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16.10.2020 Farmacologia Geral Aula 9 – Profa. Aletheia Lacerda Opioides Dor: experiência subjetiva, forte componente emocional. Lesão tecidual ou nervoso – inflamação, trauma, associada a tumores ou em nervos. Alteração da função neural. Visão Geral do Circuito Nociceptivo Haverá um estimulo lesivo na periferia que passará pela medula e chegar até o tálamo e córtex para que ocorra o processamento desse estimulo e a percepção da dor. Portanto, qualquer coisa que interfira nessa transmissão de sinal irá bloquear a percepção de dor. Haverá vários tipos de estímulos periféricos e para identifica-los haverá os nociceptores que são essas terminações nervosas que os detectam, por exemplo, estímulos térmicos, mecânicos e vários estímulos químicos como as substancias liberadas durante o processo inflamatório. Estimulo nocivo nos nociceptores → estimulação de canais → canais de Na dependente de voltagem se abrem → influxo de Na e Ca → despolarização da membrana → atinge o limiar de excitação → potencial de ação – etapa de transdução do sinal → condução do impulso nervoso → 1º neurônio que conduz esse impulso nervoso fazendo sinapse com o 2º neurônio no corno dorsal da medula → etapa de transmissão do sinal doloroso → tálamo → 3º sinapse entre o tálamo e córtex → percepção da dor Modulação descendente (excitatória ou inibitória) → tronco encefálico → sinapse no corno dorsal → mesmo trajeto até tálamo e córtex. Terminação nervosa de fibras aferentes pequenas, não mielinizadas ou mielinizadas, sendo principalmente 𝐴∆ e C. Fibras aferentes Aδ e C Via Neo espinotalâ mica Poucos neurônio s (3) Conservação da somatotopia, Via núcleos talâm icos ventrais (PL) Dor rápida e gra nde resolução esp acial Via Paleo espino-re tículo-talâmica Muitos neurônios (4) Projeção difusa, Via núcleos intra -laminares Dor lenta e difusa Tronco encefálico : colaterais para a FOR e Substancia periaq uedual cinzenta promovendo reaç ões comportamen tais e vegetativas da do r. Repercussão emo cional: sofrimento Via da dor aguda - neoespinotalâmica Vida da dor crônica - paleoespinotalâmica 16.10.2020 Farmacologia Geral Aula 9 – Profa. Aletheia Lacerda ` AINEs – anti-inflamatorio não esteroidais – utilizado para bloquear a etapa de transdução, ou seja, durante o processo inflamatório terá a liberação de vários mediadores como prostaglindinas, bradicinaina, histamina, atuando na estimulação do nociceptor. Pois se houver menos estímulos químicos, os canais se abrem menos tendem menos despolarização, menor geração de potencial de ação. Pode haver uma atuação na etapa de estimulo doloroso. Atuando diretamente nos canais dependente de voltagem, como o cálcio. Opioides fracos: odeína, tramadol. Opioides fortes: morfina, metadona, oxicodona, fentanil, remifentanil, sufentanil, alfentanil Tratamentos intervencionistas incluem: analgesia espinhal, vertebroplastias, bloqueio de nervos e plexos. Opioides Ópio: extrato do suco da papoula Papaver somniferum que contém opiáceos - morfina, codeína e alcaloides relacionados. Opioide: qualquer substância, endógena ou sintética, que produz efeitos semelhantes aos da morfina e que são bloqueados por antagonistas como a naloxona. Analgésicos narcóticos: termo antigo para opioides; refere-se à capacidade de induzir o sono. O uso da Papaver somniferum(papoula) – descrito por Therphrasus em torno de 200 a.C. o Século XVI: Paracelsus introduziu o uso de Láudano, preparações a base de Ópio, como analgésico. o 1805: Friedrich Wilhelm Adam Serturner isolou o alcaloide do Ópio (branco e amargo com atividade analgésica) que denominou de MORFINA em homenagem a Morfeu, deus grego dos sonhos. o 1925: Sir Robert Robinson. Descobreta da estrutura da morfina. Nobel em química em 1947. Opioides Endógenos Encefalinas - distribuição ampla por todo o SNC. 16.10.2020 Farmacologia Geral Aula 9 – Profa. Aletheia Lacerda Endorfinas - hipotálamo, núcleo do trato solitário e lobo anterior da hipófise. Dinorfinas: hipotálamo, células superiores do lobo da hipófise. o Inibem a transmissão sináptica e são liberados em vários locais do SNC em resposta a estímulos nocivos