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9.1. Texto - Delineamento

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Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro 
 
 
 
 O planejamento da utilização de próteses parciais removíveis (PPRs) para a 
reabilitação oral de um paciente determina, por princípio, a necessidade de que o 
dispositivo protético seja inserido e removido de sua posição sobre o sistema de suporte, 
sem que sofra ou cause a esse sistema prejuízos de qualquer ordem. Também, que quando 
solicitado em função, possa ser mantido em posição e estável, garantindo o sucesso 
funcional da reabilitação, além de oferecer boa estética. 
 Para chegar a esse resultado satisfatório algumas questões básicas precisam ser 
compreendidas: 
 - o que é delineamento? Segundo vários autores é o conjunto de procedimentos 
de diagnóstico que visa obter informações a respeito do padrão, da forma e do contorno 
dos dentes pilares e tecidos adjacentes. Como procedimento de diagnóstico e fundamental 
para a PPR é de responsabilidade do cirurgião-dentista, pois constitui uma das etapas do 
exame do paciente (análise dos modelos de estudo); 
 - por que delinear? Há enorme variação das possíveis combinações de 
desdentamento parcial. Tal variação acarreta a ocorrência, por várias razões, de dentes 
remanescentes assimétricos e desiguais, além de rebordos alveolares residuais de 
anatomia também bastante diversa. Se o objetivo da reabilitação com PPR é devolver ao 
paciente função e estética, preservando as estruturas remanescentes como condição 
inquestionável, é fundamental que tais estruturas, dentais ou não, sejam estudadas para 
possibilitar o melhor desenho à futura prótese; 
 - com que delinear? Para o processo de delineamento é utilizado um instrumento 
denominado delineador, paralelômetro, tangenciômetro, paralelímetro ou paralelígrafo, 
2 
 
 
responsável pela identificação do paralelismo relativo entre duas ou mais superfícies, 
dentais ou de estruturas adjacentes. Na construção de uma PPR é utilizado desde as fases 
mais iniciais (exame e diagnóstico), precedendo o planejamento da prótese, até as fases 
mais posteriores e complexas, como nos procedimentos de fresagem, posicionamento de 
encaixes, etc. Sua importância para a PPR pode ser comparada à do articulador semi-
ajustável para a Prótese Fixa. O delineador tem sua concepção baseada no princípio 
geométrico de que todas as perpendiculares a um mesmo plano são paralelas entre si. 
 
 
 
 Há vários tipos de delineador, dos mais simples aos mais complexos, sendo que 
os mais utilizados são semelhantes ao da Ney Co., dos Estados Unidos. 
 
 
 
3 
 
 
São construídos da seguinte forma: 
a) delineador propriamente dito => tem uma base plana, da qual parte uma haste vertical 
fixa. Dessa haste vertical parte um braço horizontal, que pode ser fixo ou móvel, 
inteiriço ou articulado, em ângulo reto (90º) e que sustenta, na extremidade, uma 
outra haste vertical, móvel, chamada de haste analisadora. Esta haste vertical móvel é 
que possibilita a identificação do paralelismo, sendo construída perfeitamente 
perpendicular à base do delineador e podendo ser movimentada verticalmente até 
assuma melhor posicionamento em relação às estruturas a serem analisadas. 
 
 
 
b) Na extremidade inferior desta haste há um mandril ao qual são presas as pontas 
acessórias, de uso específico: 1) pontas recortadoras de cera: em forma de facas ou 
cinzéis, são usadas para identificar a melhor trajetória de inserção e remoção da PPR 
e permitem a realização de alívios que bloquearão áreas retentivas não utilizadas na 
confecção da PPR, mantendo a trajetória de inserção e remoção definida; 2) porta 
grafites ou cera: em forma de bainha, expondo apenas um lado da ponta utilizada para 
4 
 
 
marcar o maior contorno dos dentes e outras estruturas; 3) pontas calibradoras de 
retenção: usadas para identificar e quantificar áreas retentivas para o correto 
posicionamento das partes responsáveis pela retenção da prótese. São em número de 
três (03), correspondendo às medidas de retenção horizontal de 0,25mm (0,01”), 
0,50mm (0,02”) e 0,75mm (0,03”). 
 
