Buscar

NATAÇÃO - Natação em Educação Física no 1º Ciclo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

NATAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA NO 1º CICLO*
Susana Soares 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 A natação é, dentro da expressão e educação físico-motora, uma das 
modalidades de mais difícil abordagem na escola, o que se deve, principalmente, 
à ausência de espaços próprios para o seu ensino. 
 
 Dotar os alunos de competências natatórias significa, na maioria dos 
casos, deslocações até piscinas municipais ou privadas, situadas em espaços 
geográficos de acessibilidade nem sempre fácil. Estas dificuldades conduziram, 
tradicionalmente, a um abandono, não só da natação, como das modalidades 
afins (pólo aquático, natação sincronizada,…). Apesar de, atualmente, ser ainda 
difícil a deslocação dos alunos, as novas políticas autárquicas de construção de 
vários tanques, equitativamente distribuídos pelos espaços urbanos e 
vocacionados para o ensino da natação, abre a porta ao estabelecimento de 
protocolos de prestação de serviços entre as autarquias e as escolas, destacando-
se as do primeiro ciclo. 
 
 Assim, a maioria dos professores que há muito se haviam esquecido 
desta modalidade vêm-se agora confrontados com a necessidade de ensinar os 
seus alunos a nadar. 
 
2 E QUE NATAÇÃO? 
 
 Uma natação moderna, cujos padrões técnicos, regulamento técnico e 
metodologias de ensino sofreram algumas alterações importantes, as quais é 
necessário dominar para promover um ensino de sucesso. A todos os professores 
do primeiro ciclo, há muito formados ou ainda em formação, coloca-se o desafio 
desta atividade nova e foi a pensar neles que nasceu este documento. 
 
 O trabalho aqui apresentado pretende ser uma proposta metodológica 
para o ensino da natação, considerando que o aluno parte da inadaptação total à 
água e vai adquirindo um conjunto de competências que o levam ao domínio das 
quatro técnicas de nado, respectivas partidas e viragens. Pretende-se, ainda, que 
professor seja capaz de identificar o nível de evolução de cada um dos seus 
alunos, resolver possíveis inadaptações respeitantes a fases do ensino anteriores 
e desenvolver um trabalho variado e criativo, seguindo o fio condutor que aqui se 
apresenta. 
 
 
* disponível on line via: 
http://www.fcdef.up.pt/docentes/susanasoares/Arquivo/Publicacoes/Natacao.pdf 
3 ADAPTAÇÃO AO MEIO AQUÁTICO 
 
 Ao primeiro grupo de adaptações motoras básicas, no âmbito da 
natação, chamamos adaptação ao meio aquático (AMA) e nela englobamos todos 
os sujeitos que apresentam um grau de inadaptação tal que não conseguem 
sustentar-se dentro de água. 
 
 O objetivo será, pois, dotar os alunos de um conjunto de competências 
que lhes permitam deslocar-se autonomamente no meio aquático, mas sem que 
para isso necessitem, ainda, de usar um padrão de nado estilizado (crawl, costas, 
peito ou borboleta). 
 
 Nesta fase, a água, face ao comportamento humano, é um elemento 
hostil, criando diversas dificuldades (MOTA, 1990), as quais podem ser agrupadas 
em três grandes domínios: a respiração, o equilíbrio e a propulsão (deslocar-se 
dentro de água). Partindo do pressuposto que o aluno tem uma inadaptação total 
à água, algo similar a uma ausência total de contato com este meio, há uma 
progressão de objetivos destes três domínios a cumprir, antes de passar ao 
ensino das técnicas propriamente ditas. No quadro 1 apresentamos a proposta 
metodológica de abordagem desta primeira etapa da aprendizagem da natação. 
 
Quadro 1. Proposta metodológica para adaptação ao meio aquático 
 
 
Conteúdos Objetivos Exercícios 
Equilíbrio 
Adaptar e manter a posição 
vertical, realizando 
deslocamentos no espaço 
aquático, sem perder o 
equilíbrio. 
 
Respiração 
Aceitar o contato da água com 
os olhos, o nariz e a boca, 
abrindo os olhos debaixo de 
água e controlando a 
respiração em imersão (dentro 
de água) e emersão (fora de 
água). 
 
