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Conciliação e Mediação no Novo CPC

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Conciliação e Mediação no novo Código de Processo Civil
 
Resenha do artigo: Desjudicialização: Conciliação e Mediação no novo Código de Processo Civil
Autor: Rodrigo da Paixão Pacheco
Ano de elaboração: 2017
 
 
A conciliação e a mediação têm se caracterizado como métodos eficazes na concretização da paz social por meio da solução pacífica das controvérsias, que se dá pelo ajuste de vontades das partes em conflito. Os benefícios são diversos como procedimento célere, a diminuição do desgaste emocional dos conflitantes e a redução do custo financeiro, entre outros. Desta forma o amplo incentivo desses métodos consensuais no novo Código de Processo Civil é uma das soluções que surge para o Poder Judiciário brasileiro que atualmente, é caracterizada por um ineficaz acesso à justiça, e possui um estoque de processo que chega a alarmante marca de mais de cem milhões de processos em tramitação.
No Brasil foi instituído através da Resolução n. 125/2010 do Conselho Nacional de
justiça, a política pública para tratamento adequado dos conflitos jurídicos, com inequívoco incentivo à auto composição. Nessa esteira, o Poder Legislativo tem reiteradamente incentivado a auto composição, com a edição de diversas leis neste sentido. O CPC ratifica e reforça essa tendência em diversos dispositivos, a saber: a) dedica um capítulo inteiro para regular a mediação e a conciliação, b) estrutura o procedimento de modo a por a tentativa de auto composição como ato anterior ao oferecimento da defesa pelo réu, c) permite a homologação judicial de acordo extrajudicial de qualquer natureza, d) permite que, no acordo judicial, seja incluída matéria estranha ao objeto litigioso do processo, e) permite acordos processuais (sobre o processo, não sobre o objeto do litígio) atípicos.
 
Conciliação:
 
A conciliação visa por meio de um processo consensual buscar uma efetiva harmonização social e a restauração, da relação social das partes através de um ato espontâneo, voluntário e de comum acordo entre as partes. Trata-se de meio consensual de solução de conflitos que tem como característica a presença de um terceiro imparcial - o conciliador – que tem a incumbência de sugerir propostas que auxiliem as partes em questão na busca pela solução consensual do conflito, com o objetivo de alcançar uma solução satisfatória para ambas as partes.
Na conciliação não existe a necessidade de produção de provas e as partes ainda evitam gastos com documentos e locomoção aos fóruns A conciliação pode ser alcançada tanto durante o curso do processo, quanto antes de instaurada a ação.Antes mesmo do novo CPC já se observada a conciliação no âmbito dos juizados especiais cíveis e criminais e na Justiça do trabalho
É importante destacar que apesar do conciliador sugerir diversas propostas, que caracteriza sua postura ativa no procedimento, para tentar solucionar o conflito, a decisão final fica sempre a critério das partes, que podem a qualquer momento preferir à solução judicial, por meio da submissão a sentença do juiz.
 
Mediação
 
A mediação trata-se de procedimento consensual no qual uma terceira parte imparcial, que deve ser escolhida ou aceita pelas partes litigantes, intermedia, encoraja e utiliza técnicas para a resolução da divergência. Os litigantes, portanto, são os responsáveis pela decisão que melhor os satisfaçam.
A mediação não é um processo impositivo e o mediador não tem poder de decisão. As partes é que decidirão todos os aspectos do problema, sem intervenção do mediador, no sentido de induzir as respostas ou as decisões, mantendo a autonomia e controle das decisões relacionadas ao conflito. O mediador facilita a comunicação, estimula o diálogo, auxilia na resolução de conflitos, mas não os decide
O papel da mediação e da conciliação é no sentido de serem instrumentos que proporcionam a pacificação social, tendo em vista que seu objetivo é resolver os conflitos da sociedade, seja
através do diálogo das partes para que cheguem a um consenso através de suas próprias decisões, ...
 
