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BIOQUÍMICA – BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA: COMPOSIÇÃO E FUNÇÃO Adriely Panetto – 82A BARREIRAS PROTETORAS DO CÉREBRO Três camadas de barreira limitam e regulam a troca molecular na interface entre o sangue e o tecido neural ou seu espaço fluido. Resultam do alinhamento de células endoteliais nas paredes capilares e das células da glia (como os astrócitos), que recobrem os capilares com fibras. 1. BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA Formada por junções justas entre as células endoteliais da vasculatura cerebral. Células endoteliais vasculares do cérebro entre a corrente sanguínea e o fluído intersticial cerebral. A superfície combinada destes microvasos constitui a interface de troca sangue-cérebro. A área de troca chega a 12-18 metros quadrados. 2. BARREIRA SANGUE-CSF (FLUÍDO CEREBROESPINHAL) Formada por junções justas entre células epiteliais das células epiteliais do plexo coroideo. Células epiteliais do plexo coróide encontrando o fluido cérebro-espinhal. Epitélio do plexo coróide: entre a corrente sanguínea e o CSF. Alguns medicamentos e solutos entram no cérebro principalmente através do plexo coróide no fluido cérebro espinhal. 3. BARREIRA ARACNÓIDE Epitélio aracnóide entre a corrente sanguínea e o fluido sub-aracnoide formada por junções apertadas entre as células endoteliais dos vasos aracnóides. O epitélio aracnóide entre a corrente sanguínea e o fluido sub-aracnoide. OBS. O cérebro é envelopado pela membrana aracnóide se estendendo sobre a dura (membrana grossa que constitui a parte externa das meninges que circunda o cérebro e a corda espinhal). CARACTERÍSTICAS DAS BARREIRAS Permeáveis a: Água, O2, CO2 e pequenas substâncias lipossolúveis. Eletrólitos Possuem sistema de transporte de moléculas. Resultam do alinhamento de células endoteliais nas paredes capilares e das células da glia (como os astrócitos), que recobrem os capilares com fibras. FUNÇÕES DA BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA Limita e regula a troca molecular na interface entre o sangue e o tecido neural ou seu espaço fluido. Fornece o cérebro com nutrientes. Medeia o efluxo de muitos resíduos. Regulação de íons Restringe o movimento de íons e fluidos, graças aos canais iônicos específicos, fazendo com o que o fluido intersticial cerebral (ISF) tenha uma concentração adequada de componentes, de modo que seja ideal para as funções neuronais. OBS.: (ISF): composição semelhante ao plasma sanguíneo, mas possui menor concentração proteica, concentrações de K+ e Ca2+ mais baixas e de Mg2+ mais alta. Fluxo de neurotransmissores Exemplo: Glutamato. O plasma sanguíneo contem altos níveis de glutamato (neurotransmissor excitatório). Liberação incontrolada de glutamato no ISF = pode causar danos neurotóxicos e neuroexcitatórios permanentes no tecido neural. Obs.: Um acidente isquêmico pode levar a uma liberação sem controle de glutamato. Regulação da entrada de macromoléculas Impede que muitas moléculas entrem no cérebro e, por isso, há menos proteínas no fluído cérebro-espinhal se comparado ao plasma. BHE protege o cérebro das flutuações na composição iônica que ocorrem após uma refeição ou exercício, poderia perturbar sinapses e sinalização axonal. COMPOSIÇÃO DA BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA Alta densidade de células restringindo a passagem de substancias vindas dos sangue. Projeções das células dos astrócitos (limitantes da glia) envolvem as células endoteliais da barreira hemato-encefálica, possibilitando o suporte bioquímico destas. SNC: Células da Glia: astrócitos e oligodendrocitos. Células da microglia atuam como células imunológicas destruindo organismos estranhos que entram no sistema nervoso. Diferenças entre as células endoteliais da BHE e as células endoteliais normais Ausência de fenestrações. Juntas mais extensas e Justas (Tj). Impermeável a maioria das substâncias. Alta expressão de sistemas de transporte de transporte e carreadores protéicos. Não tem espaços nas juntas. Transporte paracelular e transcelular limitado. As substancias não passam livremente esta barreira. Somente substâncias muito lipofílicas podem atravessar