Receptores Opioides e Efeitos Distribuem-se amplamente no cérebro e medula. Diferem-se no seu tipo de distribuição e sua ação. Nos nociceptores haverá o predomínio de 𝝁 (haverá um efeito predominantes nos opioides). Na medula espinal também predominância de 𝝁. Apenas no Córtex que haverá uma predominância de receptores K. Os receptores µ são responsáveis pela maioria dos efeitos analgésicos dos opioides e por alguns dos principais efeitos adversos (depressão respiratória, constipação, euforia, sedação e dependência). A ativação dos receptores δ resulta em analgesia, mas também pode ser pró-convulsivantes. Os receptores κ contribuem para a analgesia em nível espinhal e podem causar sedação, disforia e alucinações. Alguns analgésicos são mistura de agonistas κ/antagonistas µ. Mecanismo de Ação Opioides com ação pré-sinaptico - receptor acoplados AMGi, tendo uma diminuição do AMPc, inibe a abertura dos canais de cálcio. Opioides com ação pós-sináptico: atuação na estimulação canais de potássio para fora da célula, causando uma hiperpolarização da célula ficando mais distante do limiar de excitação. Receptores Acoplados a Gi/o Cascata serve para modular a ação do MPc. Efeitos Celulares: o Inibem a abertura de canais de cálcio (↓ neurotransmissão). o Induzem a abertura de canais de potássio (↓ excitabilidade pós-sináptica). Imagem: estimulo doloroso na periferia que será conduzido até o terminal desse axônio onde haverá uma sinapse no corno dorsal da medula espinal com o neurônio de segunda ordem. Quando o estimulo doloroso chega no terminal dessa fibra aferente ocorrerá a abertura dos canais de cálcio dependentes de voltagem, pois quando o cálcio entrar, a vesícula se fusiona e libera os neurotransmissores. Ao ocorrer a liberação de glutamato faz com que os Opioides tem ação pré-sináptico - receptor acoplados AMGi, tendo uma diminuição do AMPc, inibe a abertura dos canais de cálcio. pós-sináptico: atuação na estimulação canais de potássio para fora da célula, causando uma hiperpolarização da célula ficando mais distante do limiar de excitação. 16.10.2020 Farmacologia Geral Aula 9 – Profa. Aletheia Lacerda receptores se acoplem na superfície do feixe terminal. Neuropeptídeos: principalmente peptídio relacionado com o gene da calcitonina [PRGC] e a substância P MOR: receptores de opioides µ Neuropeptídeos: principalmente peptídeos relacionado com o gene da calcitonina [PRGC] e a substancia P MOR: receptores de opioides 𝜇 Via inibitória descendente Ativam neurônios inibitórios na via descendente → inibição da transmissão para corno dorsal Os opioides endógenos, a norepinefrina, a serotonina e o GABA que são liberados por neurônios inibitórios descendentes e/ou de circuito local, atuam em nível tanto pré-sináptico quanto pós-sináptico, inibindo a neurotransmissão. Agonistas e Antagonistas Efeitos Farmacológicos Efeitos do SNC A. Analgesia (µ) Ação no cérebro, tronco encefálico, medula espinal e terminações periféricas dos neurônios aferentes primários. - Efeitos na maioria dos tipos de dores agudas e crônicas; - Morfina também reduz o componente afetivo da dor; 16.10.2020 Farmacologia Geral Aula 9 – Profa. Aletheia Lacerda - Menos eficazes na dor neuropática. B. Euforia (µ) - A morfina causa intensa sensação de contentamento e bem- estar; - Morfina e heroína IV: ímpeto súbito (“onda”), pronunciada em pacientes angustiados; - Ocorre menos com codeína. C. Depressão respiratória (µ) - Pode ocorrer com dosesterapêuticas; - Ocasiona a diminuição da sensibilidade do centro respiratório à PCO2 e inibição da geração do ritmo respiratório; - Causa mais comum de óbito. D. Depressão do reflexo da tosse - Mecanismo não relacionado com as ações analgésicas; - Codeína suprime a tosse em doses subanalgésicas; porém causam constipação como efeito adverso. E. Náuseas e vômitos - Ocorrem em até 40% dos pacientes que utilizam a morfina (ação na zona quimiorreceptora do gatilho); geralmente são transitórios e desaparecem com a repetição da administração. F. Constrição pupilar (miose) - Estimulação do núcleo do nervo oculomotor (receptores µ e κ); - Pupilas puntiformes são características importantes para