 
 
c) platina ou mesa porta-modelos: na qual é posicionado o modelo a ser analisado. É 
constituída basicamente de duas partes: a base e o suporte de modelos, unidas entre si 
por uma articulação do tipo esferóide ou junta universal, que permite a inclinação do 
suporte, e conseqüentemente do modelo, para qualquer posição antero-posterior e/ou 
látero-lateral em relação à haste vertical do delineador. 
 
 
5 
 
 
 
 Considerando PPR convencional, é sabido que o posicionamento dos braços de 
retenção dos grampos em áreas retentivas é que garante a manutenção da prótese em 
posição sobre o sistema de suporte, quando em função. Também, que conectando estes 
elementos de retenção há partes da estrutura metálica que são rígidas, não podendo, 
portanto, ser colocadas em áreas retentivas. Para permitir o correto posicionamento de 
cada componente da estrutura metálica, durante o processo de delineamento é 
identificado o traçado do equador protético, definido como a linha de maior contorno do 
dente pilar quando considerado proteticamente, ou seja, em relação aos demais dentes 
remanescentes e/ou estruturas adjacentes, e que difere do equador anatômico, que 
considera cada dente individualmente. 
 O equador divide o dente em duas áreas, uma retentiva, cervical ao traçado, e 
outra não retentiva ou expulsiva, oclusal ao mesmo traçado. Este traçado do equador 
protético é obtido pelo tangenciamento das paredes axiais dos dentes pilares com a ponta 
de grafite ou cera, presas à haste vertical do delineador. Deve-se, sempre, ter o cuidado 
de posicionar a extremidade da ponta traçadora no nível da região cervical do dente pilar, 
permitindo o contato apenas de sua lateral contra o dente. 
 
 
Equador 
6 
 
 
 
 
 Para entender o traçado do equador protético pode-se usar o seguinte raciocínio: a 
inclinação acentuada de um modelo para o seu lado direito propicia a obtenção de um 
traçado bem próximo à face oclusal, na face vestibular, e bem próximo à cervical, na face 
lingual/palatina do dente pilar deste lado. Invertendo a inclinação do modelo para seu 
lado esquerdo e realizando novo traçado, verifica-se que, na face vestibular, o traçado 
inicialmente oclusal passa a ser cervical, e que na face lingual/palatina, o traçado assume 
posição próxima à oclusal. Conclui-se, assim, que o traçado do equador protético é 
resultante da inclinação assumida pelo modelo. 
 
 
Equador protético 
7 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
 O mesmo exercício descrito acima, se analisado com objetivos clínicos permite 
compreender, com facilidade, que inclinações excessivas do modelo não são satisfatórias 
devido às grandes discrepâncias observadas de um lado em relação ao outro. 
 Assim, se a cada inclinação do modelo varia o traçado do equador protético 
obtido, pode-se afirmar que o equador protético somente deve ser identificado quando a 
trajetória de inserção e remoção for definitiva para o caso em questão, passando a ser, 
então, o objetivo final do processo de delineamento do modelo de estudo. Se para cada 
inclinação for feito um traçado, em pouco tempo teremos vários equadores definidos e 
fica mais difícil identificar o que está efetivamente sendo utilizado. 
 
