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P3 Vet 344 Vírus que causam doenças em pequenos ruminantes: Caprinos e ovinos são afetados por essas doenças, porém é mais comum nos ovinos; CAE ocorre mais em caprinos. IMPORTÂNCIA Doença viral infecciosa, não contagiosa; Enfermidade de notificação compulsória – doença vesicular de notificação obrigatória; Afeta ruminantes domésticos (ppt ovinos e bovinos) e selvagens; Ovinos manifestam mais os sinais clínicos; Outros ruminantes infectados servem de carreadores/reservatório para os animais mais suscetíveis (ovinos); O vírus é transmitido para o hospedeiro por um inseto díptero do gênero Culicoide. Este inseto ocorre muito em regiões tropicais ou subtropicais, pois em regiões frias não há condições para sua multiplicação, levando a menor incidência da doença: Em regiões não tropicais, se houver a entrada do vírus ocorrerá epidemia, pois os hospedeiros não estão habituados ao vírus; Regiões tropicais são endêmicas, por isso, muitas vezes os animais não apresentam sinais por estarem habituados ao vírus. Animais acometidos não se desenvolvem: não aumentam de peso, não crescem e abaixam sua produtividade Impacto socioeconômico; Alta morbidade e baixa mortalidade. HISTÓRICO Vírus vindo da Europa; Foi descoberto pela primeira vez na África do Sul em ovinos vindos da Europa em 1976; Mais tarde o mesmo vírus foi descrito nos EUA; Europeus induziram carneiros no país, no final do século XVII; Espécies Europeias são melhores produtoras de leite por conta do clima mais frio, por isso, ovinos foram importados da Europa e acabaram entrando no país e transmitindo o vírus. ETIOLOGIA Gênero Orbivírus; Família Reoviridae; Estrutura icosaédrica; Envelopado; Genoma de RNA fita dupla que apresenta 10-12 segmentos independentes cuja 3 codificam proteínas (mais internos) não estruturais e outros 7 codificam proteínas estruturais (mais externos). OBS.: VP2 e VP5 são instáveis e as proteínas não estruturais são as que conseguem diferenciar um sorotipo do outro; 25 sorotipos. Até o ano de 2008 eram conhecidos 24 tipos de sorotipos do vírus no mundo 3 já foram identificados: BTV25 Suíça em 2009; BTV26 Kuait em 2011; BTV27 França em 2014. Características Resistência às ações físicas e químicas: o vírus é inativado em altas temperaturas e em meio ácido (pH abaixo de 6) ou alcalino (pH acima de 8) Sobrevive melhor em pH neutro; Resiste muito bem em presença de proteína Sobrevive por anos em sangue armazenado a -20 ºC; É inativado por compostos fenólicos e iodóforos. EPIDEMIOLOGIA A infecção ocorre em um grande número de animais, mas a doença significativa se dá principalmente nos ovinos; Os bovinos são os principais hospedeiros reservatórios para os ovinos; Ruminantes selvagens; Morbidade: 50-75%; Mortalidade: 20-50%; Interação vírus/hospedeiro/vetor/ambiente; Transmissão por Culicoides: Espécies C. imicola (África), C. fulvus e C. actoni (Austrália) e C. varripennis (América do Norte); Estação do frio: queda de vetor. Distribuição Disperso pelo mundo todo, porém casos dessa patologia são pouco notificados pelos países; Latitudes entre 35 e 40: região considerada tropical (característica de alta temperatura e umidade e chuvas sazonais) Condições necessárias para a multiplicação do vetor: Regiões onde encontramos maior predominância do vetor e, portanto, maior predominância da infecção Região endêmica; A maioria dos animais infectados não apresentam sinais clínicos, por isso, ao serem levados para outra região propagam a doença; OBS.: Virus circulando em regiões mais frias causa epidemia. LÍNGUA AZUL E ARTRITE E ENCEFALITE CAPRINA (CAE) LÍNGUA AZUL OU BLUETONGUE Espécies afetadas Ruminantes domésticos e selvagens. Fatores predisponentes Raças de ovinos nativas de regiões tropicais são resistentes: se infectam, mas não mostram sinais clínicos; Raças europeias de ovinos são susceptíveis: mostram sinais clínicos ao serem infectados. TRANSMISSÃO Por picada do inseto Culicoide: Inseto encontra animal virêmico e suga o sangue O vírus vai até as glândulas salivares do inseto onde ocorre a replicação do vírus (vetor biológico) e distribuição do agente para outros tecidos do inseto Hemolinfa circulante nos insetos fica contaminada com o agente Agente transmitido para outro hospedeiro quando picada No hospedeiro, o vírus começa a se multiplicar no local de picada O agente é disseminado para outros tecidos do hospedeiro, sendo comum ir para as mucosas dos tratos respiratório e digestivo Ao entrar em contato com a mucosa, o vírus fica na superfície das células e não em seu interior Os animais infectados podem ficar infectados por muitos anos e os testes darem negativos, pois o vírus fora da célula não pode ser identificado pelos testes. Além disso, o vírus consegue “fugir” da resposta imune da célula (mecanismo de escape imunológico) Vírus adere em eritrócitos e plaquetas promovendo viremia prolongada, principalmente em bovinos e caprinos Hospedeiro não soroconverte. PATOGENIA PI: 5 a 10 dias após a picada do mosquito; Mais grave em ovinos – em ovinos e cervos um retorno ao normal pode levar vários meses; Viremia ocorre 4 dias após a infecção. Bovinos e ruminantes selvagens: Infecção subclínica; Tropismo pelos eritrócitos e plaquetas é maior que pelas células endoteliais; A interação vírus-eritrócito não só protege o vírus de sua neutralização pelos anticorpos como favorece a infecção dos Culicoides que se alimentam com o sangue, o qual é crítico para completar o ciclo natural da infecção. Mecanismos de persistência/resistência: Animais de grande porte na maioria das vezes conseguem se manter com o vírus por muito anos; O organismo infectado tem o agente disseminado em seus vários tecidos Quando o período de reprodução do vetor termina (passa a fazer frio) o vírus fica no organismo do animal infectado (bovino) Passando a época de frio e chegando novamente na época de calor há multiplicação do vetor que pica o hospedeiro infectado O vírus entra nas células T e depois de chegar nos tecidos do hospedeiro permanece lá durante