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TEÓRICO - MENTORIA

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E-BOOK TEÓRICO  
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MENTORIA 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
 
Fala, senhores! 
  
Sou o professor Santiago Brandão, baiano, bacharel em direito,                 
policial militar do estado da Bahia (2017), aprovado também nos concursos                     
da polícia militar do Maranhão (2012) e da polícia militar de Pernambuco                       
(2016). Como foi visto, percebe-se que sou um concurseiro das carreiras                     
policiais, em especial, da carreira militar. Com o intuito de facilitar o seu                         
caminho desenvolvi este material teórico com os principais temas do                   
direito administrativo¹, visando a melhor preparação, com uma didática                 
fácil e acima de tudo com o que há de mais atual, seja em relação às leis,                                 
às doutrinas, jurisprudências e os costumes, que são fontes do direito                     
administrativo.  
 
O presente material foi elaborado pensando em sua aprovação!                 
Porém, para que você alcance êxito, a sua dedicação, o seu foco e a                           
vontade de vencer devem estar sendo cultivados todos os dias, pois, não é                         
somente um bom material que aprova, ajuda? sim, ajuda, mas não faz                       
milagre.  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estudar sempre, vencer às vezes e desistir jamais.  
 
 
 
 
 
 
 
¹ ​Os temas foram selecionados de acordo com a sua incidência em concursos públicos; 
 
 
 
 
 
 
ÍNDICES 
 
 
1. PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS​……………………………………………..​04 
2. PODERES ADMINISTRATIVOS………………………………………………..​09 
3. ATOS ADMINISTRATIVOS​………………………………………………...…...​13 
4. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA ...………………………………………...​21 
5. RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL DO ESTADO​………………………...………​25 
6. FORMAS DE INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE…………​26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
01. PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS 
 
a) CONCEITO 
 
Os princípios ​surgem como parâmetros de interpretação do conteúdo das demais 
regras jurídicas, apontando as diretrizes que devem ser seguidas pelos aplicadores da 
lei​. Em outras palavras, para melhor visualização acerca da importância dessas normas 
para o direito administrativo, tem-se que: 
 
 
 
A compreensão desse ​regime jurídico deverá partir de uma ​análise ​dos 
princípios ​que conformam ​toda a atividade administrativa​. Isso porque são eles, os 
princípios, que oferecem ​coerência e harmonia ​a todo o ​ordenamento jurídico 
(administração pública federal, estadual, distrital e municipal)​, procurando eliminar 
lacunas, além de aparentes contradições, razão pela qual toda a interpretação deve ser 
feita levando em conta o seu conteúdo. 
 
Para o Direito Administrativo, esses princípios estão localizados no caput do artigo 
37 CF/88: 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao 
seguinte: 
 
Trata-se de uma relação meramente exemplificativa, de um mínimo de regras que 
deverão ser obrigatoriamente cumpridas quando no exercício de atividades 
administrativas. Isso porque não se pode descurar da ​existência de outros princípios 
que, embora ​não expressamente previstos no dispositivo constitucional, de igual 
sorte, comandam toda a atividade administrativa. 
 
Diante do exposto temos, os princípios como fonte indispensável para a criação de 
um regramento jurídico harmônico e coerente, devido a sua importância. Além de uma 
previsão não taxativa desses princípios, ou seja, existem princípios explícitos e 
implícitos dentro do nosso ordenamento jurídico. 
 
 
 
b) PRINCÍPIOS EXPLÍCITOS ou EXPRESSOS 
 
b.1) Princípio da Legalidade 
 
À administração pública está subordinada à lei. 
 
Este princípio traduz uma das mais expressivas conquistas da humanidade, ou 
seja, permitir que as divergências, os conflitos, as tensões se resolvam não pelo 
primado da força, mas pelo império da ​lei​. Nesse contexto é que se justifica a presença 
da Constituição Federal, nossa ​Carta Maior​, a título de exemplo. 
 
 
De início, como base de estudo, utilizaremos o artigo 5º, inciso II: 
 
 “Todos são iguais​ perante a lei​, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, 
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) II - ninguém será 
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em ​virtude de lei​;” 
 
Observa-se, uma regra vital, porque está a revelar que a imposição de ​comportamentos 
unilaterais pelo poder público só será possível se tiver ​respaldo em lei​. impedido, dessa 
forma, a legitimação de atitudes arbitrárias por parte dos detentores desse poder. Em outras 
palavras, essa regra consubstancia, simultaneamente, uma salvaguarda para o direito dos 
administrados e uma ​limitação​, para atuação do poder público. 
 
