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IODO Apesar de os mecanismos adaptativos não fisiológicos contribuírem para a manutenção da síntese hormonal, tanto a deficiência grave quanto o excesso de iodo podem resultar em insuficiência tireoidiana e em hipotireoidismo. Praticamente todo o iodo absorvido pelo organismo é proveniente da alimentação; é transformado em iodeto no intestino, sobretudo no delgado, no qual é absorvido por completo. O organismo de um adulto saudável contém de 15 a 20 mg de iodo, sendo que 70 a 80% estão localizados na tireoide. Maior depuração sérica de iodeto A captação de iodeto eleva-se de forma substancial sob a ação do TSH. Porém, o processo adaptativo tende a decrescer com o tempo em razão da deterioração morfológica progressiva da tireoide, passando de hiperplasia difusa para multinodular, quando o bócio perde a eficiência adaptativa. Hiperplasia da glândula tireoide Sob a ação do TSH elevado, inicia-se o processo de hiperplasia, ou seja, evolução do volume celular pelo aumento do número das unidades foliculares. Modificações dos aminoácidos iodados O nível inadequado e baixo de iodação da TG e o aumento do estímulo por TSH levam à síntese preferencial de T3. Nota-se, portanto, que, enquanto as concentrações séricas de T3 são normais ou elevadas, aquelas deT4 estão constantemente baixas. Aumento na conversão periférica de tetraiodotironina para tri-iodotironina Existe maior conversão de T 4 a T3 no córtex cerebral, enquanto no fígado ocorre o fenômeno inverso. Dessa forma, tecidos vitalmente dependentes dessa conversão (tal como o cérebro) podem se defender das consequências nocivas de falta de T3 intracelular, sobretudo nas primeiras semanas de vida extrauterina. Elevação da produção de hormônio estimulante da tireoide O declínio progressivo da síntese de T 4 em prejuízo da secreção preferencial de T3 leva à eventual queda relativa da concentração de T4 intracelular no tirotrofócito hipofisário. Na ausência de T4 (substrato) para conversão a T3, existe menor efeito retrorregulador sobre a expressão gênica e na síntese do TSH. Livre do efeito supressor, a hipófise passa a liberar continuamente o TSH endógeno que estimulará a glândula tireoide com todas as consequências indicadas DISTÚRBIOS RELACIONADOS À CARÊNCIA CRÔNICA EM IODO Entre as alterações mais comuns funcionais da tireoide (com queda de T4 sérico e elevação de TSH) e o aumento da glândula tireoide, de início difuso, que tende a progredir para nodular se a carência em iodo permanecer crônica. Esse fenômeno é denominado bócio endêmico. Em recém-nascidos e crianças o aspecto mais preocupante é o retardo mental, que atinge tanto o feto como o recém-nascido, prolongando-se pela fase escolar, pela adolescência e pela idade adulta, levando as crianças a apresentarem baixo rendimento escolar, dificuldade de adaptação social, incapacidade relativa de trabalho na vida adulta e até mesmo problemas cognitivos sérios, Nota-se, ainda, a queda da fertilidade da população feminina jovem e o aumento da mortalidade perinatal e da mortalidade infantil. Cretinismo endêmico: Quando a deficiência grave em iodo ocorre in utero, causa o distúrbio denominado cretinismo, caracterizado por retardo mental grave, junto a vários graus de baixa estatura, surdo-mudez e espasticidade. Neurológico: predominam os sinais de lesão cortical, com deficiência mental, espasticidade e surdez neurossensorial. O bócio é relativamente pequeno, e o hipotireoidismo surge de forma tardia na vida adulta. Mixedematoso: predominam os sinais de hipofunção tireoidiana com hipotireoidismo marcante (desde a primeira infância), atrofia da tireoide e deficiência mental grave. Quatro métodos são geralmente recomendados para avaliação do status de iodo: concentração de iodo urinário, taxa de bócio e medida de TSH e TG séricos. Ingestão de Iodo Grupo Quantidade < 2 anos 100 μg/L Idade escolar 100 a 199 μg/L Gestantes 150 a 249 μg/L Lactantes 100 μg/L A ultrassonografia da glândula tireoide é o melhor método não invasivo para se avaliar com precisão o volume glandular. É um exame prático, eficiente, relativamente fácil de ser executado e fornece informações sobre a ecogeneidade, o volume e as eventuais alterações morfológicas da glândula. PREVENÇÃO DA DEFICIÊNCIA DE IODO Em quase todas as regiões afetadas, a maneira mais eficaz de controlar a deficiência em iodo é por meio da iodação do sal de cozinha. Esse procedimento é utilizado de forma universal pela indústria de alimentos em sal