o período frio, em que não há vetores para disseminação Nesses locais nunca é reconhecido por testes, nem pelos anticorpos e se mantém por muito tempo Picada do mosquito gera reação inflamatória no local que promove a chegada de células de defesa, entre elas os linfócitos (células T), que chegam ao local e encontram blastócitos (fibroblastos) que estão ao nível da célula. Estes reagem com as células T e libertam o vírus Recomeça a replicação/multiplicação viral Reinício do ciclo de multiplicação e disseminação (viremia). SINAIS CLÍNICOS Os ovinos (pequenos ruminantes) morrem mais cedo que bovinos, mas em áreas enzoóticas a doença é muito menos grave e frequentemente inaparente: Febre (5-6 dias); Corrimento nasal, salivação, avermelhamento das mucosas bucal e nasal (sinais iniciais); Aumento de volume de edema dos lábios, gengivas e língua; Escoriação da mucosa bucal; Úlceras necróticas nas porções laterais da língua; Dispneia; Lesões podais, como laminite e coronite aparecem somente em alguns animais, geralmente quando as lesões da boca começam a cicatrizar; Cianose a nível de mucosa e língua em ovelhas devido a hipóxia (razão do nome da doença) – sangue que chega na região fica sem oxigênio, tomando a coloração azulada (cianótica) Isso ocorre devido a lesões inflamatórias em tecidos vascularizados da língua e boca impedindo o fluxo normal de sangue pelo local; Respiração dispneica (com dificuldade, respiração ofegante) – principalmente em locais superlotados; Necrose na mucosa bucal; Hemorragia de lábios e gengivas; Edema facial; Edema decabeça e pescoço; Hiperemia de pele sem lã, edema de lábios e erosões no focinho; Edema e cianose da língua; Inflamações, edemas e úlceras na mucosa oral e como consequência salivação intensa; Inflamação intensa, congestão de lábios, gengivas e desprendimento das mucosas; Erosões e crostas sobre as bordas das narinas – se inicia com secreção serosa que se seca depois obstrui as cavidades nasais; Congestão. Nos bovinos é caracterizada por uma viremia prolongada (infecção persistente) e a maioria das infecções é inaparente: Febre (40-41ºC); Rigidez e laminite dos quatro membros; Edema dos lábios; Inapetência; Corrimento nasal; Hálito fétido; Hemorragia em focinho (bovinos); Lesões nos tetos (bovinos); Salivação excessiva (bovinos); Em vacas prenhes: má formação congênita (hidrocefalia, microcefalia, cegueira e deformações mandibulares); Em touros: animais podem enfrentar uma infertilidade passageira e infecção aguda. OBS.: Animal estéril não é viável para produtor, mesmo que seja uma esterilidade temporária. DIAGNÓSTICO Laboratorial Isolamento do vírus: cultivo celular ou ovos embrionados; Detecção do antígeno ou do ácido nucléico: Imunohistoquímica ou PCR; Testes sorológicos: IDGA ou ELISA (reação cruzada). Necropsia Rúmen hiperemia; Mucosa do omaso Hiperemia, lesões, necroses e hemorragias; Pulmões Edemas e hemorragias – hemorragia da artéria pulmonar; Degeneração muscular com mineralização (ao nível microscópico). Diagnóstico diferencial Distrofia muscular nutricional associada a deficiência de selênio e vitamina E pelas características epidemiológicas. OBS.: Observação de epidemia se houver: alta morbidade, baixa mortalidade, altas temperaturas Não é outro vírus, só pode ser o VLA. o Em ovinos Ectima contagioso, Febre aftosa, Fotossensibilização, Diarreia viral bovina, Rinotraqueíte infecciosa bovina e Estomatite vesicular. CONTROLE E PROFILAXIA Controle do vetor; Vacinação: Vacina viva atenuada; Não elimina a infecção, mas reduz a perdas; Imunidade após 10 dias da aplicação; Evitar antes do cruzamento, na prenhez; Vacinas vivas Controle sanitário (muito difícil e pouco eficiente) o Em áreas livres do vírus Evitar importação de animais ou qualquer produto de origem animal de áreas contaminadas; Sempre realizar quarentena e sorologia antes de introduzir animais na propriedade; Controle vetorial (aviões saem de uma região e podem levar vetores consigo). o Em áreas infectadas: Controle vetorial (tarefa não fácil): Fumigação da região/propriedade (muito custoso). Controle médico (forma mais eficiente de controle do VLA e da doença) Vacinas de vírus vivos atenuados e de vírus mortos; Vacinas recombinantes estão sendo desenvolvidas – essas vacinas ainda não são comercializadas no Brasil; Cada sorotipo possui uma vacina específica Não há proteção cruzada entre sorotipos; Vacina viva atenuada: risco de transmissão da doença para animais livres devido a reação com as cepas do campo e formação de um novo sorotipo infectante. Importante: - Separar os animais positivos dos negativos; - Há vacina; - Eliminar os animais infectados é uma possibilidade. ETIOLOGIA Vírus da artrite e encefalite caprina (CAEV): Família Retroviridae; Gênero Lentivirus. Proteínas presentes na membrana/envelope do vírus possuem atividade antigênica; Vírus de RNA diploide envelopado e esférico; CAE e MVV tem reação cruzada: CAE atua mais em ovinos e MVV em caprinos (vírus do mesmo gênero); São sensíveis a solventes e resistentes a radiação UV ou raio X; Existem 5 sorotipos (de A a E): Sorotipos A, B e E são divididos em sub- sorotipos (subtipos): A1 até A15, B1 até B3 e E1 até E2; Sorotipo E atua mais em caprinos (presença de sinais clínicos); EPIDEMIOLOGIA Distribuição Mundial; Inúmeras descrições sorológicas: Bahia, Ceará, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo. Distribuição Todos os países do mundo têm o vírus, mas a maioria nunca notificou a presença dele; Foi pela primeira vez descrito na África do Sul (provindo da Europa) – 1915; Mais tarde foi descrito nos EUA, também provavelmente vindos com animais importados da Europa – 1923; No Brasil houve a importação de animais europeus na década de 80 Primeiro caso confirmado em 1986 no Rio Grande do Sul. Atualmente quase todos os estados brasileiros possuem o vírus circulante; Vírus de alta morbidade e baixa mortalidade – a ocorrência de sinais clínicos é rara embora o nível de infecção no Brasil seja alto; ARTRITE E ENCEFALITE CAPRINA (CAE) A doença clínica é muito menos