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DESCRIÇÃO Apresentação de bases teórico-metodológicas para a prescrição de exercícios físicos, visando o aprimoramento da aptidão cardiorrespiratória e função neuromuscular para populações saudáveis. PROPÓSITO Reconhecer a importância do domínio das bases teóricas e metodológicas da prescrição do treinamento físico para a melhoria da aptidão cardiorrespiratória, força muscular e flexibilidade, como componente fundamental na formação do profissional responsável pela elaboração, condução e supervisão de programas de exercícios físicos. OBJETIVOS MÓDULO 1 Reconhecer as bases teóricas e metodológicas para a prescrição de exercícios em busca da melhoria da aptidão cardiorrespiratória MÓDULO 2 Reconhecer as bases teóricas e metodológicas para a prescrição de exercícios em busca da melhoria da força muscular MÓDULO 3 Reconhecer as bases teóricas e metodológicas para a prescrição de exercícios em busca da melhoria da flexibilidade INTRODUÇÃO Uma das preocupações impostas pelo estudo da aptidão física é o comportamento dos seus componentes à medida em que envelhecemos. Assim, é importante compreender as modificações que ocorrem com o avançar dos anos e as respostas ao exercício físico. Logo, o entendimento das formas pelas quais a intervenção do profissional de Educação Física pode contribuir para o desenvolvimento dos componentes da aptidão física é um aspecto fundamental de sua formação. Ainda que se careçam de definições universais para os componentes da aptidão física, aceita- se que quatro qualidades físicas são importantes para a saúde: força muscular, flexibilidade, capacidade cardiorrespiratória e composição corporal. As duas primeiras relacionam-se ao que se entende por função muscular, enquanto a capacidade cardiorrespiratória remete ao potencial de produção de energia para o trabalho físico ou, em termos genéricos, à função cardiorrespiratória. Já a composição corporal é determinada por fatores múltiplos, sendo influenciada pelo treinamento da força e aeróbio, em virtude do impacto na massa muscular e dispêndio calórico total. Níveis adequados de força e flexibilidade são necessários para a realização de tarefas cotidianas, com maior eficácia e menor probabilidade de lesões. Enquanto a força remete às possibilidades de desenvolvimento de tensão por meio da contração muscular, a flexibilidade exprime a amplitude de movimentos necessária para a execução de atividades diversas. No que tange ao treinamento aeróbio, trata-se da modalidade mais identificada com a promoção da saúde de forma geral. A preservação da capacidade de responder às demandas energéticas das atividades diárias figura entre os principais objetivos de qualquer programa de exercícios. Um bom potencial aeróbio implica em reserva orgânica, que se traduz em melhor aproveitamento das horas de lazer e rendimento no trabalho. A preservação desses componentes da aptidão física ao longo da vida, em última análise, relaciona-se à manutenção de uma vida autônoma. Fonte: Shutterstock.com MÓDULO 1 Reconhecer as bases teóricas e metodológicas para a prescrição de exercícios em busca da melhoria da aptidão cardiorrespiratória IMPORTÂNCIA DO TREINAMENTO DA CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA A capacidade de consumir oxigênio para produzir energia é importante para a independência. Indivíduos, cuja aptidão cardiorrespiratória é elevada, realizam as atividades do cotidiano com maior eficiência, as quais impõem menor intensidade relativa. Uma maior capacidade aeróbia acarreta menor demanda para a realização de esforços submáximos e recuperação mais rápida após trabalho físico intenso. A função cardiorrespiratória é importante para uma vida independente, pois relaciona-se à produção da energia necessária aos processos metabólicos. Na juventude, as atividades diárias não representam demandas excessivas, as diferenças entre indivíduos fisicamente mal ou bem condicionados torna-se mais evidente em idades avançadas: o esforço relativo imposto por tarefas, como subir escadas, transportar pesos ou caminhar longas distâncias pode aproximar-se perigosamente da capacidade máxima de trabalho, com prejuízo à independência funcional. Fonte: Shutterstock.com Em adultos jovens, as atividades de rotina não pedem muito dos sistemas responsáveis pela produção de energia. Com a idade, porém, tarefas anteriormente tidas como normais podem sobrecarregar as reservas orgânicas. COMENTÁRIO Aceita-se que o pico da capacidade cardiorrespiratória seja atingido por volta dos 20-22 anos de idade, quando então se inicia um declínio progressivo (SPIRDUSO, 1995). Durante muito tempo, a sobrecarga das atividades cotidianas é suficiente para manter a capacidade de produzir energia, mas, aos poucos, mudanças no sistema de transporte de oxigênio e na própria massa muscular tornam-nas insuficientes. A literatura sugere que reduções da ordem de 10 a 12% por década da vida adulta ocorram na capacidade aeróbia – aproximadamente 0,42 ml/Kg/min por ano (MONTEIRO; FARINATTI, 2008). Nesse contexto, deve-se recordar que a carga de trabalho associada a qualquer tarefa independe do nível de aptidão do executante. Ou seja, se um indivíduo exibe capacidade aeróbia elevada, tende a realizar as tarefas cotidianas com sobras. Por outro lado, quando sua capacidade é reduzida, passa a executá-las com dificuldade ou não as consegue completar. Muitos fatores contribuem para a diminuição da capacidade máxima de consumo de oxigênio (ou VO2máx). Incontestavelmente, o mais importante é o declínio gradual do débito cardíaco, devido à redução progressiva da frequência cardíaca máxima (SHEPHARD, 1997). Durante atividades submáximas, a frequência cardíaca relativa (% do máximo) eleva-se mais rapidamente em idosos que jovens, além de atingir menores valores máximos. Adicionalmente, os períodos de recuperação tendem a ser mais longos em idosos, particularmente quando exibem capacidade física reduzida. O volume sistólico também tende a diminuir devido a modificações na contratilidade do miocárdio. Enfim, a própria capacidade muscular para extrair oxigênio do sangue e produzir energia por meio do metabolismo aeróbio, traduzida pela diferença arteriovenosa de oxigênio, pode sofrer redução com a idade em virtude de diminuição na massa muscular, capilarização dos tecidos ou capacidade oxidativa celular. Com isso, sobrevém com o envelhecimento uma limitação progressiva da capacidade de se consumir oxigênio e produzir energia para o trabalho físico, o que pode comprometer a independência funcional e a qualidade de vida (ÅSTRAND et al ., 1997). DÉBITO CARDÍACO O débito cardíaco (Q) corresponde à quantidade total de sangue bombeada pelo coração a cada minuto (L/min), definido pelo produto entre frequência cardíaca (FC) e volume sistólico (VS) (Q = FC x VS). A FC refere-se ao número de sístoles (ou batimentos) por minuto (bpm), enquanto o VS representa o montante de sangue ejetado do coração a javascript:void(0) cada sístole (ml/min). Assim, o Q pode ser modificado por flutuações na FC, VS ou ambos. Fonte: Shutterstock.com O exercício físico regular é recomendado para a preservação da independência funcional e saúde ao longo dos anos. O montante de atividade física habitual é determinante das diferenças na capacidade física individual, principalmente, a partir da meia-idade. Fonte: Shutterstock.com Além disso, tudo leva a crer que um estilo de vida ativo se associe a menores taxas de mortalidade e morbidade por todas as causas, especialmente as cardiovasculares (ACSM, 2018). Fonte: Shutterstock.com Quando indivíduos sedentários começam a se exercitar, a capacidade aeróbia é reconduzida a patamares convenientes, o que se dá mesmo em idades avançadas. As evidências indicam que o treinamento aeróbio pode melhorar a capacidade cardiorrespiratória em todas as idades. É interessante mencionar que fatores independentes da idade responderiam pela maior parte do declínio da capacidade cardiorrespiratóriaao longo dos anos. Estudos sugerem que 50-80% da redução da capacidade aeróbia durante o envelhecimento decorreria de estilos de vida fisicamente inativos e/ou composição corporal inadequada. Desse modo, manutenção de uma vida ativa é tida como aspecto importante da qualidade de vida, aumentando as possibilidades de se levar uma vida independente e prevenir mortalidade precoce (MONTEIRO; FARINATTI, 2008). Os benefícios do exercício, porém, dependem de uma aplicação adequada dos estímulos. Por isso, as atividades devem ser planejadas e supervisionadas para que os efeitos desejados ocorram. Tanto em programas formais de exercícios, quando nas atividades físicas no lazer, é preciso produzir uma relação dose-resposta compatível com os efeitos que se deseja provocar. Logo, o profissional que lida com a prescrição de exercícios deve ser capaz de administrar cargas que satisfaçam essa relação. CARACTERÍSTICAS DO TREINAMENTO DA CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA O treinamento da aptidão cardiorrespiratória abrange atividades aeróbias e deve ser elaborado de forma a proporcionar uma melhora na capacidade de se oferecer oxigênio à musculatura exercitada (circulação central) e nas condições que esses tecidos têm de extraí-lo do sangue para produzir energia (circulação periférica). Quão maior o nível de aptidão, maior a preocupação com as particularidades das situações para as quais se treina, aumentando-se a especificidade das intervenções: solicitações motoras especiais demandam adaptações fisiológicas especiais. Fonte: Shuttertock.com Há duas ênfases principais no treinamento aeróbio: TREINAMENTO COM ÊNFASE NA SAÚDE Cujo objetivo principal recai no aprimoramento dos componentes central e periférico da função cardiorrespiratória, visando incrementar aptidão física geral. TREINAMENTO COM ÊNFASE NO DESEMPENHO Com propósito de aumentar a capacidade para a