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2018 DiDática Da Língua ingLesa i Prof. Estela Maris Bogo Lorenzi Prof. Luciana Fiamoncini Copyright © UNIASSELVI 2018 Elaboração: Prof. Estela Maris Bogo Lorenzi Prof. Luciana Fiamoncini Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 420.7 L869d Lorenzi, Estela Maris Bogo Didática da língua inglesa I / Estela Maria Bogo Lorenzi; Luciana Fiamoncini. Indaial: UNIASSELVI, 2018. 179 p. : il. ISBN 978-85-515-0147-4 1.Língua Inglesa – Estudo e Ensino. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. Impresso por: III apresentação Hello, dear students. It is a pleasure to write a book especially for you: a future English Teacher. A didática, como já se sabe, é a arte de ensinar. Por ser uma técnica, a didática pode ser aprimorada ao longo dos anos e a experiência é uma forte aliada. Neste material, buscamos evidenciar quais são as principais técnicas didáticas usadas para o ensino da língua e apresentar a você, acadêmico e futuro professor, o que a literatura traz acerca desta importante temática para quem quer adentrar à docência. Na Unidade 1, teremos como enfoque o conceito e a aplicação da didática da língua inglesa. Nesta etapa, você será capaz de compreender quais são as implicações culturais da língua inglesa e sua implicação no mercado de trabalho. Ainda nessa unidade, abordaremos o conceito de didática, sua aplicação em sala de aula, e aspectos relacionados à escolha do material didático para trabalhar a língua estrangeira. Ainda na Unidade 1, você conhecerá um pouco mais sobre o que versam os documentos nacionais da educação no que tange o ensino das línguas. Documentos como LDB, PCN, BNCC e algumas resoluções importantes que norteiam o ensino serão explorados. Fique atento a eles. Já a Unidade 2 foca na diferença entre language learning and language aquisition. Serão abordados os conceitos de ambos os termos, maneiras de estimular e trabalhar cada um deles e ainda a ideia de bilinguismo. Ainda na Unidade 2, trataremos das implicações de se ter ou não um professor nativo na língua inglesa e trabalharemos as quatro habilidades que devem ser desenvolvidas quando estamos no processo de aprendizagem da língua: listening, speaking, writing and reading. Por fim, na Unidade 3, o enfoque será exclusivamente nos métodos de ensino de língua inglesa. São eles: Direct Method, Grammar Translation Method, Audiolingual Method, The Silent Way, Suggestopedia, Communicative Language Teaching, The Lexical Syllabus and Immersion. Trataremos de como estes métodos surgiram, quais são seus prós e contras, discutiremos suas principais características e se eles ainda são viáveis ou não para a aplicação nos tempos hodiernos. Explore tudo o que oferecemos a você a partir da ferramenta UNI, das dicas de vídeos, sugestões de leituras e acesse também a trilha de aprendizagem da disciplina no seu Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), que é recheada de informações para que você cresça sempre mais como profissional da educação. IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Esperamos que a partir deste material você possa ampliar seus horizontes, compreendendo os princípios básicos da didática e apaixonando- se cada vez mais pela arte de ensinar. Estaremos sempre à disposição para trocar ideias e aprendermos juntos a partir das suas sugestões e dúvidas. We hope you have an excellent journey and be happy! See you soon! Teachers Estela and Luciana. V VI VII UNIDADE 1 – ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE ............................. 1 TÓPICO 1 – DIDÁTICA DA LÍNGUA INGLESA: CONCEITO E APLICAÇÃO ..................... 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 POR QUE ESTUDAR A LÍNGUA INGLESA? ............................................................................... 3 2.1 A LÍNGUA INGLESA E SEU CONTEXTO DE USO ................................................................ 6 2.2 A LÍNGUA INGLESA E AS IMPLICAÇÕES CULTURAIS ...................................................... 7 2.3 A LÍNGUA INGLESA NO MERCADO DE TRABALHO ........................................................ 9 3 O QUE É DIDÁTICA? ......................................................................................................................... 11 3.1 A DIDÁTICA E SUA APLICAÇÃO EM SALA DE AULA ........................................................ 13 3.2 A ESCOLHA DO MATERIAL DIDÁTICO E AS IMPLICAÇÕES NO ENSINO E APRENDIZAGEM DA LÍNGUA INGLESA ................................................................................ 15 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 16 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 17 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 18 TÓPICO 2 – AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES ACERCA DA APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESTRANGEIRA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES .......................................................................................................... 19 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 19 2 O ENSINO DE LÍNGUAS NO BRASIL ........................................................................................... 20 3 ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS: UM OLHAR NAS LEIS, NORMAS E NOS DOCUMENTOS ORIENTADORES .................................................................................... 27 3.1 A LDB E O ENSINO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA .................................................................. 28 3.2 OS PCN – ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO, AS OCEM – ENSINO MÉDIO E A LÍNGUA ESTRANGEIRA ....................................................................................................... 31 3.3 OUTROS DOCUMENTOS ORIENTADORES E NORMAS ACERCA DA LÍNGUA ESTRANGEIRA – INGLÊS ............................................................................................................. 34 3.3.1 A resoluçãodo Conselho Nacional de Educação de nº 4, de 13 de julho de 2010 ......... 34 3.3.2 A resolução do Conselho Nacional de Educação de nº 7, de 14 de dezembro de 2010 ...................................................................................................................................... 35 3.3.3 A resolução do Conselho Nacional de Educação de nº 2, de 30 de janeiro 2012: Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio .................................................. 36 3.3.4 Plano Nacional de Educação - PNE de 2014 ....................................................................... 37 3.3.5 O que é a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)? ..................................................... 39 3.3.6 Como será o currículo do novo Ensino Médio em relação à língua estrangeira? ......... 40 4 A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM EM LÍNGUA INGLESA .............................................. 40 4.1 O QUE OS DOCUMENTOS ORIENTADORES E LEIS POSTULAM SOBRE AVALIAÇÃO .................................................................................................................................... 41 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 44 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 46 sumário VIII TÓPICO 3 – O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA .................. 49 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 49 2 A DIDÁTICA DO ENSINO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ............................................................................................................................................. 50 2.1 ENSINANDO A PARTIR DA ORALIDADE .............................................................................. 53 2.2 UTILIZANDO O MATERIAL CONCRETO E RECURSOS VISUAIS ..................................... 54 3 A DIDÁTICA DO ENSINO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NO ENSINO FUNDAMENTAL I .............................................................................................................................. 55 3.1 A COMPREENSÃO DO VOCABULÁRIO NAS TEMÁTICAS DE ENSINO ........................ 56 3.2 A LÍNGUA ESTRANGEIRA E OS SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO ................................... 57 4 A DIDÁTICA DO ENSINO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NO ENSINO FUNDAMENTAL II.............................................................................................................................. 58 4.1 CONTEXTUALIZANDO O ENSINO DA GRAMÁTICA ......................................................... 59 4.2 O USO DAS TECNOLOGIAS E A APRENDIZAGEM DA LÍNGUA INGLESA ................... 61 5 A DIDÁTICA DO ENSINO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NO ENSINO MÉDIO ............... 62 5.1 A COMPREENSÃO TEXTUAL NA LÍNGUA INGLESA .......................................................... 63 5.2 O ENSINO DO INGLÊS E O VESTIBULAR ................................................................................ 64 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 67 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 69 UNIDADE 2 – LANGUAGE LEARNING AND LANGUAGE ACQUISITION ......................... 71 TÓPICO 1 – LANGUAGE ACQUISITION OU ASSIMILAÇÃO NATURAL ............................. 73 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 73 2 CONCEITUANDO A LANGUAGE ACQUISITION .................................................................... 