estas membranas sem precisar de sistema de transporte. Integridade da BHE • Pericitos • Astrocitos e membrana basal • Junções justas • Juntas aderentes Pericitos Promovem apoio estrutural e capacidade vasodinamica para microvasculatura. Função na estabilidade da parede. Fagocitose. Propocia maior resistência. Tem função na integridade e na gênese da BHE. Regulam o fluxo sanguíneo capilar: atua na homeostase cerebral. Astrócitos basais Função na estabilidade da parede. apoio bioquímico para as células endoteliais microvasculares do cérebro Influencia na morfogenese e organização da parede dos vasos maturação pos-natal da BHE devido à liberação de fatores. Função co-regulatória pela secreção de citoquininas solúveis, sinais dependentes de Ca2 e outros mensageiros intracelulares. MATRIZ EXTRACELULAR (MEC) Aproximadamente 20% do volume total do cérebro. Matriz extracelular (MEC) altamente organizada. Localização da MEC: na interface entre os vasos sanguíneos e a glia. Função da MEC: servir como uma âncora com o endotélio através das Interações de proteínas da MEC com os receptores endoteliais tipo integrinas que desempenham um papel fundamental na sinalização celular, migração e formação capilar cerebral durante a angiogênese. Interações célula-matriz podem estimular uma série de vias de sinalização intracelular nas células vasculares, neurônios e células gliais de apoio, alem de serem essenciais na BHE por que possivelmente participe na manutenção das proteínas endoteliais. Juntas justas das células endoteliais microvasculares do cérebro (BMEC) Continua Anastomose (conexão de duas estruturas) Componentes protéicos: Claudina Occludina Moléculas de adesão das juntas Proteinas acessórias Occludina Proteína regulatória (altera permeabilidade celular) das juntas justas. Fosfoproteina com dominio C-terminal. Se liga a claudina. Funções da ocludina e claudina: • Forma heteropolimeros e tiras intramembranares → contém canais → permite difusão seletiva de íons e moléculas hidrofilicas. • Ruptura da BHE em tecidos em volta de tumores cerebrais ocorrem com concomitante perda da expressão de occludina. Moléculas de adesão das juntas Pertence a superfamilia de imunoglobulinas. Participa da adesão celula-celula e da transmigracção de monócitos atraves da BHE. Regula a permeabilidade paracelular e a migração de leucócitos. VE-caderina Um dos principais componentes das juntas aderentes São moléculas células específicas. São necessárias a sobrevivência do endotélio, montagem e estabilização dos vasos sanguíneos. N-caderina É expressa em células endoteliais do SNC durante angiogênese cerebral. Acumula-se nas zonas de contato entre células endoteliais e os pericitos circundantes, onde regula a expressão de VE-caderina na membrana celular. Funções das moléculas de adesão das juntas - MAJ Ligação Homotipica entre as moleculas MAJ nas células endoteliais adjacentes → atua como uma barreira → para leucócitos circulantes. Ligação Heterotipica das MAJ a leucócitos → guia a transmigração de leucócitos através das juntas inter endoteliais. Proteínas citoplasmáticas acessórias (ZO-1, ZO-2, ZO-3, cingulina etc.) Ligam-se as proteinas da membrana a actina. Manutenção estrutural e funcional da integridade do endotélio. Proteínas de cruzamento transmembrânicos. TRANSPORTE ATRAVÉS DA BHE Células endoteliais = proteção para o cérebro. Possuem diversos sistemas enzimáticos que metabolizam drogas– semelhante aos sistemas enzimáticos encontrados no fígado. Células endoteliais = metabolização de neurotransmissores e substâncias tóxicas. Tipos de transporte através da BHE Transporte passivo: substâncias lipofílicas, água, CO2, O2 etc Transporte ativo: ação de P-glicoproteínas (atuam como bombas de efluxo dependentes de ATP) – transportam xenobioticos de volta ao sangue. Transporte ativo específico: determinadas substâncias. 1. Difusão osmótica Alcool, nicotina, O2 e CO2 etc Movimento de substâncias a favor do gradiente de concentração. 