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ELEMENTOS FINITOS LUIZ CARLOS MENDES 2019 APRESENTAÇÃO Este trabalho pretende apresentar os fundamentos do método dos elementos finitos para o curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil. São necessárias as revisões do tratamento matricial das estruturas pelo método da rigidez, os fundamentos da teoria da elasticidade e das técnicas variacionais. Ao se empregar o método, o modelo matemático deve ser bem estabelecido em consonância com o sistema físico em estudo. Nada mais essencial do que se conhecer o método através de seus fundamentos, formulações e principais elementos. A partir de então é que se recomenda a utilização dos sistemas computacionais comerciais que, juntos com os conhecimentos teóricos básicos, permitem uma interpretação adequada dos resultados de análise. Espera-se assim, contribuir com o ensino avançado na Universidade com uma ferramenta útil e consistente para o aprendizado. Luiz Carlos Mendes abril de 2014 SUMÁRIO 1 MÉTODO DA RIGIDEZ COM ORIENTAÇÃO PARA ELEMENTOS FINITOS....................................................................................................1 1.1 INTRODUÇÃO....................................................................................1 1.2 ELEMENTO CONSTITUÍDO DE DUAS FORÇAS – ESTUDO DO DESLOCAMENTO UNIAXIAL...................................................................1 1.3 BARRA CONSTITUÍDA DE DOIS ELEMENTOS...............................2 1.4 REUNIÃO DE ELEMENTOS..............................................................4 1.5 EXEMPLO 1.......................................................................................7 1.6 EXEMPLO 2.......................................................................................8 1.7 BARRA CONSTITUÍDA DE TRÊS ELEMENTOS.............................10 1.8 DESLOCAMENTO PLANO GERAL – COORDENADAS GLOBAIS E LOCAIS...................................................................................................12 1.9 TRANSFORMAÇÃO DE COORDENADAS......................................14 1.10 EXEMPLO 3....................................................................................18 1.11 EXEMPLO 4....................................................................................19 1.12 ELEMENTO DE BARRA COM ROTAÇÃO.....................................28 1.12.1 Deslocamento linear v1 = 1..........................................................30 1.12.2 Deslocamento angular θ1 = 1.......................................................31 1.12.3 Deslocamento linear v2 = 1..........................................................32 1.12.4 Deslocamento angular θ1 = 1.......................................................33 1.13 ELEMENTO DE BARRA COM ROTAÇÃO CARREGADA AXIALMENTE.........................................................................................34 2 CONCEITOS INICIAIS DO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS..35 2.1 INTRODUÇÃO..................................................................................35 2.2 SISTEMAS DE COORDENADAS.....................................................35 2.2.1 Sistema de coordenadas naturais para um elemento de barra.....35 2.2.2 Exemplo 1......................................................................................37 2.2.3 Sistema de coordenadas naturais para um elemento triangular...38 2.2.4 Exemplo 2......................................................................................39 2.3 TENSÕES E DEFORMAÇÕES........................................................40 2.4 RELAÇÕES ENTRE TENSÕES E DEFORMAÇÕES......................41 2.5 EQUAÇÃO CONSTITUTIVA PARA O ESTADO DE TENSÕES PLANAS.................................................................................................43 2.6 EQUAÇÃO CONSTITUTIVA PARA O ESTADO DE DEFORMAÇÕES PLANAS.....................................................................44 2.7 TRABALHO E FUNÇÃO DE ENERGIA POTENCIAL......................45 2.7.1 Exemplo 3......................................................................................47 2.7.2 Exemplo 4......................................................................................48 2.7.3 Exemplo 5......................................................................................48 2.7.4 Exemplo 6......................................................................................49 2.7.5 Função de energia potencial..........................................................49 2.7.6 Exemplo 7......................................................................................50 2.7.7 Expressão final da energia potencial.............................................52 2.8 ENERGIA DE DEFORMAÇÃO.........................................................52 2.8.1 Exemplo 8......................................................................................55 2.9 PRINCÍPIO DA ENERGIA POTENCIAL MÍNIMA.............................58 2.9.1 Primeiro passo: estabelecimento de uma função de deslocamento 2.9.2 Segundo passo: obtenção da expressão para a energia de deformação.............................................................................................59 2.9.3 Terceiro passo: obtenção da expressão para a energia potencial 2.9.4 Quarto passo: determinação da energia potencial total................60 2.9.5 Quinto passo: diferenciação da energia potencial total π em relação a C1 para se obter o mínimo.......................................................61 2.9.6 Sexto passo: substituição do valor de C1 na função de deslocamento genérico...........................................................................61 2.10 FORMULAÇÃO VARIACIONAL.....................................................62 2.10.1 Exemplo 9....................................................................................66 2.11 O MÉTODO DE RAYLEIGH-RITZ..................................................68 2.11.1 Exemplo 10..................................................................................69 2.11.2 Exemplo 11..................................................................................74 2.12 FUNÇÕES DE APROXIMAÇÃO MÚLTIPLAS................................78 2.13 FUNCIONAL PARA VIGA COM CARREGAMENTO AXIAL UNIFORMEMENTE DISTRIBUÍDO........................................................83 2.14 FUNCIONAL PARA VIGA COM CARREGAMENTO UNIFORMEMENTE DISTRIBUÍDO TRANSVERSAL AO EIXO.............84 3 O ELEMENTO LINEAR.......................................................................85 3.1 INTRODUÇÃO..................................................................................85 3.2 O MODELO