74 2.1 LÍNGUA MATERNA ...................................................................................................................... 76 2.2 SEGUNDA LÍNGUA ....................................................................................................................... 77 2.3 LÍNGUAS MINORITÁRIAS E MINORITARIZADAS ............................................................... 78 3 MANEIRAS PARA ESTIMULAR A LANGUAGE ACQUISITION ........................................... 79 3.1 AQUISIÇÃO DE UMA SEGUNDA LÍNGUA: QUE FATORES CONSIDERAR? .................. 79 3.1.1 Idade de aquisição .................................................................................................................. 80 3.1.2 Bilinguismo .............................................................................................................................. 81 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 83 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 84 TÓPICO 2 – LANGUAGE LEARNING OU ESTUDO FORMAL .................................................. 87 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 87 2 CONCEITUANDO A LANGUAGE LEARNING ........................................................................... 87 2.1 O ESTUDO FORMAL E O APRENDIZADO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA ........................ 88 3 COMO DESENVOLVER A LANGUAGE LEARNING ................................................................. 91 3.1 O PAPEL DO PROFESSOR NA LANGUAGE LEARNING ...................................................... 92 3.2 AS SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS NA LANGUAGE LEARNING .............................................. 96 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 100 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 103 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 104 TÓPICO 3 – PROFESSOR NATIVO E NÃO NATIVO DE LÍNGUA INGLESA: IMPLICAÇÕES ................................................................................................................. 105 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 105 2 O PROFESSOR NATIVO NA LÍNGUA INGLESA ....................................................................... 105 3 O PROFESSOR NÃO NATIVO NA LÍNGUA INGLESA ............................................................ 107 IX 3.1 O QUE DIZEM AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES SOBRE A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA ESTRANGEIRA ................................................ 108 4 HABILIDADES E COMPETÊNCIAS A SEREM DESENVOLVIDAS COM OS ALUNOS DE LÍNGUA INGLESA .................................................................................................... 110 4.1 LISTENING ....................................................................................................................................... 111 4.1.1 Pre-listening, listening and post-listening .......................................................................... 112 4.2 READING ......................................................................................................................................... 112 4.2.1 Processes top-down e bottom-up ......................................................................................... 113 4.2.2 Reading strategies ................................................................................................................... 114 4.3 SPEAKING ........................................................................................................................................115 4.3.1 Speech stimulation techniques ............................................................................................. 116 4.4 WRITING .......................................................................................................................................... 116 4.4.1 English everywhere ................................................................................................................ 116 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 118 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 120 UNIDADE 3 – THE DIDACTICS OF THE ENGLISH LANGUAGE: TEACHING AND LEARNING METHODS .......................................................... 123 TÓPICO 1 – MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 1 .............................................................................. 125 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 125 2 DIRECT METHOD .............................................................................................................................. 125 2.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O DIRECT METHOD ..................................................................... 127 2.2 SUGESTÕES DE ATIVIDADES UTILIZANDO DIRECT METHOD ....................................... 128 3 GRAMMAR TRANSLATION METHOD ........................................................................................ 130 3.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O GRAMMAR TRANSLATION METHOD ............................... 131 3.2 SUGESTÕES DE ATIVIDADES UTILIZANDO GRAMMAR TRANSLATION METHOD .... 133 4 AUDIOLINGUAL METHOD ............................................................................................................. 133 4.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O AUDIOLINGUAL METHOD ................................................... 136 4.2 SUGESTÃO DE ATIVIDADE UTILIZANDO AUDIOLINGUAL METHOD ......................... 138 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 139 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 140 TÓPICO 2 – MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 2 .............................................................................. 143 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 143 2 THE SILENT WAY ................................................................................................................................ 143 2.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O SILENT WAY METHOD ............................................................ 145 2.2 SUGESTÃO DE ATIVIDADE UTILIZANDO SILENT WAY METHOD .................................. 146 3 SUGGESTOPEDIA .............................................................................................................................. 146 3.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O SUGGESTOPEDIA METHOD .................................................. 147 3.2 SUGESTÕES DE COMO TRABALHAR O SUGGESTOPEDIA METHOD ............................ 149 4 TOTAL PHYSICAL RESPONSE ....................................................................................................... 150 4.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O TOTAL PHYSICAL RESPONSE METHOD ........................... 150 4.2 SUGESTÕES DE ATIVIDADES UTILIZANDO TOTAL PHYSICAL RESPONSE METHOD .......................................................................................................................................... 152 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 154 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 155 TÓPICO 3 – MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 3 .............................................................................. 157 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 157 2 COMMUNICATIVE LANGUAGE TEACHING ........................................................................... 157 X 2.1 CONSIDERAÇÕES DO COMMUNICATIVE LANGUAGE TEACHING METHOD ........... 158 2.2 SUGESTÕES DE ATIVIDADES UTILIZANDO COMMUNICATIVE LANGUAGE TEACHING METHOD.................................................................................................................... 159 3 THE LEXICAL SYLLABUS ................................................................................................................ 161 3.1 PRÓS E CONTRAS DO LEXICAL SYLLABUS METHOD ........................................................ 162 3.2 SUGESTÕES DE ATIVIDADES UTILIZANDO LEXICAL SYLLABUS METHOD ............... 162 4 IMMERSION ........................................................................................................................................ 163 4.1 PRÓS E CONTRAS DO IMMERSION METHOD ....................................................................... 164 4.2 SUGESTÕES DE ATIVIDADES UTILIZANDO IMMERSION METHOD .............................. 