Realizar imersões em posição 
vertical, mantendo a apneia 
inspiratória*. *Realizar uma 
inspiração forçada e manter o 
ar dentro do peito. 
 
Equilíbrio 
Adaptar a posição de medusa 
(igual à posição fetal), 
deixando-se manipular sem 
perder o equilíbrio. 
 
Realizar a passagem 
autônoma da posição vertical à 
horizontal, primeiro ventral e, 
posteriormente, à dorsal. 
Deslizar*, quer em posição 
ventral, quer dorsal, mantendo 
os segmentos corporais 
alinhados. * Ação de empurrar 
a parede com os pés e deixar 
o corpo avançar na água, até 
começar a perder velocidade. 
 
 Rodar em torno dos eixos 
longitudinal (parafuso) e 
transversal (cambalhota), 
mantendo os segmentos 
corporais alinhados. 
 
Propulsão 
Bater as pernas em posição 
ventral e dorsal, sem perder o 
alinhamento horizontal (manter 
o corpo paralelo ao fundo da 
piscina). Numa primeira fase 
trabalhar com placa e, 
posteriormente, sem apoio. 
 
Respiração 
Coordenar a respiração com o 
batimento das pernas. Numa 
primeira fase trabalhar com 
placa e, posteriormente, sem 
apoio. 
Propulsão 
Realizar, em posição ventral, 
movimentos alternados ou 
simultâneos com os membros 
superiores, com recuperação 
aérea ou subaquática, 
mantendo o alinhamento 
horizontal. 
Respiração 
 
Realizar a respiração 
associada aos movimentos 
dos membros superiores, 
coordenando os ciclos 
inspiratórios e expiratórios. 
Coordenar os movimentos dos 
membros inferiores e 
superiores entre si e com a 
respiração, sem perder o 
alinhamento horizontal (por 
exemplo, nado à cão). 
 
Propulsão 
Saltar para a água em pé, 
partindo do bordo da piscina, 
mantendo os segmentos 
corporais alinhados. 
 
Entrar para a água por 
mergulho de cabeça, partindo 
da posição sentado no bordo 
da piscina, mantendo a cabeça 
alinhada sob os membros 
superiores. 
 
Design: Paulo Ferreira 
 
 Um dos principais erros no trabalho de adaptação ao meio aquático 
está na ânsia que o professor tem de ver os seus alunos a propulsionarem-se na 
água (bater pernas com e sem placa, nadar crawl...), esquecendo as adaptações 
respiratórias (abrir os olhos, suster a respiração nas imersões, ...) e de equilíbrio 
(deslizar, ...) anteriores. De acordo com a progressão que apresentamos, isto 
equivaleria a começar pelo penúltimo objetivo do domínio da respiração, 
esquecendo todos os objetivos anteriores. 
 
 É importante ter paciência, não ter pressa (não queimar etapas de 
aprendizagem), deixando objetivos importantes por cumprir. Por exemplo, um 
aluno que não consegue imergir a cara na água nunca vai conseguir adaptar uma 
posição horizontal suficientemente estável para adquirir um padrão de batimento 
correto das pernas, isto porque vai ter a cabeça muito elevada, para a água não 
chegar à boca e aos olhos. A posição alta da cabeça, com o pescoço muito 
esticado, vai ter como conseqüência o afundamento das pernas. O corpo fica 
oblíquo, em relação ao fundo da piscina, e, nesta posição, o nado torna-se 
penoso, obrigando o aluno a fazer grandes esforços. 
 
 Dois aspectos importantes que costumam ser relegados para segundo 
plano, durante a fase de adaptação ao meio aquático, são o ensino da posição 
hidrodinâmica (fig. 1), quando se abordam os deslizes, e o ensino da forma correta 
de pega da placa (ver 3.1). 
 
 A posição hidrodinâmica é a posição corporal de maior alinhamento 
segmentar, revestindo-se de extrema importância na fase de deslize subseqüente 
à realização das saída e virada. É muito importante que os alunos se habituem a 
adaptá-la logo nos primeiros deslizes. É mais fácil o aluno adquirir este 
comportamento durante a fase de adaptação ao meio do que, mais tarde, durante 
o ensino das técnicas de saída e virada. 
 
Figura 1 - Posição hidrodinâmica. 
 