DE ELEMENTO LINEAR COM TENSÕES UNIAXIAIS 3.3 PASSO 1: DETERMINAÇÃO DA FUNÇÃO DE DESLOCAMENTO 3.3.1 Uso do sistema de coordenadas globais.......................................86 3.3.2 Uso do sistema de coordenadas locais.........................................90 3.4 PASSO 2: DERIVAÇÃO DA ENERGIA DE DEFORMAÇÃO...........91 3.4.1 Expressão da deformação utilizando-se as coordenadas globais91 3.4.2 Expressão da deformação utilizando-se as coordenadas locais..92 3.4.3 Expressão da energia de deformação...........................................92 3.5 PASSO 3: DERIVAÇÃO DA ENERGIA POTENCIAL DA CARGA APLICADA..............................................................................................93 3.5.1 Energia potencial das forças aplicadas nos nós............................93 3.5.2 Energia potencial das cargas axiais distribuídas......................94 3.5.3 Energia potencial para elemento de barra sujeito a carregamento uniformemente distribuído axial w................................95 3.5.3.1 Em termos de coordenadas globais.......................................95 3.5.3.2 Em termos de coordenadas locais..........................................963.5.4 Energia potencial para elemento de barra sujeito a carregamento axial triangular distribuído de forma crescente..........96 3.5.5 Energia potencial para elemento de barra sujeito a carregamento axial trapezoidal distribuído de forma crescente.....97 3.6 PASSO 4: SOMATÓRIO DOS TERMOS DE ENERGIA..........99 3.7 PASSO 5: APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA ENERGIA POTENCIAL MÍNIMA...........................................................................100 3.7.1 Diferenciação de π em relação a ui........................................100 3.7.2 Diferenciação de π em relação a uj........................................100 3.7.3 Sistema de equações formado.................................................101 3.8 MODELAGEM DE UM ELEMENTO DE BARRA......................102 3.9 EXEMPLO DE ELEMENTO LINEAR UNIDIMENSIONAL.........104 3.9.1 Condições de contorno para as forças..................................104 3.9.2 Condições de contorno para os deslocamentos....................104 3.9.3 Modelagem em elemento único...............................................105 3.9.4 Modelagem em dois elementos...............................................107 3.9.5 Modelagem em três elementos................................................110 3.9.6 Modelagem em quatro elementos...........................................114 3.9.7 Modelagem em cinco elementos.............................................118 3.9.8 Modelagem em seis elementos...............................................124 3.9.9 Comparação de resultados de deformações..........................131 3.9.10 Comparação de resultados de tensões em kN/m2................131 4 O ELEMENTO TRIANGULAR.......................................................135 4.1 GENERALIDADES.........................................................................135 4.2 O EMPREGO DE COORDENADAS GLOBAIS NO ELEMENTO TRIANGULAR.................................................................135 4.2.1 Passo 1: função deslocamento considerada...........................135 4.2.2 Passo 2: derivação da tensão e energia de deformação....140 4.2.2.1 Exemplo 1................................................................................142 4.2.3 Passo 3: derivação da função de energia potencial da carga aplicada................................................................................................145 4.2.3.1 Forças concentradas aplicadas nos nós..............................145 4.2.3.2 Carga distribuída ao longo do bordo do elemento...........147 4.2.3.3 Forças de volume..................................................................148 4.2.3.4 Exemplo 2................................................................................149 4.2.3.5 Exemplo 3............................................... ................................152 4.2.4 Passo 4: somação dos termos de energia............................156 4.2.5 Passo 5: aplicação do princípio da minimização de energia 4.2.6 Exemplo 4..................................................................................157 4.3 EMPREGO DE COORDENADAS LOCAIS NO ELEMENTO TRIANGULAR.......................................................................................162 4.3.1 Passo 1: função deslocamento a ser considerada...............162 4.3.2 Passo 2: Energia de deformação do elemento.....................167 4.3.3 Passo 3: energia potencial das cargas aplicadas................169 4.3.3.1 Carga concentrada..................................................................169 4.3.3.2 Carga distribuída ao longo do bordo do elemento............170 4.3.3.3 Forças de volume..................................................................171 4.3.4 Passo 4: somação dos termos de energia............................171 4.3.5 Passo 5: aplicação do princípio de energia potencial mínima 4.3.6 Exemplo 5..................................................................................173 4.4 REUNIÃO DE ELEMENTOS......................................................178 4.4.1 Exemplo 6...................................................................................181 4.4.2 Exemplo com vínculos..............................................................184 5 FÓRMULAS DE INTERPOLAÇÃO E INTEGRAÇÀO NUMÉRICA 5.1 INTRODUÇÃO................................................................................189 5.2 FÓRMULAS DE INTERPOLAÇÃO..............................................189 5.2.1 Uma variável independente............................................................189 5.2.2 Fórmula de interpolação de Lagrange....................................190 5.2.3 Exemplo 1...................................................................................191 5.2.4 Duas variáveis independentes..................................................193 5.2.5 Fórmula de interpolação aplicada a elemento triangular com o uso de coordenadas globais..........................................................197 5.2.6 Fórmula de interpolação aplicada a elemento triangular com o uso de coordenadas naturais.........................................................198 5.2.7 Exemplo 2...................................................................................199 5.3 INTEGRAÇÃO PELA QUADRATURA DE GAUSS...................200 5.3.1 Com uma variável.....................................................................200 5.3.2 Os fatores de ponderação para uma variável.........................202 5.3.3 Fatores de ponderação