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1 2 3 4 5 6 1 Teoria da Constituição 1. Conceito de Constituição S o c io ló g ic a La ss al e Constituição é fato social, e não norma jurí- dica. A Constituição real e efetiva de um Es- tado consiste na soma dos fatores reais de poder que vigoram na sociedade. A Consti- tuição escrita “não passa de uma folha de pa- pel”. P o lí ti c a S ch m it t Constituição seria fruto da vontade do povo, titular do poder constituinte; por isso mesmo é que essa teoria é considerada deci- sionista ou voluntarista. Para Schmitt, a Constituição é uma decisão política funda- mental que visa estruturar e organizar os elementos essenciais do Estado. J u rí d ic a K e ls e n Constituição possui dois sentidos: a) lógico-jurídico: norma pura, puro dever- ser, s/ qualquer pretensão à fundamentação sociológica; b) jurídico-positivo: é a Constituição escrita, formal, o documento supremo que dá ori- gem a todas as demais normas do ordena- mento; C u lt u ra li s ta M e ir e lle s Conduz ao conceito de uma Constituição To- tal em uma visão suprema e sintética que “...apresenta, na sua complexidade intrín- seca, aspectos econômicos, sociológicos, ju- rídicos e filosóficos, a fim de abranger o seu conceito em uma perspectiva unitária”. As- sim, sob o conceito culturalista, “...as Consti- tuições positivas são um conjunto de normas fundamentais, condicionadas pela cultura total, e ao mesmo tempo condicionantes desta, emanadas da vontade existencial da unidade política, e reguladoras da existência, estrutura e fins do Estado e do modo de exercício e limites do poder político”. Id e a l C an o ti lh o Compreensão obtida a partir de um conceito cultural da Constituição, devendo: "(i) con- sagrar um sistema de garantia da liberdade (essencialmente concebida no sentido do re- conhecimento dos direitos individuais e da participação do cidadão nos atos do poder legislativo através dos Parlamentos); (ii) a Constituição contém o princípio da divisão de poderes, no sentido de garantia orgânica contra os abusos dos poderes estaduais; (iii) a Constituição deve ser escrita". 2. Elementos das Constituições (segundo José Afonso da Silva) a) Elementos orgânicos: regulam a estru- tura do Estado e do Poder. b) Elementos limitativos: normas que com- põem o elenco dos direitos e garantias fun- damentais, limitando o poder do Estado. c) Elementos sócio-ideológicos: revelam o compromisso da Constituição entre o Es- tado individualista e o Estado Social (ex: or- dem econômica). d) Elementos de estabilização constituci- onal: normas destinadas à solução de con- flitos constitucionais, à defesa da Constitui- ção, do Estado e das instituições democrá- ticas. e) Elementos formais de aplicabilidade: regras de aplicação da Constituição. 3. Constitucionalismo 3.1. Fases do constitucionalismo 1) Antigo ● Povo Hebreu – Estado teocrático. ● Cidades-Estado Gregas - século V a.C., onde havia ampla participação dos gover- nados na condução do processo político (democracia direta). 2) Medieval ✓ Magna Carta inglesa (1215): representou um limitação do poder monárquico à auto- ridade da lei. 3) Moderno ● Transição da monarquia absolutista para o Estado Liberal, em especial na Europa, no final do século XVIII, que traçou limitações formais ao po- der político vigente à época. ● Surgimento das Constituições escritas. ● Constituições dos Estados Unidos da América de 1787 e da França de 1791. ● Constituições liberais (ex: constitucionalismo inglês, norte-americano e francês), cujos documen- tos eram sintéticos. Sob viés liberal, orientavam-se por valores como liberdade, proteção à proprie- dade privada, proteção aos direitos individuais e absenteísmo estatal). ● Contribuição da Revolução Gloriosa: sobera- nia do parlamento (em base bicameral). ● Contribuição da Revolução Francesa: princípio da soberania nacional. ● Contribuição da Revolução Americana: fede- ralismo e Constituição como uma "Bíblia Política”. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 1 2 3 4 5 6 2 4) Contemporâneo • Totalitarismo constitucional: textos constitu- cionais trazem importante conteúdo social, esta- belecendo normas programáticas e realçando o sentido de constituição dirigente. • Dirigismo comunitário e constitucionalismo globalizado: busca difundir a perspectiva de pro- teção aos direitos humanos e de propagação para todas as nações. • Direitos de segunda dimensão: relacionados à igualdade. • Direitos de terceira dimensão: relacionados à fra- ternidade/solidariedade. • Constituição do México/1917 e Constituição da Alemanha/1919. 5) Do futuro (José Roberto Dromi) • Deverá buscar a concretização dos seguintes va- lores: a) Verdade b) Solidariedade c) Consenso d) Continuidade e) Participação f) Integração 3.2. Neoconstitucionalismo Principais ideias ✓ Constituições passam a prever valores. ✓ Forma-se o Estado Constitucional de Di- reito. ✓ Busca-se a concretização dos direitos fun- damentais e a garantia de condições míni- mas de existência aos indivíduos. Marcos (histórico, filosófico e teórico) a. Histórico: pós 2ª Guerra Mundial. b. Filosófico: pós positivismo ✓ O pós-positivismo, como via intermedi- ária para a superação das concepções jusnaturalistas e juspositivistas, tem pretensão de universalidade, ou seja, pretende desempenhar o papel de autêntica teoria geral do direito aplicá- vel a qualquer tipo de ordenamento ju- rídico, independentemente de suas ca- racterísticas específicas. (…) O neocons- titudonalismo, por seu turno, tem pre- tensões mais específicas. Trata-se de uma teoria particularmente desenvolvi- da para explicar e dar conta das comple- xidades que envolvem um modelo es- pecífico de organização político-jurí- dica (o Estado constitucional democrá- tico) e de constituição (“constituições normativas e garantistas”). MPGO/19. ✓ Reconhece a centralidade dos direitos fundamentais. ✓ Reaproximação entre o Direito e a Ética. Novelino: “As diferentes aspira- ções do pós-positivismo (teoria univer- sal) e do neoconstitucionalismo (teoria particular) também se revelam nos pla- nos em que a moral atua como uma ins- tância crítica de valoração do direito. Na visão pós-positivista a normatividade dos princípios e a centralidade da argu- mentação jurídica são determinantes para se pensar o direito e a moral como esferas complementares e não total- mente autônomas. Embora sejam reco- nhecidas as especificidades de cada uma delas, não se admite um trata- mento segmentado. Ao pressupor uma “conexão necessária” entre direito e moral, o pós-positivismo rompe com dualismo, característico das concepções juspositivistas, entre as duas esferas”. Em seguida, leciona: “O neoconstitucio- nalismo, por seu turno, adota uma pre- missa distinta ao considerar que a cone- xão identificativa entre direito e moral resulta da incorporação dos valores morais nas constituições por meio de princípios e direitos fundamentais, pontes necessárias entre as duas esfe- ras. Sob esta óptica, a conexão entre o direito e a moral é apenas contingente – e não necessária, como no pós-positi- vismo -, isto é, decorre da incorporação de princípios morais nas constituições contemporâneas. ✓ Princípios passam a ser encarados como normas jurídicas. ✓ Novelino: “Como postura ideológica pe- rante o direito vigente, o pós-positi- vismo pode ser visto como uma via in- 1 2 3 4 5 6 3 termediária que busca preservar a segu- rança jurídica, mas sem adotar uma vi- são cética em relação à justiça material. O caráter prima face atribuído à segu- rança jurídica, em casos extremos, pode ser afastado em nome da justiça”. c. Teórico ✓ Foça normativa da Constituição. ✓ Expansãoda jurisdição constitucional. ✓ Nova dogmática da interpretação cons- titucional. 3.3. Modelos de constitucionalismo Canotilho identifica três modelos de compreensão do movimento constitucionalista: a. O modelo historicista (ou inglês) b. O modelo individualista: é advindo do modelo francês. A revolução francesa faz surgir uma nova ordem jurídica, política e social. Por isso, é também chamado de constitucionalismo revolucionário. O mo- delo individualista estabelece uma ruptura com a ordem social até então praticada, o anterior regime, para dar lugar a um novo regime, uma nova ordem social, definida através de um contrato social baseado nas vontades individuais e não mais no alve- drio do governante (...). c. O modelo federalista ou estadista. 3.4. Transconstitucionalismo x Constitucio- nalismo transnacional x Interconstitucionali- dade Cuidado, são conceitos DIFERENTES! Transconsti- tucionalismo Constitucio- nalismo transnacio- nal Interconstitu- cionalidade Introduzido no Brasil por Mar- celo Neves, re- presenta o diá- logo entre o di- reito interno e o direito inter- nacional, para melhor tutela dos direitos fundamentais. Possibilidade de criação de uma só Consti- tuição para vá- rios países. Trata das rela- ções interconsti- tucionais, isto é, a convergência, a concorrência, a justaposição e os conflitos de vá- rias constituições e de vários pode- res constituintes no mesmo es- paço político. 3.5. Patriotismo constitucional O termo foi primeiramente utilizado pelo historia- dor alemão Dolf Sternberger, na década de 70 (e mais difundido pelo sociólogo e filósofo alemão Jürgen Habermas, na década de 80), para designar um sentimento de identidade coletiva, fundamen- tada nos ideais constitucionais e nas ideias de to- lerância, multiculturalismo e respeito aos di- reitos fundamentais. Tal ideia se opõe ao nacio- nalismo como comumente existe, calcado em iden- tidades étnicas e culturais. 