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CIRURGIA VASCULAR OBSTRUÇÃO ARTERIAL AGUDA Definição: interrupção do fluxo sanguíneo arterial abruptamente. o Trauma o Trombose Própria de ateroma: mais frequente. Aneurisma arterial o Embolia Cardíaca: coração principal fonte, relacionado à FA. Arterial: artérias de menor calibre; pode fazer Síndrome do dedo azul. Mais comum em MMII > MMSS > região cervical > artérias viscerais > aorta. Quadro Clínico: o “6 Ps": Pain (dor) Paralysis (paralisia) Poichylothermia (frialdade) Pallor (palidez) Pulselles (ausência de pulso) Paresthesia (parestesia) o Níveis de isquemia, membro isquêmico: viável -> grave -> irreversível. o Uso do índice de pressão doppler derivado + sinais clínicos de necrose, ulceração e gangrena. Diagnóstico: o Clínico + imagem. o Pode ter caráter crônico-progressivo do quadro com história vascular degenerativa (princi- palmente claudicação intermitente). o Diferenciar embolia de trombose: Embolia: aguda, intensa, sem antecedente de claudicação, relacionada a doença car- díaca frequentemente. Trombose: aguda ou gradual e intensa ou moderada, com antecedente de claudica- ção, menos frequente relação com doença cardíaca. o Exames complementares: USG-Doppler Arteriografia radiológica Arteriografia por RM o D. Diferencial: TV maciça Dissecção de aorta Comprometimento cardíaco levando a baixo fluxo arterial Conduta e Tratamento: o Objetivos: evitar progressão da isquemia, evitar tromboses secundárias distais, decidir me- lhor conduta, prevenir síndrome da revascularização e suas complicações. o Cuidados gerais: Tratar dor sem sedar, discreto proclive do paciente, não usar vasodilatadores, não deixar peso sobre o membro afetado. o Evitar trombose secundária: Heparinização, bolus 300U/kg + infusão contínua, TTpa 2,5-3x o basal. o Embolia: determinar grau da lesão. Leve: conservador, heparinização (300U/kg bolus + 50-70 U/kg hora.) Inviável: amputação (quando empastado, cianose fixa, rigidez articular, Cpk elevada, sem sensibilidade). Grave: embolectomia, após heparinização e cuidados gerais. o Trombose Mais complexo e com mais opções. Anticoagulação (evitar TEV secundário) Revascularização, se tiver tempo. (bypass, angioplastia, endarterectomia, trombec- tomia mecânica) podendo associar à trombólise química. Trombolítico, não em casos de isquemia intensa, deve ser iniciado antes de 1 semana. Fibrinólise + Angioplastia endovascular + stent = 70-100% de sucesso. Síndrome de reperfusão o Edema intenso do compartimento Compressão neurótica Comprometimento da perfusão arterial o Tratamento: fasciotomia DOENÇA ARTERIAL OBSTRUTIVA PERIFÉRICA (DAOP) Definição: estreitamento ou obstrução das artérias periféricas, principalmente por aterosclerose Fatores de risco: tabagismo, HAS, DM, Dislipidemia. Diagnóstico o Sintomatologia: claudicação intermitente Porção lateral da perna: artéria tibial anterior Porção medial da perna: artéria tibial posterior o Exame físico: Diferença de pulso Rarefação de pelos Alterações de pele e lesões Manobras especiais. o Sinais de isquemia crítica: dor em repouso ou úlceras isquêmicas. o Diagnóstico final: clínica + Doppler ou arteriografia. Classificação: o Índice Tornozelo Braço (ABI) ABI = Pressão tornozelo / Pressão braço (através do Doppler) Normal: > 1 – 1,2 Claudicação: 0,5 – 0,7 Isquemia crítica: < 0,4 o Fontaine I. Assintomático IIA. Claudicação leve IIB. Claudicação moderada e grave III. Dor em repouso* IV. Úlcera ou necrose* * Internação imediata Tratamento o Clínico Cessar tabagismo HAS controlada (130x85mmHg) Atividade física Cilostazol o Intervencionista Terapia endovascular (melhor para lesões acima do joelho) Revascularização (bypass aortofemoral) o Amputação Terapia refratária Infecção extensa Isquemia