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Caderno de Revisão de Direito Constitucional

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1 2 3 4 5 6 
 
 
1 
 
Teoria da Constituição 
1. Conceito de Constituição 
S
o
c
io
ló
g
ic
a
 
La
ss
al
e
 
Constituição é fato social, e não norma jurí-
dica. A Constituição real e efetiva de um Es-
tado consiste na soma dos fatores reais de 
poder que vigoram na sociedade. A Consti-
tuição escrita “não passa de uma folha de pa-
pel”. 
P
o
lí
ti
c
a
 
S
ch
m
it
t 
Constituição seria fruto da vontade do povo, 
titular do poder constituinte; por isso 
mesmo é que essa teoria é considerada deci-
sionista ou voluntarista. Para Schmitt, a 
Constituição é uma decisão política funda-
mental que visa estruturar e organizar os 
elementos essenciais do Estado. 
J
u
rí
d
ic
a
 
K
e
ls
e
n
 
Constituição possui dois sentidos: 
a) lógico-jurídico: norma pura, puro dever-
ser, s/ qualquer pretensão à fundamentação 
sociológica; 
b) jurídico-positivo: é a Constituição escrita, 
formal, o documento supremo que dá ori-
gem a todas as demais normas do ordena-
mento; 
C
u
lt
u
ra
li
s
ta
 
M
e
ir
e
lle
s 
Conduz ao conceito de uma Constituição To-
tal em uma visão suprema e sintética que 
“...apresenta, na sua complexidade intrín-
seca, aspectos econômicos, sociológicos, ju-
rídicos e filosóficos, a fim de abranger o seu 
conceito em uma perspectiva unitária”. As-
sim, sob o conceito culturalista, “...as Consti-
tuições positivas são um conjunto de normas 
fundamentais, condicionadas pela cultura 
total, e ao mesmo tempo condicionantes 
desta, emanadas da vontade existencial da 
unidade política, e reguladoras da existência, 
estrutura e fins do Estado e do modo de 
exercício e limites do poder político”. 
Id
e
a
l 
C
an
o
ti
lh
o
 
Compreensão obtida a partir de um conceito 
cultural da Constituição, devendo: "(i) con-
sagrar um sistema de garantia da liberdade 
(essencialmente concebida no sentido do re-
conhecimento dos direitos individuais e da 
participação do cidadão nos atos do poder 
legislativo através dos Parlamentos); (ii) a 
Constituição contém o princípio da divisão 
de poderes, no sentido de garantia orgânica 
contra os abusos dos poderes estaduais; (iii) 
a Constituição deve ser escrita". 
2. Elementos das Constituições (segundo 
José Afonso da Silva) 
a) Elementos orgânicos: regulam a estru-
tura do Estado e do Poder. 
b) Elementos limitativos: normas que com-
põem o elenco dos direitos e garantias fun-
damentais, limitando o poder do Estado. 
c) Elementos sócio-ideológicos: revelam o 
compromisso da Constituição entre o Es-
tado individualista e o Estado Social (ex: or-
dem econômica). 
d) Elementos de estabilização constituci-
onal: normas destinadas à solução de con-
flitos constitucionais, à defesa da Constitui-
ção, do Estado e das instituições democrá-
ticas. 
e) Elementos formais de aplicabilidade: 
regras de aplicação da Constituição. 
3. Constitucionalismo 
3.1. Fases do constitucionalismo 
1) Antigo 
● Povo Hebreu – Estado teocrático. 
● Cidades-Estado Gregas - século V a.C., 
onde havia ampla participação dos gover-
nados na condução do processo político 
(democracia direta). 
2) Medieval 
✓ Magna Carta inglesa (1215): representou 
um limitação do poder monárquico à auto-
ridade da lei. 
3) Moderno 
● Transição da monarquia absolutista para o 
Estado Liberal, em especial na Europa, no final do 
século XVIII, que traçou limitações formais ao po-
der político vigente à época. 
● Surgimento das Constituições escritas. 
● Constituições dos Estados Unidos da América 
de 1787 e da França de 1791. 
● Constituições liberais (ex: constitucionalismo 
inglês, norte-americano e francês), cujos documen-
tos eram sintéticos. Sob viés liberal, orientavam-se 
por valores como liberdade, proteção à proprie-
dade privada, proteção aos direitos individuais e 
absenteísmo estatal). 
● Contribuição da Revolução Gloriosa: sobera-
nia do parlamento (em base bicameral). 
● Contribuição da Revolução Francesa: princípio 
da soberania nacional. 
● Contribuição da Revolução Americana: fede-
ralismo e Constituição como uma "Bíblia Política”. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
 
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2 
 
4) Contemporâneo 
• Totalitarismo constitucional: textos constitu-
cionais trazem importante conteúdo social, esta-
belecendo normas programáticas e realçando o 
sentido de constituição dirigente. 
• Dirigismo comunitário e constitucionalismo 
globalizado: busca difundir a perspectiva de pro-
teção aos direitos humanos e de propagação para 
todas as nações. 
• Direitos de segunda dimensão: relacionados à 
igualdade. 
• Direitos de terceira dimensão: relacionados à fra-
ternidade/solidariedade. 
• Constituição do México/1917 e Constituição da 
Alemanha/1919. 
5) Do futuro (José Roberto Dromi) 
• Deverá buscar a concretização dos seguintes va-
lores: 
a) Verdade 
b) Solidariedade 
c) Consenso 
d) Continuidade 
e) Participação 
f) Integração 
3.2. Neoconstitucionalismo 
Principais ideias 
✓ Constituições passam a prever valores. 
✓ Forma-se o Estado Constitucional de Di-
reito. 
✓ Busca-se a concretização dos direitos fun-
damentais e a garantia de condições míni-
mas de existência aos indivíduos. 
Marcos (histórico, filosófico e teórico) 
a. Histórico: pós 2ª Guerra Mundial. 
b. Filosófico: pós positivismo 
✓ O pós-positivismo, como via intermedi-
ária para a superação das concepções 
jusnaturalistas e juspositivistas, 
tem pretensão de universalidade, ou 
seja, pretende desempenhar o papel de 
autêntica teoria geral do direito aplicá-
vel a qualquer tipo de ordenamento ju-
rídico, independentemente de suas ca-
racterísticas específicas. (…) O neocons-
titudonalismo, por seu turno, tem pre-
tensões mais específicas. Trata-se de 
uma teoria particularmente desenvolvi-
da para explicar e dar conta das comple-
xidades que envolvem um modelo es-
pecífico de organização político-jurí-
dica (o Estado constitucional democrá-
tico) e de constituição (“constituições 
normativas e garantistas”). MPGO/19. 
✓ Reconhece a centralidade dos direitos 
fundamentais. 
✓ Reaproximação entre o Direito e a 
Ética. Novelino: “As diferentes aspira-
ções do pós-positivismo (teoria univer-
sal) e do neoconstitucionalismo (teoria 
particular) também se revelam nos pla-
nos em que a moral atua como uma ins-
tância crítica de valoração do direito. Na 
visão pós-positivista a normatividade 
dos princípios e a centralidade da argu-
mentação jurídica são determinantes 
para se pensar o direito e a moral como 
esferas complementares e não total-
mente autônomas. Embora sejam reco-
nhecidas as especificidades de cada 
uma delas, não se admite um trata-
mento segmentado. Ao pressupor uma 
“conexão necessária” entre direito e 
moral, o pós-positivismo rompe com 
dualismo, característico das concepções 
juspositivistas, entre as duas esferas”. 
Em seguida, leciona: “O neoconstitucio-
nalismo, por seu turno, adota uma pre-
missa distinta ao considerar que a cone-
xão identificativa entre direito e moral 
resulta da incorporação dos valores 
morais nas constituições por meio de 
princípios e direitos fundamentais, 
pontes necessárias entre as duas esfe-
ras. Sob esta óptica, a conexão entre o 
direito e a moral é apenas contingente 
– e não necessária, como no pós-positi-
vismo -, isto é, decorre da incorporação 
de princípios morais nas constituições 
contemporâneas. 
✓ Princípios passam a ser encarados como 
normas jurídicas. 
✓ Novelino: “Como postura ideológica pe-
rante o direito vigente, o pós-positi-
vismo pode ser visto como uma via in-
 
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3 
 
termediária que busca preservar a segu-
rança jurídica, mas sem adotar uma vi-
são cética em relação à justiça material. 
O caráter prima face atribuído à segu-
rança jurídica, em casos extremos, pode 
ser afastado em nome da justiça”. 
c. Teórico 
✓ Foça normativa da Constituição. 
✓ Expansãoda jurisdição constitucional. 
✓ Nova dogmática da interpretação cons-
titucional. 
3.3. Modelos de constitucionalismo 
Canotilho identifica três modelos de compreensão 
do movimento constitucionalista: 
a. O modelo historicista (ou inglês) 
b. O modelo individualista: é advindo do 
modelo francês. A revolução francesa faz 
surgir uma nova ordem jurídica, política e 
social. Por isso, é também chamado de 
constitucionalismo revolucionário. O mo-
delo individualista estabelece uma ruptura 
com a ordem social até então praticada, o 
anterior regime, para dar lugar a um novo 
regime, uma nova ordem social, definida 
através de um contrato social baseado nas 
vontades individuais e não mais no alve-
drio do governante (...). 
c. O modelo federalista ou estadista. 
3.4. Transconstitucionalismo x Constitucio-
nalismo transnacional x Interconstitucionali-
dade 
Cuidado, são conceitos DIFERENTES! 
Transconsti-
tucionalismo 
Constitucio-
nalismo 
transnacio-
nal 
Interconstitu-
cionalidade 
Introduzido no 
Brasil por Mar-
celo Neves, re-
presenta o diá-
logo entre o di-
reito interno e 
o direito inter-
nacional, para 
melhor tutela 
dos direitos 
fundamentais. 
Possibilidade 
de criação de 
uma só Consti-
tuição para vá-
rios países. 
Trata das rela-
ções interconsti-
tucionais, isto é, 
a convergência, a 
concorrência, a 
justaposição e os 
conflitos de vá-
rias constituições 
e de vários pode-
res constituintes 
no mesmo es-
paço político. 
3.5. Patriotismo constitucional 
O termo foi primeiramente utilizado pelo historia-
dor alemão Dolf Sternberger, na década de 70 (e 
mais difundido pelo sociólogo e filósofo alemão 
Jürgen Habermas, na década de 80), para designar 
um sentimento de identidade coletiva, fundamen-
tada nos ideais constitucionais e nas ideias de to-
lerância, multiculturalismo e respeito aos di-
reitos fundamentais. Tal ideia se opõe ao nacio-
nalismo como comumente existe, calcado em iden-
tidades étnicas e culturais. 
4. Poder Constituinte 
4.1. Poder constituinte x Poder constituído 
● Expressões criadas por Sieyès, na França. 
4.2. Poder constituinte ORIGINÁRIO 
3.2.1. Outras denominações 
Inicial, inaugural, genuíno ou de 1° grau 
3.2.2. Conceito 
• É aquele que tem como objetivo criar um novo 
Estado. 
• O poder constituinte originário se expressa em 
movimentos de ruptura simbólica ou violenta em 
face dos poderes constituídos (rupturas históricas 
ou transição constitucional). 
3.2.3. Características 
1. Inicial; 
2. Autônomo; 
3. Ilimitado juridicamente; 
✓ Não se pode alegar direito adquirido em 
face do poder constituinte originário. 
4. Incondicionado e soberano na tomada de 
suas decisões; 
5. Poder de fato e poder político; 
6. Permanente 
4.3. Poder constituinte DERIVADO 
4.3.1. Outras denominações 
Poder constituinte instituído, constituído, secundá-
rio, de 2º grau ou remanescente. 
4.3.2. Características 
• É criado e instituído pelo poder constituinte 
originário. 
 