4. Poder Constituinte 4.1. Poder constituinte x Poder constituído ● Expressões criadas por Sieyès, na França. 4.2. Poder constituinte ORIGINÁRIO 3.2.1. Outras denominações Inicial, inaugural, genuíno ou de 1° grau 3.2.2. Conceito • É aquele que tem como objetivo criar um novo Estado. • O poder constituinte originário se expressa em movimentos de ruptura simbólica ou violenta em face dos poderes constituídos (rupturas históricas ou transição constitucional). 3.2.3. Características 1. Inicial; 2. Autônomo; 3. Ilimitado juridicamente; ✓ Não se pode alegar direito adquirido em face do poder constituinte originário. 4. Incondicionado e soberano na tomada de suas decisões; 5. Poder de fato e poder político; 6. Permanente 4.3. Poder constituinte DERIVADO 4.3.1. Outras denominações Poder constituinte instituído, constituído, secundá- rio, de 2º grau ou remanescente. 4.3.2. Características • É criado e instituído pelo poder constituinte originário. 1 2 3 4 5 6 4 • Limitado e condicionado pelos parâmetros impostos pelo poder constituinte originário. 4.3.3. Espécies 1. PC derivado reformador; 2. PC derivado decorrente; 3. PC derivado revisor. A) Poder constituinte derivado reformador • É aquele capaz de modificar a Constituição, por meio de um procedimento específico, estabelecido pelo poder constituinte originário. • Limitações: a. Expressas ou explícitas 1. Formais ou procedimentais: previ- são de um procedimento próprio, via de regra, mais dificultoso. 2. Circunstanciais (art. 60, § 1°, CF/88): a CF não pode ser alterada na vigên- cia de ED, ES e IF. 3. Materiais (art. 60, § 4°, CF/88): pre- visão de cláusulas pétreas. A doutrina majoritária entende que a CF/88 não prevê limitações temporais. b. Implícitas: por exemplo, a alteração do ti- tular do poder constituinte originário e do poder constituinte derivado reformador (teoria da dupla revisão). B) Poder constituinte derivado decorrente • Permite que os Estados-membros elaborem suas próprias Constituições, bem como venham modi- ficá-las, havendo necessidade de adequação e re- formulação. • Limitações: a. Princípios constitucionais sensíveis (art. 34, VII, da CF/88): estão expressos na Constitui- ção, razão pela qual são também chamados de apontados ou enumerados. b. Princípios constitucionais organizatórios (ou estabelecidos): aqueles que limitam, ve- dam ou proíbem a ação indiscriminada do Poder Constituinte Decorrente (ex: sistema tributário nacional). c. Princípios constitucionais extensíveis: aque- les que integram a estrutura da federação brasileira (ex: preceitos ligados à Administra- ção Pública). • É inconstitucional norma da Constituição Esta- dual que estabeleça que a proposta de emenda à Constituição, de iniciativa exclusiva de 2/3, no mí- nimo, dos membros da Assembleia Legislativa, seja aprovada por 3/5 dos referidos membros. C) Poder constituinte derivado revisor • Previsto no art. 3° do ADCT, diz respeito à compe- tência de revisão para atualizar e adequar a Consti- tuição às realidades que a sociedade apontasse como necessárias. • Eficácia exaurida e aplicabilidade esgotada da re- gra prevista no art. 3° do ADCT: a revisão constitu- cional foi prevista para ser exercida uma única vez, após 5 anos contados da promulgação da CF, tendo resultado na edição de 6 EC de revisão. 4.5. Poder constituinte difuso (mutação constitucional) • Poder de fato que serve de fundamento para os mecanismos de atuação da mutação constitucio- nal, fenômeno pelo qual se opera a alteração do conteúdo e do alcance das normas constitucionais pela via informal, sem alteração do texto norma- tivo, tendo-se em conta a aplicação concreta de seu conteúdo a situações fáticas que se modificam no tempo, à luz de transformações no âmbito da rea- lidade do poder político, da estrutura social ou do equilíbrio de interesses. • As mutações constitucionais decorrem da conju- gação da peculiaridade da linguagem constitucio- nal, polissêmica e indeterminada, com fatores ex- ternos, de ordem econômica, social e cultural, que a CF intenta regular, produzindo leituras sempre renovadas das mensagens enviadas pelo consti- tuinte. • Quais são os mecanismos por meio dos quais se opera a mutação constitucional? São 3! a. Por mudanças na interpretação consti- tucional, b. Pela atuação do legislador ✓ Aqui, vale lembrar a possibilidade de reação legislativa à decisão da Corte Constitucional (STF, Info 801). c. Pela via do costume 1 2 3 4 5 6 5 5. Interpretação constitucional 5.1. Métodos Hermenêutico clássico ou ju- rídico Constituição é considerada uma lei, devendo ser inter- pretada como tal. Assim, devem ser utilizados os mé- todos tradicionais de her- menêutica: gramatical/lite- ral, histórico, sistemá- tico/lógico e teleoló- gico/racional. Tópico-proble- mático Theodor Viehweg Parte-se do problema para a norma. Hermenêutico- concretizador Hesse Parte-se da norma para o problema (círculo herme- nêutico = “movimento de ir e vir”). Científico- espiritual Rudolf Smend Deve-se pesquisar a ordem de valores subjacentes ao texto constitucional, uma vez que, com isso, é possí- vel uma captação espiritual de seu conteúdo axioló- gico. Normativo- estruturante Friedrich Muller A norma não está inteira- mente no texto, sendo o re- sultado entre o texto cons- titucional e a realidade. O texto é apenas a "ponta do iceberg". • Programa normativo: conjunto de domínios lin- guísticos. + • Âmbito normativo: reali- dade a se regular. = NORMA JURÍDICA 5.2. Interpretação conforme a Constituição • Técnica por meio da qual se adota uma exegese específica da norma como consonante com a Cons- tituição. Mantém-se, assim, o texto da norma - em todo (sem redução de texto) ou em parte (com re-dução de texto). • Pode ser utilizada no controle de constitucionali- dade de emenda constitucional. • A interpretação conforme a constituição e a de- claração parcial de inconstitucionalidade sem redu- ção de texto são exemplos de situações constituci- onais imperfeitas (normas se situam em um está- gio de trânsito entre a constitucionalidade e a in- constitucionalidade). • A interpretação conforme só é admitida no caso de normas polissêmicas. • A interpretação conforme não permite a inter- pretação contra legem, nem mesmo a pretexto de preservar a Constituição. 5.3. Sentenças “intermediárias” Segundo Bernardo Gonçalves, compreende uma diversidade de tipologia de decisões utilizadas pelos Tribunais Constitucionais e/ou Cortes Consti- tucionais em sede de controle de constitucionali- dade, com o objetivo de relativizar o padrão biná- rio do direito (constitucionalidade/inconstitucio- nalidade". Podem ser assim classificadas: 1. Decisões interpretativas em sentido es- trito a) sentença interpretativa de rechaço: A corte adota a interpretação conforme a CF e repudia outra que a contrarie. b) sentença interpretativa de aceitação: A corte ANULA (caráter definitivo e erga omnes) uma decisão de instância ordi- nária que adotou interpretação ofen- siva à CF. 2. Decisões manipulativas/manipulado- ras/normativas a) sentenças aditivas/de efeito aditivo: A Corte declara inconstitucional certo dis- positivo, não pelo que expressa, mas pelo que omite, alargando o texto da lei ou seu âmbito de incidência (Ex: aborto de anencéfalos e greve dos servidores públicos). b) sentenças substituíveis: A Corte anula uma norma e a substitui por outra, es- sencialmente diferente, criada pelo pró- prio Tribunal (Ex: substituição da taxa prevista no DL 3.365/41 pela prevista na S. 618 do STF) 5.4. Correntes hermenêuticas americanas a) Interpretativista: os juízes, ao interpretarem a Constituição, devem se limitar a captar o sentido dos preceitos nela expressos. b) Não Interpretativista: defendem uma maior autonomia do juiz ao interpretar a norma, com aplicação de “valores e princípios substantivos” – princípios da liberdade e da justiça. Admite-se o ati- vismo judicial ou papel criativo do juiz. 1 2 3 4 5 6 6 5.5. Teoria da democracia dualista A teoria da democracia dualista, defendida por Bruce Ackerman, sustenta que as decisões adota- das pelo próprio povo, em contextos de grande mobilização cívica, devem ser protegidas do al- cance da vontade dos representantes do povo, for- mada em momentos em que a cidadania não esteja intensamente envolvida. Esta teoria distingue a po- lítica extraordinária, correspondente àqueles "mo- mentos constitucionais", da política ordinária, que se realiza através das deliberações do dia a dia dos órgãos representativos. A política extraordinária não exige, necessariamente, formalização procedi- mental através de assembleia constituinte ou de emenda constitucional, se situa em patamar supe- rior à política ordinária e pode legitimamente im- por limites a esta. 5.6. Liberalismo igualitário O liberalismo igualitário é uma vertente do libera- lismo político. Daí a sua dimensão liberal que se ex- prime no reconhecimento da prioridade dos direi- tos individuais diante dos interesses do Estado ou da coletividade. Esta ideia foi bem sintetizada por John Rawls, na abertura da sua obra clássica sobre a Teoria da Justiça: "Cada pessoa possui uma invio- labilidade fundada na justiça que nem o bem-estar da sociedade inteira pode sobrepujar (...). Por- tanto, numa sociedade justa as liberdades decor- rentes da igual cidadania são garantidas, e os direi- tos assegurados por razões de justiça não se sujei- tam à barganha política ou a cálculos de interesse social". Pode-se falar, neste sentido, que o liberalismo igualitário, como todo liberalismo, é individualista, pois o seu foco prioritário se centra no indivíduo, e não em qualquer entidade supraindividual como o Estado, a Nação, a classe social ou o grupo étnico. 