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A validade jurídica da ata notarial como prova em processos judiciais de fatos originados digitalmente

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Prévia do material em texto

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DE BAGÉ 
FACULDADES IDEAU 
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A VALIDADE JURÍDICA DA ATA NOTARIAL COMO 
PROVA EM PROCESSOS JUDICIAIS DE FATOS 
ORIGINADOS DIGITALMENTE 
 
 
 
 
 
 
 
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 
 
 
 
 
 
 
 
IARA MARIA BRASIL DE MORAES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BAGÉ/RS 
2020 
 
 
IARA MARIA BRASIL DE MORAES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A VALIDADE JURÍDICA DA ATA NOTARIAL COMO 
PROVA EM PROCESSOS JUDICIAIS DE FATOS 
ORIGINADOS DIGITALMENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso, 
apresentado ao curso de Bacharelado em 
Direito, do Instituto de Desenvolvimento 
Educacional de Bagé Ltda., como parte 
dos requisitos para obtenção do grau de 
Bacharela em Direito. 
Orientadora: Profª. Ma. Lóren Formiga de 
Pinto Ferreira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BAGÉ/RS 
2020 
 
 
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DE BAGÉ 
FACULDADES IDEAU 
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO 
 
 
 
A comissão examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão 
de Curso 
 
 
A VALIDADE JURÍDICA DA ATA NOTARIAL COMO 
PROVA EM PROCESSOS JUDICIAIS DE FATOS 
ORIGINADOS DIGITALMENTE 
 
 
ELABORADO POR 
IARA MARIA BRASIL DE MORAES 
 
 
 
como requisito parcial para obtenção do grau de 
Bacharela em Direito 
 
Aprovado em:___/___/___ 
 
 
COMISSÃO EXAMINADORA: 
 
 
 
Profª. Lóren Formiga de Pinto Ferreira, Mestra (IDEAU) 
Orientadora 
 
 
 
Profª. Juliana Gonçalves de Oliveira, Mestra (IDEAU) 
 
 
 
Profª. Quélen Kopper, Especialista (IDEAU) 
 
 
 
BAGÉ/RS 
2020 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho às pessoas que estiveram 
comigo durante minha jornada e que 
diariamente são sinônimo de incentivo, 
inspiração, força e orgulho para mim. Em 
especial à minha mãe e meu pai. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Inicio meus agradecimentos, com gratidão à vida e suas situações de aprendizado, as 
quais me ensinaram a ter perseverança diante de todas as dificuldades que poderiam me tirar o 
foco mas não tiraram. 
Agradeço e dedico este trabalho em especial à minha mãe, Lourdes Brasil, que nunca 
me deixou faltar nada em casa, principalmente amor. Que me proporcionou uma educação firme 
em valores, empatia e respeito ao próximo, e que serve de exemplo para eu sempre buscar a 
evolução de ser uma pessoa melhor. Minha mãe, que é a mulher mais bela, guerreira, forte e de 
coração mais amoroso que eu já tive o prazer de conhecer. Ela é tudo aquilo que sou, ou 
pretendo ser. 
Agradeço e dedico este trabalho em especial também ao meu pai, Alexandre de 
Moraes, que sempre esteve presente, que investiu e persistiu nos meus sessenta meses de curso, 
me proporcionando a tranquilidade e o conforto que eu precisava para cumprir esta etapa. Meu 
pai, a pessoa que eu mais tenho orgulho do mundo, minha referência e motivação diária. 
Agradeço à quem chegou, me transformou, me floresceu e amadureceu. Que me 
incentivou todos os dias, com os melhores exemplos de como ser. Alicerce e a base dos meus 
momentos que felizes e de parte do meu progresso. Mentor em tempo integral, que me ensina 
sobre as coisas da vida que eu nunca compreenderia se não fosse por él. 
Agradeço à minha venerável orientadora, Lóren Ferreira, que esteve comigo durante 
esse percurso, que me guiou na direção correta, conduziu e lapidou este trabalho da melhor 
forma possível. Foi paciente e é amiga. Mulher essa inteligentíssima e referência, que terá para 
sempre um lugar exclusivo no meu coração. 
Por fim, mas não menos importante, agradeço a todos os excelentes docentes que 
fizeram parte da minha trajetória enquanto acadêmica do curso de Direito da IDEAU, que 
plantaram em mim a semente do saber. Aos meus colegas acadêmicos pelas trocas de 
experiências e convívio durante esses cinco anos. E às minhas companheiras diárias do Registro 
Civil das Pessoas Naturais de Bagé-RS, pelo tanto de sabedoria que me transmitem e que me 
fazem amar o que faço todos os dias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Da mihi factum dabo tibi jus” 
(Dá-me os fatos que lhe darei o Direito) 
 
 
RESUMO 
A atualização da legislação brasileira advinda do Código de Processo Civil (Lei n° 13.105, de 
16 de março de 2015) regula a produção de prova processual de dados representados por 
imagem ou som gravados em arquivo eletrônico, que poderão ser atestados em Ata Notarial. 
Esta por sua vez, é estruturada em esfera extrajudicial por um Tabelião, que é o profissional 
competente e com fé pública, autenticidade e segurança jurídica para verificar e atestar as 
postagens e conversas em redes sociais, e-mails e sites e que poderão ser levados a juízo em 
casos que interessam à solução de alguma lide. A Ata Notarial é um instrumento público de 
grande eficácia e agilidade para o Poder Judiciário, mas ainda assim, a utilização dela para fins 
de prova de fatos eletrônicos é um dos temas jurídicos contemporâneos menos pesquisados e 
utilizados entre os operadores de Direito. É a partir disso que surge a motivação deste trabalho. 
Nesse sentido, foi realizada pesquisa bibliográfica a fim de analisar a sua utilização como meio 
de prova de ilícitos praticados em ambientes virtuais. Com a realização da pesquisa, se conclui 
que a Ata Notarial possui característica de prova híbrida porque se encaixa em diversas 
definições e conceitos como por exemplo: prova instrumental, documental, eletrônica, digital, 
indireta, plena e pré-constituída. Os gastos com a lavratura de uma Ata Notarial integram o 
conceito legal de despesa processual previsto no artigo 84 do Código de Processo Civil. 
 
Palavras-chave: Direito Notarial. Ata Notarial. Fato digital. Prova Processual. 
 
 
 
RESUMEN 
La actualización de la legislación brasileña derivada del Código de Procedimiento Civil (Ley 
N ° 13.105, de 16 de marzo de 2015) regula la producción de prueba procesal de datos 
representados por imagen o sonido registrados en un archivo electrónico, que pueden ser 
atendidos en acta notarial. Este a su vez, está estructurado en un ámbito extrajudicial por un 
Notario, quien es el profesional competente y con fe pública, autenticidad y certeza jurídica 
para verificar y certificar las publicaciones y conversaciones en redes sociales, correos 
electrónicos y sitios web que se puedan tomar. a los tribunales en los casos que sean de interés 
para resolver cualquier disputa. Las actas notariales son un instrumento público de gran eficacia 
y agilidad para el Poder Judicial, pero aún así, su uso con el fin de probar hechos electrónicos 
es uno de los temas jurídicos contemporáneos menos investigados y utilizados entre los 
operadores del derecho. De ahí surge la motivación para este trabajo. En este sentido, se realizó 
una investigación bibliográfica con el fin de analizar su uso como medio de prueba de actos 
ilícitos practicados en entornos virtuales. Con la finalización de la investigación, se concluye 
que el acta notarial tiene la característica de prueba híbrida porque encaja en varias definiciones 
y conceptos como: prueba instrumental, documental, electrónica, digital, indirecta, plena y 
preconstituida. Los gastos de redacción de actas notariales forman parte del concepto legal de 
gasto procesal previsto en el artículo 84 del Código de Procedimiento Civil. 
 
Palabras clave: Ley Notarial. Acta notarial. Hecho digital. Prueba procesal. 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
Figura 1 - 10 motivos para... Fazer uma Ata Notarial .............................................................. 32 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS 
Art. – Artigo 
CFBR – Constituição da República Federativa do Brasil 
CGJ – Corregedoria-Geral de Justiça 
CNJ – Conselho Nacionalde Justiça 
CNNR – Consolidação Normativa Notarial e Registral 
CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas 
CPC – Código de Processo Civil 
CPF – Cadastro de Pessoas Físicas 
EPROC – Sistema de processos eletrônicos 
ISSQN – Imposto sobre serviço de qualquer natureza 
PDF – Formato de documento portátil (Portable Document Format) 
RG – Registro Geral 
RS – Rio Grande do Sul 
SMS - Serviço de Mensagens Curtas (Short Message Service) 
SP – São Paulo 
STF – Supremo Tribunal Federal 
STJ – Superior Tribunal de Justiça 
TJ – Tribunal de Justiça 
 
 
 
SUMÁRIO 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................ 11 
1 Desenvolvimento ................................................................................................................... 14 
1.1 Visão geral do Direito Notarial no Brasil ........................................................................... 14 
1.1.1 A importância do Cartório para a Sociedade ................................................................... 15 
1.1.2 Conceito e objeto do Direito Notarial.............................................................................. 16 
1.1.3 A função notarial do Tabelião de Notas ........................................................................... 17 
1.2 Princípios norteadores da atividade notarial ....................................................................... 19 
1.2.1 Princípio da fé pública ..................................................................................................... 20 
1.2.2 Princípio da publicidade .................................................................................................. 21 
1.2.3 Princípio da autenticidade ............................................................................................... 22 
1.2.4 Princípio da segurança e eficácia dos atos jurídicos........................................................ 22 
1.2.5 Princípio da conservação ................................................................................................. 23 
1.3 Ata Notarial ........................................................................................................................ 24 
1.3.1 Conceito e previsão ......................................................................................................... 24 
1.3.2 Objeto .............................................................................................................................. 26 
1.3.3 Estrutura e escrituração ................................................................................................... 28 
1.3.4 Custos e emolumentos da Ata Notarial ........................................................................... 30 
1.3.5 Limite territorial para a lavratura de Ata Notarial sobre fato digital ............................... 31 
1.3.6 Benefícios em fazer uma Ata Notarial ............................................................................. 32 
2 A VALIDADE JURÍDICA DA ATA NOTARIAL COMO MEIO TÍPICO DE PROVA PARA 
PROCESSOS JUDICIAS DE FATOS ORIGINADOS DIGITALMENTE ............................. 33 
3 METODOLOGIA .................................................................................................................. 38 
4 RESULTADOS ...................................................................................................................... 40 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 42 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 44 
APÊNDICES ............................................................................................................................ 47 
 