para duas variáveis.............................204 5.3.3.1 Exemplo 3................................................................................205 5.3.4 Mudança na variável de integração e determinante jacobiano 5.3.4.1 Exemplo 4................................................................................206 6 O ELEMENTO TRIANGULAR ISOPARAMÉTRICO.........................212 6.1 INTRODUÇÃO...............................................................................212 6.2 DEFINIÇÃO...................................................................................212 6.3 DESENVOLVIMENTO DA MATRIZ DE RIGIDEZ.....................212 6.3.1 Passo 1: consideração da função de deslocamento.............212 6.3.2 Derivação da deformação........................................................213 6.3.3 Energia de deformação.............................................................217 6.3.4 Expressão da rigidez................................................................217 6.4 DETERMINAÇÃO DAS FORÇAS NODAIS EQUIVELENTES..217 6.4.1 Exemplo 1..................................................................................220 6.5 FÓRMULAS DE INTEGRAÇÃO PARA COORDENADAS NATURAIS DO TRIÂNGULO..............................................................224 6.5.1 Exemplo 2...................................................................................224 6.5.2 Exemplo 3....................................................................................229 6.6 CARREGAMENTOS UNIFORMEMENTE DISTRIBUÍDOS MAIS COMUNS..............................................................................................231 6.6.1 Carregamento uniformemente distribuído................................231 6.6.2 Carregamento triangular............................................................232 6.6.3 Carregamento trapezoidal.........................................................233 6.7 RELAÇÃO BÁSICA DA FORÇA X DESLOCAMENTO..............234 7 ELEMENTO QUADRILÁTERO ISOPARAMÉTRICO....................235 7.1 INTRODUÇÃO...............................................................................2357.2 COORDENADAS NATURAIS DO ELEMENTO QUADRANGULAR 7.3 FÓRMULAS DE INTERPOLAÇÃO DO ELEMENTO QUADRANGULAR................................................................................236 7.3.1 Exemplo 1...................................................................................237 7.4 DESENVOLVIMENTO DA MATRIZ DEFORMAÇÃO DO ELEMENTO..........................................................................................239 7.5 EXEMPLO DE ELEMENTO QUADRANGULAR 1.........................250 7.6 EXEMPLO DE ELEMENTO QUADRANGULAR 2.........................254 7.7 A MATRIZ DE RIGIDEZ DO ELEMENTO.......................................256 7.8 EXEMPLO DE ELEMENTO QUADRANGULAR 3........................258 8 O ELEMENTO TRIANGULAR DE ORDEM SUPERIOR.................266 8.1 ELEMENTO TRIANGULAR ISOPARAMÉTRICO DE SEIS NÓS..266 8.2 DEFINIÇÃO DAS COMPONENTES DE DEFORMAÇÃO.............270 8.3 FORÇAS NODAIS EQUIVALENTES DAS CARGAS UNIFORMEMENTE DISTRIBUÍDAS....................................................277 8.4 EXEMPLO 1...................................................................................278 8.5 FORÇAS NODAIS EQUIVALENTES PARA UMA DISTRUBUIÇÃO TRAPEZOIDAL QUALQUER................................................................280 8.6 FORÇAS NODAIS EQUIVALENTES PARA UMA DISTRUBUIÇÃO QUADRÁTICA QUALQUER.................................................................281 9 O ELEMENTO QUADRANGULAR DE ORDEM SUPERIOR..........283 9.1 O ELEMENTO QUADRILÁTERO ISOPARAMÉTRICO DE OITO NÓS......................................................................................................283 9.2 DESENVOLVIMENTO DA MATRIZ DE DEFORMAÇÃO DO ELEMENTO..........................................................................................286 9.3 A MATRIZ DE RIGIDEZ..............................................................292 9.4 FORÇAS NODAIS EQUIVALENTES.............................................294 9.5 EXEMPLO 1...................................................................................294 9.6 FORÇAS DE VOLUME..................................................................296 10 ELEMENTOS EM TRÊS DIMENSÕES...........................297 10.1 INTRODUÇÃO.............................................................................297 10.2 EQUAÇÕES GERAIS DOS ELEMENTOS FINITOS...................297 10.3 EQUAÇÕES DE ELASTICIDADE................................................298 10.4 O TETRAEDRO DE QUATRO NÓS............................................300 10.5 O SÓLIDO ISOPARAMÉTRICO DE OITO NÓS.........................307 11 ELEMENTOS AXISIMÉTRICOS....................................................316 11.1 GENERALIDADES......................................................................316 11.2 EQUAÇÕES BÁSICAS DO ELEMENTO..................................319 11.3 EQUAÇÕES DA ELASTICIDADE AXISIMÉTRICA....................320 11.4 AS FUNÇÕES DE DESLOCAMENTO DO ELEMENTO..........321 BIBLIOGRAFIA....................................................................................325 1 CAPITULO I MÉTODO DA RIGIDEZ COM ORIENTAÇÃO PARA ELEMENTOS FINITOS 1.1 INTRODUÇÃO O método dos elementos finitos teve a sua origem no começo da década de 40 com o objetivo de apresentar soluções no campo da análise estrutural. Com ele tem sido desenvolvida uma ampla base matemática para soluções de problemas de elasticidade, transferência de calor e fluxo de fluidos. São aplicados os procedimentos comuns e implementações na análise estrutural com o desenvolvimento dos conceitos gerais do método dos elementos finitos. 1.2 ELEMENTO CONSTITUÍDO DE DUAS FORÇAS – ESTUDO DO DESLOCAMENTO UNIAXIAL. Considere duas forças agindo em uma barra prismática de comprimento L, seção transversal A e módulo de elasticidade E. As extremidades desta barra são identificadas como nós e constituem pontos de junção para outros elementos, onde são observados os deslocamentos. Y X1 L X X2 Y u1 u2 F1 1 2 F2 X Figura 1.1 - Elemento de barra de comprimento L 2 AE LFuu 12 =δ=− (1.1) k = rigidez do membro k = δ F (1.2) k = L EA (1.3) As forças são expressas em cada nó do membro em termos de deslocamentos u1, u2 e a rigidez do membro k.. F1 = k ( u1 - u2 ) (1.4) F2 = k ( u2 - u1) (1.5) Postas na forma matricial, tem-se: − − = 2 1 2 1 u u 11 11 k F F (1.6) { } [ ]{ }qkQ = (1.7) { } [ ]T21 FFQ = = vetor de carga em cada elemento nodal [ ]k = matriz de rigidez de um elemento da barra. { } [ ]T21 uuq = = vetor dos deslocamentos dos nós do elemento. 