Assim, enquanto aos ​particulares ​é conferida a possibilidade de fazer, na defesa de seus 
interesses e do seu patrimônio, ​tudo que a lei não proíbe​. Dessa forma, para melhor 
visualização das diferenças existentes entre os agentes públicos e os particulares, com relação 
a esse princípio, confira-se o quadro: 
 
 
Desse modo, a título de fixação, sobre o princípio da legalidade, temos: quando um ato 
administrativo for editado pela administração pública ​sem a existência de lei anterior​, 
estaremos diante de uma ​ILEGALIDADE​, visto que, a legalidade não fora respeitada. 
 
 
REFERÊNCIAS CONSTITUCIONAIS 
LEGALIDADE Art. 5º,II; XXXIX; Art. 150,I; Art. 37, II 
 PERFIL EDIÇÃO DE ATOS 
ADMINISTRAÇÃO Relação de Subordinação Depende de lei anterior 
PARTICULAR Não contradição Não depende de lei anterior 
 
b.2) Princípio da Impessoalidade 
 
 
 
Seguindo pela ordem do artigo 37, caput, chega-se agora ao princípio da 
impessoalidade, que pode ser traduzido pela obrigação atribuída ao poder público de 
manter uma ​posição neutra em relação aos administrados, só produzindo 
discriminações ​que se justifiquem em vista do ​interesse público​. 
 
Nesse sentido, qualquer atitude tomada pelo administrador, durante o 
desenvolvimento do ​concurso​, por exemplo, que vise ao ​favorecimento gratuito de 
pessoas determinadas​, sendo parcial, deve ser imediatamente reprimida por agressão 
ao princípio da impessoalidade. 
 
Confira o quadro abaixo e veja casos em que a observância desse princípio deve 
ser estrita: 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTRATAÇÃO DE PESSOAS CONCURSO Art. 37, II, da CF 
CONTRATAÇÃO DE 
SERVIÇOS 
LICITAÇÃO Art. 37, XXI, da CF 
PAGAMENTO DE CREDORES ORDEM CRONOLÓGICA DE 
PRECATÓRIOS 
Art. 100 da CF 
PROPAGANDA DE GOVERNO PROIBIÇÃO PARA NOMES, 
IMAGENS E SÍMBOLOS 
Art. 37, p. 01º da CF 
TEORIA DO ÓRGÃO IMPUTA RESPONSABILIDADE 
PARA ATOS DOS AGENTES À 
PESSOA JURÍDICA. 
Art. 37, P. 06º da CF 
 
 
b.3) Princípio da Moralidade 
 
Trata-se de princípio que aparece, de forma expressa no art. 37 da Constituição 
Federal. Indica a necessidade do administrador público de praticar um ​GOVERNO 
HONESTO​ de forma a preservar os interesses da coletividade. 
 
Para nossa jurisprudência, a ​moralidade ​integra o conceito de ​legalidade ​no 
direito administrativo. Também é vista como ​gênero ​que apresenta como espécie o 
conceito de “​improbidade​”, ou seja, quandoum agente ou administrador age sem 
moralidade, ele está sendo desonesto ou agiu sem probidade.​1 
 
b.4) Princípio da Publicidade 
 
O princípio da ​publicidade ​se traduz no dever conferido à administração pública 
de manter ​plena transparência de todos os seus ​comportamentos​, incluindo-se aqui, 
como regra geral, a obrigação de oferecer, desde que solicitadas, todas as 
informações ​que estejam armazenadas em seus ​bancos de dados​. (art. 37, p.1º e 3º, 
II) 
 
§ 1º A ​publicidade ​dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos 
deverá ter ​caráter educativo, informativo ou de orientação social​, dela não podendo constar 
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores 
públicos. 
(...) 
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e 
indireta, regulando especialmente: II - o ​acesso dos usuários a registros administrativos​ e 
a ​informações ​sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII; 
 
Outra base legal que fundamente o acesso aos atos da administração é a lei nº 
12.527/2011 (lei de acesso à informação) que, em seu artigo 10, caput, aponta tal 
previsão: 
 
Art. 10. ​Qualquer interessado​ poderá apresentar pedido de ​acesso a informações aos 
órgãos e entidades ​referidos no art. 1º desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o 
pedido conter a identificação do requerente e a especificação da informação requerida. 
 
Dessa forma, entende-se que, o princípio da publicidade é a efetiva informação, a 
transparência no trato com os bens públicos , sua destinação, sua arrecadação e 
demais fins a qual fora destinado, para o total conhecimento, ressalvados os casos de 
sigilo previsto em lei, por parte do cidadão. 
1 ​Probidade = ​ integridade, honestidade, retidão 
 
 
 
 
b.4) Princípio da Eficiência 
 
O princípio da eficiência é o mais recente dos princípios que compõem o 
L.I.M.P.E.​2​, foi introduzido em nosso ordenamento com a E.C. nº19/98 (emenda 
constitucional). Esse princípio impõe ao poder público a efetividade, a busca pelo 
aperfeiçoamento na prestação dos serviços​, bem como obras que executem, com o 
fim de ​preservar o interesse​ que representa, que é o interesse da coletividade. 
 