comum que a infecção, e a incidência anual (novos casos) em rebanhos intensamente infectados, geralmente é baixa (10%). OBS.: Incidência é a diferença das prevalências de um ano para o outro; A prevalência da doença é alta (46%); A positividade sorológica não consegue ser identificada por conta de mecanismo de escape do agente da imunidade do hospedeiro; Qualquer raça caprina, independente de sexo e idade é suscetível à infecção. IMPORTÂNCIA Doença tem relação com vesículas Notificação obrigatória; Foi removida da lista de doenças da OIE em 2014; Enfermidade infectocontagiosa e persistente – possui mecanismo de resistência semelhante ao da Língua Azul Animais infectados: sorologia pode não detectar anticorpos. Importância econômica Morte de animais jovens; Diminuição da produção de leite; Encurtamento do período de lactação; Perda de peso; Comprometimento da cópula e/ou coleta de sêmen; Restrição ao comércio e trânsito de animais entre estados e países. TRANSMISSÃO Caprinos/Ovinos PI: reservatórios e fontes de infecção; Secreções e excreções ricas em células, principalmente macrófagos: Transmissão por consumo de leite e colostro em cabritos em fase de amamentação (transmissão vertical) Manifestação da doença em bezerro a nível de SNC (mais grave) e ocorre após a ingestão de colostro de animal soropositivo; Animais que se infectam já adultos não possuem sinais da patologia no SNC; Transmissão intrauterina, transcervical, saliva, urina e fezes; Transmissão por contato direto; Transmissão transplacentária (vertical) – o vírus já foi encontrado a membrana do útero, mas até então nunca se provou a transmissão do vírus do útero para o feto; Transmissão por via venérea (vírus detectado em sêmen por PCR) e iatrogênica (fômites: agulhas, brinco). PATOGENIA Normalmente o vírus infecta o animal através da superfície das mucosas dos tratos respiratório e intestinal: Vírus não se replica no monócito (provírus), mas o infecta Monócito infectado diferencia-se em macrófago, no qual o vírus consegue se replicar Replicando no macrófago o vírus pode ser disseminado para outros tecidos A infecção para uma célula hospedeira ocorre quando o vírus entra dentro da célula, pois ao entrar utiliza a enzima transcriptase reversa para mudar de RNA para DNA, formando DNA pró-viral que inicia a infecção Formação de imunocomplexos, infecção persistente e elevada produção de IFN. OBS.: Em testes dificilmente há detecção de soropositividade (vírus está escondido). SINAIS CLÍNICOS Forma nervosa o Animais de 1 a 6 meses de idade (cabritos) Dificuldade de ficar em pé, incoordenação motora, leves tremores da cabeça e pescoço, opistótono, torcicolo, paresia gradual dos membros posteriores que progride para paralisia e morte Animais permanecem deitados, diminuição da produtividade, sinais clínicos relacionados ao comportamento nervoso (tetraparesia); o Animais adultos Claudicação, restrição aos movimentos, posturas anômalas e aumento , inflamação das articulações, pode ocorrer pneumonia crônica, inchaço de carpo e tarso (articulações), doresarticulares (animal deita), perda de peso (por não se mover e consequentemente não ir em busca de comida), alopecia, artrite da articulação do carpo, atitude postura e aprumos anormais (prostração); o Fêmeas Diminuição da vida produtiva e da produção leiteira, menor duração do período de lactação (perdas econômicas), retardo no crescimento, aumento da mortalidade de crias além da diminuição de eficiência reprodutiva, mastite (endurecimento na glândula mamária, mama inchada, dolorida e inflamada). DIAGNÓSTICO Diagnóstico laboratorial Parecido com o da Língua Azul: Isolamento viral em cultivo de células; Detecção de antígenos virais; Testes sorológicos (IDGA e ELISA) e PCR. OBS.: IDGA é o teste chave. Isolamento viral, IHQ, Hibridização in situ e PCR; Western bloting, ELISA e IDGA (OIE) – baixo custo, alta especificidade, sorologia (triagem e monitoramento). Falso negativo: incubação, baixa imunológica, periparto; Falso positivo: reação cruzada com MVV ou imunidade passiva colostral. Importante: Nos ovinos (doença mais severa) observar animais febris, com edema na cabeça, mucosas congestionadas e úlceras Quadro sugestivo para a doença da língua azul; Em bovinos o diagnóstico é praticamente impossível, pois os animais não mostram sinais: Isolamento do vírus (inoculação em ovos embrionados, ovelhas ou cultura de células); Identificação e tipificação do agente por neutralização do vírus (soronerutralização); Sorologia (padrão em IDGA – imunodifusão em ágar gel); PCR (bastante usado em pesquisas); FC; ELISA. o Achados macroscópicos Espessamento do tecido periarticular e fibrose, artrite não supurativa, depósito de fibrina, hiperemia da membrana sinovial. o Achados microscópicos Pode haver infiltração de linfócitos e macrófagos. Diagnóstico diferencial Doenças que produzem lesões no sistema nervoso central: Listeriose, Polioencefalomalácea, Toxoplasmose, Pasteurella multocida (pneumonia), Scrapie, Deficiência de cobre, traumatismo, Mycoplasmose. CONTROLE E PREVENÇÃO Não existe vacina nem tratamento para a doença até então; Medidas de manejo são necessárias: evitar deslocamento de animais de locais infectados para locais livres, descartar animais soropositivos do rebanho se forem encontrados muitos casos. OBS.: A carne desses animais pode ser consumida sem problemas. Pouca detecção de soropositivos: proprietário pode sacrificar os animais contaminados Se não fizer isso, separar animais positivos dos negativos; Animais negativos (controle): separar os neonatos no momento do nascimento, sempre fazer testes sorológicos, oferecer colostro e posteriormente leite bovino; Manejo complementar: evitar fatores predisponentes a disseminação do vírus; evitar superlotação; colocar qualquer animal/caprino que entrar no rebanho em quarentena e ter certeza de que ele é soronegativo antes de introduzi-lo no rebanho; não compartilhar agulhas; na ordenha, iniciar por vacas soronegativas e primíparas antes das multíparas e só no final ordenhar vacas soropositivas; cruzar