165 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 166 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 170 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 171 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 173 1 UNIDADE 1 ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você estará apto a: • compreender o contexto de uso da língua inglesa; • discutir o conceito de didática e suas aplicações; • conhecer a trajetória do ensino de línguas no Brasil; • compreender os dizeres das leis, normas e os documentos orientadores acerca do ensino e aprendizagem das línguas estrangeiras; • refletir acerca da avaliação; • analisar o ensino da língua inglesa na Educação Básica. Esta unidade está dividida em três tópicos. Ao final da cada um deles, você poderá dispor de atividades que o auxiliarão na fixação do conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – DIDÁTICA DA LÍNGUA INGLESA: CONCEITO E APLICAÇÃO TÓPICO 2 – AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES ACERCA DA APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESTRANGEIRA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES TÓPICO 3 – O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 DIDÁTICA DA LÍNGUA INGLESA: CONCEITO E APLICAÇÃO 1 INTRODUÇÃO Students, welcome to our new book. Todos nós sabemos que a língua inglesa é a mais falada no mundo e que as pessoas que a dominam têm, sem sombra de dúvidas, certas vantagens com relação a quem não a domina. A partir do estudo deste material você será capaz de compreender por que a didática da língua inglesa é tão importante quando falamos em aprendizado de uma second language, ou segunda língua, em português. Especificamente na Unidade 1, dedicaremos nossos estudos ao conceito e aplicação da didática em sala de aula (e, em alguns casos, fora dela também). A didática, conforme estudaremos mais adiante, não é um conceito novo. Ela já vinha sendo estudada por Jan Amós Comenius em meados do século XVII. Por que, então, estudaremos algo tão antigo aqui, em um material atual como este? A resposta é simples: a didática, embora date de séculos atrás, é um conceito que nunca deixou de ser atual.Todos os anos, inúmeros pesquisadores realizam seus estudos voltados para esta temática, visando sempre fazer descobertas significativas que possam auxiliar os professores a lapidar cada vez mais o seu trabalho em sala de aula. A partir de agora, acadêmico, você passará a estudar este conceito e conhecer cada detalhe da aplicabilidade da didática do ensino da língua estrangeira em sala de aula. Are you ready to start? So, let’s go! 2 POR QUE ESTUDAR A LÍNGUA INGLESA? It is a pleasure to meet you again! Quem de vocês já se perguntou por que a língua inglesa é um dos idiomas mais estudados do mundo? E por que em todo o mundo cada vez mais pessoas buscam aprender este idioma? Bem, não é difícil deduzir que, se a procura está aumentando, é porque realmente a língua está em ascendência. De acordo com inúmeras pesquisas, pode-se afirmar que uma das respostas para esta pergunta é o fato de que a língua inglesa é o idioma principal UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE 4 da comunicação em business mundo afora. Mesmo nos países que falam mandarim (China e Japão, por exemplo), o inglês é predominante quando o tema são os negócios. Christopher Newcombe (2015, p. 74), diretor assistente dos cursos de Inglês do British Council Singapore, afirma que: além da necessidade mais localizada, há um grande aumento na necessidade da proficiência no inglês em relação ao mundo globalizado em geral, no qual qualquer um pode receber uma ligação em inglês de um colega na Escócia, e ao mesmo tempo ter de responder um e-mail em espanhol ou em outra língua. Apesar de o inglês ser destaque no mundo dos negócios (business), não é só nesta área que ele está em evidência. No mundo tecnológico, por exemplo, o inglês é muito presente. Podemos perceber isso nos estrangeirismos que nos permeiam quando o assunto é informática. FIGURA 1 - BUSINESS FONTE: Disponível em: <http://www.dicasdosergio.com.br/category/diversos/tirinhas- diversos/>. Acesso em: 15 jul. 2017. A tirinha apresentada traz uma conotação humorística para uma parte do computador, o mouse. Neste caso, o mouse a que o atendente se refere é o animal, que está tranquilo a bordo. A partir dela, podemos trazer inúmeros estrangeirismos muito utilizados na nossa língua portuguesa que se referem à tecnologia: mouse, touchscreen, enter, pen drive, board, closed caption, e muitas outras palavras usadas em nosso dia a dia. TÓPICO 1 | DIDÁTICA DA LÍNGUA INGLESA: CONCEITO E APLICAÇÃO 5 Vamos relembrar o que são os estrangeirismos? São palavras estrangeiras que a língua portuguesa acabou por acrescentar ao vocabulário. Os estrangeirismos não são somente palavras trazidas da língua inglesa, mas também de outros idiomas, por exemplo, a palavra abajour, que vem do francês. UNI Mais um importante passo para que possamos compreender o porquê da importância de estudar o inglês é analisar o mundo que nos cerca: outdoors, lojas, a própria tecnologia, conforme comentamos anteriormente, todas estas peculiaridades do dia a dia estão rodeadas pela língua inglesa. O mercado de trabalho cada vez mais busca profissionais qualificados que dominem, total ou parcialmente, um segundo idioma – neste caso, especificamente a língua inglesa. Esta procura cresce vertiginosamente porque há ocasiões em que somente conhecer vocabulário e gramática básica não basta. Para participar de discussões de trabalho e comunicar-se efetivamente com estrangeiros é necessário que o falante domine o listening. Um dado curioso exposto por Newcombe (2015) é que em muitas universidades conceituadas, como Oxford e Edimburgo, há muitos estudantes de outros países, que se matriculam e lá estudam justamente para que possam ter a língua inglesa como base nas situações acadêmicas, do dia a dia e também para que possam ter a experiência de compartilhar as culturas dos mais diversos países, lá representados pelos estudantes. Estes e outros motivos fazem com que o inglês, apesar de ser por vezes complicado para os estudantes iniciantes, ainda seja a primeira opção, pois apesar da dificuldade e das frustrações iniciais, as recompensas do seu aprendizado são sempre compensadoras e acabam por valer a pena de médio a longo prazo. Você sabia que, apesar de a língua inglesa ser a mais utilizada no mundo, ela não é a que mais tem falantes nativos? Isso quer dizer que ela é a mais aprendida como língua estrangeira e você, acadêmico, está somando para estas estatísticas. UNI UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE 6 A razão pela qual devemos aprender a língua inglesa é abrir portas, em todos os setores. Negócios, turismo, comunicação, cultura, economia, relacionamentos, literatura, internet, informação. Todas estas são áreas facilmente exploradas quando se tem um bom domínio da língua inglesa. So, what are you waiting for? Let’s learn English, folks! 2.1 A LÍNGUA INGLESA E SEU CONTEXTO DE USO A língua inglesa, ao contrário do que muitos pensam, teve seu ápice mundial por volta do século XVI, quando o imperialismo britânico proporcionou que a língua inglesa se estendesse além das suas fronteiras (GRADDOL, 2006). Este fato influenciou a linguística e a cultura de outros países, que muitos anos depois fizeram com que a língua inglesa se transformasse em língua internacional. O rápido avanço tecnológico fez com que a interação entre diferentes pessoas do mundo inteiro aumentasse significativamente, e esta comunicação deu-se especialmente a partir do uso da língua inglesa. Por este motivo, a língua passou a ser estudada em massa pela população, fazendo com que seu uso aumentasse significativamente em questão de décadas. Hoje, não há como medir em números exatamente a quantidade de pessoas que estudam a língua inglesa e quais são suas intenções ao fazê-lo, mas é perceptível o aumento do interesse não somente nas instituições que oferecem cursos particulares, mas também por parte das pessoas que o fazem autonomamente por meio de cursos on-line ou de maneira autodidata. De acordo com Dal Molin (2003), a velocidade da inserção da população nos meios tecnológicos fez com que o perfil dos aprendizes mudasse, ou seja, vivemos hoje em um mundo no qual a atuação pedagógica está passando por profundas mudanças, fugindo do obsoleto, da rotina e daquele ensino tradicional cansativo e enfadonho. Dal Molin (2003) ainda afirma que a reprodução de conhecimentos ultrapassados, inoperantes e descompassados não é mais aceita hoje. Podemos perceber esta situação se compararmos o ensino de línguas atual com o de 20 anos atrás (ou menos): na época, era o professor o detentor do saber, aquele que transmitia o conhecimento. O aluno era ouvinte. Hoje, os estudantes tornaram-se atuantes e já trazem a informação de casa, pois a acessam a qualquer momento de seus aparelhos tecnológicos. Ao professor cabe mediar esta informação e transformá-la em conhecimento. O fácil acesso à tecnologia fez com que o professor saísse do pedestal de detentor do saber para o papel de mediador. O professor de língua inglesa passa a ser, portanto, aquele que dará continuidade a um processo que, geralmente, já está iniciado. Motter et al. (2009) afirmam que hoje o ciberespaço tem papel importante na formação das pessoas, TÓPICO 1 | DIDÁTICA DA LÍNGUA INGLESA: CONCEITO E APLICAÇÃO 7 seja na reprodução cultural, na informação de diferentes visões de mundo, na proposição e criação de habilidades, adoção de atitudes, valores, e, principalmente, em relação ao acesso de uma língua estrangeira. Para os autores, o contexto de uso da língua inglesa hoje “cria novas identidades, forma cidadãos com interesses originais e diferentes” (MOTTER et al., 2009, p. 4). Assim, pode-se inferir que o falante da língua inglesa, seja ele nativo ou aprendiz, percebe a língua inglesa não somente como um segundo idioma, mas sim, como uma possibilidade de troca, seja pelo fato de 80% das informações da web estarem em inglês ou mesmo por suas característicassocioculturais. Percebe-se, então, que os sujeitos que estão em contato com a língua inglesa não são mais meros receptores, mas sim, que “têm liberdade de escolha e produção dos conteúdos que desejam acessar” (MOTTER et al., 2009, p. 2). Assim, agem com propriedade e liberdade para aprenderem da maneira como acharem mais conveniente. Portanto, o contexto de uso da língua está mudando. Antes, tínhamos o inglês