realização de atividades específicas, com a maior intensidade possível. Quando se trata de desempenho, o aprimoramento do componente periférico, através da especificidade dos estímulos, torna-se prioridade pelas razões que veremos a seguir. ATENÇÃO Independentemente da ênfase no treinamento, planejamento e controle adequados demandam avaliação inicial. Além da avaliação clínica, aconselhável particularmente para indivíduos a partir dos 40 anos, é útil determinar o nível de aptidão aeróbia dos praticantes. A medida do VO2 através de análise de gases é considerada como o mais preciso indicador da capacidade cardiorrespiratória, traduzindo o potencial de produção de energia por meio do metabolismo aeróbio. Existem muitos testes de laboratório ou campo para medir ou estimar o VO2máx, entretanto, a estrutura necessária para esse tipo de avaliação nem sempre é acessível e depende de recursos humanos especializados. Alternativamente, aplicam-se testes de exercício máximo em ergômetros variados, estimando-se o VO2máx indiretamente, ao mesmo tempo que são obtidas informações acerca das respostas cardíacas (eletrocardiograma) e hemodinâmicas (pressão arterial). No caso de indivíduos com baixo risco, testes de campo podem ser utilizados. Fonte: Shutterstock.com Além de ser importante na planificação de programas de treinamento, o conhecimento das condições físicas iniciais do praticante ajuda a definir expectativas quanto aos efeitos. Os indivíduos são, por vezes, tão sedentários que mesmo programas à primeira vista ineficazes revelam-se adequados para melhorar a capacidade cardiorrespiratória. Por outro lado, em praticantes treinados, estímulos com maiores intensidades e volumes fazem-se necessários para provocar respostas satisfatórias. Deve-se reconhecer que a quantidade, intensidade e modalidade dos exercícios para promover a saúde são diferentes daqueles recomendados para melhorar a aptidão física. Níveis menores de atividade física podem ter impacto favorável sobre fatores de risco para doença cardiovascular e/ou metabólica, do que aqueles exigidos para melhorar a capacidade cardiorrespiratória. Assim, intensidade e volume devem ser planejados a partir dos objetivos do treinamento. As principais características que devem nortear o trabalho de condicionamento aeróbio são: Tipo de atividade Duração do esforço Intensidade do esforço Frequência do treinamento As possibilidades de escolha do tipo de atividade são diversificadas e remetem a aspectos como a ludicidade e acesso a equipamentos. Na verdade, a escolha do tipo de atividades deve subordinar-se ao potencial de adesão dos indivíduos às rotinas de treinamento. Para otimizar as possibilidades de incremento da capacidade cardiorrespiratória, é bem aceito que os exercícios devam envolver grandes massas musculares, exercitadas de forma cíclica e contínua. Alguns exemplos são as caminhadas, corridas, natação, ciclismo ou remo. O ACSM (2018) divide as atividades físicas em três grupos distintos: GRUPO 1 Atividades como a caminhada, jogging (corrida lenta) e ciclismo, que podem ser mantidas em intensidade constante e cuja variabilidade interindividual em termos de gasto energético é baixa. As atividades desse grupo são adequadas a iniciantes ou pessoas com condição física reduzida, por não exigirem habilidades motoras complexas. Além disso, a intensidade do esforço é facilmente controlada. Atividades como a caminhada e ciclismo envolvem menor estresse ortopédico, podendo ser praticadas por indivíduos com uma faixa bastante variada de massa corporal e condicionamento físico. Já o jogging requer maior nível de aptidão física, associando-se a maiores riscos de lesão muscular, óssea ou articular, principalmente, quando a massa corporal é elevada. Para praticá-lo, é preciso exibir condição cardiorrespiratória e muscular adequadas. Sem isso, dificilmente, consegue-se manter a atividade por períodos compatíveis com os efeitos perseguidos. Iniciantes podem ter dificuldades durante certos tipos de exercício, sobretudo quando incluem componente localizado intenso (remo, transport ou step ). Nesses casos, opções como o ciclismo estacionário ou caminhada são aconselhadas. Uma combinação interessante, que permitiria evoluir aos poucos da caminhada para a corrida, seria alternar as duas formas de atividade ao longo de uma mesma sessão de treinamento. GRUPO 2 Inclui atividades que exigem habilidades técnicas refinadas, como a natação ou patinação. Nesse tipo de atividades, o gasto energético relaciona-se com a habilidade técnica – quanto maior a habilidade, maior a eficiência. Indivíduos habilidosos são capazes de manter intensidades moderadas ou elevadas por períodos prolongados, o que é mais difícil quando não se domina as técnicas necessárias. As atividades do Grupo 2 não apresentam maiores problemas para o controle da intensidade do esforço. Contudo, a exigência de habilidades específicas pode limitar um pouco sua aplicação para iniciantes. Por serem atividades cíclicas que envolvem grandes grupamentos musculares e execução prolongada, podem fazer parte de programas de exercícios aeróbios para diferentes grupos. GRUPO 3 Inclui a dança, ginástica aeróbia e desportos coletivos, aos quais implicam em intensidade elevada e variável. Devido a essa característica, o controle dos estímulos aplicados é mais difícil, mas, geralmente, induzem alto gasto calórico, o que pode ser desejável em programas de emagrecimento. Essas atividades têm um bom componente lúdico devido ao prazer que proporcionam, contribuindo com a socialização e com a adesão aos programas de treinamento. A duração do esforço é um componente do volume do treinamento e costuma ser inversamente proporcional à intensidade. Preconiza-se que sessões de treinamento aeróbio tenham duração de 20 a 60 min. Deve-se notar que um maior volume total de treinamento pode ser mais facilmente mantido quando combinado a intensidades menores de esforço. Então, o equilíbrio entre intensidade e duração deve ser atingido a partir da análise das condições físicas do indivíduoe dos objetivos do programa, evoluindo para maiores intensidades, com redução da duração das sessões. Em termos epidemiológicos, estima-se que um montante de atividades físicas da ordem de 150 min/semana de exercícios moderados (30-60 min/dia) ou 75 min/semana de exercícios vigorosos (ou 20-60 min/dia), ou uma combinação de atividades moderadas a vigorosas seriam ideais para a prevenção de doença cardiovascular ou metabólica. Em iniciantes fisicamente inativos, um montante de 20 min/dia parece já surtir efeitos positivos nesse sentido (GARBER et al ., 2011). Um outro aspecto importante a ser analisado é a possibilidade de se compensar intensidades menores de treinamento através do aumento da duração. Isso pode ser feito em programas visando emagrecimento, nos quais o objetivo principal é o dispêndio calórico. Praticantes obesos podem não tolerar atividades intensas por mais que poucos minutos, além de rejeitarem por desconforto exercícios mais intensos. Ao reduzir a intensidade e aumentar a duração do exercício, pode-se alcançar gastos calóricos similares, atendendo às prioridades desse tipo de programa. A intensidade do treinamento tem relação direta com a sobrecarga fisiológica. As adaptações em longo prazo na aptidão cardiorrespiratória parecem depender principalmente desse componente. No treinamento aeróbio, a intensidade de esforço é geralmente determinada para que se possa sustentar o exercício em condições de estado estável, ou seja, equilíbrio entre oferta e demanda de O2, com estabilidade de marcadores fisiológicos como o próprio VO2, frequência cardíaca ou pressão arterial. Para tanto, prescrevem-se exercícios com intensidade submáxima de acordo com o estado de treinamento. Assim, se para indivíduos iniciantes indicam-se atividades com intensidade leve a moderada (40-70% do VO2máx), para praticantes treinados recomendam-se intensidades moderadas a vigorosas (até 90% VO2max). Para o indivíduo médio, a faixa de intensidade considerada como sensível ao treinamento varia entre 60 e 90% do VO2máx (GARBER et al ., 2011; ACSM, 2018). Um conceito importante quando se fala em intensidade do treinamento aeróbio é o de limiar anaeróbio. À medida que a atividade se torna mais intensa, a produção de lactato extrapola a capacidade de metabolização das fibras musculares, passando a difundir em quantidade maior para o sangue. Ao atingir determinados patamares, essa concentração pode contribuir para uma elevação significativa da percepção do esforço, diminuindo com isso a duração da atividade. A sensação subjetiva de fadiga parece ser estreitamente relacionada com o lactato sanguíneo. Diferentes níveis de concentração no lactato sanguíneo definem o que se conhece por limiares de lactato ou limiares anaeróbios (POOLE et al ., 2020). COMENTÁRIO Sabe-se que o acúmulo de lactato durante o exercício resulta mais de fatores periféricos (musculares) que centrais (oferta de oxigênio). Logo, o treinamento pode alterar as respostas de produção e remoção do lactato de um grupo muscular face a um trabalho específico, sem que com isso haja reflexos significativos no VO2máx ou na tolerância de outros grupamentos musculares (MONTEIRO e FARINATTI, 2008). Dois indivíduos podem ter capacidades máximas de consumo de oxigênio equivalentes, mas, exibirem concentrações diversas de lactato sanguíneo em resposta a diferentes modalidades de exercício feitas na mesma intensidade. Na prática, isso significa que, a partir de certo grau de condicionamento aeróbio, a prescrição do treinamento deve ser a mais específica possível para a modalidade para que se busque aumento de desempenho. É comum que atletas de alto nível exibam desempenhos elevados em sua modalidade, mas não em outras, ainda que seu VO2máx seja elevado. Isso explica por que os testes físicos de atletas devem ser específicos – corredores não exibirão