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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE FARMÁCIA DETERMINAÇÃO DE TANINOS PELO MÉTODO FOLIN-DENIS Goiânia, Dezembro de 2019. Nome: Lorrayne Siqueira Chaves Prof.Dr. Eduardo Ramirez Asquieri Turma: A01 Trabalho Nº 6 como exigência da disciplina de Química e Bioquímica de Alimentos. 1. INTRODUÇÃO A couve, Brassica oleracea var. acephala está entre as plantas hortícolas como um dos alimentos importantes na nutrição humana, sendo rica principalmente em cálcio, ferro, vitamina A, niacina,taninos e ácido ascórbico (FRANCO, 1960). Plantas ricas em taninos sejam eles condensados ou hidrolisáveis, são empregadas na medicina tradicional como remédios para o tratamento de diversas doenças, tais como diarréia, hipertensão arterial, reumatismo, hemorragias, feridas, queimaduras, problemas estomacais (azia, náusea, gastrite e úlcera gástrica), problemas renais e do sistema urinário e processos inflamatórios em geral (Haslam, 1996). Segundo Lorenz & Maynard (1988), comparativamente a outras hortaliças folhosas, a couve manteiga se destaca por seu maior conteúdo de proteínas, carboidratos, fibras, cálcio, ferro, vitamina A, niacina e vitamina C. É ainda uma excelente fonte de carotenóides apresentando, entre as hortaliças, maiores concentrações de luteína e beta caroteno, reduzindo riscos de câncer no pulmão e de doenças oftalmológicas crônicas como cataratas (Lefsrud et al., 2007) Os taninos estão dispostos em uma ampla variedade de vegetais, podendo ser encontrados nas raízes, na casca, nas folhas, nos frutos, nas sementes e na seiva. São classificados em dois grupos: taninos hidrolisáveis e condensados(LEKHA; LONSANE,1994). Por sua vez são caracterizados pela sua capacidade de se combinar com proteínas da pele animal inibindo o processo de putrefação, mais conhecido como processo de curtimento do couro (Deshpande et al., 1986).Do mesmo modo são considerados potentes inibidores de enzimas devido a sua complexação com proteínas enzimáticas (Naczk et al., 1994). Os efeitos nutricionais negativos dos taninos são diversos e não totalmente esclarecidos, mas o principal efeito é causar a redução no crescimento pelo decréscimo da digestibilidade das proteínas e carboidratos (Liener, 1994). Segundo Deshpande, Cheryan e Salunke (1986), taninos inibem enzimas importantes como a tripsina e amilase. Outros efeitos antinutricionais atribuídos aos taninos incluem danos à mucosa intestinal e interferência na absorção de ferro, glicose e vitamina Bj2, de acordo com a revisão de Liener (1994). Os taninos ainda conferem adstringência aos frutos,portanto diminuindo sua palatabilidade e atribuindo cor indesejável aos alimentos devido às reações de escurecimento enzimático. Apesar de a literatura citar alguns trabalhos (Guil et al., 1996; Massey, 2007; Mechi et al., 2005) com relação à fatores antinutricionais em vegetais ainda existe uma necessidade de conhecer melhor a presença dessas substâncias em hortaliças e leguminosas, especificamente da região Nordeste do Brasil. Pesquisas devem ser realizadas também para investigar o efeito dos tratamentos aplicados a alimentos de forma a reduzir os teores dessas substâncias. Desse modo, devido à importância econômica, social e cultural que as hortaliças (maxixe e jiló) e leguminosas (feijão verde e feião andu) Santos (2006), por exemplo, avaliou o efeito do cozimento sobre alguns fatores antinutricionais em folhas de brócolis, couve-flor e couve e observou redução nos teores de fatores antinutricionais com o aumento do tempo de cozimento. O objetivo da aula foi realização da determinação de Taninos presente em amostra de couve através do método de Folin-Denis e averiguar se o os resultados encontrados estão de acordo com a literatura. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 AMOSTRA Couve. 2.2 MATERIAIS 2.2.1 REAGENTES E SOLUÇÕES Reagente Folin-Denis ; Solução saturada de carbonato de sódio; Solução recém-preparada de ácido tânico; 2.2.2 VIDRARIAS Balões volumétricos; Béquer; Pipetas; Pisseta; Suporte de tudo de ensaio; Tubos de ensaio 25 mL; Condensador; Funil. 2.2.3 APARELHAGEM Balança analítica; Espectrofotômetro. 2.3 PROCEDIMENTOS 2.3.1 REAGENTE DE FOLIN-DENIS Adicionou-se 100g de tungstato de Sódio diidratado p.a e 20g de ácido fosfomolíbdico em 50mL de ácido fosfórico p.a concentrado em 750mL de água destilada e colocou-se em refluxo por 2 horas. Após refluxo foi resfriado e diluído para 1000mL. 2.3.2 SOLUÇÃO SATURADA DE CARBONATO DE SÓDIO Adicionou-se 25g de carbonato de sódio anidro em 100mL de água destilada e dissolveu-se a 70°C e deixou-se esfriar durante a noite. Adicionaram-se alguns cristais de carbonato de sódio deicaidratado p.a e foi mantido em repouso até cristalização e filtrou-se através de lã de vidro. 2.3.3 SOLUÇÃO PADRÃO RECÉM PREPARADA DE ÁCIDO TÂNICO Dissolveu-se 10,2mg de ácido tânico p.a em água destilada em balão volumétrico de 100mL e filtrou-se. 2.3.4 CURVA PADRÃO Pipetou-se alíquotas de 8,5; 8,3; 8,1; 7,9; 7,7; 7,5mL de água destilada em tubos de ensaios previamente enumerados.Pipetou-se respectivamente 0,0; 0,2; 0,4; 0,6; 0,8; 1,0mL da solução de ácido tânico em cada tubo. Após adicionou-se 0,5mL de reagente de Folin-Denis e 1,0mL da solução de carbonato de sódio em cada tubo e agitou-se e leu- se absorbância a 760nm. Construiu-se a curva padrão através dos resultados da absorbância anotados. 2.3.5 AMOSTRA Pesou-se 20,0565g da amostra de couve previamente cortadas em tiras,colocou-se em béquer de 250mL, adicionou-se 85mL de água destilada, agitou-se a 50°C em agitador magnético durante 20 minutos filtrou-se em papel filtro. Transferiu-se 1,5mL do filtrado para um balão de 10mL, e completou-se com água destilada. Pipetou-se alíquotas de 8,5 8,3; 8,2; 8,1; 8,0mL de água destilada em tubos de ensaio que foram previamente enumerados e foram adicionados alíquotas respectivamente de 0,0; 0,2; 0,3; 0,4; 0,6; 0,8; 1,0mL da amostra nos tubos de ensaios enumerados.Adicionou-se 0,5mL de Reagente de Folin-Denis e 1,0mL da solução de carbonato de sódio, em cada tubo de ensaio e foi agitado. Deixou-se reagir por 30 minutos e leu-se a absorbância a 760 nm. 3. RESULTADOS 3.1 MÉTODO PROGRAMA EXCEL 3.2.1 EQUAÇÃO DA RETA Calcularam-se as concentrações de cada alíquota de acordo com os valores pesados da solução padrão de ácido tânico: Tubo 1 10,2mg-----------100mL X ------------0,2mL X= 0,0204mg Tubo 2 10,2mg-----------100mL X ------------0,4mL X= 0,0408mg Tubo 3 10,2mg-----------100mL X ------------0,6mL X= 0,0612mg Tubo 4 10,2mg-----------100mL X ------------0,8mL X= 0,0816mg Tubo 5 10,2mg-----------100mL X ------------1,0mL X= 0,102mg Tubo V (mL) Abs padrão [ ] de taninos(mg/mL) 1 0,2 0,083 0,0204 2 0,4 0,147 0,0408 3 0,6 0,216 0,0612 4 0,8 0,262 0,0816 5 1,0 0,318 0,102 Tabela 1: Absorbância das distintas concentrações de taninos da solução padrão. Construiu-se a curva padrão, utilizando-se os valores das absorbâncias e concentrações de cada alíquota, através do programa Excel®: Gráfico 1:Gráfico concentração do padrão de ácido tânico x absorbância Através da equação da reta calcularam-se as concentrações das amostras da couve. y = 2,867x + 0,029 R² = 0,995 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 Série1 Linear (Série1) 3.2.2 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO PELA EQUAÇÃO DA RETA Tubo V (mL) Abs padrão Abs amostra 1 0,2 0,083 0,090 2 0,4 0,147 0,177 3 0,6 0,216 0,210 4 0,8 0,262 0,283 5 1,0 0,318 0,349 Tabela 2: Dados das absorbâncias de cada alíquota da amostra. 