como mais uma disciplina escolar. Hoje, o temos como uma porta para uma cultura que já não é mais, de acordo com Costa (2004), ocidental ou americanizada, mas sim, global. Esta cultura global existe, de acordo com Costa (2004), partindo de diversos países e não tem um foco principal. A língua inglesa é, portanto, usada hoje com diferentes objetivos, diferente do que era antes. É o idioma do desenvolvimento tecnológico, econômico e científico, sendo o ápice da interação e do entretenimento. E você, acadêmico? Why are you learning English? Think about it! 2.2 A LÍNGUA INGLESA E AS IMPLICAÇÕES CULTURAIS A cultura da língua inglesa! Eis um tema sobre o qual poderíamos falar tranquilamente por horas e horas. Embora não seja tão simples quanto pareça, é um dos temas que, quando se fala em “aprender inglês”, mais vem à tona. Para esta sessão, tomaremos por base a definição antropológica de cultura, que ressalta que esta vai muito além do mundo letrado, ou seja, o comportamento humano, independentemente de sua classe, define a cultura. A cultura, portanto, é evidenciada por um conjunto de situações, que, de acordo com Ullmann (1980, p. 86), é “todo comportamento humano-cultural, transmissão social... Cultura é saudação dirigida a alguém... é a forma de educar a prole... é o modo de vida da sociedade... Cultura é um termo que dá realce aos costumes de um povo". Observe a tira de Mafalda: UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE 8 FIGURA 2 - MAFALDA E OS ESTRANGEIRISMOS FONTE: Disponível em: <http://blog.culturainglesa-ce.com.br/linguagem/ anglicismo-a-influencia-do-ingles-na-lingua-portuguesa>. Acesso em: 23 jul. 2017. Na tira, podemos perceber que a personagem não compreende a palavra living como estrangeira, visto que ela já está tão impregnada no seu dia a dia que passa a ser como se fosse do seu próprio idioma, ignorando o fato de que, para ela, há uma palavra específica (sala de estar). Pode-se afirmar que a língua inglesa está, aos poucos, infiltrando-se de tal maneira nas outras culturas que, por vezes, passa despercebida, fazendo com que esta pareça já fazer parte da própria cultura de cada país. Ensinar a língua inglesa não quer dizer que estejamos forçando o aluno a adquirir a cultura do outro, mas sim, fazendo com que ele saiba que os povos se comportam de maneiras diferentes. Culturas não são superiores ou inferiores umas às outras, mas sim, diferentes, e a situação econômica nada tem a ver com estes fatores, embora muitas vezes a cultura dos países mais influentes domine sobre as demais. Em sala de aula, discutir estas questões com o aluno é essencial, pois a partir delas é possível fazer com que se compreenda que aprender inglês vai além do simplesmente compreender um idioma de um país dominante, devemos utilizá-lo como um instrumento de comunicação que abrange os mais diversos aspectos, tanto culturais quanto tecnológicos. TÓPICO 1 | DIDÁTICA DA LÍNGUA INGLESA: CONCEITO E APLICAÇÃO 9 Atualmente, pode-se perceber que a visão da língua inglesa como dominadora está perdendo espaço, fazendo com que ela passe a ser vista não mais como a língua da cultura americana ou ocidental, mas como a língua da globalização, a partir da qual podemos comunicar e interagir. Os impactos da língua inglesa sobre os aspectos culturais estão, portanto, mais voltados à globalização. 2.3 A LÍNGUA INGLESA NO MERCADO DE TRABALHO Hi, folks! Cá estamos nós novamente para falar um pouco acerca da língua inglesa no mercado de trabalho. No mundo atual, estamos cercados por produtos e marcas estrangeiras, correto? Desde alimentos até automóveis, todas as esferas comerciais nos oferecem algo importado. Assim como para nós há o importado de outros países, também nosso Brasil é grande exportador, ou seja, lá fora, os produtos brasileiros são importados aos olhos dos outros. Vamos nos ater ao que é, para nós, importado. Você já deve ter reparado no mercado ou em lojas de tecnologias que, mesmo que os produtos sejam chineses, árabes ou de outra nacionalidade, as informações são predominantemente em inglês? Isso é uma prova do que vimos falando até agora: a língua inglesa é, sim, a língua dos negócios. Podemos ver isso também nas organizações e empresas. Muitos dos termos utilizados são em língua inglesa, e isso ocorre porque são termos mundiais, ou seja, não se usa tradução para eles. E adivinhem em que língua são usados? Isso mesmo: em inglês. A tira a seguir ilustra um pouco do que estamos falando, com dose de humor. Vamos descontrair? FIGURA 3 - THE ENGLISH TEACHER FONTE: Disponível em: <http://www.ivoviuauva.com.br/tag/ingles/>. Acesso em: 23 jul. 2017. Isto ocorre porque na visão das empresas, por exemplo, em uma relação cliente e fornecedor, é importante tratar direto com o fornecedor, que, na maioria das vezes, é estrangeiro. A partir desta logística, ganha-se tempo e eficiência. Por isso, compreender a língua inglesa razoavelmente bem é imprescindível. UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE 10 Não somente na área de negócios, mas também na área tecnológica a língua inglesa ganha cada vez mais espaço. Os profissionais que lidam com tecnologia têm a língua inglesa como ferramenta de trabalho em potencial. Isto, podemos explicar, porque a maioria das criações no quesito tecnológico vem dos Estados Unidos ou do Japão, e aprender o mandarim é mais complicado do que aprender o inglês, concordam? Portanto, pelo fato de o inglês ser a língua mais disseminada, acordou-se trocar as informações nesta língua. Aos profissionais do turismo também o inglês é bem-vindo. Podemos ver que a área turística cresceu vertiginosamente nos últimos anos. Muitos são os estrangeiros que vêm ao Brasil diariamente, seja para turismo ou mesmo a negócios. Saber atendê-los (e bem!) por aqui é de suma importância para que eles voltem. Exemplos disso foram a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Muitas foram as dificuldades enfrentadas pelos comerciantes, justamente por não dominarem a língua. Da maneira oposta também: há muitos brasileiros que viajam diariamente para o exterior. E todos eles se comunicam em língua inglesa para atender aos turistas. Você poderá ir à França, Alemanha, Japão, China... Sempre haverá alguém tentando ajudá-lo... EM INGLÊS. Que tal aprender rapidinho? Não somente estes ramos (organizações, tecnologia e turismo) crescem no Brasil e no mundo. Falar bem a língua inglesa abre portas para muitos setores que devagar vêm ganhando espaço. No seu caso, acadêmico, estamos falando da educação. Você será professor de língua inglesa, e esta área também está em constante crescimento. Você, como professor licenciado, terá oportunidade de trabalhar em escolas, universidades, cursos, como coach, e ainda como professor particular. É ou não é uma enorme gama de possibilidades? Aproveite and let’s learn English! E para finalizar esta sessão, veja estas dicas. DICAS Cinco motivos para investir no aprendizado 1. Ter acesso às informações de todos os lugares do mundo. 2. Conhecer pessoas e culturas diferentes. 3. Ter maiores salários. 4. Ter melhores empregos. 5. Ter a possibilidade de trabalhar ou estudar em outros países. Cinco estratégias para não perder o foco e desistir do curso 1. Entender que não há fórmulas milagrosas para aprender um novo idioma. 2. Não ter vergonha de praticar. TÓPICO 1 | DIDÁTICA DA LÍNGUA INGLESA: CONCEITO E APLICAÇÃO 11 3. Conversar com pessoas de outros países quando tiver a oportunidade. 4. Se dedicar, estudando também em casa. 5. Ver filmes e sériescom legendas em inglês. Christiane Nociti - professora da escola de idiomas Centro Britânico. FONTE: Disponível em: <https://www.catho.com.br/carreira-sucesso/colunistas/convidados/ a-importancia-da-lingua-inglesa-para-o-mercado-de-trabalho>. Acesso em: 25 jul. 2017. 3 O QUE É DIDÁTICA? Welcome to our new section. Nosso livro, que trata especificamente da Didática, tem como um dos objetivos ensinar a você, futuro professor de língua inglesa, a importância da didática no decorrer do seu dia a dia profissional. Vamos estudar um pouco mais sobre ela? A Didática é uma disciplina que une a teoria à prática. De acordo com Melo e Urbanetz (2008, p. 152), ela pretende auxiliar os professores “em todos os elementos constitutivos da dinâmica escolar, quais sejam: a reflexão pedagógica necessária à implementação de um projeto educativo, com suas concepções explicitadas através de seus planejamentos e efetivadas através de sua dinâmica cotidiana”. Em outras palavras, a didática torna concretos os métodos, de maneira a escolher os melhores caminhos em cada caso para chegar a uma determinada meta. A didática é parte do cotidiano do professor no que tange à compreensão da educação como fenômeno, ou seja, auxilia a escolher quais caminhos seguir de acordo com os objetivos que pretende alcançar. Quem nunca ouviu dizer a seguinte frase: “aquele professor sabe muito, mas não tem didática”. Esta frase exemplifica qual é a função da didática: facilitar o processo de ensino e aprendizagem, tanto para o professor quanto para o aluno. DICAS Para compreender melhor o que estamos estudando, acesse o link a seguir e assista ao vídeo do professor Mário Sérgio Cortella: <https://www.youtube.com/ watch?v=TMIGLNT-yis>. Acesso em: 20 jul. 2017. UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE 12 A história da didática não vem de hoje. Já na Grécia antiga ela era considerada inata a algumas pessoas e chamada de “arte de ensinar”. Hoje, após inúmeras pesquisas, sabemos que a didática é muito mais