 
 
 A trajetória de inserção da PPR é a trajetória seguida pela prótese desde o 
contato inicial da estrutura metálica com os dentes até o assentamento final sobre o 
sistema de suporte. Com mesma direção, mas em sentido contrário, tem-se a trajetória 
de remoção. 
9 
 
 
 Durante o processo de delineamento a movimentação da haste vertical do 
delineador representa a trajetória de inserção/remoção dada à prótese. Desse modo, a 
cada inclinação do modelo também corresponde uma trajetória diferente. 
 Conclui-se, portanto, que o objetivo do processo de delineamento é a definição da 
trajetória de inserção/remoção para o caso analisado e, por conseqüência,a obtenção do 
traçado do equador protético. 
 Pergunta-se, então, como definir esta melhor trajetória de inserção/remoção? 
 Recordando a análise experimental citada anteriormente, na qual foram 
determinadas inclinações acentuadas do modelo de estudo, ora para o lado direito, ora 
para o lado esquerdo, é possível imaginar que uma determinada inclinação intermediária 
poderia equalizar o traçado do equador protético obtido. Esta posição intermediária é a 
que mantém o plano oclusal do modelo perpendicular à haste vertical do delineador. Fica 
determinada, assim, uma trajetória de inserção perpendicular ao plano oclusal, ou de 
inclinação zero (em relação ao plano oclusal). 
 Para a determinação do plano oclusal do modelo o método mais utilizado é o de 
Roach ou dos 3 pontos. Sobre o modelo são determinados, e marcados com uma lapiseira 
de pontas finas, 3 pontos: um anterior e dois posteriores, distribuídos de forma a 
determinar um triângulo eqüilátero ou o mais próximo disto. O ponto anterior é 
determinado na intersecção dos terços incisal e médio dos incisivos centrais superiores e 
na borda incisal dos incisivos centrais inferiores. Os pontos posteriores, 
preferencialmente simétricos, podem ser a ponta da cúspide mésio-vestibular do 2º molar, 
por exemplo. Caso haja a falta de dentes para a determinação dos pontos, esta pode ser 
10 
 
 
feita com base em planos de cera, determinando pontos virtuais que representam o plano 
protético para a arcada em questão. 
 
 
 
 A orientação deste plano oclusal perpendicular à haste do delineador é obtida 
quando a ponta analisadora, numa mesma altura, toca os 3 pontos escolhidos, e é feita por 
tentativa e erro. 
 
 
 
 Imaginando outra situação, na qual houvesse a inclinação no sentido anterior dos 
dentes remanescentes, o traçado do equador protético obtido sobre os dentes anteriores 
para uma trajetória de inserção perpendicular ao plano oclusal estaria posicionado 
próximo à face oclusal/incisal. O posicionamento de elementos retentivos em áreas de 
11 
 
 
retenção adequadamente dosadas, portanto não tão distantes do equador protético, cria 
um transtorno estético importante. 
 
 
 
 
 
 Para contornar este problema estético fica determinado o posicionamento mais 
cervical do elemento de retenção, o que pode comprometer a função do retentor por 
superar sua capacidade de flexão, ou mesmo por gerar grande interferência ao 
assentamento da prótese, já que o conjunto do grampo é passivo. 
12 
 
 
 
 
 
 Desse modo, acompanhar a inclinação dos dentes, ou seja, inclinar o modelo para 
trás, determinando uma trajetória de inserção/remoção inclinada em relação ao plano 
oclusal, constitui solução mais favorável. A retenção final, determinada pelo 
posicionamento mais cervical dos retentores, seria até maior que a necessária para manter 
a prótese em posição. 
 
 
 
13 
 
 
 
Pode-se determinar, portanto, que a observação de dentes remanescentes com 
inclinações normais em relação ao plano oclusal favorece a utilização da trajetória de 
inserção/remoção perpendicular ao plano oclusal ou de inclinação zero. Se os dentes 
remanescentes tiverem outra disposição, novas trajetórias devem ser analisadas até que se 
localize a ideal. 
Outro fator, importantíssimo, a ser considerado, é a existência da chamada 
trajetória potencial de deslocamento (TPD), sempre perpendicular ao plano oclusal, 
qualquer que seja a trajetória de inserção/remoção definida para a prótese. Esta trajetória 
potencial de deslocamento é ativada exatamente no início do movimento de abertura da 
boca, durante a mastigação, sempre que a prótese é tracionada pela adesão de alimentos 
(p.ex. balas de caramelo). 
Portanto, a trajetória potencial de deslocamento coincide com a trajetória de 
inclinação zero ou perpendicular ao plano oclusal e, conseqüentemente, se esta trajetória 
não inclinada propicia a obtenção de áreas retentivas suficientes, o correto funcionamento 
da prótese fica favorecido, sendo determinada, então, como posição de delineamento. 
 
