenas que formam vesículas, as
quais se rompem após formar pus. Exsudato forma crostas
finas de cor ambar-acastanhada circundadas por halo
eritomatoso
Afeta principalmente a face e se tratado adequadamente, a
regeneração é completa
Forma Bolhosa (raro)
Agente etiológico: S. aureus produtor de toxina A
Lesões formam vesículas e sequente grupo de bolhas
Síndrome da Pele Escaldada
Agente etiológico: S. aureus produtor de toxina B (toxina
epidermolítica)
Pele se descama em camadas. Podem ocorrer bolhas grandes
e flácidas localizadas ou generalizadas com sequente
rompimento e formação de pele avermelhada (queimadura)
Síndrome do Choque Tóxico
Resultante da ação da toxina 1 (S. aureus). A toxina é
produzida no local do crescimento bacteriano depois de
cirurgias e se espalha pela corrente sanguínea 
Sinais e Sintomas: febre, vômitos, erupções seguidos de
choque e falência de órgãos (principalmente rins)
Paroníquia Infecção superficial e dolorosa na prega da unha 
Tratamento: compressas quentes, drenagem e incisão
cirúrgica
Forma aguda é resultante da ação de S. aureus cultivado de
drenagem purulenta
Estreptococos
S. pyogenes (β-hemolítico/grupo A) produz substâncias
(estreptoquinases, hialuronidases, desoxirribonucleases,
estreptolisinas e proteína M) que promovem rápida dispersão
da infecção
Erisipela
Ocorre quando S. pyogenes infecta camadas da derme. Pode
ser causada por outros agentes etiológicos.
Erupções formadas por placas avermelhadas e bordas
elevadas. Pode ocorrer destruição tecidual local e invasão da
corrente sanguínea (sepse)
Porta de entrada: lesões de pele (infecções fúngicas, picadas
de inseto, mordidas e cirurgias)
Fasciite necrosante Infecção aguda que atinge tecido
subcutâneo e fáscia superficial, resultando em necrose
S. pyogenes penetra na pele e superestimula sistema imune,
o que contribui para extensão do dano tecidual
Pode ocorrer choque e a mortalidade é > 40%
Cel ulite Infecção aguda que se dissemina na derme
profunda e no tecido subcutâneo
Origina lesões superficiais da pele (furúnculos ou úlceras)
Pele se torna inchada, vermelha e dolorida
Agentes etiológicos: S. pyogenes (principal), S. aureus, V.
vulnificus, H. influenzae tipo B e associação de bactérias
anaeróbias e facultativas
Pseudomonas
Otite externa e frequentes surtos de dermatite (erupção
autolimitada em geral relacionada ao uso de piscinas, saunas
e banheira)
Produzem diversas exotoxinas (responsáveis pela maior parte
da patogenicidade) e as infecções apresentam pus de cor
azul-esverdeado e odor adocicado
Patógeno oportunista que pode infectar pacientes com
queimaduras, feridas abertas ou sítio cirúrgico
Mycobacterium ulcerans
Causa Úlcera de Buruli (doença de progresso lento associada
ao contato com água parada ou de pântanos). A úlcera é
profunda e seriamente danosa
Toxina micolactona = dano tecidual
Acne 
(doença de pele mais comum, afeta > 85% dos adolescentes)
Comedonal (leve) Células descamam e combinam com sebo,
de forma a entupir folículo
Inflamatória (moderada) Propionibacterium acnes utiliza
glicerol do sebo, causando resposta inflamatória. Pode evoluir
para acne severa.
Cística Nodular (severa) Formação de nódulos e/ou cistos
profundos, inflamados e com pus. Deixam cicatrizes
proeminentes
Diagnóstico e tratamento são baseados na clínica
Papilomavírus Humano (HPV)
(verrugas diagnosticadas clinicamente e laboratorialmente)
Herpes vírus
Herpes simples
Tipo 1 - transmitido pela saliva ou verticalmente
Tipo 2 - transmitido pelo contato sexual
Vesículas dolorosas de curta duração. Podem causar panarício
herpético ou paroníquia em profissionais de saúde (ausência
de EPIs)
Pode ocorrer reincidência mediante exposição excessiva à
radiação ultravioleta solar, problemas emocionais e alterações
hormonais
Varicela e Herpes Zoster
(Herpesvirus tipo 3)
Varicela Doença generalizada aguda acompanhada de febre
e erupções vesiculares na pele que se enchem de pus e
depois se rompem. Predominantemente infantil. Quando
ocorre em adultos, observa-se risco maior de
morbimortalidade
Herpes Zoster Manifestação local da reativação do vírus
latentes em gânglios sensitivos. Afeta mais adultos, idosos e
imunocomprometidos
Algumas doenças sistêmicas apresentam manifestação
cutânea, como sarampo, rubéola, roséola infantil, dentre
outras
Ceratofitoses Micoses superficiais (não penetram tecidos
nem pelos, não ativa sistema imunológico)
Pitiríase Versicolor (pano branco) 
Agente etiológico Malassezia furfur (fungo dimórfico,
lipofílico, da microbiota normal)
Máculas hipo- ou hiperpigmentadas com bordas delimitadas,
afetam áreas com maior oleosidade
Diagnóstico Laboratorial Presença de hifas septadas e
leveduras no exame direto com KOH e cultura
Piedra Branca
Agente etiológico Trichosporon sp.