11 
 
 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Sendo o Direito Notarial um âmbito não muito desvendado e tão pouco pesquisado pela 
maioria dos acadêmicos de bacharelado em Direito da graduação, seus conteúdos e 
particularidades tornam-se menos conhecidas do que as áreas mais convencionais de estudos e 
que chamam maior atenção entre a maioria dos estudantes, ficando evidenciado o afastamento 
do conhecimento sobre as possibilidades, eficácia e agilidades dos Cartórios como serviços 
extrajudiciais que estão presentes em todos os municípios e Comarcas do país e que são de 
extrema utilidade para os cidadãos, servindo inclusive como solução para desafogar o Poder 
Judiciário brasileiro. 
O ponto central deste trabalho refere-se ao Instrumento Público intitulado Ata Notarial, 
que é um mecanismo de pouquíssima divulgação entre a sociedade e, também, para alguns 
operadores de Direito. Formalizada no Tabelionato de Notas, a Ata Notarial tem como objeto 
os fatos, englobando os físicos, eletrônicos, lícitos e sensoriais. O foco deste trabalho será a Ata 
Notarial de fatos originados no meio digital e eletrônico, pois isso é possível e pode servir como 
prova documental para processos judiciais com fulcro no artigo 384 do Código de Processo 
Civil (Lei n° 13.105 de 16 de março de 2015), que determina que: “A existência e o modo de 
existir de algum fato podem ser atestados ou documentados, a requerimento do interessado, 
mediante ata lavrada por tabelião”. Complementa, ainda, o parágrafo único deste artigo que: 
“Dados representados por imagem ou som gravados em arquivos eletrônicos poderão constar 
da Ata Notarial”. (BRASIL, 2015) 
Considerando a Internet um universo sem fronteiras e veloz, os fatos que causam 
responsabilidade originados nesse meio estão cada vez mais desenfreados, fazendo com que o 
Poder Judiciário demande estratégias ágeis a ponto de conseguir acompanhar esse ritmo tão 
acelerado. E, nesse sentido, ele pode se fazer valer da Ata Notarial e da serventia extrajudicial, 
tendo em vista que elas são privilegiadas de trâmites mais desobstruídos e ágeis, facilitando a 
produção e a validação das provas judiciais e obtendo maior material que fundamente os autos 
processuais. 
A evolução das relações interpessoais gerada por trás de um clique, de uma tela, de um 
computador ou celular evolui constantemente, obrigando, naturalmente, que o Direito 
acompanhe e se adapte, visando preservar os direitos e as garantias constitucionais da pessoa 
humana, inclusive no mundo digital e virtual. É a partir dessa evolução que nasce o dever do 
Estado. 
12 
 
 
Vale salientar que, apesar da tecnologia da informação permitir que se avance na criação 
e na aceitação de outros tipos de provas (e-mail, arquivo de som, imagens etc.), crescem, 
também, as chances de que eles sofram adulterações, por meio de manipulação dos arquivos, 
seja por eventuais invasões hackers ou por falsidade preordenada de informações. Com isso, é 
necessário responder aos seguintes questionamentos: A Ata Notarial é importante para 
comprovar fatos praticados em meio digital? Ela vem sendo aplicada nos processos? A 
utilização da Ata Notarial é viável em todos os casos de ilícitos em meio eletrônico? Ela é 
acessível a qualquer pessoa? 
Portanto, o respectivo trabalho terá como objetivo geral analisar a utilização da Ata 
Notarial como meio de prova em processos judiciais que envolvem fatos originados em 
ambientes digitais. Os objetivos específicos da pesquisa são: observar a visão geral e 
importância do Direito Notarial no Brasil, a função notarial do Tabelião de Notas, identificar os 
princípios norteadores da Atividade Notarial; esclarecer sobre o conceito, objeto e elementos 
da Ata Notarial, sua estruturação e escrituração, custos e peculiaridades e confirmar com a 
jurisprudência pátria a validade da Ata Notarial como meio de prova típica para processos 
judiciais de fatos que ocorram eletronicamente e digitalmente 
A escolha do tema se deu pelo interesse pessoal da pesquisadora, por se tratar de tema 
contemporâneo que estabelece relações com a necessidade deprovar atos que provoquem 
responsabilidades e que são praticados em meio eletrônico e digital, quando o documento ou 
arquivo que poderia servir de prova não possui autenticidade suficiente para ser anexada e 
validada em processos judiciais. 
A pesquisa será caracterizada pelo estudo exploratório. O propósito será descrever, a 
partir de um levantamento bibliográfico, os pontos de princípios que dizem respeito à Ata 
Notarial e explorar sobre as possibilidades de legitimação dos fatos originados na Internet para 
a prova documental processual. A base principal do estudo bibliográfico será a partir das obras 
literárias e técnicas, da legislação pátria e das jurisprudências atuais sobre o assunto. 
Apresentando, de forma sucinta ao leitor um pouco o direito notarial que por vezes passa 
despercebido nos estudos jurídicos. O levantamento de dados também dar-se-á a partir de uma 
conversa livre com o Tabelião Moisés Corrêa Batista, responsável pelo 1º Tabelionato de Notas 
de Bagé/RS, que esclarecerá com as suas experiência informações complementares que não são 
supridas pela doutrina mas que são frequentemente presentes na prática. E a apresentação do 
modelo de uma Ata Notarial com fato originado em WhatsApp. 
Nisso foi possível constatar que a Ata Notarial com objeto o fato originado digital e 
eletronicamente é um tipo de prova processual estruturada e escriturada pelo profissional com 
13 
 
 
poderes emanados e investido de fé pública, autenticidade e segurança jurídica, cujo são 
delegados pelo Estado por meio do Poder Judiciário. Possui característica de prova híbrida 
porque se encaixa em diversas definições e conceitos como por exemplo: prova instrumental, 
documental, eletrônica, digital, indireta, plena e pré-constituída e que deverá ter os custos da 
lavratura inclusos nas despesas processuais 
Esta monografia está dividida da seguinte forma: A próxima seção é destinada ao Direito 
Notarial apresentado de modo geral, o conceito e o objeto, sendo indicada, também, a 
importância das serventias extrajudiciais na sociedade e a atividade do Tabelionato de Notas e 
do responsável por este: o Tabelião. Por serem base para o desenvolvimento de qualquer 
assunto, logo em seguida, serão tratados os princípios da atividade notarial, dando ênfase aos 
princípios da fé pública, da publicidade, da autenticidade, da segurança e eficácia jurídica e da 
conservação dos atos. No terceiro momento, será abordada a Ata Notarial propriamente dita, o 
seu conceito, objetos, a estruturação e escrituração, tratando, também, da competência territorial 
referente à lavratura dos fatos ocorridos em ambiente virtual e a presunção juris tantum, isto é, 
até qual ponto a Ata Notarial é válida nesses casos. 
Posteriormente, o estudo focaliza a validade jurídica da Ata Notarial como espécie 
própria de prova de processos judiciais de fatos digitais e eletrônicos e a comprovação efetiva 
da utilização desse instrumento documental dada pela jurisprudência pátria. 
Terminado o referencial teórico são apresentados e discutidos os resultados da pesquisa 
e apresentadas as considerações finais e referências utilizadas para o seu desenvolvimento. 
 
14 
 
 
1 DESENVOLVIMENTO 
1.1 Visão geral do Direito Notarial no Brasil 
Para desenvolver o raciocínio que dará sentido ao estudo sobre a Ata Notarial e sua 
utilização para fins de prova judicial, é de essencial importância dar atenção às bases e diretrizes 
que originaram esse instrumento. 
Considerado pela doutrina como um fenômeno pré-jurídico, pode-se dizer que a 
existência do notariado antecede o próprio Estado e o Direito positivado em códigos. Os fatos 
pessoais, os negócios e as relações públicas se formaram há milênios, tão junto com a evolução 
da própria civilização, servindo de necessidade para o desenvolvimento do Notariado até os 
dias de hoje. Particularmente no Brasil, um marco importantíssimo que pode ser usado como 
referência é o descobrimento e colonização do país, fato esse que foi relatado e registrado na 
“Carta a El Rei D. Manuel” por Pero Vaz de Caminha, escrivão da embarcação de Pedro 
Álvares Cabral e visto pelos doutrinadores do Notariado como o primeiro tabelião a chegar sob 
as terras brasileiras. Sendo essa a lógica de Silva Neto et al. (2004, p. 41) 
"No Brasil, a primeira Ata Notarial lavrada foi por Pero Vaz de Caminha, escrivão da 
armada portuguesa, ao narrar para o rei de Portugal a descoberta e a posse das novas 
terras. Embora lavrada sob outra designação, a carta de Pero Vaz de Caminha, levada 
para Portugal por Gaspar de Lemos, e que é o “registro de nascimento” do Brasil, 
constitui-se efetivamente na primeira Ata Notarial lavrada em solo pátrio, uma vez 
que lavrada pelo escrivão da armada e dada a sua natureza narrativa." 
Apesar do tema notarial ser um instituto inveterado, o respectivo trabalho o abordará a 
visão geral do Direito Notarial delimitada a partir da Constituição Federal brasileira de 1988 
que contemplou o artigo 236 especialmente para os serviços notariais e de registro. A partir de 
então, a histórica nomenclatura “Cartório1” foi substituída para serventias de “serviços notariais 
e de registro2”, mas ainda é de praxe a sociedade, inclusive no meio jurídico, utilizar-se do 
primeiro termo. 
O Direito Notarial e sua legislação são recheados de dispositivos de Direito Material e 
Processual, e a competência para legislar sobre tal assunto é privativa da União, em 
 