crítica SÍNDROME DE LERICHE Definição: obstrução da aorta abdominal inferior às artérias renais. Fisiopatologia: principalmente por aterosclerose. Fatores de risco: mesmos da aterosclerose, DAOP. Manifestações: o Claudicação à nível de glúteo o Impotência sexual o Alteração de pulso em pulsos femorais Diagnóstico: clínico + exame de imagem. Tratamento: cirurgia ou angioplastia. TROMBOSE VENOSA PROFUNDA Definição: formação de coágulos nas veias do sistema venoso profundo. o Principalmente MMII, seguido por MMSS. Fisiopatologia o Tríade de Virchow Estase sanguínea Lesão endotelial Hipercoagulabilidade Genética: resistência à proteína C ativada (mutação do fator V), deficiência de fatores que impedem a coagulação... Adquirida: gravidez, ACO, cirurgias, tabagismo, obesidade, SAAF, infecções, neoplasias, vasculites, poliglobulias, etc. Resultados: fluxo lentificado, agregação plaquetária, ativação da cascata de coagu- lação, formação de trombo na luz do vaso. o Funcionamento inadequado das válvulas venosas o Falta de compressão muscular o Veias do sistema venoso profundo são mais espessas, mas tem menor distensão MMII Distal: região da panturrilha Proximal: artérias poplítea, femoral e femoral comum Diagnóstico o Suspeitar em pacientes com alto risco Acamado, pós-operatório, neoplasia, fraturas, sepse, IC, AVE, lúpus, SAAF, TVP pré- via, viagem, etc. o Critérios de Wells TVP provável 2 ou + TVP não provável <2 o Quadro clínico Dor local, geralmente em panturrilha, que piora ao apoiar-se no membro. Edema local Empastamento (sinal da bandeira) Início súbito Calor Eritema Dor à palpação da panturrilha (sinal de Bancroft) Dor à dorsiflexão do tornozelo (sinal de Homans) o Membro acometido Perfusão distal com tempo de enchimento capilar Pulsos Avaliação do fluxo com doppler contínuo o Métodos diagnósticos Flebografia (invasivo, padrão ouro, mas pouco usado) Ultrassonografia (método de escolha) Hipoecogênico: recente Hiperecogênico: antigo Angiotomografia (caro) o Diagnóstico diferencial Erisipela, flebites superficiais, traumas, lesões musculares, IC, linfedema, IR, neopla- sias, hipotireoidismo, etc. Tratamento o Alivio dos sintomas, diminuição dos riscos da fase aguda e evitar S. pós trombótica. o Repouso absoluto o Elevação dos MMII o Investigação completa o Anticoagulação oral HPBM + Warfarina Até que o RNI esteja entre 2-3 ou por 5-7 dias. Após esse período suspende- se HBPM e mantém warfarina, fazendo controle pelo RNI por até 6 meses. (se distal 3 meses) HPBM, (SC) 1mg/kg de 12/12h ou 1,5mg cada 24h Varfarina 10mg (VO) nos 2 primeiros dias, 5mg no terceiro e depois depende do INR. o Dependendo do caso considerar fibrinólise e implante de veia cava. Profilaxia: avaliar risco o Risco alto/muito alto HPBM: 40mg 1x dia. HNF: 5000U 3x dia. o Risco moderado HPBM: 20mg 1x dia. HNF: 5000U 2x dia. o Paciente cirúrgico: todo aquele com risco de TEV mesmo após alta, principalmente em cirur- gias ortopédicas e oncológicas. Olhar tabela. o Paciente clínico: todo aquele com mobilidade reduzida deve ser avaliado, se possuir fator de risco e sem contra indicação, está indicado profilaxia. o Escore de Pádua >/= 4, está indicado. Olhar tabela. HPBM 40mg uma vez ao dia. o Métodos não medicamentosos: Movimentação dos membros Meias elásticas compressivas Compressão pneumática intermitente o Métodos medicamentosos: HNF, HBPM, Warfarina e NACO. TROMBOEMBOLISMO PULMONAR (TEP) Definição: fragmentação e migração para os vasos pulmonares de trombos formados no sistema ve- noso profundo. Fisiopatologia: mesma que a da TVP na formação do trombo. No pulmão pode levar à disfunção de VD, diminuição de débito de VE, infarto e hipotensão/choque. Fatores predisponentes: mesmos que os da TVP. Manifestações o Sinais: taquipneia, estertores, taquicardia, quarta bulha ou galope e etc. o Sintomas: dispneia, sibilos, tosse, dor torácica, dor e edema de panturrilha, hemoptise, sín- cope. Diagnóstico o Clínico o Exames laboratoriais ECG e Raio-X, inespecíficos, DD Gasometria, hipoxemia, PaO2< 90mmHg D-Dímero, aumentado indica TEP TC helicoidal, alta sensibilidade e especificidade AngioTC, padrão ouro o Critérios de Wells simplificado, probabilidade: 0-1 não elevada >2 elevada Diagnóstico diferencial o Pleurite, pneumonia, SCA, IC, pneumotórax, pericardite, asma, entre outros. Estratificação de Risco o Critério clínicos + biomarcadores séricos + função do VD o Alto risco: polissintomático, hipotensão, disfunção de VD, embolia extensa. o Baixo risco: oligossintomático, sem disfunção de VD, embolia não extensa. Tratamento o Alto risco: fibrinolítico, embolectomia o Baixo risco: heparinização + anticoagulação oral o Duração do tratamento Causa reversível: 3 meses Idiopático/recorrente/com neoplasia: anos ou indeterminado o Outras opções: filtro de veia cava Profilaxia: mesma que de TVP ANTICOAGULANTES Definição: medicamentos que tornam mais lenta a coagulação sanguínea, essa por sua vez é um me- canismo hemostático que consiste na formação de massa sólida com fibrina e elementos do sangue aderidos. Indicações: o TVP e TEP, prevenção e tratamento o Obstrução arterial aguda o Prótese cardíaca o Fibrilação atrial o Durante revascularização o Coagulação intravascular disseminada o Câncer, alta taxa de TVP Contra indicações: o Risco de hemorragias ou distúrbios hemorrágicos presentes o HAS > 200x110mmHg não controlada o AVC < 3 semanas o Cirurgia de SNC < 3 semanas o Traumas ou grandes cirurgias com descolamento < 14 dias o Insuficiencia hepática o Endocardite infecciosa o Gravidez Procedimentos invasivos: o Anticoagulantes orais suspender 4 dias antes + TAP o HNF suspender 6 a 8 horas antes o HNPM suspender 24 horas antes o Restabelecer o quanto antes, se necessário heparina após 12 horas Heparinas o Mecanismos de ação Primários: inibição do Xa., inibição da trombina, interferência na ativação dos fato- res IX, XI, XII. Secundários: inibição da conversão da protrombina em trombina, e do fibrinogênio em fibrina, inibição da agregação plaquetária. o Características: Metabolização hepática e excreção renal Não atravessa barreira placentária Pode haver resistência natural e adquirida HBPM é parcialmente revertida pela protamina o Posologia fase aguda HNF, (EV) 18 a 22 UI/kg/hora em 500 ml SF de 8/8h, 20 gts/min; HNF, (SC) 5000 UI de atk + 200-250 UI/kg a cada 12h (TTpa em 6h); HPBM, (SC) 1mg/kg de 12/12h ou 1,5mg cada 24h. o Posologia profilática HNF, 2h após procedimento, risco: Alto, 5000UI de 8/8h por 7 dias Moderado, 5000UI de 12/12h por 7 dias HBPM (enoxaparina), risco: Alto, 12h pré procedimento, 40mg/dia por 10 dias Moderado, 2h pré procedimento, 20mg/dia por 10 dias o Controle laboratorial: Antivitaminas K, Varfarina (Marevan) o Anticoagulante Oral, derivados curmarínicos. o Mecanismo de ação Compete com a vitamina K na síntese final dos fatores II, VII, IX e X e proteínas C e S, provocando aparecimento de formas acarboxiladas incapazes de coagular. o Efeito antitrombótico Não é imediato, após cerca de 100h (meia vida da protrombina). Entre 24 – 48h diminui VII, efeito inicial Entre 48 – 96h ação paradoxal, efeito pró-trombótico, hipercoagulabilidade. (por isso associado com heparina até o quinto dia) o Posologia fase aguda Associada à heparina, dia: 1 e 2: 10mg 3: 5mg 4: depende do INR Novos Anticoagulantes Orais o Inibem fator Xa. ou trombina o Rápido início de ação, rápida reversão e sem necessidade de controle laboratorial. o Alto custo se comparada às outras opções. o Não são afetados pela dieta como a Varfarina pode ser. o