 
 
14 
 
 
Até agora, todas as análises feitas levaram em conta as áreas retentivas, mas tanto 
quanto retenção, estabilidade é fundamental para o sucesso do tratamento. 
Retenção é a capacidade da prótese em resistir ao deslocamento vertical no 
sentido de sua remoção do sistema de suporte; estabilidade é a capacidade da prótese de 
resistir aos deslocamentos horizontais ou verticais, em sentido ocluso-gengival, e que 
contribui para a retenção da prótese por manter o correto posicionamento dos braços de 
retenção sobre os dentes pilares. 
A estabilidade horizontal da prótese é garantida pelo contato de partes rígidas da 
estrutura metálica (p.ex. braços de reciprocidade) com paredes axiais dos dentes pilares. 
Essa rigidez limita o posicionamento destes constituintes ao nível do equador protético, 
ou seja, na porção não retentiva da coroa dental. Em condições normais esta condição 
determina que o contato destas partes rígidas da estrutura metálica com o dente ocorre 
apenas com a prótese totalmente assentada, sendo que qualquer pequeno deslocamento 
vertical quebra a situação de estabilidade. Isso fica evidente para os braços dos grampos: 
dada a situação natural de contorno dos dentes, o traçado do equador protético nas faces 
vestibulares é mais cervical que nas faces linguais ou palatinas. Posicionados os braços 
dos grampos, e assumindo que a relação entre eles é constante, pode-se facilmente 
visualizar que após um pequeno deslocamento vertical no sentido da remoção da prótese 
o braço de reciprocidade fica afastado do dente, permitindo que o braço de retenção, 
ainda em contato, continue exercendo força sobre o dente. Verifica-se, portanto, que o 
princípio de reciprocidade, estabelecido para o bom funcionamento dos grampos, não 
funciona efetivamente, havendo a geração de cargas laterais sobre os dentes pilares. 
 
15 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
No entanto, se para o posicionamento destas partes rígidas da estrutura metálica 
forem encontradas paredes axiais dos dentes pilares, planas e paralelas entre si, a 
condição é outra, porque mesmo havendo o deslocamento vertical mantém-se a relação 
de contato estrutura/dente, com preservação da estabilidade. Ainda, este contato, por 
fricção entre o metal e o esmalte dental, provê retenção friccional à prótese. 
Nesta situação encontram-se os chamados PLANOS GUIA, que são, portanto, 
definidos como paredes axiais dos dentes pilares, planas e paralelas entre si e à trajetória 
de inserção/remoção determinada. Sempre que possível deve-se usar o maior número de 
planos guia disponíveis. O posicionamento dos braços de reciprocidade sobre planos guia 
permite a obtenção de reciprocidade efetiva, mantendo o dente pilar rigidamente apoiado 
quando da passagem do braço de retenção pelo equador protético, neutralizando a ação de 
cargas laterais sobre o dente pilar. Ainda, os planos guia individualizam a trajetória de 
inserção/remoção da prótese. Assim, se a ocorrência de planos guia naturais não for 
detectada, deve-se, durante a análise do modelo de estudo, identificar paredes axiais dos 
dentes pilares que possam ser preparadas para tal função. 
 