1 A conhecida palavra portuguesa cartório finca raízes em boa fonte greco-latina. O núcleo da palavra é CHARTÆ, 
CHARTA, carta, chartula <https://cartorios.org/2015/04/24/a-bela-palavra-cartorio/#_ftn1> 
2 Após a publicação da Constituição Federal do Brasil de 1988, os “Cartórios”, atualmente denominados 
“Serventias ou Ofícios Extrajudiciais”, são os locais onde funcionam os Serviços Notariais (Tabelionatos) e de 
Registro (Ofícios de Registro) (MOREIRA, Manoela. Tudo sobre os disputados concursos para cartório. 
Disponível em: <https://noticias.cers.com.br/noticia/tudo-sobre-os-disputados-concursos-para-cartorio/> 
15 
 
 
conformidade com a previsão do artigo 22, inciso XXV da Carta Magna. Diante disso, em 18 
de novembro de 1994, foi sancionada a Lei nº 8.935 (Lei dos cartórios) que regulamenta o artigo 
236 supra e que será base durante o desenvolvimento deste trabalho. 
A natureza jurídica do Direito Notarial é observada como segmento autônomo e 
independente dos demais Direitos Públicos e Privados. Nessa lógica, Chaves e Celso (2013, p. 
60) entendem que: 
Por vezes classificado como ramificação do direito civil, não se encontra o direito 
notarial enquadrado como campo essencialmente de direito privado. É, em verdade, 
ramo pertencente ao direito público, mas com intersecção em direito privado, visto 
que o tabelião não só atua no relativo à vontade apresentada pelos particulares, como 
também mantém profunda relação com o Estado sendo agente que integra sistema de 
proteção de direito fundamental – propriedade –, de princípio fundamental da 
República – soberania – e de fiscalizador da integridade negocial e tributária das 
relações privadas.3 (CHAVES, 2013) 
A atividade notarial é exercida em caráter privado por profissionais do Direito 
intitulados notário/tabelião ou registrador, mediante delegação 4 do Poder Público 
(TRILHANTE, 2020). Isso significa que a fiscalização e controle dos serviços é feita pelo 
Estado, porém a responsabilidade e compromisso da prestação dos serviços é da pessoa 
particular que será designada para a função administrativa. A designação ocorre mediante 
concurso público de prova e títulos. 
1.1.1 A importância do Cartório para a Sociedade 
Ainda que, muitas vezes, possuam a fama de burocráticos, os Cartórios desempenham 
uma importante função na desjudicialização como forma de acesso à justiça. É por meio dos 
Cartórios que muitos dos cidadãos buscama efetivação de seus direitos, dando como exemplo 
o acesso gratuito constitucionalmente garantido às Certidões de Nascimento (art. 5º, LXXVI, CF 
c/c Art. 30 da Lei nº 6.015/73) que geram a personalidade civil e são formalizadas nos Registros 
Civis das Pessoas Naturais, além das Certidões de Casamento e de Óbito ; os títulos de 
propriedades de imóveis registrados nos Ofícios de Registro de Imóveis (art. 167, I, item 42 da 
Lei nº 6.015/73); as escrituras públicas de emancipações, os reconhecimento de assinaturas, as 
cópias autenticadas de documentos e as atas notariais que são lavradas em Tabelionato de Notas 
 
3 CHAVES, Carlos Fernando Brasil; REZENDE, Afonso Celso Furtado de. Tabelionato de notas e o notário 
perfeito. 7ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013 
4 “O que é delegação? Delegação é a especial autorização para realizar, explorar e exercer uma atividade própria 
e ínsita do Estado” Direito Notarial – Introdução. 2m16s. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=NwRrXcfJto0> 
https://www.youtube.com/watch?v=NwRrXcfJto0
16 
 
 
(art. 7º da Lei nº 8.935/94), entre outros serviços extrajudiciais que se encontram previstas na 
Lei dos Cartórios (Lei nº 8.935 de 18 de novembro de 1994). 
Ademais, os Cartórios são responsáveis por oficializar a vontade das partes e produzir 
efeitos jurídicos em atos e negócios jurídicos e também sustentam as bases de dados do país, 
conferem informações ao Poder Judiciário quando necessário, arrecadam tributos e possibilitam 
consultas necessárias ao cidadão que busca por informações a respeito da vida civil, de 
aquisições de veículos, inventários, divórcios, testamentos, etc. 
“Vê-se que, ao lado do registro notarial sempre houve uma tendência natural de 
constituição de fólios ou de arquivos que serviam para se evitar o extravio de documentos 
volantes e que serviram, principalmente, à perpetuação dos títulos para a prova e justificação 
de direitos”5. (JACOMINO, 2020) 
Comparando a ideia de Cláudio Martins (1979) uma das questões interessantes das 
serventias extrajudiciais é a pacificação social envolvida na maior parte dos atos ocorridos, é 
válido ressaltar que a consensualidade entre as partes é um dos requisitos fundamentais para 
que os Cartórios possam proceder de maneira que evite que os litígios cheguem ao Poder 
Judiciário, sobrecarregando-o ainda mais. E da economia que, de certa forma, custa bem menos 
do que os valores de processos judiciais, recursos e afins, observado com um olhar comparativo 
à Tabela de Honorários Advocatícios6 versus Tabelas de Emolumentos7, ambos do Estado do 
Rio Grande do Sul do ano de 2020. 
1.1.2 Conceito e objeto do Direito Notarial 
O Direito Notarial é um ramo do Direito autônomo e independente, mas correlacionado 
à esfera do Direito Público. É considerado um conjunto de normas jurídicas e diretrizes que 
disciplinam as relações humanas particulares mas de interesses relevantes à sociedade, isto é, 
difuso, que tornem necessário que os atos sejam públicos, autênticos, eficazes e principalmente 
conservados. Nesse sentido, 
 
5 JACOMINO, Sergio. A bela palavra cartório. Observatório do Registro, 2015. Disponível em: 
<https://cartorios.org/2015/04/24/a-bela-palavra-cartorio/#_ftn1> Acesso em 01/10/2020. 
6 ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - RIO GRANDE DO SUL. Resolução nº 02/2015. Dispõe sobre a 
remuneração mínima das atividades dos Advogados e apresenta Tabela de Honorários Advocatícios no Estado do 
Rio Grande do Sul. Disponível em: <https://www.oabrs.rg.br/otabela-honorarios> Acesso em 01/11/2020. 
7 TABELA DE EMOLUMENTOS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Disponível em: 
<https://www.tjrs.jus.br/novo/processos-e-servicos/servicos-extrajudiciais/tabela-de-emolumentos/> Acesso em 
01/11/2020. 
https://cartorios.org/2015/04/24/a-bela-palavra-cartorio/#_ftn1
17 
 
 
“...podemos definir o direito notarial como o conjunto de normas e princípios que 
regulam a função do notário, a organização do notariado e os documentos ou 
instrumentos redigidos por esse profissional do direito que, a título privado, exerce 
uma função pública por delegação do Estado.” (LOUREIRO, 2018) 
A Lei dos Cartórios, em seu artigo 1º estabelece que os “Serviços notariais e de registro 
são os de organização técnica e administrativa destinados a garantir a publicidade, 
autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos”. 
Os objetos do Direito Notarial nada mais é que a vontade das partes formalizadas, os 
atos e negócios jurídicos e os fatos, sendo os mesmos equiparado pelas atribuições encontradas 
no artigo 6º da Lei nº 8.935/94, in verbis: 
Art. 6º Aos notários compete: 
I - formalizar juridicamente a vontade das partes; 
II - intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes devam ou queiram dar forma 
legal ou autenticidade, autorizando a redação ou redigindo os instrumentos 
adequados, conservando os originais e expedindo cópias fidedignas de seu conteúdo; 
III - autenticar fatos. (BRASIL. 1994) (grifo da autora) 
Posto isto, evidencia-se que a função notarial é uma atividade pública de extrema 
importância para o Estado do passado, do presente e do futuro, já que é responsável por 
preservar os atos e fatos jurídicos que auxilia na organização administrativa estatal do Poder 
Público referente aos dados da população. (FERREIRA, 2018). 
1.1.3 A função notarial do Tabelião de Notas 
A instituição do Estado de Direito positivado pela Constituição brasileira de 1988 possui 
como valor supremo a ordem jurídica interna. Diante disso, a Carta Magna dispõe sobre as 
formas de atuação, as limitações e funções governamentais sobre as pessoas que englobam a 
sociedade do país. Dentro da matéria em estudo, “o Estado tem de dispor de uma função 
diferente da judicial, destinada à conservação, ao reconhecimento e à garantia do direito em 
estado normal: a função notarial” (FERREIRA, 2018). 
O Tabelião de Notas é a pessoa com competência exclusiva a assumir o Tabelionato de 
Notas, mantendo sempre em conformidade com as regras e diretrizes positivadas na 
Constituição, nas Leis em geral e em regimentos próprios de cada estado, de forma organizada, 
segura e eficiente a serventia, os acervos e os serviços que lhe são destinados. Bem como a 
responsabilidade pelos seus prepostos, denominados escreventes e tabeliães substitutos e 
também “a garantia da correta utilização dos Selos Digitais de Fiscalização Notarial e 
Registral”, e esclarece o artigo 40 da Consolidação Normativa Notarial e Registral (CNNR, 
2020) do Estado do Rio Grande do Sul. 
18 
 