3.2.2.1 AMOSTRA DE COUVE A partir da equaçãoda reta obtida pelo programa Excel®, calculou-se concentração da amostra substituindo o valor de y pelo valor da absorbância da alíquota do tubo3 pois, este valor se encontra próximo do ponto médio das absorbâncias do padrão. Tubo 2: � = 2,867 + 0,029 0,210 = 2,867 + 0,029 2,867 = 0,210 − 0,029 2,867 = 0,181 = 0,181 2,867 = 0,0631�� �� ������� �� 0,6 �� �� ����çã�. Assim tem-se; 0,2863� �� ����� � − − − − 10�� �� �����çã� � − − − − 0,6�� �� ���!���� � = 0,017178� �� "��#� �� 17,17��. 0,0631�� �� ������� − − − − 17,17�� �� "��#� � − − − − 20056,5�� �� "��#� � = 73,707�� �� ������� �� 0,07370� 20,0565� �� "��#� − − − − 0,07370� �� ������� 100� �� "��#� − − − − − % � �� ������� % = 0,36746� �� �������/100 ��� "��#� % = 0,36746 % 4. DISCUSSÃO Os taninos também são encontrados em alimentos como: erva-mate, ervas que formam o chá verde e o chá preto, além de sementes, raízes e frutas como maça, uva, caju e abacaxi; e vegetais como brócolis, couve-flor e mandioca (BERGAMASCO, 2014 ). Nunes et al. (2013) afirma que a concentração de taninos nos alimentos, variam de acordo com o período da colheita, o ano, o tipo e a variedade do fruto podendo encontrá-los em diferentes concentrações. Em análises realizadas pelos autores, foram encontrados, por exemplo, teores que variam de 1,09% a 1,40%. Em artigo publicado por Battestin, Matsuda e Macedo (2004), afirmam que pesquisas realizadas por diferentes autores, mostram uma variação na quantidade de taninos encontrados nas plantas, conforme os valores Folha de Couve-Flor 0,21 g/100mg,Folha de brócolis 0,325 g/100mg e Couve 0,290 g/100mg Esta variação decorre não somente de um vegetal para o outro, mas também variam de acordo com as diferentes partes colhidas e analisadas. A couve branqueada possui a concentração de Taninos em maior quantidade, comparados aos valores da couve-flor,couve chinesa e repolho(7-27mg/100g) (JUDPRASONG et al.,2006) e outras hortaliças folhosas verde-escuro como espinafre e ruibarbo(400-1235mg/100g) (MASSEY.2007) Tais resultados demonstram que existe uma grande variedade de alimentos, inclusive aqueles altamente consumidos pela população como couve, brócolis e couve flor que embora seu percentual seja aparentemente pequeno, ainda assim podem causar danos à saúde humana. Portanto de acordo com os valores encontrados na literatura os valores descritos nos resultados do método analisado estão abaixo dos valores esperados, concluindo que pode ter ocorrido um erro do analista e também como descrito pode ocorrer variações de acordo com o tempo colhido e dentre os tipos de alimentos e qual parte foi colhida para a análise. 5. CONCLUSÃO A aula prática adicionou mais um importante conhecimento adquirido a respeito da disciplina química e bioquímica de alimentos, sobre a determinação de taninos pelo método Folin-Denis em uma amostra de couve, demonstrando mais uma vez sua interdisciplinidade com outras disciplinas, como química analítica, bromatologia entre outras, o que ressalta a importância do discente de associar os conteúdos que já foram ministrados no decorrer do curso. Através dessa aula pode-se conhecer um método sensível para a determinação de taninos pouco discutidos na literatura, por esse motivo achou-se raros artigos sobre o mesmo, tendo que ser utilizado na discussão experimentos com outros métodos. Ressalta-se o empenho dos professores tanto na aula teórica, quanto na prática de explicar detalhadamente o conteúdo para que o discente pudesse entender todo o experimento e o conteúdo proposto. E também a disponibilidade e a paciência dos professores de tirarem dúvidas. Por intermédio dessa aula o discente adquiriu mais conhecimento a respeito da pesquisa de artigos na literatura, tendo que buscar em diferentes fontes, plataformas o que é de suma importância para o meio acadêmico. 