 
17 
 
 
 
 
 
 
Voltando às áreas retentivas, como considerado acima, se forem grandes (muito 
cervicais em relação ao equador protético) podem representar INTERFERÊNCIA à 
colocação da prótese, exigindo flexão além da capacidade do braço de retenção, 
ocasionando deformação permanente e/ou fratura, ou mesmo colocando-o em posição 
que impeça a inserção da prótese sobre o sistema de suporte. 
18 
 
 
Desse modo, além de identificar as áreas retentivas dos dentes pilares, deve-se 
quantificá-las para que possa ser determinada a exata localização das pontas ativas dos 
braços de retenção. Para essa quantificação são utilizadas as pontas calibradoras de 
retenção anteriormentecitadas. Fixadas ao mandril da haste vertical móvel do delineador 
são posicionadas de modo que toquem lateralmente o dente pilar (no equador protético) e 
que permitam o toque do disco calibrados, na sua extremidade inferior, no ponto exato da 
face dental que apresenta a medida de retenção determinada pelo disco (0,25, 0,50 ou 
0,75mm). Para marcar o ponto exato da retenção localizada utiliza-se uma lapiseira de 
pontas finas, afastando ligeiramente o delineador e marcando um ponto na área 
correspondente do dente pilar. As áreas em que se deve buscar retenção são, 
preferencialmente, os quadrantes cervicais das faces vestibulares, no mínimo 1mm acima 
da margem gengival livre. 
Pode acontecer, para dentes com coroas clínicas longas, que, a partir do equador 
protético, sejam identificadas as três calibrações de retenção. Da mesma maneira, para 
dentes com coroas clínicas curtas, pode não haver a identificação de retenção 
correspondente ao mínimo aceitável (0,25mm). Retenções acima de 0,75mm não são 
consideradas em hipótese alguma. De qualquer modo, cada ocorrência deve ser 
identificada no modelo de estudo para futura consideração (marcar na base do modelo a 
quantidade de retenção observada em cada área: P – pequena; M- média; G- grande; N- 
sem retenção). 
 
19 
 
 
 
 
 
 
Se, ao calibrar a retenção encontra-se situação na qual a haste da ponta 
calibradora toque lateralmente o dente pilar, mas o disco não, verifica-se que a retenção 
encontrada é maior que aquela indicada pelo disco. Ao contrário, se o disco toca o dente 
pilar e a haste da ponta calibradora não, identifica-se que se encontra retenção menor que 
aquela indicada pelo disco. 
20 
 
 
 
 
A quantidade de retenção também é determinada pelo ângulo de retenção ou de 
convergência, formado entre a haste da ponta calibradora de retenção e a parede dental. 
Assim, para a mesma quantidade de retenção horizontal (dada pelo disco calibrador), 
quanto maior for o ângulo de retenção, maior a efetividade do braço retentivo. O maior 
ângulo de convergência implica em menor distância de ação para o braço de retenção, ou 
seja, a distância percorrida desde o primeiro contato com o dente pilar até a posição final 
de assentamento. 
O ideal é que a distância de ação do braço de reciprocidade seja igual ou maior 
que a do braço de retenção correspondente. 
 
 
 
21 
 
 
Quanto às áreas de INTERFERÊNCIA à colocação da prótese, além das 
ocorrências já descritas (retenção muito grande ou obstáculo propriamente dito), é 
possível que sejam identificadas em tecidos moles. Por exemplo, a região da pré-maxila 
freqüentemente se apresenta retentiva na vertente vestibular do rebordo alveolar residual. 
A inserção da prótese numa trajetória de inserção perpendicular ao plano oclusal, se 
houver necessidade de sela na região anterior, implicará na confecção de grandes alívios 
que acabarão por comprometer o assentamento natural do lábio superior, com evidente 
prejuízo estético e funcional. Neste caso, a escolha de uma trajetória de inserção 
inclinada em relação ao plano oclusal, acompanhando a inclinação da vertente do 
rebordo, permitirá íntimo contato entre sela e fibromucosa de revestimento, promovendo, 
ainda, retenção adicional contra a trajetória potencial de deslocamento. 
 