2. Difusão facilitada por transportadores protéicos D-glicose, aminoácidos neutros de cadeia longa, como fenilalanina entre outros. Entram no cérebro com auxilio de transportadores (proteínas) presentes na membrana das células endoteliais. Glicose = principal fonte de energia do cérebro. É transportada através de ambas membranas endoteliais por difusão facilitada via GLUT-1. Transportadores tipo GLUT-3 estão presentes nos neurônios e permite os neurônios transportarem glucose do ECF (fluido cérebro espinhal). Células da Glia expressam GLUT-1. Transporte de glicose pode se tornar velocidade limitante caso os níveis de glicose caírem abaixo do normal. Concentrações em torno de 60 mg/dL = hipoglicemia → visto que esta concentração é abaixo do valor de Km do transportador GLUT-1 na BHE. Glucose → transportador 45kDa GLUT-1 → astrócitos Astrócitos contém um pequeno estoque de glicogênio que pode ser utilizado durante a ativação cerebral. Configuração do transportador: T1: sítio de ligação exposto na superfície externa da membrana. T2: sítio de ligação exposto na superfície interna da membrana. 1) A glicose do plasma sanguíneo se liga ao sítio estereoespecífico em T1; isso reduz a energia de ativação para uma mudança conformacional a partir de glicose fora· 2) T1 capta a glicose coloca pra dentro· 3) T2, efetuando a passagem transmembrana da glicose. 4) A glicose é liberada de T2 para o citoplasma. 5) O transportador retorna à conformação T1, pronto para transportar outra molécula de glicose. Transporte de ácidos monocarboxilicos: sistemas estereoespecíficos. L-lactato, acetato, piruvato e corpos cetonicos, acetoacetato e hidroxibutirato são transportados por sistemas estereoespecificos. Em condições de inanição: o sistema de transporte de corpos cetônicos ė elevado e up regulado (up-regulated). Transporte de aminoácidos e vitaminas: via de sistema de transporte aminoácido. Aminoácidos neutros de cadeia longa (fenilalanina, isoleucina, triptofano, valina e histidina): entram rapidamente no fluido cérebro espinhal via sistema de transporte de aminoácido. Como o sistema de transporte é comum para todos ocorre competição durante o transporte. Aminoacidos neutros de cadeia pequena (alanina, glicina, aminobutirato): tem restrições de entrada devido seu influxo resultar em variações nas concentrações de neurotransmissores. Alguns são sintetizados no cérebro e transportados para fora do SNC pelo carreador preferencial de alanina. 3. Transcitose mediada por receptores Transporte de: proteínas e peptídeos como insulina, transferrina, leptina e fatores de crescimento semelhantes a insulina. 4. Transcitose adsortiva Proteínas como albumina e outras proteínas plasmáticas ligam-se de forma inespecifica à membrana e não a um distinto receptor. 5. Bombas (Transporte ativo) Potássio e aminoácidos neutros de cadeia pequena como glicina saem do cérebro para a corrente sanguínea via transporte ativo. Obs.: Muitas substancias não polares como medicamentos e gases inertes se difundem através da membrana das células endoteliais. São transportados através dos capilares endoteliais por transporte facilitado. Algumas substâncias, como os ácidos graxos não-essenciais, não podem atravessar a barreira. ESTADOS PATOLÓGICOS ENVOLVENDO A BHE Várias patologias do SNC envolvem perturbação da barreira ematoencefálica (BHE), comprometendo sua função. Em muitos casos, onde há distúrbios patológicos envolvendo a ruptura da BHE, a cooperação entre astrocitos e endotélias também está anormal/alterada. Ruptura da BBB A abertura da barreira hematoencefálica → disfunção→ evolução de doenças no SNC. Exposição da barreira hematoencefálica à substâncias nocivas→ abertura das Juntas Justas → perda de sua homeostase → morte celular no SNC. Metaloproteinases → degradam a matriz neurovascular → participam da formação de processos patológicos. A quebra da MEC → alterações no citoesqueleto das células endoteliais da microvasculatura cerebral → afeta as proteínas das JÁ (juntas de adesão) e a integridade da barreira devido ao aumento da permeabilidade desta em estados patológicos. Metaloproteinases: São enzimas, normalmente encontradas em sua forma inativa, da família de proteases dependentes de zinco sendo. 1. Acidente vascular encefálico (AVE) Os astrocitos secretam o factor de crescimento transformante-β (TGFβ), que regula negativamente o cérebro. Indução de mRNA de aquaporina 4 (AQP4) e proteína em ruptura de BBB. Proteólise da membrana basal vascular / matriz. Diminuição da permeabilidade BBB após o tratamento com o receptor V1 da vasopressina com arginina-antagonista em um modelo de traçado. 