Nesse sentido podemos dizer que a administração pública, através do princípio da 
eficiência deve ser ​RRP​: 
 
 
 
C) PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS ou NÃO EXPRESSOS 
 
Neste tópico será abordado os princípios mais importantes e com as maiores incidências em concursos                             
públicos. 
 
De início temos 02 (dois) princípios basilares do direito administrativo: ​a) 
supremacia do interesse público e a ​b) ​indisponibilidade do interesse público​; o 
primeiro trata da prerrogativa coletiva sobre o particular, ou seja, ​o coletivo sempre 
estará em primeiro plano​, já o segundo prevê que ​os bens, a coisa pública ​não é 
disponível, devendo o administrador zelar; os dois princípios buscam o fim precípuo do 
direito administrativo:​ preservação do interesse da coletividade​. 
 
c.1) Princípio da Autotutela; 
 
Com base na Súmula Vinculante nº473 do STF que preconiza: ​“A administração 
pode ​anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque 
deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou 
2 LIMPE = LEGALIDADE, IMPESSOALIDADE, MORALIDADE, PUBLICIDADE E EFICIÊNCIA 
 
CELERIDADE 
MÁXIMA COM MENOR 
CUSTO 
COMPLETA 
DESBUROCRATIZADA SATISFATÓRIA 
 
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a 
apreciação judicial”​. 
 
E também, na ​lei nº 9.784/99 - Lei de Processo Administrativo que, prevê em 
seu artigo 53: ​“A administração ​DEVE ANULAR seus próprios atos, quando eivados de 
vícios de legalidade e ​PODE REVOGÁ-LOS por motivos de conveniência ou 
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.” 
 
A administração tem prerrogativa de controlar sua própria atuação para corrigir 
seus próprios atos. A administração PODERÁ ​(caso a adm. não anule o ato tido como 
ilegal estará passível do crivo judicial) invalidar seus próprios atos eivados de 
ilegalidade (dos quais não se originam direitos) e revogar atos por motivos de 
conveniência e oportunidade. 
 
Em todos os casos o judiciário poderá ser provocado e deverá apreciar os atos de 
invalidação e os de revogação, nos ​aspectos de legalidade​, pois, no que tange ao 
mérito administrativo​, esse, o poder judiciário ​não poderá avaliar​. 
 
c.2) Princípio da Motivação; 
 
Em regra, a administração deve enunciar as razões que a levaram a expedir 
determinado ato. Entende-se por ​motivo a razão de fato ou de direito que autorizou ou 
determinou a prática de um ato. Já a ​MOTIVAÇÃO se trata da ​exigência de 
fundamentação​, de enunciação dos motivos. 
 
Exceções ​ao princípio da motivação: a ​EXONERAÇÃO AD NUTUM​, que se refere 
àquela aplicável aos ocupantes de cargo em comissão, prescinde (​dispensa​) de 
motivação. ​Entretanto, se a administração motivar ato que não precisava de motivação, 
estará ​VINCULADA ​aos motivos que explicitou. ​Os motivos vinculam todo o ato, e se 
não forem respeitados, o ato poderá ser apreciado pelo judiciário (teoria dos motivos 
determinantes). 
 
Exemplo​: um agente que é destituído por improbidade administrativa, esta deverá ser 
provada. 
 
c.3) Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade; 
 
Os meios adotados pela administração, voltados a atingir determinados fins, devem 
se apresentar como: 
 
1.​ ​ADEQUADOS​: deve lograr com sucesso a realização do fim. 
 
 
2. NECESSÁRIOS​: entre os diversos meios igualmente adequados, a administração 
tem que optar pelo meio que menos restrinja o direito do administrado. 
3. ​PROPORCIONAIS​: em sentido estrito a administração deve promover ponderação 
entre vantagens desvantagens, entre o meio e o fim, de modo que haja mais vantagens 
que desvantagens, sob pena de desproporcionalidade do ato. 
 
c.4) Princípio da Continuidade do Serviço Público 
 
Pelo princípio da continuidade os serviços públicos não podem parar, ou seja, são 
ininterruptos, devem ter a devida regularidade. Desse princípio decorre a incapacidade 
de alguns servidores públicos praticarem a greve, por conta do serviço necessário e 
imprescindível. [ vide lei nº 7.783] 
 
02. PODERES ADMINISTRATIVOS 
 
a) Conceito 
 
Os poderes, devem ser enxergados como um ​PODER-DEVER ​e ​OBRIGAÇÕES 
que a administração tem de cumprir para viabilizar os objetivos que deve perseguir. 
Pode-se, dessa forma, facilmente concluir pela ​impossibilidade de o administrador 
renunciar ​ao uso desses poderes e pela possibilidade de ser ​responsabilizado ​pela 
sua utilização ​incorreta​. 
 