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4 
 
• Limitado e condicionado pelos parâmetros 
impostos pelo poder constituinte originário. 
4.3.3. Espécies 
1. PC derivado reformador; 
2. PC derivado decorrente; 
3. PC derivado revisor. 
A) Poder constituinte derivado reformador 
• É aquele capaz de modificar a Constituição, por 
meio de um procedimento específico, estabelecido 
pelo poder constituinte originário. 
• Limitações: 
a. Expressas ou explícitas 
1. Formais ou procedimentais: previ-
são de um procedimento próprio, via 
de regra, mais dificultoso. 
2. Circunstanciais (art. 60, § 1°, CF/88): 
a CF não pode ser alterada na vigên-
cia de ED, ES e IF. 
3. Materiais (art. 60, § 4°, CF/88): pre-
visão de cláusulas pétreas. 
A doutrina majoritária entende que a 
CF/88 não prevê limitações temporais. 
b. Implícitas: por exemplo, a alteração do ti-
tular do poder constituinte originário e do 
poder constituinte derivado reformador 
(teoria da dupla revisão). 
B) Poder constituinte derivado decorrente 
• Permite que os Estados-membros elaborem suas 
próprias Constituições, bem como venham modi-
ficá-las, havendo necessidade de adequação e re-
formulação. 
• Limitações: 
a. Princípios constitucionais sensíveis (art. 34, 
VII, da CF/88): estão expressos na Constitui-
ção, razão pela qual são também chamados 
de apontados ou enumerados. 
b. Princípios constitucionais organizatórios 
(ou estabelecidos): aqueles que limitam, ve-
dam ou proíbem a ação indiscriminada do 
Poder Constituinte Decorrente (ex: sistema 
tributário nacional). 
c. Princípios constitucionais extensíveis: aque-
les que integram a estrutura da federação 
brasileira (ex: preceitos ligados à Administra-
ção Pública). 
• É inconstitucional norma da Constituição Esta-
dual que estabeleça que a proposta de emenda à 
Constituição, de iniciativa exclusiva de 2/3, no mí-
nimo, dos membros da Assembleia Legislativa, seja 
aprovada por 3/5 dos referidos membros. 
C) Poder constituinte derivado revisor 
• Previsto no art. 3° do ADCT, diz respeito à compe-
tência de revisão para atualizar e adequar a Consti-
tuição às realidades que a sociedade apontasse 
como necessárias. 
• Eficácia exaurida e aplicabilidade esgotada da re-
gra prevista no art. 3° do ADCT: a revisão constitu-
cional foi prevista para ser exercida uma única vez, 
após 5 anos contados da promulgação da CF, tendo 
resultado na edição de 6 EC de revisão. 
4.5. Poder constituinte difuso (mutação 
constitucional) 
• Poder de fato que serve de fundamento para os 
mecanismos de atuação da mutação constitucio-
nal, fenômeno pelo qual se opera a alteração do 
conteúdo e do alcance das normas constitucionais 
pela via informal, sem alteração do texto norma-
tivo, tendo-se em conta a aplicação concreta de seu 
conteúdo a situações fáticas que se modificam no 
tempo, à luz de transformações no âmbito da rea-
lidade do poder político, da estrutura social ou do 
equilíbrio de interesses. 
• As mutações constitucionais decorrem da conju-
gação da peculiaridade da linguagem constitucio-
nal, polissêmica e indeterminada, com fatores ex-
ternos, de ordem econômica, social e cultural, que 
a CF intenta regular, produzindo leituras sempre 
renovadas das mensagens enviadas pelo consti-
tuinte. 
• Quais são os mecanismos por meio dos quais se 
opera a mutação constitucional? São 3! 
a. Por mudanças na interpretação consti-
tucional, 
b. Pela atuação do legislador 
✓ Aqui, vale lembrar a possibilidade 
de reação legislativa à decisão da 
Corte Constitucional (STF, Info 
801). 
c. Pela via do costume 
 
 
 
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5 
 
5. Interpretação constitucional 
5.1. Métodos 
Hermenêutico 
clássico ou ju-
rídico 
 
Constituição é considerada 
uma lei, devendo ser inter-
pretada como tal. Assim, 
devem ser utilizados os mé-
todos tradicionais de her-
menêutica: gramatical/lite-
ral, histórico, sistemá-
tico/lógico e teleoló-
gico/racional. 
Tópico-proble-
mático 
Theodor 
Viehweg 
Parte-se do problema para 
a norma. 
Hermenêutico-
concretizador 
Hesse 
Parte-se da norma para o 
problema (círculo herme-
nêutico = “movimento de ir 
e vir”). 
Científico- 
espiritual 
Rudolf 
Smend 
Deve-se pesquisar a ordem 
de valores subjacentes ao 
texto constitucional, uma 
vez que, com isso, é possí-
vel uma captação espiritual 
de seu conteúdo axioló-
gico. 
Normativo-
estruturante 
Friedrich 
Muller 
A norma não está inteira-
mente no texto, sendo o re-
sultado entre o texto cons-
titucional e a realidade. O 
texto é apenas a "ponta do 
iceberg". 
• Programa normativo: 
conjunto de domínios lin-
guísticos. 
+ 
• Âmbito normativo: reali-
dade a se regular. 
= 
NORMA JURÍDICA 
5.2. Interpretação conforme a Constituição 
• Técnica por meio da qual se adota uma exegese 
específica da norma como consonante com a Cons-
tituição. Mantém-se, assim, o texto da norma - em 
todo (sem redução de texto) ou em parte (com re-dução de texto). 
• Pode ser utilizada no controle de constitucionali-
dade de emenda constitucional. 
• A interpretação conforme a constituição e a de-
claração parcial de inconstitucionalidade sem redu-
ção de texto são exemplos de situações constituci-
onais imperfeitas (normas se situam em um está-
gio de trânsito entre a constitucionalidade e a in-
constitucionalidade). 
• A interpretação conforme só é admitida no caso 
de normas polissêmicas. 
• A interpretação conforme não permite a inter-
pretação contra legem, nem mesmo a pretexto de 
preservar a Constituição. 
5.3. Sentenças “intermediárias” 
Segundo Bernardo Gonçalves, compreende 
uma diversidade de tipologia de decisões utilizadas 
pelos Tribunais Constitucionais e/ou Cortes Consti-
tucionais em sede de controle de constitucionali-
dade, com o objetivo de relativizar o padrão biná-
rio do direito (constitucionalidade/inconstitucio-
nalidade". 
Podem ser assim classificadas: 
1. Decisões interpretativas em sentido es-
trito 
a) sentença interpretativa de rechaço: A 
corte adota a interpretação conforme a 
CF e repudia outra que a contrarie. 
b) sentença interpretativa de aceitação: A 
corte ANULA (caráter definitivo e erga 
omnes) uma decisão de instância ordi-
nária que adotou interpretação ofen-
siva à CF. 
2. Decisões manipulativas/manipulado-
ras/normativas 
a) sentenças aditivas/de efeito aditivo: A 
Corte declara inconstitucional certo dis-
positivo, não pelo que expressa, mas 
pelo que omite, alargando o texto da lei 
ou seu âmbito de incidência (Ex: aborto 
de anencéfalos e greve dos servidores 
públicos). 
b) sentenças substituíveis: A Corte anula 
uma norma e a substitui por outra, es-
sencialmente diferente, criada pelo pró-
prio Tribunal (Ex: substituição da taxa 
prevista no DL 3.365/41 pela prevista na 
S. 618 do STF) 
5.4. Correntes hermenêuticas americanas 
a) Interpretativista: os juízes, ao interpretarem 
a Constituição, devem se limitar a captar o sentido 
dos preceitos nela expressos. 
b) Não Interpretativista: defendem uma maior 
autonomia do juiz ao interpretar a norma, com 
aplicação de “valores e princípios substantivos” – 
princípios da liberdade e da justiça. Admite-se o ati-
vismo judicial ou papel criativo do juiz. 
 