 
4 TÉCNICAS DE NADO 
 
 Depois das questões essenciais da adaptação ao meio aquático 
estarem totalmente resolvidas, os alunos estão prontos a iniciara aprendizagem 
das quatro técnicas de nado. Sugerimos que se inicie este processo pelo ensino 
simultâneo das técnicas de crawl e de costas, passando, seguidamente, ao peito 
e, por fim, à Borboleta. 
 
4.1 Técnicas de Crawl e Costas 
 
 No quadro 2 encontra-se uma proposta metodológica para o ensino das 
técnicas de crawl e de costas. 
 
Quadro 2. Proposta metodológica para o ensino das técnicas de crawl e de costas. 
Conteúdos Objetivos Exercícios 
Pernada de crawl Realizar a pernada de 
crawl, com e sem prancha, 
após saída da parede em 
deslize. 
Pernada de crawl e 
respiração 
Realizar a pernada de 
crawl, com e sem prancha, 
após saída da parede em 
deslize, rodando a cabeça 
lateralmente para respirar. 
 
Pernada de costas Realizar a pernada de 
costas, com e sem placa, 
após saída da parede em 
deslize. 
Pernada de crawl e 
braçada só com um 
membro superior 
Nadar crawl, só com o 
braço direito ou esquerdo, 
não parando a pernada 
durante a realização das 
braçadas. 
Pernada de costas e 
braçada só com um 
membro superior 
Nadar costas, só com o 
braço direito ou esquerdo, 
não parando a pernada 
durante a realização das 
braçadas. 
Pernada de crawl, braçada 
só com um membro 
superior e respiração 
Nadar crawl, apenas com 
um dos membros 
superiores, virando a 
cabeça lateralmente para 
respirar. 
Técnica de crawl completa Nadar crawl, coordenando 
as ações dos membros 
superiores, inferiores e 
respiração, num percurso 
de 25 metros. 
 
Virada frontal ou aberta Realizar a virada frontal ou 
aberta*, após nado de 
crawl, respirando apenas 
durante a rotação do corpo. 
Tocar a parede com as 
duas mãos e puxar os 
joelhos ao peito para apoiar 
os pés na parede. De 
seguida, rodar para a 
posição ventral e esticar os 
braços à frente, levando um 
por fora e outro por dentro 
de água. Empurrar a parede 
e realizar o deslize em 
posição hidrodinâmica. 
Técnica de costas 
completa 
Nadar costas, coordenando 
as ações dos membros 
superiores e inferiores, num 
percurso de 25 metros. 
Mergulhar de cabeça, a 
partir da posição de sentado 
no primeiro degrau das 
escadas de acesso à 
piscina, mantendo o corpo 
em posição agrupada (igual 
à posição fetal). 
 
Partida de crawl (partida 
engrupada) 
Mergulhar de cabeça, a 
partir da posição de sentado 
no bordo da piscina, 
mantendo o corpo em 
posição engrupada. 
 
Mergulhar de cabeça, a 
partir da posição de 
cócoras, mantendo o corpo 
em posição engrupada. 
 
Mergulhar de cabeça, a 
partir da posição de pé na 
borda da piscina, esticando 
o corpo durante o salto. 
 
Realizar a partida de crawl, 
a partir do bloco, esticando 
o corpo durante o salto e 
realizando o deslize em 
posição hidrodinâmica após 
a entrada na água. 
 
Partida de costas Realizar a partida de 
costas*, a partir do bloco, 
esticando o corpo e 
realizando o deslize em 
posição hidrodinâmica após 
a entrada na água. 
 
*Agarrar o bloco em posição 
engrupada e realizar a 
partida de costas atirando a 
cabeça, o tronco e os 
membros superiores para 
trás, levando o corpo a 
descrever uma trajetória 
aérea em posição 
arqueada. 
 
Realizar um rolamento 
ventral (cambalhota), a 
cerca de 1 metro da parede, 
e impulsioná-la com os pés, 
por forma a sair em posição 
dorsal (corpo em posição 
hidrodinâmica). 
 
Virada de crawl 
(cambalhota) Realizar um rolamento ventral a cerca de 1 metro 
da parede, e impulsioná-la 
com os pés, rodando, 
simultaneamente, para a 
posição ventral, por forma a 
executar o deslize em 
posição hidrodinâmica. 
 