bons resultados no ciclo ergômetro, enquanto ciclistas não deveriam ser testados em esteiras, ainda que ambos possam exibir VO2máx semelhantes. Um outro aspecto desse conceito refere-se ao uso dos limiares de lactato em suas diferentes estimativas (limiares ventilatórios) como indicadoras do estado de treinamento. A concentração de lactato para uma mesma intensidade relativa pode diferir entre indivíduos com VO2máx semelhante, que executam a mesma modalidade de exercício, dependendo do seu estado de treinamento. Na população em geral, assume-se que o primeiro limiar anaeróbio se situe em torno de 50% do VO2máx. Em indivíduos treinados, o acúmulo de lactato sanguíneo compatível com desconforto durante a atividade pode ocorrer em intensidade relativa superior a 90% do VO2máx. À medida que a aptidão cardiorrespiratória melhora, os indivíduos tornam-se capazes de se exercitar em intensidades relativas maiores com mais conforto – por outro lado, quanto maior esse patamar, independentemente, do VO2máx, menor o ganho com o treinamento e maiores os volumes necessários para induzir ganhos. A partir de determinado nível de treinamento, a expectativa de melhorias repousa muito mais na capacidade de se exercitar em cargas submáximas, com eficiência e conforto, do que no aumento do VO2máx. Em geral, em virtude de limitações centrais, aceita-se que as possibilidades de incremento no potencial de oferta de oxigênio, em resposta ao treinamento físico, situem-se em torno de 20% (POWERS e HOWLEY, 2011). Por outro lado, pode-se aumentar em muito a eficiência muscular na captação e metabolização do oxigênio (circulação periférica), com incrementos na capacidade de desempenho em uma determinada modalidade. A frequência semanal é outro componente do volume de treinamento e deve ser estruturada para que ocorram adaptações favoráveis. Pode ser interpretada como o equilíbrio entre a aplicação dos estímulos e tempo de recuperação, para que se otimize o processo de supercompensação. A frequência semanal de treinamento influencia e é influenciada pela intensidade das atividades. Há evidências de que a opção de trabalhar com intensidades menores possa ser compensada por uma maior frequência, particularmente em praticantes com menor aptidão. Contudo, intensidades elevadas de treino exigirão mais tempo de recuperação, com redução nas possibilidades de se trabalhar mais dias na semana (MONTEIRO e FARINATTI, 2008). Outro aspecto que deve ser levado em conta no estabelecimento da frequência semanal é o risco de lesões, principalmente, quando se lida com populações mais frágeis ou em início de treinamento. Os problemas decorrem de durações prolongadas de esforço, conjugadas com quantidade elevada de sessões semanais. Frequências superiores a 3-4 vezes por semana deveriam ser evitadas, especialmente nas atividades em que o nível de impacto é maior. Parece haver um ponto ótimo de aplicação dos estímulos, no qual os efeitos fisiológicos podem ser potencializados sem a ocorrência de lesões. Infelizmente, isso é bastante individual, não existindo evidências consistentes sobre qual a melhor combinação de frequência, duração e intensidade do exercício em pessoas com níveis distintos de aptidão física. Pode-se afirmar que a incidência de lesões tende a ser maior quando as frequências semanais se situam nos extremos (exercitação esporádica vs . demasiada). O risco associado à quantidade de exercícios físicos respeita uma curva em U, na qual os extremos deveriam ser evitados, conforme ilustrado na Figura 1. SUPERCOMPENSAÇÃO O princípio da supercompensação estabelece que, quando o organismo recebe estímulos maiores que a capacidade atual nas sessões de treinamento (sobrecarga), tende a se preparar para novo estresse do exercício, através da reposição das reservas gastas e adaptações estruturais (síntese proteica) que o leve a condições melhores do que exibia anteriormente. javascript:void(0) Fonte: EnsineMe. Figura 1. Risco associado à quantidade de exercício físico. A metodologia de trabalho exerce influência direta na magnitude dos efeitos obtidos.É comum utilizarem-se os termos treinamento contínuo e treinamento intervalado para designar formas de condução do treino aeróbio. O treinamento contínuo visa a evolução do praticante quanto ao incremento do volume de estímulos, o que não quer dizer que a intensidade seja negligenciada. Busca-se aplicar o maior volume com a maior intensidade possível. O treinamento contínuo envolve intensidades de 50 a 85% do VO2máx, sustentadas durante 30 a 60 min. Na maior parte dos casos, intensidades abaixo do limiar anaeróbio são aplicadas, mas podem exceder esse patamar em praticantes treinados e sessões mais curtas. Pode-se classificar as sessões de treinamento contínuo da seguinte forma (MONTEIRO e FARINATTI, 2008): INTENSIDADES ENTRE 40-60% DO VO2MÁX Preconizadas para iniciantes, com ênfase no volume de treinamento. INTENSIDADES ENTRE 60-80% DO VO2MÁX Preconizadas para praticantes com nível intermediário, com ênfase na intensidade, embora o volume também seja importante. Treinamentos com essas intensidades podem melhorar o limiar anaeróbio. INTENSIDADES ACIMA DE 80% DO VO2MAX Preconizadas para indivíduos bem condicionados, sendo mais aplicáveis em atividades de curta e média duração, com maior ênfase na intensidade do que no volume (gasto calórico). No treinamento intervalado, há uma alternância de estímulos com intensidades variadas. Uma diferença básica entre o treinamento intervalado e o contínuo está nas variações de estímulos ao longo de uma mesma sessão. No treinamento intervalado, as variações são mais constantes (menor presença de steady-state ), envolvendo maior amplitude das intensidades de esforço. Sessões de treinamento intervalado são aplicadas alternando-se fases fortes (estímulo principal) com fases fracas (recuperação), levando o indivíduo a exercitar-se durante maior tempo com cargas que sustentaria por períodos muito curtos, caso a atividade fosse realizada de maneira contínua. Isso se deve ao caráter intermitente, que permite que o efeito do acúmulo de lactato de uma carga sobre a outra seja reduzido. Devido à característica intermitente, o treinamento intervalado permite que se realize um grande volume de trabalho em alta intensidade. Em geral, almeja-se uma exercitação em intensidades mais elevadas do que as possíveis no treinamento contínuo, partindo-se da premissa de que não conseguiriam ser sustentadas por períodos prolongados. O estresse exigido nessa modalidade de treinamento tende a provocar adaptações mais rápidas no sistema de transporte de O2 e fibras musculares, cuja capacidade de suportar e metabolizar concentrações elevadas de lactato é desenvolvida pela obrigação de acelerar a sua remoção nos intervalos e acúmulo nos períodos de exercício. Os componentes do treinamento intervalado são a duração e intensidade do esforço, número de repetições, relação entre estímulos nas fases forte e fraca (1:1, 1:2, 1:3 etc.) e atividades em cada uma das fases. Os períodos de recuperação são organizados para reduzir a fadiga. Por isso, uma adequada relação entre estímulo e recuperação é crucial na organização do treinamento. Por exemplo, digamos que o praticante seja capaz de correr durante apenas cinco minutos com intensidade de 95% do VO2máx. Em um modelo no qual se aplicam fases de 3 min com essa intensidade, alternadas com 2 min com carga correspondente a 70% do VO2máx, em uma sessão de 30 min, pode-se levá-lo a correr na carga desejada por 18 min (MONTEIRO e FARINATTI, 2008). Isso pode ser feito com indivíduos treinados, para aumentar a resistência a determinadas cargas, mas também com aqueles pouco aptos, com limitações importantes. Nesses casos, o propósito é levá-los a desempenhar continuamente o exercício na intensidade almejada, aumentando progressivamente a duração das fases fortes e restringindo os intervalos ou fases fracas. CONTROLE DA INTENSIDADE DO EXERCÍCIO AERÓBIO Diversas estratégias para controlar a intensidade do exercício aeróbio podem ser aplicadas (Figura 2). Dentre elas, a frequência cardíaca é a mais utilizada, devido à estreita relação com o VO2 e facilidade da medida. Estratégias mais precisas de prescrição com base no componente periférico (muscular), como a determinação dos limiares de lactato ou ventilatórios, têm aplicação difícil e pouco sensível na população em geral, sendo mais indicada em indivíduos altamente treinados. Por outro lado, medidas do VO2máx através de testes cardiopulmonares demandam equipamentos custosos e formação específica, nem sempre presentes na prática profissional cotidiana. Deve-se notar que, em grande parte da população, é possível melhorar o VO2máx devido a adaptações na circulação central e esse é o objetivo de programas com ênfase na saúde. Assim, na ampla maioria das situações, a utilização da frequência cardíaca como método de controle da intensidade é suficiente. Há duas maneiras de estimar a intensidade do exercício por meio da frequência cardíaca, seja calculando-se percentuais da frequência cardíaca máxima (FCmáx) ou da frequência cardíaca de reserva (FCR). Em ambos, é preciso medir ou estimar a FCmáx. Para tanto, podem ser aplicados testes máximos em laboratório ou em campo, mas também valer-se de estimativas com base em equações preditivas. ATENÇÃO É importante lembrar que nem sempre é possível aplicar testes máximos em nosso ambiente profissional, principalmente em populações de risco (idosos, hipertensos, obesos), o que faz das equações preditivas opção preferencial em muitos casos. Há muitas fórmulas disponíveis, incluindo variáveis como a idade, sexo, composição corporal ou estado de treinamento. Todas, contudo, têm limitações quanto à precisão devido à variabilidade da frequência cardíaca entre indivíduos da mesma idade (± 10 bpm). Então, é comum que essas fórmulas produzam valores subestimados ou superestimados, que