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6 
 
5.5. Teoria da democracia dualista 
A teoria da democracia dualista, defendida por 
Bruce Ackerman, sustenta que as decisões adota-
das pelo próprio povo, em contextos de grande 
mobilização cívica, devem ser protegidas do al-
cance da vontade dos representantes do povo, for-
mada em momentos em que a cidadania não esteja 
intensamente envolvida. Esta teoria distingue a po-
lítica extraordinária, correspondente àqueles "mo-
mentos constitucionais", da política ordinária, que 
se realiza através das deliberações do dia a dia dos 
órgãos representativos. A política extraordinária 
não exige, necessariamente, formalização procedi-
mental através de assembleia constituinte ou de 
emenda constitucional, se situa em patamar supe-
rior à política ordinária e pode legitimamente im-
por limites a esta. 
5.6. Liberalismo igualitário 
O liberalismo igualitário é uma vertente do libera-
lismo político. Daí a sua dimensão liberal que se ex-
prime no reconhecimento da prioridade dos direi-
tos individuais diante dos interesses do Estado ou 
da coletividade. Esta ideia foi bem sintetizada por 
John Rawls, na abertura da sua obra clássica sobre 
a Teoria da Justiça: "Cada pessoa possui uma invio-
labilidade fundada na justiça que nem o bem-estar 
da sociedade inteira pode sobrepujar (...). Por-
tanto, numa sociedade justa as liberdades decor-
rentes da igual cidadania são garantidas, e os direi-
tos assegurados por razões de justiça não se sujei-
tam à barganha política ou a cálculos de interesse 
social". 
Pode-se falar, neste sentido, que o liberalismo 
igualitário, como todo liberalismo, é individualista, 
pois o seu foco prioritário se centra no indivíduo, e 
não em qualquer entidade supraindividual como o 
Estado, a Nação, a classe social ou o grupo étnico. 
5.7. Teoria dos “Dois Corpos do Rei” 
Presente em toda a Europa, com destaque na Ingla-
terra, onde se desenvolveu em uma teoria política 
ou legal. Segundo a referida doutrina, a figura 
do Rei se subdividia em dois "corpos": a pessoa na-
tural (física) do rei, semelhante a de qualquer ou-
tro homem, sendo, portanto, material e corruptí-
vel, e, também, a figura do representante político, 
um corpo imaterial (místico), invisível, imortal e in-
capaz de qualquer imperfeição. Tal dualidade exi-
gia tratamento jurídico diferenciado para cada um 
dos “corpos”. 
6. Princípios de interpretação constituci-
onal 
a) Unidade 
O texto deve ser interpretado de forma a evitar 
contradição entre as normas e os princípios consti-
tucionais. Assim, não há contradição verdadeira 
entre as normas constitucionais, o conflito é ape-
nas aparente. A análise das normas deve ser inte-
grada e não isolada. Não existe hierarquia entre as 
normas da CF. 
b) Concordância prática/harmonização 
Impõe a harmonização dos bens jurídicos em caso 
de conflito, de modo a evitar o sacrifício total de 
uns em relação aos outros. É geralmente usado na 
solução de colisão de direitos fundamentais. Ex: 
manifestação de pensamento x vida privada. 
c) Justeza/conformidade 
Impõe aos órgãos encarregados da interpretação 
constitucional a obrigação de não chegar a um re-
sultado que subverta o esquema organizató-
rio funcional estabelecido pela CF. 
d) Máxima efetividade/eficiência/interpreta-
ção efetiva 
O intérprete deve atribuir à norma constitucional o 
sentido que lhe dê mais efetividade social. Visa ma-
ximizar a norma. Sua utilização se dá principal-
mente na aplicação dos direitos fundamentais. 
e) Efeito integrador 
Busca que na interpretação da CF seja dada prefe-
rência às determinações que favoreçam a integra-
ção política e social. 
f) Força normativa 
Atua como um apelo ao intérprete nas interpreta-
ções, como representação de um objetivo a ser 
perseguido. Nas possíveis interpretações, deve ser 
adotada a que dê maior eficácia/aplicabilidade e 
permanência às normas constitucionais. 
g) Ponderação 
• A colisão entre princípios, segundo a teoria pre-
dominante, é resolvida por um juízo de pondera-
ção. Neste caso, conforme aponta GONET 
BRANCO, em Juízo de Ponderação na Jurisdição 
 
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7 
 
Constitucional, “a solução do conflito, idealmente, 
há de ser feita com a restrição mínima de um prin-
cípio em favor daquele de maior peso – solução 
que valerá para as circunstâncias analisadas, não 
se credenciando a assertiva de ‘que sempre um va-
lor há de preferir ao outro’. O intérprete, por isso, 
formula um enunciado de preferência condici-
onada, traça, assim, uma ‘hierarquia móvel ou 
axiológica’. A regra que resultará da ponderação 
vale para as circunstâncias tomadas em considera-
ção ao se avaliar o peso dos princípios em atrito”. 
• A técnica da ponderação de interesses não pode 
dissolver esquemas de competências constitucio-
nalmente definidos. 
• Segundo a formulação teórica da ponderação, 
devem ser atribuídos pesos aos direitos e princí-
pios contendores, a fim de se identificar qual deles 
deverá prevalecer em um caso concreto (relação 
de precedência condicionada). O peso concreto de 
cada um deles diz respeito à intensidade com que 
são efetivamente afetados pelo ato questio-
nado: quanto mais acentuada a restrição a um di-
reito fundamental, maior será seu peso concreto; 
quanto mais intensa a satisfação do bem jurídico 
constitucional antagônico, maior será o peso con-
creto deste (SOUZA NETO e SARMENTO, 2014, p. 
479). Um determinado ato estatal pode restringir 
em grau elevado um direito fundamental e, em 
contrapartida, realizar em nível baixíssimo o direito 
ou interesse constitucional cuja tutela é perse-
guida, mostrando-se desproporcional.Também se-
rá desproporcional a medida se ela afetar o núcleo 
essencial de um direito. Conforme aponta NOVE-
LINO (2016, p. 290), “a ideia fundamental na qual 
se apoia este requisito é a de que existe um conte-
údo essencial dos direitos e garantias fundamentais 
que não pode ser violado, nem mesmo nas hipóte-
ses em que o legislador está constitucionalmente 
autorizado a editar normas restritivas”. 
Mas, cuidado: uma medida poder ser desproporci-
onal mesmo quando não afeta o núcleo essencial 
de um direito fundamental ou bem constitucional, 
pois a proteção ao núcleo essencial é apenas um 
dos limites da restrição a direitos fundamen-
tais. No MPGO/2019, foi considerada INCORRETA a 
seguinte alternativa: “Na aplicação da técnica de 
ponderação de interesses, a medida restritiva não 
será desproporcional se, ausente peso suficiente 
dos motivos que justificaram a restrição, esta não 
afetar o núcleo essencial do direito fundamental ou 
bem constitucionalmente protegido, em rota de 
colisão”. Em suma: a questão erra ao dizer 
que, mesmo sem a existência de peso suficiente 
dos motivos que justificam a restrição (aqui já há 
a falta de proporcionalidade), a restrição será vá-
lida se não afetar o núcleo essencial do direito em 
rota de colisão. 
• O princípio da proporcionalidade funciona como 
limite à proteção insuficiente de direitos e bens 
constitucionalmente protegidos (MPSP/19 – 2ª 
Fase). 
7. Classificação das Constituições 
7.1. Quanto à origem 
Outorgada 
É a Constituição imposta, de ma-
neira unilateral, pelo agente revolu-
cionário, que não recebeu do povo a 
legitimidade para em nome dele 
atuar. No Brasil: 1824, 1937 e 1967. 
Promulgada 
(Democrá-
tica, votada 
ou popular 
É a Constituição fruto do trabalho de 
uma Assembleia Nacional Consti-
tuinte, eleita diretamente pelo povo, 
para, em nome dele, atuar. No Bra-
sil: 1891, 1934, 1946 e 1988. 
Cesarista 
(Bonapar-
tista) 
Embora conte com participação po-
pular, não é democrática, pois visa 
ratificar a vontade do detentor do 
poder. 
Pactuada 
(Dualista) 
Modelo que não mais se encontra na 
realidade. Foi comum na Idade Mé-
dia, em que o poder estatal aparecia 
cindido entre o monarca e as ordens 
privilegiadas. 
Aqui, vale registrar a classificação que distingue: 
a. Autoconstituição: elaborada p/ ser apli-
cada no próprio Estado. 
b. Heteroconstituição: é a constituição 
feita p/ vigorar em outro país. São inco-
muns. Ex: Constituição do Chipre, que sur-
giu de acordos elaborados em Zurique, nos 
idos dos anos 60, entre Grã Bretanha, Gré-
cia e Turquia. 
7.2. Quanto à forma 
Escrita 
(instrumental) 
É aquela formada por um con-
junto de regras sistematizadas e 
organizadas em um único docu-
mento. 
Costumeira 
(Não escrita ou 
consuetudinária) 
Aquela que não traz as regras em 
um único texto solene e codifi-
cado. 
 
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8 
 
7.3. Quanto à extensão 
Sintéticas 
Concisas, breves, 
sumárias, sucin-
tas ou básicas 
São aquelas enxutas, veiculado-
ras apenas dos princípios fun-
damentais e estruturais do Es-
tado, o que as torna mais dura-
douras. 
Analíticas 
Amplas, extensas, 
largas, prolixas, 
longas, desenvol-
vidas, volumosas 
ou inchadas 
São aquelas que abordam to-
dos os assuntos que os repre-
sentantes do povo entendem 
fundamentais. Normalmente 
descem a minúcias, estabele-
cendo regras que deveriam es-
tar em leis infraconstitucionais. 
7.4. Quanto ao conteúdo 
Material 
Materialmente constitucional é 
aquele texto que contém as 
normas fundamentais e estru-
turais do Estado, a organização 
de seus órgãos, os direitos e as 
garantias fundamentais. 
Formal 
(CF/88) 
É a Constituição que elege 
como critério o processo de sua 
formação, e não o conteúdo de 
suas normas. Assim, qualquer 
regra nela contida terá o cará-
ter constitucional. 
7.5. Quanto à ontologia constitucional (Loe-
wenstein) 
Normativa 
CF/88 (Lenza) 
Domina efetivamente o pro-
cesso político, conformando a 
realidade. 
Nominal 
CF/88 (Bernardo e 
doutrina majoritária) 
Embora tenha essa pretensão, 
não é capaz de conformar a re-
alidade. 
Semântica 
Constituição “de fachada”. Uti-
lizada pelos dominadores de 
fato, visando sua perpetuação 
no poder. O objetivo dessas 
Constituições é apenas legiti-
mar os detentores do poder. 
 
 
 
 
 
 
7.6. Quanto à estabilidade 
Imutáveis 
São as leis fundamentais anti-
gas criadas com a pretensão de 
eternidade e tidas como imodi-
ficáveis, sob pena de maldição 
dos deuses. Ex: Código de Ha-
murabi / Lei das XII tábuas. Não 
existem mais constituições 
desse tipo. 
Fixas 
São aquelas alteráveis apenas 
pelo mesmo poder constituinte 
responsável por sua elabora-
ção, quando convocado para 
isso. Ex: as Constituições pro-
duzidas na época de Napoleão 
I. 
Super rígidas 
São as Constituições dotadas 
de cláusulas pétreas (Min. Ale-
xandre de Moraes). 
Rígidas 
São modificáveis mediante pro-
cedimentos mais solenes e 
complexos em comparação 
com o processo legislativo ordi-
nário. Exemplo: CF/88. 
Semirrígidas 
São aquelas que possuem uma 
parte rígida e outra flexível. Al-
gumas normas tem um proce-
dimento mais dificultoso, ou-
tras normas tem o mesmo pro-
cedimento de alteração da le-
gislação ordinária. Ex.: Consti-
tuição Imperial de 1824. 
Flexíveis 
São aquelas que possuem a 
mesma origem e formalidades 
para a alteração previstas para 
a legislação ordinária. Ex.: 
Constituições costumeiras ou 
consuetudinárias. 
7.7. Quanto à sistemática 
Reduzidas 
(Unitárias ou 
Codificadas) 
Aquelas que se materializam 
em um só código básico e siste-
mático (como as Constituições 
brasileiras). 
Variadas 
(Legais) 
Aquelas que se distribuem em 
vários textos e documentos es-
parsos. 
7.8. Quanto à dogmática 
Ortodoxa Formada por uma só ideologia. 
Eclética 
Formada por ideologias concilia-
tórias (CF/88). 
 