5.7. Teoria dos “Dois Corpos do Rei” Presente em toda a Europa, com destaque na Ingla- terra, onde se desenvolveu em uma teoria política ou legal. Segundo a referida doutrina, a figura do Rei se subdividia em dois "corpos": a pessoa na- tural (física) do rei, semelhante a de qualquer ou- tro homem, sendo, portanto, material e corruptí- vel, e, também, a figura do representante político, um corpo imaterial (místico), invisível, imortal e in- capaz de qualquer imperfeição. Tal dualidade exi- gia tratamento jurídico diferenciado para cada um dos “corpos”. 6. Princípios de interpretação constituci- onal a) Unidade O texto deve ser interpretado de forma a evitar contradição entre as normas e os princípios consti- tucionais. Assim, não há contradição verdadeira entre as normas constitucionais, o conflito é ape- nas aparente. A análise das normas deve ser inte- grada e não isolada. Não existe hierarquia entre as normas da CF. b) Concordância prática/harmonização Impõe a harmonização dos bens jurídicos em caso de conflito, de modo a evitar o sacrifício total de uns em relação aos outros. É geralmente usado na solução de colisão de direitos fundamentais. Ex: manifestação de pensamento x vida privada. c) Justeza/conformidade Impõe aos órgãos encarregados da interpretação constitucional a obrigação de não chegar a um re- sultado que subverta o esquema organizató- rio funcional estabelecido pela CF. d) Máxima efetividade/eficiência/interpreta- ção efetiva O intérprete deve atribuir à norma constitucional o sentido que lhe dê mais efetividade social. Visa ma- ximizar a norma. Sua utilização se dá principal- mente na aplicação dos direitos fundamentais. e) Efeito integrador Busca que na interpretação da CF seja dada prefe- rência às determinações que favoreçam a integra- ção política e social. f) Força normativa Atua como um apelo ao intérprete nas interpreta- ções, como representação de um objetivo a ser perseguido. Nas possíveis interpretações, deve ser adotada a que dê maior eficácia/aplicabilidade e permanência às normas constitucionais. g) Ponderação • A colisão entre princípios, segundo a teoria pre- dominante, é resolvida por um juízo de pondera- ção. Neste caso, conforme aponta GONET BRANCO, em Juízo de Ponderação na Jurisdição 1 2 3 4 5 6 7 Constitucional, “a solução do conflito, idealmente, há de ser feita com a restrição mínima de um prin- cípio em favor daquele de maior peso – solução que valerá para as circunstâncias analisadas, não se credenciando a assertiva de ‘que sempre um va- lor há de preferir ao outro’. O intérprete, por isso, formula um enunciado de preferência condici- onada, traça, assim, uma ‘hierarquia móvel ou axiológica’. A regra que resultará da ponderação vale para as circunstâncias tomadas em considera- ção ao se avaliar o peso dos princípios em atrito”. • A técnica da ponderação de interesses não pode dissolver esquemas de competências constitucio- nalmente definidos. • Segundo a formulação teórica da ponderação, devem ser atribuídos pesos aos direitos e princí- pios contendores, a fim de se identificar qual deles deverá prevalecer em um caso concreto (relação de precedência condicionada). O peso concreto de cada um deles diz respeito à intensidade com que são efetivamente afetados pelo ato questio- nado: quanto mais acentuada a restrição a um di- reito fundamental, maior será seu peso concreto; quanto mais intensa a satisfação do bem jurídico constitucional antagônico, maior será o peso con- creto deste (SOUZA NETO e SARMENTO, 2014, p. 479). Um determinado ato estatal pode restringir em grau elevado um direito fundamental e, em contrapartida, realizar em nível baixíssimo o direito ou interesse constitucional cuja tutela é perse- guida, mostrando-se desproporcional.Também se- rá desproporcional a medida se ela afetar o núcleo essencial de um direito. Conforme aponta NOVE- LINO (2016, p. 290), “a ideia fundamental na qual se apoia este requisito é a de que existe um conte- údo essencial dos direitos e garantias fundamentais que não pode ser violado, nem mesmo nas hipóte- ses em que o legislador está constitucionalmente autorizado a editar normas restritivas”. Mas, cuidado: uma medida poder ser desproporci- onal mesmo quando não afeta o núcleo essencial de um direito fundamental ou bem constitucional, pois a proteção ao núcleo essencial é apenas um dos limites da restrição a direitos fundamen- tais. No MPGO/2019, foi considerada INCORRETA a seguinte alternativa: “Na aplicação da técnica de ponderação de interesses, a medida restritiva não será desproporcional se, ausente peso suficiente dos motivos que justificaram a restrição, esta não afetar o núcleo essencial do direito fundamental ou bem constitucionalmente protegido, em rota de colisão”. Em suma: a questão erra ao dizer que, mesmo sem a existência de peso suficiente dos motivos que justificam a restrição (aqui já há a falta de proporcionalidade), a restrição será vá- lida se não afetar o núcleo essencial do direito em rota de colisão. • O princípio da proporcionalidade funciona como limite à proteção insuficiente de direitos e bens constitucionalmente protegidos (MPSP/19 – 2ª Fase). 7. Classificação das Constituições 7.1. Quanto à origem Outorgada É a Constituição imposta, de ma- neira unilateral, pelo agente revolu- cionário, que não recebeu do povo a legitimidade para em nome dele atuar. No Brasil: 1824, 1937 e 1967. Promulgada (Democrá- tica, votada ou popular É a Constituição fruto do trabalho de uma Assembleia Nacional Consti- tuinte, eleita diretamente pelo povo, para, em nome dele, atuar. No Bra- sil: 1891, 1934, 1946 e 1988. Cesarista (Bonapar- tista) Embora conte com participação po- pular, não é democrática, pois visa ratificar a vontade do detentor do poder. Pactuada (Dualista) Modelo que não mais se encontra na realidade. Foi comum na Idade Mé- dia, em que o poder estatal aparecia cindido entre o monarca e as ordens privilegiadas. Aqui, vale registrar a classificação que distingue: a. Autoconstituição: elaborada p/ ser apli- cada no próprio Estado. b. Heteroconstituição: é a constituição feita p/ vigorar em outro país. São inco- muns. Ex: Constituição do Chipre, que sur- giu de acordos elaborados em Zurique, nos idos dos anos 60, entre Grã Bretanha, Gré- cia e Turquia. 7.2. Quanto à forma Escrita (instrumental) É aquela formada por um con- junto de regras sistematizadas e organizadas em um único docu- mento. Costumeira (Não escrita ou consuetudinária) Aquela que não traz as regras em um único texto solene e codifi- cado. 1 2 3 4 5 6 8 7.3. Quanto à extensão Sintéticas Concisas, breves, sumárias, sucin- tas ou básicas São aquelas enxutas, veiculado- ras apenas dos princípios fun- damentais e estruturais do Es- tado, o que as torna mais dura- douras. Analíticas Amplas, extensas, largas, prolixas, longas, desenvol- vidas, volumosas ou inchadas São aquelas que abordam to- dos os assuntos que os repre- sentantes do povo entendem fundamentais. Normalmente descem a minúcias, estabele- cendo regras que deveriam es- tar em leis infraconstitucionais. 7.4. Quanto ao conteúdo Material Materialmente constitucional é aquele texto que contém as normas fundamentais e estru- turais do Estado, a organização de seus órgãos, os direitos e as garantias fundamentais. Formal (CF/88) É a Constituição que elege como critério o processo de sua formação, e não o conteúdo de suas normas. Assim, qualquer regra nela contida terá o cará- ter constitucional. 7.5. Quanto à ontologia constitucional (Loe- wenstein) Normativa CF/88 (Lenza) Domina efetivamente o pro- cesso político, conformando a realidade. Nominal CF/88 (Bernardo e doutrina majoritária) Embora tenha essa pretensão, não é capaz de conformar a re- alidade. Semântica Constituição “de fachada”. Uti- lizada pelos dominadores de fato, visando sua perpetuação no poder. O objetivo dessas Constituições é apenas legiti- mar os detentores do poder. 7.6. Quanto à estabilidade Imutáveis São as leis fundamentais anti- gas criadas com a pretensão de eternidade e tidas como imodi- ficáveis, sob pena de maldição dos deuses. Ex: Código de Ha- murabi / Lei das XII tábuas. Não existem mais constituições desse tipo. Fixas São aquelas alteráveis apenas pelo mesmo poder constituinte responsável por sua elabora- ção, quando convocado para isso. Ex: as Constituições pro- duzidas na época de Napoleão I. Super rígidas São as Constituições dotadas de cláusulas pétreas (Min. Ale- xandre de Moraes). Rígidas São modificáveis mediante pro- cedimentos mais solenes e complexos em comparação com o processo legislativo ordi- nário. Exemplo: CF/88. Semirrígidas São aquelas que possuem uma parte rígida e outra flexível. Al- gumas normas tem um proce- dimento mais dificultoso, ou- tras normas tem o mesmo pro- cedimento de alteração da le- gislação ordinária. Ex.: Consti- tuição Imperial de 1824. Flexíveis São aquelas que possuem a mesma origem e formalidades para a alteração previstas para a legislação ordinária. Ex.: Constituições costumeiras ou consuetudinárias. 