NACO: Rivaroxabana (Xarelto), Apixabana, Dabigatrana, Endoxabana INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA (varizes) Definição: Funcionamento impróprio das válvulas venosas, anormalidade (refluxo e/ou obstrução) do sistema venoso periférico superficial ou profundo. Fisiopatologia: o Valvas venosas incompetentes o Dilatação crônica da parede venosa o Aumento da pressão intraluminal venosa Fatores de risco: o Idade o Sexo feminino (estrogênio + progesterona) o História familiar o Neoplasias o Sedentarismo Manifestações Clínicas: o Dor o Edema o Sensação de peso no membro o Ulcera o Aspecto estético ruim Classificação CEAP o Etiológica: congênita, primária ou secundária o CEAP 0 – nada a fazer 1 – ecleroterapia estética 2 – Safenectomia 3 – meias + venoativos 4 – meias + ligar perfurantes 5 – safenectomia + meias 6 – safenectomia + meias Diagnóstico o USG-Doppler Grau de acometimento Identificar local afetado Patência do sistema profundo e perfurante o Flebografia Ascendente: paredes, válvulas e lúmen Descendente: caracteriza refluxo venoso Tratamento o Clínico Meias elásticas Deambulação Elevação de membros 2x ao dia Bota de unna Esclerose de varizes o Cirúrgico Fins estéticos Sintomas refratários Lipodematofibrose Tromboflebite superficial Úlcera com infecção TRAUMA VASCULAR Definição: lesões do sistema vascular causadas por agressores cortantes, contundentes ou corto- contundentes, que levarão a quadros hemorrágicos ou isquêmicos graves Epidemiologia: principal causa de morte < 40 anos; indivíduos urbanos, de baixa classe socioeconô- mica o 80% em extremidades o Trauma de grandes vasos: 80% morre no local o Indivíduos jovens: risco de incapacidade permanente (lesão de nervos periféricos) Tipos de trauma vascular o Contuso (20%): principalmente por acidente de trânsito, causando isquemia de membros por acometimento arterial e venoso; menor mortalidade em extremidades Mais comum: contusão causa trombose consequente formação de hematoma, com quadro isquêmico grave Também pode acontecer do trauma seccionar o vaso, mais raro Fenômenos vasculares possíveis Espasmo: redução da luz Edema da parede: redução da luz Secção da íntima: trombose arterial aguda Secção total: hemorragia grave Falso aneurisma ou aneurisma traumático: pode evoluir de hematoma da pa- rede ou de uma perfuração do vaso com a formação de um hematoma que se comunica com o fluxo arterial e é contido pelas estruturas vizinhas; pode comprimir estruturas vizinhas ou romper-se o Cortante (30%): por arma branca, gera quadro de hemorragia, maior mortalidade Fenômenos vasculares possíveis Hematoma: com ou sem sangramento, lesão superficial Secção total: há retração proximal e distal, com maior tendência a contenção por trombose reflexa (menor hemorragia local, porém maior isquemia distal) Secção parcial: maior mortalidade, não sofre retração Fístula arteriovenosa (FAV): sobrecarga pressórica do AD; frêmito à palpação e sopro contínuo “em maquinaria” Falso aneurisma: hematoma pulsátil contido por estruturas perivasculares, idem contuso o Perfurocontusa (50%): por arma de fogo; menor mortalidade, mas maior índice de isque- mia; menor mortalidade em extremidades Projétil de arma de fogo (PAF): aumento de temperatura, trombose arterial aguda e posterior isquemia Fenômenos vasculares possíveis Secção total: trombose distal e proximal gerando isquemia Secção parcial FAV Falso aneurisma Síndrome vascular traumática:subdividida em o Hemorrágica: pode evoluir para choque hipovolêmico o Tumoral: ferimento fechado com hematoma ou pseudoaneurisma expansivo o Isquêmica: frialdade, sem pulso distal Anamnese e exame físico o Tipo de lesão traumática: contusa, cortante e perfurocontusa o Tipo de sangramento: arterial ou venoso (contínuo, vermelho