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9 
 
7.9. Quanto ao sistema 
Principiológica 
Predominam os princípios 
(CF/88). 
Preceitual Prevalecem as regras. 
7.10. A classificação da CF/88 
Critério Classificação 
Origem Promulgada 
Forma Escrita = instrumental 
Extensão 
Analítica = ampla, extensa, larga, 
prolixa, longa, desenvolvida, volu-
mosa, inchada. 
Modo de 
elaboração 
Dogmática = sistemática 
Alterabili-
dade 
Rígida (ou super-rígida, cf. Ale-
xandre de Moraes) 
Sistemático Reduzida = unitária 
Dogmático Eclética 
Ontologia Normativa (pretende ser!) 
Sistema Principiológica 
Função Definitiva 
Ideologia Social (dirigente) 
R. M. Horta Expansiva. 
8. Teoria da norma jurídica 
8.1. Humberto Ávila 
Sustenta que os princípios seriam normas prima-
riamente complementares e parciais, que indica-
riam o estado de coisas ideal a ser promovido, mas 
não o modo para fazê-lo. Já as regras seriam nor-
mas preliminarmente decisivas e abarcantes, que 
indicariam a decisão a ser adotada para o caso es-
pecífico. 
Para H. Ávila, a interpretação e a aplicação de prin-
cípios e regras efetivam-se por meio dos postula-
dos normativos: 
Inespecíficos Específicos 
1. Ponderação (atribui-
ção de pesos) 
2. Concordância prática 
3. Proibição de excesso 
(garantia de um mínimo 
de eficácia dos direitos 
fundamentais) 
1. Igualdade 
2. Razoabilidade 
3. Proporcionali-
dade 
8.2. Canotilho 
Para Canotilho um dos critérios de distinção entre 
regras e princípios seria a função normogené-
tica destes últimos. Para ele, os princípios seriam a 
base do sistema jurídico, ostentando natureza nor-
mogenética, ou seja, funcionam como fundamento 
de regras, constituindo a razão de ser, o motivo de-
terminante da existência das regras em geral. 
8.3. Ronald Dworkin 
Diferencia as diretrizes políticas (policies) dos 
princípios (principles). Os primeiros seriam 
“aquele tipo de padrão que estabelece um objetivo 
a ser alcançado, em geral uma melhoria em algum 
aspecto econômico, político ou social da comuni-
dade”. Já os princípiosseriam o “padrão que deve 
ser observado, não porque vá promover ou assegu-
rar uma situação econômica, política ou social con-
siderada desejável, mas porque é uma exigência de 
justiça ou equidade ou alguma outra dimensão da 
moralidade”. 
8.4. Robert Alexy 
Dworkin adota um conceito estrito de princípio (em 
sentido estrito), relacionando-o a direitos individu-
ais, enquanto Alexy adota expressamente um con-
ceito amplo, abarcando direitos individuais e inte-
resses coletivos, sem mencionar as policies (dire-
trizes políticas). 
Para Alexy, princípios são mandados de otimiza-
ção, isto é, normas que ordenam que algo seja re-
alizado na maior medida possível. 
8.5. Derrotabilidade da regras 
• Superação do modelo “tudo ou nada” de 
Dworkin. 
• Traduz a ideia de superação circunstancial 
do mandamento contido na regra, visto 
que sua aplicação, em específico caso con-
creto, não concretiza a finalidade que a 
própria regra busca tutelar. 
9. Norma constitucional 
9.1. Classificação 
I) Segundo José Afonso da Silva 
a) Eficácia Plena. São de aplicação direta e ime-
diata e independem de uma lei que venha mediar 
os seus efeitos. As normas de eficácia plena tam-
bém não admitem que uma lei posterior venha res-
tringir o seu alcance. 
 
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10 
 
● O caráter não restringível de certa norma 
constitucional de direito fundamental do-
tada de eficácia plena NÃO implica vedação 
absoluta aos órgãos estatais de adotarem 
medidas restritivas das prerrogativas indivi-
duais ou coletivas. Por quê? Há direitos pre-
vistos na CF sem qualquer menção à lei res-
tritiva. Mesmo assim, tais direitos estão su-
jeitos a uma reserva legal subsidiária, po-
dendo o legislador regular esse direito em 
face dos demais valores constitucio-
nais. Claro que a norma legal regulamenta-
dora deverá sobreviver ao teste da propor-
cionalidade, demonstrando que a eventual 
limitação a direito previsto sem restrição ex-
pressa da CF, atendeu, de modo proporcio-
nal, a realização de outros direitos constitu-
cionais. Ex: interceptação de correspondên-
cia de preso, conforme decidiu STF. 
● Além da “reserva legal subsidiária”, todos di-
reitos fundamentais – mesmo sem restrição 
expressa – estão sujeitos a uma “reserva ge-
ral de ponderação”, uma vez que esses dis-
positivos estão sujeitos à ponderação com 
outros valores previstos na Constituição, re-
lacionados a outros direitos fundamentais 
em colisão. 
b) Eficácia Contida. Assim como a norma de efi-
cácia plena, é de aplicação direta e imediata, não 
precisando de lei para mediar os seus efeitos, po-
rém, poderá ver o seu alcance limitado pela super-
veniência de uma lei infraconstitucional, por outras 
normas da própria constituição ou ainda por meio 
de preceitos ético-jurídicos como a moral e os bons 
costumes. 
c) Eficácia Limitada. São de aplicação indireta 
ou mediata, pois há necessidade da existência de 
uma lei para “mediar” a sua aplicação. Caso não 
haja regulamentação por meio de lei, não são ca-
pazes de gerar os efeitos finalísticos (mas apenas 
os efeitos jurídicos que toda norma constitucional 
possui). Pode ser: 
1. Normas de princípio programático: di-
recionam a atuação do Estado, instituindo 
programas de governo (ex: busca do pleno 
emprego). 
2. Normas de princípio institutivo: orde-
nam ao legislador a organização ou institui-
ção de órgãos, instituições ou regulamen-
tos. 
CUIDADO! Toda norma constitucional produz os se-
guintes efeitos... 
1. Revogatório: a norma constitucional re-
voga (não recepciona) as normas anterio-
res a ela que forem incompatíveis materi-
almente; 
2. Inibitório: impede a produção de normas 
que a contrariem (servem, assim, como pa-
râmetro para o controle de constituciona-
lidade). 
3. Irradiante: orientam a interpretação das 
demais normais do ordenamento jurídico. 
II) Segundo Crisafulli (cobrada no MPPR/17) 
a) programáticas se dizem aquelas normas jurídi-
cas com que o legislador, ao invés de regular ime-
diatamente um certo objeto, preestabelece a si 
mesmo um programa de ação, com respeito ao 
próprio objeto, obrigando-se a dele não se afastar 
sem um justificado motivo. 
b) Normas imediatamente preceptivas ou 
constitutivas: possuem eficácia imediata; são do-
tadas de imperatividade, ou seja, têm conteúdo 
impositivo ou coativo. Nessa categoria se in-
cluem normas programáticas lato sensu: “as nor-
mas programáticas lato sensu, como os princípios 
gerais e também os princípios constitucionais, diri-
gidas a direta e imediata disciplina de certas maté-
rias”, ou destinadas a disciplinar “desde o início e 
de modo direto, determinadas relações”, entram 
na categoria das normas de eficácia imediata, ou 
seja, das normas imediatamente preceptivas”. Os-
tentam por igual uma dupla eficácia na medida em 
que servem também de regra vinculativa de uma 
legislação futura sobre o mesmo objeto. 
c) As normas de eficácia diferida, para aplicarem 
a matéria a que diretamente se referem, precisam 
apenas de meios técnicos ou instrumentais. Desde 
o primeiro momento, sua eficácia ou aplicabilidade 
pode manifestar-se de maneira imediata, posto 
que incompleta, ficando assim, por exigências téc-
nicas, condicionadas a emanação de sucessivas 
normas integrativas. 
 
 
 
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11 
 
III) Segundo Gregório Robles (cobrada no 
MPMG/17) 
As regras de direito constitucional integram a cons-
tituição escrita, rígida e dotada de supremacia. São 
regras-gênero, das quais derivam as regras ônticas, 
as regras técnicas e as regras deônticas. 
a) Regras ônticas: não estabelecem nenhuma exi-
gência de conduta, apenas indicam os elementos 
prévios necessários à ação; 
b) Regras técnicas: referem-se ao procedimento, 
e decorrem de uma regra ôntica; 
c) Regras deônticas: são regras diretas da ação 
e estabelecem um dever, que pode ser positivo ou 
negativo – pode exigir uma ação ou uma omissão. 
Ao contrário das regras ônticas e técnico-convenci-
onais, que não podem ser infringidas, as normas 
podem ser desrespeitadas. 
9.2. Eficácia e aplicabilidade 
7.2.1. Retroatividade 
a) Retroatividade máxima, também chamada de 
restitutória, que é aquela em que a lei nova ataca 
fatos pretéritos, ou seja, fatos já consumados sob a 
vigência da lei revogada, prejudicando assim o ato 
jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa jul-
gada. 
● Não é automática. A Constituição pode 
prever. 
b) Retroatividade média, que é aquela em que a 
lei nova atinge efeitos pendentes de atos jurídicos 
anteriores, como por exemplo, um contrato, em 
que uma prestação esteja vencida, mas ainda não 
foi paga. 
● Não é automática. A Constituição pode 
prever. 
c) Retroatividade mínima, também chamada de 
temperada ou mitigada, na qual a lei nova alcança 
e atinge os efeitos futuros de situações passadas 
consolidadas sob a vigência da lei anterior. 
● É a regra: salvo disposição expressa, as 
normas constitucionais originárias gozam 
de retroatividade mínima. 
Sobre esse tema, alguns enunciados de prova (to-
dos CORRETOS) 
● Norma constitucional de proibição é sem-
pre uma ordem autoaplicável, que inde-
pende da prática de ato administrativo 
subsequente para exigibilidade, a menos 
que haja remissão expressa ao legislador. 
● As normas do ADCT possuem a mesma hi-
erarquia das normas do texto permanente 
da Constituição. 
● As normas constitucionais originárias pos-
suem validade autorreferente, não se sub-
metendo ao controle de constitucionali-
dade. 
7.2.2. Repristinação x efeito repristinatório 
Repristinação Efeito repristinatório 
É fenômeno que ocorre 
na sucessão de normas 
no tempo. Ex: Lei “A”, 
elaborada na vigência da 
CF/46 (e com ela compa-
tível), não foi recepcio-
nada pela Const/67, mas, 
em tese, poderia ser re-
cepcionada pela CF/88. 
É fenômeno próprio do 
controle de constituciona-
lidade. Como, em regra, 
adotamos a “teoria da nu-
lidade”,a norma decla-
rada inconstitucional no 
controle concentrado 
nunca produziu efeito al-
gum, nem mesmo o de re-
vogar a lei com ela incom-
patível. 
Só ocorre se houver dis-
posição expressa na nova 
Constituição, visto não 
haver repristinação tá-
cita. 
É a regra. 
Art. 2°, § 3°, LINDB. Art. 11, § 2°, Lei 9.868/99. 
7.2.3. Desconstitucionalização 
• Fenômeno pelo qual as normas da Constituição 
anterior, desde que compatíveis com a nova or-
dem, permanecem em vigor, mas com o status de 
lei infraconstitucional. 
• Em regra, não é verificado no Brasil, mas poderá 
ser percebido quando a nova Constituição, expres-
samente, o determinar. 
7.2.4. Recepção 
• A recepção é fenômeno tácito. 
• Perante a nova Constituição, só se analisa a com-
patibilidade material. Se incompatível, a lei ante-
rior será revogada (não recepcionada), já que não 
se fala em inconstitucionalidade superveniente. 
• Perante a Constituição anterior, exige-se compa-
tibilidade formal e material. 
• LO pode ser recebida como LC (ex: CTN). 
• É possível a recepção PARCIAL. 
 