7.7. Quanto à sistemática Reduzidas (Unitárias ou Codificadas) Aquelas que se materializam em um só código básico e siste- mático (como as Constituições brasileiras). Variadas (Legais) Aquelas que se distribuem em vários textos e documentos es- parsos. 7.8. Quanto à dogmática Ortodoxa Formada por uma só ideologia. Eclética Formada por ideologias concilia- tórias (CF/88). 1 2 3 4 5 6 9 7.9. Quanto ao sistema Principiológica Predominam os princípios (CF/88). Preceitual Prevalecem as regras. 7.10. A classificação da CF/88 Critério Classificação Origem Promulgada Forma Escrita = instrumental Extensão Analítica = ampla, extensa, larga, prolixa, longa, desenvolvida, volu- mosa, inchada. Modo de elaboração Dogmática = sistemática Alterabili- dade Rígida (ou super-rígida, cf. Ale- xandre de Moraes) Sistemático Reduzida = unitária Dogmático Eclética Ontologia Normativa (pretende ser!) Sistema Principiológica Função Definitiva Ideologia Social (dirigente) R. M. Horta Expansiva. 8. Teoria da norma jurídica 8.1. Humberto Ávila Sustenta que os princípios seriam normas prima- riamente complementares e parciais, que indica- riam o estado de coisas ideal a ser promovido, mas não o modo para fazê-lo. Já as regras seriam nor- mas preliminarmente decisivas e abarcantes, que indicariam a decisão a ser adotada para o caso es- pecífico. Para H. Ávila, a interpretação e a aplicação de prin- cípios e regras efetivam-se por meio dos postula- dos normativos: Inespecíficos Específicos 1. Ponderação (atribui- ção de pesos) 2. Concordância prática 3. Proibição de excesso (garantia de um mínimo de eficácia dos direitos fundamentais) 1. Igualdade 2. Razoabilidade 3. Proporcionali- dade 8.2. Canotilho Para Canotilho um dos critérios de distinção entre regras e princípios seria a função normogené- tica destes últimos. Para ele, os princípios seriam a base do sistema jurídico, ostentando natureza nor- mogenética, ou seja, funcionam como fundamento de regras, constituindo a razão de ser, o motivo de- terminante da existência das regras em geral. 8.3. Ronald Dworkin Diferencia as diretrizes políticas (policies) dos princípios (principles). Os primeiros seriam “aquele tipo de padrão que estabelece um objetivo a ser alcançado, em geral uma melhoria em algum aspecto econômico, político ou social da comuni- dade”. Já os princípiosseriam o “padrão que deve ser observado, não porque vá promover ou assegu- rar uma situação econômica, política ou social con- siderada desejável, mas porque é uma exigência de justiça ou equidade ou alguma outra dimensão da moralidade”. 8.4. Robert Alexy Dworkin adota um conceito estrito de princípio (em sentido estrito), relacionando-o a direitos individu- ais, enquanto Alexy adota expressamente um con- ceito amplo, abarcando direitos individuais e inte- resses coletivos, sem mencionar as policies (dire- trizes políticas). Para Alexy, princípios são mandados de otimiza- ção, isto é, normas que ordenam que algo seja re- alizado na maior medida possível. 8.5. Derrotabilidade da regras • Superação do modelo “tudo ou nada” de Dworkin. • Traduz a ideia de superação circunstancial do mandamento contido na regra, visto que sua aplicação, em específico caso con- creto, não concretiza a finalidade que a própria regra busca tutelar. 9. Norma constitucional 9.1. Classificação I) Segundo José Afonso da Silva a) Eficácia Plena. São de aplicação direta e ime- diata e independem de uma lei que venha mediar os seus efeitos. As normas de eficácia plena tam- bém não admitem que uma lei posterior venha res- tringir o seu alcance. 1 2 3 4 5 6 10 ● O caráter não restringível de certa norma constitucional de direito fundamental do- tada de eficácia plena NÃO implica vedação absoluta aos órgãos estatais de adotarem medidas restritivas das prerrogativas indivi- duais ou coletivas. Por quê? Há direitos pre- vistos na CF sem qualquer menção à lei res- tritiva. Mesmo assim, tais direitos estão su- jeitos a uma reserva legal subsidiária, po- dendo o legislador regular esse direito em face dos demais valores constitucio- nais. Claro que a norma legal regulamenta- dora deverá sobreviver ao teste da propor- cionalidade, demonstrando que a eventual limitação a direito previsto sem restrição ex- pressa da CF, atendeu, de modo proporcio- nal, a realização de outros direitos constitu- cionais. Ex: interceptação de correspondên- cia de preso, conforme decidiu STF. ● Além da “reserva legal subsidiária”, todos di- reitos fundamentais – mesmo sem restrição expressa – estão sujeitos a uma “reserva ge- ral de ponderação”, uma vez que esses dis- positivos estão sujeitos à ponderação com outros valores previstos na Constituição, re- lacionados a outros direitos fundamentais em colisão. b) Eficácia Contida. Assim como a norma de efi- cácia plena, é de aplicação direta e imediata, não precisando de lei para mediar os seus efeitos, po- rém, poderá ver o seu alcance limitado pela super- veniência de uma lei infraconstitucional, por outras normas da própria constituição ou ainda por meio de preceitos ético-jurídicos como a moral e os bons costumes. c) Eficácia Limitada. São de aplicação indireta ou mediata, pois há necessidade da existência de uma lei para “mediar” a sua aplicação. Caso não haja regulamentação por meio de lei, não são ca- pazes de gerar os efeitos finalísticos (mas apenas os efeitos jurídicos que toda norma constitucional possui). Pode ser: 1. Normas de princípio programático: di- recionam a atuação do Estado, instituindo programas de governo (ex: busca do pleno emprego). 2. Normas de princípio institutivo: orde- nam ao legislador a organização ou institui- ção de órgãos, instituições ou regulamen- tos. CUIDADO! Toda norma constitucional produz os se- guintes efeitos... 1. Revogatório: a norma constitucional re- voga (não recepciona) as normas anterio- res a ela que forem incompatíveis materi- almente; 2. Inibitório: impede a produção de normas que a contrariem (servem, assim, como pa- râmetro para o controle de constituciona- lidade). 3. Irradiante: orientam a interpretação das demais normais do ordenamento jurídico. II) Segundo Crisafulli (cobrada no MPPR/17) a) programáticas se dizem aquelas normas jurídi- cas com que o legislador, ao invés de regular ime- diatamente um certo objeto, preestabelece a si mesmo um programa de ação, com respeito ao próprio objeto, obrigando-se a dele não se afastar sem um justificado motivo. b) Normas imediatamente preceptivas ou constitutivas: possuem eficácia imediata; são do- tadas de imperatividade, ou seja, têm conteúdo impositivo ou coativo. Nessa categoria se in- cluem normas programáticas lato sensu: “as nor- mas programáticas lato sensu, como os princípios gerais e também os princípios constitucionais, diri- gidas a direta e imediata disciplina de certas maté- rias”, ou destinadas a disciplinar “desde o início e de modo direto, determinadas relações”, entram na categoria das normas de eficácia imediata, ou seja, das normas imediatamente preceptivas”. Os- tentam por igual uma dupla eficácia na medida em que servem também de regra vinculativa de uma legislação futura sobre o mesmo objeto. c) As normas de eficácia diferida, para aplicarem a matéria a que diretamente se referem, precisam apenas de meios técnicos ou instrumentais. Desde o primeiro momento, sua eficácia ou aplicabilidade pode manifestar-se de maneira imediata, posto que incompleta, ficando assim, por exigências téc- nicas, condicionadas a emanação de sucessivas normas integrativas. 1 2 3 4 5 6 11 III) Segundo Gregório Robles (cobrada no MPMG/17) As regras de direito constitucional integram a cons- tituição escrita, rígida e dotada de supremacia. São regras-gênero, das quais derivam as regras ônticas, as regras técnicas e as regras deônticas. a) Regras ônticas: não estabelecem nenhuma exi- gência de conduta, apenas indicam os elementos prévios necessários à ação; b) Regras técnicas: referem-se ao procedimento, e decorrem de uma regra ôntica; c) Regras deônticas: são regras diretas da ação e estabelecem um dever, que pode ser positivo ou negativo – pode exigir uma ação ou uma omissão. Ao contrário das regras ônticas e técnico-convenci- onais, que não podem ser infringidas, as normas podem ser desrespeitadas. 9.2. Eficácia e aplicabilidade 7.2.1. Retroatividade a) Retroatividade máxima, também chamada de restitutória, que é aquela em que a lei nova ataca fatos pretéritos, ou seja, fatos já consumados sob a vigência da lei revogada, prejudicando assim o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa jul- gada. ● Não é automática. A Constituição pode prever. b) Retroatividade média, que é aquela em que a lei nova atinge efeitos pendentes de atos jurídicos anteriores, como por exemplo, um contrato, em que uma prestação esteja vencida, mas ainda não foi paga. ● Não é automática. A Constituição pode prever. c) Retroatividade mínima, também chamada de temperada ou mitigada, na qual a lei nova alcança e atinge os efeitos futuros de situações passadas consolidadas sob a vigência da lei anterior. ● É a regra: salvo disposição expressa, as normas constitucionais originárias gozam de retroatividade mínima. Sobre esse tema, alguns enunciados de prova (to- dos CORRETOS) ● Norma constitucional de proibição é sem- pre uma ordem autoaplicável, que inde- pende da prática de ato administrativo subsequente para exigibilidade, a menos que haja remissão expressa ao legislador. ● As normas do ADCT possuem a mesma hi- erarquia das normas do texto permanente da Constituição. ● As normas constitucionais originárias pos- suem validade autorreferente, não se sub- metendo ao controle de constitucionali- dade. 7.2.2. Repristinação x efeito repristinatório Repristinação Efeito repristinatório É fenômeno que ocorre na sucessão de normas no tempo. Ex: Lei “A”, elaborada na vigência da CF/46 (e com ela compa- tível), não foi recepcio- nada pela Const/67, mas, em tese, poderia ser re- cepcionada pela CF/88. É fenômeno próprio do controle de constituciona- lidade. Como, em regra, adotamos a “teoria da nu- lidade”,a norma decla- rada inconstitucional no controle concentrado nunca produziu efeito al- gum, nem mesmo o de re- vogar a lei com ela incom- patível. Só ocorre se houver dis- posição expressa na nova Constituição, visto não haver repristinação tá- cita. É a regra. Art. 2°, § 3°, LINDB. Art. 11, § 2°, Lei 9.868/99. 