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Exercícios Resistidos Prof. Ma. Karina A. M. Utida Fisioterapeuta – UFMS Residência Multiprofissional em Cuidados Continuados Integrados – UFMS Mestrado em Saúde e Desenvolvimento da Região Centro-Oeste – UFMS À medida que envelhecemos ... Mais importante, porém, é que o declínio na força muscular diminui a uma taxa três vezes maior. … Começamos a perder massa muscular, aproximadamente 1% a cada ano. GOODPASTER et al., 2006 As consequências desse declínio na força são significativas, com menor força muscular sendo associada a um aumento do risco de demência, necessidade de cuidados e mortalidade. Mas devemos aceitar isso como nosso destino, ou há algo que possamos fazer para impedir, reverter ou pelo menos retardar esse declínio relacionado à idade? Em 1990, um tipo de exercício chamado treinamento resistido progressivo, conhecido como treinamento de força, foi introduzido em nove nonagenários que moravam em uma casa de repouso, especificamente para tratar a perda de massa e força muscular e as consequências funcionais da incapacidade. Após apenas 8 semanas, esses idosos tiveram ganhos médios de força de 174%, com dois indivíduos não precisando mais de uma bengala para andar. Além disso, um em cada três indivíduos que não conseguiam levantar de uma cadeira, agora conseguia se levantar de forma independente. FIATARONE et al., 1990 Se eu lhe dissesse que havia um remédio que você ou um ente querido poderia tomar, e poderia torná-lo forte o suficiente para agora sair de uma cadeira, você aceitaria? E se você ou um ente querido tivesse uma fratura de quadril, e eu lhe dissesse que o mesmo medicamento poderia ajudar a reduzir o risco de mortalidade em 81% e o risco de institucionalização em 84%? Um estudo recente da Grã-Bretanha mostrou uma associação entre adultos que participaram de treinamento de força (2x/sem) e uma redução de 20% na mortalidade por qualquer causa e uma redução de 43% na mortalidade por câncer. Os dados do Estudo de Saúde da Mulher nos EUA foram muito semelhantes, com as mulheres relatando até 145 minutos por semana de treinamento de força com um risco de mortalidade por qualquer causa reduzido em 19 a 27%. Chimenti, Frey-Law, Sluka; 2018 Definição “Qualquer forma de exercício ativo na qual uma contração muscular dinâmica ou estável é resistida por uma força externa aplicada de modo manual ou mecânico” Força É um dos três componentes do desempenho muscular – força, potência e resistência. “Força máxima que o músculo pode desenvolver durante uma única contração, e é o resultado das interações complexas dos sistemas neurológico, muscular, biomecânico e cognitivo.” Potência Potência = trabalho produzido pelo músculo/tempo Trabalho = força x distância Resistência “É a capacidade do músculo de sustentar forças repetidamente, ou de gerar forças durante certo período.” “É a capacidade de um grupo de músculos de realizar contrações repetidas contra uma carga.” Conceitos Princípio da sobrecarga Para que o desempenho muscular melhore, é preciso aplicar uma carga que exceda a capacidade metabólica do músculo. • A carga deve ser progressiva • Os exercícios devem ser feitos até a falha • O descanso deve ser proporcional Princípio da especificidade do treinamento • Extensão da lei de Wolff: com o tempo, os sistemas se adaptam às cargas colocadas sobre eles. • Tipo de contração muscular: o músculo treinado isometricamente apresentará maior aumento de força quando testado isometricamente. O mesmo ocorre com o treinamento dinâmico. • ADM: os ganhos de força são maiores nos ângulos articulares exercitados. O treinamento resistido deve servir como BASE de treinamento sobre a qual o treinamento funcional seja realizado Princípio da transferência de treinamento • Efeito cruzado do membro exercitado para o membro contralateral não exercitado – alterações a nível de sistema nervoso? • Treinamento de força melhorando a resistência à fadiga Princípio da reversibilidade As mudanças adaptativas como o aumento da força ou resistência à fadiga, em resposta a um programa de exercícios resistidos são transitórias, a menos que as melhoras produzidas pelo treino sejam usadas regularmente nas atividades funcionais ou o paciente participe de um programa de manutenção com exercícios resistidos. Destreinamento: começa após 