 
No panorama cotidiano a função notarial possui como principais características: a 
validação das vontades e acordo entre as partes, a autenticação dos atos comuns e a legitimação 
das relações públicas de direito privado8 (FERREIRA, 2018) 
É também função do Tabelião de Notas assessorar as partes sobre os efeitos jurídicos de 
seus atos e ainda prestar os esclarecimentos sobre as possibilidades e requisitos legais exigidos. 
Vale ressaltar as palavras de Ferreira (2018): 
 “O assessoramento é decorrência do princípio da legalidade a que está adstrito o fazer 
notarial. O controle da legalidade no assessoramento, ressalte-se, tem duplo 
significado: primeiro, a consecução do interesse público de conservar os direitos na 
normalidade jurídica e a estabilidade jurídica dos direitos adquiridos; segundo, 
garantir que as partes cumpram todos os requisitos legais e tributários no ato que 
realizam, para que obtenham seus efeitos jurídicos plenos.” (FERREIRA, 2018) 
 O artigo 7º da Lei nº 8.935/94 estabelece a função exercida com exclusividade pelos 
tabeliães de notas, como pode ser observado in verbis: 
Art. 7º Aos tabeliães de notas compete com exclusividade: 
I - lavrar escrituras e procurações, públicas; 
II - lavrar testamentos públicos e aprovar os cerrados; 
III - lavrar atas notariais;IV - reconhecer firmas; 
V - autenticar cópias. (BRASIL. 1994) 
Dito isto e considerando que a função notarial do Tabelião de Notas é meramente 
administrativa, cabe destacar ainda que a função notarial fiscalizadora e de regulamentação é 
responsabilidade do Poder Judiciário, melhor especificado, em âmbito municipal, do Juiz de 
Direito Diretor do Foro da Comarca competente em que situa-se o Serviço Notarial; em âmbito 
estadual, da Corregedoria-Geral de Justiça do Estado (art. 37, Lei nº 8.935/94 c/c arts. 4º e 48 
da CNNR-RS 2020); e em âmbito nacional, do Conselho Nacional de Justiça (art. 103-B, §4º, 
III da CF). A fiscalização tem como propósito prevalecente a proteção dos interesses das partes 
e do Estado, para que não haja vícios9 nos atos e acordos realizados nas serventias e que esses 
não sejam atestados por pessoa inábil para a função (BRASIL, 2020). 
 
8 "O tabelião autentica, apondo sua fé pública a fatos de interesses das partes, mas o foco da atividade notarial é 
mais amplo: busca legitimar um negocio privado em face não somente destes interesses, mas também para certeza 
do Estado e da sociedade" FERREIRA, Paulo Roberto Gaiger, Tabelionato de notas: Vol 1 – teoria geral do direito 
notarial e minutas - Paulo Roberto Gaiger Ferreira e Felipe Leonardo Rodrigues. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva 
Educação, 2018. (Coleção Cartórios / coordenador Christiano Cassettari) 
9 Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: II - por vício resultante 
de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. (Lei nº 10406/02 – Código Civil0) 
19 
 
 
1.2 Princípios norteadores da atividade notarial 
Os tabeliães, assim como todos os demais operadores de Direito, devem seguir regras e 
diretrizes jurídicas positivadas em Lei, que, por sua vez, seguem princípios. “Como ente estatal, 
o tabelião está sujeito aos princípios da administração. E, como agente a serviço dos 
particulares, o tabelião deve operar em obediência aos princípios do direito privado.” 
(FERREIRA, 2018) 
Os princípios da administração pública, estão presentes no artigo 37 da Constituição 
Federal brasileira que prevê: “Art. 37 administração pública direta e indireta de qualquer dos 
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios 
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”. Explicados segundo a 
visão De MELLO (2010, p. 26): 
 Legalidade: “O princípio da legalidade é o da completa submissão da 
Administração às leis. Esta deve tão-somente obedecê-las, cumpri-las, pô-las em 
prática. (…) significa que a Administração nada pode fazer senão o que a lei 
determina.” 
 Impessoalidade: “Simpatias ou animosidades pessoais, políticas ou ideológicas 
não podem interferir na atuação administrativa (…) O princípio em causa não é 
senão o próprio princípio da igualdade ou isonomia. (…) “todos são iguais 
perante a lei”” 
 Moralidade: “a Administração e seus agentes têm de atuar na conformidade de 
princípios éticos Administração haverá de proceder em relação aos 
administrados com sinceridade e lhaneza, sendo-lhe interdito qualquer 
comportamento astucioso, eivado de malícia, produzido de maneira a confundir, 
dificultar ou minimizar o exercício de direitos por parte dos cidadãos” 
 Publicidade: “Consagra-se nisto o dever administrativo de manter plena 
transparência em seus comportamento… Na esfera administrativa o sigilo só se 
admite, a teor do Art. 5º, XXXIII, precitado, quando “imprescindível à segurança 
da Sociedade e do Estado” 
 Eficiência: “Tal princípio não pode ser concebido senão na intimidade do 
princípio da legalidade, pois jamais uma suposta busca de eficiência justificaria 
postergação daquele que é o dever administrativo por excelência, o princípio da 
eficiência não parece ser mais do que uma faceta de um princípio mais amplo já 
superiormente tratado, de há muito, no Direito italiano: o princípio da “boa 
20 
 
 
administração10”” 
No entendimento de SILVA, De Plácido e (2014) consideram-se princípios os pontos 
básicos e primordiais que servem como base e preceitos fundamentais do Direito e alicerce de 
toda ação jurídica, traçando as condutas de qualquer operação jurídica. 
Diante disso, frisa-se que a Lei dos Cartórios (BRASIL, 1994) já de início estabelece 
que o Notário, ou tabelião, e oficial de registro, ou registrador, são profissionais do direito, 
dotados de fé pública (art. 3 º) destinados a garantir a publicidade, autenticidade, segurança 
e eficácia dos atos jurídicos (art. 1º). A partir daí, mostram-se os princípios mais importantes 
que regem a atividade notarial. 
1.2.1 Princípio da fé pública 
A confiança existente em documentos atestados por autoridades públicas e 
serventuários11 da Justiça, por força da função exercida (SILVA, De Placido e, 2014) funda-se 
pela fé pública. 
Como observa-se nas palavras de Ferreira (2018, p. 78) 
“A fé pública, como princípio e como efeito do ato notarial, ou princípio da 
notoriedade, implica em reconhecer que os fatos que o tabelião presencia e também 
os que não presencia, mas pela cognição indireta decide declarar no ato notarial como 
verdadeiros, têm a presunção de veracidade” 
A Lei Maior em seu artigo 19, inciso II determina que “É vedado à União, aos Estados, 
ao Distrito Federal e aos Municípios: recusar fé aos documentos públicos” e o artigo 374, inciso 
IV da Lei nº 13.105/15 impõe que “Não dependem de prova os fatos: em cujo favor milita 
presunção legal de existência ou de veracidade.”. Ainda, os artigo 405 e 406 da Lei supra 
observam sobre a força probante dos documentos e instrumentos públicos 
Art. 405. O documento público faz prova não só da sua formação, mas também dos 
fatos que o escrivão, o chefe de secretaria, o tabelião ou o servidor declarar que 
ocorreram em sua presença. 
Art. 406. Quando a lei exigir instrumento público como da substância do ato, nenhuma 
 
10 “A noção de boa administração pública, pode ser compreendida como mecanismo jurídico apto a reforçar a 
efetividade dos direitos fundamentais materializado no dever de prestação de serviços públicos adequados e 
eficientes” (CARVALHO, 2013) 
11 O serventuário é o que ocupa cargo ou função de ordem pública, autorizada ou instituída pelo Estado, mas não 
tem vencimentos estipulados em lei, ou não é pago pelos cofres públicos, retirando proventos através de 
emolumentos cobrados pelos serviços executados. Na categoria de serventuários estão os auxiliares da Justiça: 
escrivães, oficiais de Justiça, porteiros dos auditórios, depositários públicos, partidores, distribuidores, contadores 
etc. (SILVA, De Placido e, 2014) 
21 
 
 
outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta. (BRASIL, 2015) 
Isto evidencia que a autenticação e a certificação dos fatos e atos jurídicos sustentados 
pela fé pública é absoluta e devem ser considerados verdadeiros por todas as pessoas jurídicas, 
tanto de direito público quanto privado. Sendo a atividade dos tabeliães e notários, delegada, a 
fé pública automaticamente também é do Estado (LOUREIRO, 2018). 
Registra-se ainda que, na área do Tabelionato de Notas, a fé pública é exclusiva do 
tabelião de notas, com exceção do substituto ou dos prepostos (escreventes) que são autorizados 
a assinar os atos, com valor igual legitimidade, em conformidade com o artigo 20, parágrafos 
3º e 4º da Lei nº 8.935/94 (BRASIL, 1994) 
Ademais, o Tabelião deve agir sempre com imparcialidade, igualdade e equidistância, 
pois sendo a fé pública dota dever de confiança ao profissional, para que a parte tenha segurança 
no ato notarial. 
1.2.2 Princípio da publicidade 
Formado de público, do latim publicus, de publicare (publicar, dar ao público, expor ao 
público), entende-se, na linguagem jurídica, a condição ou aqualidade de público (…) 
significando, assim, o próprio meio utilizado para que se torne notório ou de conhecimento 
generalizado o fato ou a coisa. (...) para que todos possam saber ou conhecer o fato a que se 
refere (SILVA, De Placido e, 2014) 
O princípio da publicidade quando diretamente ligado à atividade Notarial, diz respeito 
ao dever de acesso do ato ao conhecimento geral. Nas palavras de Martha El Debs (2018) 
A publicidade tem por finalidade outorgar segurança às relações jurídicas, 
assegurando a qualquer interessado o conhecimento do teor dos acervos, das 
serventias notariais e registrais e garantir sua oponibilidade contra terceiros. No 
direito brasileiro se dá por meio de expedição de certidão. 
Sendo assim, o instrumento de publicidade dos cartórios é a certidão, que poderá ser 
emitida mediante solicitação pela parte interessada. É interessante mencionar que informações 
divulgadas por telefone quebram o princípio da segurança jurídica e por isso não é possível tal 
alternativa. Pois bem, o registrador Sérgio Jacomino, esclarece em artigo divulgado pelo site 
Círculo Registral que: 
1. Informação registral, prestada em qualquer meio, somente pode se dar nos moldes 
previstos na Lei 6.015/1973 e Normas de Serviço da Corregedoria Geral de Justiça. A 
informação eletrônica se fará nos termos § único do Art. 17 da mesma lei. 
2 Toda informação, seja em que meio prestada, deve ser cobrada. Além dos 
emolumentos devidos – dos quais o registrador não pode abrir mão, sob pena de 
22 
 