7.2.3. Desconstitucionalização • Fenômeno pelo qual as normas da Constituição anterior, desde que compatíveis com a nova or- dem, permanecem em vigor, mas com o status de lei infraconstitucional. • Em regra, não é verificado no Brasil, mas poderá ser percebido quando a nova Constituição, expres- samente, o determinar. 7.2.4. Recepção • A recepção é fenômeno tácito. • Perante a nova Constituição, só se analisa a com- patibilidade material. Se incompatível, a lei ante- rior será revogada (não recepcionada), já que não se fala em inconstitucionalidade superveniente. • Perante a Constituição anterior, exige-se compa- tibilidade formal e material. • LO pode ser recebida como LC (ex: CTN). • É possível a recepção PARCIAL. 1 2 3 4 5 6 12 • É possível a modificação de competência (ex: ma- téria era de competência da União e passa à com- petência dos Estados). O contrário não é possível: não cabe cogitar a ocorrência de federalização das normas estaduais ou municipais, como resultado de alteração na regra constitucional de competên- cia. Na situação inversa - competência da União na Constituição pretérita e competência dos estados ou dos municípios na nova Constituição -, a legisla- ção federal pretérita seria recepcionada (caso hou- vesse compatibilidade). 10. História constitucional brasileira 10.1. Constituição de 1824 • Outorgada. • Inspirada em ideias francesas e inglesas, com in- fluências da Constituição portuguesa. • O Brasil era um Estado Unitário (Monarquia Uni- tária), com o território dividido em províncias. • Voto censitário e eleição indireta. • Catolicismo era a religião oficial. • Cabia à Assembleia Geral guardar e zelar pela Constituição. • Presença de direitos fundamentais. • Previa a existência de 4 Poderes: Executivo, Legis- lativo, Judiciário e Moderador, que existia para im- por pretenso equilíbrio aos outros Poderes. • Rio de Janeiro era a capital federal. • É apontada por alguns autores como a 1ª Consti- tuição do mundo que trouxe um rol de direitos in- dividuais fundamentais (outros dizem que foi a Constituição da Bélgica de 1831). • Constituição semirrígida. • Não possuía nenhum mecanismo de controle de constitucionalidade. 10.2. Constituição de 1891 • Influência da Constituição dos EUA – “Estados Unidos do Brasil” • O Brasil passou a ser uma República (forma de governo), Federativa (forma de Estado), Presiden- cialista (sistema de Governo). • Embora tenha assegurado forma federativa de Estado, não assegurou autonomia dos municípios). • Voto universal. Voto descoberto. E voto direto. • Separou o Estado da Igreja (Brasil passou a ser um Estado laico – sem religião oficial). MPGO/2019.1 • 3 Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Ins- tituiu o Legislativo estadual. • Criação do habeas corpus (possuía um sentido mais amplo). • Adotou-se o modelo de controle de constitucio- nalidade difuso\concreto (inspiração norte-ameri- cana). • Possibilidade de controle judicial de constitucio- nalidade. • CF passou a ser rígida. 10.3. Constituição de 1934 • Influência da Constituição Alemã de Weimar. • Caráter extremamente nacionalista, com proibi- ção de algumas atividades por empresas estrangei- ras, nacionalização de empresas e proteção aos di- reitos do trabalhador. • Voto secreto • Aspectos importantes: • Foi extinto o cargo de vice-presidente. • Foram impostas restrições à imigração. • Criação do MS e da Ação Popular. • Manteve o controle de constitucionalidade di- fuso, implementando o controle concentrado. • Resolução suspensiva do Senado • Representação Interventiva • Previsão de Decretos-Lei. • Bicameralismo desigual. • Criação da cláusula de reserva de plenário (full bench). • Criação de direitos sociais. • Direito de voto para a mulher. 10.4. Constituição de 1937 • Inspirada na Constituição Polonesa (por isso ficou conhecida como Polaca). • O Estado era autoritário, apresentando caracte- rísticas ditatoriais fascistas. • Eleições voltaram a ser indiretas. • Havia a previsão da pena de morte. • Havia a possibilidade de censura. • Direitos fundamentais enfraquecidos. • Política populista, consolidou a CLT e outros direi- tos trabalhistas. • Não previu o MS e nem a Ação Popular. • Extinguiu a Justiça Federal. 10.5. Constituição de 1946 • Convocada após a saída de Vargas, contou com a participação de diversas correntes políticas. 1 2 3 4 5 6 13 • Aumento da autonomia dos Estados e dos Muni- cípios. • Voto universal e obrigatório. Eleições voltaram a ser diretas. • Garantia da liberdade de opinião e de pensa- mento. • Criação do TFR – Tribunal Federal de Recursos. • Manteve o controle difuso, mas a EC 16/65 criou a representação de inconstitucionalidade (era a atual ADI), tendo como único legitimado o PGR para impugnação da lei em tese). • EC 04/61: introduziu o parlamentarismo. • EC 06/63: voltou com o presidencialismo. • MS e AP foram restabelecidos. • Determinou o ensino religioso nas escolas. 10.5. Constituição de 1967 • Sofreu influência da Constituição de 1937. • Representava os ideais e princípios do Golpe Mi- litar: preocupação com a "segurança nacional"; conferiu amplos poderes para a União e para o Pre- sidente. • Eleições diretas e secretas para Deputados e Se- nadores. Eleição indireta pra Presidente. • Centralização dos poderes políticos na União, es- pecialmente nas mãos do Presidente; • Possibilidade de o Presidente expedir decretos- lei, tendo força de lei; • Redução dos direitos individuais com a possibili- dade de suspensão desses direitos em caso de "abuso". • Em 1968 foi baixado o AI-5. 10.6. Constituição de 1988 • Ampliação dos legitimados da ADI. • Criação da ADPF. • Ampliação dos remédios constitucionais. • Reclamação constitucional (passa a ter natureza constitucional). • Criação do IDC (art. 109, § 5°, CF). • EC 3\93 – criou a ADC. Em 27/11/1985, por meio da EC 26, foi convocada a Assembleia Nacional Constituinte com a finali- dade de elaborar novo texto constitucional para ex- pressar a realidade social pela qual passava o país, que vivia um processo de redemocratização após o término do regime militar. Datada de 05/10/1988, a Constituição inaugurou um novo arcabouço jurídico-institucional no país, com ampliação das liberdades civis e dos direitos e garantias individuais. A nova Carta consagrou cláu- sulas transformadoras com o objetivo de alterar re- lações econômicas, políticas e sociais, concedendo direito de voto aos analfabetos e aos jovens de 16 e 17 anos. Estabeleceu também novos direitos tra- balhistas, como redução da jornada semanal de 48 para 44 horas, seguro-desemprego e férias remu- neradas acrescidas de um terço do salário. Outras medidas adotadas Constituição de 88 fo- ram: instituição de eleições majoritárias em dois turnos; direito à greve e liberdade sindical; au- mento da licença-maternidade; licença-paterni- dade de cinco dias; criação do STJ em substituição ao TFR; criação dos mandados de injunção, de se- gurança coletivo e restabelecimento do habeas corpus. Foi também criado o habeas data (instru- mento que garante o direito de informações relati- vas à pessoa do interessado, mantidas em registros de entidades governamentais ou banco de dados particulares que tenham caráter público). Destacam-se, ainda, as seguintes mudanças; re- forma no sistema tributário e na repartição das re- ceitas tributárias federais, com propósito de forta- lecer estados e municípios;reformas na ordem econômica e social, com instituição de política agrí- cola e fundiária e regras para o sistema financeiro nacional; leis de proteção ao meio ambiente; fim da censura em rádios, TVs, teatros, jornais e de- mais meios de comunicação; e alterações na legis- lação sobre seguridade e assistência social. 