do que uma arte e que não é inata, ou seja, pode ser aprendida. Até chegar ao conceito de didática que temos hoje, muitos foram os pesquisadores que ajudaram a construir este conhecimento, a partir do nobre Comenius, considerado seu pai, até Herbart, Dewey e muitos outros. Cada um deles contribuiu de maneira grandiosa para a construção do conhecimento acerca de didática que temos hoje. A didática, basicamente, se ocupa em descobrir o “como ensinar”. De acordo com Martins (2008), esta questão está sempre ligada a mais questionamentos importantes: para que ensinar, por que ensinar, a quem ensinar, qual sua realidade, que tipo de pessoas desejamos formar... e muitas outras. Assim, pode-se concluir que não há uma técnica neutra e única para se ensinar. A mesma técnica não serve para todos os contextos, para todas as pessoas e para todos os objetivos. A didática nada mais é do que isto: a técnica que ajuda o professor a tomar a decisão acerca dos encaminhamentos que serão tomados para cada ocasião. Uma disciplina, uma atividade, uma prova... não são organizadas de maneira neutra. Sempre haverá impactos de caráter político e social na maneira como determinados assuntos são ensinados. A maneira como se enfatizam determinados temas ou que se omitem outros, a forma como são abordados os conteúdos, o nível de importância que se dá a cada um deles, os autores utilizados para embasar o que está sendo ensinado. Tudo isso são fatores que fazem com que o professor tenha um papel político importante na hora de ensinar. Isso não quer dizer que o professor deva, de acordo com Martins (2008), doutrinar os alunos. Para que ele possa cumprir seu papel, ele deve organizar a disciplina de maneira a favorecer a aprendizagem significativa do aluno, apresentando todas as facetas e proporcionando ao aluno o crescimento intelectual apropriado para que ele mesmo chegue às suas conclusões. A didática é, portanto, mediadora entre a teoria e a prática. Dominar esta prática faz com que o professor decida de maneira autônoma quais são os melhores caminhos a serem tomados de acordo com a turma em que está lecionando, observando as questões anteriormente expostas: Para quê? Para quem? Por quê? A didática fica, portanto, focada na aula, mas não restrita a ela (MARTINS, 2008). A aula é apenas o emaranhado de relações que ocorrem no decorrer do processo de ensino e aprendizagem. TÓPICO 1 | DIDÁTICA DA LÍNGUA INGLESA: CONCEITO E APLICAÇÃO 13 3.1 A DIDÁTICA E SUA APLICAÇÃO EM SALA DE AULA Até então, falamos no conceito da didática, mas como funciona a aplicação da didática em sala de aula? Vamos lá. Existem inúmeras técnicas para o ensino dos alunos individualmente, mas quando se fala em sala de aula, as coisas se tornam mais densas. Isso porque, como já se sabe, a sala de aula não é um local composto por alunos iguais nos aspectos social, intelectual, econômico, cognitivo, físico, político e inúmeros outros fatores. A sala de aula é heterogênea. A didática deve instruir, guiar, ensinar, ajudar... A sala de aula, por ser heterogênea, necessita de um professor que conheça os recursos da didática para que possa ter seus objetivos alcançados ao final do período letivo. Juntamente à pedagogia, a didática visa analisar a realidade educativa para compreendê- la, e em seguida, aplicar as atividades mais coerentes para que a turma siga em sintonia e possa obter um resultado positivo em todos os aspectos. Como ensinar de maneira eficaz para que os alunos possam gerar conhecimento? Esta pergunta é diária na rotina dos professores. A resposta é e sempre será a mesma: não há receita pronta para ensinar com sucesso. O planejamento é primordial para que se possa organizar uma aula que abranja os conteúdos que se pretende e, ao mesmo tempo, alcançar os objetivos almejados. De acordo com Lerner (2009), conhecer as didáticas específicas deveria ser a matéria-prima do trabalho do professor, pois é uma das únicas maneiras de garantir o aprendizado em sala de aula. Por que existem as didáticas específicas? Simplesmente pelo fato de que não se ensina matemática da mesma maneira que se ensina geografia. E mais: dentro da própria geografia, por exemplo, há maneiras diferentes de ensinar o mesmo conteúdo. Hoje em dia não é mais o professor que leva a informação à sala de aula, pois os alunos já vêm, em sua maioria, com elas de casa a partir do acesso à internet e outros meios tecnológicos. A ele cabe, portanto, fazer com que o aluno assimile estas informações de maneira a transformá-las em conhecimento. Na hora de planejar estas aulas, é primordial que o professor não se atenha simplesmente ao fato de levar informações, mas sim, de propor atividades que despertem no aluno a criticidade e a capacidade argumentativa. Lerner (2009) complementa afirmando que infelizmente a didática ainda não é tida como uma ciência e que muitos ainda resistem às descobertas, porque acreditam que basta simplesmente repetir o que vem sendo feito que o ensino dará certo. Agora, separamos para você dez passos para inovar no seu processo de ensino e aprendizagem e tornar suas aulas bem-sucedidas. Vamos a eles? UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE 14 10 passos para ter mais inovação no ensino e no aprendizado 1. Dos horários fixos para as atividades dinâmicas: Organizar o ensino de maneira mais dinâmica e aproveitar as oportunidades que surgem durante o processo. Fortalecer a improvisação. 2. Dos conhecimentos adquiridos dentro da sala de aula para aqueles obtidos fora da escola: O aprendizado ocorre em todos os lugares, na sala de aula e no mundo que nos rodeia. Hoje, as crianças e os jovens obtêm informações de muitas fontes, e a realidade exterior desempenha um papel cada vez maior no ensino e na aprendizagem. 3. Do conhecimento teórico ao conhecimento aplicado na prática: Os alunos usam o conhecimento teórico como base para a concepção e desenvolvimento de soluçõespráticas para problemas concretos, realistas. 4. De respostas certas às perguntas abertas: Os alunos não devem apenas ser incentivados a dar as respostas certas, mas também a agir como antropólogos, curiosos e repórteres que trazem novos conhecimentos valiosos que podem ser usados para a criação de novas perguntas. 5. De problemas fictícios para os desafios reais: Motivar os alunos a explorarem a realidade ao redor, em vez de ficar inventando problemas para serem resolvidos. 6. Da aprendizagem passiva para uma participação ativa: Transformar os alunos em agentes ativos, criadores. Eles devem se envolver na geração de novos conhecimentos e novas soluções. 7. De aprender com a cabeça para aprender com o corpo inteiro: O ensino deve mesmo inspirar os alunos a tocar, cheirar e mergulhar num assunto em vez de apenas ler um livro ou olhar para uma tela. 8. De trabalhos individuais para a solução de problemas em conjunto: Em vez de priorizar o trabalho individual do aluno, colocar um problema no centro de todos eles, para que o conhecimento individual contribua para a resolução em conjunto. 9. Do professor como especialista onisciente para o professor como facilitador: O professor deve ajudar a trazer novos conhecimentos em vez de ficar narrando velhos conhecimentos. Ele é responsável por seu método e deve usar técnicas e ferramentas diferentes para ensinar. 10. Da sala de aula formal à oficina experimental: A sala de aula deve ser um laboratório para a experimentação, em vez de um ambiente rígido e formal. Elas precisam ser espaços onde os erros são permitidos. FONTE: Disponível em: <http://porvir.org/10-passos-para-inovar-ensino-aprendizado/>. Acesso em: 21 jul. 2017. TÓPICO 1 | DIDÁTICA DA LÍNGUA INGLESA: CONCEITO E APLICAÇÃO 15 3.2 A ESCOLHA DO MATERIAL DIDÁTICO E AS IMPLICAÇÕES NO ENSINO E APRENDIZAGEM DA LÍNGUA INGLESA Paralelamente aos demais recursos didáticos está a escolha do material que será utilizado como base para o ensino da língua inglesa. Esse material, utilizado pelo professor para nortear o ensino, deve ser muito bem escolhido para que se possa atingir os objetivos pretendidos. De acordo com Vilaça (2001), material didático é tudo o que auxilia no ensino de aprendizes de uma língua. Ao ser destinado para atividades educativas, este deve ser pensado de modo que o professor seja capaz de utilizá-lo da maneira mais adequada possível para facilitar o aprendizado. Por estar, conforme já mencionamos, em constante ascendência, o ensino de línguas hoje ganha cada vez mais espaço. Aprimorar, ou mesmo adquirir, uma segunda língua está se tornando indispensável no mundo em que estamos inseridos. Assim, falaremos aqui sobre dois tipos de ensinos de língua inglesa: o ensino instrumental e o ensino nas escolas. Por ensino instrumental compreende-se, de acordo com Martins, Rochebois e Paula (2009), o ensino da língua para fins específicos. Este ensino teve início em meados dos anos 70 com vistas a desenvolver a habilidade de leitura de textos científicos. Este ensino objetivava auxiliar os acadêmicos a interpretar e compreender textos da esfera científica. Já o ensino nas escolas faz parte do nosso dia a dia há muito tempo. Como parte do currículo, o ensino de línguas estrangeiras nas escolas já é parte do cotidiano da maioria das crianças do Brasil em fase escolar. Assim, podemos concluir que, de acordo com Leffa (2003), a produção de material para o ensino de línguas é uma sequência de atividades que, juntas, objetivam criar um instrumento de aprendizagem. A partir deste instrumento, o professor deverá dar ênfase ao uso da língua, bem como proporcionar ao aluno uma reflexão acerca dele. Almeida Filho (1994, p. 50) afirma que “acima de tudo, os materiais expostos serão pontos de partida e fontes potenciais de insumo e apoio na construção de experiências válidas, profundas, duradouras e memoráveis nas trajetórias díspares e oscilantes dos que aprendem novas línguas”. A partir disso, conclui-se que o material didático deve estar sempre aliado ao ensino da língua, seja ele instrumental ou escolar. UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE 16 O livro didático, quando mal-empregado, pode representar um empecilho em vez de ser um auxiliar do ensino. Inclusive, ele tem sido apontado por professores como um vilão do processo educativo. Segundo eles, seu uso faz com que mudanças significativas não se realizem. Embora muitos avanços tenham que ocorrer, os materiais de apoio à docência têm que estar presentes, cabe ao professor fazer a escolha do tipo de material mais adequado para as aulas. Existe uma variedade de materiais que podem fazer parte de uma aula, incluindo os livros paradidáticos, vídeos, softwares etc., mas não se pode dispensar o uso do livro didático como ferramenta de ensino. Então, como fazer uma escolha correta do livro a ser adotado? Responda às seguintes perguntas antes de decidir: 1. Os conceitos se apresentam de forma correta no livro? 