Como conclusão, tem-se que, quando no exercício desses poderes, encontra o 
administrador com ​limites delineados pelo nosso ordenamento jurídico, que ​não 
podem ser ultrapassados mesmo diante dos interesse representados. Se 
ultrapassados, estaremos diante do ​abuso de poder​. 
 
b) Poderes em Espécie 
b.1) Poder Vinculado 
 
É aquele que o administrador fica ​inteiramente preso ao enunciado da lei​, que , 
de resto, estabelece o ​único comportamento a ser adotado em situações concretas, 
não deixando ​NENHUMA MARGEM DE LIBERDADE para uma apreciação subjetiva. O 
aspecto característicodesse poder, portanto, é a ​inexistência de qualquer traço de 
liberdade para o administrador, restando a ele tão somente subsumir a previsão teórica 
e abstrata da lei para a situação concreta a ele apresentada. 
 
CARACTERÍSTICA O ADMINISTRADOR FICA TOTALMENTE PRESO AO ENUNCIADO DA LEI. 
JUÍZO DE VALORES 
PELO ADMINISTRADOR 
IMPOSSIBILIDADE - não há que se falar em avaliação de mérito; 
CONTROLE DE LEGALIDADE PELO JUDICIÁRIO 
 
b.2) Poder Discricionário 
 
Pode-se defini-lo como aquele em que o ​administrador ​também fica preso ao 
enunciado da lei​, que, no entanto, não estabelece um ​único comportamento a ser 
adotado por ele em situações concretas. 
 
Da definição acima, dois aspectos devem ser destacados: o primeiro é o poder 
discricionário está limitado e ​previsto em lei​, assim como o poder vinculado, em 
segundo lugar, é o juízo de conveniência e oportunidade​, não se limitando a um 
único comportamento possível, diante da previsão legal. Em outras palavras, a própria 
lei traz as possíveis condutas a serem seguidas pelo agente ou administrado em 
determinados casos concretos. 
b.3) Poder Hierárquico 
 
Em termos técnico, costuma-se definir o poder hierárquico como aquele conferido 
ao administrador para ​distribuir e escalonar as funções dos órgãos públicos e 
ordenar e rever a atuação dos ​agentes​, estabelecendo entre eles uma ​relação de 
subordinação. 
 
Como esse poder vem regular as relações de hierarquia dentro dos órgãos, alguns 
institutos são possíveis dentro dessa estrutura, como a: ​delegação e avocação de 
competências​, que são possíveis dentro dos limites previamente estipulados em lei. 
Nesse particular, importante estabelecer os limites fixados em lei para a delegação e 
avocação de competências, a lei nº 9.784/99 - Lei de Processo Administrativo, em 
especial em seus artigos 11,12 e 13 trouxe: 
“Art. 11. A ​competência é irrenunciável ​e se exerce pelos órgãos 
administrativos a que foi atribuída como própria, ​salvo os casos de 
delegação e avocação ​legalmente admitidos. 
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver 
impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou 
titulares, ​ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, 
quando for conveniente​, em razão de circunstâncias de índole técnica, 
social, econômica, jurídica ou territorial. 
Parágrafo único. O disposto no ​caput​ deste artigo aplica-se à delegação de 
competência dos órgãos colegiados aos respectivos presidentes. 
Art. 13. ​Não podem ser objeto de delegação​: 
 I - a edição de atos de caráter normativo; 
II - a decisão de recursos administrativos; 
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.” 
 
 
Entende-se por ​delegação (atribuir a alguém um atividade) e 
avocação (chamar para si uma atividade) como: a primeira é a distribuição 
de determinada competência/atividade a determinado agente ou órgão para 
que se execute, já a segunda é o chamamento de determinada atribuição de 
inferior para o superior, para que este realize. As duas são por tempo 
determinado e não há transferência de competência, mas há um lapso 
temporal para poder atuar dentro daquela competência, que é própria de cada 
agente/órgão previamente estabelecido em lei. 
 
b.4) Poder Normativo ou Regulamentar 
 
O poder normativo ou regulamentar pode ser definido pela faculdade atribuída ao 
administrador para a expedição de decretos e regulamentos. Em nosso ordenamento os 
decretos e regulamentos têm previsão expressa em nossa carta maior, no art. 84, IV 
como observa: 
“Art. 84. Compete ​privativamente ao Presidente da República​:(...) 
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como ​expedir decretos e regulamentos 
para sua fiel execução” 
 
