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Bruna Costa Wanderley Oftalmologia Fevereiro/2020 1 CRISTALINO O cristalino é um disco biconvexo transparente que funciona como uma lente convergente, contribuindo com cerca um terço das dioptrias da refração ocular, sendo os dois terços restantes dependentes da córnea. CATARATA: é uma doença bastante comum na população idosa caracterizada pela opacidade progressiva do cristalino, provocando perda parcial ou total da visão. A doença é via de regra bilateral, embora assimétrica. a) FISIOPATOLOGIA: O mecanismo causador da catarata não é conhecido, mas certamente tem a ver com o envelhecimento. As células estruturais do cristalino (fibras do cristalino) não são renovadas e possuem praticamente a mesma idade do indivíduo, o que as torna as células do corpo humano mais suscetíveis ao desgaste do envelhecimento. Parece que o estres-‐ se oxidativo constante promove a degeneração das proteínas cristalinas, que aumentam de tamanho e perdem as suas propriedades que garantem a transparência da lente. b) EPIDEMIOLOGIA E FATORES DE RISCO: A catarata adquirida é considerada a causa mais comum de cegueira (perda visual completa) e de perda visual parcial no mundo, excluindo-‐se os distúrbios de refração (hipermetropia, miopia, astigmatismo). No Brasil as principais causas de cegueira nos adultos, por ordem decrescente de frequência, são catarata, glaucoma, retinopatia diabética e trauma ocular. OBS: O diabetes mellitus e o uso de corticoides são fatores de risco importantes para o desenvolvimento de catarata precoce (antes dos 50 anos), do tipo subcapsular posterior. Devemos lembrar que o uso de corticoides também é fator de risco para o glaucoma. O risco de catarata por corticoides inalatórios em altas doses parece ser significativo com doses cumulativas equi-‐ valentes a 2.000 mg (10 puffs/dia por 10 anos) e em crianças. O tabagismo está mais associado à catarata nuclear. c) QUADRO CLINICO • Visão vai ficando lenta e progressivamente borrada, de forma totalmente indolor; • Borramento visual para longe (sinais de trânsito, problemas para dirigir veículos à noite, etc.); embora melhore, no início, a visão para perto (leitura). • Perda da definição do contraste das letras e objetos (tons parecidos podem não ser diferenciados), dificultando por exemplo o paciente identificar bordas, como a da calçada da rua; • Com o tempo, o aumento da opalescência do cristalino vai agravando o borramento visual e então o paciente passa a ter dificuldade na visão para perto e longe; • A visão costuma ficar “nublada e enevoada”; • Outras queixas visuais podem ser: alteração da visão de cores na catarata nuclear, sensibilidade ao brilho forte (glare) na catarata subcapsular posterior). d) DIAGNOSTICO: • Todo paciente com mais de 50 anos de idade com perda parcial ou completa da acuidade visual corrigida (para o erro de refração) pelo teste da carta de Snellen (ver capítulo de Refração) deve ser avaliado quanto à presença de catarata. O mesmo vale para pacientes mais jovens diabéticos e que usaram corticoides. O surgimento de miopia após 50 anos também é uma situação suspeita. • Os pacientes com catarata incipiente podem ter um desempenho razoável na carta de Snellen, embora tenham a visão de contraste comprometida, o que acarreta problemas. Existem entretanto, testes para sensibilidade ao contraste, como o teste de Pelli-‐ Robson que avalia a capacidade do paciente identificar letras de tamanho equivalente à visão 20/60 com tonalidade decrescente. Outro teste que pode ser aplicado é o teste da sensibilidade ao brilho, em pacientes com sintomas de ofuscamento (glare). Bruna Costa Wanderley Oftalmologia Fevereiro/2020 2 • O exame da lâmpada de fenda (biomicroscopia do segmento anterior), de preferência com a pupila dilatada, é o mais indicado para o diagnóstico da catarata, embora a simples observação da pupila iluminada possa detectar a presença de catarata nos casos avançados. e) TRATAMENTO: Não existe tratamento clínico para a catarata, sendo a única opção a cirurgia, de caráter curativo. f) PREVENÇÃO: Não existem medidas comprovadamente efetivas para prevenir a catarata, embora estudos tenham sugerido que o uso de óculos escuros (proteção contra os raios UV) e o uso prolongado de vitaminas antioxidantes possam retardar o aparecimento da doença. Parar de fumar e dosar o uso dos corticoides são importantes medidas. Ainda não foi comprovado que o controle rígido do diabetes mellitus previne a catarata relacionada a esta doença. Alguns trabalhos sugerem que o uso de estrogênio na pós-‐menopausa pode reduzir o risco de catarata nuclear em mulheres. Ref: Medcurso 2018.
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