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12 
 
• É possível a modificação de competência (ex: ma-
téria era de competência da União e passa à com-
petência dos Estados). O contrário não é possível: 
não cabe cogitar a ocorrência de federalização das 
normas estaduais ou municipais, como resultado 
de alteração na regra constitucional de competên-
cia. Na situação inversa - competência da União na 
Constituição pretérita e competência dos estados 
ou dos municípios na nova Constituição -, a legisla-
ção federal pretérita seria recepcionada (caso hou-
vesse compatibilidade). 
10. História constitucional brasileira 
10.1. Constituição de 1824 
• Outorgada. 
• Inspirada em ideias francesas e inglesas, com in-
fluências da Constituição portuguesa. 
• O Brasil era um Estado Unitário (Monarquia Uni-
tária), com o território dividido em províncias. 
• Voto censitário e eleição indireta. 
• Catolicismo era a religião oficial. 
• Cabia à Assembleia Geral guardar e zelar pela 
Constituição. 
• Presença de direitos fundamentais. 
• Previa a existência de 4 Poderes: Executivo, Legis-
lativo, Judiciário e Moderador, que existia para im-
por pretenso equilíbrio aos outros Poderes. 
• Rio de Janeiro era a capital federal. 
• É apontada por alguns autores como a 1ª Consti-
tuição do mundo que trouxe um rol de direitos in-
dividuais fundamentais (outros dizem que foi a 
Constituição da Bélgica de 1831). 
• Constituição semirrígida. 
• Não possuía nenhum mecanismo de controle de 
constitucionalidade. 
10.2. Constituição de 1891 
• Influência da Constituição dos EUA – “Estados 
Unidos do Brasil” 
• O Brasil passou a ser uma República (forma de 
governo), Federativa (forma de Estado), Presiden-
cialista (sistema de Governo). 
• Embora tenha assegurado forma federativa de 
Estado, não assegurou autonomia dos municípios). 
• Voto universal. Voto descoberto. E voto direto. 
• Separou o Estado da Igreja (Brasil passou a ser um 
Estado laico – sem religião oficial). MPGO/2019.1 
• 3 Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Ins-
tituiu o Legislativo estadual. 
• Criação do habeas corpus (possuía um sentido 
mais amplo). 
• Adotou-se o modelo de controle de constitucio-
nalidade difuso\concreto (inspiração norte-ameri-
cana). 
• Possibilidade de controle judicial de constitucio-
nalidade. 
• CF passou a ser rígida. 
10.3. Constituição de 1934 
• Influência da Constituição Alemã de Weimar. 
• Caráter extremamente nacionalista, com proibi-
ção de algumas atividades por empresas estrangei-
ras, nacionalização de empresas e proteção aos di-
reitos do trabalhador. 
• Voto secreto 
• Aspectos importantes: 
• Foi extinto o cargo de vice-presidente. 
• Foram impostas restrições à imigração. 
• Criação do MS e da Ação Popular. 
• Manteve o controle de constitucionalidade di-
fuso, implementando o controle concentrado. 
• Resolução suspensiva do Senado 
• Representação Interventiva 
• Previsão de Decretos-Lei. 
• Bicameralismo desigual. 
• Criação da cláusula de reserva de plenário (full 
bench). 
• Criação de direitos sociais. 
• Direito de voto para a mulher. 
10.4. Constituição de 1937 
• Inspirada na Constituição Polonesa (por isso ficou 
conhecida como Polaca). 
• O Estado era autoritário, apresentando caracte-
rísticas ditatoriais fascistas. 
• Eleições voltaram a ser indiretas. 
• Havia a previsão da pena de morte. 
• Havia a possibilidade de censura. 
• Direitos fundamentais enfraquecidos. 
• Política populista, consolidou a CLT e outros direi-
tos trabalhistas. 
• Não previu o MS e nem a Ação Popular. 
• Extinguiu a Justiça Federal. 
10.5. Constituição de 1946 
• Convocada após a saída de Vargas, contou com a 
participação de diversas correntes políticas. 
 
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13 
 
• Aumento da autonomia dos Estados e dos Muni-
cípios. 
• Voto universal e obrigatório. Eleições voltaram a 
ser diretas. 
• Garantia da liberdade de opinião e de pensa-
mento. 
• Criação do TFR – Tribunal Federal de Recursos. 
• Manteve o controle difuso, mas a EC 16/65 criou 
a representação de inconstitucionalidade (era a 
atual ADI), tendo como único legitimado o PGR 
para impugnação da lei em tese). 
• EC 04/61: introduziu o parlamentarismo. 
• EC 06/63: voltou com o presidencialismo. 
• MS e AP foram restabelecidos. 
• Determinou o ensino religioso nas escolas. 
10.5. Constituição de 1967 
• Sofreu influência da Constituição de 1937. 
• Representava os ideais e princípios do Golpe Mi-
litar: preocupação com a "segurança nacional"; 
conferiu amplos poderes para a União e para o Pre-
sidente. 
• Eleições diretas e secretas para Deputados e Se-
nadores. Eleição indireta pra Presidente. 
• Centralização dos poderes políticos na União, es-
pecialmente nas mãos do Presidente; 
• Possibilidade de o Presidente expedir decretos-
lei, tendo força de lei; 
• Redução dos direitos individuais com a possibili-
dade de suspensão desses direitos em caso de 
"abuso". 
• Em 1968 foi baixado o AI-5. 
10.6. Constituição de 1988 
• Ampliação dos legitimados da ADI. 
• Criação da ADPF. 
• Ampliação dos remédios constitucionais. 
• Reclamação constitucional (passa a ter natureza 
constitucional). 
• Criação do IDC (art. 109, § 5°, CF). 
• EC 3\93 – criou a ADC. 
 
Em 27/11/1985, por meio da EC 26, foi convocada 
a Assembleia Nacional Constituinte com a finali-
dade de elaborar novo texto constitucional para ex-
pressar a realidade social pela qual passava o país, 
que vivia um processo de redemocratização após o 
término do regime militar. 
 
Datada de 05/10/1988, a Constituição inaugurou 
um novo arcabouço jurídico-institucional no país, 
com ampliação das liberdades civis e dos direitos e 
garantias individuais. A nova Carta consagrou cláu-
sulas transformadoras com o objetivo de alterar re-
lações econômicas, políticas e sociais, concedendo 
direito de voto aos analfabetos e aos jovens de 16 
e 17 anos. Estabeleceu também novos direitos tra-
balhistas, como redução da jornada semanal de 48 
para 44 horas, seguro-desemprego e férias remu-
neradas acrescidas de um terço do salário. 
 
Outras medidas adotadas Constituição de 88 fo-
ram: instituição de eleições majoritárias em dois 
turnos; direito à greve e liberdade sindical; au-
mento da licença-maternidade; licença-paterni-
dade de cinco dias; criação do STJ em substituição 
ao TFR; criação dos mandados de injunção, de se-
gurança coletivo e restabelecimento do habeas 
corpus. Foi também criado o habeas data (instru-
mento que garante o direito de informações relati-
vas à pessoa do interessado, mantidas em registros 
de entidades governamentais ou banco de dados 
particulares que tenham caráter público). 
 
Destacam-se, ainda, as seguintes mudanças; re-
forma no sistema tributário e na repartição das re-
ceitas tributárias federais, com propósito de forta-
lecer estados e municípios;reformas na ordem 
econômica e social, com instituição de política agrí-
cola e fundiária e regras para o sistema financeiro 
nacional; leis de proteção ao meio ambiente; fim 
da censura em rádios, TVs, teatros, jornais e de-
mais meios de comunicação; e alterações na legis-
lação sobre seguridade e assistência social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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14 
 