A diretriz constitucional apresentada acaba por delinear o exato papel atribuído aos decretos e 
regulamentos expedidos pelo Poder Executivo, vale dizer: ​oferecer FIEL EXECUÇÃO À LEI. 
Vale destacar que, o poder normativo ou regulamentar ​não pode ser utilizado para ​INOVAR 
NA ORDEM JURÍDICA​, apenas dar fiel execução a uma lei preexistente. Outro ponto é a 
competência, ela é ​própria do chefe do poder do executivo de cada ente, ou seja, presidente 
da república, governador e prefeito. 
 
b.5) Poder Disciplinar 
 
Esse poder foi conferido ao administrador para a ​aplicação de sanções​, 
penalidades aos seus ​servidores​, diantes da prática de ​infrações de caráter 
funcional​. É importante salientar que, essas sanções são de ​natureza administrativa, 
surgindo como exemplo a advertência, a suspensão e a demissão;Porém, o fato da 
administração ter legitimidade apenas de sancionar na seara administrativa não exclui a 
possibilidade de uma ação penal ou cível ocorrendo em paralelo ao processo 
administrativo. 
 
(​Quadro Sinóptico sobre ​Poder Disciplinar) 
 
OBJETO Aplicação de sanções de natureza 
administrativa; 
DESTINATÁRIO Servidores Públicos 
SANÇÕES Advertência, suspensão, demissão, cassação 
 
 
b.6) Poder de Polícia 
 
O poder de polícia é definido como aquele de que dispõe a ​administração pública 
para ​condicionar, restringir, limitar e ​frenar ​atividades e ​direitos ​de ​particulares 
para a preservação dos ​interesses da coletividade. ​Sem dúvidas, a definição oferecida 
faz com que o exercício desse poder encontre ​fundamento ​na ​supremacia do 
interesse público sobre o particular ​(mencionado acima no tópico sobre princípios)​, 
que norteia todas as atividades administrativas em busca da preservação do interesse 
da coletividade. 
 
Encontra-se no CTN - Código Tributário Nacional a definição legal de Poder de 
Polícia, em seu artigo 78: 
 
“​Considera-se​ poder de polícia​ atividade da administração pública que,​ limitando ou 
disciplinando direito​, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em 
razão de interesse público​ concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à 
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de 
concessão ou autorização do Poder Público, ​à tranqüilidade pública ou ao respeito à 
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos​” 
 
Para a efetivação desse poder, foi conferido alguns ​atributos ​que materializam a 
atuação do poder de polícia, são eles: ​discricionariedade, autoexecutoriedade e a 
coercibilidade​. (mnemônico: D.A.C.) 
 
D ​- Entende por ​discricionariedade ​o juízo de valor em que o administrador pode 
exercer baseado na​ conveniência e na oportunidade​. 
 
A ​- Já pelo atributo da ​autoexecutoriedade​, entende-se que, é a capacidade da 
administração ​autoexecutar sem a anuência do judiciário​, ressalvados os casos que 
precisem de ordem jurídica, exemplo: mandado de busca e apreensão. A 
3 Lei nº 8.112 - Lei dos Servidores Públicos Federais 
 
de aposentadoria, destituição de cargo em 
comissão (​art. 127 da lei nº 8.112/90​) 
FATOR GERADOR Infrações de caráter funcional 
CARACTERÍSTICA Discricionariedade, levando em conta os itens 
relacionados no ​artigo 128 da lei nº 8.112​3 
REQUISITO Respeito ao devido processo legal 
INSTRUMENTOS Sindicância ou processo disciplinar 
 
autoexecutoriedade divide-se em mais dois atributos: a) exigibilidade: que são meios 
indiretos de coação b) executoriedade: que são meios diretos de coação. 
 
C ​- Por fim o atributo da ​coercibilidade ​que é a utilização da ​força pública​,mas 
sempre de forma ​dosada​, respeitando o princípio da proporcionalidade e razoabilidade. 
(observação, a súmula 323 do STF diz que é inadmissível a apreensão de mercadorias como 
meio coercitivo para pagamento de tributos). 
 
c) Abuso de Poder 
 
Como forma de ​limitar ​a atuação da administração pública temos as ​modalidades 
de abuso de poder​, nos casos em que o administrador venha a ​exceder, desviar ou 
omitir-se​ das suas obrigações, ou seja, dos seus deveres; 
 
São formas de abuso de poder o: 
 
a) Excesso de Poder: quando o agente ou administração excede o seu poder, 
a sua competência, gerando uma nulidade. Um exemplo é um agente de 
trânsito municipal atuando em via estadual, foge a sua competência. 
b) Desvio de Finalidade: quando o agente ou a administração atua em 
desconformidade com o previsto em lei, um exemplo é a pessoalidade, visto 
que um dos princípios que regula a conduta da administração é a 
impessoalidade, nesse diapasão o favorecimento pessoal é um desvio de 
finalidade. 
c) Omissão​: quando o agente não age, fica inerte, visto que a lei regula uma 
conduta, também é uma forma de abuso de poder, na modalidade omissão. 
 