2. A metodologia de ensino é estimulante, ou seja, vai despertar o interesse do aluno a estudar a matéria através do livro? 3. Nas atividades práticas presentes no livro existe uma preocupação com a integridade física do aluno? Exemplo: recomendações de segurança e primeiros socorros. 4. Os exercícios propostos são coerentes com a matéria? Se a resposta é sim para esses quatro itens, o professor pode usar o livro em sala de aula e desfrutar de seus benefícios para o aluno. Agora, se alguma das perguntas mereceu resposta negativa, está na hora de reconsiderar a decisão. Imagine colocar nas mãos de seus alunos um livro que os conduza a conceitos errados, expondo-os a riscos. O importante é que o professor escolha com carinho seu parceiro na obtenção do conhecimento, um livro didático de qualidade pode trazer uma nova percepção da matéria. FONTE: ALVES, Líria. Escolha correta do livro didático. Equipe Brasil Escola. Disponível em: <http://educador.brasilescola.uol.com.br/orientacoes/escolha-correta-livro-didatico. htm>. Acesso em: 20 jul. 2017. LEITURA COMPLEMENTAR 17 Neste tópico, você aprendeu que: • A didática da língua inglesa é muito importante quando falamos em aprendizado de uma second language. • É muito importante estudar a língua inglesa, pois ela é expoente nos quesitos negócios, turismo, informação, cultura e oportunidade de crescimento pessoal e profissional. • O ápice mundial da língua inglesa ocorreu por volta do século XVI, quando o imperialismo britânico proporcionou que a língua inglesa se estendesse além das suas fronteiras. • Não se pode calcular exatamente quantas pessoas no mundo falam inglês, mas o interesse, não somente nas instituições que oferecem cursos particulares, aumenta exponencialmente. • Os aspectos culturais estão muito presentes no ensino e na aprendizagem da língua inglesa, mas devemos deixar claro que não existem culturas superiores ou inferiores, mas sim, diferentes. • A didática é uma disciplina que une a teoria à prática e que pretende auxiliar os professores no preparo e aplicação das suas aulas. A didática é parte do cotidiano do professor no que tange à compreensão da educação como fenômeno. • O material didático é tudo o que auxilia no ensino de aprendizes de uma língua. Ao ser destinado para atividades educativas, este deve ser pensado de maneira que o professor seja capaz de utilizá-lo da maneira mais adequada possível para facilitar o aprendizado. RESUMO DO TÓPICO 1 18 1 Acerca do estudo da didática, assinale a alternativa INCORRETA: a) ( ) A didática é uma disciplina que une a teoria à prática. b) ( ) A didática torna concretos os métodos, de maneira a escolher os melhores caminhos em cada caso para chegar a uma determinada meta. c) ( ) A didática não é estudada em cursos de licenciatura porque não pode ser considerada uma disciplina. d) ( ) A didática é parte do cotidiano do professor e o auxilia a escolher quais caminhos seguirde acordo com os objetivos que pretende alcançar. 2 Observe a tira a seguir e responda com suas palavras qual é a crítica implícita na fala de Mafalda e que relação ela tem com a didática: AUTOATIVIDADE 19 TÓPICO 2 AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES ACERCA DA APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESTRANGEIRA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Hello, acadêmico! Preparado para mais um tópico da Unidade 1? Este tópico tratará especificamente de questões que envolvem as leis, normas e os documentos oficiais que legislam e orientam o ensino e a aprendizagem das línguas estrangeiras no Brasil. Tais normas, leis e documentos, de certa maneira, fundamentaram e fundamentam as políticas de educação linguística na (re) construção da proposta pedagógica de ensino de línguas nas diversas localidades nacionais. Inicialmente, porém, realizaremos uma retomada histórica do ensino de línguas no Brasil, através de uma trajetória que contextualiza as escolhas das línguas estrangeiras nos currículos escolares do nosso país. Para tanto, leis, normas e documentos orientadores, como LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996); OCEM – Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006); PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais (1998); PNE – Plano Nacional da Educação (2014); BNCC – Base Nacional Comum Curricular (2017), que ainda está em construção, resoluções, entre outros, referentes à organização curricular e ao ensino de línguas estrangeiras, serão apresentados e discutidos, já que versam sobre movimentos políticos acerca da escolha das línguas estrangeiras modernas para o currículo da educação básica brasileira. A linguista Celani (1997, p. 147) nos ensina que “para se contemplar o futuro torna-se imperativo olhar para o passado, e isso só é possível a partir do presente”. Partindo disso, de que o passado colabora para explanar ações constituídas e vivenciadas na nossa atualidade, buscamos esclarecimentos sobre quais línguas foram ofertadas e quais não foram ofertadas no currículo das escolas brasileiras, para então compreendermos algumas posturas perante que línguas ensinar e aprender. Neste tópico também serão apresentadas considerações sobre como a avaliação da língua estrangeira está proposta segundo as leis e os documentos que orientam o ensino no Brasil. Continue conosco! Analise e (re)construa sua visão sobre o ensino de línguas no nosso país. UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE 20 2 O ENSINO DE LÍNGUAS NO BRASIL Podemos compreender a história do ensino de línguas no Brasil a partir das leis, normas e dos documentos oficiais que permeiam a educação brasileira. Para tanto, vamos iniciar compreendendo o que as “línguas estrangeiras modernas” englobam, pois esse é o termo utilizado nos documentos orientadores e legisladores até o momento. O termo “línguas estrangeiras modernas” engloba as línguas francesa, inglesa, alemã, italiana e, recentemente, a espanhola, em oposição às línguas clássicas como o grego e o latim (LEFFA, 1999). Muitos documentos orientadores desse século inserem em seu texto a nomenclatura línguas adicionais, já que, como iremos estudar, a inglesa é a mais escolhida nos currículos, e as adicionais englobariam as outras línguas inseridas na escola. De repente, o termo línguas adicionais substituirá o termo antes exposto. Lucena (2016, p. 362) nos orienta que: [...] reconhecendo a pluralidade de línguas e valorizando as línguas já usadas por eles, que os alunos poderão entender mais facilmente por que a língua inglesa é um objeto de ensino, cujo conhecimento vale a pena ser acrescido aos seus repertórios. Importa, ainda, no caso da compreensão do uso do termo “adicional”, o fato de a grande maioria da população brasileira já lidar com a língua inglesa, não tendo motivos, pois, para negar sua onipresença. Retomando o recorte histórico, a educação formal, na história do Brasil, iniciou com a catequização jesuítica. A partir de 1808, ano da chegada da Família Real, mudanças significativas em relação à escola aconteceram. A Coroa Portuguesa implantou políticas para o ensino das línguas, visto que, no período do descobrimento existiam em torno de 1.200 línguas indígenas, e os jesuítas se aproximaram, especialmente, do tupi, para catequizar os índios, pois a diversidade linguística vetou a rápida introdução do latim e da língua portuguesa (LORENZI, 2014). Como nos apresenta a figura que segue, os padres jesuítas iniciaram a educação no Brasil com o objetivo principal da propagação da fé cristã, eles foram, praticamente, os únicos educadores do Brasil por mais de 200 anos. TÓPICO 2 | AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES ACERCA DA APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESTRANGEIRA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES 21 FIGURA 4 - CATEQUIZAÇÃO JESUÍTICA FONTE: Disponível em: <http://www.matematicaefacil.com.br/2015/02/ breve-historia-educacao-brasil.html>. Acesso em: 24 abr. 2017. Em 1758, após a expulsão dos jesuítas, o Marquês de Pombal publicou o Diretório dos Índios, que tinha em seu texto, como norma principal, proibir as línguas indígenas, decretando a língua portuguesa como língua oficial