 
 
Outro fator não menos importante a ser considerado é a ESTÉTICA. Toda 
atenção é necessária neste sentido, porque embora seja extremamente dependente de 
fatores culturais, a estética não pode ser relegada a segundo plano. De nada adiantaria 
oferecer ao paciente uma prótese mecanicamente perfeita e deficiente do ponto de vista 
estético. Poucos pacientes a usariam. Obviamente, a PPR convencional por utilizar 
22 
 
 
retentores extracoronários nem sempre favorece a obtenção de resultados estéticos 
plenamente satisfatórios. No entanto, se durante o delineamento a análise de todos os 
detalhes for criteriosa, é possível chegar a resultados muito bons, melhorando a aceitação 
da prótese pelo paciente. 
Analisando todos estes fatores, conclui-se, então, que a trajetória de inserção 
ideal é aquela que permite a obtenção de: 
- PLANOS GUIA 
- RETENÇÃO 
- AUSÊNCIA DE INTERFERÊNCIAS 
- ESTÉTICA. 
Didaticamente pode-se assumir, então, a existência de duas trajetórias de inserção: 
1) inicial ou de inclinação zero (perpendicular ao plano oclusal); e 2) IDEAL ou 
DEFINITIVA: aquela que contempla os quatro fatores acima. 
Para grande número de casos, especialmente quando os dentes pilares são 
naturais, a trajetória de inserção inicial também é a ideal. No entanto, nem sempre é 
assim que ocorre. Conclui-se, portanto, que o delineamento bem conduzido é 
fundamental para a PPR, permitindo detectar as adequações que devem ser feitas sobre o 
sistema de suporte para possibilitar o correto funcionamento da prótese. Como dito no 
início deste capítulo, permite a determinação da realização de restaurações, desgastes, 
cirurgias, ortodontia, etc. Por fornecer elementos de diagnóstico que vão possibilitar o 
correto planejamento e o estabelecimento do plano de tratamento, o processo de 
delineamento é parte integrante do exame do paciente e, como tal, é de total 
responsabilidade do cirurgião-dentista. 
23 
 
 
Com base nestas considerações, a trajetória de inserção ideal pode, então, ser 
definida como sendo aquela que melhor combinar os quatro fatores determinantes 
(PLANOS GUIA/RETENÇÃO/AUSÊNCIA DE INTERFERÊNCIAS/ESTÉTICA), 
reduzindo ao mínimo indispensável as intervenções a serem realizadas no sistema de 
suporte. 
Determinada, a trajetória de inserção ideal para o caso deve ser registrada para 
permitir qualquer futuro reposicionamento do modelo de estudo no delineador sem que se 
precise partir do princípio do processo, novamente. 
Há inúmeros métodos de registro descritos, mas o mais simples e preciso 
preconiza a cimentação de um pino rígido à base do modelo analisado. Com o modelo 
ainda sobre a mesa porta-modelos, um pino rígido (p.ex. um prego) é fixado ao mandril 
da haste delineadora e posicionado num orifício feito na base do modelo em área que não 
comprometa qualquer análise ou o futuro desenho da prótese. A cimentação pode ser feita 
com gesso, cimento fosfato de zinco, Super Bonder, etc. 
 
 
24 
 
 
 
 
 
Para qualquer reanálise do modelo de estudo procede-se da seguinte forma: o 
modelo deve ser posicionado na mesa porta-modelos; a junta universal deve estar 
totalmente solta; o pino de registro deve ser preso ao mandril da haste delineadora. Ao 
apertar o mandril a mesa é reorientada pelo registro e o modelo reassume a inclinação 
determinada anteriormente. A junta universal é travada e pode-se, agora, reanalisar o 
modelo. 
Complementando o estudo deste ponto há uma última questão a ser respondida: 
inclinar o modelo durante o delineamento cria retenção? 
Hipoteticamente imagine-se uma situação na qual, para a trajetória de inserção 
inicial (perpendicular ao plano oclusal ou de inclinação zero) não se localizam áreas 
retentivas, tanto nos pilares do lado esquerdo quanto do direito. 
 
25 
 
 
 
 
A inclinação do modelo para o lado direito, por exemplo, em certo momento 
propiciará a obtenção de retenção na face vestibular do pilar direito e na face 
lingual/palatina do pilar esquerdo. Tal situação indicaria o posicionamento de braços de 
retenção nestas faces, e de braços de reciprocidade nas faces opostas. 
 