1.3 BARRA CONSTITUÍDA DE DOIS ELEMENTOS Considere a barra constituída da reunião de dois elementos conforme a Figura 1.2 3 Y e = 1 e = 2 1 2 3 X Figura 1.2 - Reunião de dois elementos. São designados: 1,2,3 = numeração dos nós globais dos elementos 1,2 = numeração dos elementos, ou seja, e = 1 ; e = 2. 1 2 1 2 3 c. globais 1 2 1 2 1 2 c. locais Figura 1.3 - Elementos em coordenadas globais e locais. Assim, pode-se idealizar o mapa dos nós globais de acordo com a Figura 1.3. Tabela 1.1 NÚMERO DE ELEMENTO NÚMERO DE NÓ GLOBAL NÚMERO DE NÓ GLOBAL Nó local 1 Nó local 2 1 1 2 2 2 3 Identificando apenas dois deslocamentos em cada elemento, observa- se que um grau de liberdade de uma estrutura é um deslocamento independente de um nó. Neste caso, cada nó só pode se deslocar ao longo do eixo X, portanto, cada nó só possui apenas 1 grau de liberdade. 4 1.4 REUNIÃO DE ELEMENTOS A equação força x deslocamento para 1 elemento apenas foi escrita como: − − = 2 1 2 1 u u 11 11 k F F (1.8) Esta mesma equação pode ser aplicada à barra constituída de dois elementos: Para o elemento 1: 12 1 12 1 u u 11 11 k F F − − = (1.9) Para o elemento 2: 22 1 22 1 u u 11 11 k F F − − = (1.10) O subscrito indica o elemento em particular. O próximo passo é ajustar os subscritos para os nós globais. Para o elemento 1 tem-se: 12 1 1 121 11 u u 11 11 k F F − − = (1.11) Para o elemento 2 tem-se: 23 2 2 232 22 u u 11 11 k F F − − = (1.12) Assim, Fij é a força que age em cada nó global i do elemento j. 5 1 23 Figura 1.5 – Elementos reunidos. F11 e = 1 F21 F22 e = 2 F32 1 2 2 3 Figura 1.6 – Elementos desmembrados. R1 R2 R3 1 2 3 u1 u2 u3 2 R2 F21 F22 Figura 1.7 - Interação com os deslocamentos. A força resultante que age em cada nó global i, chama-se Ri. O equilíbrio da região do nó 2 é expresso por: R2 = F21 + F22 (1.13) Para os demais nós, tem-se: R1 = F11 (1.14) 6 R3 = F32 (1.15) O objetivo é combinar as duas equações dos elementos para se obter uma única, que relacione as forças nodais Ri para os deslocamentos globais do conjunto. É preciso alargar as equações de modo a incluir todos os deslocamentos globais. − − = 3 2 1 121 11 u u u 000 011 011 k 0 F F (1.16) − −= 3 2 1 2 32 22 110 110 0000 u u u k F F (1.17) Somando-se as equações de cada elemento, tem-se: − −+ − − = + 3 2 1 2 3 2 1 1 32 2221 11 u u u 110 110 000 k u u u 000 011 011 k F F 0 0 F F (1.18) Isolando-se o vetor de deslocamento, tem-se, finalmente: − −+− − = += 3 2 1 22 2211 11 32 2221 11 3 2 1 u u u kk0 kkkk 0kk F FF F R R R (1.19) { } [ ]{ }rKR = (1.20) { }R = vetor dos carregamentos nodais do conjunto. { }r = vetor dos deslocamentos nodais do conjunto. [ ]K = matriz de rigidez global do sistema 7 1.5 EXEMPLO 1 Considere dois elementos de barra possuindo a mesma seção transversal A, comprimento L e módulo de elasticidade E. 1 e = 1 2 e = 2 3 X R2 = 10 R3 = - 15 kN Figura 1.8 - Dois elementos de barra. A equação de rigidez dos elementos se escreve por: − −+− − = 3 2 1 22 2211 11 3 2 1 u u u kk0 kkkk 0kk R R R (1.21) Substituindo os valores: − −− − = − 3 2 1 u u 0 110 121 011 L AE 15 10 R (1.22) Usando a equação matriz reduzida que envolve apenas forças nodais conhecidas e deslocamentos nodais desconhecidos, tem-se: − − = − 3 2 u u 11 12 L EA 15 10 (1.23) { } [ ]{ }rKR = (1.24) { } [ ] { }RKr 1−= (1.25) 8 − − = − = 20 5 EA L 15 10 21 11 EA L u u 3 2 (1.26) EA L5u2 − = (1.27) EA L20u3 − = (1.28) Inserindo os valores na equação de R1, obtém-se: 21 uL EAR −= (1.29) − −= EA L5 L EAR1 R1 = 5 kN 1.6 EXEMPLO 2 Seja a barra constituída de dois elementos com variação de inércia. e = 1 e = 2 2000 kN 12 16 (cm) Figura 1.9 – Elementos com variação de inércia. O elemento 1 possui E = 10 x 106 kN / cm2, de área de seção transversal A = 2 cm2 e comprimento L = 12 cm. O elemento 2 possui E = 30 x 106 kN / cm2, de área de seção transversal A = 1 cm2 e comprimento L = 16 cm. 9 Determinar para o nó 2 o deslocamento correspondente e as reações nos bordos engastados. Determinação das rigidezes: cm/kN10x667,1 12 10x10x2 L EAk 6 6 1 = = = (1.30) cm/kN10x875,1 16 10x30x1 L EAk 6 6 2 = = = (1.31) Condições de contorno: u1 = 0 u3 = 0 Equação de rigidez dos elementos: − −+− − = 3 2 1 22 2211 11 3 2 1 u u u kk0 kkkk 0kk R R R (1.32) − −− − = − 0 u 0 875,1875,10 875,1542,3667,1 0667,1667,1 10 R 2000 R 2 6 3 1 Retirando-se as linhas 1 e 3 e as colunas 1 e 3, tem-se -2000 = 106 x 3,542 u2 u2 = -564 x 10-6 cm Como R1 = 106 x (-1,667) u2 R1 = 942 kN Como R3 = 106 x (-1,875) u2 R3 = 1058 kN 10 1.7 BARRA CONSTITUÍDA DE TRÊS ELEMENTOS O objetivo é a determinação da matriz de rigidez para a barra dotada de três elementos, com quatro pontos nodais, conforme a Figura 1.10. 1 2 3 4 R1 R4 e = 1 e = 2 e = 3 Figura 1.10 - Barra constituída de três elementos. Mapa do número dos nós Tabela 1.2 Número do elemento NÚMERO DE NÓS GLOBAIS NÚMERO DE NÓS GLOBAIS Nó local 1 (esq) Nó local 2 (dir) 1 1 2 2 2 3 3 3 4 ` F11 e = 1 F21 F22 e = 2 F32 F33 e = 3 F43 Figura 1.11 – Elementos desmembrados. Para o primeiro elemento: − − = 2 1 11 11 21 11 u u kk kk F F (1.33) 11 Para o segundo elemento: − − = 3 2 22 22 32 22 u u kk kk F F (1.34) Para o terceiro elemento: − − = 4 3 33 33 43 33 u u kk kk F F (1.35) Em Fi,j os índices denotam: i = número dos nós globais j = número do elemento Equação matriz do conjunto: = + + = 4 3 2 1 44434241 34333231 24232221 14131211 43 3332 2221 11 4 3 2 1 u u u u kkkk kkkk kkkk kkkk F FF FF F R R R R (1.36) Observando-se o equilíbrio dos nós: F11 e = 1 F21 1 k1 2 u1 u2 F22 e = 2 F32 2 k2 3 u2 u3 F33 e = 3 F43 3 k3 4u3 u4 Figura 1.12 – Barra desmembrada com equilíbrio dos nós. 12 R1 = F11 (1.37) R2 = F21 + F22 (1.38) R3 = F32 + F33 (1.39) R4 = F43 (1.40) Para o elemento 1: − − = 11 11 1 kk kk k (1.41) Para o elemento 2: − − = 22 22 2 kk kk k (1.42) Para o elemento 3: − − = 33 33 3 kk kk k (1.43) A matriz de rigidez global fica expressa da seguinte forma: [ ] − −+− −+− − = 33 3322 2211 11 kk00 kkkk0 0kkkk 00kk K (1.44) 1.8 DESLOCAMENTO PLANO GERAL, COORDENADAS GLOBAIS E LOCAIS Considere um elemento de barra posicionado arbitrariamente no plano XY, ao invés de ser apenas confinada ao longo do eixo X.. 13 São estabelecidos dois sistemas de coordenadas: a) O sistema de coordenadas globais de eixos XY, que servem para representar a estrutura inteira. b) O sistema de coordenadas locais de eixos xy, que servem para representar as propriedades dos elementos. As componentes das forças nodais ficam expressas da seguinte forma: F1X = componente da força F1 no nó 1 na direção da coordenada global X. F1Y = componente da força F1 no nó 1 na direção da coordenada global Y. F1x = componente da força F1 no nó 1 na direção da coordenada local x. F1y = componente da força F1 no nó 1 na direção da coordenada local y. As componentes dos deslocamentos nodais são representadas por: uiX = deslocamento do nó i na direção da coordenada global X. uiY = deslocamento do nó i na direção da coordenada global Y. uix = deslocamento do nó i na direção da coordenada local x. uiy = deslocamento do nó i na direção da coordenada local y. As forças e deslocamentos são positivos quando desenvolvidos na direção positiva dos eixos coordenados. Y x F2 y θ F1 X Figura 1.13 - Coordenadas globais e locais. 