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Universidade Federal de Uberlândia Instituto de Ciências Exatas e Naturais do Pontal Licenciatura em Física Experimento de Thomson – Relação carga/massa do elétron Prof. Dr. Raul F. Cuevas Disciplina: Física Moderna I Ituiutaba - MG Discente: Lorena Cristina da Silva, Nathalia Camargo Souza e Jefferson Carvalho Brás Resumo Nesse presente relatório discutimos o efeito da interação de um campo elétrico e magnético com um feixe de elétrons. Determinamos o valor do campo magnético B em função do potencial de aceleração dos elétrons e encontramos o valor da razão carga/massa (e/m) do elétron a partir da trajetória do feixe. Discussões e tratamento de dados: Após conferimos a montagem do equipamento que iriamos utilizar, alinhamos o campo magnético terrestre com o campo magnético criado pelas bobinas de Helmoltz com a ajuda de uma bússola. Nos posicionando em frente as bobinas e com o campo magnético à nossa frente, observamos que a carga efetua um movimento circular no sentido anti-horário. Utilizando a regra da mão direita, e a equação: 𝐹𝐵⃗⃗⃗⃗ = 𝑞𝑣 𝑥 �⃗� (1) Observamos então que, para o movimento circular ser no sentido anti-horário, a “partícula”, o raio catódico, deve ter carga negativa. Para ilustrarmos melhor esse raciocínio, podemos observar na Figura 1. Figura 1: Imagem ilustrativa de uma carga negativa interagindo com um campo magnético O raio catódico (elétron) sai do K (catódo) em linha reta, e ao sofrer influência do campo magnético, este se curva. Caso a carga fosse positiva, o movimento seria no sentido horário, se a carga fosse negativa, o movimento seria no sentido anti-horário. Desligamos as correntes nas bobinas e aproximamos um imã na ampola e observamos que o feixe de elétrons se curva, se repelindo ou se aproximando. Ao aproximarmos o polo norte do imã, o feixe o repele, e ao aproximarmos o polo sul ele se aproxima (Figura 2). (a) (b) Figura 2: Feixe de elétron se comportando próximo a um imã As linhas de indução criadas pelo imã funcionam de forma análoga ao campo magnético das bobinas, com a diferença de não ser uniforme. O linhas do imã saem do polo norte em direção ao polo sul, portanto ao aproximarmos o imã da ampola, o campo magnético na região do feixe não será linear, e sim, curvada. Pela regra da mão direita e a equação (1), caso o elétron fosse positivo, ao aproximarmos o polo norte, o feixe se aproximaria, caso o elétron fosse negativo, o feixe se repeliria. Para o polo sul, o contrário. Experimentalmente encontramos para o polo norte, o feixe se repelindo (Figura 2 (b)), e para o polo sul, o feixe se aproximando (Figura 2 (b)). Observando esse comportamento, concluímos novamente que a carga dos raios catódicos devem ser negativas. Em seguida, fixamos a tensão 𝑈 do equipamento em 200V e medimos a corrente correspondente para cada um dos raios e anotamos na Tabela 1. Após isso, aumentamos a tensão de 10V em 10V e repetimos o procedimento até 300V. Tabela 1: Valores de corrente em para cada raio em função da tensão 260 1,62 5,0 2,01 4,0 2,68 3,0 --- 2,0 270 1,65 5,0 2,05 4,0 2,74 3,0 --- 2,0 280 1,67 5,0 2,11 4,0 2,80 3,0 --- 2,0 