 Realizar a virada, após 
nado de crawl, sem levantar 
a cabeça para respirar 
antes de iniciar o rolamento 
ventral. 
 
Virada de costas 
(cambalhota) 
Nadar costas e, ao chegar a 
cerca de 1 m da parede, 
rodar para a posição 
ventral*, deixando-se 
deslizar até lhe tocar. * A 
rotação realiza-se durante a 
última braçada. 
 
 Realizar a virada, após 
nado de costas. 
* Rodar para a posição 
ventral na última braçada de 
costas, dar uma cambalhota 
sem tocar com as mãos na 
parede e empurrá-la com os 
pés, deslizando em posição 
dorsal hidrodinâmica. 
 
Design: Paulo Ferreira 
 
4.2 Técnica de Peito 
 
 No quadro 3 encontra-se uma proposta metodológica para o ensino da 
técnica de bruços. 
 
Quadro 3. Proposta metodológica para o ensino da técnica de bruços. 
Conteúdos Objetivos Exercícios 
Pernada de peito 
Realizar a pernada de 
bruços, após saída da parede 
em deslize. No momento em 
que as pernas dobram, os 
pés devem estar mais 
afastados que os joelhos. 
 
Pernada coordenada com a 
respiração 
Realizar a pernada de 
bruços, elevando a cabeça 
para respirar no momento em 
que as pernas dobram. 
Pernada coordenada com 
braçada só com um membro 
superior e respiração. 
Realizar a pernada de bruços 
coordenada com a 
respiração, iniciando o 
afastamento do braço direito 
ou esquerdo, após a flexão 
dos membros inferiores. 
Pernada coordenada com a 
braçada e a respiração. 
Realizar a pernada de bruços 
coordenada com a 
respiração, iniciando o 
afastamento dos braços, 
após a flexão dos membros 
inferiores. 
Técnica de peito completa 
Realizar a técnica completa 
de bruços, iniciando a 
braçada e elevando a cabeça 
para respirar, no momento 
em que os pés se juntam. 
 
Após empurrar a parede com 
os pés e deslizar em posição 
hidrodinâmica, realizar uma 
braçada submarina*, fazendo 
passar as mãos pela frente 
do tronco. O movimento 
termina quando as mãos 
chegam à anca. 
* Estando os membros 
superiores em extensão ao 
nível da cabeça, puxar as 
mãos pela frente do tronco, 
até ao nível das coxas. 
 Saída de peito 
Realizar a partida (salto) do 
bloco, deslize e braçada 
submarina, elevando a 
cabeça para respirar na 
braçada seguinte. 
Virada de peito 
Realizar a virada frontal ou 
aberta, após nado de bruços, 
efetuando a braçada 
submarina. 
Design: Paulo Ferreira 
 
 No ensino do peito, o aspecto mais importante a considerar está 
relacionado com a evolução do padrão técnico do movimento da pernada. 
 
 Tradicionalmente, a pernada de peito era ensinada tendo como imagem 
o movimento das patas da rã, o que originava um movimento de flexão das pernas 
com grande afastamento dos joelhos. Atualmente, esta pernada já não tem 
qualquer expressão, uma vez que vários estudos científicos provaram que aquele 
afastamento exagerado dos joelhos era pouco eficaz. Assim, hoje, devemos 
ensinar a pernada pedindo aos alunos para, no momento da flexão das pernas, 
manterem os pés mais afastados que os joelhos. Uma boa maneira de ensinar 
esta ação é colocar os alunos de costas para a parede, agarrados ao bordo da 
piscina, e realizar impulsões (empurrar a parede com os pés) partindo exatamente 
da posição de joelhos quase juntos e pés afastados (posição da avózinha a fazer 
tricot). 
 
4.3 Técnica de Borboleta 
 
 No quadro 4 encontra-se uma proposta metodológica para o ensino da 
técnica de borboleta. 
 
 
Quadro 4. Proposta metodológica para o ensino da técnica de borboleta. 
Conteúdos Objetivos Exercícios 
Movimento ondulatório Realizar saltos de 
golfinho*, partindo da 
posição de pé, colocando o 
acento tônico do 
movimento na ação da 
cabeça. 
* Partindo da posição de 
pé, saltar, arquear o corpo 
no ar e mergulhar, sendo a 
cabeça a primeira parte do 
corpo a entrar na água. 
 