14 Equação de rigidez da barra expressa em sistema global de coordenadas: − − = X2 X1 X2 X1 u u 11 11 k F F (1.45) Equação de rigidez da barra expressa em sistema local de coordenadas: − − = x2 x1 x2 x1 u u 11 11 k F F (1.46) Expandindo-se a equação de rigidez para os quatro graus de liberdade em termos de coordenadas locais, tem-se: − − = y2 x2 y1 x1 y2 x2 y1 x1 u u u u 0000 0101 0000 0101 k F F F F (1.47) { } [ ] { }xyxyxy qkQ = (1.48) Observa-se, então, que a matriz de rigidez é sempre quadrada, simétrica para sistemas lineares, sendo os elementos da diagonal principal sempre positivos ou zero. 1.9 TRANSFORMAÇÃO DE COORDENADAS Um vetor qualquer pode ser sempre expresso em função de qualquer sistema de coordenadas, seja local ou global. [ ] [ ] = = y x Y X V V ĵî V V ĴÎV (1.49) 15 [ ] [ ] [ ][ ]AĴÎ cossen sencos ĴÎĵî = θθ θ−θ = (1.50) y Y θ x j J i θ X I Figura 1.14 – Mudança de coordenadas. O ângulo θ é sempre positivo no sentido horário. Sendo: [ ] [ ] = = y x Y X V V ĵî V V ĴÎV (1.51) então: [ ][ ] = y x V V AĴÎV (1.52) Assim: [ ] = y x Y X V V A V V (1.53) Os elementos da matriz quadrada [A] são os cossenos diretores dos ângulos formados entre os vetores unitários dos dois sistemas de coordenadas. 16 Se: [ ] [ ][ ]AĴÎĵî = (1.54) então: [ ] [ ][ ]TAĵîĴÎ = (1.55) Observa-se que: [AT] = [A-1] (1.56) Considere, agora, a transformação do vetor força do sistema de coordenadas locais xy para o sistema de coordenadas globais XY. Y y F2y x F1y 2 F2x F1x 1 X Figura 1.15 - Transformação das coordenadas. Para as forças nodais 1: [ ] = y1 x1 Y1 X1 F F A F F (1.57) Para as forças nodais 2: [ ] = y2 x2 Y2 X2 F F A F F (1.58) 17 Reunindo todas elas: [ ] [ ] = y2 x2 y1 x1 Y2 X2 Y1 X1 F F F F A0 0A F F F F (1.59) A matriz dos cossenos diretores se define por [A2]: θθ θ−θ θθ θ−θ = cossen sencos cossen sencos ]A[ 2 (1.60) xy2XY }Q{]A[}Q{ = (1.61) Uma vez que, em coordenadas locais: xyxyxy }q{]k[}Q{ = (1.62) Tem-se, em coordenadas globais: xyxy2XY }q{]k[]A[}Q{ = (1.63) Mas, xy2XY }q{]A[}q{ = (1.64) Ou seja: = y2 x2 y1 x1 2 Y2 X2 Y1 X1 v u v u ]A[ v u v u (1.65) Pode-se escrever também que: 18 XY 1 2xy }q{]A[}q{ −= ou XY T 2xy }q{]A[}q{ = (1.66) Então, o vetor dos esforços em termos de coordenadas globais pode ser escrito como: XY T 2xy2XY }q{]A[}k{]A[}Q{ = (1.67a) Mas, de (1.7) tem-se: XYXYXY }q{]k[}Q{ = (1.67b) Confrontando as duas expressões anteriores (1.67a) e (1.67b), tem-se: XY T 2xy2XYXY }q{]A[}k{]A[}q{]k[ = (1.68) Obtém-se finalmente a expressão da matriz de rigidez em coordenadas globais: T 2xy2XY ]A[}k{]A[}k{ = (1.69) 1.10 EXEMPLO 3 Seja o elemento de barra mostrado na Figura 1.16. Determine a matriz de rigidez no sistema global XY. Y x 2 y 1 X Figura 1.16 – Elemento de barra rotacionado para a esquerda. 19 Matriz de rigidez relativa ao sistema local xy: − − = 0000 0101 0000 0101 L EA]k[ xy (1.70) Matriz [A2]: θθ θ−θ θθ θ−θ = cossen00 sencos00 00cossen 00sencos ]A[ 2 (1.71) θ = 90° − − = 0100 1000 0001 0010 ]A[ 2 (1.72) Matriz de rigidez relativa ao sistema global XY: T 2xy2XY ]A[}k{]A[}k{ = (1.73) xyXY }k{]I[}k{ = (1.74) 1.11 EXEMPLO 4 Desenvolver as matrizes de rigidez para cadaelemento da estrutura da Figura 1.17 relativo ao sistema global XY de coordenadas. Em seguida, reúna os elementos e determine a matriz de rigidez global para a estrutura integrada. Módulo de elasticidade E = 30 x 106 kN / cm2. Elemento 1: A = 1,5 cm2 e L = 30 cm Elemento 2: A = 4 cm2 e L = 50 cm 20 Y 3 F = 10 kN L=50 cm e = 2 30 cm e = 1 θ 1 2 X 40 cm Figura 1.17 - Estrutura formada por duas barras. a) Coordenadas locais do elemento 1. Y 1 y θ = - π / 2 2 x X Figura 1.18 - Elemento 1.e suas coordenadas locais. 21 b) Matriz de rotação [A2] do elemento 1: θθ θ−θ θθ θ−θ = cossen00 sencos00 00cossen 00sencos ]A[ 2 (1.75) 2 π −=θ − + − + = 0100 1000 0001 0010 ]A[ 2 c) Matriz de rigidez relativa ao sistema global XY do elemento 1: T 2xy2XY ]A[}k{]A[}k{ = (1.76) − − − − − + − + = 0100 1000 0001 0010 0000 0101 0000 0101 k 0100 1000 0001 0010 ]k[ 1XY 1XY k 1010 0000 1010 0000 ]k[ − − = 22 d) Coordenadas locais do elemento 2: Y x 2 y θ 1 X Figura 1.19 - Elemento 2 e suas coordenadas locais. e) Matriz de rotação [A2] do elemento 2: θθ θ−θ θθ θ−θ = cossen00 sencos00 00cossen 00sencos ]A[ 2 (1.77) θ = 36° − − = 8,06,000 6,08,000 008,06,0 006,08,0 ]A[ 2 f) Matriz de rigidez relativa ao sistema global XY do elemento 2: T 2xy2XY ]A[}k{]A[}k{ = (1.78) 23 − − − − − − = 8,06,000 6,08,000 008,06,0 006,08,0 0000 0101 0000 0101 k 8,06,000 6,08,000 008,06,0 006,08,0 ]k[ 2XY 2XY k 36,048,036,048,0 48,064,048,064,0 36,048,036,048,0 48,064,048,064,0 ]k[ −− −− −− −− = g) Endereços locais do elemento 1: u1 (1) 1 v1 (2) e = 1 2 v2 (4) u2 (3) Figura 1.20 - Elemento 1 com seus endereços locais. Tabela 1.3 Número do nó local 1 1 2 2 Deslocamento local u1 v1 u2 v2 Número do deslocamento local 1 2 3 4 24 h) Endereços locais do elemento 2: (4) v2 (2) u2 (3) v1 e = 2 2 (1) u1 1 Figura 1.21 - Elemento 2 com seus endereços locais. Tabela 1.4 Número do nó local 1 1 2 2 Deslocamento local u1 v1 u2 v2 Número do deslocamento local 1 2 3 4 i) Endereços globais para a estrutura integrada: v3 (6) u3 (5) 3 (1) 1 2 u1 v2 (4) v1 (2) u2 (3) Figura 1.22 - Estrutura integrada e seus endereços globais. 