animais soronegativos. Importante: rebanho negativo: quando 100% dos animais forem sorologicamente negativos na prova de IDGA, por dois anos, com testes semestrais. OUTRAS INFORMAÇÕES Para informações mais detalhadas consulte a última edição do Código Sanitário para animais Terrestres da OIE. IMPORTÂNCIA Animais importados para o Brasil Casos de EEB nos países; Animais com sintomatologia nervoso: coleta de 400 amostras para provar que não ocorre EEB no Brasil; Exame para identificação da Raiva: Imunofluorescência direta Rápido, mas não é confirmatório – deve-se confirmar com inoculação em camundongo, que é a PROVA OURO (alta sensibilidade e especificidade). Raiva Vacinação: Esquema de 3 doses: dia 0, dia 7 e dia 28; Sorologia anual (ideal: 0,5 UI/mL) Menor que isso: revacinação – em áreas de risco frequente pode ser necessário realizar sorologia semestral. OBS.: Todo veterinário está sobre risco! IMPORTANTE.: Só proceder coleta de material encefálico mediante esses procedimentos, pois acidentes acontecem e a doença é letal. Quando necessário, utilizar EPI (óculos, luvas, bota e macacão/jaleco). Materiais Saliva: risco alto; Sangue, fezes e urina: risco mínimo (vírus não faz viremia); Leite: risco moderado. Coleta Material para coleta: facas, machadinha (menor risco, pois não espirra tanto), cegueta, formão, tesoura, piça e colher. o Procedimentos 1º passo: desarticular a cabeça; 2º passo: retirada da pele da cabeça; 3º passo: retirada dos chifres, se houve – não é obrigatório, a não ser que sejam posicionados para baixo (atrapalha o procedimento); 4º passo: traçar as linhas imaginárias; 5º passo: 6º passo: corte frontal; 7º passo: retirar a calota craniana; 8º passo: expor o encéfalo (recoberto pela dura-máter); 9º passo: retirar a dura-máter; 10º passo: retirada do material encefálico a partir do corte dos nervos cranianos – utilização de colher; 11º corte: retirar o gânglio do trigêmeo (V par de nervo craniano) – local de presença de Herpesvírus; OBS.: LCR serve para Raiva. 12º passo: separação dos componentes encefálicos (tronco encefálico e cerebelo). OBTÉM-SE: 2 hemisférios cerebrais, cerebelo, tronco encefálico, rede admirável e gânglios. IMPORTANTE.: - Óbex: região onde se fazia histopatologia para retirada de material para confirmação de EEB com ELISA; - Hipocampo é a porção com mais vírus da Raiva nos bovinos. No caso dos cavalos é importante enviar a medula. Acondicionamento Material para acondicionamento: dois frascos de vidro de boca larga (cuidado para não contaminar a parte externa), formol (relação 1:9), gelo (ideal: gelox), caixas isotérmicas (isopor) e etiquetas para identificação (ppt se houver materiais de vários animais de propriedades diferentes). OBS.: Vidros bem fechados e acomodados para reduzir os ricos de o conteúdo vazar, enviados juntos a formulário com identificação do animal, outra espécie afetada, PRÁTICA COLETA DE MATERIAL ENCEFÁLICO PARA DIAGNÓSTICO DE RAIVA E ENCEFALITES ESPONGIFORMES quem notificou e quando, data e hora da coleta, sinais clínicos do animal. IMPORTANTE.: Refrigerar amostras (ideal), mas podem ser congeladas caso seja necessário manter o material por mais de 6h Hipófise, gânglios e cerebelo não podem ser refrigerados/congelados: formol 10%. ETIOLOGIA Vírus da Anemia Infecciosa Equina (EIA); Família Retroviridae (capacidade de se tornar prevalentemente presente no material genético do hospedeiro – DNA pró-viral); Gênero Lentivírus; Vírus esférico pleomórfico; Núcleo capsídeo icosaédrico; Envelopado – baixa resistência no ambiente e alta capacidade de infectividade. GENOMA RNA; Diploide: 2 fitas senso +; 9200 pares de base (pequeno); 4 genes principais 5’-gag-pro-pol-env gp90 e gp45. REPLICAÇÃO VIRAL OBS.: Depois que entra na célula perde o envelope e o capsídeo junto com seu material genético é transcrito pela transcriptase reversa e é adicionado ao DNA celular. Além disso, modula a produção de RNAm quando deseja aumentar ou diminuir a [ ] de partículas virais . OBS.: Presente em qualquer célula do corpo. Receptores: proteínas transmembrana Não é zoonose, pois não consegue se ligar em nenhum receptor de membrana específico, já que as células humanas não possuem. Bovinos também não possuem. OBS.: Equinos são infectados devido a coevolução dos dois organismos que permitiu várias passagens do vírus pelo hospedeiro e a capacidade de infectividade. Aspectos epidemiológicos Soroprevalência: 3.553.623 equídeos: Região Norte: 11,51%; Região Nordeste 3,36%; Região Centro-Oeste 8,0%; Região Sudeste 0,43% Região Sul 0,32%. Minas Gerais: considerada endêmica 3,1%. Presente em todas as regiões do país, em maior ou menorconcentração; Regiões Norte e Nordeste: alta prevalência devido a superpopulação de jumentos. EPIDEMIOLOGIA Espécies susceptíveis e reservatórios: Família Equidae; Doença clínica em equinos, muares e asininos. OBS.: Muares e asininos servem de reservatório para os equinos, pois não há preocupação sobre a prevalência da doença nessas espécies. Letalidade: De forma geral é muito baixa: Estado físico do cavalo; Quantidade e virulência do agente; Resposta imune do hospedeiro. TRANSMISSÃO Horizontal (não ocorre entre descendentes) Vetores mecânicos animais (apenas transportam o agente) – principais: Stomoxys calcitrans e tabanídeos (precisam causar lesão para favorecer a capacidade de transmissão); Iatrogênica – gênese vinda de um tratamento médico; Fômites – objetos que fazem parte do manejo do animal; Secreções e excreções??? (muco, saliva, lágrimas); Sêmen de garanhões na fase aguda (alta viremia) – nas fases subclínica e crônica não se encontra; Soro hiperimune, doador de sangue. Vertical (entre descendentes) Transplacentária em éguas com viremia; Durante o parto; Colostro e leite. IMPORTANTE.: Pantanal (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) é a única região do país onde pode-se manter animais positivos. PATOGENIA Penetração (sêmen, agulha, espora) Sangue (disseminação) Macrófagos (fagocitado para formar o pró-vírus) Forma aguda, subaguda ou crônica. Por que