devem ser aplicados com cautela, quando do estabelecimento de zonas alvo de treinamento. A equação mais conhecida para a estimativa da FCmáx é a que estabelece como equivalente a “220 – idade”. Em interessante revisão da literatura, Robergs e Landwehr (2002) indicaram que essa fórmula não teria sido formalmente desenvolvida com base em estudos de validação criteriosa, mas derivada informalmente por Fox et al . (1971). Com base nas várias propostas então existentes, os autores sugerem que as diferentes equações que estimam a FCmáx a partir da idade equivalem-se em relação ao seu poder de previsão e erros de estimativa. O conceito de FCR remete às possibilidades de elevação da frequência cardíaca durante o exercício, à faixa que vai dos valores de repouso até a FCmáx. Além da FCmáx deve-se também medir a frequência cardíaca de repouso (FCrep). A FCR de trabalho (expressa como %FCR) representa a proporção relativa à diferença entre FCrep e FCmáx. A frequência cardíaca alvo da prescrição do exercício pode ser calculada pela fórmula: FCR Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Ao levar-se em consideração a FCrep para a estimativa da intensidade do esforço, tem-se um controle mais individualizado da prescrição em comparação com o simples cálculo de percentuais da FCmáx. Em indivíduos idosos, por exemplo, o uso do %FCmáx pode produzir pulsações tão baixas, que coincidem ou ficam mesmo abaixo da FCrep. Tomemos como exemplo um indivíduo com 65 anos de idade. Ao estimarmos sua FCmáx utilizando a equação “220 – idade”, obtemos o valor de 155 bpm. Se desejarmos que se exercite com 50% da FCmáx, isso perfaria uma frequência cardíaca de 77 bpm, o que poderia equivaler ao valor exibido em repouso. O método da FCR, portanto, revela-se mais adequado para aplicação em indivíduos com mais de 60 anos de idade (MONTEIRO e FARINATTI, 2008). O Quadro 1 apresenta as relações teóricas existentes entre %FCmáx, %FCR e diferentes intensidades com base em %VO2max. Fonte: EnsineMe. Figura 2. Variáveis utilizadas no controle da intensidade do treinamento aeróbio. % VO2max% FCR % FCmáx 50 50 66 55 55 70 60 60 74 65 65 77 70 70 81 75 75 85 80 80 88 85 85 92 90 90 96 Quadro 1. Relação entre os percentuais do VO2máx , FCR e FCmáx Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Uma estratégia complementar para controlar a intensidade do esforço são as escalas de percepção subjetiva do esforço. Dentre os instrumentos mais utilizados, destaca-se a escala proposta por Gunnar Borg, nos anos 1980 (BORG, 1998). Parte-se da premissa de que a toda carga corresponderia uma resposta fisiológica, mas também uma carga mental que se refletiria em respostas perceptivas. Logo, ao se avaliar as respostas perceptivas, seria possível estimar a intensidade da carga física vivenciada pelo praticante. Inicialmente proposta com variação de 6 a 20 (correspondendo a pulsações entre 60 e 200 bpm), a Escala de Borg veio sendo aperfeiçoada para utilização no sistema decimal até a versão mais correntemente utilizada, denominada Escala de Borg CR-10 (Quadro 2). Grau Esforço Percepção 0,3 Absolutamente nada Nenhuma percepção 0,5 Extremamente fraco Apenas perceptível 1 Muito fraco 1,5 2 Fraco Leve 2,5 3 Moderado 4 5 Forte Intensa 6 7 Muito forte 8 9 10 EXTREMAMENTE FORTE PERCEPÇÃO MÁXIMA 11 Máximo absoluto Percepção a mais intensa possível Quadro 2. Escala de Borg CR-10. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Ao ser aplicada em combinação com a frequência cardíaca, a Escala de Borg revela-se útil na correção de possíveis desvios na estimativa da intensidade do exercício. Isso é importante em razão dos frequentes erros na estimativa da FCmáx, quando se utilizam equações preditivas. Se a percepção do esforço se apresenta muito acima ou abaixo do esperado para uma dada intensidade associada ao %FCmáx ou %FCR, é provável que se tenha superestimado ou subestimado o praticante e ajustes podem ser realizados. Para tanto, vale-se de quadros comparativos entre a classificação da intensidade do exercício e expectativas para os escores de percepção do esforço, conforme ilustrado no Quadro 3. Intensidade Relativa (%) Borg (CR-10) Intensidade FCMAX VO2 max ou FCRMAX < 35% < 30% < 1 Muito Leve 35 – 59% 30 – 49% 1 – 2 Leve 60 – 79% 50 – 74% 3 – 4 Moderada 80 – 89% 75 – 84% 5 – 6 Pesada ≥ 90% ≥ 85% > 6 Muito Pesada Quadro 3. Classificação da intensidade do exercício em atividades contínuas de 20-60 min Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal RECOMENDAÇÕES DE AGÊNCIAS NORMATIVAS É possível encontrar recomendações para o treinamento aeróbio em textos divulgados pelo American College of Sports Medicine, American Heart Association ou Organização Mundial da Saúde. Em que pese essa multiplicidade de fontes, os aspectos centrais da prescrição do treinamento aeróbio na população em geral acabam por se assemelhar. O Quadro 4 sumariza os itens mais comumente considerados no delineamento de programas de treinamento, visando melhorar a aptidão cardiorrespiratória no contexto da promoção da saúde e qualidade de vida (DONNELLY et al ., 2009; GARBER et al ., 2011; ACSM, 2018; NELSON et al ., 2007; WHO, 2010). Quanto aos objetivos Aumento da capacidade cardiorrespiratória por meio de atividades regulares com intensidade moderada a vigorosa, diminuição do risco cardiovascular através de volumes mínimos de atividades moderadas a vigorosas e controle ponderal ao produzir gasto calórico adequado a programas de emagrecimento. Quanto à intensidade Atividades com intensidade moderada (3-6 METs) a vigorosas (> 6 METs). Atividades menos intensas, inclusive leves (< 3 METs) podem ser suficientes para iniciantes. Quanto à duração Aconselha-se acumular 30-60 min/dia (150 min/semana) de atividades com intensidade moderada ou 20-60 min/dia (75 min/semana) de atividades vigorosas. Uma combinação de atividades moderadas a vigorosas revela-se adequada para a maior parte dos adultos saudáveis. Rotinas com menos de 20 min/dia podem ser suficientes para iniciantes previamente sedentários. Quanto à frequência semanal Aconselha-se um mínimo de 5 dias/semana de atividades de intensidade moderada ou 3 dias/semana de atividades vigorosas. Uma combinação de ambos os tipos de atividade em 3-5 dias/semana também é adequada. Quanto ao volume total Um volume de 500-1000 METs/min/semana é recomendado, o que equivaleria a 7000 passos/dia. Em programas de emagrecimento, busca-se um dispêndio energético de 1200-2000 kcal/semana. Quanto à modalidade dos exercícios Exercícios envolvendo grandes massas musculares, principalmente, membros inferiores, executados de forma cíclica são recomendados. Quanto ao tipo de treinamento O volume recomendado de exercícios pode ser atingido por meio de sessões contínuas ou fracionadas (por exemplo, várias sessões diárias de 10 min de duração). Treinamento intervalado pode ser aplicado, variando a intensidade do exercício ao longo da mesma sessão de treinamento, em indivíduos destreinados e treinados. Nos primeiros, objetiva-se aumentar o período em que se executa continuamente intensidade desejada. Nos últimos, o método é utilizado para trabalhar em cargas máximas ou supra máximas, acelerando-se os efeitos sobre a capacidade cardiorrespiratória. Quadro 4. Recomendações para o treinamento aeróbio de acordo com agências normativas. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal PRESCRIÇÃO DO TREINAMENTO AERÓBIO VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. EM RELAÇÃO AO TREINAMENTO AERÓBIO, PODE-SE AFIRMAR: A) Na perspectiva da promoção da saúde, é importante para idosos, mas não para jovens. B) Compensa declínios na aptidão cardiorrespiratória decorrentes de limitações periféricas, mas não centrais. C) Tem como principais variáveis a intensidade, duração, frequência e modalidade dos exercícios. D) Quando tem ênfase no desempenho, o foco deve ser no incremento da circulação central em detrimento da circulação periférica. E) A intensidade deve ser priorizada em obesos. 2. PODE-SE AFIRMAR EM RELAÇÃO AO CONTROLE DA INTENSIDADE NO TREINAMENTO AERÓBIO: A) Depende das possibilidades de se medir o VO2máx e estimar a FCrep. B) Depende das possibilidades de se medir a FCmáx e estimar o VO2máx. C) Depende das possibilidades de se medir a FCmáx e FCrep, independentemente da utilização de escala de esforço percebido. D) Independe das possibilidades de se medir ou estimar o VO2máx ou FCmáx, podendo ser feita com base na estimativa da percepção subjetiva do esforço. E) A escala de Borg não é eficiente para o controle do treinamento. GABARITO 1. Em relação ao treinamento aeróbio, pode-se afirmar: A alternativa "C " está correta. As variáveis do treinamento aeróbio relacionam-se à intensidade e volume (duração e frequência), com a modalidade devendo ser escolhida em função da aptidão e preferências dos praticantes. 