2.Trauma A bradicinina, um mediador da inflamação, é produzida e estimula a produção eLiberação de interleucina-6 (IL- 6) de astrocitos, o que leva à abertura do BBB. 3.Processos infecciosos ou inflamatórios O lipopolissacarídeo de proteína bacteriana afeta a permeabilidade de BBB. Isto é mediado pela produção de radicais livres, IL-6 e IL-1β. 4.Esclerose múltipla • Ruptura da BHE. • Regulação negativa da laminina na membrana basal. • Perda seletiva de 1/3 da claudina em experimentos de encefalomielite autoimune. • Distúrbio das junções justas. 5.Mal de Alzheimer • Aumento do transporte de glicose, upregulation do transportador de glicose GLUT1, upregulation da expressão de AQP P4. • A acumulação de amilóide-β, uma característica neuropatológica chave da doença de Alzheimer. • Altera as relações celulares no BBB, e mudanças na lâmina basal. 6.Mal de Parkinson Disfunção do BHE por redução da eficácia da P-glicoproteína. 7.HIV Distúrbios nas juntas justas. 8.Epilepsia Abertura transitória da BHE em focos epiléptogênicos e expressão positiva de P- glicoproteína e outros transportadores de efluentes de drogas em astrocitos e endotélio. 9.Tumores cerebrais • Downregulação da proteina Claudina, redistribuíção de astrociteos e AQP4. Agentes modificantes da função do endotélio cerebral e a rigidez da BHE Várias substâncias químicas que circulam no plasma ou são excretadas das células são capazes de aumentar a permeabilidade da barreira BHE e podem desemparelhar/desregular seus mecanismos de transporte e funções metabólicas. • Bradiquinina, histamina, serotonina, glutamato • Nucleotídeos purínicos: ATP, ADP, AMP. • Fosfolipase A2, ácido araquidônico. • Interleucinas. • Radicais livres, oxido nitrico. Algumas substâncias podem aumentar a rigidez da BHE. Esteróides, nível elevado de AMPc etc. FLUÍDO CEREBROSPINAL Volume = 150 ml, producao diaria = 500ml Funcao: • Proteção mecânica. • Distribuição de fatores neuroendocrinos. Infecções do Sistema Nervoso Central: • Meningite bacteriana: Fluído cerebrospinal opulento e viscoso. Glóbulos brancos, Glucose, Lac • Meningite viral: poucas células, proteina Malignidade hematológica: • Células leucêmicas se infiltram no SNC. BAINHA DE MIELINA Mielina: material dielétrico isolante que forma uma camada. Normalmente a mielina envolve somente o axônio deum neurônio. Composição da mielina: constituída por vários tipos de células e com uma composição química variada. De uma maneira geral é constituída de : 80% lipídios (galactocerebrosideos em abundancia) e cerca de 20% de proteínas (MBP). Os principais galactolipídeos são: galactocerebrosideos e psicosina. • Doença de Krabbe (DK) é uma doença de depósito lisossomal,causada pela deficiência da enzima galactocerebrosidase (GALC), a qual é responsável pela transformação catabólica do galactosilceramídeo, resultando em acúmulo de galactocerebrosídeos na micróglia e macrófagos do sistema nervoso central e periférico Proteína Básica de Mileina (MBP) Camundongos knockout, deficientes em MBP mostraram uma considerável diminuição na mielinização do SNC e uma progressiva desordens caracterizada por tremores e vertigens. Tem despertado interesse devido a seu papel em doenças desmielinizantes como esclerose múltipla. A administração de MBP aumenta a permeabilidade da Barreira hemato-encefálica. METABOLISMO CEREBRAL No cérebro, as substancias são sintetizadas a partir do esqueleto carbônico da D-glicose ou a partir de aminoácidos essenciais. Perfil metabólico de astrócitos: 1) A glicose é transportada para astrócitos através do transportador GLUT1 e depois metabolizada em lactato. 2) O lactato é transportado para fora dos astrócitos e absorvido pelos neurônios pelos transportadores de monocarboxilato (MCTs). 3) O lactato intracelular nos neurônios é oxidado em piruvato e metabolizado ao longo da via do oxigênio. Obs.: GLUT1: transportador de glicose-1; MCT: transportador de monocarboxilato; TCA: ciclo de Krebs; Pir: piruvato; Lac: lactato. Fonte: Crtl C + Crtl V dos slides da prof Sônia
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