Direitos Fundamentais 
Conceito 
• A caracterização de um direito como fundamen-
tal não é determinada apenas pela relevância do 
bem jurídico tutelado por seus predicados intrínse-
cos, mas também pela relevância que é dada a esse 
bem jurídico pelo constituinte, mediante atribui-
ção da hierarquia correspondente (expressa ou im-
plicitamente) e do regime jurídico-constitucional 
assegurado às normas de direitos fundamentais 
(MPPR/2019). 
• Um direito não precisa ter fundamentalidade ma-
terial para ser considerado fundamental. Funda-
mentalidade material é entender que aquele di-
reito, no seu conteúdo, na sua natureza, é direito 
fundamental. Fundamentalidade formal, por sua 
vez, é a previsão do referido direito no rol dos di-
reitos fundamentais. O critério da fundamentali-
dade material é útil em um segundo momento, 
para permitir que sejam encontrados outros direi-
tos fundamentais fora do Título II da CF/88. 
Como já cobrado na prova de 2014: “A fundamen-
talidade material fornece suporte para a abertura 
a novos direitos fundamentais, sendo correto ob-
servar que aos direitos fundamentais só material-
mente constitucionais são aplicáveis aspectos típi-
cos do regime jurídico da fundamentalidade for-
mal” (MPGO/2014). 
• Os direitos e as garantias expressos na Constitui-
ção não excluem outros decorrentes do regime e 
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados in-
ternacionais em que a República Federativa do Bra-
sil seja parte. Isso significa que o rol de direitos do 
art. 5º, apesar de extremamente abrangente, con-
tinua sendo exemplificativo, e pode ser ampliado. 
Com base nesse dispositivo, a Constituição brasi-
leira contém cláusula aberta que permite acolher 
os chamados direitos materialmente fundamen-
tais ou direitos fundamentais em sentido mate-
rial, que são aqueles não previstos expressamente 
por ela, mas que, por força de sua essencialidade, 
são direitos fundamentais, detentores da mesma 
dignidade dos direitos constitucionalizados. A essa 
abertura podemos denominar, com apoio em 
JORGE MIRANDA, de não tipicidade dos direitos 
fundamentais. CANOTILHO sustenta que, “em vir-
tude de as normas que os reconhecem e prote-
gem não terem a forma constitucional, estes direi-
tos são chamados de direitos materialmente fun-
damentais. Por outro lado, trata-se de uma ‘norma 
de FATTISPECIE ABERTA’, de forma a abranger, 
para além das positivações concretas, todas as pos-
sibilidades de ‘direitos’ que se propõem no hori-
zonte da acção humana”. 
• A doutrina concebe a existência de direitos fun-
damentais heterotópicos, isto é, que não estão 
elencados no rol de direitos do Título II (direitos 
fundamentais catalogados). O STF, por exemplo, 
reconhece a fundamentalidade material do princí-
pio da anualidade eleitoral, que passa a gozar, 
nesse entendimento, da proteção conferida às 
cláusulas pétreas. 
• Pessoas jurídicas de direito público podem ser ti-
tulares de direito fundamental (ex: direito à tutela 
judicial efetiva). 
Características 
a) Historicidade 
b) Universalidade 
c) Relatividade 
d) Imprescritibilidade 
e) Inalienabilidade 
f) Indisponibilidade 
Dimensão subjetiva e dimensão objetiva 
Dimensão subjetiva 
Em sua dimensão SUBJETIVA, os direitos funda-
mentais referem-se direta e especificamente aos 
sujeitos dessas especiais posições jurídicas de van-
tagem. Essa dimensão corresponde à característica 
desses direitos de, em maior ou em menor escala, 
ensejarem uma pretensão, que pode ser: 
1. Negativa – não interferência no espaço de 
liberdade e autonomia conferido ao indiví-
duo; 
2. Positiva – exigibilidade de prestações ma-
teriais que materializem os direitos funda-
mentais (ex: fornecimento de medicamen-
tos pelo Estado, como instrumento para 
concretização do direito fundamental à sa-
úde). 
Dimensão objetiva 
Desdobra-se em 3 aspectos: 
 
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15 
 
1º. Deveres de proteção: princípio da propor-
cionalidade como parâmetro e limite da 
proibição da proteção deficiente 
(MPSP/2019 – 2ª fase); 
2º. Eficácia irradiante (Daniel Sarmento): di-
reitos fundamentais como vetores deter-
minantes da atuação do Legislativo ao ela-
borar a lei, da Administração Pública ao 
“governar” e do Judiciário ao resolver 
eventuais conflitos. 
3º. Procedimentos e instituições próprios, 
adequados e eficazes para que os direitos 
saiam do papel e ganhem concretude. 
Eficácia 
Eficácia vertical, horizontal e diagonal 
1. Vertical: relação hierarquizada ou subordi-
nada. Ex: Estado x particular. 
2. Horizontal: relação de igualdade jurí-
dica. Ex: Particular x Particular. 
3. Diagonal: relação de desequilíbrio fático 
e/ou jurídico. Ex: relações consumeristas e 
trabalhistas. 
4. Vertical com repercussão lateral: legis-
lador x jurisdicionado. 
Eficácia indireta e direta 
Distinção que surge no contexto da eficácia hori-
zontal dos direitos fundamentais, isto é, no âm-
bito de sua aplicação às relações privadas 
1. Indireta ou mediata: os direitos funda-
mentais são aplicados de maneira reflexa nas 
relações privadas, em 2 dimensões: 
a. Proibitiva, significando que o legisla-
dor que não poderá editar lei que viole 
os direitos fundamentais; 
b. Positiva, determinando que o legisla-
dor implemente os direitos fundamen-
tais. 
2. Direta ou imediata: alguns direitos funda-
mentais podem ser aplicados às relações pri-
vadas sem que haja necessidade de "inter-
mediação legislativa" para sua concretização. 
Teoria dos 4 status (Jellinek) 
1) passivo (subjectionis): subordinação do 
indivíduo aos poderes públicos; 
2) ativo: indivíduo possui competências para 
influenciar a formação da vontade do Estado 
(ex: exercício do direito de voto); 
3) negativo: reserva contra ingerências do Es-
tado; 
4) positivo (civitatis): direitos prestacionais. 
Direitos fundamentais em espécie 
Liberdade de expressão 
• MPBA/2018: O direito fundamental à liberdade 
de expressão é passível de sofrer restrições por 
meio de lei, inclusive em hipóteses não previstas 
de modo expresso na CF. Segundo Gilmar Men-
des, a Carta brasileira não adotou a fórmula alemã 
de prever, explicitamente, que a liberdade de ex-
pressão possa ser limitada por leis destinadas a 
proteger a juventude. Isso não impede que, no 
Brasil, sejam editadas leis, com o fito de preservar 
valores relevantes da juventude, restringindo a li-
berdade de expressão. Isso porque não são apenas 
aqueles bens jurídicos mencionados expressa-
mente pelo constituinte (como a vida privada, a in-
timidade, a honra e a imagem) que operam como 
limites à liberdade de expressão. Qualquer outro 
valor abrigado pela CF pode entrar em conflito com 
essa liberdade, reclamando sopesamento, para 
que, atendendo ao critério da proporcionalidade, 
descubra-se, em cada grupo de casos, qual princí-
pio deve sobrelevar. 
A situação do transgênero 
• Transgênero pode alterar seu prenome e 
seu gênero... 
✓ Independentemente de cirurgia de 
transgenitalização (STJ, Info 608); 
✓ Independentemente de autorização 
judicial (STF, Info 892). 
• Basta sua manifestação de vontade, que 
poderá ser exercida... 
✓ Pela via judicial; 
✓ Pela via administrativa. 
• Nas certidões do registro não constará ne-
nhuma observação sobre a origem do ato, 
vedada a expedição de certidão de inteiro 
teor, salvo a requerimento do próprio inte-
ressado ou por determinação judicial. Efe-
tuando-se o procedimento pela via judicial, 
 
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16 
 
caberá ao magistrado determinar de ofícioou a requerimento do interessado a expe-
dição de mandados específicos para a alte-
ração dos demais registros nos órgãos pú-
blicos ou privados pertinentes, os quais de-
verão preservar o sigilo sobre a origem dos 
atos. STF, Info 911. 
Mínimo existencial 
A cláusula da reserva do possível – que não pode 
ser invocada, pelo poder público, com o propósito 
de fraudar, de frustrar e de inviabilizar a implemen-
tação de políticas públicas definidas na própria CF 
– encontra insuperável limitação na garantia cons-
titucional do mínimo existencial, que representa, 
no contexto de nosso ordenamento positivo, ema-
nação direta do postulado da essencial dignidade 
da pessoa humana (ARE 639.337 AgR, Min. Celso 
de Mello, j. 23-8-2011). 
• STF: “[...] Dizer que a ação estatal deva caminhar 
no sentido da ampliação dos direitos fundamentais 
e de assegurar-lhes a máxima efetividade possível, 
por certo, não significa afirmar que seja terminan-
temente vedada qualquer forma de alteração res-
tritiva na legislação infraconstitucional, desde que, 
é claro, não se desfigure o núcleo essencial do di-
reito tutelado [...]”. 
• STF, RE 592581 - É lícito ao Judiciário impor à Ad-
ministração Pública obrigação de fazer, consistente 
na promoção de medidas ou na execução de obras 
emergenciais em estabelecimentos prisionais para 
dar efetividade ao postulado da dignidade da pes-
soa humana e assegurar aos detentos o respeito à 
sua integridade física e moral [...]. 
Jurisprudência 
• A administração penitenciária, com fundamento 
em razões de segurança pública, de disciplina prisi-
onal ou de preservação da ordem jurídica, pode, 
sempre excepcionalmente, e desde que respeitada 
a norma inscrita no art. 41, § único, da Lei 7.210/84, 
proceder a interceptação da correspondência re-
metida pelos sentenciados, eis que a cláusula tute-
lar da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode 
constituir instrumento de salvaguarda de práticas 
ilícitas. (STF - HC 70814 SP, Rel. CELSO DE MELLO, 
01/03/1994). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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17 
 
Constituição Federal de 1988 
1. Preâmbulo 
● Não é norma jurídica (tese da irrelevância 
jurídica, adotada na ADI 2076); 
● Não é parâmetro de controle de constituci-
onalidade; 
● Não é obrigatório nas constituições esta-
duais 
2. Princípios fundamentais (1° ao 4°, CF) 
1 2 3 4 
Federalismo 
• O princípio federativo tem por elemento informa-
dor a pluralidade consorciada e coordenada de 
mais de uma ordem jurídica incidente sobre um 
mesmo território estatal, posta cada qual no âm-
bito de competências previamente definidas 
(MPPR/2019). 
• ADI 227/RJ: "A Constituição Federal, ao conferir 
aos Estados a capacidade de auto-organização e de 
autogoverno, impõe a obrigatória observância aos 
seus princípios, entre os quais o pertinente ao pro-
cesso legislativo, de modo que o legislador consti-
tuinte estadual não pode validamente dispor sobre 
as matérias reservadas à iniciativa privativa do 
Chefe do Executivo". É INCORRETO afirmar, por-
tanto, que “O princípio da autonomia dos Estados 
membros [...] autoriza o Estado membro a estabe-
lecer, no âmbito de sua Constituição, regras para o 
aumento de remuneração e concessão de vanta-
gens pecuniárias a servidores públicos” 
(MPGO/2019). 
3. Direitos e Garantias fundamentais (5° a 
17, CF) 
5 6 7 8 9 10 11 
12 13 14 15 16 17 
Noções gerais 
● O princípio da anterioridade eleitoral, em-
bora não expressamente enumerado no 
artigo 5.º da CF, caracteriza-se como uma 
garantia fundamental, oponível até 
mesmo à atividade do legislador consti-
tuinte derivado (trata-se, portanto, de 
exemplo de norma dotada de fundamenta-
lidade material). 
● Apesar de o caput do artigo 5º garantir os 
direitos e garantias individuais apenas a 
brasileiros e estrangeiros residentes no 
Brasil, a doutrina e o STF os estendem tam-
bém para estrangeiros em trânsito e pes-
soas jurídicas (HC 94.016/08, Min. Celso 
de Mello). 
Características 
1. Irrenunciabilidade 
✓ É admissível a renúncia ao EXERCÍCIO dos 
direitos fundamentais, como corolário do 
livre desenvolvimento da personalidade. 
2. Inalienabilidade 
3. Imprescritibilidade 
4. Historicidade 
5. Limitabilidade 
6. Concorrência 
Direitos e garantias individuais e coletivos 
Liberdade da manifestação do pensamento 
• MPGO/2019. Segundo entendimento do STF, a li-
berdade de imprensa tem, na CF de 1988, caracte-
rística de “sobredireito”, com precedência sobre a 
imagem, a honra, a intimidade e a vida privada, o 
que afasta a possibilidade de controle prévio, pelo 
Poder Judiciário, sobre o exercício de referida liber-
dade. A Constituição protege a liberdade de ex-
pressão no seu duplo aspecto: positivo e negativo. 
O POSITIVO é a livre possibilidade de manifestação 
de qualquer pessoa e permite a responsabilização 
nos termos constitucionais. É a liberdade com res-
ponsabilidade. O NEGATIVO proíbe a ilegítima in-
tervenção do Estado por meio de censura prévia. 
No julgamento da ADPF 130, o STF proibiu enfati-
camente a censura de publicações jornalísticas, 
bem como tornou excepcional qualquer tipo de in-
tervenção estatal na divulgação de notícias e de 
opiniões, já que “os direitos que dão conteúdo à li-
berdade de imprensa são bens de personalidade 
que se qualificam como SOBREDIREITOS. Daí que, 
no limite, as relações de imprensa e as relações de 
intimidade, vida privada, imagem e honra são de 
mútua excludência, no sentido de que as primeiras 
se antecipam, no tempo, às segundas; ou seja, an-
tes de tudo prevalecem as relações de imprensa 
como superiores bens jurídicos e natural forma de 
 