03. ATOS ADMINISTRATIVOS 
 
a) Conceito 
 
É a ​manifestação de vontade do Estado ou de quem o ​represente, às vezes, (ex: 
concessionária/permissionária), de forma ​UNILATERAL​. Com o ​fim de criar, 
modificar, resguardar ou extinguir direitos – com o objetivo de ​satisfazer o 
interesse público; 
 
Apesar do ​princípio da autotutela​ prevê a possibilidade do Estado de ​rever seus 
próprios atos​, os atos do Estado não estão afastados do judiciário, dessa forma, ficam 
passíveis do Controle de Legalidade exercido pelo Poder Judiciário. 
 
Os ​atos administrativos ​não ​se confundem com os ​atos políticos ou de 
governos praticados em obediência à Constituição. (ex: estado de sítio, sanção ou 
 
 
veto). Os atos administrativos são ​aqueles praticados para execução da preservação 
do interesse público​, o que difere dos mandamentos constitucionais, em regra, pois 
eles são vistos como políticos ou de governo. 
 
O ​judiciário e ​legislativo ​também ​executam atos administrativos quando 
realizam ​atividade de gestão interna, contratação de pessoal​, etc. Existem também os 
fatos administrativos​, que são a ​materialização da função administrativa. São atos 
materiais: a limpeza de praças, construção de escolas. Estes não produzem efeitos 
jurídicos. 
 
b) Elementos ou Requisitos dos Atos 
 
São elementos dos atos a ​COMPETÊNCIA, FINALIDADE, FORMA o MOTIVO e o 
OBJETO​; cada um representa um requisito que presente no ato, tem a sua 
especificidade. Antemão, você precisa saber que, ​CO FI FO ​- competência, finalidade e 
a forma, ​são elemento vinculado ​dos atos, ou seja, estão presentes em todos os atos, 
já o ​Mo Ob - Motivo e o Objeto, ​são discricionários e vinculados​, há situações em 
que a lei prever ele de forma vinculada e em outros momentos a lei irá prever ele de 
forma discricionária, por isso ele é misto. 
 
 
 
b.1.) Competência ou Sujeito  
 
É o ​requisito de validade do ato, ao qual prevê ao agente ​legalmente investido 
em uma função pública a realização do ato por previsão legal, ou seja, a competência 
deriva da constituição ou da lei. 
 
 
 
São características desse requisito: ​irrenunciável (por ser um poder-dever, seu 
exercício é obrigado), ​imodificável pelo administrador (só é possível através de lei), 
intransferível ​(salvo os casos de delegação e avocação já mencionados); 
imprescritível​ (não se perde com o passar do tempo) e​ improrrogável. 
 
Exemplo​: qual é a competência constitucional da Polícia Militar? o artigo 144 da 
CF/88 preconiza: 
Art. 144. (...) 
§ 5º Às polícias militares cabem a​ polícia ostensiva e a preservação da ordem 
pública​; (...) 
 
Logo, não há que se falar em atuação ferroviária da Polícia Militar, visto que o 
mandamento constitucional não foi esse. (art. 144, § 3º) 
 
 
b.2) Finalidade 
 
A finalidade ​deve ser sempre uma razão de interesse público e não de 
interesses privados ou de terceiros. Se o administrador pratica um ato que ​não visa o 
interesse público ele comete um ​desvio de finalidade (vício ideológico, vício 
subjetivo). A finalidade nada mais é do que o bem jurídico protegido, a preservação do 
interesse da coletividade. 
 
Exemplo: um prefeito que pratica um ato diverso do previsto, ao invés de construir 
uma escola que beneficiaria uma comunidade ele desapropria determinada casa e 
vende para um terceiro que constrói um estacionamento privado. ​[ Nesse caso 
hipotético, não houve benefício de uma coletividade e sim de um terceiro, 
privado.] 
 
b.3) Forma 
 
A forma é um elemento que vem ​prevista em lei​, em regra, ​ela é escrita​, mas 
poderá ​apresentar-se de diversas formas​, por exemplo: placas de sinalização de 
trânsito, é uma ​forma visual​ de demonstração de vontade do Estado. 
Com base na leitura acima temos que, a forma nada mais é do que a 
EXTERIORIZAÇÃO DE VONTADE​ do Estado. 
 
b.4) Motivo   
 
O motivo é o ​FATO + FUNDAMENTO JURÍDICO​, é a situação de fato e de direito 
que determina ou autoriza a prática do ato. ​Exemplo: ​na ​demissão (fato)​, o ​motivo é a 
 
 
infração cometida; na licença maternidade, o motivo é o nascimento do filho; no 
tombamento, é o valor histórico do bem. 
 