Pernada de borboleta Realizar a pernada de 
mariposa, após saída da 
parede em deslize, 
acentuando a ação 
descendente dos membros 
inferiores (bater forte para 
baixo). 
Pernada coordenada com 
a respiração 
Realizar ciclos contínuos 
de 4 pernadas de 
borboleta, elevando a 
cabeça para respirar à 
quarta pernada emergulhando-a à primeira. 
 
Pernada coordenada com 
braçada só com um 
membro superior 
Realizar a pernada de 
mariposa coordenada com 
a ação do braço direito ou 
esquerdo, efetuando uma 
pernada durante a entrada 
do braço água e outra 
durante a saída. 
Pernada coordenada com 
braçada só com um 
membro superior e 
respiração 
Realizar a pernada de 
mariposa coordenada com 
a ação do braço direito ou 
esquerdo, elevando a 
cabeça para respirar 
durante a quarta pernada e 
mergulhando-a na primeira 
pernada (respirar uma vez 
em cada duas braçadas). 
 
Técnica completa Realizar a técnica completa 
de borboleta, respirando 
uma vez em cada duas 
braçadas. 
Saída de borboleta Após saída da parede em 
deslize, realizar várias 
pernadas de mariposa, 
mantendo o corpo em 
posição hidrodinâmica. 
 Realizar a partida do bloco 
seguida de pernadas 
subaquáticas, tirando os 
membros superiores da 
água e elevando a cabeça 
para respirar durante a 
última pernada. 
 
Virada de borboleta Realizar a virada frontal ou 
aberta, após nado de 
mariposa, efetuando 
pernadas subaquáticas 
numa distância máxima de 
15 metros. 
 
Design: Paulo Ferreira 
 
 Vejamos alguns aspectos importantes a considerar no ensino da 
borboleta. Em primeiro lugar, logo nas fases inicias do ensino da borboleta, os 
alunos têm de perceber, muito bem, que quem produz o movimento ondulatório do 
corpo, tão característico da técnica de mariposa, são os membros inferiores. Para 
que este movimento ondulatório seja eficaz, a anca também não pode estar rígida. 
 
 A coordenação correta das ações respiração/pernada/braçada é algo 
que deve ser trabalhado, com muita acuidade, logo desde o início. Os alunos 
devem realizar, sempre, duas pernadas por cada ciclo de braçada (uma pernada à 
entrada dos membros superiores da água e outra à saída). Nunca os devemos 
deixar respirar quando dá jeito, mesmo nas fases iniciais do ensino. O ciclo 
respiratório correto é: emersão (saída) da cabeça para respirar durante a quarta 
pernada e imersão (entrada) da cabeça, para expiração subaquática, na primeira 
pernada (sai à quatro e entra à um!). Na figura 2 tentamos expôr, de forma mais 
clara, a mecânica desta técnica. 
 
 Uma última referência importante é a de que a mariposa é das técnicas 
mais fáceis de ensinar e é muito fácil de nadar, desde que os professores 
consigam perceber e transmitir, muito bem, aos seus alunos o padrão de 
coordenação respiração/pernada/braçada correto. 
 
 
4.4 Nado de Estilos 
 
 Depois do ensino das quatro técnicas de nado, o aluno está apto a 
aprender a articular os quatro estilos entre si, nadando percursos individuais (100 
metros estilos) ou estafetas (4x25 metros estilos). No primeiro caso, a ordem dos 
estilos é Borboleta, costas, peito, crawl. Nas estafetas, o primeiro aluno nada 
costas, realizando a partida dentro de água, e os alunos seguintes nadam peito, 
borboleta e crawl, por esta ordem, realizando a partida do bloco. 
 
 Nesta fase, o que há a aprender de novo são as viradas de estilos: 
mariposa/costas, costas/bruços e peito/crawl (quadro 5). 
 