 
infringir as regras e princípios de direito tributário – incidem custas e contribuições, 
cuja isenção ou não cobrança pode levar à responsabilidade do Oficial, sujeito passivo 
por substituição (art. 3º da Lei 11.331/2002). 
3. Informações telefônicas devem cingir-se a meras informações gerais, não cabendo 
responder consultas técnicas, nem tampouco prestar informações específicas sobre a 
situação jurídico-real acerca dos titulares de direitos inscritos. 
4. Cabe exclusivamente aos oficiais a escolha da melhor forma para a expedição das 
certidões dos documentos registrados e atos praticados no Cartório. (Disponível em: 
<https://circuloregistral.com.br/2016/05/03/publicidade-registral-informacao-por-
telefone/> Acesso em 02 de out de 2020) 
Ainda, salienta-se que a publicidade notarial não é ilimitada, tendo em vista que os 
particulares possuem o direito constitucional à intimidade e à vida privada (art. 5º, X, CF) e que 
não devem ser relevados. Há a garantia por Lei, de sigilos a certas informações (FERREIRA, 
2018) Sendo assim, as atas notariais com conteúdo pornográfico, pedófilo e constrangedores, 
além de outros assuntos de exclusivo interesse dos interessados desde que não sejam negócio 
jurídico não poderão ser divulgados para qualquer pessoa, como as demais certidões. 
1.2.3 Princípio da autenticidade 
Nos dizeres de SILVA, De Placido e (2014), a autenticidade tem como significado “a 
qualidade de ser autêntico ou de ser verdadeiro. Opõe-se à falsidade. A autenticidade do 
documento ou do ato indica que é ele verdadeiro, exato e está legal” Por sua vez, autêntico, 
vem da palavra “latina authenticus (autorizado, válido, aprovado), significa todo ato que se faz 
revestido das formalidades legais ou das solenidades exigidas para que possa surtir sua eficácia 
jurídica” 
A autenticidade emana da competência acompanhada da fé pública do tabelião ou 
registrador, conforme afirma-se pelos incisos II e III do Art. 6º da Lei dos Cartórios 
Art. 6º Aos notários compete: 
I -omissis 
II - intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes devam ou queiram dar forma 
legal ou autenticidade, autorizando a redação ou redigindo os instrumentos 
adequados, conservando os originais e expedindo cópias fidedignas de seu conteúdo; 
III - autenticar fatos. (BRASIL, 1994) (grifo da autora) 
Todos os atos emitidos por certidão ou documento oficial por tabeliães ou notários, em 
decorrência de seu oficio exprimem autenticidade e, portanto, se aduz aos atos privados. 
1.2.4 Princípio da segurança e eficácia dos atos jurídicos 
Segurança Jurídica para Silva e De Placidos (2014), é entendido como “o que exige a 
confiabilidade, a clareza, a razoabilidade e a transparência dos atos do poder”, por sua vez, a 
http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/2002/lei%20n.11.331,%20de%2026.12.2002.htm
https://circuloregistral.com.br/2016/05/03/publicidade-registral-informacao-por-telefone/
https://circuloregistral.com.br/2016/05/03/publicidade-registral-informacao-por-telefone/
23 
 
 
eficácia: “compreende-se como a força ou poder que possa ter um ato ou um fato, para produzir 
os desejados efeitos (…) advém da força jurídica ou dos efeitos legais atribuídos ao ato jurídico 
(…) decorre, pois, a produção dos efeitos com validade jurídica” 
Nas palavras de Ferreira (2018) “O notário existe por e para a segurança jurídica, seja 
pelo ângulo particular e privado das partes, seja para proteção da sociedade.”. Diante do 
exposto, deduz-se que a segurança e eficácia dos atos jurídicos advém da fé pública delegada 
pelo Estado aos operadores da atividade notarial, e com isso, afasta-se quaisquer eventuais 
dúvidas sobre a legitimidade dos documentos emitidos por esse. 
No que refere à segurança, tal atributo confere estabilidade às relações jurídicas e 
confiança no ato notarial e registral (El Debs. 2018). Nesse mesmo sentido, é considerado que: 
Em decorrência da forma, a lei confere eficácia e autenticidade ao documento notarial. 
Não dependem de prova os fatos em cujo favor milita presunção legal de existência 
ou veracidade (novo Código de Processo Civil, Art. 374, IV). A força probante do ato 
notarial é a maior do ordenamento, tendo o efeito de “prova plena” iuris tantum (novo 
Código de Processo Civil, Art. 405; Código Civil, Art. 215). (FERREIRA, 2018) 
Institui o Código Civil em seu artigo 215 que “A escritura pública, lavrada em notas de 
tabelião, é documento dotado de fé pública, fazendo prova plena.”. 
Assim, evidencia a certeza de que os princípios do Direito Notarial presentes na Lei dos 
Cartórios, se correlacionam de modo que um complementa o entendimento de outro. Sendo a 
segurança e eficácia jurídica dos atos, efeito da fé pública e autenticidade. 
1.2.5 Princípio da conservação 
O princípio da conservação tem a ver com o artigo 46 da Lei nº 8935/94, qual prevê “Os 
livros, fichas, documentos, papéis, microfilmes e sistemas de computação deverão permanecer 
sempre sob a guarda e responsabilidade do titular de serviço notarial ou de registro, que 
zelará por sua ordem, segurança e conservação.” (grifo da autora) 
O princípio da conservação refere-se ao impedimento de destruição dos arquivos 
públicos, que de acordo com o artigo 7º da Lei nº 8.159/91 atinge inclusive às serventias 
extrajudiciais que são entidades privadas encarregadas da gestão de serviços públicos 
Art. 7º - Os arquivos públicos são os conjuntos de documentos produzidos e recebidos, 
no exercício de suas atividades, por órgãos públicos de âmbito federal, estadual, do 
Distrito Federal e municipal em decorrência de suas funções administrativas, 
legislativas e judiciárias. 
§ 1º - São também públicos os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por 
instituições de caráter público, por entidades privadas encarregadas da gestão de 
serviços públicos no exercício de suas atividades. 
24 
 
 
A conservação será em tempo contínuo e interminável pois os documentos são de valor 
permanente, inalienáveis e imprescritíveis (art. 10º da Lei nº 8.159/91). A conservação é uma 
das funções atribuída ao Tabelião, delegada pelo Estado que é de fato, o dono dos livros, papéis 
e arquivos, isto porque no ato da delegação, o Poder Judiciário apenas delega o dever de 
administrá-los e conservá-los mas isso não significa que o Tabelião, Notário ou Registrador 
possa fazer o que bem entender com eles, tampouco destruí-los,vendê-los ou cedê-los. 
1.3 Ata Notarial 
Todo o exposto até agora serviu de elemento preliminar para se chegar ao ponto mais 
importante desse trabalho: a Ata Notarial. 
1.3.1 Conceito e previsão 
RODRIGUES (2018. p 134) percebe que no Brasil esse é “um instrumento pouco 
conhecido, mas em países como Argentina e Uruguai, p.ex. todas as assembleias gerais de 
sociedades, sorteios de promoções e consórcios de bens são escrituradas pelo notário, o que 
confere credibilidade e autenticidade a esses instrumentos”. 
Ata Notarial trata-se portanto, de um instrumento público12 que será efetuada mediante 
solicitação, “constatando fielmente os fatos, as coisas, pessoas ou situações para comprovar a 
existência ou seu estado” (EL DEBS, 2018) e deverá ser redigida em língua nacional, sendo 
convertidas e explicadas inclusive as expressões utilizadas em estrangeiro. A competência para 
sua lavratura é exclusiva do Tabelião e de seus prepostos (substituto ou escrevente), conforme 
regulamentação na Lei nº 8.935/94: “Art. 7º - Aos tabeliães de notas compete com 
exclusividade: III - lavrar atas notariais”. 
A utilização do instrumento citado é o meio de prova moralmente legítimo para atestar 
ou documentar a existência e o modo de existir de algum fato, que podem ser representados por 
imagem ou som gravado em arquivo eletrônico e utilizados na produção de provas sobre a 
verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa, influindo eficazmente na convicção 
do juiz, de acordo com o que assegura o artigo 384 do Código de Processo Civil. 
 