do Brasil, a qual manteve o controle educacional por mais de dois séculos (MAHER, 2013). A partir de 1808, ano da chegada da Família Real no Brasil, mudanças significativas em relação à escola aconteceram. Dom João VI, em relação à educação, promoveu apenas o ensino superior, instituindo cursos de nível superior que objetivavam uma formação profissional mais qualificada. Nos currículos, as disciplinas de língua francesa e de língua inglesa eram designadas para suprir falhas nas negociações realizadas nos portos (LEFFA, 1999). O que se destaca no ensino primário e secundário é a criação do Colégio Federal Pedro II, em 1837, no Rio de Janeiro, apresentado na figura que segue, que ofertou o inglês como língua curricular obrigatória (OLIVEIRA, 1999). Dentre as reformas acerca do ensino das línguas, o decreto de número 62, de 1841, estabeleceu o ensino das línguas clássicas e modernas. UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE 22 FIGURA 5 - COLÉGIO PEDRO II FONTE: Disponível em: <http://cp2centro.net/hitoriacp2centro.aspx>. Acesso em: 1º maio 2017. No Brasil, muitas reformas educacionais foram efetivadas até o fim da Primeira República. As reformas foram “tão indefinidas quanto as da fase anterior, tornando-se apenas um prolongamento do Império” (HANNA, 2009, p. 227). Durante o Estado Novo, em 1937, Getúlio Vargas implementou a segunda campanha de nacionalização, na qual a escola e a imprensa foram, significativamente, atingidas. A segunda campanha de nacionalização, segundo Fritzen (2007, p. 22), problematiza a proibição das línguas em “comunidades de imigrantes [que, ] com sua pluralidade cultural e linguística, com uma língua materna que não coincidia com a língua nacional, representavam [...] uma ameaça capaz de contaminar o corpo nacional e abalar a soberania do Estado-Nação”. Dessa maneira, Vargas implementou a segunda campanha em termos nacionais, mas antes disso, a primeira campanha de nacionalização aconteceu no Estado de Santa Catarina, em 1911, na qual Orestes Guimarães fomentou o ensino da língua portuguesa como essencial para a constituição de uma identidade nacional homogênea. Em 1942 foi realizada a Reforma Capanema, que foi a que mais importância deu ao ensino das línguas estrangeiras, na qual todos os alunos, desde o ginásio até o científico ou clássico, estudavam latim, francês, inglês e espanhol. A Reforma Capanema propôs uma formação voltada para a cultura, a cidadania, numa perspectiva humanística, evidenciando a exaltação ao nacionalismo. Até 1942, o latim, francês, inglês e espanhol eram ensinados. Com o passar do tempo, o espanhol supriu o latim e, em 1945, foi lançado o Manual de Espanhol, de Idel Becker, que foi referência para o ensino do idioma por muitos anos (LEFFA, 1999). TÓPICO 2 | AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES ACERCADA APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESTRANGEIRA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES 23 Depois de muitas reformas e tentativas educacionais, criou-se a LDB de 1961 e, 10 anos depois, a emenda à LDB, a Lei 5.692, de 1971, que, segundo Paiva (2004), não enfatizam a obrigatoriedade do ensino de línguas estrangeiras no currículo escolar. As duas Leis, 4.024/61 e 5.692/71, não são similares, mas ambas incumbem os Conselhos Estaduais de Educação para decidir sobre o ensino de línguas. A Lei 4.024, de 20 de dezembro de 1961, fixou as Diretrizes e Bases da Educação Nacional e retirou a obrigatoriedade do ensino de línguas estrangeiras, deixando a cargo dos Estados a opção para incluir ou não tal ensino nos currículos escolares. A Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971, fixa as Diretrizes e Bases para o Ensino de 1º e 2º graus à época, e não toda educação nacional, o que inclui a Educação Superior e atualmente a Educação Infantil. Com o parecer de número 853/1, recomendava, mas não obrigava a língua estrangeira nos currículos, pois o Brasil passava por uma fase que exaltava o patriotismo. Segundo Del Vigna e Naves (2008, p. 35), “após essas duas LDB, outras leis são formuladas para gerir o ensino no país, e em todas elas, a questão do ensino de língua estrangeira é abordada, mas nem sempre tratada com a importância que se deveria dar ao assunto”. Em 1974 foi criado o Centro de Linguística Aplicada pelo Conselho Diretor da Unicamp. Em novembro de 1996, a Associação de Linguística Aplicada do Brasil (ALAB) organizou um Encontro Nacional de Política de Ensino de Línguas (I ENPLE), que discutiu a obrigatoriedade do ensino de línguas estrangeiras nas escolas públicas (DEL VIGNA; NAVES, 2008). Trinta dias após o I ENPLE, a nova LDB, a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, foi promulgada. A lei “estabelece normas para o sistema educacional em sua totalidade” (BERENBLUM, 2003, p. 142). A LDB 9.394/96 torna obrigatório o ensino de línguas a partir dos anos finais do Ensino Fundamental e ainda institui que, no Ensino Médio, a comunidade escolar poderia escolher uma língua estrangeira moderna obrigatória e outra optativa. UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE 24 DICAS Que tal, acadêmico, conhecer a LDB 9.394/96 na íntegra? Acesse: <https:// presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/109224/lei-de-diretrizes-e-bases-lei-9394-96> e leia essa lei com muita atenção, pois é ela que rege a educação brasileira. FONTE: Disponível em: <http://llikapedagoga.blogspot.com.br/2015/04/ldb-o-que-e-e- quais-sao-seus-fundamentos.html>. Acesso em: 4 jul. 2017. Em 1998, o Ministério da Educação e Cultura – MEC publica os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, que “estão organizados num extenso e detalhado documento introdutório no qual se estabelecem os fundamentos para a elaboração dos documentos das áreas dos Temas Transversais” (BERENBLUM, 2003, p. 156). Dentre os PCN, há o que fundamenta o ensino da língua estrangeira nos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental e, também, o PCN dos temas transversais incluem uma discussão sobre a pluralidade cultural, que engloba o ensino de línguas. TÓPICO 2 | AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES ACERCA DA APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESTRANGEIRA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES 25 DICAS Você já conhece, acadêmico, os PCN? Bem, se já os conhece, não custa rever, não é mesmo? Acesse: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf> e leia o Caderno de Introdução dos PCN, depois você pode buscar os outros cadernos, de acordo com suas necessidades e interesses. FONTE: Disponível em: <https://www.estantevirtual.com.br/b/secretaria-de-educacao- fundamental/parametros-curriculares-nacionais/2882811754>. Acesso em: 4 jul. 2017. Os PCN do Ensino Médio foram lançados em 2000. Esse material orienta que as línguas estrangeiras modernas são “consideradas, muitas vezes, de maneira injustificada, como disciplina pouco relevante”, porém adquirem, na nova LDB, a configuração de disciplina tão importante como qualquer outra do currículo (DEL VIGNA; NAVES, 2008, p. 37). UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE 26 DICAS Acadêmico, acesse a Parte I dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio no link: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/blegais.pdf>, e fique por dentro do que eles orientam. FONTE: Disponível em: <http://lista.mercadolivre.com.br/livros/livro-par%C3%A2metros- curriculares-nacionais-pcn-ensino-m%C3%A9dio>. Acesso em: 4 jul. 2017. Em 2005, a Lei nº 11.161 instituiu que a oferta do espanhol se torna obrigatória no Ensino Médio. As Orientações Curriculares do Ensino Médio são elaboradas em 2006, contemplando, nas diretrizes de língua estrangeira, a constituição de “um conjunto de orientações que buscam retomar a discussão dos Parâmetros Nacionais do Ensino Médio de forma a expandir seus conceitos e a oferecer práticas pedagógicas alternativas” (DUBOC, 2011, p. 732). DICAS Acadêmico, leia e compreenda mais acerca das OCEM no link: <http://portal. mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_01_internet.pdf>. FONTE: Disponível em: <https://pt.slideshare.net/maurouchoa/orientaes-curriculares-para- o-ensino-mdio-ocem>. Acesso em: 4 jul. 2017. TÓPICO 2 | AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES ACERCA DA APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESTRANGEIRA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES 27 Em 2010, as línguas inglesa e espanhola são introduzidas na prova do ENEM e, em 2011, livros didáticos de língua estrangeira, inglês e espanhol, são distribuídos gratuitamente nas escolas públicas através do Plano Nacional do Livro Didático. DICAS Entenda melhor o que é o Plano Nacional do Livro Didático visitando o link: <http://portal.mec.gov.br/pnld/apresentacao>. Acesso em: 4 jul. 2017. Acadêmico, com esse recorte histórico enfatizando alguns dos principais movimentos em torno do ensino e aprendizagem das línguas estrangeiras, podemos inferir como as relações de poder, de interesses movidos, muitas vezes, pela política, articularam e, de repente, ainda articulam o ensino e a aprendizagem das línguas no Brasil. Novos documentos estão sendo elaborados e novidades acerca dessa e de outras temáticas relacionadas à educação nacional brasileira serão promovidas. Uma delas é a BNCC – Base Nacional Comum Curricular (adiante estudaremos sua proposta). Passamos agora a compreender e conhecer um pouco mais de perto as leis que regem e os documentos que orientam o ensino e aprendizagem na atualidade. Não perca o foco, continue conosco! 