1 ou 2 semanas da interrupção dos exercícios resistidos e continua até os efeitos do treino serem perdidos. Adaptação do músculo esquelético aos exercícios resistidos Fator Influência Área de secção transversa e tamanho do músculo > diâmetro, > capacidade de gerar tensão Arquitetura muscular Fibras curtas com desenho de pena – maior capacidade de gerar força Desenho longo e paralelo nos músculos com alta capacidade de encurtamento, mas menos produção de força Distribuição dos tipos de fibras I – tônicas, de contração lenta II – fásicas, de contração rápida Alta % tipo I – baixa produção de força; resistência à fadiga Alta % tipo II – rápida produção de força; fadiga rápido Relação comprimento-tensão O músculo produz maior tensão quando está na posição fisiológica de repouso Recrutamento de unidades motoras > o nº de UM e a sincronização de disparos, > produção de força Frequência de disparos das unidades motoras > frequência de disparo, > tensão ADAPTAÇÕES AO EXERCÍCIO ESTRUTURA MUSCULAR SISTEMA NEURAL SISTEMA METABÓLICO COMPOSIÇÃO CORPORAL TECIDO CONJUNTIVO Hipertrofia (>tipo II), possível hiperplasia, remodelamento do tipo IIB p IIA ↑ força tensiva, ligamentos e tecido conjuntivo no músculo ↑ densidade mineral óssea ↑ massa muscular magra ↓ % de gordura ↑ recrutamento de unidades motoras ↑ taxa de disparo e sincronismo dos disparos ↑ reservas energética Hipertrofia mínima ↑ densidade dos leitos capilares ↑ densidade e volume mitocondrial Sem alterações ↑ reserva energética ↑ controle da PA massa muscular magra sem alteração? ↓ % de gordura Determinantes dos exercícios resistidos Alinhamento e estabilização Intensidade Volume Frequência Duração Intervalo de repouso Ordem dos exercícios Velocidade do exercício Periodização e variações no treinamento Integração da função Modo do exercício Evitar movimentos compensatórios (causados por sinergistas mais fortes ou por músculos que são normalmente estabilizadores) Alinhamento e estabilização Intensidade Intensidade = carga (sinônimo em algumas literaturas) • Cargas altas ou baixas? DEPENDE! • Considerar o tempo disponível e as condições do paciente Manualmente: A decisão é inteiramente subjetiva, baseada no julgamento do fisioterapeuta. Em um programa que usa resistência mecânica, a determinação da carga pode ser feita de maneira quantitativa (repetição máxima) Prescrição baseada na 1RM para indivíduos saudáveis • 60% a 70% de 1-RM (intensidade moderada a vigorosa) para iniciantes e intermediários, para melhorar a força • ≥80% 1-RM (intensidade vigorosa a muito vigorosa) para treinadores de força experientes para melhorar a força • 40% a 50% de 1-RM (intensidade muito leve a leve) para indivíduos mais velhos que começam o exercício para melhorar a força • 40% a 50% de 1-RM (intensidade muito leve a leve) pode ser benéfico para melhorar a força em indivíduos sedentários que iniciam um programa de treinamento de resistência • 50% de 1-RM (intensidade leve a moderada) para melhorar a resistência muscular • 20% a 50% de 1-RM em adultos mais velhos para melhorar a potência Visão desatualizada? Problema: nem sempre é possível medir 1 RM Distúrbios cardiovaculares Lesões articulares Lesões musculotendíneas Dor, medo Falta de recursosOsteoporose Solução1 : uso de equações de predição Solução 2: uso de repetition maximum targets Escolher uma carga relativamente baixa e contar o número de repetições 1/RM = CARGA X [1+(0.025X REPS)] 1RM = 5 kg x [1+ (0,025 x 10)] 1/rm= 5kgx [1+0,25) 1 RM = 5 X 1,25 1 RM = 6,25 kg Solução 3: Escala de esforço percebido de Borg Volume = total de séries e reps x resistência • Não existe fórmula para estabelecer a quantidade de séries e repetições • Diagrama de Holten: a quantidade de repetições dependerá da carga escolhida • A quantidade de séries na literatura varia de 1 a 6. • O número de repetições também é muito variável. • Mais importante, independente da carga escolhida: presença de fadiga muscular Volume Diagrama de Holten % da RM • Impacto na fadiga muscular e nos efeitos adaptativos do treinamento • Se diversos grupos são exercitados em uma única sessão: → Grandes grupos, antes dos pequenos → Músculos multiarticulares antes dos uniarticulares → Exercícios de alta intensidade antes de exercícios de intensidade mais baixa Ordem dos exercícios • Número de sessões por dia ou por semana • Depende de outras variáveis: intensidade, volume, metas, estado geral de saúde, participação prévia em um programa de exercícios resistidos e resposta ao treinamento • Quanto mais intenso, maior a necessidade de descanso, menor a frequência • Exercícios excêntricos necessitam de maior tempo para recuperação • Sessões curtas diárias no início da reabilitação (mas considerar cada caso) Frequência Duração = número total de semanas ou meses • Depende da causa do comprometimento do desempenho muscular • Pode variar de semanas à toda a vida • Primeiras 2 – 3 semanas → adaptações neurais • Para que ocorram mudanças significativas no músculo são necessárias, pelo menos, 6 a 12 semanas de treinamento resistido. Duração UFMS Intervalo de repouso = período de recuperação → intervalo entre séries → intervalo entre sessões Depende da intensidade e volume • Exercícios de alta intensidade e em grandes grupos musculares: > 3 mins • Exercícios de intensidade moderada: 2 a 3 mins • Menor intensidade: < 2 mins → intervalo entre sessões: intensidade moderada: treinamento em dias alternados Intervalo de repouso 34 homens destreinados divididos em dois grupos, realizaram exercícios resistidos por 12 semanas, 2x/semana. Grupo long rest (1:6 – uma série a cada 4 mins – 36 minutos total) vs Grupo short rest (1:3 – uma série a cada 2 minutos – 18 minutos) Modo = forma do exercício, tipo de contração e maneira como é executado • Dinâmico vs estático • Com apoio de peso (CCF) vs sem apoio de peso (CCA) • Com resistência mecânica vs com resistência manual vs resistência do peso corporal • ADM completa vs incompleta • Simular a atividade funcional desejada Modo do exercício Tipos de contração muscularContração estática ou isométrica a força é desenvolvida sem produzir qualquer movimento ao redor de um eixo (ou seja, nenhum trabalho é realizado) Contração dinâmica ou isotônica o termo isotônico sugere uma força uniforme durante toda a contração muscular dinâmica, mas nenhuma contração muscular dinâmica utiliza força constante por causa das mudanças na vantagem mecânica e no comprimento muscular. A velocidade afeta a tensão produzida. Mas será que ela afeta o desfecho força? Velocidade do exercício • O treinamento apenas com atividades lentas ou rápdas é INADEQUADO. • O treinamento apenas com exercícios concêntricos, excêntricos ou isométricos é INADEQUADO. • Atenção às demandas funcionais! A periodização divide o programa de treinamento em períodos e cria variações sistemáticas na intensidade, repetições, séries ou frequência dos exercícios. • Prevenir overtraining • Otimização do desempenho Periodização e variações no treinamento Equilíbrio entre estabilidade e mobilidade seletiva Equilíbrio dos movimentos ativos + controle neuromuscular Estabilidade controlA a mudança brusca de direção durante movimentos funcionais Não esquecer de abordar a força estática, além da dinâmica Integração da função Força Potência Resistência à fadiga TIPOS DE EXERCÍCIOS RESISTIDOS Tipo de déficit encontrado no exame Causa Extensão do comprometimento Estágio de cicatrização Condição da articulação Habilidades físicas e cognitivas Disponibilidade de equipamentos Metas Resultados funcionais desejados Tipos de exercícios resistidos Tipo de resistência manual mecânica Tipo de contração Dinâmica Concêntrico Excêntrico Isocinéticoisométrica Cadeia cinética aberta fechada Princípios gerais de treinamento resistido Exame e avaliação Preparo para os exercícios resistidos Aplicação dos exercícios resistidos Delinear o programa de exercícios Metas Resultados esperados Exposição do plano Vestimenta Local Aquecimento Posicionamento e direção da resistência Estabilização Monitoramento Desaquecimento Progressão Precauções e contraindicações • Alertar o paciente que não deve haver dor durante os exercícios resistidos • Não iniciar o treinamento resistido com resistência máxima • Evitar resistências máximas com crianças, idosos, indivíduos com osteoporose, em articulações instáveis ou região de fratura não totalmente consolidada • Estimular a expiração durante o exercício (evitar Valsalva) • Cuidados com compensações na coluna • Atenção às medicações em uso • Evitar excesso de treino • Interromper o exercício em casos de dor, tontura ou falta de ar não usuais ou súbitas
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