1 2 3 4 5 6 
 
 
18 
 
controle social sobre o poder do Estado, sobrevindo 
as demais relações como eventual responsabiliza-
ção ou consequência do pleno gozo das primeiras.” 
Afirmou-se, ainda, que a liberdade de expressão 
desfruta de uma POSIÇÃO PREFERENCIAL no Es-
tado democrático brasileiro, por ser uma pré-con-
dição para o exercício esclarecido dos demais di-
reitos e liberdades. Assim, eventual uso abusivo 
da liberdade de expressão deve ser reparado, pre-
ferencialmente, por meio de retificação, direito de 
resposta ou indenização. Ao determinar a retirada 
de matéria jornalística de sítio eletrônico de meio 
de comunicação, viola-se essa orientação. 
Inviolabilidade do domicílio (art. 5°, XI, CF) 
• A entrada forçada em domicílio sem mandado ju-
dicial só é lícita, mesmo em período noturno, 
quando amparada em fundadas razões, devida-
mente justificadas a posteriori, que indiquem que 
dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, 
sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e pe-
nal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos 
atos praticados (RE 603616). 
Remédios constitucionais 
a) HC 
✓ Não cabe HC: 
x Súmula 606-STF: Não cabe HC originário 
para o Tribunal Pleno de decisão de 
turma, ou do plenário, proferida em ha-
beas corpus ou no respectivo recurso. 
NÃO CONFUNDIR com o cabimento do 
HC contra decisão monocrática de Mi-
nistro do STF (decisão recente, indicada 
a seguir). 
x HC não é meio processual adequado 
para se discutir direito de visita a preso 
(HC 425.115/RN). 
x Não cabe HC para trancar processo de 
impeachment (HC 136.067) 
x O STF decidiu que não tem competência 
para julgar HC cuja autoridade apon-
tada como coatora seja delegado fede-
ral chefe da Interpol no Brasil (Info 722, 
STF). 
x Não cabe HC em favor de PJ, nem 
mesmo para trancamento de IP sem 
justa causa no qual se investiga crime 
ambiental (HC 88.747). 
x Não cabe HC para trancamento de per-
secução penal referente à infração pe-
nal à qual seja cominada tão somente 
pena de multa (S. 693, STF). 
x Não cabe habeas corpus contra a impo-
sição da pena de exclusão de militar oude perda de patente ou de função pú-
blica (S. 694, STF). 
x Não cabe habeas corpus quando já ex-
tinta a pena privativa de liberdade (S. 
695, STF). 
x Não cabe HC contra a suspensão do di-
reito de dirigir (HC 283.505/SP). 
x Não cabe HC para eventual pedido de 
reabilitação do paciente (HC 
106.417/SP). 
x Não cabe HC para pleitear a extração 
gratuita de cópias de processo criminal 
(HC 111561/SP). 
x Não cabe HC contra a perda de direitos 
políticos (STF, HC 81.003/SP). 
x A via processual do HC não é adequada 
para impugnar a reparação civil fixada 
na sentença penal condenatória, com 
base no art. 387, IV do CPP, tendo em 
vista que a sua imposição não acarreta 
ameaça, sequer indireta ou reflexa, à li-
berdade de locomoção. STJ. AgRg no 
AgRg no REsp 1519523/PR. 
x Não cabe HC para discussão de mérito 
administrativo de prisão em punições 
disciplinares militares (art. 142, § 2°, 
CF). 
x O HC, garantia de liberdade de locomo-
ção, não se presta para discutir confisco 
criminal de bem. [...] (STF. HC 
99.619/RJ). 
x O inquérito civil não pode ser tran-
cado pela via do HC (STF, HC 90.378). 
• Cabe HC: 
✓ (! - Decisão recente). Cabe HC contra de-
cisão monocrática de Ministro do STF. O 
HC é cabível contra ato individual for-
malizado por integrante do Supremo. 
STF. Plenário. HC 130620/RR, Rel. Min. 
Marco Aurélio, 30/04/2020. 
✓ Cabe HC para análise de legalidade de 
prisão em punições disciplinares milita-
res (STM, HC 2005.01.034065-3/PA). 
 
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19 
 
✓ Cabe HC contra instauração de IP ou in-
diciamento, sem que haja justa causa 
para estes atos (HC trancativo ou profi-
lático). 
✓ Cabe HC contra o indeferimento de 
prova de interesse do investigado ou 
acusado. 
✓ Cabe HC contra o deferimento de prova 
ilícita (STF, HC 80.949). 
✓ Cabe HC contra a autorização judicial de 
quebra de sigilos – bancário, fiscal, tele-
fônico etc – em procedimento penal 
(STF, AI 573623 QO/RJ). 
✓ Cabe HC para questionar medidas pro-
tetivas de urgência previstas na Lei Ma-
ria da Penha que restrinjam a liberdade 
de ir e vir (HC 298.499/AL). 
✓ HC é remédio próprio para atacar tanto 
ato omissivo quanto comissivo (STF, HC 
95.563). 
b) HD 
• O HD não é meio idôneo para se obter vista 
de processo administrativo. 
• O HD é a garantia constitucional adequada 
para a obtenção dos dados concernentes ao 
pagamento de tributos do próprio contribu-
inte. 
• O HD, assim como o MS, não prevê fase pro-
batória e, portanto, não pode ser impetrado 
quando controversa a matéria de FATO. 
c) MS 
c.1) Conceito 
É uma ação constitucional... 
- de natureza cível e rito sumário, 
- voltada à proteção de direitos líquidos e certos, 
- não tuteláveis por HD ou HC, 
- contra atos ofensivos de agentes públicos ou 
privados no exercício de funções públicas. 
c.2) Pressupostos 
Ato 
de 
autoridade 
• É aquele com conteúdo decisório (≠ 
ato executório), praticado por uma au-
toridade pública ou agente de pessoa 
jurídica no exercício de atribuições do 
Poder Público (+ figuras equiparadas 
pelo art. 1°, § 1°, LMS). 
• Não se consideram atos de autoridade 
os atos de gestão (art. 1°, § 3°, LMS). 
• Atos omissivos são passíveis de MS. 
Ilegalidade 
ou 
abuso de 
poder 
• Ato ilegal = contrário à lei em sentido 
amplo. 
• Ato abusivo = ato cujo exercício é 
anormal, praticado com desvio de fina-
lidade ou desproporcionalidade. 
Lesão 
ou 
ameaça de 
lesão 
É imprescindível que o direito tenha 
sido violado (MS repressivo) ou que 
haja justo receio de que venha a sê-lo 
(MS preventivo). 
Importa frisar que, diferentemente do 
que ocorre com a ação popular, não se 
exige que o ato já tenha sido praticado. 
Direito 
líquido e 
certo 
Há direito líquido e certo quando, da 
simples análise da inicial, dos documen-
tos que a instruem ou dos que, por or-
dem do juiz, sejam fornecidos por repar-
tição, estabelecimento ou autoridade, 
bem assim das informações prestadas 
pela autoridade coatora ou, eventual-
mente, pelo representante judicial da PJ 
interessada, é possível ao magistrado 
ter a certeza da existência dos fatos em 
que se funda o direito do autor, sem 
necessidade de dilação probatória. 
Sua ausência impede a resolução do 
mérito, levando a uma sentença que 
não faz coisa julgada material. 
Não cabi-
mento de 
HC ou HD 
O MS é ação subsidiária: somente po-
derá ser impetrada quando não vise a 
assegurar o direito de ir e vir (HC) e 
quando não se busque a obtenção ou 
retificação de informações sobre a pes-
soa do impetrante, existentes na base 
de dados de caráter público (HD). 
Pressuposto 
específico do 
MS coletivo: 
Transindi-
vidualidade 
do direito 
Quais as espécies abrangidas? 
• Antes da Lei 12.016/09, prevalecia o 
entendimento ampliativo: difusos + co-
letivos + individuais homogêneos. 
• Com a LMS, são protegidos os direitos: 
 a) coletivos: transindividuais, de na-
tureza indivisível, de que seja titular 
grupo ou categoria de pessoas ligadas 
entre si ou com a parte contrária por 
uma relação jurídica básica. 
 b) individuais homogêneos: decor-
rentes de origem comum e da atividade 
ou situação específica da totalidade ou 
de parte dos associados ou membros 
do impetrante. 
A lei silenciou quanto aos direitos difu-
sos. Não obstante, parcela da doutrina 
continua a defender o cabimento de MS 
coletivo em prol dos direitos difusos. 
 