causa anemia? Quando o vírus sai da célula onde se replicou pode se ligar a membrana das hemácias, favorecendo a ligação de anticorpos Hemácia marcada é destruída pelo sistema imune do animal. Fase subaguda: animal não tem anticorpos suficientes para fazer a ligação e não apresenta anemia; ANEMIA INFECCIOSA EQUINA Fase aguda: após 18 dias há título visível de anticorpos e o animal começa a apresentar anemia depois de 20-30 dias de infecção Por isso, o reforço vacinal é feito com 30 dias. SINAIS CLÍNICOS Febre ou súbitas flutuações de temperatura – febre: resposta do organismo a infecção, ocorre devido a liberação de mediadores inflamatórios (prostaglandinas, leucotrienos, citocinas e tromboxano) após a destruição celular e liberação de citoplasma. É uma síndrome caracterizada por perda de apetite, prostração e aumento da temperatura; Aumento transpiração – a redução da oxigenação tecidual leva a aumento de FC, FR e do metabolismo para compensar; Rápida perda de peso – animal em estado de caquexia se recupera ou se mantém caquético, mas não morre; Olhos vermelhos com lacrimejamento – devido a redução das pressões oncótica e osmótica (sangue fica mais “ralo”), que leva a extravasamento de líquidos pela mucosa dos olhos (edema); Edema nas patas e abdômen – sinal de Godet positivo; Membranas mucosas pálidas ou ictéricas; Batimentos cardíacos irregulares e/ou pulso fraco; Hemorragias petequiais nas mucosas; Depressão; Inapetência; Fadiga; Taquipneias; Franqueza; Cólica; Aborto em éguas; Anemia severa; Fezes sanguinolentas. PATOLOGIA Exame macroscópico Edema subcutâneo; Icterícia; Hemorragias petequiais – a redução das pressões oncótica e osmótica diminui a viscosidade do sangue favorecendo seu extravasamento dos vasos; Esplenomegalia – devido ao aumento da destruição de hemácias; Hepatomegalia – devido ao aumento da destruição de hemácias e aumento da produção de proteínas plasmáticas; Aumento dos linfonodos – devido ao grande número de macrófagos infectados. Exame microscópicos Hemossiderose no fígado, baço e linfonodos – devido a destruição de hemácias e liberação de ferro; Vasculite em diversos órgãos - vírus se multiplica no endotélio; Glomerulonefrite – acúmulo de imunocomplexos (Ag-Ac). DIAGNÓSTICO Diagnóstico laboratorial o Testes sorológicos (vírus com alta antigenicidade): Imunodifusão em ágar gel (IDGA) – Ag e Ac se difundem pelo gel e onde se encontram forma-se um precipitado Risco que indica o positivo. Problema: leitura de 24-48h: Teste confirmatório. ELISA – bem mais rápido e fácil: Teste de triagem. Diagnóstico diferencial Anemia Hemorrágica; Babesiose; Erlichiose; Leptospirose. CONTROLE Não existe tratamento; Não há método vacinal; Isolamento do animal com sorologia positiva; Sacrifício do animal após contra prova; Sorologia de todos os animais da propriedade; Exigência de atestado negativo para o trânsito de animais; DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA AO MINISTÉRIO LEGISLAÇÃO Definições Propriedade controlada: toda propriedade credenciada pelo órgão responsável pela Vigilância e Controle da AIE no Estado de Minas Gerais que possua assistência veterinária permanente e que não apresente animais reagentes positivos em duas provas consecutivas, de diagnóstico para AIE, realizadas com intervalo de 30 (trinta) a 60 (sessenta) dias, e que todo o seu efetivo equídeo seja submetido à prova, no mínimo, uma vez a cada 06 (seis) meses. OBS.: Propriedades não procuram ter o título de livre da doença, pois não há ganhos com isso, apenas gastos para a realização dos testes Não vale o status. Do responsável pela realização do exame de AIE: Quando positivo, o resultado do exame para diagnóstico laboratorial deverá ser encaminhado, imediatamente, ao SSA da DFA da UF onde se encontra o animal reagente e, eventualmente, para outro destino por ele determinado; O resultado negativo deverá ser encaminhado ao médico veterinário requisitante ou ao proprietário do animal. Da coleta de material e do exame laboratorial: O médico veterinário requisitante é o responsável legal pela veracidade e fidelidade das informações prestadas na requisição oficial para o exame laboratorial de AIE; O preenchimento da requisição oficial para exame laboratorial de AIE deve ser feito de modo a identificar perfeitamente o animal, utilizando caneta de cor diferente do impresso. OBS.: A principal forma para identificação do animal é a resenha Importante para não confundir os animais; A validade do resultado negativo para o exame laboratorial de AIE será de 180 (cento e oitenta) dias para propriedades controladas é de 60 (sessenta) dias para os demais casos, a contar da data da colheita da amostra. Do foco: Interdição da propriedade após identificação do equídeo portador, lavrando termo de interdição, notificando o proprietário da proibição de trânsito dos equídeos da propriedade e de objetos passíveis de veiculação do vírus de AIE; Marcação dos equídeos portadores de AIE com ferro candente na paleta do lado esquerdo com um "A", contido em círculo de 08 (oito) centímetros de diâmetro, seguido da sigla do estado de Minas Gerais; Sacrifício dos equídeos portadores; Desinterdição da propriedade após realização de 02 (dois) exames negativos para AIE, consecutivos e com intervalo de 30 (trinta) a 60 (sessenta) dias dos equídeos nela existentes. Ao proprietário do animal sacrificado não caberá indenização; Todas as despesas decorrentes do sacrifício sanitário do (s) equídeo(s) portador(es) constituem obrigação exclusiva do proprietário, ficando a união, o estado e município desobrigados de quaisquer ônus que porventura lhes venha a ser cobrado em juízo ou fora dele; Somente será permitido trânsito de equídeos que estiverem acompanhados do documento de trânsito oficial e do resultado negativo ao exame laboratorial para diagnóstico de AIE; Os equídeos comprovadamente destinados ao abate, ficam dispensados da prova de diagnóstico para AIE. OBS.: No Brasil, a venda de carne de cavalo para consumo é proibida. Os animais sacrificados geralmente apresentam