2. Pode-se afirmar em relação ao controle da intensidade no treinamento aeróbio: A alternativa "D " está correta. A utilização de escalas de percepção subjetiva do esforço tem relação estreita com as respostas de VO2 e FC durante o exercício, podendo ser utilizadas na estimativa da intensidade relativa dos exercícios físicos. MÓDULO 2 Reconhecer as bases teóricas e metodológicas para a prescrição de exercícios em busca da melhoria da força muscular IMPORTÂNCIA DO TREINAMENTO DA FORÇA MUSCULAR Fonte: Shutterstock.com A força muscular é essencial para a saúde e função fisiológica, constituindo componente relevante da aptidão física relacionada à saúde. Níveis adequados de força permitem a execução das tarefas cotidianas com maior eficiência e menor esgotamento, contribuindo para prevenir comprometimentos locomotores. Apesar de níveis moderados de força serem importantes em todas as idades, para os idosos o treinamento dessa qualidade física assume destaque especial, pela sua associação com a preservação da capacidade de locomoção,equilíbrio e realização das tarefas cotidianas. A manutenção da força é imprescindível para atividades como transportar compras, subir escadas, usar transportes coletivos ou cozinhar. Além disso, o treinamento da força concorre para prevenir a instabilidade articular e osteoporose, diminuir o risco de quedas, manter a capacidade cardiorrespiratória e preservar a imagem corporal e autoestima (FRAGALA et al ., 2019). Uma das características mais marcantes do processo de envelhecimento é o declínio gradual da função muscular. A literatura revela que a força máxima é atingida entre os 20 e 25 anos de idade (SPIRDUSO, 1995). Fonte: Shutterstock.com Após esse período, observa-se uma gradual diminuição na capacidade de se produzir e manter tensão muscular por períodos prolongados. Ocorrem declínios superiores a 40% da força máxima em indivíduos sexagenários, em comparação ao que exibiam na juventude. No entanto, essa redução não é linear. Os estudos indicam que haveria um período sem alterações marcantes, até os 40-50 anos nas mulheres e 50-60 anos nos homens. A partir daí, sobreviria uma perda acelerada, com taxa de 10-15% a cada década, podendo atingir 20-30% a partir dos 70 anos de idade (SHEPHARD, 1997). A capacidade de se aplicar tensão muscular elevada em curto tempo (potência muscular) também declina com a idade, em proporção até superior ao observado para a força máxima. Isso é prejudicial à qualidade de vida, pois atividades relacionadas à autonomia funcional dependem tanto da potência muscular quanto da força máxima. Por exemplo, a ação de recuperar o equilíbrio, quando se tropeça, é ligada à rapidez com que se reage, produzindo-se tensão muscular em lapso reduzido de tempo para evitar uma queda. Da mesma forma, levantar de uma cadeira exige geração de torque elevado na articulação do quadril – é comum que pessoas idosas tenham dificuldades nesse movimento, apesar de terem força suficiente para sustentar sua massa corporal. A capacidade de sustentação de cargas submáximas por longos períodos (endurance de força) também se apresenta comprometida quando a força muscular diminui, com impacto negativo na independência funcional (ZWART et al ., 1995). As reduções nesse tipo de manifestação da força (força resistente) são mais sutis do que as observadas na força máxima e potência muscular, até porque geralmente a endurance de força envolve a sustentação de cargas submáximas moderadas. Deve-se lembrar que, uma vez havendo declínio nos níveis de força, a demanda relativa de todas a atividades que se faz apresenta-se aumentada. Isso predispõe à fadiga, já que a execução de tarefas específicas representará uma proporção maior da força máxima absoluta. Assim, quando as contrações musculares devem ser sustentadas por longos períodos, por exemplo, ao se carregar compras ou subir escadas, trabalha-se com maior força relativa. Mesmo quando as tarefas são cumpridas, as pausas tendem a ser mais frequentes. Além disso, eleva-se o desgaste fisiológico e respostas hemodinâmicas (frequência cardíaca, pressão arterial), o que representa menor eficiência e maior risco. As razões para a diminuição da força muscular com a idade são muitas, sendo difícil isolar sua importância relativa. Contudo, dentre os principais fatores, pode-se destacar (AOYAGI, SHEPHARD, 1992; CHODZKO-ZADJKO et al ., 2009; AAGAARD et al ., 2010; FRAGALA et al ., 2019): Sarcopenia. Alterações hormonais (testosterona, hormônio do crescimento, IGF-1). Morte de neurônios motores e inatividade física. Diminuição do tamanho e número de fibras musculares, com maior percentual de tecido conectivo na estrutura muscular. Alterações na capacidade de as fibras musculares produzirem tensão, em virtude de modificações contráteis e/ou mecânicas. Diminuição da capacidade de ativação das fibras com alto limiar de estimulação nervosa, com menor coordenação neuromuscular em cargas elevadas. Grande parte dessas alterações não são consequência inevitável do envelhecimento, sendo majoradas pela inatividade física e desuso. Nesse sentido, alguns autores propõem que a falta de estimulação adequada seja a principal razão das perdas de força até os 70 anos de idade. De fato, sabe-se que a eficiência muscular é, em grande medida, preservada em resposta ao padrão diário de atividades físicas. Pessoas que permanecem fisicamente ativas ao longo do envelhecimento exibem níveis de força mais preservados que as sedentárias. Associações entre o nível geral de força muscular vs . atividades do cotidiano e outras qualidades físicas (capacidade cardiorrespiratória, equilíbrio, agilidade etc.) têm sido demonstradas em estudos populacionais diversos (PHILLIPS e HASKELL, 1995; CHODZKO-ZADJKO et al ., 2009; FRAGALA et al ., 2019). Assim, pode-se afirmar que os movimentos executados no dia a dia determinarão o quanto a função muscular é preservada ao longo da vida. Nesse contexto, são inseridos os benefícios do treinamento da força para a saúde e qualidade de vida. CARACTERÍSTICAS DO TREINAMENTO DA FORÇA MUSCULAR O formato dos programas de treinamento para melhorar a força dependerá, em grande parte, dos mecanismos subjacentes a esses ganhos. Em geral, aceita-se que, nas primeiras 8-12 semanas de intervenção, o aumento da força deva-se a adaptações coordenativas, ou seja, ao componente neural da força. Nesses casos, ocorreria uma otimização do recrutamento das unidades motoras, com incremento da coordenação durante os movimentos. Programas com essa duração, em virtude da ênfase neurogênica e efeitos rápidos sobre a força muscular, são classificados como de curto prazo (FLECK e KRAEMER, 2017). Ganhos de força decorrentes de adaptações coordenativas tendem a ser maiores em indivíduos destreinados e sem experiência nos exercícios realizados. Indivíduos idosos exibem, frequentemente, capacidade muscular reduzida no início de programas de exercícios – isso ajuda a explicar por que pessoas idosas podem exibir ganhos muito maiores que jovens no início de programas de treinamento. ATENÇÃO É importante ressaltar que as respostas associadas ao componente neural da força são pouco influenciadas pelo volume do treinamento – em indivíduos iniciantes, diversos estudos demonstraram efeitos similares sobre a força em resposta a rotinas de treinamento envolvendo séries simples vs . múltiplas ou, ainda, realizadas uma única vez na semana em comparação com frequências maiores. As adaptações neurais são determinadas por melhoras coordenativas, envolvendo refinamento no padrão de recrutamento de unidades motoras, inibição recíproca com menor ação dos antagonistas e aprendizagem dos movimentos realizados. A independência de fatores relacionados ao volume do treinamento (número de séries, repetições, frequência semanal) abre possibilidades de se investir em uma maior variação de movimentos e exercícios nas sessões de treinamento, otimizando com isso as adaptações coordenativas e as chances de transferência dos ganhos de força para as atividades cotidianas. Uma vez que as possibilidades de adaptações neurais vão diminuindo, os ganhos de força passam a depender cada vez mais de modificações estruturais no músculo pela hipertrofia muscular (componente hipertrófico). Programas cujos ganhos de força dependem majoritariamente de hipertrofia muscular têm, geralmente, duração superior a 12 semanas e são classificados como de longo prazo. Para que as respostas hipertróficas ocorram, as contrações devem ser capazes de ativar receptores na membrana plasmática das fibras musculares e/ou induzir incorporação de células-satélite. Uma vez ativados, esses receptores ligam-se a substâncias (particularmente o IGF-1) que induzem aumento na síntese de proteínas contráteis. Por outro lado, em resposta a cargas elevadas, a membrana plasmática das fibras musculares deixa filtrar fatores de crescimento que agem sobre as células-satélite (fatores de crescimento fibroblásticos ou FGF), estimulando sua diferenciação e fundiçãoàs fibras musculares originais. Em consequência desses mecanismos, o volume (seção transversa) das fibras aumenta progressivamente. Por conta desses mecanismos, os estímulos aplicados no treinamento da força devem ser suficientes para ativar os receptores de membrana e liberar FGF – para tanto, intensidades de contração elevadas são necessárias – > 70% da carga máxima (ACSM, 2009). Adicionalmente, é preciso que as sessões de treinamento aumentem os níveis circulantes de IGF-1, o que parece depender de picos na secreção de hormônio do crescimento (GH) em resposta a tempos de tensão prolongados. Picos adequados de GH não são obtidos em séries com poucas repetições (< 6 repetições). Em suma, as respostas hipertróficas exigem uma combinação ótima de sobrecarga e tempo de tensão muscular. Programas de treinamento com foco na hipertrofia muscular demandam cargas e repetições elevadas, o que gera desconforto nem sempre bem aceito por indivíduos fisicamente inativos. Contudo, se no início de programas de treinamento as adaptações neurais independem de volumes elevados, esses fatores são importantes para a continuidade nos ganhos de força através do componente hipertrófico. Assim, fatores como sobrecarga, repetições, número de séries e frequência semanal possibilitam que ganhos de força continuados ocorram em treinamentos de longo prazo. A Figura 3 ilustra a interação entre os componentes neural e hipertrófico para os ganhos de força, caracterizando com isso treinamentos de curto e longo prazos. Fonte: EnsineMe. Figura 3. Interação entre componente neural e hipertrófico para produzir ganhos de força em treinamentos de curto e longo prazos. As principais variáveis envolvidas em programas de treinamento resistido são: Fonte: Shutterstock.com Intensidade das sobrecargas Fonte: Shutterstock.com Volume do treinamento (número de repetições e séries) Fonte: Shutterstock.com Quantidade e modalidade dos exercícios, incluindo tipo de contração Fonte: Thengakola/Noun