12 Instrumento público entende-se como “todo ato escrito ou documento produzido ou processado por serventuário 
público, dentro dos limites de suas funções e atribuições. Nesta razão, tanto compreende as escrituras ou atos 
escritos pelos serventuários públicos, nos livros de seu ofício ou cartório, como os próprios atos escritos, que se 
inscrevem nos autos de um processo. O instrumento público é encarado como documento autêntico.” (Vocabulário 
Jurídico – De Placidos e Silva – 2014. p 1152) 
25 
 
 
O conceito desta ata é dado por Silva (2016, p. 33), da seguinte forma: 
"Ata Notarial trata-se de uma das espécies do gênero instrumento público notarial, por 
cujo meio o tabelião de notas acolhe e relata, na forma legal adequada, fato ou fatos 
jurídicos que ele vê e ouve com seus próprios sentidos, quer sejam fatos naturais quer 
sejam fatos humanos, esses últimos desde que não constituam negócio jurídico." 
Ipiens (2018, p. 176) a conceitua assim: 
"Instrumento público autorizado por notário competente, a requerimento de uma 
pessoa com interesse legítimo e que, fundamentada nos princípios da função imparcial 
e independente, pública e responsável, tem por objeto constatar a realidade ou verdade 
de um fato que o notário vê, ouve ou percebe por seus sentidos, cuja finalidade 
precípua é a de ser um instrumento de prova em processo judicial, mas que pode ter 
outros fins na esfera privada, administrativa, registral, e, inclusive, integradores de 
uma atuação jurídica não negocial ou de um processo negocial complexo, para sua 
preparação, constatação ou execução." 
Etchegaray (apud BRANDELLI, 2004, p. 174) destaca como o Notário deve proceder 
no momento de lavrar uma Ata Notarial: 
"O notário só tem atividade de ver e ouvir; não entra ao fundo do assunto, adaptando-
se ao direito apenas na forma; narra o fato e o descreve como é, não o manipulando, 
nem o alterando; é cópia do natural, de forma real, sem qualquer alteração pelo 
notário; a assinatura das partes não é outorga, nem consentimento, mas conformidade 
com o narrado e lido pelo notário, que é narração do ocorrido nesse instante. É só 
meio de prova e sua eficácia é reflexo da ordem jurídica, não é criação autônoma e o 
fato comprovado pela ata terá valor" (Natalio Pedro Etchegaray citado por 
BRANDELLI. P. 174 ) 
A Corregedoria-Geral da Justiça do Estado do Paraná (TJPR, 2020) positiva por meio 
do Código de Normas, a Ata Notarial no artigo 711. 
Art. 711. Ata Notarial é a certificação de fatos jurídicos, a requerimento da parte 
interessada e por constatação pessoal do Tabelião, do Substituto ou do Escrevente, 
cujo objeto não comporte a lavratura de escritura pública. Pode ser lavrada Ata 
Notarial, entre outros exemplos, para a captura de imagens e de conteúdo de sites 
(Internet), vistorias em objetos e lugares, bem como narração de situações fáticas, com 
o intuito de prevenir direitos e responsabilidades. (Disponível em: 
<https://www.tjpr.jus.br/legislacao-atos-normativos/-/atos/documento/4568834> 
Acesso em 02 out 2020) 
Nos pensamentos de Martha El Debs (2018), a Ata Notarial é uma possibilidade de 
prova pré-constituída que se encontra de forma típica e taxada em lei, a qual goza de 
credibilidade plena para fins de prova em juízo, nivelando uma verdadeira produção antecipada 
de prova. 
A natureza jurídica da Ata Notarial enquanto ato unilateral é firmada na ideia de uma 
tríplice função, que é composta pelas funções autenticadora, probatória e conservadora, na 
confirmação a respeito da existência e das circunstâncias que caracterizam um determinado fato 
26 
 
 
ou ato com presunção de veracidade sobre situação juridicamente relevante que resulte em 
responsabilidade civil ou penal. 
A ideia de ALVES e DA SILVA (2014) é de que o papel da Ata Notarial se estende aos 
campos extraprocessual e processual, uma vez que serve como meio de prova onde as parte 
procuram firmar a convicção do juiz, e ao invés de perícias morosas e custosas, as partes podem 
se valer da Ata Notarial. 
No campo extraprocessual, como a Ata Notarial pré constitui prova (que será analisado 
futuramente) ao invés de acionar a máquina judiciária em primeiro, plano, as partes litigiosas 
podem se valer da Ata Notarial para acordos extrajudiciais, portanto, prevenindo litígios e 
desonerando a colenda judiciária, me parece ser esta a sua essência e o fator de sua existência 
A título de curiosidade, RODRIGUES (2003) destaca que a normatização do 
instrumento em tela se deu primeiramente no Rio Grande do Sul, através de provimentos da 
Corregedoria Geral de Justiça em 1990 e desde então, com a atualização das leis, se positivou 
amplamente na legislação brasileira até os dias de hoje, abrangendo inclusive fatos ocorridos 
por meio da internet. 
Possuem legitimidade para solicitar a lavratura de uma Ata Notarial: todas as pessoas 
naturais capazes e relativamente capazes, procuradores, assistentes e pessoas jurídicas, nesses 
últimos casos, deverá constar informações sobre a representação e procuração em si. 
1.3.2 Objeto 
O objeto principal que concretiza a Ata Notarial é o fato, que tenha relevância jurídica 
para a modificação de direitos mas que não seja negócio jurídico cabível à escritura pública 
(pacto antenupcial, testamento, contrato de compra e venda, etc.) e quando forem sobre fatos 
ilícitos só poderão ser lavrados os crimes de ação penal privada. Conforme leciona Brandelli 
(2004, p. 181) “o objeto da Ata Notarial é obtido por exclusão, isto é, para ser objeto de Ata 
Notarial não pode ser objeto de escritura pública, (...) a diferença básica entre ambas é a 
existência, ou não, de declaração de vontade, que está presente na escritura, e ausente na ata.” 
A lavratura da narração do fato ocorre independentemente da manifestação de vontade de todas 
as partes envolvidas, precisando apenas haver um solicitante que solicite-a, aspirando preservar 
seus interesses ou direitos e que deverá estar pessoalmente no momento da lavratura. 
Seguindo o entendimento de BRANDELLI (2004), o objeto da Ata Notarial é, portanto, 
um fato jurídico que será meramente narrado diante do notário ou preposto que transcreve 
fielmente ao documento apropriado, não podendo haver por parte do notário qualquer alteração, 
27 
 
 
interpretação ou adaptação do fato, ou juízo devalor. Complementando tal raciocínio 
QUEIROZ e SILVA (2020) esclarecem 
“As Atas Notariais são muito usadas como meio de prova no judiciário, ajudando na 
comprovação de injúrias, difamações, fatos caluniosos, uso indevido de imagens, 
textos, logotipos, infração de direito autoral, entre outros. Podem, ainda, comprovar a 
realização de assembleias de pessoas jurídicas, relatar o estado de um imóvel, atestar 
a presença de uma pessoa em determinado lugar, a materialização de diálogo 
telefônico ou a ocorrência de qualquer fato.” 
Diante das possibilidades, são inúmeros os fatos que podem ser atestados na Ata 
Notarial e que terão valor de prova em diferentes áreas do Direito. A professora gaúcha 
Fernanda Padoin (2011 p. 83) observa que 
Por intermédio dela (ata) o notário pode registrar inúmeros fatos, tais como: abertura 
forçada de cofres em estabelecimentos bancários; existência de sites eletrônicos na 
web, com a consequente certificação do Localizador Universal de Recursos (URL), 
que é o endereço do site; existência de móveis e objetos deixados no interior de 
imóveis locados, quando finda a locação, ou constatação e relato de fatos logo após a 
entrega das chaves. 
Como dito, apenas os ilícitos atinentes à ação penal privada poderão ser objeto do dito 
instrumento. Não podendo ser objeto os fatos criminosos p.ex. homicídio, lesão corporal, maus-
tratos, tráfico, violência doméstica, tendo em vista que são conteúdo de ação penal pública, isso 
porque 
“não deve o notário lavrar ata de declaração de fato que constitua crime de ação penal 
pública, posto que deverá a notitia criminis ser endereçada à autoridade policial. Se, 
ao contrário, tratar-se de declaração acerca de crime de ação penal privada, 
entendemos possível a realização da Ata Notarial posto que, como tem o ofendido a 
oportunidade e conveniência para no prazo decadencial ingressar ou não com a ação 
penal, pode ele pretender perpetuar no tempo o ocorrido para a posteriori decidir-se 
acerca da incoação ou não da competente ação penal.” (BRANDELI, et al. 2004) 
Embasado nisso, no que tange ao universo digital os casos que podem ser atestados e 
levados a juízo são: calúnia, difamação, injúria, ou cyberbulling, ocorridos por redes sociais, 
uso indevido de marcas, imagens, textos e logotipos, infração de direito autoral, publicações de 
internet, endereços de sites, screenshots de conversas e mensagens via redes sociais, WhatsApp 
e SMS, consultas em páginas e o IP13 emissor do conteúdo, incluindo até gravações telefônicas. 
 
13 O Protocolo de Internet é um conjunto de regras para comunicação pela internet para envio de e-mail, streaming 
de vídeo ou conexão a um site. Um endereço IP identifica uma rede ou dispositivo na internet. PATRIZIO, Andy. 
O que é um endereço IP? Avast Academy. 12/12/2019. Disponível em: <https://www.avast.com/pt-br/c-what-is-
an-ip-
address#:~:text=Endere%C3%A7o%20IP%20significa%20%E2%80%9Cendere%C3%A7o%20do,rede%20ou%
20dispositivo%20na%20internet.> 
28 
 
 
1.3.3 Estrutura e escrituração 
Além do fato objeto, existem outros requisitos obrigatórios para que a Ata Notarial seja 
estruturada de maneira válida. 
É relevante saber que a modo nacional, o Código Civil esclarece quais são os requisitos 
básicos para lavratura de uma escritura pública, cuja estrutura e escrituração equipara-se a da 
Ata Notarial. In verbis o parágrafo primeiro do artigo 215: 
Art. 215. omissis 
§1º Salvo quando exigidos por lei outros requisitos, a escritura pública deve conter: 
I - data e local de sua realização; 
II - reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de quantos hajam 
comparecido ao ato, por si, como representantes, intervenientes ou testemunhas; 
III - nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência das partes e 
demais comparecentes, com a indicação, quando necessário, do regime de bens do 
casamento, nome do outro cônjuge e filiação; 
IV - manifestação clara da vontade das partes e dos intervenientes; 
V - referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais inerentes à legitimidade 
do ato; 
VI - declaração de ter sido lida na presença das partes e demais comparecentes, ou de 
que todos a leram; 
VII - assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem como a do tabelião ou 
seu substituto legal, encerrando o ato. (BRASIL, 2002) 
No entanto, cada uma das unidades federativas do Brasil legislarão de forma especifica 
sobre as regras de escrituração dos instrumentos públicos que lhes são pertinentes de forma. No 
Estado do Rio Grande do Sul, a previsão da estrutura da Ata Notarial encontra-se no artigo 917 
da Consolidação Normativa Notarial e Registral do ano de 2020 (RIO GRANDE DO SUL, 
2020), que dispõe 
A Ata Notarial conterá: 
I – local e data de sua lavratura; 
II – nome e qualificação do solicitante; 
III – narração circunstanciada dos fatos, com data e hora de sua constatação; 
IV – declaração de haver sido lida ao solicitante, e, sendo o caso, às testemunhas; 
V – assinatura do solicitante, ou de alguém a seu rogo, e, sendo o caso, das 
testemunhas; 
VI – assinatura e sinal público do Tabelião” (TJRS, 2020) 
Para efetivar a conservação e organização, todas as serventias deverão ter um livro 
especial chamado Livro de Notas para escrituração e arquivamento exclusivo de atas notariais, 
contendo 200 folhas numeradas assinadas e rubricadas pelo Tabelião ou preposto (art. 830 
CNNR-RS) integrando ao final um índice alfabético ordenado pelo nome da parte solicitante 
(art. 831). 
A verificação de fatos na internet preferencialmente deve ocorrer no próprio 
Tabelionato, conforme explica o Tabelião Substituto do 26º Tabelionato de Notas de São 
29 
 