Comum em jovens adultos
Nódulos macios e brancos no cabelo e peles facilmente
destacáveis
Diagnóstico Laboratorial Pelos entre lâmina e lamínula e
KOH, e cultura
Piedra Negra
Agente etiológico Piedraia hortae
Nódulos negros aderidos aos pelos com difícil remoção.
Apresentam coloração escura
Diagnóstico Laboratorial Pelo entre lâmina e lamínula e
KOH, e cultura
Tinea Negra
Agente etiológico Hortaea wernechii
Mancha acastanhada indolor palmar ou plantar (similar ao
melanoma)
Diagnóstico Laboratorial Presença de hifas septadas,
marrons, células leveduriformes escuras e com brotamente
no exame direto
Dermatofitoses Infecções da pele, pelos e unhas que
penetram camadas profundas (desencadeiam resposta
imunológica)
Lesões escamativas, anelares, circulares, pruriginosas que
podem desaparecer (tíneas)
Os fatores predisponentes incluem idade, uso de cosméticos,
sudorese, imunidade, sazonalidade (verão) e animais
domésticos. A transmissão ocorre de forma endógena, por
contato ou fômites
O tipo de doença clínica varia de acordo com o sítio
anatômico, podendo ser tinea manum (mão), tinea capitis
(cabelo), tinea barbae (barba) e tinea unguium (onicomicose,
unhas)
Diagnóstico Laboratorial
Microscopia (exame a fresco com KOH) Presença de hifas
septadas, artroconídios
Cultura Ágar Sabouraud em temperatura ambiente
Identificação Microcultura (visualização de micro- e
macronídios) e identificação bioquímica
Candidíase
Agentes etiológicos Candida albicans, C. tropicalis, C.
glabrata, C. krusei
Afeta, principalmente, pacientes imunocomprometidos, que
apresentam obesidade e/ou diabetes
A área da pele infectada se torna avermelhada; a área da
mucosa infectada se torna esbranquiçada
Diagnóstico Laboratorial Exame direto, cultura e provas
bioquímicas de fermentação de carboidratos
Micoses Subcutâneas Infecção presente na pele e tecido
subcutâneo, sendo de difícil tratamento
Esporotricose
Infecção crônica mais comum
Agente etiológico Sporothrix schenckii
Lesões nodulares no tecido cutâneo ou subcutâneo e
gânglios linfáticos que supuram, ulceram e drenam. Pode se
apresentar como lesão primária, esporotricose pulmonar,
linfática (linfagite) e disseminadaDiagnóstico Intradermorreação, microscopia e cultura em
ágar Sabouraud com Cloranfenicol
Cromomicose
Agentes etiológicos Fonsecaea pedrosai, Phialofora sp.,
Cladosporium carrionii
Pápulas no local do traumatismo com pontos enegrecidos.
Pode causar linfedema, prurido e dor
Diagnóstico Laboratorial Visualização de corpos escleróticos
asseptados, hifas e estruturas reprodutivas em exame direto
com KOH; cultura e microcultivo para identificação da espécie
Doença de Jorge Lobo
Agente etiológico Lacazia loboi 
Pequenas verrugas na face e pavilhão auricular, podem se
disseminar pela via linfática, pela contiguidade ou
autoinoculação. Pode causar dor e/ou prurido
Diagnóstico Laboratorial Exame direto de secreções e
análise anatomo-patológica (biópsia)
Micetoma
Agentes etiológicos Madurella sp., Scedosporium sp.,
Leptosphaeria sp. e algumas bactérias (Actinomadura sp. e
Streptomyces sp.)
Aumento do volume da área da pele, fístulas e secreção
contendo grãos. Pode provocar alterações ósseas
Diagnóstico Laboratorial Visualização das secreções em
exame direto
Material ClínicoColetaTransporteExame MicroscopicoCulturaInterpretação dos Resultados
☼ Amostras de tecido (procedimento cirúrgico ou aspirado
para cultura)
☼ Amostras de exsudato de lesão podem ser de origem
superficial, profunda ou operatória
☼ Biópsias
Material representativo Obtido das margens e da
profundidade da lesão
Não é recomendável fazer cultura de bactérias anaeróbias de
secreções superficiais
Amostras inadequadas Pus, lesões secas/crostas, secreções
de queimaduras, fragmentos ou biópsia em formol, amostra
superficial de úlcera de decúbito, pé diabético ou úlcera
varicosa
Lesão aberta Descontaminar marrgens e superfície com
clorexidina aquosa 2% ou PVPI 10% em solução fisiológica
estéril; limpar com solução fisiológica estéril e coletar parte
profunda da lesão
Abscesso fechado e nódulos Antissepsia com clorexidina 2%
ou álcool 70ºGL ou PVPI 10%, em seguida limpar com solução
fisiológica estéril e aspirar conteúdo do abscesso/nódulo
Ferida de queimadura Cultura com swab é inadequada
devido a colonização pela microbiota normal. Após debridar e
descontaminar lesão, coletar fragmentos de tecido (1 a 2 cm)
da superfície da ferida. Armazenar em frasco estéril com meio
de cultura líquido ou solução fisiológica
Pústula e vesícula Selecionar pústula íntegra e fazer
antissepsia com clorexidina 2% ou álcool 70º GL e puncionar.