Project Frequência semanal O aumento da força em resposta ao treinamento é ditado, principalmente, pela intensidade da sobrecarga, ou seja, pelo nível de tensão aplicada ao músculo. O grau de força produzido advém da combinação da quantidade de unidades motoras recrutadas para o trabalho e magnitude dessa ativação. Os estímulos devem ser analisados em termos de integração neuromuscular, levando-se em conta, tanto a capacidade dos músculos produzirem tensão, quanto a habilidade do sistema nervoso ativá-los. Outro aspecto é que o treinamento da força se revela específico para o tipo de contração e forma com que os movimentos são realizados. Essa especificidade decorre do fato que as adaptações ao treinamento ocorrem no próprio músculo, mas também na organização neural e excitabilidade para determinado movimento voluntário (FRAGALA et al ., 2009). A manipulação das cargas modifica as respostas metabólicas, hormonais e neurais ao exercício. Embora qualquer magnitude de sobrecarga possa resultar em algum desenvolvimento da força, níveis de esforço próximos à intensidade máxima de contração produzem maiores efeitos. Todavia, a intensidade do treinamento da força dependerá do nível de treinamento do praticante, uma vez que isso define expectativas quanto a ganhos, devido a adaptações neurais ou hipertróficas. A determinação das cargas costuma seguir um dos seguintes procedimentos: Percentagem da carga máxima (1 repetição máxima – 1RM) Aumento da carga associada a um número predeterminado de repetições Aumento da carga para um determinado número de repetições máximas (por exemplo, 12-15 RM) Em praticantes inexperientes, cujos ganhos dependerão mais do componente neural que hipertrófico, cargas em torno de 40-50% de 1-RM ou 15-20 RM parecem ser suficientes para provocar ganhos de força. À medida que se progride no treinamento, cargas maiores são necessárias, com pelo menos 70-80% de 1-RM ou 8-12 RM sendo indicadas para a continuidade dos efeitos na população em geral (GARBER et al ., 2011). COMENTÁRIO É interessante mencionar que, em treinamentos de curto prazo com ênfase no componente neural, a variação de cargas parece otimizar os ganhos de força. Essa é uma estratégia que pode ser aplicada para evitar a aplicação de cargas elevadas em todas as sessões de treinamento, quando a frequência semanal é elevada, o que se revela particularmente útil em pessoas idosas. Por outro lado, um elevado volume total em combinação com sobrecarga mecânica também alta parece relacionar-se aos maiores ganhos de massa muscular, caracterizando, portanto, rotinas com foco no componente hipertrófico. O volume total em sessões de treinamento resistido reflete o estresse aplicado aos músculos, podendo ser calculado como o produto entre carga, número de repetições e séries. A carga corresponde à intensidade, enquanto repetições e séries são os componentes especificamente relacionados ao volume. Mudanças no volume de treinamento influenciam as possibilidades de incremento na força através da hipertrofia. Pode-se alterar o volume de treinamento modificando-se a quantidade de exercícios para cada grupamento muscular, repetições em cada série e número de séries por exercício. Em iniciantes, programas com baixo volume (altas cargas, poucas repetições e séries) tendem a produzir resultados similares àqueles com alto volume (cargas moderadas, muitas repetições e séries múltiplas. As evidências indicam que indivíduos destreinados respondem favoravelmente a rotinas com séries simples ou múltiplas, o que favorece o enriquecimento das sessões com exercícios variados. Em contrapartida, em indivíduos treinados a manutenção dos ganhos de força exige um aumento do volume total de treinamento, através da manipulação da carga e do número de repetições e séries. Usualmente, as recomendações mencionam 3-4 séries por exercícios, mas, em atletas e fisiculturistas, isso pode chegar a 8-10 séries por grupamento muscular, com séries múltiplas por exercício ou vários exercícios para o mesmo grupamento. O número de exercícios varia de acordo com os grupos musculares que se deseja trabalhar. Em programas com foco na saúde, são, geralmente, incluídos exercícios uni ou multiarticulares, para melhorar a aptidão muscular do corpo inteiro (membros inferiores, membros superiores e tronco). Ganhos de força podem decorrer de tipos variados de exercício, realizados em máquinas, pesos livres ou com auxílio de bandas elásticas. Aconselha-se aplicar exercícios para agonistas e antagonistas, em ambos os dimídios corporais, para que se evitem desequilíbrios musculares. Uma estratégia para aumentar o volume de treinamento sobre determinados grupamentos musculares é a aplicação de exercícios diversos que os envolvam, independentemente do número de séries (crucifixo seguido de levantamento supino). Essa estratégia é frequentemente utilizada por indivíduos altamente treinados, como fisiculturistas. Quanto ao tipo de contração, o treinamento da força pode ser de natureza estática ou dinâmica. Em condições estáticas, pode-se aplicar maiores tensões que nas contrações dinâmicas. Contudo, os ganhos de força decorrentes de exercícios estáticos se dão apenas nos ângulos treinados, com pouca especificidade para as atividades cotidianas de forma geral. No entanto, podem ser aplicados para reforçar a força em determinados ângulos dos movimentos, o que se revela útil para determinados desportos ou no âmbito de intervenções visando reabilitação músculo-articular. O treinamento dinâmico, por favorecer ganhos de força em toda angulação dos movimentos, é o mais utilizado em programas de condicionamento físico voltados para a promoção da saúde (FRAGALA et al ., 2019). A frequência semanal está relacionada ao volume de treinamento. Sua determinação depende de muitos fatores, uma vez relacionada ao repouso necessário para uma adequada supercompensação (repousar também é treinar). Sua definição decorre da análisede variáveis como intensidade, volume, grupamentos musculares exercitados, nível de aptidão muscular e capacidade de recuperação. Em indivíduos destreinados os ganhos de força parecem independer da frequência semanal – respostas similares foram relatadas em estudos com indivíduos sedentários de diversas idades, após intervenções com 1, 2 ou 3 dias por semana. Fonte: Thengakola/Noun Project Da mesma forma, uma vez que os efeitos passam a depender majoritariamente de aumento da massa muscular, frequências maiores são necessárias, usualmente 3-5 dias/semana. Para a manutenção dos níveis de força em praticantes já engajados em programas de treinamento da força, frequências de 1-2 dias/semana são suficientes. A manipulação da frequência semanal é influenciada pelos propósitos do treinamento e condições do praticante. Em atletas de rendimento e fisiculturistas, a progressão varia muito, podendo chegar a todos os dias na semana ou mesmo duas sessões no mesmo dia focalizando grupamentos musculares diferentes, o que pode resultar em até 12 sessões semanais. Evidentemente, uma elevadíssima aptidão muscular e capacidade de recuperação, bem como nutrição adaptada a essas exigências são condições para que esse volume possa ser aplicado. RECOMENDAÇÕES DE AGÊNCIAS NORMATIVAS Existem muitos posicionamentos de agências normativas para a prescrição do treinamento visando o aprimoramento da força muscular. Talvez esta seja a qualidade física para a qual as indicações sejam as mais detalhadas, em termos de objetivos, periodização e organização das sessões de treinamento (ordem de exercícios, intervalos de recuperação etc.). Dentre os posicionamentos existentes, destacam-se os do American College of Sports Medicine (ACSM, 2009; CHODZKO-ZADJKO et al ., 2009; GARBER et al ., 2011) e da National Strength and Conditioning Association (FRAGALA et al ., 2019). O Quadro 5 apresenta as principais recomendações contidas nesses textos. Quanto aos objetivos Desenvolver a força dos principais grupamentos musculares, buscando melhorar o desempenho funcional em atividades do cotidiano através de exercícios uni e multiarticulares. Quanto à sobrecarga A carga indicada para praticantes iniciantes ou intermediários deveria corresponder a 60-70% de 1 com 8-12 repetições. Indivíduos treinados podem trabalhar com 80-100% de 1 RM para maximizar os ganhos de força. No caso da endurance de força, intensidades menores (50% de 1 RM) com 15-25 repetições podem ser aplicadas, com no máximo duas séries para cada exercício. Quanto ao número de exercícios e séries Em iniciantes, os programas de treinamento deveriam incluir 1-3 séries de 8-10 exercícios para os principais grupamentos musculares. A progressão de séries simples para múltiplas deve ocorrer de acordo com a evolução da aptidão muscular, sem grandes variações para evitar a síndrome do sobretreinamento (overtraining ). A quantidade de séries pode variar entre os exercícios, dependendo das prioridades do treinamento e aptidão dos praticantes. Pode-se aumentar o número de séries por grupamento muscular através de aplicação de mais de um exercício (por exemplo, 2 séries de crucifixo e 2 séries de supino reto). Quanto à frequência semanal Recomenda-se que indivíduos iniciantes e intermediários realizem exercícios generalizados ao menos 2-3 vezes/semana por grupamento muscular. Na população em geral, intervalos de 48-72 h parecem ser necessários para uma ótima recuperação celular associada a ganhos de massa e força muscular. Quanto à ordem dos exercícios Em iniciantes, costuma-se recomendar que se coloquem exercícios com grandes massas musculares antes daqueles envolvendo massa muscular menor. À medida que se avança no treinamento, exercícios prioritários de acordo com os objetivos das sessões de treinamento deveriam vir antes dos demais. Quanto à frequência semanal Para a população em geral, frequências de 2-3 dias/semana parecem suficientes para melhorar a amplitude de movimentos. Maiores