para consumo humano e animal. O iodo também pode ser fornecido em gotas ou comprimidos, como iodeto de potássio ou iodato de potássio, Doses únicas orais mensais de iodeto de potássio (30 mg) ou a cada duas semanas (8 mg) podem fornecer iodo suficiente para crianças em idade escolar. HORMÔNIO ESTIMULADOR DA TIREOIDE O TSH intervém de muitas maneiras na adaptação da glândula tireoide sob oferta variável de iodo. A interação é simples e fácil de entender: no caso de deficiência, o T4 sérico diminui e o TSH aumenta, e a elevação do NIS é TSH-dependente; no excesso, a diminuição do NIS deriva da autorregulação. As seções seguintes discutem tais interações complexas. O sistema NIS é altamente adaptável e contribui, de longe, para uma secreção hormonal constante sob ampla gama de abastecimento de iodo. No excesso de iodo: Nas etapas iniciais da síntese hormonal, os resíduos tirosínicos da TG são iodados, gerando MIT e, a seguir, DIT. Na reação final, aDIT se une a outra DIT e forma o T4 (quatro átomos de iodo por molécula) ou a uma MIT para gerar o T3 (com três átomos de iodo). Na abundância de iodo, a DIT predomina sobre a MIT, o que favorece a síntese de T4, menos ativo que o T3. Assim, é mantido um estado eutireoideo, apesar da quantidade elevada de iodo absorvida pela glândula. HIPOTIREOIDISMO INDUZIDO PELO IODO Às vezes, aqueles mecanismos reguladores falham, conduzindo o excesso de iodo ao hipotiroidismo clínico franco. As seguintes situações são predisponentes à disfunção: Doença de Graves após o tratamento com radioiodo ou tireoidectomia parcial, mas não após terapêutica medicamentosa antitireoidiana. Após tireoidectomia parcial como terapia para nódulos benignos. Na presença de tireoidite autoimune, seja a doença de Hashimoto clássica ou a variante pós-parto. O denominador comum dos estados que favorecem essa situação é, provavelmente, o TSH levemente elevado ou a persistência de anticorpos estimuladores da tireoide. HIPERTIREOIDISMO INDUZIDO PELO IODO Estudos confirmaram a interpretação inicial de que os nódulos, originalmente mantidos sob controle do TSH durante a baixa ingestão, tornaram-se autônomos e produziram HT em excesso sob oferta de iodo. O escape dos nódulos do controle hipofisário se deve à mutação somática constitutiva do receptor de TSH, que os mantêm ativados mesmo na ausência deste último. SELÊNIO Conteúdo de selênio nos alimentos é determinado por seus teores nos solos, pelo uso de adubos contendo esse elemento e p elas práticas agrícolas, como pH e umidade do solo, que determinam seu acúmulo pelas plantas. Resumidamente, existem três tipos de desiodinases. Duas desiodinases (DIO1 e Dl02) catalisam a ativação do pró-hormônio T4 ao hormônio ativo T3; a DIO1 também está envolvida na degradação do T3. A terceira desiodinase (DIO3) contendo selenocisteína inativa o T4 e o T3. As GPx (glutationa peroxidase) e a tiorredoxina redutase estão expressas no tecido tireoidiano e protegem a glândula do dano oxidativo causado pelo H202 produzido durante a síntese hormonal. Em situações de suprimento inadequado de iodeto e selênio, rearranjos complexos do metabolismo dos HT favorecema adaptação, aumentando a retenção de selênio no cérebro e nas glândulas endócrinas, especialmente na tireoide, junto ao iodeto. FERRO Vários estudos em animais mostraram que a anemia ferropriva prejudica o metabolismo da tireoide, a saber: diminui as concentrações séricas de T4 total e de T3 total, reduz a conversão periférica de T4 para T3 e pode aumentar o TSH circulante. Pesquisas indicam que crianças não anêmicas respondem mais rapidamente ao iodo quanto ao volume tireoidiano e à concentração de TSH, enquanto as crianças com anemia ferropriva melhoraram, principalmente, após a coadministração de ferro. VITAMINA A Deficiência em vitamina A exerce múltiplos efeitos sobre o metabolismo da tireoide: modula o metabolismo glandular, o metabolismo periférico dos HT e a produção de TSH pela hipófise. Na tireoide, provoca hipertrofia, reduz a absorção de iodo, prejudica a síntese de TG e o acoplamento de MIT e DIT e diminui o T3 e T4 intratireoidianos. Na periferia, aumenta o T4 total e livre e o T3, reduz a conversão hepática de T4 a T3 e diminui a ligação de T3 ao transportador sérico. (Bases bioquímicas e fisiológicas da nutrição, 2013) SEGUNDO A DIRETRIZ: O valor de referência de TSH sérico normal para adultos é entre 0,4 e 4,5 mU/L. Evitar alimentos inflamatórios Promover perda de peso
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