Quadro 5. Viradas de estilos. 
Conteúdos Objetivos Exercícios 
Virada de 
Borboleta/costas 
Após nado de 
mariposa, realizar a 
virada de mariposa 
para costas*. 
* Tocar com as duas 
mãos 
simultaneamente na 
parede, puxar os pés 
para a parede e atirar 
o tronco e membros 
superiores para trás, 
deslizando e batendo 
pernas em posição 
hidrodinâmica. 
Virada de 
costas/peito 
Após nado de costas, 
realizar a viragem de 
costas para bruços*. 
* Realizar uma 
cambalhota para trás, 
após apoiar uma das 
mãos na parede, 
seguida de deslize 
em posição 
hidrodinâmica e 
braçada submarina. 
 
Virada de peito/crawl Após nado de bruços, 
tocar a parede com 
as duas mãos em 
simultâneo e realizar 
a viragem frontal ou 
aberta, seguida de 
deslize em posição 
hidrodinâmica. 
 
Design: Paulo Ferreira 
 
5 OUTROS ASPECTOS DIDÁTICOS METODOLÓGICOS 
 
5.1 Pega da Placa 
 
 A forma como o aluno pega na placa está, logicamente relacionada com 
o objetivo do exercício que o professor propõe. Não deve, pois, ser deixada ao 
livre arbítrio do aluno. No quadro 6 encontra-se uma análise de vários tipos de 
pega da placa, em função de diferentes tipos de exercícios, tadicionalmente 
aplicados no ensino da natação. 
 
Quadro 6. Diferentes tipos de pega de placa. 
Tipo de pega Pretende-se… Figura 
Nado ventral 
Com a placa no sentido 
longitudinal, colocar as mãos 
afastadas no bordo anterior, 
mantendo os antebraços 
apoiados. 
AMA: flutuabilidade máxima do 
tronco e membros superiores 
 
 
Com a placa no sentido 
longitudinal, colocar as mãos 
sobrepostas no bordo anterior, 
mantendo os antebraços 
apoiados. 
Crawl, peito e Mariposa: 
manter o corpo numa posição 
tão horizontal quanto possível, 
durante a realização de 
pernadas, sem respiração. 
Com a placa no sentido 
longitudinal, colocar uma mão 
no bordo posterior. 
Crawl e borboleta: realização 
de pernada de crawl com 
respiração lateral ou braçadas 
de crawl e borboleta só com 
um braço. 
 
Com a placa no sentido 
longitudinal, colocar ambas as 
mãos no bordo posterior. 
Peito e costas: realização de 
pernada com respiração. 
 
Nado dorsal 
Com a placa no sentido 
longitudinal, colocar as mãos, 
com o dorso voltado para o 
fundo da piscina, no bordo 
posterior. 
Realização de pernadas com a 
bacia elevada. 
 
 
Com a placa no sentido 
transversal, colocada sob a 
cabeça, colocar as mãos com 
o dorso voltado para o fundo 
da piscina, nos bordos laterais. 
Realização de pernadas, 
privilegiando a posição 
elevada da bacia e a 
colocação correta da cabeça. 
 
Com a placa no sentido 
transversal, posicionada ao 
nível da cintura, colocar as 
mãos no bordo posterior. 
Agarrar a placa, no sentido 
longitudinal, com as mãos 
cruzadas, ao nível do peito. 
Realização de pernadas. 
*Este tipo de pegas requer 
algum cuidado, uma vez que a 
bacia tem tendência a afundar, 
perdendo-se a horizontalidade 
corporal desejada na técnica 
de costas. 
 
Design: Paulo Ferreira 
 
 
5.2 Fases Subaquáticas das Braçadas das Técnicas de Crawl, 
Costas e Borboleta 
 
 A execução técnica correta e apurada das fases subaquáticas (parte da 
braçada que se realiza dentro de água) das braçadas das técnicas de crawl, 
costas e mariposa é uma preocupação que só pode surgir depois do aluno mostrar 
uma técnica global bem coordenada, um nado harmonioso e sem grandes 
defeitos. 
 
 Inicialmente, deixamos que os alunos realizem, dentro de água 
movimentos circulares ou retilíneos e focalizamos a nossa atenção nos batimentos 
dos membros inferiores, na horizontalidade (corpo paralelo ao fundo da piscina), 
na linearidade corporal (segmentos alinhados) e na coordenação entre as 
braçadas, pernadas e respiração. Contudo, apesar de permitirmos que os alunos 
realizem braçadas circulares ou retilíneas, quando mostramos um determinado 
gesto técnico devemos fazê-lo sempre de forma correta, para que eles se vão 
apercebendo que os movimentos dentro de água também obedecem a um 
determinado padrão, também têm uma técnica própria de execução. 
 