problemas. IMPORTANTE.: Os animais infectados não conseguem ter o mesmo desempenho, mesmo após a cura da fase aguda. PRINCIPAIS CAUSAS DE ORIGEM INFECCIOSA Virais: Encefalite Equina do Leste, Encefalite equina do Oeste e Encefalite Equina Venezuelana; West Nile Virus. SÃO ZOONOSES! HISTÓRICO Encefalite equina do Leste (EEL) 1831 – cavalos de Massachusetts afetados um vírus desconhecido desenvolveram encefalite; 1933 – EEE: vírus isolado de cérebro de equino na costa leste dos Estados Unidos. Encefalite equina do Oeste (EEO) 1930 – WEE: vírus isolado na Califórnia Karl Meyer isolou o agente de cérebro equino. Casos humanos de polioencefalomielite; 1932 – replicação e transmissão do WEE vírus em laboratório (utilização de Aedes aegypti). OBS.: Controle do Aedes aegypti pode ser feito com Wolbachia. Encefalite equina venezuelana (EEV) América Central e do Sul: 1938 – vírus isolado de cérebro equino; 1962-1964 – surto na Venezuela (23 mil casos em humanos); 1967 – surto na Colômbia (220 mil casos em humanos e mais de 67 mil cavalos mortos). ETIOLOGIA Gênero Alphavirus; Família Togaviridae – família dos Arbovírus (Dengue, Zika, Chikungunya e Febre Amarela). Encefalite equina do Leste (EEL); Encefalite equina do Oeste (EEO); Encefalite equina venezuelana (EEV). Genoma RNA; Nucleocapsídeo; Camada lipídica – envelopado (sai da célula levando parte da membrana celular sem rompê-la); Proteínas transmembrana. EPIDEMIOLOGIA Não são estáveis no meio ambiente; Inativados por desinfetantes comuns; Sensíveis a desidratação, calor e pH ácido; Condições favoráveis: baixa imunidade dos animais, população de vetores (desafio) e presença de aves susceptíveis. Importante: controle extremamente difícil devido as condições favoráveis e ciclo biológico. Ciclo biológico ENCEFALITES EQUINAS VIRAIS OBS.: Mantido nas aves (reservatórios); Cavalo e homem: hospedeiros terminais (não passam o vírus para frente). OBS.: Amplificadores: quando infectados produzem grande quantidade de cópias virais. Importante: Epidemia: número de casos acima do esperado, doença se inicia em local novo (surtos) Muitos animais apresentam sinais clínicos (pico) e se curam ou morrem. X Endemia: vírus em equilíbrio com determinada região Pequeno número de casos que se mantêm sem causar pico. ENCEFALITE EQUINA VENEZUELANA (EEV) Cepas enzoóticas: Equinos adquirem proteção cruzada; Potencial para epidemias: México (1993 e 1996); Cepas mutantes virulentas. PATOGENIA Multiplicação do vírus; Transmissão via saliva; 1º replicação viral (geralmente ocorre em músculo e vaso sanguíneo, por onde o vírus entra a partir da picada do mosquito) Proliferação viral Linfonodo regional Viremia Musculatura estriada cardíaca Tecido conjuntivo 2º ciclo de replicação viral Nova viremia Difusão até o SNC Invasão do fluido cérebro-espinhal Presença do vírus em todo o SNC. SINAIS CLÍNICOS Infecções subclínicas – 10 a 15%; Hiperemia (41ºC) – 3 a 6 dias; Depressão profunda; Anorexia e perda de peso; Diarreia ou constipação; Posição de cavalete, cabeça pendente; Orelhas caídas e paralisia dos lábios; Sonolência. Sintomas nervosos Incoordenação; Nistagmo; Ataxia; Andar em ciclos; Hiperexitação; Ranger de dentes; Pressionam a cabeça conta objetos; Convulsões e movimentos de pedalagem. Importante: característica autolimitante – letalidade baixa (casos fatais são raros). DIANGÓSTICO Clínico Associado a época de ocorrência. Laboratorial Histopatologia – encefalomielite difusa; Direto – PCR; Indireto – sorologia. Diferencial Raiva, Botulismo, infecções por Herpesvírus Equino-1, Mieloencefalopatia equina por protozoários, intoxicações, traumas. TRATAMENTO Em casos nervosos Prognóstico ruim; Controle da reação inflamatória: Flunixin Meglumine e Fenilbutazona. PREVENÇÃO E CONTROLE Vacinação Vacina inativada – 6 em 6 meses; Vacina viva – anual; Alguns problemas: variantes enzoóticas e reversão de virulência. RISCO PARA HUMANOS EEL Risco maior para idosos; Casos fatais são raros. EEO Risco para crianças com menos de 1 ano; Casos fatais são raros: 3%. EEV Crianças mais comumente afetadas; Fatalidades são raras: <1%. WEST NILE VIRUS Família Flaviviridae – outras encefalites, febre amarela e dengue; Gênero Flavivírus; Genoma RNA fita simples; Proteína do capsídeo – indução de apoptose celular. HISTÓRICO Primeiro caso em Uganda – 1937; Europa, Ásia – década de 60; América do Norte (NY) – 1999; América do Sul – 2006 (Argentina). FEBRE DO NILO TRANSMISSÃO Ciclo biológico PATOGENIA Multiplicação do vírus; Transmissão via saliva – 43 espécies de mosquitos (Culex). Difusão até o SNC Presença do vírus no SNC Indução de apoptose celular. SINAIS CLÍNICOS Inespecíficos: Lesões coração, baço, pâncreas, intestinos, pulmões, rins e cérebro; Ataxia, fraqueza, depressão, febre, anorexia, espasmos musculares, cegueira e paralisia dos lábios. Importante: - 1/3 dos animais desenvolve sintomatologia clínica; - Característica autolimitante (letalidade baixa com casos fatais raros).; - Sinais – 2 a 15 dias após infecção; - Duração de 2 a 7 dias; - Pássaros – corvídeos são mais susceptíveis. DIAGNÓSTICO Clínico Laboratorial (PRINCIPAL) ELISA – IgM no líquido cérebro-espinhal ou soro. OBS.: Não precisa esperar o animal morrer como na Raiva. Diferencial Raiva, Mieloencefalite protozoária equina, Botulismo e infecções bacterianas. PREVENÇÃO E CONTROLE Vacinação 2 doses; Reforço anual; Vigilância epidemiológica? Importante: NÃO EXISTE PARA HUMANOS. TRATAMENTO Sintomático e de suporte – AINE’s, hidratação e antipirético (pode-se ter muitos casos sem saber, pois trata para outra coisa e obtém resultados); Eutanásia em alguns casos. CONCLUSÕES Condições necessárias para o surgimento dos surtos: Imunidade baixa do rebanho; População de vetores; Presença do vírus; Presença de aves susceptíveis; Umidade e temperatura; Não utilização de vacinas. Várias doenças onde o Circovirus não é o único agente causal Doenças multifatoriais. Necessidade de fatores ambientais (cofatores não infecciosos) e fatores infecciosos (outros agentes) para desenvolver a doença IMPORTÂNCIA Por que conhecer a doença? Brasil é o 4º maior exportador de carne suína. CIRCOVIROSE SUÍNA Porcine circovirus 2: Primeiro relato no Canadá em 1995; Vírus gênero Circovirus; Vírus DNA fita simples circular, não envelopado, ~17nm diâmetro menor vírus de mamífero). OBS.: Os vírus de DNA fita simples possuem evolução genética muito parecida com os vírus de RNA, assim como Parvovírus canino (diferente dos vírus de DNA fita dupla). 