1 2 3 4 5 6 14 Direitos Fundamentais Conceito • A caracterização de um direito como fundamen- tal não é determinada apenas pela relevância do bem jurídico tutelado por seus predicados intrínse- cos, mas também pela relevância que é dada a esse bem jurídico pelo constituinte, mediante atribui- ção da hierarquia correspondente (expressa ou im- plicitamente) e do regime jurídico-constitucional assegurado às normas de direitos fundamentais (MPPR/2019). • Um direito não precisa ter fundamentalidade ma- terial para ser considerado fundamental. Funda- mentalidade material é entender que aquele di- reito, no seu conteúdo, na sua natureza, é direito fundamental. Fundamentalidade formal, por sua vez, é a previsão do referido direito no rol dos di- reitos fundamentais. O critério da fundamentali- dade material é útil em um segundo momento, para permitir que sejam encontrados outros direi- tos fundamentais fora do Título II da CF/88. Como já cobrado na prova de 2014: “A fundamen- talidade material fornece suporte para a abertura a novos direitos fundamentais, sendo correto ob- servar que aos direitos fundamentais só material- mente constitucionais são aplicáveis aspectos típi- cos do regime jurídico da fundamentalidade for- mal” (MPGO/2014). • Os direitos e as garantias expressos na Constitui- ção não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados in- ternacionais em que a República Federativa do Bra- sil seja parte. Isso significa que o rol de direitos do art. 5º, apesar de extremamente abrangente, con- tinua sendo exemplificativo, e pode ser ampliado. Com base nesse dispositivo, a Constituição brasi- leira contém cláusula aberta que permite acolher os chamados direitos materialmente fundamen- tais ou direitos fundamentais em sentido mate- rial, que são aqueles não previstos expressamente por ela, mas que, por força de sua essencialidade, são direitos fundamentais, detentores da mesma dignidade dos direitos constitucionalizados. A essa abertura podemos denominar, com apoio em JORGE MIRANDA, de não tipicidade dos direitos fundamentais. CANOTILHO sustenta que, “em vir- tude de as normas que os reconhecem e prote- gem não terem a forma constitucional, estes direi- tos são chamados de direitos materialmente fun- damentais. Por outro lado, trata-se de uma ‘norma de FATTISPECIE ABERTA’, de forma a abranger, para além das positivações concretas, todas as pos- sibilidades de ‘direitos’ que se propõem no hori- zonte da acção humana”. • A doutrina concebe a existência de direitos fun- damentais heterotópicos, isto é, que não estão elencados no rol de direitos do Título II (direitos fundamentais catalogados). O STF, por exemplo, reconhece a fundamentalidade material do princí- pio da anualidade eleitoral, que passa a gozar, nesse entendimento, da proteção conferida às cláusulas pétreas. • Pessoas jurídicas de direito público podem ser ti- tulares de direito fundamental (ex: direito à tutela judicial efetiva). Características a) Historicidade b) Universalidade c) Relatividade d) Imprescritibilidade e) Inalienabilidade f) Indisponibilidade Dimensão subjetiva e dimensão objetiva Dimensão subjetiva Em sua dimensão SUBJETIVA, os direitos funda- mentais referem-se direta e especificamente aos sujeitos dessas especiais posições jurídicas de van- tagem. Essa dimensão corresponde à característica desses direitos de, em maior ou em menor escala, ensejarem uma pretensão, que pode ser: 1. Negativa – não interferência no espaço de liberdade e autonomia conferido ao indiví- duo; 2. Positiva – exigibilidade de prestações ma- teriais que materializem os direitos funda- mentais (ex: fornecimento de medicamen- tos pelo Estado, como instrumento para concretização do direito fundamental à sa- úde). Dimensão objetiva Desdobra-se em 3 aspectos: 1 2 3 4 5 6 15 1º. Deveres de proteção: princípio da propor- cionalidade como parâmetro e limite da proibição da proteção deficiente (MPSP/2019 – 2ª fase); 2º. Eficácia irradiante (Daniel Sarmento): di- reitos fundamentais como vetores deter- minantes da atuação do Legislativo ao ela- borar a lei, da Administração Pública ao “governar” e do Judiciário ao resolver eventuais conflitos. 3º. Procedimentos e instituições próprios, adequados e eficazes para que os direitos saiam do papel e ganhem concretude. Eficácia Eficácia vertical, horizontal e diagonal 1. Vertical: relação hierarquizada ou subordi- nada. Ex: Estado x particular. 2. Horizontal: relação de igualdade jurí- dica. Ex: Particular x Particular. 3. Diagonal: relação de desequilíbrio fático e/ou jurídico. Ex: relações consumeristas e trabalhistas. 4. Vertical com repercussão lateral: legis- lador x jurisdicionado. Eficácia indireta e direta Distinção que surge no contexto da eficácia hori- zontal dos direitos fundamentais, isto é, no âm- bito de sua aplicação às relações privadas 1. Indireta ou mediata: os direitos funda- mentais são aplicados de maneira reflexa nas relações privadas, em 2 dimensões: a. Proibitiva, significando que o legisla- dor que não poderá editar lei que viole os direitos fundamentais; b. Positiva, determinando que o legisla- dor implemente os direitos fundamen- tais. 2. Direta ou imediata: alguns direitos funda- mentais podem ser aplicados às relações pri- vadas sem que haja necessidade de "inter- mediação legislativa" para sua concretização. Teoria dos 4 status (Jellinek) 1) passivo (subjectionis): subordinação do indivíduo aos poderes públicos; 2) ativo: indivíduo possui competências para influenciar a formação da vontade do Estado (ex: exercício do direito de voto); 3) negativo: reserva contra ingerências do Es- tado; 4) positivo (civitatis): direitos prestacionais. Direitos fundamentais em espécie Liberdade de expressão • MPBA/2018: O direito fundamental à liberdade de expressão é passível de sofrer restrições por meio de lei, inclusive em hipóteses não previstas de modo expresso na CF. Segundo Gilmar Men- des, a Carta brasileira não adotou a fórmula alemã de prever, explicitamente, que a liberdade de ex- pressão possa ser limitada por leis destinadas a proteger a juventude. Isso não impede que, no Brasil, sejam editadas leis, com o fito de preservar valores relevantes da juventude, restringindo a li- berdade de expressão. Isso porque não são apenas aqueles bens jurídicos mencionados expressa- mente pelo constituinte (como a vida privada, a in- timidade, a honra e a imagem) que operam como limites à liberdade de expressão. Qualquer outro valor abrigado pela CF pode entrar em conflito com essa liberdade, reclamando sopesamento, para que, atendendo ao critério da proporcionalidade, descubra-se, em cada grupo de casos, qual princí- pio deve sobrelevar. A situação do transgênero • Transgênero pode alterar seu prenome e seu gênero... ✓ Independentemente de cirurgia de transgenitalização (STJ, Info 608); ✓ Independentemente de autorização judicial (STF, Info 892). • Basta sua manifestação de vontade, que poderá ser exercida... ✓ Pela via judicial; ✓ Pela via administrativa. • Nas certidões do registro não constará ne- nhuma observação sobre a origem do ato, vedada a expedição de certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do próprio inte- ressado ou por determinação judicial. Efe- tuando-se o procedimento pela via judicial, 1 2 3 4 5 6 16 caberá ao magistrado determinar de ofícioou a requerimento do interessado a expe- dição de mandados específicos para a alte- ração dos demais registros nos órgãos pú- blicos ou privados pertinentes, os quais de- verão preservar o sigilo sobre a origem dos atos. STF, Info 911. Mínimo existencial A cláusula da reserva do possível – que não pode ser invocada, pelo poder público, com o propósito de fraudar, de frustrar e de inviabilizar a implemen- tação de políticas públicas definidas na própria CF – encontra insuperável limitação na garantia cons- titucional do mínimo existencial, que representa, no contexto de nosso ordenamento positivo, ema- nação direta do postulado da essencial dignidade da pessoa humana (ARE 639.337 AgR, Min. Celso de Mello, j. 23-8-2011). • STF: “[...] Dizer que a ação estatal deva caminhar no sentido da ampliação dos direitos fundamentais e de assegurar-lhes a máxima efetividade possível, por certo, não significa afirmar que seja terminan- temente vedada qualquer forma de alteração res- tritiva na legislação infraconstitucional, desde que, é claro, não se desfigure o núcleo essencial do di- reito tutelado [...]”. • STF, RE 592581 - É lícito ao Judiciário impor à Ad- ministração Pública obrigação de fazer, consistente na promoção de medidas ou na execução de obras emergenciais em estabelecimentos prisionais para dar efetividade ao postulado da dignidade da pes- soa humana e assegurar aos detentos o respeito à sua integridade física e moral [...]. Jurisprudência • A administração penitenciária, com fundamento em razões de segurança pública, de disciplina prisi- onal ou de preservação da ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, e desde que respeitada a norma inscrita no art. 41, § único, da Lei 7.210/84, proceder a interceptação da correspondência re- metida pelos sentenciados, eis que a cláusula tute- lar da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas. (STF - HC 70814 SP, Rel. CELSO DE MELLO, 01/03/1994). 1 2 3 4 5 6 17 Constituição Federal de 1988 1. Preâmbulo ● Não é norma jurídica (tese da irrelevância jurídica, adotada na ADI 2076); ● Não é parâmetro de controle de constituci- onalidade; ● Não é obrigatório nas constituições esta- duais 2. Princípios fundamentais (1° ao 4°, CF) 1 2 3 4 Federalismo • O princípio federativo tem por elemento informa- dor a pluralidade consorciada e coordenada de mais de uma ordem jurídica incidente sobre um mesmo território estatal, posta cada qual no âm- bito de competências previamente definidas (MPPR/2019). • ADI 227/RJ: "A Constituição Federal, ao conferir aos Estados a capacidade de auto-organização e de autogoverno, impõe a obrigatória observância aos seus princípios, entre os quais o pertinente ao pro- cesso legislativo, de modo que o legislador consti- tuinte estadual não pode validamente dispor sobre as matérias reservadas à iniciativa privativa do Chefe do Executivo". É INCORRETO afirmar, por- tanto, que “O princípio da autonomia dos Estados membros [...] autoriza o Estado membro a estabe- lecer, no âmbito de sua Constituição, regras para o aumento de remuneração e concessão de vanta- gens pecuniárias a servidores públicos” (MPGO/2019). 