 
Paulo/SP, Felipe Leonardo Rodrigues (RODRIGUES, 2019) 
“Os fatos podem ser verificados no Tabelionato, como por exemplo, na verificação de 
fatos na internet, onde o tabelião ou preposto autorizado acessara e verificara seu 
conteúdo pelo seguinte motivo: Atualmente, se o tabelião ou preposto autorizado não 
tiver habilidades em informática facilmente poderá ser induzidos a erro, pois ao 
acessarem e verificarem fatos na internet em computadores de terceiros, poderão estar 
acessando páginas já armazenadas no comutador (navegando em off line), ao invés de 
estarem conectados à Internet. Atualmente há programas, onde os quais dão aparência 
às páginas off line ou armazenadas como se estivessem realmente na rede de 
comunicação de computadores Internet.14” 
Após devidamente lavrada a Ata Notarial, far-se-á o screenshot do conteúdo da internet 
que será salvo, impresso e perpetuamente arquivado juntamente com o termo de solicitação e 
demais documentações comprobatórias, transformando-se em prova processual (PECK, 2018, 
p. 300) 
A pessoa interessada que buscar pelo serviço de lavratura de uma Ata Notarial que ateste 
uma situação virtual deve comparecer a um Tabelionato de Notas munido de seus documentos 
pessoais e fornecer o material que comprove o fato para o Tabelião ou preposto verificar, 
podendo ser páginas na internet ou aplicativos. A partir disso, o profissional transcreve todo o 
conteúdo em uma certidão, sendo possível adicionar fotos, vídeos e outras informações que 
comprovem a autenticidade dos fatos. Não é necessária a presença e o acompanhamento de um 
advogado. Pessoas jurídicas também podem solicitar uma Ata Notarial mediante apresentação 
dos documentos que o certificam como representante da empresa (ARPEN-SP, 2020) 
A documentação necessária para solicitar uma Ata Notarial que ateste algum fato digital 
segundo o 26º Tabelionato de Notas de São Paulo/SP15 são: 
 Requerimento escrito 
 Registro Geral ou Cadastro de Pessoa Física (CPF) do solicitante, se pessoa 
física 
 Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), contrato social, eventuais 
alterações, ata de eleição dos administradores, RG e CPF do representante, sepessoa jurídica. 
O requerimento deverá ainda, obedecer ao artigo 2º do Provimento nº 61 de 17 de 
 
14 RODRIGUES, Felipe Leonardo. Os procedimentos básicos da sua lavratura. Técnica de redação - o coração 
deste precioso instrumento notarial. Disponível em: 
<http://www.atanotarial.org.br/artigos_detalhes.asp?Id=6#:~:text=Grifamos%20pelo%20seguinte%20motivo%3
A%20Atualmente,computador%20(navegando%20em%20off%20line. Acesso em 02 out 2020 
15 Disponível em: <https://www.26notas.com.br/servicos/ata-notarial.> Acesso em 01 nov 2020; 
http://www.atanotarial.org.br/artigos_detalhes.asp?Id=6#:~:text=Grifamos pelo seguinte motivo%3A Atualmente,computador (navegando em off line
http://www.atanotarial.org.br/artigos_detalhes.asp?Id=6#:~:text=Grifamos pelo seguinte motivo%3A Atualmente,computador (navegando em off line
https://www.26notas.com.br/servicos/ata-notarial
30 
 
 
outubro de 2017 do Conselho Nacional de Justiça, 
Art. 2º No pedido inicial formulado ao Poder Judiciário e no requerimento para a 
prática de atos aos serviços extrajudiciais deverão constar obrigatoriamente, sem 
prejuízo das exigências legais, as seguintes informações: 
I – nome completo de todas as partes, vedada a utilização de abreviaturas; 
II – número do CPF ou número do CNPJ; 
III – nacionalidade; 
IV – estado civil, existência de união estável e filiação; 
V – profissão; 
VI – domicílio e residência; 
VII – endereço eletrônico. (grifo da autora) (CNJ, 2017) 
Estando todos os requisitos preenchidos, a Ata Notarial será lavrada mediante o 
pagamento dos custos e emolumentos. 
1.3.4 Custos e emolumentos da Ata Notarial 
A Constituição Federal orienta no parágrafo 2º do artigo 236 que a fixação de 
emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro será 
competência de cada Unidade Federativa. Portanto o valor da lavratura pode variar de Estado 
para Estado. A escrituração da Ata Notarial de fato extraído da internet tem um valor bem 
acessível, conforme a Tabela de Emolumentos da Corregedoria-Geral da Justiça do Estado do 
Rio Grande do Sul ano 2020, (RIO GRANDE DO SUL, 2020) o valor aproximado é de R$ 
17,00 (dezessete reais) a primeira folha, as demais atas notariais possuem um valor de R$ 
185,30 (cento e oitenta e cinco reais e trinta centavos) e quando lavrada fora da sede do serviço, 
mais R$ 294,40 (duzentos e noventa e quatro reais e quarenta centavos) além dos custos 
referentes ao procedimento eletrônico, diversos e os selos digitais e Imposto Sobre Serviço 
(ISS) estipulado por cada município. 
Com relação à gratuidade da justiça, o Código de Processo Civil, em seu Art. 98, §1º, I 
e IX (BRASIL, 2015) regulou os efeitos no fornecimento do serviço com natureza forense, 
inclusive quando prestado pelos Cartórios de Notas e de Registro de Imóveis, e que não decorra, 
necessariamente, de decisão judicial, razão pela qual a pessoa hipossuficiente tem direito à 
concessão da isenção de custas e emolumentos na lavratura de escrituras de inventário, de 
partilha, de separação e de divórcio e na Ata Notarial em usucapião extrajudicial no Cartório de 
Notas, cuja isenção se estende para os atos registrais decorrentes perante o Cartório de Registro 
de Imóveis (CANOVA, 2017). 
31 
 
 
1.3.5 Limite territorial para a lavratura de Ata Notarial sobre fato digital 
Assim como todo ato jurídico, a validade efetiva da Ata Notarial depende do respeito 
aos princípios, requisitos e limites. A Lei nº 8.935/94 é bem específica quanto ao limite 
territorial e em seu artigo 9º determina “tabelião de notas não poderá praticar atos de seu ofício 
fora do Município para o qual recebeu delegação.” (BRASIL, 1994) 
Segundo informações obtidas no site do 4º Ofício de Tabelionato de Notas do Distrito 
Federal16 (DISTRITO FEDERAL, 2020), a verificação de fatos em diligência externa (fora do 
Tabelionato), o tabelião ou preposto deverá ser verificada a competência territorial prevista. E 
nos lugares particulares, o acesso deverá ser dado por autorização prévia, p.ex. na entrada em 
determinada residência ou estabelecimento. 
Acontece que a internet é um vasto espaço que ultrapassa a circunscrição separada 
geograficamente. Nessa perspectiva Lessa (2009, apud LEAL, 2007, p. 225) exemplifica que 
Se, hipoteticamente, uma pessoa passasse vinte e quatro horas diante da tela de um 
computador, navegando na Internet, em poucos instantes poderia visitar a China, os 
Estados Unidos e o Egito, sair da órbita terrestre, comunicar-se com outras pessoas, 
tudo isso sem deixar o local físico onde se encontra, essa pessoa não sentiria o tempo 
passar, o que, aliás, na Internet, é muito relativo, pois, em razão dos fusos horários, 
umas das partes da comunicação pode encontrar-se em determinado dia e a outra, no 
dia seguinte, ou anterior. Enfim, a pessoa estaria envolvida intelectual e 
psicologicamente por um espaço novo, o ciberespaço. 
Importa-se ainda, tratar da presunção juris tantum, que explicando com dizeres 
populares: é o princípio da “verdade até que prove ao contrário”. Com fulcro no artigo 225 do 
Código Civil brasileiro in verbis: 
Art. 225. As reproduções fotográficas, cinematográficas, os registros fonográficos e, 
em geral, quaisquer outras reproduções mecânicas ou eletrônicas de fatos ou de coisas 
fazem prova plena destes, se a parte, contra quem forem exibidos, não lhes impugnar 
a exatidão. (BRASIL, 2002) 
Então, a Ata Notarial possui presunção de veracidade por si própria por tratar-se de um 
instrumento lavrado por profissional dotado de fé pública e constitui prova válida e verdadeira, 
que só poderá ser desconsiderado caso seja comprovada a fraude ou força maior comprovada 
judicialmente. 
 
16 Disponível em: <http://4oficiodenotas.com.br/ata-notarial/> Acesso 28 out 2020 
32 
 
 
1.3.6 Benefícios em fazer uma Ata Notarial 
Os benefícios da utilização da Ata Notarial podem ser observados no folder criado e 
divulgado pelo Colégio Notarial do Brasil - Seção São Paulo, com o objetivo de disseminar 
melhores conhecimentos sobre a Ata Notarial aos profissionais e cidadãos. 
 