25 Tabela 1.5 Número do nó global 1 1 2 2 3 3 Deslocamento global u1 v1 u2 v2 u3 v3 Número do deslocamento global 1 2 3 4 5 6 j) Endereços locais e globais para a matriz do elemento 1: Tabela 1.6 NDG 5 6 3 4 NDL 1 2 3 4 5 1 0 0 0 0 6 2 0 1 0 -1 3 3 0 0 0 0 4 4 0 -1 0 1 NDL = Número do deslocamento local NDG = Número do deslocamento global k) Endereços locais e globais para a matriz do elemento 2 Tabela 1.7 NDG 1 2 5 6 NDL 1 2 3 4 1 1 0,64 0,48 -0,64 -0,48 2 2 0,48 0,36 -0,48 -0,36 5 3 -0,64 -0,48 0,64 0,48 6 4 -0,48 -0,36 0,48 0,36 l) Matriz de rigidez global da estrutura: [ ] ++−−− ++−− − −− −− = 122122 2222 11 2222 2222 kk36,00k48,0k0k36,0k48,0 0k48,00k64,000k48,0k64,0 k0k000 000000 k36,0k48,000k36,0k48,0 k48,0k64,000k48,0k64,0 K 26 cm/kN10x5,1 30 10x30x5,1 L AEk 6 6 1 11 1 === cm/kN10x4,2 50 10x30x4 L AEk 6 6 2 22 2 === [ ] cm/kN10x 364,2152,15,10864,0152,1 152,1536,100152,1536,1 5,105,1000 000000 864,0152,100864,0152,1 152,1536,100152,1536,1 K 6 −−− −− − −− −− = m) Vetor de carregamento externo F = 10 kN R1X R2X R1Y R2Y Figura 1.23 - Cargas externas em kN. 27 { } = = 0 10 R R R R R R R R R R R Y2 X2 Y1 X1 Y3 X3 Y2 X2 Y1 X1 (1.79) n) Vetor de deslocamentos: { } = = 3 3 3 3 2 2 1 1 v u 0 0 0 0 v u v u v u r (1.80) o) Equação da rigidez: {R} = [K] {r} (1.81) −−− −− − −− −− = Y3 X3 6 Y2 X2 Y1 X1 v u 0 0 0 0 x10x 364,2152,15,10864,0152,1 152,1536,100152,1536,1 5,105,1000 000000 864,0152,100864,0152,1 152,1536,100152,1536,1 0 10 R R R R Usando apenas os termos que envolvem u3X e v3Y = Y3 X36 v u 10x 364,2152,1 152,1536,1 0 10 u3X = 0,0103 cm v3Y = - 0,050 cm 28 Para o restantedos deslocamentos, tem-se: − − = − − −− −− = 5,7 0 5,7 10 050,0 0103,0 0 0 0 0 10 5,105,1000 000000 864,0152,100864,0152,1 152,1536,100152,1536,1 R R R R 6 Y2 X2 Y1 X1 F = 10 kN R1X = -10 R2X = 0 R1Y = -7,5 R2Y = 7,5 Figura 1.24 - Esforços finais em kN. 1.12 ELEMENTO DE BARRA COM ROTAÇÃO Seja um elemento de barra, conforme a Figura 1.26, sujeita a rotações e cargas transversais ao eixo longitudinal. Não ocorre a presença de cargas axiais. As forças Fi e os momentos fletores agem apenas nas extremidades do elemento e o sistema de coordenadas locais permanece paralelo ao de coordenadas globais. A origem do sistema é sempre o nó local 1. 29 y v1 v2 M1 , θ1 M2 , θ2 F1 L F2 Figura 1.25 - Coordenadas do elemento de barra. O elemento de barra possui rigidez à flexão uniforme expresso por: L JEk = (1.82) A relação carga x rigidez x deslocamento para este elemento é a mesma para cargas axiais. {Q} = [k]{q} θ θ = 2 2 1 1 44434241 34333231 24232221 14131211 2 2 1 1 v v kkkk kkkk kkkk kkkk M F M F (1.83) O problema, agora, consiste na determinação dos valores de ki,j do elemento local da matriz de rigidez. 30 1.12.1 Deslocamento linear v1 = 1 y M1 F1 v1 M2 x F2 Figura 1.26 – Aplicação de v1. = 0 0 0 1 kkkk kkkk kkkk kkkk M F M F 44434241 34333231 24232221 14131211 2 2 1 1 (1.84) 2412 3312 2211 3111 L JE6kM L JE12kF L JE6kM L JE12kF − == − == − == == (1.85) 31 1.12.2 Deslocamento angular θ1 = 1 y M1 M2 x θ1 F2 F1 Figura 1.27 - Aplicação de θ1. = 0 0 1 0 kkkk kkkk kkkk kkkk M F M F 44434241 34333231 24232221 14131211 2 2 1 1 (1.86) L JE2kM L JE6kF L JE4kM L JE6kF 422 2322 221 2121 == == == − == (1.87) 32 1.12.3 Deslocamento linear v2 = 1 y M2 F2 v2 F1 x M1 Figura 1.28 - Aplicação de v2. = 0 1 0 0 kkkk kkkk kkkk kkkk M F M F 44434241 34333231 24232221 14131211 2 2 1 1 (1.88) 2432 3332 2231 3131 L JE6kM L JE12kF L JE6kM L JE12kF == == == − == (1.89) 33 1.12.4 Deslocamento angular θ2 = 1 y F1 M2 θ2=1 x M1 F2 Figura 1.29 - Aplicação de θ2. = 1 0 0 0 kkkk kkkk kkkk kkkk M F M F 44434241 34333231 24232221 14131211 2 2 1 1 (1.90) L JE4kM L JE6kF L JE2kM L JE6kF 442 2342 241 2141 == == == − == (1.91) A equação resultante se escreve por: θ θ − − − −−− = 2 2 1 1 22 22 3 2 2 1 1 v v L4L6L2L6 L612L612 L2L6L4L6 L612L612 L JE M F M F (1.92) 34 1.13 ELEMENTO DE BARRA COM ROTAÇÃO CARREGADA AXIALMENTE O elemento completo de barra é aquele constituído de cargas axiais, esforços cortantes e momentos fletores. O desenvolvimento deste elemento é muito simples porque para pequenas deflexões as relações da teoria força x deslocamento são lineares e o princípio da superposição se aplica. O sistema de coordenadas locais é mostrado na Figura 1.30 como um ângulo arbitrário em relação aos eixos globais, pois neste elemento cada extremidade que constitui um nó pode se deslocar em duas direções coordenadas. Dessa forma, o elemento fica constituído com seis graus de liberdade. y M2 u1x F1x θ1 θ2 F2x u2x x M1 F1y F2y v1y v2y Figura 1.30 - Elemento com deslocamentos axiais, transversais e rotações. θ θ − − − − −−− − = 2 y2 x2 1 y1 x1 22 22 2 y2 x2 1 y1 x1 v u v u A J4 AL J60 A J2 AL J60 AL J6 AL J120 AL J6 AL J120 001001 A J2 AL J60 A J4 AL J60 AL J6 AL J120 AL J6 AL J120 001001 L EA M F F M F F (1.93) 35 CAPÍTULO 2 CONCEITOS INICIAIS DO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS 2.1 INTRODUÇÃO São apresentados neste capítulo os sistemas de coordenadas globais, locais e naturais, bem como ampla discussão sobre trabalho, energia potencial, energia de deformação e aplicação da energia potencial mínima aos problemas de elasticidade. 2.2 SISTEMAS DE COORDENADAS Existem três diferentes sistemas de coordenadas usadas na análise do método dos elementos finitos: o sistema de coordenadas globais, locais e naturais. O global toma a estrutura completa, em um meio contínuo completo. O local é conjugado ao elemento. É nele que se estabelecem as relações do elemento. Sua orientação relativa ao elemento não muda. Só muda a orientação relativa ao sistema global. O sistema de coordenadas naturais não apresentadimensões. Só possui orientações que identificam posições nos elementos, sem levar em conta o seu tamanho ou a sua forma. 2.2.1 Sistema de coordenadas naturais para um elemento de barra Seja o elemento de barra conforme apresentado na Figura 2.1: Y XA X1 S A X 1 L 2 X2 Figura 2.1 - Elemento de barra. 36 XA = X1 + S (2.1) XA = X1 + L L S Mas L = X2 - X1 ( )121A XXL SXX −+= 121A XL SX L SXX −+= XA = 21 XL SX L S1 + − (2.2) Assim, se definem duas coordenadas naturais, L1 e L2. L1 = 1 - L S (2.3) L2 = L S (2.4) Assim, a equação (2.1) se escreve: XA = L 1 X1 + L2 X2 (2.5) Observa-se que L1 e L2 não são independentes e oscilam entre valores de 0 a 1. Se o ponto A está no nó 1, L1 = 1 e L2 = 0. Se estiver locado no nó 2, L1 = 0 e L2 = 1. Então, as coordenadas naturais do elemento podem ser reorientadas da forma indicada na Figura 2.2. 37 Y L2 L1 X 1 2 Figura 2.2 - Coordenadas naturais 2.2.2 Exemplo 1 Determine as coordenadas naturais do ponto P, locado no elemento de barra da Figura 2.3. Y XA = 5 X1=4 S P X 1 L 2 X2 = 8 Figura 2.3 – Coordenadas naturais do ponto P. L1 = 1 - L S (2.6) L2 = L S (2.7) L1 = 1 - 4 3 4 1 = e L2 = 4 1 38 2.2.3 Sistema de coordenadas naturais para um elemento triangular Seja o elemento triangular indicado na Figura 2.4. Y 2 A1 A3 3 A2 1 X Figura 2.4 - Elemento triangular. A área total do triângulo é designada por A. As linhas que convergem para o ponto P formam três triângulos internos do elemento maior. Neste caso, as coordenadas naturais do ponto P podem ser definidas como a razão da área dos triângulos internos pela área total A do elemento. A AL 11 = (2.8) A AL 22 = (2.9) A AL 33 = (2.10) As coordenadas naturais de um elemento triangular também podem ser definidas em função das alturas, de acordo com a Figura 2.5. 39 2 A1 A3 3 A2 t1 1 t2 T2 t3 T1 T3 Figura 2.5 – Coordenadas naturais de elemento triangular. 