6. BIBLIOGRAFIA 1. BATTESTIN, V.; MATSUDA, K. L.; MACEDO, A. G. Fontes e aplicações de taninos e tanases em alimentos. Alimentos e Nutrição, Araraquara, v.15, n.1, p. 63-72, 2004. 2. BERGAMASCO, C – Fatores Antinutricionais e seu impacto na saúde humana - http://www.polonutricional.com.br/arquivos.asp – Acessado em 014/12/2019 3. DESHPANDE, S.S.; CHERYAN, M. &SALUNKE, D.K. Tannin analysis of food products. Criticai Reviews in Food Science and Nutrition. Cleveland, v.24,n.4,p.401-449.1986. 4. FRANCO, G. Tabela de composição química de alimentos. Rio de Janeiro: Serviço de Alimentação da Previdência Social, 1960.194p. 5. GUIL, J.L. et al. Oxalic acid and calcium determination in wild edible plants. J. Agric. Food Chem., v.44, p.1821-1823, 1996. 6. HASLAM, E. Natural polyphenols (vegetable tannins) as drugs: possible modes of action. Journal of Natural Products, v.59, n.2, p.205-15, 1996. 7. JUDPRASONG,K.;CHAROENKIATKUL,S.;SUNGPUANG,P.;VASANACHITT, K.; NAKJAMANONG,Y. Total and soluble oxalate contets in thai vegetables, ceral grains and legume seeds and their changes after cooking.Journal of Food Composition and Analysis, v.19, n.4, p.340-347,jun.2006. 8. LORENZ OA; MAYNARD DN. 1988. Handbook for vegetable growers. 3a ed. New York: John Wiley-Interscience Publication. 456. 9. LEFSRUD M; KOPSELL D; WENZEL A; SHEEHAN J. 2007. Chances in kale (Brassica oleracea L. var. acephala) carotenoid and chlorophyll pigment concentrations during leaf ontogeny. Scientia Horticulturae 112: 136-141. 10. LEKHA, P. K.; LONSANE, B. K. Comparative titres, location and properties of Tannin Acyl Hydrolase produced by Aspergillus niger PKL 104 in solid-state, liquid surface and submerged fermentations. Process Biochem. v.29, p.497- 503, 1994. 11. LIENER,I.E, Implicatuions of antinutricional components in soybean foods. Critical reviews in food science and nutrition, Cleveland, v.34,n.1,p.31- 67.1994. 12. MECHI, R.; CANIATTI-BRAZACA, S.G.; VALTER, A. Avaliação química, nutricional e fatores antinutricionais do feijão preto (Phaseolus vulgaris L.) irradiado. Ciênc. Tecnol. Aliment., v.25, n.1, p.109-114, 2005. 13. MASSEY, L.K. Food oxalate: factors affecting measurement, biological variation, and bioavailability. J. Am. Diet. Assoc., v.107, n.7, p.1191-1194, 2007. 14. NUNES, C.R., BERNARDES, N. R., GLORIA, L. L., BARBOSA, J. B. PEREIRA, S. M. F., OLIVEIRA, D.B. - Atividade antioxidante e o teor de taninos e fenóis totais dos frutos de Annona muricata L. - VÉRTICES, Campos dos Goytacazes/RJ, v.15, n. 3, p. 93-110, set./dez. 2013. 15. NACZK, M., NICHOLS, T., PINK, D., SOSULSKI, F. Condensed tannins in canola hulls. Journal of Agricultural and Food Chemistry, Washington DC, v.42, n.10, p.2196-2200, 1994. 16. STRUMEYER, D.H., MALIN, M.J. Condensed tannins in grain sorghum: isolation, fractionation, and characterization. Journal of Agricultural and Food Chemistry, Washington DC, v.23, n.5, p.909-914, 1975. 17. SANTOS, M.A.T. Efeito do cozimento sobre alguns fatores antinutricionais em folhas de brócolis, couve-fl or e couve. Ciênc. Agrotecnol., v.30, n.2, p.294- 301, 2006.
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