5.3 Material Didático 
 
 A utilização de material didático no ensino da natação tem de ser 
devidamente ponderada. Os materiais de uso mais comum nas nossas piscinas 
são as placas (ver 3.1.), os pull-buoys, as braçadeiras e os cintos flutuadores. 
 
 Os pull-buoys são flutuadores próprios para colocar entre as coxas. 
Bloqueiam a ação dos membros inferiores por forma a isolar a ação dos membros 
superiores. Uma vez que durante o ensino das técnicas de nado devemos 
começar sempre pela pernada e ir acrescentando, progressivamente, a respiração 
e as braçadas, este materialnão parece ser de grande utilidade. Pode parecer 
interessante e proveitoso colocar um pull-buoy nos membros inferiores, para o 
aluno perceber melhor o movimento dos membros superiores, mas não podemos 
esquecer que, ao fazê-lo, tiramos-lhe capacidade de propulsão (capacidade de se 
deslocar) e, principalmente, de equilíbrio (sem bater as pernas a bacia afunda e o 
corpo fica oblíquo em relação ao fundo da piscina), o que vai ter conseqüências 
negativas do ponto de vista do alinhamento corporal (arqueamento do corpo). Sem 
um bom alinhamento é impossível realizar braçadas corretas e eficazes. 
 
 O uso das braçadeiras e dos flutuadores na fase de AMA induz falsas 
adaptações, dado que só com eles é que os alunos se conseguem sustentar no 
meio aquático, sem eles afundam!. Com este tipo de materiais os alunos não 
consegue aprender a equilibrar-se, não conseguem sentir a força de impulsão da 
água. 
 
 Ganham, também, uma falsa autonomia. É freqüente ouvir histórias de 
crianças que foram para férias com os pais e saltaram, com confiança, para 
piscinas de águas profundas (piscinas sem pé), descobrindo, da pior forma, que, 
sem as braçadeiras ou os cintos flutuadores, não conseguem manter-se à 
superfície. É mais vantajoso, perder um pouco mais de tempo a ensinar os alunos 
a equilibrarem-se (perceber que conseguem flutuar) sem materiais auxiliares, do 
que deixá-los ganhar uma autonomia dependente e depois ter de voltar atrás e 
repetir o trabalho todo de novo. 
 
5.4 A Brincadeira e o Jogo Orientado para a Tarefa 
 
 Durante uma aula de natação não podemos saturar os alunos com 
exercícios técnicos muito formais, que solicitem muita atenção e elevado nível de 
concentração, uma vez que esta vai diminuindo à medida que o cansaço se 
instala, levando o aluno ao desinteresse e ao aborrecimento. Isto é tanto mais 
verdadeiro quanto mais longo for o tempo de aula. O professor tem, então, que ser 
capaz de introduzir alguns momentos de lazer na aula, podendo fazê-lo de duas 
formas: deixar que os alunos explorem o meio livremente (momentos para brincar 
na água), ou usar jogos em que os alunos se divertem e, sem se aperceberem, 
também realizam movimentos conducentes à concretização do objetivo da aula. A 
segunda estratégia é, sem dúvida, mais adequada, nomeadamente em aulas de 
curta duração. 
 
 É muito importante que o professor saiba distinguir, muito bem, estes 
dois tipos de exercitação, porque só a actividade orientada leva à aprendizagem 
do aluno. Apesar de não podermos esquecer que brincar livremente motiva os 
alunos e aumenta o seu empenhamento nas aulas, temos de estar conscientes de 
que essa brincadeira não é sinônimo de aprendizagem. 
 
 Um bom exemplo de afetividades que, apesar de saírem do âmbito da 
natação, propriamente dita, permitem a aplicação dos conteúdos nela aprendidos, 
são a natação sincronizada e o pólo aquático, aplicadas formalmente (respeitando 
integralmente o seu regulamento técnico) ou de forma adaptada. 
 