1 1 1 1 1 1 T t Tb 2 1 tb 2 1 A AL === (2.11) 2 2 2 2 2 2 T t Tb 2 1 tb 2 1 A AL === (2.12) 3 3 3 3 3 3 T t Tb 2 1 tb 2 1 A AL === (2.13) 2.2.4 Exemplo 2 Determine o valor das coordenadas naturais dos vértices e dos pontos médios dos lados do elemento triangular da Figura 2.6. 40 Y L1 3 L2 L3 6 5 4 1 2 X Figura 2.6 – Elemento triangular. Tabela 2.1 – Coordenadas naturais. PONTO L1 L2 L3 1 1 0 0 2 0 1 0 3 0 0 1 4 ½ ½ 0 5 0 ½ ½ 6 ½ 0 ½ 2.3 TENSÕES E DEFORMAÇÕES As componentes de deslocamentos de um meio contínuo ao longo das coordenadas globais são expressas por u, v e w. As deformações longitudinais destas componentes nas direções X, Y e Z são: X u X ∂ ∂ =ε (2.14) Y v Y ∂ ∂ =ε (2.15) Z w Z ∂ ∂ =ε (2.16) As deformações de cisalhamento são escritas como: 41 X v Y u XY ∂ ∂ + ∂ ∂ =γ (2.17) Y w Z v YZ ∂ ∂ + ∂ ∂ =γ (2.18) Z u X w ZX ∂ ∂ + ∂ ∂ =γ (2.19) Escrevendo estas equações em forma matricial, tem-se: ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ = γ γ γ ε ε ε w v u X 0 Z YZ 0 0 XY Z 00 0 Y 0 00 X ZX YZ XY Z Y X (2.20) 2.4 RELAÇÕES ENTRE TENSÕES E DEFORMAÇÕES As equações constitutivas que relacionam tensões com deformações são empregadas no âmbito da elasticidade linear para materiais homogêneos e isotrópicos. São apresentados nestas equações o módulo de elasticidade longitudinal E e o coeficiente de Poisson ν. 42 Para tensão uniaxial agindo segundo a direção X: Y σX X Z Figura 2.7 – Tensão no eixo X. XZ XY X X E εν−=ε εν−=ε σ =ε (2.21) Para tensão uniaxial agindo segundo a direção Y: Y σY X Z Figura 2.8 – Tensão no eixo Y. YZ YX Y Y E εν−=ε εν−=ε σ =ε (2.22) 43 Para tensão uniaxial agindo segundo a direção Z: Y X σz Z Figura 2.9 – Tensão no eixo Z. ZY ZX Z Z E εν−=ε εν−=ε σ =ε (2.23) 2.5 EQUAÇÃO CONSTITUTIVA PARA O ESTADO DE TENSÕES PLANAS As relações entre tensões e deformações são escritas por: ( )YX2X 1 E εν+ε ν− =σ (2.24) ( )XY2Y 1 E εν+ε ν− =σ (2.25) XYXY G γ=τ (2.26) As equações constitutivas escritas em forma matricial, se apresentam na forma: 44 γ ε ε ν− ν ν ν− = τ σ σ XY Y X 2 XY Y X 2 100 01 01 1 E (2.26) ou, resumidamente: [σ] = [C]σ {ε} (2.27) onde: [C]σ = matriz constitutiva para o estado plano de tensões. [σ] = vetor de tensões {ε} = vetor de deformações. 2.6 EQUAÇÃO CONSTITUTIVA PARA O ESTADO DE DEFORMAÇÕES PLANAS Quando uma deformação sobre um determinado eixo é mantida nula, as distorções relativas a este eixo também o serão. Sendo, por exemplo, mantida nula a deformação relativa ao eixo Z, isto é, εZ = 0, as distorções γZX e γZY também são nulas. As equações de tensões em função de deformações tomam o aspecto: [ ]YXX )1()21()1( E εν+εν− ν−ν+ =σ (2.28) [ ]YXY )1()21()1( E εν−+εν ν−ν+ =σ (2.29) [ ] )( )21()1( E YXYXZ σ+σν=ε+εν−ν+ ν =σ (2.30) τXY = G γXY (2.31) 45 Ao serem escritas no plano, em forma matricial, tem-se: γ ε ε ν− ν−ν νν− ν−ν+ = τ σ σ XY Y X XY Y X 2 2100 01 01 )21()1( E (2.32) ou, resumidamente: {σ} = [C]ε {ε} (2.33) onde: [C]ε = matriz constitutiva para o estado plano de deformações. [σ] = vetor de tensões {ε} = vetor de deformações. 2.7 TRABALHO E FUNÇÃO DE ENERGIA POTENCIAL O trabalho W realizado por uma força F quando ela sofre uma mudança de posição R, é definida de acordo com a Figura 2.11 por: W = ∫ 2R 1R dRF (2.34) Y F 2 J R 1 X I Figura 2.11 – Trabalho realizado por uma força F. 46 Este valor escalar depende em geral do caminho de integração, bem como da posição inicial e da posição final. Expandindo F e dR para as componentes de coordenadas retangulares e observando a expressão de trabalho, tem-se: F = FX I + FY J (2.35) dR = dX I + dY J (2.36) dW = FX dX + FY dY (2.37) A diferencial dW não pode ser tratada como exata. A integração é obtida ao longo de um caminho particular e o resultado depende deste caminho e dos limites de integração. Há forças que criam uma integral que depende dos limites, mas não depende do caminho de integração. São as chamadas forças conservativas. Neste caso, o trabalho diferencial é uma diferencial exata e é avaliado como a diferença da função escalar da posição entre os limites de integração. Seja a função de trabalho ϕ de forças conservativas. O trabalho Wc feito por estas forças conservativas será a diferença escalar destas funções ϕ avaliadas em duas posições diferentes de coordenadas. Wc = ∫ 2 1 c dRF R R = ϕ2 - ϕ1 (2.38) Se ϕ é uma função de posição, ela é apenas uma diferencial exata. dY Y dX X d ∂ ϕ∂ + ∂ ϕ∂ =ϕ (2.39) dϕ = ∇ϕ dR (2.40) Y J X I ∂ ∂ + ∂ ∂ =∇ (2.41) 47 Sendo dϕ = dW (2.42) dYFdXFdY Y dX X d cYcX +=∂ ϕ∂ + ∂ ϕ∂ =ϕ (2.43) As componentes das forças conservativas são: cXFX = ∂ ϕ∂ (2.44) cYFY = ∂ ϕ∂ (2.45) e Fc = ∇ϕ (2.46) 2.7.1 Exemplo 3 Seja a função conservativa Fc = 10 I . Determine para o escalar a função trabalho ϕ. 10 X FcX =∂ ϕ∂ = 0 Y FcY =∂ ϕ∂ = dYFdXFd cYcX +=ϕ dYFdXFd cYcX ∫∫∫ +=ϕ ϕ = 10 X + C Se ϕ for tomado como zero, no ponto inicial Xi, tem-se: 0 = 10 Xi + C C = - 10 Xi Logo: 48 ϕ = 10X - 10Xi ϕ = 10 ( X - Xi ) X - Xi = u ϕ = 10 u u = deslocamento de Fc na direção X. 2.7.2 Exemplo 4 Determine a função trabalho ϕ da força conservativa Fc = 10 X I. X10 X FcX =∂ ϕ∂ = 0 Y FcY =∂ ϕ∂ = dYFdXFd cYcX ∫∫∫ +=ϕ ϕ = 5 X2 + C A avaliação da integral do trabalho para cada força é igual à diferença da função escalar derivada ϕ nos pontos extremos no caminho da força. W = ∫ 2R 1R dRF W = ∫ 2X 1X cX dXF 2.7.3 Exemplo 5 Avalie a integral de trabalho se a força ϕ se move na direção X na posição X = 5 até a posição X = 20, sendo ϕ = 10X + C. 49 ϕ = 10 X + C W = 15050200]10XdX10dXFdRF 205 20 5 2X 1X cX 2R 1R c =−==== ∫∫∫ W = 150 N.m 2.7.4 Exemplo 6 Para a mesma força, avalie a correspondente mudança na função trabalho ϕ. ϕ1 = 10 X1 + C ϕ2 = 10 X2 + C ϕ2 - ϕ1 = 10 X2 + C - [ 10 X1 + C ] = 10 X2 - 10 X1 = = 10 (X2 - X1) = 10 (20 - 5) = 150 N.m 2.7.5 Função de energia potencial Para definir o potencial da força conservativa para realizar trabalho, é estabelecida uma função escalar V chamada função energia potencial. Ela é sempre negativa na função de trabalho ϕ. É lembrado que o trabalho realizado por uma força conservativa mais a sua mudança no potencial para realizar este trabalho é sempre igual a zero. Assim, pode-se escrever: W + (V2 - V1) = 0 (2.47) (ϕ2 - ϕ1) + (V2 - V1) = 0 (2.48) Considerando-se mudança no diferencial, tem-se: dϕ + dV = 0 (2.49) d (ϕ + V) = 0 50 ϕ + V = C (2.50) Fazendo C = 0, tem-se a relação entre a função trabalho ϕ e a energia potencial V. ϕ = - V (2.51) A força conservativa pode ser expressa em função da energia potencial: Fc = ∇ ϕ = - ∇ V (2.52) A função de energia potencial V para existir, o trabalho da força deve ser um caminho independente, ou qualquer função escalar de posição B(X,Y). ∇ x ∇ B(X,Y) = 0 (2.53) ∇ Fc = 0 (2.54) que é a condição necessária, mas não suficiente para a existência de função de energia potencial. 