Conciliação e Mediação: Distinções e semelhanças
 
Os institutos da conciliação e mediação possuem como semelhança a  participação de um terceiro imparcial; o incentivo a comunicação em critérios objetivos para produção de resultado, que é a solução consensual do conflito; a impossibilidade imposição as partes dos resultados; a busca de saídas que geram benefícios mútuos e portanto que satisfaçam os envolvidos; e o pleno e importantíssimo exercício da autonomia privada, isto é, da partes envolvidas , na produção de saídas para os problemas. 
Já como distinções, destaca-se que na conciliação o conciliador sugere, interfere, aconselha. Ao passo que a na mediação, o mediador facilita a comunicação, sem induzir as partes ao acordo. Enquanto o mediador atua no intuito de elaborar propostas pelas partes sem realizar qualquer interferência, o conciliador, ao contrário, atua como formulador das propostas, no sentido que interferi, aconselha e propõe o conteúdo do acordo.
A conciliação é mais indicada é mais indicada para os casos em que não havia vínculo anterior entre as partes envolvidas na questão em litígio, como por exemplo,  uma indenização por acidente de veículo, em que as pessoas não se conhecem (o único vínculo é o objeto do incidente). Já a técnica da mediação é mais indicada nos casos em que exista uma relação anterior e as partes, como por exemplo, relações familiares, decorrentes de relação comercial, ou trabalhistas. Os parágrafos 2° e 3° do artigo 165 do CPC ratificam essa diferenciação.
Tanto a mediação como a conciliação podem se realizar extrajudicialmente ou judicialmente, quando já está em curso o processo jurisdicional, caso em que atuam como auxiliares da justiça. O profissional mediador ou conciliador podem ser funcionários públicos ou profissionais liberais. E, as partes envolvidas escolhem, sempre de forma consensual, o profissional podendo ser conciliador ou mediador e o local a se realizar  Caso a escolha recaia sobre um profissional não cadastrado perante o tribunal será necessário providenciar este cadastro, conforme determinado nos artigos 167 e 168 do CPC.
 
Advento do CPC
 
O estímulo aos métodos consensuais de solução de conflitos no novo CPC tem como objetivo, além de solucionar o grande problema da progressiva demanda jurisdicional, uma transformação da sociedade que passa de uma cultura do litígio para uma cultura do consenso, ou seja, cultura da paz social.
Um dos pilares do Código de Processo Civil de 2015 é o de estimular a solução consensual de conflitos, como se observa de norma inserta em capítulo que dispõe a respeito das normas fundamentais do processo (§ 2º do art. 3º). Esta verdadeira orientação e política pública vem na esteira da Resolução 125/2010 do Conselho Nacional de Justiça, que tratou de fixar aportes mais modernos a respeito dos meios alternativos para a solução de controvérsias . 
Cada um dos meios alternativos (negociação, conciliação,mediação, dentre outros) são portas de acesso à justiça, sem exclusão dos demais canais de pacificação de conflitos, daí a razão de se defender como política pública a implantação do denominado Sistema Multiportas.
Neste diapasão, o novo CPC trouxe diversas inovações, as quais destacam-se: o  artigo 166 que  determina os princípios que regem a conciliação e a mediação e destaca a observância da aplicação de técnicas negociais, da confidencialidade e da livre autonomia dos interessados nos procedimentos. O conciliador e o mediador, assim como
os membros de sua equipe, não poderão divulgar os fatos oriundos da conciliação ou da mediação, em razão do dever do sigilo. Ambos os institutos devem respeitar a livre autonomia das partes, inclusive no que diz respeito à definição das regras procedimentais.
 
Busca pela desjudicialização
 
Vantagens:
A utilização dos institutos de conciliação e mediação produz benefícios vantajosos, tais como: resultados da solução de conflitos num tempo menor que um processo judicial, além de ser fruto
de um ajuste de vontades e, portanto, são cofiáveis;são também econômicos, tendo em vista, a inexistência de produção de provas, portanto economia com documentação, e ausência de pagamento de custas processuais; significa também um aumento interessante de opções disponível a sociedade para solução de conflitos; significa melhoria do sistema jurídico, uma vez que a sua utilização é determinante para a queda da demanda no Poder Judiciário.
 
Desvantagens
 
Os pontos contra podem ser reunidos em duas situações: substituição do Poder Judiciário, retirando do Estado uma de suas funções essenciais, qual seja a prestação jurisdicional; e a definição de “justiça de segunda classe”, em função do risco de celebrar um acordo lesivo, intermediado por um terceiro imparcial, porém não totalmente capacitado como é
um magistrado.
Também aponta-se como desvantagens a preocupação, o foco exclusivamente nos aspectos quantitativos referentes à conciliação e mediação, quais sejam economia ao erário e desafogamento dos tribunais, ao invés do foco na realização da justiça aos cidadãos. Igualmente, fala-se com temor de uma proliferação de câmaras privadas de meios consensuais de solução de conflitos, sem a qualidade de decisões que tanto almeja a sociedade.

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