ganhos podem ser obtidos com maiores frequências. Não há contraindicações para realizar exercícios de flexibilidade diariamente, inclusive, nos dias em que ocorrerem outras modalidades de treinamento (força ou capacidade cardiorrespiratória, por exemplo). Exercícios de flexibilidade com menor intensidade podem ser incluídos, ainda, como parte do aquecimento ou volta à calma em sessões de treinamento voltadas para outras qualidades físicas. Quanto aos intervalos de recuperação Intervalos de recuperação de 1-3 min são suficientes para a ampla maioria das situações em treinamento de força para a promoção da saúde. Exercícios com cargas mais pesadas e maiores grupamentos musculares demandam recuperação mais longa do que aqueles com cargas mais leves e grupamentos menores. O período de recuperação entre séries múltiplas pode ser variado, dependendo da capacidade de recuperação do praticante. Séries alternadas por segmento ou em circuito podem propiciar recuperação para um grupamento muscular enquanto outro é exercitado, reduzindo-se o período de inatividade nas sessões de treinamento. Quanto à velocidade de movimento As velocidades de movimento devem ser lentas a moderadas, sempre subordinadas à correta execução técnica dos movimentos. Em rotinas para desenvolver a potência muscular, trabalha-se com a máxima velocidade possível na carga adotada, mantendo-se a preocupação com a técnica de execução. Quadro 5. Recomendações para o treinamento da força de acordo com agências normativas. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal PRESCRIÇÃO DO TREINAMENTO DE FORÇA VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. ASSINALE A AFIRMATIVA CORRETA EM RELAÇÃO AO TREINAMENTO DA FORÇA MUSCULAR: A) Programas de treinamento da força são capazes de melhorar a força e potência máximas, mas não a endurance de força. B) Pode ser classificado como de treinamento de curto ou longo prazo, consoante ao predomínio do componente neural ou hipertrófico como causa dos ganhos de força. C) A força relativa em idosos é passível de incremento com exercícios adequados, mas não a força máxima. D) Adaptações coordenativas predominam uma vez que o componente hipertrófico começa a declinar. E) A ordenação dos exercícios é uma das variáveis que mais influencia o volume do treino. 2. É CORRETO AFIRMAR EM RELAÇÃO ÀS VARIÁVEIS DO TREINAMENTO DA FORÇA MUSCULAR: A) O volume total de treinamento corresponde ao produto entre intensidade e volume, ou seja, o produto entre carga, repetições, séries e frequência semanal. B) Pode-se alterar o volume de treinamento manipulando-se o número de séries e repetições, mas não a carga, já que diz respeito à intensidade. C) O número de exercícios relaciona-se à intensidade do treinamento e não ao seu volume, principalmente quando realizados com pesos livres. D) Contrações estáticas devem predominar em treinamentos de força para atletas, pois é possível atingir-se cargas maiores do que no treinamento de natureza dinâmica. E) A carga utilizada é diretamente proporcional ao volume. GABARITO 1. Assinale a afirmativa correta em relação ao treinamento da força muscular: A alternativa "B " está correta. O componente neural ou coordenativo predomina nas primeiras semanas de treinamento, enquanto ganhos de força devidos à hipertrofia muscular são predominantes quando a margem para adaptações coordenativas diminui. O treinamento com ênfase em adaptações neurais é classificado como de curto prazo, enquanto o treinamento cujos ganhos decorrem de aumento da massa muscular é classificado como de longo prazo. 2. É correto afirmar em relação às variáveis do treinamento da força muscular: A alternativa "A " está correta. Os componentes de intensidade e volume do treinamento de força são, respectivamente, as cargas vs. repetições, séries e frequência semanal. O volume total corresponde ao produto entre todos esses fatores. O treinamento envolvendo contrações dinâmicasé mais específico para os desportos que intervenções nas quais contrações estáticas predominam. MÓDULO 3 Reconhecer as bases teóricas e metodológicas para a prescrição de exercícios em busca da melhoria da flexibilidade IMPORTÂNCIA DO TREINAMENTO DA FLEXIBILIDADE A flexibilidade pode ser definida como uma: QUALIDADE MOTRIZ QUE DEPENDE DA ELASTICIDADE MUSCULAR E DA MOBILIDADE ARTICULAR, EXPRESSA PELA MÁXIMA AMPLITUDE DE MOVIMENTOS NECESSÁRIA PARA A PERFEITA EXECUÇÃO DE QUALQUER ATIVIDADE FÍSICA ELETIVA, SEM QUE OCORRAM LESÕES ANATOMOPATOLÓGICAS. (ARAÚJO, 1983, p.7) Indivíduos com bons níveis de flexibilidade são menos suscetíveis a lesões quando submetidos a esforços intensos e, geralmente, apresentam menor incidência de problemas musculares e articulares (CORBIN e NOBLE, 1980). Em contrapartida, níveis reduzidos de flexibilidade relacionam-se com problemas posturais, lombalgias e tensões neuromusculares. A eficiência do movimento tem relação direta com a flexibilidade. A mobilidade articular é fundamental para a realização dos movimentos do dia a dia e não há sentido em se conservar ossos e músculos fortes, se não pudermos movimentá-los para manipular objetos ou locomover-nos. Níveis reduzidos de flexibilidade têm sido associados a dificuldades de desempenho nas atividades cotidianas, como vestir-se ou calçar-se, assim como menor eficiência no padrão de marcha e maior incidência de quedas (ACSM, 2018). Declínios acentuados da flexibilidade podem ser fonte de desconforto e incapacidade em idosos. Fonte: Shutterstock.com Muitos fatores influenciam a flexibilidade, sendo difícil separar a influência da idade de outras variáveis, como participação desportiva, atividades cotidianas ou meio ambiente. Na verdade, dentre as qualidades físicas, talvez a flexibilidade seja aquela mais suscetível a modificações devido ao padrão de atividades físicas. Por isso, é comum observarmos indivíduos jovens com bons níveis de força e capacidade cardiorrespiratória, mas com mobilidade comprometida. A literatura é consensual quanto aos efeitos do envelhecimento sobre a flexibilidade. As perdas de mobilidade podem chegar a 20% entre os 20 e os 65 anos, acelerando-se a partir de então. A Figura 4 ilustra o declínio da flexibilidade em homens e mulheres, com base em banco de dados do autor para o Flexíndice, índice geral produzido pelo Flexiteste, que reflete a mobilidade acumulada de 20 movimentos nos principais grupos articulares. Fonte: EnsineMe. Figura 4. Valores do Flexíndice para os sexos masculino feminino de acordo com banco de dados do Flexiteste. Não há consenso sobre as articulações e movimentos mais afetados, pois é praticamente impossível isolar os efeitos do envelhecimento e aqueles resultantes do padrão de movimentação. Diversos estudos disponíveis permitem destacar alguns grupos articulares como alvo de especial preocupação, em virtude de sua relação com atividades cotidianas e risco de lombalgias. A literatura menciona reduções na flexibilidade de tronco, tornozelo e quadril, destacando as consequências sobre a mobilidade de forma geral, equilíbrio de padrão da marcha. Há estudos enfatizando o declínio de mobilidade nos ombros, por causa da relação estreita com as tarefas diárias. De fato, grande parte das queixas das pessoas idosas em relação à perda de autonomia refere-se aos movimentos de ombro, como dificuldades em se vestir, tomar banho ou alcançar objetos. A prática de atividades físicas é fundamental para manter a flexibilidade. Exercícios de alongamento melhoram a resistência de tendões e ligamentos, aumentando a extensibilidade dos músculos e permitindo maiores amplitudes de movimento. Logo, o treinamento da flexibilidade não diminui a resistência de tendões ou da cápsula articular, tornando-os mais resistentes à tração. Isso os protege de lesões em virtude do estresse impostos pelos exercícios de alongamento, contribuindo para a preservação das inserções do músculo com o osso e entre as ligações dos segmentos ósseos. Exercícios de flexibilidade são importantes para adultos de meia-idade e idosos, sendo muitos os estudos que relatam respostas favoráveis a diferentes estratégias de treinamento. A flexibilidade é específica para cada articulação e movimento, por isso, a identificação dos gestos a serem trabalhados constitui um fator básico para organização do treinamento. No entanto, as evidências indicam que seria possível melhorar a flexibilidade em resposta a diferentes tipos de intervenção, mesmo aquelas não especialmente voltadas para o seu aprimoramento. Na verdade, bastaria modificar o padrão de movimentação habitual, valendo- se de estratégias variadas – a lista vai de atividades como a dança, ioga, tai-chi-chuan a exercícios calistênicos, com incrementos de mobilidade que podem atingir mais de 200% em certos grupos articulares (ALTER, 1999). Os efeitos do exercício sobre a mobilidade articular são rápidos. De fato, já se dão de forma aguda, após uma única sessão de treinamento, o que justificaria frequências semanais elevadas. Após 3-4 semanas de intervenção regular efeitos crônicos podem ser observados, com incrementos tendo sido relatados após apenas 10 sessões de treinamento. Tudo indica que não haja diferenças de treinabilidade entre jovens e idosos. A flexibilidade em mulheres ativas de mais de 60 anos de idade tende a aproximar-se mais do obtido em mulheres jovens do que dos em mulheres inativas de idade similar. Programas de treinamento da flexibilidade tendem a produzir ganhos similares independentemente da idade. Os ganhos de amplitude ocorrem por modificações na extensibilidade do tecido conectivo da fáscia muscular, os quais se assemelham em jovens e idosos. Não há impeditivo fisiológico que possa fazer crer que os níveis de amplitude de movimentos alcançados por pessoas idosas, como efeito do treinamento, difiram da flexibilidade desenvolvida em qualquer outra fase da vida. CARACTERÍSTICAS DO TREINAMENTO DA FLEXIBILIDADE A