2.7.6 Exemplo 7 Determine a função de energia potencial V da força constante representada por: F = 3 i + 7 j ∇ x F = 0 F = - ∇.V F = - ∂ ∂ + ∂ ∂ Y V X V 51 3 X V = ∂ ∂− 3 X V −= ∂ ∂ 7 Y V = ∂ ∂− 7 Y V −= ∂ ∂ Integrando a primeira expressão 3 X V = ∂ ∂− tem-se: V = - 3X + CY Substituindo na quarta 7 Y V −= ∂ ∂ 7 Y CY −= ∂ ∂ CY = - 7Y + C V = -3X - 7Y + C A função V da energia potencial define a capacidade da força realizar trabalho e é sempre expressa em termos das coordenadas globais X e Y. Anulando-se a energia potencial para coordenadas iniciais Xi e Yi, onde o meio contínuo ainda é indeformado, determina-se a constante C: - 3Xi - 7Yi + C = 0 C = 3Xi + 7Yi Nova expressão da energia potencial: V = -3 ( X - Xi ) - 7 (Y - Yi ) 52 Deslocamentos da força quando o meio contínuo começa a se deformar: u = X - Xi v = Y - Yi Expressão final da energia potencial em termos de seus deslocamentos. V = - 3u - 7v 2.7.7 Expressão final da energia potencial A expressão final da energia potencial de qualquer força que possua uma intensidade independente do seu deslocamento se resume no produto negativodas componentes da força pelos componentes do deslocamentos. V = - FX u - FY v (2.55) 2.8 ENERGIA DE DEFORMAÇÃO Considere uma barra tensionada de acordo com a Figura 2.12. L u F Figura 2.12 – Barra tensionada. A força F é aplicada na extremidade e aumenta gradualmente à medida que a deformação u também aumenta. 53 F Fm um u Figura 2.13 – Gráfico de força x deformação. A deformação varia linearmente com a aplicação da força e o trabalho realizado por esta força é a área sob a curva. ∫∫ === mu 0 mm m m uF2 1du u uFdRFW (2.56) Pelo princípio da conservação de energia, é estabelecido que a energia interna da barra aumenta numa quantidade igual ao trabalho realizado pela força F. A redução gradual da força para zero resulta num retorno elástico para um estado indeformável da barra. É portanto o trabalho uma força reversível neste processo. Esta energia retornável, que é armazenada num corpo elástico dotado de um volume deformado é chamada de energia de deformação. Para um estado uniaxial de tensões, a diferencial da energia de deformação se escreve por: Ωεσ= d 2 1dU XX (2.57) Para um estado biaxial, seria: ( ) Ωεσ+εσ= d 2 1dU YYXX (2.58) 54 Para um caso de cisalhamento puro, seria: Ωγτ= d 2 1dU XYXY (2.59) Para um estado tridimensional de tensões, seria: ( ) Ωγτ+γτ+γτ+εσ+εσ+εσ= d 2 1dU ZXZXYZYZXYXYZZYYXX (2.60) Postas em forma matricial estas equações se escrevem como: { } { } Ωσε= d 2 1dU T (2.61) onde: { } γ γ γ ε ε ε =ε ZX YZ XY Z Y X (2.62) { } τ τ τ σ σ σ =σ ZX YZ XY Z Y X (2.63) Sendo a expressão simbólica da energia de deformação escrita por: { } { } Ωσε= ∫ Ω d 2 1U T (2.64) 55 e usando as equações constitutivas em termos de tensões: { } [ ] { }ε=σ σC (2.65) a expressão da energia de deformação se escreve por: { } [ ] { } Ωεε= σ Ω ∫ dC21U T (2.66) Para o caso de tensão uniaxial: { } Ωε= ∫ Ω dE 2 1U 2X (2.67) Sendo dΩ = A dx, então: dX 2 AEU 2X∫ Ω ε= (2.68) Para deformações planas, a energia de deformação se escreve por: { } [ ] { } Ωεε= ε Ω ∫ dC21U T (2.69) 2.8.1 Exemplo 8 A deflexão do eixo neutro de uma viga é expressa por: v = 22 e X L v Determine a energia de deformação da viga considerando as tensões planas uniaxiais. 56 Y L X ve v X Figura 2.14 – Deflexão de uma viga. 2 2 dX vdJEM = = 22 e 2 2 X L v dX dJEM 2 e L vJE2M = Mas J yM X =σ w M X =σ y Jw = Deformações correspondentes às tensões uniaxiais: JE y L vJE2 JE yM E 2 eX X == σ =ε y L v2 2 e X =ε 57 y L v2 2 e XY ν−=εν−=ε Energia de deformação para as tensões de flexão uniaxiais: { } [ ] { } Ωεε= σ Ω ∫ dC21U T Ω ν− ν ν ν− = ∫ Ω d 2 100 01 01 1 Ey L v2 2 1U 2 2 2 e Sendo ν = 0, toda equação constitutiva em termos de tensões se reduz a E. dΩEy L v4 2 1U 24 2 e Ω = ∫ Mas dΩ = dA.dX dXdAy L vE2U 2 L A 4 2 e∫∫= ∫= A 2 4 2 e dALy L vE2U ∫= A 2 3 2 e dAy L vE2U Mas ∫= A 2 dAyJ 58 J L vE2U 3 2 e= 3 2 e L vJE2U = 2.9 PRINCÍPIO DA ENERGIA POTENCIAL MÍNIMA A energia potencial total π do sistema é expressa pela soma da energia potencial V pela energia de deformação U. π = V + U (2.70) O princípio da energia potencial mínima estabelece que todas as configurações possíveis que um corpo elástico pode assumir, a única e verdadeira que corresponde à satisfação do equilíbrio estável é aquela que corresponde a um valor mínimo da energia potencial total. Seja o elemento de barra carregado uniaxialmente de acordo com a Figura 2.15, para a aplicação do princípio da energia potencial mínima. X L u Fm Figura 2.15 – Elemento de barra carregado uniaxialmente. 59 2.9.1 Primeiro passo: estabelecimento de uma função deslocamento Seja uma função linear considerada para os deslocamentos: u(X) = C0 + C1 X (2.71) Condição de contorno: X = 0 → u(X) = 0 e C0 = 0 u(X) = C1 X (2.72) O valor correto da constante é o que determina a energia potencial mínima. 2.9.2 Segundo passo: obtenção da expressão para a energia de deformação dX du X =ε ( )XC dX d 1X =ε 1X C=ε ∫= L 2 X dXε2 AEU ∫= L 2 1 dXC2 AEU [ ] L021 XC2 AEU = LC 2 AEU 21= 60 2.9.3 terceiro passo: obtenção da expressão para a energia potencial V = -FX u - FY v Mas, em uma direção: V = - Fm u V = - Fm C1 L 2.9.4 Quarto passo: determinação de energia potencial total π = U + V LCFLC 2 AE 1m 2 1 −=π Ao se plotar um gráfico, observa-se que a energia potencial total começa com um valor zero, decresce , alcança um mínimo e depois aumenta, tal como ilustrado na Figura 2.16. π C1 Figura 2.16 – Gráfico da energia potencial em função da constante C1. O valor mínimo de π define o valor correto da constante C1, para o qual o equilíbrio do sistema se torna estável. 61 2.9.5 Quinto passo: diferenciação da energia potencial total π em relação a C1 para se obter o mínimo 0 dC d 1 = π LFLC 2 AE2 dC d m1 1 −= π 0LFLCAE dC d m1 1 =−= π L ( E A C1 - Fm ) = 0 E A C1 - Fm = 0 AE FC m1 = 2.9.6 Sexto passo: substituição do valor de C1 na função de deslocamento genérico u(X) = C1 X X AE F)X(u m= Esta é a solução correta para a tensão na barra. Nem sempre é possível se criar uma boa função de deslocamento quando se trata de uma estrutura complexa com condições de contorno também complexas. Para isto, é necessária de uma formulação variacional mais avançada. 62 2.10 A FORMULAÇÃO VARIACIONAL O objetivo principal do problema no cálculo variacional é determinar a função u(X) que causa ao funcional π um valor estacionário, devendo a função u(X) também satisfazer às condições de contorno do problema. Seja uma integral definida que possui um integrando que envolve: - uma variável independente X - uma função u(X) - uma derivação de u(X)
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