5.5 Competições, Regulamento Técnico e Festivais de Natação 
 
 A partir do momento em que os alunos têm um domínio básico das 
diferentes técnicas de nado é possível realizar algumas competições formais, à 
imagem da natação de competição federada. Utilizando o regulamento técnico da 
natação de forma flexível, é possível organizar competições interescolas, com 
provas de 25 a 50 metros de nado e estafetas de 4x25 ou 4x50 metros. Estas 
competições são fonte de alegria e grande excitação, motivando as crianças, 
levando-as a querer aprender sempre mais. 
 
 Outro tipo de encontros que podem ser promovidos são os festivais de 
natação, os quais podem, ou não, conter provas formais. Nestes festivais, o lugar 
de destaque está nos jogos que os professores criam e que podem ir de uma 
simples gincana à realização de jogos tradicionais na água, jogos pais e filhos, 
jogos interclasses, etc. 
 
 Esperamos, com este documento, ter conseguido solucionar algumas 
das dificuldades mais importantes relacionadas com o ensino da natação. Se 
subsistirem dúvidas, nomeadamente no que respeita à mecânica gestual de cada 
uma das técnicas de nado, aconselhamos, a título de exemplo, a leitura das obras 
de Navarro (1990), Schmitt (1997), Pelayo et al. (s.d.) e Chollet (1997). 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
Chollet, D. (1997). Natation Sportive. Approche scientifique. Vigot, Paris. 
Costill, D. L.; Maglischo, E. W. e Richardson, A. B. (1992). Swimming. Blackwell 
Scientific Publications, 
London. 
Counsilman, J. E. (1980). A Natação. Ciência e Técnica para a Preparação de 
Campeões. Livro Ibero- 
Americano, Ltda, Rio de Janeiro. 
Navarro, F. (1990). Hacia el Dominio de la Natation. Éditions Vigot. 
Pelayo, P.; Maillard, D.; Rozier, D. e Chollrt, D. (s.d.). Natation au Collège et au 
Lycée. De L’École…aux 
Associations. Éditions Revue EPS, Paris. 
Schmitt, P. (1997). Nager, de la Découverte à la Performance. Vogot, Paris. 
14 
Thomas, D. G. (1990). Advanced Swimming. Steps to Success. Leisure Press, 
Champaign, Illinois. 
Design: Paulo Ferreira, aluno do 4º ano da Licenciatura em Desporto e Educação 
Física da Faculdade de 
Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto. 
 
Índice 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1 
2 E QUE NATAÇÃO?.......................................................................................... 1 
3 ADAPTAÇÃO AO MEIO AQUÁTICO ............................................................... 2 
4 TÉCNICAS DE NADO...................................................................................... 5 
4.1 Técnicas de Crawl e Costas ..................................................................... 5 
4.2 Técnica de Peito ....................................................................................... 8 
4.3 Técnica de Borboleta ................................................................................ 9 
4.4 Nado de Estilos ....................................................................................... 12 
5 OUTROS ASPECTOS DIDÁTICOS METODOLÓGICOS.............................. 13 
5.1 Pega da Placa......................................................................................... 13 
5.2 Fases Subaquáticas das Braçadas das Técnicas de Crawl, Costas e 
Borboleta ........................................................................................................... 14 
5.3 Material Didático ..................................................................................... 15 
5.4 A Brincadeira e o Jogo Orientado para a Tarefa..................................... 15 
5.5 Competições, Regulamento Técnico e Festivais de Natação ................. 16 
BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................... 16 
 
	1 INTRODUÇÃO 
	2 E QUE NATAÇÃO? 
	3 ADAPTAÇÃO AO MEIO AQUÁTICO 
	4 TÉCNICAS DE NADO 
	4.1 Técnicas de Crawl e Costas 
	4.2 Técnica de Peito 
	4.3 Técnica de Borboleta 
	4.4 Nado de Estilos 
	5 OUTROS ASPECTOS DIDÁTICOS METODOLÓGICOS 
	5.1 Pega da Placa 
	5.2 Fases Subaquáticas das Braçadas das Técnicas de Crawl, Costas e Borboleta 
	5.3 Material Didático 
	5.4 A Brincadeira e o Jogo Orientado para a Tarefa 
	5.5 Competições, Regulamento Técnico e Festivais de Natação 
	BIBLIOGRAFIA

Continue navegando