escuro) Evidências de sangramento arterial Sangramento pulsátil Frêmito arterial à palpação Sopro sobre ou próximo à lesão Pulso distal ausente Hematoma expansivo visível Sinais leves de sangramento arterial Hemorragia significativa à anamnese Alteração neurológica Redução do pulso Fluxometria Doppler: ITB < 0,9 (N= 1) o Se arma de fogo: distância e calibre o Se contuso ou cortante: agente traumático o Topografia da lesão MMSS Vasos axilares e subclávios: principalmente arma de fogo Vasos braquiais Vasos radiais e ulnares: principalmente por arma branca MMII Vasos femorais Vasos poplíteos: principalmente por acidente de trânsito, maior índice de amputações (principal vaso regional, sem colaterais, única veia submetida a reconstrução sempre que possível) Vasos tibiais e fibulares Exames complementares o RX do segmento atingido: localização do projétil, de imediato o Doppler contínuo: examinador dependente o Eco-doppler o Arteriografia Atendimento inicial o Avaliação das condições respiratórias o Acesso venoso calibroso: sobretudo se trauma cortante o Estabilidade da coluna o Pesquisar presença de sangramento: controle por compressão manual (feridas abertas, mai- ores) ou digital (por arma de fogo) Atendimento cirúrgico o Incisão ampla o Controle do sangramento: pinças atraumáticas (clamp vascular) o Fixação de fratura se presente o Reconstrução de vasos: melhor substituto = veia autógena o Cobertura tecidual dos vasos suturados: lesão considerada contaminada sempre o Fasciotomia se necessária: síndrome compartimental, principal compartimento acometido é o compartimento anterior da perna (entre 2 ossos, menos espaço) PÉ DIABÉTICO Definição: infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos profundos por anormalidades neurológicas e vários graus de doença vascular periférica em pessoas com DM Epidemiologia: 10% da população > 65 anos tem DM o Pé diabético = causa mais comum de hospitalização o Hospitalização cara e prolongada (> 1 mês; 44% > 3 meses) Mecanismos: o Alterações neurológicas e vasculares >> distorções anatomofisiológicas Pé cavo e, terminalmente, pé de Charcot (desabamento do tarso) Shunts arteriovenosos: má nutrição de pele e ossos (osteopenia) o Alteração trofismo muscular e anatomia óssea >> pontos de pressão Glicolização da cartilagem articular >> ossos em posição viciada o Ressecamento cutâneo >> perda da elasticidade o Prejuízo da circulação local >> cicatrização mais lenta e ineficaz Resulta em aumento do risco de ulcerações: possível evolução para infecção e amputação o Portas de entrada para infecções: leito ungueal, fissuras e rachaduras, tínea, etc. o Diabéticos possuem 15 a 40 vezes mais risco de amputação Aterosclerose no DM: mais precoce, mais difusa e grave que no não diabético o Sem DM: parede posterior, sobretudo em bifurcações (aorto-ilíaca) o DM: também oclusão de artérias infrapatelares Classificação (etiopatogenia): neuropático, vascular ou misto o Neuropático: perda progressiva da sensibilidade; maioria dos casos Mais comum: formigamentos e sensação de queimação que tipicamente melhoram ao exercício Apresentação: lesões traumáticas indolores, perda despercebida do sapato o Isquêmico: claudicação intermite ou palidez à elevação do MI Exame: pé frio, ausência de pulsos tibial posterior e pedioso dorsal Fatores de risco para úlceras e amputações (principais complicações) o História de ulceração ou amputação prévia o Neuropatia periférica o Deformidade dos pés o Doença vascular periférica o Baixa acuidade visual o Neuropatia diabética (sobretudo em diálise) o Controle glicêmico insatisfatório o Tabagismo Classificação de risco: quanto maior o grau, maior o risco do indivíduo em desenvolver uma úlcera e/ou requerer uma amputação ao longo do tempo