 
 
Deve-se lembrar, no entanto, que uma vez instalada, a prótese estará sujeita à ação 
da trajetória potencial de deslocamento (TPD), sempre perpendicular ao plano oclusal. 
Voltando à situação original, para a trajetória inicial, perpendicular ao plano oclusal, não 
havia retenções disponíveis e, se tracionada, a prótese será deslocada com facilidade. 
 
26 
 
 
 
 
Inclinar o modelo para criar retenções é, portanto, um dos maiores e mais 
freqüentes erros cometidos duranteo delineamento, e acontece por basear a escolha da 
trajetória de inserção em apenas um dos fatores determinantes, a retenção. 
Continuando no mesmo esquema anterior, se, simultaneamente à localização da 
áreas retentivas, fossem encontradas paredes axiais dos dentes pilares, oposta, planas e 
paralelas entre si para a trajetória inclinada pretendida, os chamados PLANOS GUIA, os 
braços de reciprocidade seriam nelas posicionados, estabilizando a PPR e a remoção da 
prótese somente seria possível por esta trajetória inclinada, eliminando a ação da 
trajetória potencial de deslocamento. 
 
 
27 
 
 
 
 
Considere-se, no entanto, que embora válida para o esquema proposto, tal 
situação é puramente teórica e aplicada para o correto entendimento da biomecânica de 
funcionamento dos planos guia, haja vista que braços de reciprocidade posicionados em 
faces vestibulares criam problemas estéticos às vezes incontornáveis. 
Concluiu-se, portanto, que a inclinação do modelo a partir da trajetória inicial ou 
perpendicular ao plano oclusal, como recurso para melhor distribuir áreas retentivas, só é 
válida se vinculada à localização de planos guia naturais ou de superfícies que possam ser 
preparadas para tal função. 
Resumidamente o processo de delineamento pode ser assim descrito: 
1. posicionamento do modelo de estudo com o plano oclusal perpendicular à haste 
vertical do delineador  trajetória de inserção inicial ou de inclinação zero; 
2. identificação de paredes dentais planas, paralelas entre si para esta trajetória de 
inserção  PLANOS GUIA 
3. inclinação do modelo nos sentidos Antero-posterior e/ou látero-lateral para 
localizar o maior número possível de planos guia; 
4. localização e quantificação das áreas de RETENÇÃO; 
28 
 
 
5. retorno ao passo 2 se localizadas ÁREAS DE INTERFERÊNCIA à colocação 
da prótese ou se houver comprometimento da ESTÉTICA; 
6. definição e registro da trajetória de inserção ideal para o caso; 
7. traçado do equador protético. 
 
Referências bibliográficas: 
Bezzon OL; Mattos, MGC; Ribeiro, RF. Surveying removable partial dentures: the 
importance of guiding planes and path of insertion for stability. J Prosthet Dent, v. 78, n. 
4, p.412-8, Oct. 1997. 
Bezzon, OL; Ribeiro, RF; Pagnano, VO. Device for recording the path of insertion for 
removable partial dentures. J Prosthet Dent, v. 84, n. 2, p.136-8, Aug. 2000. 
Brudvik, JS. Advanced removable partial dentures. Carol Stream: Quintessence, 1999. 
164p. 
Davenport, JC et al. A clinical guide to removable partial denture design. London: 
Bristish Dental Association, 2000. 112p. 
Mc Givney, GP; Carr, AB. McCraken’s removable partial prosthodontics. 10
th
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Miller, EL. Protesis parcial removible. 1ª ed., Trad. Georgina Talancón. México: 
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Todescan, R; Silva, EEB; Silva OJ. Atlas de prótese parcial removível. 1ª ed., São Paulo: 
Santos, 1996. 345p. 
Zanetti, AL; Laganá, DC. Planejamento: prótese parcial removível. 2
a
 ed., São Paulo: 
Sarvier, 1996. 147p.

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