Figura 1 - 10 motivos para... Fazer uma Ata Notarial 
Fonte: Colégio Notarial do Brasil - Seção São Paulo (CNB-SP) 
 
33 
 
 
2 A VALIDADE JURÍDICA DA ATA NOTARIAL COMO MEIO TÍPICO DE PROVA 
PARA PROCESSOS JUDICIAS DE FATOS ORIGINADOS DIGITALMENTE 
De agora em diante o direcionamento do estudo será próprio sobre a utilização 
específica da Ata Notarial como meio de provas para fins de processo judicial. É um 
instrumento multidisciplinar que pode ser útil em todas as áreas do direito como criminal, cível, 
família e sucessões, trabalhista, consumidor, propriedade intelectual, etc. No entanto sabe-se 
que o Código de Processo Penal prioriza espécies particulares de produção de prova (exame de 
corpo de delito e perícia, interrogatório do acusado, confissão, prova testemunhal e busca e 
apreensão), cabendo destacar portanto que o direcionamento dar-se-á em especial na esfera 
processual cível. 
O sistema jurídico adotado pelo Brasil caracteriza-se pelo predomínio das Leis e dizeres 
positivados em códigos e de documentos comprobatórios para fundamentar as decisões dos 
magistrados. Lessa (2009, apud MONTENEGRO FILHO, 2009, p. 431) vai ao encontro dessa 
ideia, observando que constitucionalmente “o sistema adotado no Brasil para avaliar a prova é 
denominado ‘sistema do livre convencimento motivado’ ou da ‘persuasão nacional17’”. 
O início do processo judicial (fase inicial) ocorre com a propositura da ação por meio 
de uma petição inicial (artigo 312 do CPC), na qual deverá indispensavelmente conter 
informações a respeito do juízo ao qual será dirigida, o nome e qualificação por completa do 
autor e do réu, o fato e os fundamentos jurídicos do pedido, o pedido com suas especificações, 
o valor da causa, a opção pela realizaçãoou não de audiência de conciliação e mediação, e em 
especial as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados (fase 
introdutória), conforme estipula o artigo 319 da Lei nº 13.105/15. A Ata Notarial serve como 
prova pré-constituída, portanto, já deverá ser anexada na petição inicial, nesta fase. 
Prova, para Placido e Silva (2014, p. 1436) “derivada do latim proba, probatio, de 
probare, (demonstrar, reconhecer, formar juízo de), constitui a própria alma do processo ou a 
luz, que vem esclarecer a dúvida a respeito dos direitos disputados”. 
É satisfatório o esclarecimento apresentado pelo Manual de Processo Administrativo 
Disciplinar da Controladoria-Geral da União (2017, p. 128) quando aponta que: 
A prova visa à reconstrução dos atos e fatos que estejam compreendidos no objeto do 
 
17 Enquanto no livre convencimento o juiz pode julgar sem se atentar, necessariamente, para a prova dos autos, 
recorrendo a métodos que escapam ao controle das partes, no sistema da persuasão racional, o julgamento deve 
ser fruto de uma operação lógica armada com base nos elementos de convicção existentes no processo. 
(THEODORO JÚNIOR, 2015, p. 1272) 
34 
 
 
processo. Busca-se, com ela, determinar a verdade, estabelecendo, na medida do 
possível, o que aconteceu e como aconteceu, em determinado tempo e lugar, 
fundamentando a convicção dos destinatários da prova. 
Thedoro Júnior (2015, p. 1262) entende como prova “a soma dos meios produtores da 
certeza a respeito dos fatos que interessam à solução da lide”. A ideia exprimida pelo mesmo 
autor é de que toda prova tem um objeto (os fatos deduzidos pelas partes em juízo), uma 
finalidade (a formação da convicção em torno dos mesmos fatos), um destinatário (o juiz), e 
deverá ser obtida mediante meios e métodos determinados objetivando a solução jurídica da 
causa. 
 De maneira a efetivar o direito das partes de “empregar todos os meios legais, bem 
como os moralmente legítimos para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a 
defesa e influir eficazmente na convicção do juiz” e por conseguinte atingir o devido processo 
legal, a legislação brasileira positivou o dispositivo 369 do Código de Processo Civil. 
São instrumentos reconhecidos pelo direito como idôneos e meios de provas típicas 
juridicamente admissíveis, segundo Theodoro Júnior (2015, p. 1266): 
(a) ata notarial (art. 384); 
(b) depoimento pessoal (arts. 385 a 388); 
(c) confissão (arts. 389 a 395); 
(d) exibição de documento ou coisa (arts. 396 a 404); 
(e) prova documental (arts. 405 a 441); 
(f) prova testemunhal (arts. 442 a 463); 
(g) prova pericial (arts. 464 a 480); 
(h) inspeção judicial (arts. 481 a 484); 
(i) prova emprestada (art. 372). [grifo da autora] 
“As provas vivem um momento de transição paradigmática, no qual conceitos e padrões 
secularmente estabelecidos são abandonados e novos começam a ser formulados em sua 
substituição.” (DE SALLE, 2007, p. 911). Absorve-se o anoso entendimento do autor perfeito 
para esclarecer o que ocorre na atualidade, tendo em vista a necessidade do Direito em 
acompanhar o desenvolvimento progressivo da relação social durante os anos. Nessa lógica, 
aluda Lessa (2020, p. 65) que 
“Em todo ramo do Direito a vida digital está presente: pessoas se comunicam cada 
vez mais por e-mail e mensagens instantâneas; contratos são feitos e firmados pelo 
computador; o direito sucessório já discute autoria de bens digitais; trabalhos são 
realizados remotamente, via internet; os impostos são registrados em notas fiscais 
eletrônicas. Devido ao uso cada vez menor de documentos em papel e o aumento da 
utilização de arquivos eletrônicos, há uma crescente demanda de ações judiciais 
instruídas com provas digitais.” 
35 
 
 
Diante do exposto, é natural que uma pessoa envolvida em algum litígio, queira utilizar-
se de eventuais conversas e imagens ocorridas em redes de comunicação como prova 
processual. Ocorre que, tratando-se de objeto virtual ou eletrônico, um simples “print 
screen"18 anexado à petição inicial não configura prova válida para o convencimento do 
magistrado. Isso porque existem muitas possibilidades de fraudes e alterações desses 
documentos, que poderão tornar duvidosos os elementos a serem processados e portanto, não 
são aceitos se não estiverem lavrados em Ata Notarial. Observa-se a jurisprudência em relação 
a isso 
Ementa: Ação de indenização. Dano moral. Recebimento de mensagem por aplicativo. 
Ausência de prova da origem das mensagens. Prints juntados desacompanhados 
de Ata Notarial. Aplicação do artigo 384 do CPC. Alegação de ato indevido praticado 
por preposto da ré quando da aplicação de injeção. Ausência de provas sobre o 
alegado. Improcedência da ação. Recurso da autora improvido. (1047332-
08.2016.8.26.0576 TJSP 32ª Câmara de Direito Privado São Paulo Apelação Cível – 
27/11/2019. Disponível em: 
<https://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/getArquivo.do?cdAcordao=10717699&cdForo=0> 
Acesso em 09 nov 2020) [grifo da autora] 
A Ata Notarial possui validade assegurada por si só como uma das espécies de prova 
plena que motivam o convencimento do magistrado, especialmente sobre a existência de fatos 
ocorridos na internet ou por intermédio dos smartphones ou outros meios digitais que permitam 
a relação entre as pessoas. O fato acontecido digitalmente será atestado fielmente para o 
documento (Ata Notarial) que se tornará automaticamente um documento digital/eletrônico. A 
partir desse raciocínio surge um interessante debate referente à espécie de prova documental. 
O entendimento que se conclui é o de que a natureza da Ata Notarial é um instrumento 
híbrido porque se encaixa em diversas classificações de prova, por exemplo: prova indireta, 
instrumental, documental, plena e pré-constituída. Observa-se os conceitos dados por Plácidos 
e Silva (2014) 
 Prova indireta: É a prova demonstrada ou produzida por documentos, 
testemunhas ou outros meios indicados em lei, a prova indireta é a que se firma 
numa presunção legal, com força probante atribuída por lei, ou no indício, de 
que se conclui a existência do fato alegado 
 Prova instrumental: É a que decorre ou se firma em um papel escrito onde o fato 
 
18 “Em português “captura de tela” - Consiste na ação de registrar, através de uma fotografia instantânea, uma 
imagem presente na tela de um computador, celular ou outro dispositivo eletrônico.” (SIGNIFICADOS, 2020) 
Disponível em: 
<http://www.repositorio.jesuita.org.br/bitstream/handle/UNISINOS/5457/Julieth+Corr%EAa+Paula_.pdf;jsessio
nid=37997EA72FB2A9C78C74F6785236C5B?sequence=> Acesso em 09 nov 2020> 
https://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/getArquivo.do?cdAcordao=10717699&cdForo=0
http://www.repositorio.jesuita.org.br/bitstream/handle/UNISINOS/5457/Julieth+Corr%EAa+Paula_.pdf;jsessionid=37997EA7D2FB2A9C78C74F6785236C5B?sequence=1
http://www.repositorio.jesuita.org.br/bitstream/handle/UNISINOS/5457/Julieth+Corr%EAa+Paula_.pdf;jsessionid=37997EA7D2FB2A9C78C74F6785236C5B?sequence=1
36 
 
 
se mostra materializado e que mereça fé. É a prova constante de instrumento ou 
escritura lavrada por serventuário público ou por ofício de quem se considere ou 
se equipare a serventuário público. É modalidade de prova, igualmente chamada 
de documental ou literal 
 Prova plena: Afirma claramente a existência do fato, que se afirmou como 
fundamento ao direito discutido ou demandado. É a prova convincente ou aquela 
de que se gerou a certeza relativamente ao fato e foi produzida segundo as regras 
legais. É o caso da prova constituída ou produzida por escritura pública [e por 
analogia, da Ata Notarial]. Previsão no artigo 215 do Código Civil brasileiro que 
dita “A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de 
fé pública, fazendo prova plena.” 
 Prova pré-constituída: É aquela que

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