290 1,70 5,0 2,13 4,0 2,86 3,0 U (V) IB (A) r (cm) 200 1,41 5,0 1,75 4,0 2,34 3,0 3,59 2,0 210 1,46 5,0 1,82 4,0 2,41 3,0 3,68 2,0 220 1,49 5,0 1,87 4,0 2,48 3,0 3,81 2,0 230 1,51 5,0 Acima do valor de 260V, o feixe não alcança o raio de 2,0 cm, portanto, seu valor não consta da tabela 1. Para encontrarmos o valor do campo magnético utilizaremos duas expressões. A equação (2) é o campo magnético de uma espira e a expressão (3) é o campo magnético para duas bobinhas de n espiras (cada): Sabendo que o valor 𝑥 da equação (2) é a posição do campo, e essa posição se encontra no centro entre as bobinas, então: Substituindo o valor de 𝑥 na equação (2) e depois substituindo na equação (3), encontramos que o campo magnético é: Com essa expressão, calculamos o campo magnético para corrente. Utilizamos o valor 𝑛 = 154 e 𝑅 = 0,2𝑚 das bobinas de Helmoltz, e a constante 𝜇0 = 1,26. 10 −6 𝑁 𝐴2 , os valores estarão disposto na Tabela 2. Tabela 2: O campo magnético para cada tensão e corrente Tensão (V) Corrente (A) Campo B (T) Tensão (V) Corrente (A) Campo B (T) 200 1,41 9,76 . 10−4 250 1,58 1,09 . 10−3 200 1,75 1,21 . 10−3 250 1,99 1,38 . 10−3 200 2,34 1,62 . 10−3 250 2,67 1,85 . 10−3 200 3,59 2,49 . 10−3 250 3,97 2,75 . 10−3 --- 2,0 300 1,70 5,0 2,13 4,0 2,86 3,0 --- 2,0 1,89 4,0 2,52 3,0 3,87 2,0 240 1,55 5,0 1,92 4,0 2,61 3,0 3,94 2,0 250 1,58 5,0 1,99 4,0 2,67 3,0 3,97 2,0 (2) (3) 210 1,46 1,01 . 10−3 260 1,62 1,12 . 10−3 210 1,82 1,26 . 10−3 260 2,01 1,39 . 10−3 210 2,41 1,67 . 10−3 260 2,68 1,86 . 10−3 210 3,68 2,55 . 10−3 270 1,65 1,14 . 10−3 220 1,49 1,03 . 10−3 270 2,05 1,42 . 10−3 220 1,87 1,29 . 10−3 270 2,74 1,90 . 10−3 220 2,48 1,72 . 10−3 280 1,67 1,16 . 10−3 220 3,81 2,64 . 10−3 280 2,11 1,46 . 10−3 230 1,51 1,05 . 10−3 280 2,80 1,94 . 10−3 230 1,89 1,31 . 10−3 290 1,70 1,18 . 10−3 230 2,52 1,74 . 10−3 290 2,13 1,47 . 10−3 230 3,87 2,68 . 10−3 290 2,86 1,98 . 10−3 240 1,55 1,07 . 10−3 300 1,70 1,18 . 10−3 240 1,92 1,33 . 10−3 300 2,13 1,47 . 10−3 240 2,61 1,81 . 10−3 300 2,86 1,98 . 10−3 240 3,94 2,73 . 10−3 Para encontrarmos o valor da razão carga/massa (e/m) do elétron utilizaremos a equação (4): E com relação ao erro associado as medidas, fazermos a propagação do erro para as medidas da tensão U e a corrente I e do raio r. Tanto a corrente quanto a tensão são medidas pelo equipamento, portanto, terão como o erro a menor medida deste. Teremos para a corrente o erro de 0,01 𝐴 e para a tensão de 1 𝑉. A medida de r é feita visualmente observando quando o feixe de elétrons colide com as hastes, pois ele as fazem brilhar, o erro portanto, associaremos a largura da haste, que é aproximadamente 1𝑚𝑚 = 0,001𝑚. Podemos calcular a propagação do erro da razão carga/massa para valor pela expressão: ∆ ( 𝑒 𝑚 ) = 2 𝑒 𝑚 √ ( ∆𝑉 2𝑉 ) 2 + ( ∆𝐼 𝐼 ) 2 + ( ∆𝑟 𝑟 ) 2 Utilizando os valores de corrente, tensão e raio da Tabela 1 com os valores dos campos magnéticos da Tabela 2, e as equação (4) e equação (5), construímos a Tabela 3, onde estão os valores da razão carga/massa para cada conjunto de dados. Tabela 3: Relação carga/massa para cada conjunto de dados Tensão (V) Corrente (A) Campo B (T) r (m) e/m (C/kg) 200 1,41 9,76 . 