5 produtos biológicos (expressos por 5 ORFs): 4 moléculas de origem aminoacídica e 1 RNA – moléculas que alteram a biologia da molécula; Formado por 4 proteínas – as principais são Rep (atua na replicação do vírus) e Cap (principal: proteína do capsídeo, codificada pela ORF 2); Proteína expressa pela ORF 3 induz a apoptose da célula in vivo e in vitro – indução de apoptose permite a adaptação do organismo ao vírus: mecanismo de escape imunológico; Atualmente é endêmico no mundo; Mais prevalentes e importantes no mundo: PCV2a/PCV2b/PCV2c/PCV2d (mais recente). Importante: novos genótipos de circovirus Importância de atualização das vacinas. Brasil 1991-1995: identificação no Canadá; 1998: primeiro isolamento e caracterização de PCV2; 2000: primeiro isolamento pela Embrapa; 2005: primeiro sequenciamento completo do genoma. Consenso sobre as PCVADs Doença Sistêmica/PCV2 - (PMWS) – pós-desmame dos animais (ficam muito magros); Doença pulmonar/PCV2; Depleção linfoide/PCV2; DOENÇAS ASSOCIADAS AO CIRCOVIRUS SUÍNO 2 (PCVADs) Doença reprodutiva/PCV2 – retorno ao cio, abortamentos, fetos mumificados; Miocardite e vasculite/PCV2; Síndrome dermatitee nefropatia/PCV2 (PDRS); Doença entérica /PCV2; Infecção subclínica /PCV2. Multifatorialidade Transporte, mosca, nutrição, frio, desinfecção (vazio sanitário), limpeza das instalações, mistura de lotes (estresse), falta de ventilação, outros agentes (bactérias), fatores genéticos podem causar a doença clínica. Qual é o papel do vírus na indução da doença? Não segue os postulados de Koch – a doença não se desenvolve da mesma forma em todas as espécies; Todas PCVAD terão envolvimento com infecção por PCV2, no entanto, somente a infecção pelo vírus não é suficiente para gerar doença. Existem fatores de risco associados. Fatores de risco Outros M.O. (coinfecções), ambiente, genética, condição do animal/rebanho, manejo e boas práticas de biosseguridade. 3 concorrentes = PCV2 ≠ Circovirose OBS.: PCV2d é considerado o mais virulento. Análise de risco Transmissão Horizontal: principal forma é a secreção oronasal, bronquial, saliva, fezes, urina, sêmen (laboratório); Elevada resistência no meio ambiente; Reprodutores mantém a infecção via lactação, possível também a transmissão vertical. Vírus faz viremia e afeta órgãos linfoides (células brancas do plasma). Doença sistêmica (PMWS) Ocorre em leitões 25 a 120 dias idade; Causa atraso no crescimento, perda peso (animal refugo com a espinha dorsal marcada) e aumento dos linfonodos; Sinais respiratórios ou digestivos; Severa depleção linfocitária com inflamação granulomatosa; Moderada a elevada quantidade de PCV2 nas lesões. Síndrome Dermatológica e Nefropática Suína Lesões cutâneas hemorrágicas e necrotizantes – lesões causadas por depósitos de imunocomplexos na pele; Rins inchados e pálidos com petéquias corticais generalizadas – lesões renais causadas por depósitos de imunocomplexos nos rins, que levam a azotemia e morte por falha renal; Morbidade (5%); Mortalidade (50%). o PRRSV P. multocida; S. suis, H. parasuis, A. pleuropneumoniae; B. bronchiseptica; S. aureus ou Salmonella sp. Pneumonias associadas Normalmente associadas as bactérias; IR, dispneia; Pneumonia granulomatosa ou broncointersticial e ausência das lesões linfoides indicadas na doença sistêmica; Moderada a elevada quantidade de vírus no pulmão; Ausência de lesões nos tecidos linfoides; Afetam recria e terminação. Enterites associadas Causadas por depressões linfoides ou pelo próprio Circovirus: Diarreia; Enterite granulomatosa e depleção linfocitária (somente Peyer); Moderada a elevada quantidade de PCV2 na mucosa intestinal (destruição dos enterócitos) e Placas de Peyer. Falhas reprodutivas Depende da imunidade da porca (ocorrem mais em animais mais jovens devido a imunidade menor): Abortos e mumificados; Falha reprodutiva no final da gestação; Miocardite fibrosa em fetos; Retornos a estro regulares; Posterior soroconversão a PCV2 ou positividade a PCV2 depois do retorno a estro. Importante: infecção transplacentária (animais recém- nascidos positivos na avaliação. Infecção subclínica Menor ganho médio diário (GMD) e ausência de sinais clínicos evidentes; Lesões histológicas leves ou ausentes (principalmente em tecido linfoide); Baixa carga viral em tecidos (linfoides) qPCR; Perdas produtivas podem ser medidas através do uso da vacinação. Importante: baixa carga viral = maior ganho de peso. Diagnóstico Importante: para fechar o diagnóstico: Imunohistoquímica (marca proteína viral dentro do tecido). o Detalhando o diagnóstico A presença de quadros clínicos; Identificação de lesões microscópicas e macroscópicas; Identificação da circulação do agente através de sorologia (não tem valor diagnóstico clínico, mas é usada para ver o desafio do MO sobre os animais) ou PCR; A confirmação da presença do agente (PCR, IHC, ISH). Motivos de alguns suínos não desenvolveram as PCVADs: Efeito individual, efeito da leitegada (papel da porca na proteção passiva), manejo e biosseguridade. Controle Limitar o contato suíno-suíno; Redução estresse; Boa higiene; Boa nutrição; Biosseguridade; Estabilização imunitária (vacinas). o Instalações/Manejo Colostragem de qualidade; Evitar desmame precoce (< 21 dias); Evitar mistura de leitões pós desmame; Evitar fluxo contínuo na transição; Condições inadequadas de temperatura, densidade, mistura de lotes, idades; Proximidade entre granjas < 3km. Apresentações clínicas descritas no Brasil (200- 2007) PMWS-PNDS – falhas reprodutivas, enterites, doenças respiratórias; Mortalidade entre 10-62%; Grande prejuízo a suinocultura. Importante: produtores passaram a