3. Direitos e Garantias fundamentais (5° a 17, CF) 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Noções gerais ● O princípio da anterioridade eleitoral, em- bora não expressamente enumerado no artigo 5.º da CF, caracteriza-se como uma garantia fundamental, oponível até mesmo à atividade do legislador consti- tuinte derivado (trata-se, portanto, de exemplo de norma dotada de fundamenta- lidade material). ● Apesar de o caput do artigo 5º garantir os direitos e garantias individuais apenas a brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil, a doutrina e o STF os estendem tam- bém para estrangeiros em trânsito e pes- soas jurídicas (HC 94.016/08, Min. Celso de Mello). Características 1. Irrenunciabilidade ✓ É admissível a renúncia ao EXERCÍCIO dos direitos fundamentais, como corolário do livre desenvolvimento da personalidade. 2. Inalienabilidade 3. Imprescritibilidade 4. Historicidade 5. Limitabilidade 6. Concorrência Direitos e garantias individuais e coletivos Liberdade da manifestação do pensamento • MPGO/2019. Segundo entendimento do STF, a li- berdade de imprensa tem, na CF de 1988, caracte- rística de “sobredireito”, com precedência sobre a imagem, a honra, a intimidade e a vida privada, o que afasta a possibilidade de controle prévio, pelo Poder Judiciário, sobre o exercício de referida liber- dade. A Constituição protege a liberdade de ex- pressão no seu duplo aspecto: positivo e negativo. O POSITIVO é a livre possibilidade de manifestação de qualquer pessoa e permite a responsabilização nos termos constitucionais. É a liberdade com res- ponsabilidade. O NEGATIVO proíbe a ilegítima in- tervenção do Estado por meio de censura prévia. No julgamento da ADPF 130, o STF proibiu enfati- camente a censura de publicações jornalísticas, bem como tornou excepcional qualquer tipo de in- tervenção estatal na divulgação de notícias e de opiniões, já que “os direitos que dão conteúdo à li- berdade de imprensa são bens de personalidade que se qualificam como SOBREDIREITOS. Daí que, no limite, as relações de imprensa e as relações de intimidade, vida privada, imagem e honra são de mútua excludência, no sentido de que as primeiras se antecipam, no tempo, às segundas; ou seja, an- tes de tudo prevalecem as relações de imprensa como superiores bens jurídicos e natural forma de 1 2 3 4 5 6 18 controle social sobre o poder do Estado, sobrevindo as demais relações como eventual responsabiliza- ção ou consequência do pleno gozo das primeiras.” Afirmou-se, ainda, que a liberdade de expressão desfruta de uma POSIÇÃO PREFERENCIAL no Es- tado democrático brasileiro, por ser uma pré-con- dição para o exercício esclarecido dos demais di- reitos e liberdades. Assim, eventual uso abusivo da liberdade de expressão deve ser reparado, pre- ferencialmente, por meio de retificação, direito de resposta ou indenização. Ao determinar a retirada de matéria jornalística de sítio eletrônico de meio de comunicação, viola-se essa orientação. Inviolabilidade do domicílio (art. 5°, XI, CF) • A entrada forçada em domicílio sem mandado ju- dicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, devida- mente justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e pe- nal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados (RE 603616). Remédios constitucionais a) HC ✓ Não cabe HC: x Súmula 606-STF: Não cabe HC originário para o Tribunal Pleno de decisão de turma, ou do plenário, proferida em ha- beas corpus ou no respectivo recurso. NÃO CONFUNDIR com o cabimento do HC contra decisão monocrática de Mi- nistro do STF (decisão recente, indicada a seguir). x HC não é meio processual adequado para se discutir direito de visita a preso (HC 425.115/RN). x Não cabe HC para trancar processo de impeachment (HC 136.067) x O STF decidiu que não tem competência para julgar HC cuja autoridade apon- tada como coatora seja delegado fede- ral chefe da Interpol no Brasil (Info 722, STF). x Não cabe HC em favor de PJ, nem mesmo para trancamento de IP sem justa causa no qual se investiga crime ambiental (HC 88.747). x Não cabe HC para trancamento de per- secução penal referente à infração pe- nal à qual seja cominada tão somente pena de multa (S. 693, STF). x Não cabe habeas corpus contra a impo- sição da pena de exclusão de militar oude perda de patente ou de função pú- blica (S. 694, STF). x Não cabe habeas corpus quando já ex- tinta a pena privativa de liberdade (S. 695, STF). x Não cabe HC contra a suspensão do di- reito de dirigir (HC 283.505/SP). x Não cabe HC para eventual pedido de reabilitação do paciente (HC 106.417/SP). x Não cabe HC para pleitear a extração gratuita de cópias de processo criminal (HC 111561/SP). x Não cabe HC contra a perda de direitos políticos (STF, HC 81.003/SP). x A via processual do HC não é adequada para impugnar a reparação civil fixada na sentença penal condenatória, com base no art. 387, IV do CPP, tendo em vista que a sua imposição não acarreta ameaça, sequer indireta ou reflexa, à li- berdade de locomoção. STJ. AgRg no AgRg no REsp 1519523/PR. x Não cabe HC para discussão de mérito administrativo de prisão em punições disciplinares militares (art. 142, § 2°, CF). x O HC, garantia de liberdade de locomo- ção, não se presta para discutir confisco criminal de bem. [...] (STF. HC 99.619/RJ). x O inquérito civil não pode ser tran- cado pela via do HC (STF, HC 90.378). • Cabe HC: ✓ (! - Decisão recente). Cabe HC contra de- cisão monocrática de Ministro do STF. O HC é cabível contra ato individual for- malizado por integrante do Supremo. STF. Plenário. HC 130620/RR, Rel. Min. Marco Aurélio, 30/04/2020. ✓ Cabe HC para análise de legalidade de prisão em punições disciplinares milita- res (STM, HC 2005.01.034065-3/PA). 1 2 3 4 5 6 19 ✓ Cabe HC contra instauração de IP ou in- diciamento, sem que haja justa causa para estes atos (HC trancativo ou profi- lático). ✓ Cabe HC contra o indeferimento de prova de interesse do investigado ou acusado. ✓ Cabe HC contra o deferimento de prova ilícita (STF, HC 80.949). ✓ Cabe HC contra a autorização judicial de quebra de sigilos – bancário, fiscal, tele- fônico etc – em procedimento penal (STF, AI 573623 QO/RJ). ✓ Cabe HC para questionar medidas pro- tetivas de urgência previstas na Lei Ma- ria da Penha que restrinjam a liberdade de ir e vir (HC 298.499/AL). ✓ HC é remédio próprio para atacar tanto ato omissivo quanto comissivo (STF, HC 95.563). b) HD • O HD não é meio idôneo para se obter vista de processo administrativo. • O HD é a garantia constitucional adequada para a obtenção dos dados concernentes ao pagamento de tributos do próprio contribu- inte. • O HD, assim como o MS, não prevê fase pro- batória e, portanto, não pode ser impetrado quando controversa a matéria de FATO. c) MS c.1) Conceito É uma ação constitucional... - de natureza cível e rito sumário, - voltada à proteção de direitos líquidos e certos, - não tuteláveis por HD ou HC, - contra atos ofensivos de agentes públicos ou privados no exercício de funções públicas. c.2) Pressupostos Ato de autoridade • É aquele com conteúdo decisório (≠ ato executório), praticado por uma au- toridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público (+ figuras equiparadas pelo art. 1°, § 1°, LMS). • Não se consideram atos de autoridade os atos de gestão (art. 1°, § 3°, LMS). • Atos omissivos são passíveis de MS. Ilegalidade ou abuso de poder • Ato ilegal = contrário à lei em sentido amplo. • Ato abusivo = ato cujo exercício é anormal, praticado com desvio de fina- lidade ou desproporcionalidade. Lesão ou ameaça de lesão É imprescindível que o direito tenha sido violado (MS repressivo) ou que haja justo receio de que venha a sê-lo (MS preventivo). Importa frisar que, diferentemente do que ocorre com a ação popular, não se exige que o ato já tenha sido praticado. Direito líquido e certo Há direito líquido e certo quando, da simples análise da inicial, dos documen- tos que a instruem ou dos que, por or- dem do juiz, sejam fornecidos por repar- tição, estabelecimento ou autoridade, bem assim das informações prestadas pela autoridade coatora ou, eventual- mente, pelo representante judicial da PJ interessada, é possível ao magistrado ter a certeza da existência dos fatos em que se funda o direito do autor, sem necessidade de dilação probatória. Sua ausência impede a resolução do mérito, levando a uma sentença que não faz coisa julgada material. Não cabi- mento de HC ou HD O MS é ação subsidiária: somente po- derá ser impetrada quando não vise a assegurar o direito de ir e vir (HC) e quando não se busque a obtenção ou retificação de informações sobre a pes- soa do impetrante, existentes na base de dados de caráter público (HD). Pressuposto específico do MS coletivo: Transindi- vidualidade do direito Quais as espécies abrangidas? • Antes da Lei 12.016/09, prevalecia o entendimento ampliativo: difusos + co- letivos + individuais homogêneos. • Com a LMS, são protegidos os direitos: a) coletivos: transindividuais, de na- tureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica. b) individuais homogêneos: decor- rentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante. A lei silenciou quanto aos direitos difu- sos. Não obstante, parcela da doutrina continua a defender o cabimento de MS coletivo em prol dos direitos difusos. 