diagnóstico na intoxicação por Opioides. Efeitos no TGI (µ, δ e κ) • ↑tônus e ↓ mobilidade • Constipação, que pode ser grave • Diminuição do esvaziamento gástrico (altera absorção) • Aumento da pressão no trato biliar (contração esfíncter biliar) = aumenta dor em pacientes com cálculo biliar. Outras ações dos Opioides • A morfina libera histamina dos mastócitos (ação não relacionada com os receptores opioides). A petidina e o fentanil não produzem esse efeito • Urticária e prurido no local da injeção,broncoconstrição (não deve ser administrada em asmáticos), hipotensão e bradicardia (doses elevadas) • Efeitos imunossupressores complexos (uso abusivo) Usos Clínicos 1. Tratar e prevenir dor - No pré e no pós-operatório; - Em afecções dolorosas comuns, incluindo cefaleia, dismenorreia, trauma, queimaduras; - Em muitas emergências clinicas e cirúrgicas (p.ex., infarto do miocárdio e cólica renal); - Em doença terminal (especialmente câncer metastático) o A escolha e a via de administração dos analgésicos dependem da natureza e da duração da dor. o Uso direcionado pela escala analgesia. 2. Reduzir dor durante trabalho de parto (meperidina produz menos depressão respiratória neonatal); 3. Supressão da tosse 16.10.2020 Farmacologia Geral Aula 9 – Profa. Aletheia Lacerda Com doses menores que as necessárias para analgesia (Codeína, Dextrometorfano). 4. Anestesia Agente pré-anestésico, coadjuvante de outros agentes. 5. Diarreia Com doses menores que as necessárias para analgesia o Difenoxina (+atropina); Loperamida; Elixir paregórico (Papaver somniferum) Farmacocinética Via oral, parenteral, intratecal, peridural, dispositivos de analgesia controlada (I.V, S.C). Absorção oral variável (exceto codeína). Grande metabolismo de primeira passagem. Preparações de liberação prolongada 1⁄2 vida média de 3-6h. Receituário de controle A1 – notificação de receita amarela injetável, comprimido. Opioides fracos – receituário C1 Tramadol: também inibe receptação monoaminas. Superdosagem Sintomas clínicos primários: “Tríade de sinais” o Letargia ou coma o Depressão respiratória – causa da morte o Pupilas puntiformes Secundários o Hipotensão o Hipotermia com pele úmida ou fria; o Edema pulmonar o Convulsões (principalmente em crianças). Tratamento o Assistência respiratória e a outras funções vitais o Administração de antagonista opioide – Naloxona I.V (meia-vida curta ~30 a 80 min). Pode precipitar síncrome aguda abstinência. o Se determinado que outras drogas foram também usadas, trata-se 16.10.2020 Farmacologia Geral Aula 9 – Profa. Aletheia Lacerda também a superdosagem dessas drogas. Tolerância Pode ser detectada em poucos dias; Estende-se à maioria dos efeitos farmacológicos, mas afeta muito menos as ações constipantes e constritora da pupila. Dessensibiliação dos receptores de Opioides 𝜇 e alterações adaptativas em níveis celular e sináptico. Necessário ↑ dose para obter analgesia. Dependência Dependência física - ocorre após a retirada abrupta de morfina ou após a administração da naloxona; Caracteriza-se por síndrome de abstinência; Habituação cerebral e comportamental; Grupos de maior risco: usuários de heroína, pacientes com dor crônica e profissionais de saúde; Sinais menos intensos se a retirada do opioide for gradual Dura dias ou semanas. Mecanismos: o Ativação do sistema dopaminérgico mesolímbico o Hiperexcitabilidade reflexa espinhal Síndrome da abstinência aos Opioides Início: 8-12h; pico: 36-72h; duração: 5-10 dias. Tratamento da dependência Abuso e Dependência dos Opioides e Opiáceos. Projeto Diretrizes, AMB. Metadona É usada para evitar a síndrome de abstinência e bloquear os efeitos de euforia do consumo de Opioides; Pode causar arritmia ventricular e aumento de morte associada a esse opioide; Potencial de dependência Buprenorfina É um agonista parcial 𝜇 bem tolerado, utilizado no tratamento de manutenção, com baixo risco de sobredose e de abuso; Normalmente associada com naltrexona (antagonista). A dissociação a partir dos receptores é lenta com menos sinais e sintomas de abstinência em relação a outros Opioides. Inteirações Medicamentosas
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