Abordagem do paciente com pé diabético o Anamnese: identificar fatores de risco e levantar suspeita da presença e da gravidade das complicações (neuropatia, vasculopatia) Tempo de doença do DM e controle glicêmico: relação direita com o desenvolvi- mento de complicações História de complicações micro (IAM, AVC e doença arterial periférica) e macrovas- culares (retinopatia e nefropatia diabética): indicação de doença mais avançada + maior risco de desenvolvimento de complicações História de úlceras, amputações ou by-pass em membros: indicação de doença mais avançada >> classificação como grau 3 (alto risco) História de tabagismo: importante fator de RCV + aumento do risco de ulceração + dificuldade na cicatrização Dor ou desconforto em MMII Dor ou desconforto, do tipo queimação, formigamento ou “picada”, começando nos dedos e ascendendo proximalmente (padrão em bota ou em luva), com piora no pe- ríodo noturno e aliviados ao movimento >> neuropatia Neuropatia: “negativa” como dormência e hipoestesia Dor do tipo câimbra ou peso ao caminhar, que é aliviada ao repouso >> dor isquêmica por DVP Cuidados de higiene e proteção dos pés Qualidade da acuidade visual: baixa acuidade dificulta autoinspeção dos pés e pode predispor a traumas nos pés o Exame físico: busca por fatores de risco e complicações Anatomia: neuropatia predispõe a deformidades >> aumento da proeminência dos metatarsos, dedos em garra, dedos em martelo, joanetes e perda do arco plantar Hidratação: frequente xerodermia na neuropatia diabética >> predisposição a fissu- ras e ulcerações Coloração, temperatura e distribuição de pelos: anormalidade na cor, pele fria e ra- refação de pelos são sinais de insuficiência arterial Integridade de unhas e pele Atrofia: sinal de insuficiência arterial Sinais de darmatofitose: porta de entrada para infecção bacteriana Distrofias ungueais (onicomicose): mais frequente em pessoas com DM Calosidades: áreas de alta pressão na região plantar << calçado inadequado o Avaliação neurológica Sensibilidade tátil com monofilamento (laranja, 10g) Sensibilidade vibratória Ausência total ou parcial do reflexo Aquileu: importante sinal preditivo de processos ulcerativos nos pés o Avaliação vascular Palpação de pulsos pediosos e tibiais posteriores Isquemia crítica de membro: urgência médica, com elevado risco de parda de sua vi- abilidade, 6 sinais clássicos >> dor, paralisia, parestesia, ausência de pulso, paralisia por frio e palidez; suspeita com os sintomas: Dor na perna em repouso Gangrena Feridas/úlceras que não cicatrizam no pé Atrofia muscular Rubor dependente Palidez quando a perna é elevada Perda de pelos sobre o dorso do pé Unhas do hálux espessadas Pele brilhante/descamativa Sinais de insuficiência venosa: não faz parte do espectro de alterações associadas ao pé diabético, porém é comorbidade frequente e também predispõe a ulcerações Edema, hiperpigmentação da pele, dermatolipoesclerose (fibrose e atrofia do tecido subcutâneo e da pele), eczema ou úlcera venosa o Avaliação de feridas: agudas (abrasão dérmica) ou crônicas (aumento de pressão sobre pon- tos específicos), arteriais ou venosas Tratamento o Desbridamento: remoção dos tecidos inviáveis por mecanismo autolítico, enzimático, me- cânico ou cirúrgico Tecido necrótico: excessiva carga bacteriana e células mortas inibem cicatrização o Infecções fúngicas: tinea pedis e onicomicose o Infecções bacterianas: conforme gravidade (leve, moderada ou grave) Sapato costumizado: indicado se diagnóstico de neuropatiao Sem deformidade: pode liberar uso de alguns sapatos – sem bico fino, com pouca costura interna, sem taxas, alguns tipos de tênis, etc. o Solado em casco de canoa: menor contato com o solo o Palmilha hiperfunda com 3 camadas: deformável (plastazoti), semirrígida