3 ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS: UM OLHAR NAS LEIS, NORMAS E NOS DOCUMENTOS ORIENTADORES Nesta parte do livro de estudos voltaremos nosso olhar especificamente às leis, normas e documentos orientadores que tratam do ensino e da aprendizagem das línguas estrangeiras no Brasil e que, de certa maneira, fundamentaram e ainda fundamentam as políticas de educação linguística no que diz respeito à proposta pedagógica de ensino de línguas nos currículos escolares brasileiros. Inicialmente, revisaremos a lei maior, que estabelece questões educacionais no Brasil como um todo, a LDB 9.394/96. Essa lei, além de legislar a educação brasileira, conforme mencionamos, também determina regras sobre o ensino de línguas no Brasil, tanto para o Ensino Fundamental como Médio. Após, os PCN de Língua Estrangeira - terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental e de Pluralidade Cultural e Orientação Sexual, e a OCEM, que orientam e norteiam o ensino de línguas, do Ensino Fundamental e Médio, serão UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE 28 apresentados e discutidos no que tange ao ensino e aprendizagem de língua estrangeira. Por fim, outros documentos que orientam as línguas estrangeiras, como resoluções e, agora, a Base Nacional Comum Curricular (apesar de ainda estar em construção), serão apresentados. 3.1 A LDB E O ENSINO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, norma maior, que tem como função “regular o andamento dasredes escolares, no que está relacionado ao ensino formal” (LIMA; CABRAL; GASPARINO, 2009, p. 27), estabelece todas as questões educacionais. A lei, ainda, proporciona autonomia a órgãos como o Conselho Nacional de Educação (CNE) para que estes estabeleçam caminhos diversificados ao ensino, conforme as necessidades de cada região. Exemplo dessa autonomia é o ensino da língua estrangeira moderna, no Ensino Fundamental II, que pode ser escolhida pela comunidade escolar, desde que esteja dentro das possibilidades de oferta da instituição, conforme nos apresenta o artigo 26, parágrafo 5o da LDB 9.394/96: “Art. 26 - §5º Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a partir da quinta série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição”. Quanto ao Ensino Médio, o art. 36, inciso III, da LDB 9.394/96 estabelece que: “[...] será incluída uma língua estrangeira moderna, como disciplina obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro das possibilidades da instituição”. Assim, acadêmico, compreendemos que a lei não expressa, explicitamente, critérios específicos para que esta ou aquela língua seja a escolhida, nem nestes artigos nem nos posteriores da lei. O que se verifica é uma pequena redação em torno da escolha da língua que deve ocorrer dentro das possibilidades da instituição, o que deixa a decisão a cargo da comunidade escolar, que são os profissionais da escola, alunos, pais, conselheiros, gestores, associações, universidades e outras organizações interessadas e envolvidas com a escola para analisar e aplicar políticas de escolha. Assim sendo, a lei abre espaço para que línguas estrangeiras passem a fazer parte obrigatória do currículo [pelo menos uma], não fazendo referência à quantidade máxima de línguas que possam ser ofertadas pelas escolas, apenas devem pertencer ao grupo das consideradas modernas. Compreendemos, então, que a LDB 9.394/96 proporciona, de certa forma, autonomia de ensino quanto ao número de línguas estrangeiras a serem ofertadas nas escolas. TÓPICO 2 | AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES ACERCA DA APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESTRANGEIRA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES 29 O ensino preferencial atual é o inglês, e apesar de não haver instruções que aconselhem o ensino e aprendizado do inglês como LE, ele ainda é a LE predominante nos currículos das escolas de Ensino Fundamental e Médio brasileiras. Porém, a questão da escolha da língua estrangeira moderna, na parte diversificada do currículo, encoraja novas ações de políticas educacionais linguísticas acerca do ensino de línguas, já que a lei abre espaço no currículo para a diversidade cultural, partilhando da ideia de que, ao invés de se procurar a “unidade” na diversidade, deve-se perceber as “misturas” para compreender e desenvolver trabalhos com a pluralidade que se vive (CÉSAR; CAVALCANTI, 2007). A partir disso, compreendemos que a LDB 9.394/96 dialoga com a questão da globalização e com o intercâmbio entre línguas estrangeiras. Podemos ainda dizer que, segundo a LDB, o Brasil tem sim o mito de ser um país que é constituído por uma única língua, a língua portuguesa, porém, se incentiva a aprendizagem de línguas estrangeiras modernas e, dentre elas, indiretamente, a considerada franca, que é a língua inglesa. Acadêmico, vamos entender melhor o termo “língua franca”? Segundo Seidlhofer (2001), uma língua franca define-se como um sistema linguístico adicional usado como meio de comunicação entre falantes de diferentes línguas maternas, ou uma língua em que os membros de diferentes comunidades de fala podem se comunicar, mas que não é a língua materna de nenhum deles. IMPORTANT E UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE 30 FIGURA 6 - LÍNGUA FRANCA FONTE: Disponível em: <http://www.lingua-online.com/en/2016/10/12/english-lingua- franca/>. Acesso em: 19 jun. 2017. Como nos mostra a tirinha apresentada, o inglês, como todas as línguas já faladas em toda a história humana, evoluiu ao longo dos séculos e milênios, gradualmente acumulando vocabulário de outras línguas. Se qualquer língua falada no planeta hoje pode ser classificada como de natureza verdadeiramente híbrida, poucas devem ser classificadas à frente do inglês. Você sabe o que é híbrido, acadêmico? O termo hibridismo acontece quando, no processo de formação de uma palavra, por exemplo, utiliza-se elementos de línguas diferentes, isto é, uma parte da palavra decorre de um termo de uma determinada língua, enquanto a outra parte da palavra provém de outra língua. Um bom exemplo é a palavra “Romanista” – Romano (latim) + -ista (grego). NOTA Agora que conhecemos um pouco mais da LDB, com foco nas línguas estrangeiras, vamos voltar nosso olhar aos PCN. Continue conosco! TÓPICO 2 | AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES ACERCA DA APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESTRANGEIRA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES 31 3.2 OS PCN – ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO, AS OCEM – ENSINO MÉDIO E A LÍNGUA ESTRANGEIRA Os PCN/1998 e 2000, como já mencionado, são documentos um tanto extensos e, podemos dizer, detalhados, que foram elaborados para orientar os educadores por meio da normatização de alguns aspectos fundamentais relativos a cada disciplina do currículo escolar. Analisando-os de maneira crítica, podemos ousar dizer que, por vezes, os PCN deixam lacunas na questão da real importância e aplicabilidade de uma língua estrangeira no currículo escolar, pois essa temática é tratada de maneira muito ampla, o que também percebemos quando compreendemos um pouco da história das línguas no Brasil. Porém, tais lacunas podem ser preenchidas com uma interpretação e aplicabilidade diferenciada, isto é, os parâmetros, como o próprio nome já diz, são orientações que podem ser reinterpretadas e aplicadas de maneira muito positiva nas realidades brasileiras. É nos parâmetros de Língua Estrangeira - terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental e de Pluralidade Cultural e Orientação Sexual que a discussão que norteia o ensino de línguas é reativada. No início do primeiro parágrafo, quando se referem à inclusão de língua estrangeira no Ensino Fundamental, os PCNLE (1998, p. 15 e 20) orientam que: A aprendizagem de uma língua estrangeira é uma possibilidade de aumentar a autopercepção do aluno como ser humano e como cidadão. Por esse motivo, ela deve centrar-se no engajamento discursivo do aprendiz, ou seja, em sua capacidade de se engajar e engajar outros no discurso de modo a poder agir no mundo social [...]. A inclusão de uma área no currículo deve ser determinada, entre outros fatores, pela função que desempenha na sociedade. Em relação a uma língua estrangeira, isso requer uma reflexão sobre o seu uso efetivo pela população. No Brasil, tomando-se como exceção o caso do espanhol, principalmente nos contextos das fronteiras nacionais, e o de algumas línguas nos espaços das comunidades de imigrantes (polonês, alemão, italiano etc.) e de grupos nativos, somente uma pequena parcela da população tem a oportunidade de usar línguas estrangeiras como instrumento de comunicação oral, dentro ou fora do país [...]. Podemos compreender, a partir do primeiro trecho apresentado, que a aprendizagem de uma língua estrangeira possibilita ao estudante o desenvolvimento da comunicação e da linguagem, o que diretamente o conscientiza da importância da língua como um recurso para compreensão dos paradigmas que envolvem os elementos que formam a sociedade na qual ele está inserido. UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE 32 Já no segundo trecho, percebemos que há uma discussão acerca da inserção do ensino da língua estrangeira no currículo escolar, pois o documento afirma que sua efetiva inclusão deva levar em conta a função e o uso que a população faz de determinado idioma, o que justificaria a escolha de uma língua e não de