10−4 0,05 1,68 . 1011 ± 0,07 . 1011 200 1,75 1,21 . 10−3 0,04 1,70 . 1011 ± 0,09 . 1011 200 2,34 1,62 . 10−3 0,03 1,7 . 1011 ± 0,1 . 1011 (4) (5) 200 3,59 2,49 . 10−3 0,02 1,6 . 1011 ± 0,2 . 1011 210 1,46 1,01 . 10−3 0,05 1,64 . 1011 ± 0,07 . 1011 210 1,82 1,26 . 10−3 0,04 1,65 . 1011 ± 0,08 . 1011 210 2,41 1,67 . 10−3 0,03 1,7 . 1011 ± 0,1 . 1011 210 3,68 2,55 . 10−3 0,02 1,6 . 1011 ± 0,2 . 1011 220 1,49 1,03 . 10−3 0,05 1,65 . 1011 ± 0,07 . 1011 220 1,87 1,29 . 10−3 0,04 1,64 . 1011 ± 0,08 . 1011 220 2,48 1,72 . 10−3 0,03 1,7 . 1011 ± 0,1 . 1011 220 3,81 2,64 . 10−3 0,02 1,6 . 1011 ± 0,1 . 1011 230 1,51 1,05 . 10−3 0,05 1,68 . 1011 ± 0,07 . 1011 230 1,89 1,31 . 10−3 0,04 1,68 . 1011 ± 0,09 . 1011 230 2,52 1,74 . 10−3 0,03 1,7 . 1011 ± 0,1 . 1011 230 3,87 2,68 . 10−3 0,02 1,6 . 1011 ± 0,2 . 1011 240 1,55 1,07 . 10−3 0,05 1,67 . 1011 ± 0,07 . 1011 240 1,92 1,33 . 10−3 0,04 1,70 . 1011 ± 0,09 . 1011 240 2,61 1,81. 10−3 0,03 1,6 . 1011 ± 0,1 . 1011 240 3,94 2,73 . 10−3 0,02 1,6 . 1011 ± 0,2 . 1011 250 1,58 1,09 . 10−3 0,05 1,67 . 1011 ± 0,07 . 1011 250 1,99 1,38 . 10−3 0,04 1,65 . 1011 ± 0,08 . 1011 250 2,67 1,85 . 10−3 0,03 1,6 . 1011 ± 0,1 . 1011 250 3,97 2,75 . 10−3 0,02 1,6 . 1011 ± 0,2 . 1011 260 1,62 1,12 . 10−3 0,05 1,65 . 1011 ± 0,07 . 1011 260 2,01 1,39 . 10−3 0,04 1,68 . 1011 ± 0,08 . 1011 260 2,68 1,86 . 10−3 0,03 1,7 . 1011 ± 0,1 . 1011 270 1,65 1,14 . 10−3 0,05 1,65 . 1011 ± 0,07 . 1011 270 2,05 1,42 . 10−3 0,04 1,67 . 1011 ± 0,08 . 1011 270 2,74 1,90 . 10−3 0,03 1,7 . 1011 ± 0,1 . 1011 280 1,67 1,16 . 10−3 0,05 1,7 . 1011 ± 0,07 . 1011 280 2,11 1,46 . 10−3 0,04 1,64 . 1011 ± 0,08 . 1011 280 2,80 1,94 . 10−3 0,03 1,7 . 1011 ± 0,1 . 1011 290 1,70 1,18 . 10−3 0,05 1,67 . 1011 ± 0,07 . 1011 290 2,13 1,47 . 10−3 0,04 1,67 . 1011 ± 0,08 . 1011 290 2,86 1,98 . 10−3 0,03 1,6 . 1011 ± 0,1 . 1011 300 1,70 1,18 . 10−3 0,05 1,73 . 1011 ± 0,07 . 1011 300 2,13 1,47 . 10−3 0,04 1,72 . 1011 ± 0,08 . 1011 300 2,86 1,98 . 10−3 0,03 1,7 . 1011 ± 0,1 . 1011 Utilizando todos esses valores, faremos a média entre os valores da razão carga/massa e o desvio padrão, e o valor resultante será: 𝑒 𝑚 = (1,67 ± 0,02). 1011 𝐶 𝑘𝑔 Para calcular o erro percentual, comparando com o valor da literatura 𝑒 𝑚⁄ = 1,76 . 1011 𝐶/𝑘𝑔. (𝑒 𝑚⁄ 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜) − ( 𝑒 𝑚⁄ 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙) (𝑒 𝑚⁄ 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜) 𝑥100% = 5,11% Podemos obter o valor da razão carga/massa do elétron também por um gráfico da tensão em função da corrente ao quadrado. Se manipular a equação (3) e a equação (4), encontramos a expressão: Ao fazermos o ajuste linear com essa equação para um gráfico de tensão em função da corrente ao quadrado, teremos o coeficiente angular carregando o valor da carga/massa juntamente com algumas constantes conhecidas. Portanto, fizemos os gráficos para cada raio, e o valor da razão carga/massa para cada um deles: 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 200 220 240 260 280 300 Tensão em função da corrente para raio de 5cm V [ V ] I 2 [ A 2 ] e/m ± (e/m) = (1,75 ± 0,2).10 11 C/kg 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 