Se lesão seca, com crosta e sem vesícula/pústula, remover
material superficial e passar o swab sobre a lesão
Lesões ungueais Retirar esmalte 48h antes e suspender uso
de antifúngicos. Não cortar unhas antes da coleta e limpar
previamente com álcool 70º GL. Raspar lesões da parte
superior com lâmina de bistura e da parte inferior com
instrumento pontiagudo. Paroníquia: colher escamas e pus
em placa de petri
Pelos Colher com pinça de depilação pelos das bordas das
lesões, se houver dificuldade de coleta, raspar com lâmina de
bisturi. Priorizar pelos tonsurados, fracos, quebradiços e
curtos. Áreas de alopecia devem ser raspadas com lâminas de
bisturi.
Lesões dérmicas planas Suspender uso de antifúngicos e
não lavar local antes da coleta, nem utilizar cremes e óleos no
dia da coleta. Limpar região com álcool 70º GL e raspar com
lâmina de bisturi as bordas ativas da infecção. Colher escamas
em placa de petri. Em lesões não-descamativas, adotar
técnica da fita adesiva
Infecções de tecido subcutâneo Fragmentos da biópsia
dever ser armazenados em frasco com soro fisiológico estéril
e conservado em 2 a 8ºC. Deve ser enviado ao laboratório em
24 horas.
Swab sem meio de transporte Enviar imediatamente ao
laboratório
Swab com meio de transporte Enviar ao laboratório em
temperatura ambiente (20 a 25ºC) em até 8 horas após coleta
Aspirados Enviar agulha e seringa em temperatura ambiente
(20 a 25ºC) em até 2 horas OU injetar amostra em frasco com
meio de cultura apropriado
Biópsia Enviar para análise em temperatura ambiente (20 a
25ºC) em até 2 horas após coleta
Pelos, raspados de pele e unhas Enviar em temperatura
ambiente (20 a 25ºC) acondicionados em frascos de urina ou
placa de Petri
Coloração de Gram
Observar presença de bactérias e estruturas fúngicas
Exame histológico deve apresentar colorações para bactérias,
fungos e inclusões virais
Amostra representativa Número de leucócitos maior que
número de células epiteliais
Exame direto Adota-se KOH 20% e lamínula (micológico
direto)
Swab sem meio de transporte Ressuspender amostra em pequeno
volume de caldo TSB ou solução fisiológica estéril, semear por
esgotamento em ágar sangue e MacConkey
Swab com meio de transporte Semear por esgotamento em ágar
sangue, MacConkey e Chocolate (feridas profundas)
Seringa Inocular diretamente em ágar sangue, chocolate e MacConkey,
semear por esgotamento. Enriquecer em caldo tioglicolato ou frasco de
hemocultura (incubar por até 5 dias). Se necessário, inocular em meios
de cultura para anaeróbios.
Biópsia Tranferir amostra para placa estéril e fragmentar com auxílio de
bisturi. Colocar fragmento em cada meio (ágar sangue e chocolate) e
semear. Inserir um fragmento em caldo tioglicolato. Retirar fragmento
após 24 a 48 horas em temperatura 35 a 37ºC e realizar imprint em
lâmina, corar pelo Gram
Tecido de pele queimada Triturar 0,5 g de tecido e semear por diluição
ou com alça calibrada em placas ágar sangue e MacConkey. Incubar por
24 na 72 horas.Contagem bacteriana ≥ 10⁵ UFC/g
Pele e unhas (suspeita fúngica) Semear em ágar Sabouraud e incubar
a temperatura ambiente (20 a 25ºC) e a 37ºC por 21-30 dias
Pelos Inserir em placa com ágar Sabouraud em temperatura ambiente
(20 a 25ºC) por até 30 dias 
Se S. pyogenes isolado Informar médico IMEDIATAMENTE
Se crescimento de "poeira" no ágar sangue Suspeitar de micobactérias de
crescimento rápido (como M. ulcerans e M. chelonae) e corar com Ziehl-
Neelsen
Amostra coletada de sítio estéril/Biópsia Considerar e identificar bacilos
gram-positivos, caso contrário, considerar como microbiota normal
Se mais de três microrganismos forem isolados Identificar se amostra for
de sítio estéril ou de boa qualidade ou se os três microrganismos foram
observados no Gram
Mapa Conceitual sobre a vídeo-aula "Diagnóstico Microbioloógico das Infecções de pele e Tecido Subcutâneo" ministrada pelo professor Dr. Michel Moreira. Autoria de Letícia Guedes M. G. de Souza | Novembro de 2020

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