 
 
 
b.4.4) ​Teoria dos Motivos Determinantes 
 
Quando administrador praticar um ato administrativo e estabelecer os motivos que 
o levaram a realizá-lo, este estará vinculado aos motivos que declarou; Uma vez 
declarado o motivo a autoridade está vinculada, está presa ao motivo declarado. 
Declarou o motivo vai ter que cumprir, vai ter que estabelecer. Para isso, o motivo 
deverá ser verdadeiro, legal. Se o motivo declarado for falso (ilegal) há desobediência a 
Teoria dos Motivos Determinantes. 
 
Ex: a partir do momento que um edital de concurso estabelece um número de 
vagas, o administrador ficará vinculado ao motivo declarado, ou seja, o candidato 
aprovado dentro do número de vagas previstas no edital terá direito subjetivo à 
nomeação. 
 
Tredestinação Lícita: significa os casos de mudança de motivo autorizado pela 
Lei. ​Ex: em caso de desapropriação o agente público pode não obedecer aos motivos 
declarados, desde que mantida uma razão de interesse público. Assim, desapropria 
alegando a construção de escola, mas constrói hospital; 
 
b.5) Objeto  
 
É o próprio ​conteúdo​, disposição jurídica do ato (​o que o ato dispõe 
juridicamente​). A própria administração vai escolher qual o seu objeto, por se tratar em 
regra de um elemento discricionário, mas podendo apresentar-se como ato vinculado, a 
título de ​exemplo temos a ​remoção de um veículo​, o objeto desse ato é a remoção, ou 
seja, o efeito no mundo jurídico é a retirada do bem para o pátio ou depósito de trânsito 
(remoção); 
 
c) Vinculado e Discricionário: 
 
ATO VINCULADO (ATO REGRADO): o administrador não tem liberdade, não pode 
fazer um juízo de valor, não tem conveniência e oportunidade. Assim, preenchidos os 
requisitos legais, o administrador terá que praticar o ato. Ex: concessão de 
aposentadoria de servidor público; licença paraconstruir. 
 
 
ATO DISCRICIONÁRIO​: é aquele que o administrador tem liberdade, pode fazer 
um juízo de valor e avaliar a conveniência e a oportunidade. O administrador tem 
liberdade, tem juízo de valor mais sempre nos limites da lei. Se o ato for praticado fora 
dos limites da lei, ele é um ato arbitrário (ilegal). Ex: art. 62 da Lei 8.666/93; permissão 
de uso de bem público. 
MÉRITO ADMINISTRATIVO: é o juízo de valor, a liberdade, a discricionariedade. 
O poder judiciário pode rever qualquer ato administrativo (vinculado ou discricionário) 
desde que este controle seja um controle de legalidade. Porém, ele não pode rever o 
mérito administrativo (juízo de conveniência e oportunidade). 
 
d) Atributos dos Atos 
 
 
 
Importante destacar que, os atributos dos atos ​não devem ser confundidos com 
os elementos/requisitos dos atos. Enquanto os ​elementos são requisitos de validade 
do ato, os atributos ​são características que auxiliam os atos em sua efetivação​. E 
eles são: ​Presunção de Legitimidade ou Veracidade, Autoexecutoriedade, Tipicidade e 
Imperatividade​. (mnemônico: P.A.T.I.) 
 
1- ​Presunção de Legitimidade/Veracidade: os atos administrativos são 
presumidamente legítimos, legais e verdadeiros. Possuem uma presunção relativa ou 
presunção ‘’iuris tantum’’. O ônus da prova cabe a quem alega. A conseqüência prática 
dessa presunção é a prática imediata do ato. O que diferencia uma presunção da outra 
é que, ​quando se tratar da lei, tem-se a presunção de legitimidade, quando se 
tratar dos fatos, tem-se a presunção de veracidade​; 
 
2- ​Autoexecutoriedade​: é a atuação do poder público que ​independe de autorização 
prévia do Poder Judiciário​. Mas, isso não impede o controle do judiciário. A 
autoexecutoriedade não tem nada a ver com o formalismo, com a formalidade. Para a 
doutrina majoritária a autoexecutoriedade se subdivide em duas bases, são elas: a 
exigibilidade ​e a ​executoriedade​. ​Exigibilidade​: poder que tem o Estado de decidir 
sem a presença do Judiciário. ​A exigibilidade todo ato tem​. ​Executoriedade​: significa 
executar sem a presença do judiciário. Portanto, ​nem todo ato tem​. Somente estará 
presente nas situações de urgência ou nas situações previstas em lei. ​Nem todo ato 
administrativo tem autoexecutoriedade​ (só situações em lei e urgentes). 
 