 
 
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20 
 
c. 3) Regramento constitucional (competência) 
O princípio da hierarquia é relevante critério defi-
nidor da competência no MS. Assim, tem-se o se-
guinte quadro: 
 STF STJ TRF 
O
ri
g
in
a
ri
a
m
e
n
te
 
Presidente Ministro de Es-
tado 
Juiz Federal 
Mesas da CD/SF 
TCU Comandantes da 
MAE Próprio TRF PGR 
Próprio STF Próprio STJ 
R
O
C
 
MS decidido em: 
- única instância 
- pelos Tribunais 
Superiores 
MS decidido em: 
- única instância 
- pelos TRF ou TJ 
 
- quando denega-
tória a decisão 
 
Obs. As Constituições Estaduais podem prever re-
gras de competência semelhantes para os TJs. 
c.4) Legitimados ativos PARA O MS COLETIVO (to-
dos substitutos processuais) 
1. Partidos políticos com representação 
no Congresso Nacional 
✓ Em defesa de seus interesses legíti-
mos relativos a seus integrantes ou à 
finalidade partidária. 
2. Organizações sindicais 
3. Entidades de classe 
4. Associações 
✓ Legalmente constituídas, 
✓ Em funcionamento há pelo menos 1 
ano, 
✓ Em defesa dos interesses de seus mem-
bros ou associados. 
Rol é taxativo? MP pode impetrar MS coletivo? 
A doutrina controverte a respeito da taxatividade 
do rol de legitimados ao MS coletivo. P/ aqueles 
que sustentam que o rol é exemplificativo, a legiti-
midade do MP pode ser aferida a partir de uma in-
terpretação lógico-sistemática da CF, da LOMP e da 
LOMPU, decorrendo das finalidades institucionais 
do MP. Para a corrente ampliativa, é possível esta-
belecer o seguinte quadro: 
• Colegitimados do art. 
210 do ECA e do art. 81 
do Estatuto do Idoso em 
prol dos direitos previs-
tos nas respectivas leis. 
• Colegitimados do mi-
crossistema CDC/LACP 
em prol dos demais direi-
tos difusos e coletivos. 
MP 
Com suporte 
nas suas fun-
ções institu-
cionais esta-
belecidas na 
CF e em suas 
leis orgâni-
cas. 
DP 
Com suporte 
nas suas fun-
ções institu-
cionais esta-
belecidas na 
CF e em suas 
leis orgâni-
cas. 
 
c.5) Atuação do MP como fiscal da ordem jurídica 
- A intervenção do MP é obrigatória? 
• A revogada Lei 1.533/51 indicava que SIM. 
• Com o advento da CF/88 e a nova confor-
mação funcional do MP, surgiu a tese de 
que a intervenção do MP, em MS, não seria 
sempre obrigatória, condicionando-se à 
presença de interesse institucional. 
• À época, o STJ estava dividido: a) a inter-
venção seria obrigatória, sob pena de nuli-
dade; b) a obrigatoriedade se resume à in-
timação. 
• A atual LMS aderiuà segunda corrente, tra-
tando do assunto em seu art. 12 (“com ou 
seu parecer do MP, os autos serão conclu-
sos ao juiz para decisão”). 
- O que o MP pode fazer? 
1. Juntar aos autos documentos e certidões; 
2. Requerer a decretação da perempção ou da 
caducidade da liminar; 
3. Requerer a suspensão da segurança; 
4. Recorrer (cf. súmula 99, STJ). 
 
c.6) Jurisprudência 
• S. 625, STF. Controvérsia sobre matéria de direito 
não impede concessão de mandado de segurança. 
• S. 271, STF. Concessão de mandado de segurança 
não produz efeitos patrimoniais em relação a perí-
odo pretérito, os quais devem ser reclamados ad-
ministrativamente ou pela via judicial própria. 
Direito à informação 
• O STF deferiu mandado de segurança impetrado 
por pesquisador que queria ter acesso aos áudios 
das sessões de julgamento do STM ocorridas na dé-
cada de 1970, época do regime militar. STF. Rcl 
11949, Min. Cármen Lúcia, 15/3/2017 (Info 857). 
Vedação à prova ilícita 
• 1. A gravação ambiental meramente clandestina, 
realizada por um dos interlocutores, não se con-
funde com a interceptação, objeto de cláusula 
constitucional de reserva de jurisdição. 2. É lícita a 
prova consistente em gravação de conversa tele-
fônica realizada por um dos interlocutores, sem 
conhecimento do outro, se não há causa legal es-
pecífica de sigilo nem de reserva da conversação. 
Precedentes”. (AI 560223 AgR, Min. JOAQUIM BAR-
BOSA, DJe 28/04/2011). 
 
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21 
 
Ação popular (5°, LXIII, CF e Lei 4717/65) 
Art. 5°, LXXIII, CF - qualquer cidadão é 
parte legítima p/ propor ação popular que 
vise a ANULAR ato lesivo ao patrimônio 
público ou de entidade de que o Estado 
participe, à moralidade administrativa, ao 
meio ambiente e ao patrimônio histórico 
e cultural, ficando o autor, salvo compro-
vada má-fé, isento de custas judiciais e do 
ônus da sucumbência; 
• A legitimidade é do cidadão. 
✓ Exige título de eleitor; 
✓ Exige quitação eleitoral. 
• Ação popular não obedece foro por prerrogativa 
de função. Logo, a ação é proposta no 1° grau. 
• MPMS/2018: É imprescindível a comprovação do 
binômio ilegalidade-lesividade como pressuposto 
elementar para a procedência da ação popular. 
• A ação popular dispensa a demonstração de pre-
juízo aos cofres públicos (são diversos os bens jurí-
dicos tutelados: pode haver, p. ex., ato lesivo à mo-
ralidade administrativa sem prejuízo ao erário). 
• O STF entende que não se presta a ação popular 
a impugnar atos normativos genéricos, mas apenas 
para impugnar atos efetivamente lesivos ao Es-
tado (STF. AO 1.725-AgR, rel. Min. Luiz Fux, DJe 
11.03.2015). 
• S. 365, STF: Pessoa jurídica não tem legitimidade 
para propor ação popular. Vale acrescentar: nem 
mesmo a pessoa jurídica de direito público. 
• S. 101, STF: O MS não substitui a ação popular. 
• O pagamento de perdas e danos independe de 
pedido, decorrendo diretamente do art. 11 da LAP. 
• MP na ação popular... 
✓ Não tem legitimidade. 
✓ Acompanha a ação 
a. Apressa a prova 
b. Promove a responsabilidade civil 
ou criminal. 
✓ Não pode assumir a defesa do ato impug-
nado. 
✓ É determinada sua intimação no despacho 
da inicial. 
✓ Pode prosseguir com a ação, no prazo de 
90 dias, em caso de desistência ou absolvi-
ção de instância. 
✓ Caso decorridos 60 dias da publicação da 
sentença condenatória de 2ª instância, 
deve executar a sentença condenatória 
em 30 dias, sob pena de falta grave. 
Proporcionalidade (MPSP/19 – 2ª Fase) 
• Subprincípios: 
1) Adequação 
2) Necessidade: orienta-se pelo caso concreto, 
não pelo interesse público, nem pelo bem co-
mum. 
3) Proporcionalidade em sentido estrito 
• O princípio da proporcionalidade se desdobra em 
parâmetro de aplicação da justiça. Sendo mais fácil 
de ser sentido, do que conceituado, o princípio da 
proporcionalidade tem dimensão subjetiva. É razo-
ável o que seja conforme à razão, equilibrado, mo-
derado, harmônico. O que se afasta do arbitrário 
ou do capricho. O princípio da proporcionalidade 
corresponde ao senso comum, aos valores de um 
momento e lugar (BARROSO). 
• O princípio da razoabilidade tem sentido variado 
(medida de justiça, natureza das coisas, senso co-
mum, etc.), sendo mais empregado no âmbito dos 
direitos de igualdade como forma de identificar dis-
criminações injustificadas. 
Mandado de injunção (Lei 13.300/16) 
• O STF admite a impetração de mandado de injun-
ção coletivo e, nessa hipótese, aplica, por analogia, 
as normas atinentes ao mandado de segurança co-
letivo. 
• A legitimidade ativa é atribuída ao titular de um 
direito constitucionalmente assegurado, cujo exer-
cício esteja inviabilizado pela ausência da norma in-
fraconstitucional regulamentadora. 
• Teorias sobre os efeitos do mandado de injunção 
a) Não concretista 
b) Concretista 
a. Direta 
b. Intermediária 
 
 
 
 
a. Individual 
b. Geral 
Art. 8° da Lei 13.300/2016 
Art. 8º Reconhecido o estado de mora legis-
lativa, será deferida a injunção para: 
I - determinar prazo razoável para que o im-
petrado promova a edição da norma regu-
lamentadora; 
O art. 8° da Lei 
n° 13.300/16 
adotou a teoria 
concretista 
intermediária 
individual 
 
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II - estabelecer as condições em que se dará 
o exercício dos direitos, das liberdades ou 
das prerrogativas reclamados ou, se for o 
caso, as condições em que poderá o interes-
sado promover ação própria visando a 
exercê-los, caso não seja suprida a mora le-
gislativa no prazo determinado. 
Parágrafo único. Será dispensada a determi-
nação a que se refere o inciso I do caput 
quando comprovado que o impetrado dei-
xou de atender, em mandado de injunção 
anterior, ao prazo estabelecido para a edi-
ção da norma. 
 
Art. 9° da Lei 13.300/2016 
Art. 9º A decisão terá eficácia subjetiva limi-
tada às partes e produzirá efeitos até o ad-
vento da norma regulamentadora. 
§ 1º Poderá ser conferida eficácia ultra par-
tes ou erga omnes à decisão, quando isso 
for inerente ou indispensável ao exercício do 
direito, da liberdade ou da prerrogativa ob-
jeto da impetração. 
 
Óbice à extradição (art. 5°, LI e LII, CF) 
S. 421, STF: Não impede a extradição a circunstân-
cia de ser o extraditando casado com brasileira ou 
ter filho brasileiro. 
Direito de greve (9º, CF) 
• O exercício do direito de greve, sob qualquer 
forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis 
e a todos os servidores públicos que atuem dire-
tamente na área de segurança pública. STF. ARE 
654432/GO, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Mo-
raes, j. 5/4/2017 (repercussão geral) (Info 860). 
• A administração pública deve proceder ao des-
conto dos dias de paralisação decorrentes do exer-
cício do direito de greve pelos servidores públicos, 
em virtude da suspensão do vínculo funcional que 
dela decorre. É permitida a compensação em caso 
de acordo. O desconto será, contudo, incabível se 
ficar demonstrado que a greve foi provocada por 
conduta ilícita do Poder Público. STF. RE 693456/RJ, 
Min. Dias Toffoli, j. 27/10/2016 (repercussão geral) 
(Info 845). 
• SV 23. A Justiça do Trabalho é competente para 
processar e julgar ação possessória ajuizada em de-
corrência do exercício do direito de greve pelos tra-
balhadores da iniciativa privada. 
Direitos políticos 
• O STF decidiu ser inelegível para o cargo de Pre-
feito de município resultante de desmembramento 
territorial o irmão do atual chefe do Poder Execu-
tivo do “município-mãe”. 
4. Organização do Estado (18 a 43, CF) 
18 19 20 21 22 23 24 
25 26 27 28 29 29-A 30 
31 32 33 34 35 36 37 
38 39 40 41 42 
 
• É CONSTITUCIONAL... 
✓ SV 38: É competente o Município para fixar 
o horário de funcionamento de estabeleci-
mento comercial. Existe uma “exceção” à Sú-
mula Vinculante 38: o horário de funciona-
mento dos bancos. Segundo o STF e o STJ, as 
leis municipais não podem estipular o horá-
rio de funcionamento

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