e rígida Revisão a cada 3 meses o Contraforte e tutor: estabilizam o calcanhar (prevenção de luxações secundárias à glicoliza- ção articular) ERISIPELA Conceitos o Linfangite: inflamação do vaso linfático de qualquer etiologia o Erisipela: linfangite estreptocócica Agente: Streptococcus pyogenes beta-hemolítico do grupo A Epidemiologia: países de clima quente e úmido o Mais em adultos o Ambos os sexos: mais precoce nos homens (< 50 anos) Mulheres: relação com linfedema pós-mastectomia o Fatores de risco locais: linfedema e porta de entrada (micose interdigital, úlcera de perna e lesões tramáticas) o Mais em MMII: úlcera venosa, micose, linfedema e traumas MMSS: sobretudo linfedema pós-mastectomia Face e tronco: raros Quadro clínico: linfangite superficial, reticular ou capilar profunda o Incubação: 1 a 8 dias (média de 3 dias) o Vago mal-estar, astenia e cefaleia >> náuseas e vômitos, febre alta (> 40ºC) o Manchas eritematosas >> eritema doloroso com calor local o Ponto de inoculação: lesão micótica interdigital antiga o Infecção vai para linfonodos locorregionais: “vergão” - lista eritematosa Linfonodos aumentados e dolorosos, pior à palpação e deambulação o Melhora dos sintomas sistêmicos >> início das manifestações cutâneas Eritema e edema em casca de laranja >> vesículas, flictenas e bolhas que coalescem >> necrose da pele o Dermatite difusa: estreptococo agride vasos linfáticos >> processos inflamatórios com grave reação sistêmica Prognóstico o Sem outros comprometimentos + DX e TTO corretos: desaparece, pouca recidiva o IVC, síndrome pós-trombótica, linfedema pós-mastectomia e linfedematosos em geral: complicações frequentes e alto índice de recidiva Acompanhamento rigoroso: evitar cronificação do processo inflamatório por crises repetidas de erisipela Complicações: mais em pacientes idosos, obesos, diabéticos, imunodeprimidos, etc. o Tendência a recorrências: linfedema após 6 ou mais meses do surto, agravo a cada reinfecção o Linfedema pós-inflamatório = complicação mais frequente; também fator de risco Aumento da produção de colágeno: transformação em fibredema - condição mais grave do linfedema >> invalidez se não tratado Diagnóstico: clínico, difícil na fase inicial, pensar quando fatores de risco presentes o Exames laboratoriais: não necessários para DX, mas para acompanhar evolução Leucocitose com desvio à esquerda + VHS aumentado ASO e PCR positivos Elevadas em pacientes clinicamente curados: possível recidiva Hemocultura excepcionalmente positiva o Diferencial: TVP – sem alterações de pele e sem manifestações sistêmicas Rara dúvida: mapeamento duplex venoso Tratamento: penicilina G benzatina 1,2 milhões UI IM glútea o Erisipela grave (comorbidades importantes, suspeita de TVP, idade avançada, graves condi- ções clínicas ou locais): intra-hospitalar, penicilina G cristalina EV contínua 20-30 mil UI/dia o Alergia: eritromicina VO 1 a 2 g 12/12h; 0,5g 12/12 após regressão de 10 a 15 dias o Heparina 300 a 500 UI/kg/dia em casos graves: evitar maiores complicações Profilaxia: penicilina G benzatina 1,2 milhões UI IM glútea a cada 21 dias após 1ª recidiva o Linfedema pós-mastectomia: 15/15 dias ANEURISMAS Definição: dilatação localizada e permanente de um segmento de uma artéria ≥ 50% de seu diâmetro Epidemiologia: mais em homens (4:1), sobretudo > 60 anos Mais comum = aneurisma de aorta abdominal (AAA) infrarrenal Alta mortalidade Aumento da elastase e diminuição da antitripsina: maior risco de AAA Geralmente assintomática: diagnóstico já em fase de complicações Componente hereditário importante, sobretudo em parentes de 1º grau 40% dos AAA com aneurisma de poplítea associado, bilateral em 60% Etiopatogenia: multifatorial Aterosclerose Arterite de Takayasu: mulher jovem, 2ª