produzir vacinas autógenas até 2007 (vacinas chegaram no Brasil). Importante: vírus evoluiu e o hospedeiro ficou mais susceptível. Apesar das vacinas, novos genótipos apareceram, levando os animais a apresentarem a doença clínica. Coinfecções/Vacinações Infecção com Parvovírus suíno (PPV); Infecção com Mycoplasma hyorhinis; Infecção com Mycoplasma hyopneumoniae; Outras bactérias; Porcas com lesões no pescoço por técnicas de injeção deficientes. Importante: - A vacina comercial é feita com genótipo para PCV2a, porém o genótipo PCV2b é o mais importante e disseminado pelo mundo; - Possuem proteção cruzada. OBS.: Vacina utilizando E.coli: mais barata e fácil. Também pode-se utilizar Papilomavirus. o Objetivos sanitários dos programas vacinais Reduzir as manifestações clínicas; Reduzir as taxas do limiar de infecção; Redução dos efeitos da infecção subclínica: Redução carga viral soro (gatilho da severidade); Severidade das lesões linfoides; Eliminação viral; Produção de anticorpos totais e neutralizantes. o Objetivos produtivos dos programas vacinais Melhorar no GMD; Aumentar % carne magra; Melhorar conversão alimentar; Redução mortalidade; Diminuição em refugagem; Aumentar nascidos vivos; Reduzir o número dias não produtivos por leitegada. o Quando vacinar? Importante: não existe um consenso de qual é o melhor momento para vacinar, o ideal seriam duas doses. CONCLUSÃO Doenças multifatorial; Infecção amplamente disseminada; Programas de vacinação controlam (atenção à infecção subclínica); As medidas de controle e programas vacinais estão em mudanças; A sanidade no rebanho envolve a vacinação e as boas práticas de biosseguridade; Vacinas duplas (PCV2/Mhyo). PORCINE CIRCOVIRUS 3 Vírus totalmente diferente (genoma totalmente diferente), mas também possui a proteína do capsídeo; Síndrome da dermatite e nefropatia suína, problemas reprodutivos (nascimento de natimortos e fetos mumificados – maio frequência), morte de recém-nascidos (problemas cardíacos e infecções multissistêmicas), doenças respiratórias, tremores congênitos em lesões e diarreias em leitões desmamados; No Brasil desde 2006-2007; Associado em diferentes doenças (detecção de DNA viral). IMPORTÂNCIA Porcine Parvovirus suíno: Parvoviridae Vírus DNA fita simples, não envelopado, 1 única espécie/sorotipo, 20nm; Tropismo células em multiplicação ativa – células jovens, de feto (em mitose) usa a maquinaria da célula para poder replicar; Capacidade de aglutinar hemácias; Eliminação do vírus pelo animal adulto por aproximadamente 2 semana pós-infecção; Permanência no ambiente 5 meses – muito estável (não envelopado); Susceptibilidade: apenas suínos; Clínica só ocorre em fetos infectados no útero. Importante: o nome do vírus foi alterado de Porcine Parvovirus 1 para Ungulate protoparvovirus (causador de problemas reprodutivos). As outras variáveis (1, 2, 3 etc.) não estão associadas a problemas reprodutivos e nem se sabe se causam doenças. TRANSMISSÃO Horizontal: contato direto (sêmen, fetos, envoltórios fetais – placenta); Vertical (principal forma de entrada na granja)– machos transmitindo verticalmente (sêmen transmite o vírus no momento da fecundação. PATOGENIA OBS.: - Soroconversão: títulos de anticorpos positivos - Problema: coleta de sêmen do macho ou fêmea estante; - Infecção autolimitante: animal infectado durante 2 semanas. OBS.: Sem sinais clínicos no animal adulto! PARVOVIROSE SUÍNA SINAIS CLÍNICOS Infecção subclínica. Principais consequências: Problemas reprodutivos; Dependência de que etapa da gestação ocorreu a infecção; Nascimento leitegada pequena, fetos mumificados desuniformes (fêmeas não vacinadas ou primíparas); Aumento taxa de retorno ao cio; Ausência de sinais nas fêmeas afetadas; Pseudogestação; Aumento de natimortos; Leitegada com leitões mumificados e normais. Fases da gestação Sinal clínico depende da fase gestacional: A = 0-9 dias (fase pré-fixação blastocistos); B = 10-35 dias (fase de embrião); C = 36 a 70 dias (fase de feto); D = 71 a 114 dias (fase de imunocompetência). Fase de 0-9 dias (pré-fixação dos blastocistos) Fase de 10-35 dias (fase de embrião) Importante.: Embrião x Feto: embrião não possui tecido ósseo Mortalidade total. Fase de 36-70 dias (fase de feto) Importante: fêmea não consegue reabsorver devido a presença de tecido ósseo. Natimorto: morto próximo ao parto. Fase de 71-114 dias (fase de imunocompetência Infecção de feto imunocompetente Gestação prossegue ou feto nasce natimorto (miocardite que leva a morte ainda em útero) ou vivo (leitões soropositivos normais). Lesões Animais não gestantes: Nenhuma. Fêmeas gestantes: Fetos antes da imunocompetência; Acúmulo de líquido sanguinolento; Acúmulo de células mononucleares, inflamatórias. Fetos imunocompetentes: Nenhuma. Imunidade Imunidade passiva dura 21 dias; Imunidade ativa obtida por vacinação ou infecção natural. 1 cobertura: 210 a 240 dias; Média duração de Ac passivos: 150-160 dias. Importante.: - Vacina inativada; - Vacinação antes do parto para nulíparas e depois do parto para primíparas e multíparas (1 dose 15 dias pós- parto). CONTROLE Vacinação (porcas nulíparas e cachaços jovens): 150 a 160 dias: 1ª dose; 170 a 180 dias: 2º dose; 15 dias antes da cobertura/monta; Porcas: 10 a 15 dias pós-parto; Cachaços adultos (vacinação anual): 180 dias (1 dose); 210 dias 2 dose (14 dias antes da cobertura) Importante: vacina tríplice, associada com Erisipela e Leptospira. Retroinfecção (não recomendada): baia superinfectada (material contaminado: restos placentários, fetos natimortos ou mumificados), anteriormente a entrada na reprodução: procedimento barato, pode disseminar outras doenças sem o devido controle. DIAGNÓSTICO Pesquisa do Vírus Fetos mumificados; Restos fetais; Fragmento de tecido: IFD, HA, PCR. Pesquisa de anticorpos Natimortos e mumificados (PCR e PCR em tempo real); Leitões sem colostragem; IHA (inibição da hemaglutinação); ELISA. Diagnóstico diferencial Doenças: Aujesky, PRRSV, Leptospirose, Peste Suína Clássica e Brucelose.
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