flexibilidade, como qualquer outro componente da aptidão física, pode ser trabalhada regularmente e muitos são os trabalhos que sugerem métodos e exercícios específicos. Apesar dessa boa disseminação, ainda há limitações no conhecimento sobre o assunto, o que torna um tanto difícil indicar esse ou aquele sistema de trabalho. É consenso que, no treinamento de flexibilidade, músculo e tecido conectivo devam ser estendidos além de seu comprimento habitual, de forma a provocar as modificações morfofuncionais à melhora de suas propriedades elásticas. Entretanto, pouco se sabe sobre aspectos importantes como o tempo de retenção de determinado estímulo de treinamento ou a intensidade ideal para desenvolver a flexibilidade. Ainda estão longe de serem definidas com clareza normas quanto à intensidade, duração e frequência dos estímulos para o treinamento da flexibilidade. Fonte: Shutterstock.com Farinatti e Monteiro (2008) revisaram estudos que se propuseram a determinar parâmetros de treinamento. As intensidades mínimas propostas para o treinamento oscilaram em torno de 10% acima do comprimento normal do músculo. Entretanto, é praticamente impossível determinar qual o momento em que isso ocorre. Uma recomendação bem aceita, propõe que os estímulos sejam suficientes para causar desconforto, não existindo a necessidade de dor para se obterem resultados. Na verdade, a dor associa-se geralmente a amplitudes que ultrapassam a resistência da fáscia muscular à tração, levando à ruptura de fibras conjuntivas (colágeno), gerando um processo inflamatório contraproducente à continuidade do treinamento (sensação tardia de dor muscular). Por essa razão, um aquecimento prévio às sessões de alongamento é aconselhado. Aumenta-se a temperatura tecidual, melhorando-se a condução nervosa, produção de líquido sinovial e viscosidade do colágeno, reduz-se o coeficiente de atrito entre as estruturas que limitam a amplitude de movimentos, por uma melhor lubrificação naarticulação e segmentos conectados. Além disso, aumenta-se a faixa de sobrecarga sem risco de ruptura do tecido conectivo da fáscia muscular, alcançando-se maiores amplitudes de movimento sem desencadear o processo de dor muscular tardia. A duração com que o movimento é sustentado na posição é um aspecto importante do treinamento. O grau de ativação dos fusos musculares é diretamente proporcional à amplitude alcançada no exercício. A contração reflexa desencadeada pelos fusos contra o alongamento diminui paulatinamente quando a posição é sustentada – ou seja, os fusos musculares exercem um efeito limitador imediato forte, que se reduz em alguns segundos. Com isso, a contração reflexa da musculatura antagonista ao movimento também tende a diminuir e com o tempo, as novas amplitudes são aceitas progressivamente como normais. Em geral, a duração com que as máximas amplitudes são sustentadas depende do método de treinamento e nível de aptidão. As recomendações para essa variável são vagas. Em programas visando promoção da saúde, mencionam-se durações de 6 a 60 segundos. Apesar disso, aceita-se que, em iniciantes, durações acima de 30 segundos não acarretariam efeitos adicionais. Quanto à frequência do treinamento, os poucos estudos experimentais disponíveis indicam que seria um fator secundário no que tange aos ganhos de flexibilidade. Em se tratando de não atletas, os estudos indicam 3 a 5 sessões/semana. Em populações atléticas, o treinamento pode ocorrer até diversas vezes por dia, conquanto se previnam lesões decorrentes de excesso de volumes e sobrecarga. São três as formas mais comuns de treinamento de flexibilidade: a estática ou passiva, balística ou ativa e facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP). No treinamento estático, move-se lenta e progressivamente o segmento à posição de sobrecarga, mantendo-a durante algum tempo. Essa técnica de execução permite que se atinjam amplitudes máximas de movimento, com menor estimulação do fuso muscular do que movimentos feitos com velocidade. A maioria dos autores indica esse tipo de treinamento para iniciantes e não atletas, considerando-o mais seguro. A principal desvantagem reside na reduzida especificidade para técnicas desportivas. Fonte: Shutterstock.com Fonte: Shutterstock.com A forma balística compreende movimentos forçados e repetidos nos extremos de movimento. Caracteriza-se pelo ganho de energia cinética no decorrer do movimento. Tem grande potencial de estimulação dos reflexos de estiramento via fuso muscular, o que aumenta o risco de lesões. Embora se reconheça que esse tipo de trabalho não é o mais apropriado para o treinamento em não atletas, a atividade balística é mais específica no caso de algumas atividades eletivas, como práticas desportivas ou movimentos coreográficos. A FNP (conhecida também como método 3S) envolve a ativação/inibição de mecanismos proprioceptivos, como os fusos musculares e órgãos tendinosos de Golgi, além da inibição agonista/antagonista. Existem diferentes formas de aplicar a FNP, mas, em sua forma mais tradicional, a técnica consiste em levar o movimento à máxima amplitude e, em seguida, contrair estaticamente a musculatura alongada durante 6-10 segundos. Na fase seguinte, leva- se o movimento a uma nova amplitude, usualmente maior que a anterior. A somação da contração reflexa, provocada pelos fusos musculares com a contração voluntária, sobrecarregaria os órgãos tendinosos de Golgi, intermediando de forma reflexa o relaxamento da musculatura alongada, permitindo alcançar maior amplitude de movimento. Com isso, “burla-se” o papel protetor dos fusos musculares, com riscos elevados de lesão conjuntiva ou muscular. Desse modo, o FNP não é indicado para iniciantes, devendo ser utilizado com cautela. Fonte: Fonte: Shutterstock.com Quais movimentos incluir em um programa de flexibilidade? Fonte: Shutterstock.com Em primeiro lugar, destaca-se a flexibilidade de tronco, em virtude da associação dos seus movimentos com os níveis gerais de mobilidade e equilíbrio, bem como com a prevenção de dores na coluna cervical e lombar. Outra região importante é a articulação do quadril, pela contribuição com a amplitude de passada e por atuar em conjunto com a coluna para a mobilidade da região lombar. Fonte: Shutterstock.com Fonte: Shutterstock.com De maneira geral, as recomendações para programas de flexibilidade enfatizam essas áreas como prioridade. Contudo, no caso da preservação do padrão da marcha em idosos, a articulação do tornozelo tem importância tão grande quanto a do quadril, devido à fase de impulsão do passo. Há evidências de que a flexibilidade dos ombros declina rapidamente, comprometendo atividades cotidianas diversas. Fonte: Shutterstock.com Desse modo, na perspectiva da manutenção da independência funcional, seria aconselhável incluir exercícios para preservar a mobilidade dos movimentos do ombro. Veja a Figura 5. Fonte: EnsineMe. Figura 5. Grupos articulares para aprimoramento da flexibilidade em programas voltados para a promoção da saúde e qualidade de vida. RECOMENDAÇÕES DE AGÊNCIAS NORMATIVAS As recomendações para a prescrição de treinamento de flexibilidade mais atuais, foram propostas pelo American College of Sports Medicine (GARBER et al ., 2011) e no manual para avaliação e prescrição do exercício (ACSM, 2018). O Quadro 6 sumariza os principais pontos desses textos. Quanto aos objetivos Desenvolver a amplitude de movimentos nos principais grupos articulares, buscando relação próxima com as atividades do dia a dia. Em geral, recomendam-se que exercícios para melhorar a flexibilidade de pescoço, tronco, coluna lombar, ombros, quadril, joelhos e tornozelos sejam incluídos na rotina de treinamento. Quanto ao tipo de exercícios e métodos de treinamento Diferentes tipos de exercício podem melhorar a flexibilidade, mesmo quando não diretamente concebidos com esse objetivo. Em iniciantes, os ganhos de amplitude de movimento são equivalentes em reposta aos métodos estático, dinâmico ou FNP. Contudo, os riscos são menores no estático, o que o torna mais indicado para praticantes inexperientes. Quanto à intensidade e duração dos exercícios Manter a amplitude de movimentos por 10–30 s no limite do desconforto (sem dor) parece ser eficaz para aumentar a flexibilidade. Na população em geral, benefícios adicionais tendem a não ocorrer em resposta a períodos mais longos de estimulação. No método PNF, recomendam-se contrações estáticas com intensidade correspondente a 20-75% do máximo durante 3-6 s, seguidas de 10-30 s de alongamento assistido. As sessões de treinamento deveriam ter duração total de pelo menos 10 min. Quanto às repetições dos exercícios Recomenda-se repetir cada exercício por 2-4 vezes. A combinação de duração e repetições deveria visar um total de 60 s de alongamento para cada exercício, com expectativa de efeitos crônicos após 3-12 semanas, dependendo do nível inicial de flexibilidade do praticante. Quanto à frequência semanal Para a população em geral, frequências de 2-3 dias/semana parecem suficientes para melhorar a amplitude de movimentos. Maiores ganhos podem ser obtidos com maiores frequências. Não há contraindicações para realizar exercícios de flexibilidade diariamente, inclusive, nos dias em que ocorrerem outras modalidades de treinamento (força ou capacidade cardiorrespiratória, por exemplo). Exercícios de flexibilidade com menor intensidade podem ser incluídos, ainda, como parte do aquecimento ou volta à calma em sessões de treinamento voltadas para outras qualidades físicas. Quadro 6. Recomendações para o treinamento da flexibilidade de acordo com agências normativas. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal PRESCRIÇÃO DO TREINAMENTO DE FLEXIBILIDADE VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. SÃO MECANISMOS DOS GANHOS DE FLEXIBILIDADE: A) Adaptações no tecido conjuntivo
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