a 3ª década, processo inflamatório grave de aorta com posterior estenose seguida de dilatação Diagnóstico: arteriografia – sinal do relógio de areia (dilatação-estenose-dilatação) Aneurisma micótico: infecciosos Aneurisma pós-estenótico: turbulência em forma de círculo após a estenose que provoca a ruptura das fibras elásticas Aneurismas traumáticos ou falsos aneurismas ou pseudoanerismas: solução de continuidade com a parede do vaso >> hematoma >> tumoração pulsátil organizada pelo próprio hema- toma Aneurismas inflamatórios: colagenoses; raro; único aneurisma extremamente sintomático Extenso processo inflamatório: fibrose >> comprometimento dos ureteres >> hidro- nefrose Classificação Verdadeiro ou falso Verdadeiro: paredes constituídas pela própria parede arterial, alterada e dilatada Falso aneurisma: derivado de ruptura completa da parede arterial, cuja luz se man- tém em contato com o hematoma pulsátil resultante da ruptura Quanto à forma Saculares: se desenvolvem só para um lado da artéria, como um divertículo, fazendo continuidade com a luz vascular por um colo de tamanho variável; maior tendência à rotura Fusiformes: resultam de dilatação difusa do segmento arterial em todas as direções Dissecantes: dissecções da parede arterial nem sempre resultam na formação de um aneurisma Nome genérico deve ser dissecção arterial aguda e não aneurisma dissecante Resulta de ruptura da camada interna da parede arterial, com o sangue ir- rompendo entre as outras camadas e produzindo abaulamento do segmento dissecado de graus variáveis Falso aneurisma (traumático ou pseudoaneurisma) Aneurisma cirsoide: provém de uma deformidade vascular congênita que permite co- municação arteriovenosa gerando angiodisplasias (deformidades vasculares congê- nitas no geral) Quanto à localização Aneurisma da aorta torácica: acomete qualquer porção da aorta descendente, desde a artéria subclávia esquerda até o diafragma Aneurisma de aorta toracoabdominal Aneurisma da aorta abdominal infrarrenal: mais comum Aneurisma periférico: mais comum é da poplítea (2º aneurisma mais frequente), muito associado ao AAA Aneurismas viscerais Quadro clínico: maioria assintomático; sempre pensar se > 60 anos Pacientes magros: tumoração pulsátil no abdome (“2º coração”); também pode ser a descri- ção de tumor abdominal sobrepondo a aorta Sintomatologia se expansão aguda ou complicações Características Pulsatilidade em sentido anteroposterior Sinal de DeBakey: não definição do limite superior do aneurisma à sua palpação, in- dica provável envolvimento de ramos viscerais Diagnóstico: exame físico + exames complementares RX de tórax ou abdome: melhor visualização quanto maior a calcificação Eco-Doppler: pode fazer diagnóstico, mas é examinador-dependente Fornecer informações iniciais sobre a localização, diâmetro, extensão do aneurisma e firmar, com grande acurácia, se a etiologia é dissecção TC contrastada: padrão-ouro; detalhes da oclusão e toda a estrutura aórtica visíveis RMN: mesma sensibilidade e especificidade da TC contrastada, mas é mais cara e pode su- perestimar o diâmetro do aneurisma Aortografia: vê apenas a luz, não o aneurisma em si, precisa de TC para confirmar Complicações Macroembolia Microembolia Trombose Ruptura: maioria rompe para o retroperitônio >> dor lombar intensa (mimetizando cólica re- nal) + choque em diferentes graus Ruptura para cavidade peritoneal livre: óbito Ruptura para veia cava e intestino: extremamente grave, porém raro Tratamento Aneurisma pequeno (≤ 3 a 4,9 cm): trata fator de risco + acompanhamento com USG a cada 6 meses Crescimento de 0,5cm/6 meses ou trombolisar: indicação cirúrgica Médio (5 a 5,9 cm) e grande (> 6 cm): indicação cirúrgica imediata
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