4,2 4,4 4,6 200 220 240 260 280 300 e/m ± (e/m) = (1,68 ± 0,3).10 11 C/kg I 2 [ A 2 ] V [ V ] Tensão em função da corrente para raio de 4cm 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5 200 220 240 260 280 300 e/m ± (e/m) = (1,63 ± 0,1).10 11 C/kg I 2 [ A 2 ] V [ V ] Tensão em função da corrente para raio de 3cm 12,5 13,0 13,5 14,0 14,5 15,0 15,5 16,0 200 210 220 230 240 250 e/m ± (e/m) = (1,7 ± 0,1).10 11 C/kg I 2 [ A 2 ] V [ V ] Tensão em função da corrente para raio de 2cm Para calcular o erro percentual, comparando com o valor da literatura 𝑒 𝑚⁄ = 1,76 . 1011 𝐶/𝑘𝑔. (𝑒 𝑚⁄ 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜) − ( 𝑒 𝑚⁄ 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙) (𝑒 𝑚⁄ 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜) 𝑥100% = (1,76 − 1,75). 1011 1,76 . 1011 𝑥100% = 0,6% (𝑒 𝑚⁄ 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜) − ( 𝑒 𝑚⁄ 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙) (𝑒 𝑚⁄ 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜) 𝑥100% = (1,76 − 1,68). 1011 1,76 . 1011 𝑥100% = 4,5% (𝑒 𝑚⁄ 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜) − ( 𝑒 𝑚⁄ 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙) (𝑒 𝑚⁄ 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜) 𝑥100% = (1,76 − 1,63). 1011 1,76 . 1011 𝑥100% = 7,4% (𝑒 𝑚⁄ 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜) − ( 𝑒 𝑚⁄ 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙) (𝑒 𝑚⁄ 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜) 𝑥100% = (1,76 − 1,7). 1011 1,76 . 1011 𝑥100% = 3,4% A massa do elétron utilizada para calcular a razão 𝑒 𝑚⁄ teórica é a massa de repouso do elétron. Porém, os elétrons do experimento em questão estão em velocidades muito altas, portanto, em determinados raios, a massa será a massa relativística, que pode ser calculada pela expressão: 𝑚 = 𝑚0 √1 − 𝑣2 𝑐2 Onde 𝑚0 é a massa de repouso, 𝑣 é a velocidade do elétron e 𝑐 é a velocidade da luz. Portanto, os valores para a razão carga/massa não podem ser comparados ao valor 𝑒 𝑚⁄ = 1,76 . 1011 𝐶/𝑘𝑔, pois a massa utilizada pode não ser suficientemente próxima a de repouso. Conclusão: Nesse relatório encontramos o campo magnético B criado pelas bobinas de Helmholtz para as trajetórias circulares de raios: 2cm, 3cm, 4cm e 5cm. Utilizando uma equação cujas variáveis experimentais são a tensão, a corrente e o raio, calculamos a razão carga/massa para cada dado coletado. Então, discutimos os erros relevantes para cada uma das medições e com isso, calculamos a propagação do erro de todos os resultados. Fizemos a média e o desvio padrão das razões carga/massa e encontramos o valor 𝑒 𝑚⁄ = (1,67 ± 0,02). 1011 𝐶/𝑘𝑔. O erro percentual em relação ao valor teórico de 𝑒 𝑚⁄ = 1,76 . 1011 𝐶/𝑘𝑔 é de 5,11%. Por último, fizemos quatro gráficos da tensão em função da corrente ao quadrado para os raios de 2cm, 3cm, 4cm e 5cm. Ao fazermos o ajuste linear, encontramos o valor da carga/massa como o coeficiente angular da reta, e após isso, calculamos o erro percentual para cada um deles. Para os raios em ordem decrescente temos 0,6%, 4,5%, 7,4% e 3,4%.
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