1 2 3 4 5 6 20 c. 3) Regramento constitucional (competência) O princípio da hierarquia é relevante critério defi- nidor da competência no MS. Assim, tem-se o se- guinte quadro: STF STJ TRF O ri g in a ri a m e n te Presidente Ministro de Es- tado Juiz Federal Mesas da CD/SF TCU Comandantes da MAE Próprio TRF PGR Próprio STF Próprio STJ R O C MS decidido em: - única instância - pelos Tribunais Superiores MS decidido em: - única instância - pelos TRF ou TJ - quando denega- tória a decisão Obs. As Constituições Estaduais podem prever re- gras de competência semelhantes para os TJs. c.4) Legitimados ativos PARA O MS COLETIVO (to- dos substitutos processuais) 1. Partidos políticos com representação no Congresso Nacional ✓ Em defesa de seus interesses legíti- mos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária. 2. Organizações sindicais 3. Entidades de classe 4. Associações ✓ Legalmente constituídas, ✓ Em funcionamento há pelo menos 1 ano, ✓ Em defesa dos interesses de seus mem- bros ou associados. Rol é taxativo? MP pode impetrar MS coletivo? A doutrina controverte a respeito da taxatividade do rol de legitimados ao MS coletivo. P/ aqueles que sustentam que o rol é exemplificativo, a legiti- midade do MP pode ser aferida a partir de uma in- terpretação lógico-sistemática da CF, da LOMP e da LOMPU, decorrendo das finalidades institucionais do MP. Para a corrente ampliativa, é possível esta- belecer o seguinte quadro: • Colegitimados do art. 210 do ECA e do art. 81 do Estatuto do Idoso em prol dos direitos previs- tos nas respectivas leis. • Colegitimados do mi- crossistema CDC/LACP em prol dos demais direi- tos difusos e coletivos. MP Com suporte nas suas fun- ções institu- cionais esta- belecidas na CF e em suas leis orgâni- cas. DP Com suporte nas suas fun- ções institu- cionais esta- belecidas na CF e em suas leis orgâni- cas. c.5) Atuação do MP como fiscal da ordem jurídica - A intervenção do MP é obrigatória? • A revogada Lei 1.533/51 indicava que SIM. • Com o advento da CF/88 e a nova confor- mação funcional do MP, surgiu a tese de que a intervenção do MP, em MS, não seria sempre obrigatória, condicionando-se à presença de interesse institucional. • À época, o STJ estava dividido: a) a inter- venção seria obrigatória, sob pena de nuli- dade; b) a obrigatoriedade se resume à in- timação. • A atual LMS aderiuà segunda corrente, tra- tando do assunto em seu art. 12 (“com ou seu parecer do MP, os autos serão conclu- sos ao juiz para decisão”). - O que o MP pode fazer? 1. Juntar aos autos documentos e certidões; 2. Requerer a decretação da perempção ou da caducidade da liminar; 3. Requerer a suspensão da segurança; 4. Recorrer (cf. súmula 99, STJ). c.6) Jurisprudência • S. 625, STF. Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de segurança. • S. 271, STF. Concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais em relação a perí- odo pretérito, os quais devem ser reclamados ad- ministrativamente ou pela via judicial própria. Direito à informação • O STF deferiu mandado de segurança impetrado por pesquisador que queria ter acesso aos áudios das sessões de julgamento do STM ocorridas na dé- cada de 1970, época do regime militar. STF. Rcl 11949, Min. Cármen Lúcia, 15/3/2017 (Info 857). Vedação à prova ilícita • 1. A gravação ambiental meramente clandestina, realizada por um dos interlocutores, não se con- funde com a interceptação, objeto de cláusula constitucional de reserva de jurisdição. 2. É lícita a prova consistente em gravação de conversa tele- fônica realizada por um dos interlocutores, sem conhecimento do outro, se não há causa legal es- pecífica de sigilo nem de reserva da conversação. Precedentes”. (AI 560223 AgR, Min. JOAQUIM BAR- BOSA, DJe 28/04/2011). 1 2 3 4 5 6 21 Ação popular (5°, LXIII, CF e Lei 4717/65) Art. 5°, LXXIII, CF - qualquer cidadão é parte legítima p/ propor ação popular que vise a ANULAR ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo compro- vada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; • A legitimidade é do cidadão. ✓ Exige título de eleitor; ✓ Exige quitação eleitoral. • Ação popular não obedece foro por prerrogativa de função. Logo, a ação é proposta no 1° grau. • MPMS/2018: É imprescindível a comprovação do binômio ilegalidade-lesividade como pressuposto elementar para a procedência da ação popular. • A ação popular dispensa a demonstração de pre- juízo aos cofres públicos (são diversos os bens jurí- dicos tutelados: pode haver, p. ex., ato lesivo à mo- ralidade administrativa sem prejuízo ao erário). • O STF entende que não se presta a ação popular a impugnar atos normativos genéricos, mas apenas para impugnar atos efetivamente lesivos ao Es- tado (STF. AO 1.725-AgR, rel. Min. Luiz Fux, DJe 11.03.2015). • S. 365, STF: Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular. Vale acrescentar: nem mesmo a pessoa jurídica de direito público. • S. 101, STF: O MS não substitui a ação popular. • O pagamento de perdas e danos independe de pedido, decorrendo diretamente do art. 11 da LAP. • MP na ação popular... ✓ Não tem legitimidade. ✓ Acompanha a ação a. Apressa a prova b. Promove a responsabilidade civil ou criminal. ✓ Não pode assumir a defesa do ato impug- nado. ✓ É determinada sua intimação no despacho da inicial. ✓ Pode prosseguir com a ação, no prazo de 90 dias, em caso de desistência ou absolvi- ção de instância. ✓ Caso decorridos 60 dias da publicação da sentença condenatória de 2ª instância, deve executar a sentença condenatória em 30 dias, sob pena de falta grave. Proporcionalidade (MPSP/19 – 2ª Fase) • Subprincípios: 1) Adequação 2) Necessidade: orienta-se pelo caso concreto, não pelo interesse público, nem pelo bem co- mum. 3) Proporcionalidade em sentido estrito • O princípio da proporcionalidade se desdobra em parâmetro de aplicação da justiça. Sendo mais fácil de ser sentido, do que conceituado, o princípio da proporcionalidade tem dimensão subjetiva. É razo- ável o que seja conforme à razão, equilibrado, mo- derado, harmônico. O que se afasta do arbitrário ou do capricho. O princípio da proporcionalidade corresponde ao senso comum, aos valores de um momento e lugar (BARROSO). • O princípio da razoabilidade tem sentido variado (medida de justiça, natureza das coisas, senso co- mum, etc.), sendo mais empregado no âmbito dos direitos de igualdade como forma de identificar dis- criminações injustificadas. Mandado de injunção (Lei 13.300/16) • O STF admite a impetração de mandado de injun- ção coletivo e, nessa hipótese, aplica, por analogia, as normas atinentes ao mandado de segurança co- letivo. • A legitimidade ativa é atribuída ao titular de um direito constitucionalmente assegurado, cujo exer- cício esteja inviabilizado pela ausência da norma in- fraconstitucional regulamentadora. • Teorias sobre os efeitos do mandado de injunção a) Não concretista b) Concretista a. Direta b. Intermediária a. Individual b. Geral Art. 8° da Lei 13.300/2016 Art. 8º Reconhecido o estado de mora legis- lativa, será deferida a injunção para: I - determinar prazo razoável para que o im- petrado promova a edição da norma regu- lamentadora; O art. 8° da Lei n° 13.300/16 adotou a teoria concretista intermediária individual 1 2 3 4 5 6 22 II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interes- sado promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora le- gislativa no prazo determinado. Parágrafo único. Será dispensada a determi- nação a que se refere o inciso I do caput quando comprovado que o impetrado dei- xou de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edi- ção da norma. Art. 9° da Lei 13.300/2016 Art. 9º A decisão terá eficácia subjetiva limi- tada às partes e produzirá efeitos até o ad- vento da norma regulamentadora. § 1º Poderá ser conferida eficácia ultra par- tes ou erga omnes à decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa ob- jeto da impetração. Óbice à extradição (art. 5°, LI e LII, CF) S. 421, STF: Não impede a extradição a circunstân- cia de ser o extraditando casado com brasileira ou ter filho brasileiro. Direito de greve (9º, CF) • O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem dire- tamente na área de segurança pública. STF. ARE 654432/GO, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Mo- raes, j. 5/4/2017 (repercussão geral) (Info 860). • A administração pública deve proceder ao des- conto dos dias de paralisação decorrentes do exer- cício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre. É permitida a compensação em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público. STF. RE 693456/RJ, Min. Dias Toffoli, j. 27/10/2016 (repercussão geral) (Info 845). • SV 23. A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em de- corrência do exercício do direito de greve pelos tra- balhadores da iniciativa privada. Direitos políticos • O STF decidiu ser inelegível para o cargo de Pre- feito de município resultante de desmembramento territorial o irmão do atual chefe do Poder Execu- tivo do “município-mãe”. 4. Organização do Estado (18 a 43, CF) 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 29-A 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 • É CONSTITUCIONAL... ✓ SV 38: É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabeleci- mento comercial. Existe uma “exceção” à Sú- mula Vinculante 38: o horário de funciona- mento dos bancos. Segundo o STF e o STJ, as leis municipais não podem estipular o horá- rio de funcionamento
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