 
 
3- ​Tipicidade​: cada ato administrativo vai ter a sua aplicação determinada - 
classificação dada por ​Maria Silvia Zanela de Pietro​. O ​ato deve corresponder a 
figuras definidas pela lei​ como aptas a produzir determinados efeitos. 
 
4- ​Imperatividade​: os atos administrativos são feitos de forma impositiva. Decorre do 
poder extroverso do estado​. Esse atributo ​nem sempre estará presente​. Somente 
estará nos atos que ​impõem​, que estabelecem uma ​obrigação​. Obter certidão, 
autorização de uso de bem público, por exemplo, não tem imperatividade. 
 
e) Classificação dos Atos Administrativos 
 
Os atos são divididos por classificações para melhor interpretação de cada ato em 
espécie quando estudado. Estaremos estudando 04 (quatro) classificações, os atos: 
 
e.1) Classificação quanto à ​vontade​; 
 
a) SIMPLES​: ​(1 vontade) o ato quanto à vontade, pode ser simples, pois 
expressa vontade de apenas 01 (um) órgão ou agente público, pouco 
importa se o órgão é singular ou colegiado. ​Exemplo​: nomeação para cargo 
de livre nomeação e exoneração - Ad Nutum. 
 
b) COMPLEXO​: ​(1+1 vontades) ​ato cuja formação depende de mais de 01 
órgão para expressar a sua vontade. ​Exemplo​: promoção por merecimento 
dos desembargadores do TRF’s (o TRF forma uma lista tríplice e encaminha 
para o PR - presidente da república que escolherá 01 (um) entre os 03 
nomes), ou seja, há vontade é tanto do TRF, quanto do presidente) 
 
c) COMPOSTO​: ​(1+1 vontades) ​decorre de uma única vontade, emana de 01 
único agente ou órgão, mas que depende de uma vontade acessória, para 
que tenha eficácia. Veja, enquanto no complexo a vontade é dos dois ou 
mais órgãos, no composto a vontade é de apenas um órgão, que para sua 
realização precisa da ratificação de outro. ​Exemplo​: nomeação de ministro 
do STF, após aprovação do Senado Federal (vontade acessória). 
 
e.2) Classificação quanto aos ​destinatário​; 
 
a) GERAIS​: são atos normativos (sempre atos gerais). Têm como destinatários 
os indivíduos em geral, incertos e indeterminados. ​Exemplo​: Decretos de 
restrição por conta do Covid-19 
 
b) INDIVIDUAIS​: Atinge pessoa determinada, ou pessoas determinadas. 
Exemplo​: nomeação e exoneração. 
 
 
 
e.3) Classificação quanto aos ​efeitos​; 
 
a) CONSTITUTIVO​: são classificados assim quando seus efeitos se prestam a 
criar, inovar, construir uma situação jurídica inexistente, esses atos são 
sempre discricionários.. ​Exemplo​: autorização, permissão. 
 
b) DECLARATÓRIOS​: os efeitos declaratórios se destinam a reconhecer uma 
situação jurídica preexistente. ​Exemplo​: Licença e todos os outros atos 
vinculados. 
 
c) ENUNCIATIVOS​: Emitem um juízo de conhecimento ou opinião sobre uma 
situação de fato ou de direito conhecida pela administração pública. Não 
constituem e nem declaram, apenas emitem um juízo de opinião. ​Exemplo​: 
certidão. 
 
e.4) Classificação quanto ao ​conteúdo​; 
 
a) NEGOCIAIS​: atos nos quai a manifestação de vontade do Estado coincide 
com o requerimento do particular. 
Espécies de Atos Negociais​: 
- Autorização: ​ato discricionário, onde a administração pública concede 
em caráter privativo o uso de um bem público ou o exercício de uma 
atividade material. 
- Permissão​: ato discricionário, onde a administração também concede 
a um particular, em caráter privativo o uso de um bem o o exercício de 
uma atividade, o que difere da autorização é a norma específica que 
regra a permissão, lei nº 8.987/95, tornando a permissão em um ato 
BILATERAL, um contrato, visto que os atos administrativo em regra 
são UNILATERAIS. 
- Licença​: ato vinculado e definitivo, onde o Estado reconhece um 
direito subjetivo do administrado. ​Exemplo​: CNH - preenchendo todos 
os requisitos exigidos em lei, o Estado tem a obrigação de conceder a 
licença para dirigir. 
 
b) NORMATIVOS​: atos que exprimem normas gerais 
Espécies de Atos Normativos​: 
- Decreto​: só são emanados pelo chefe do poder do executivo 
(presidente, governador e prefeito), dando fiel cumprimento a lei. 
Obs.1 - Decreto-Lei foi abolido do Brasil, ou seja, não existe em nosso 
ordenamento. 
 
 
- Resolução​: ato administrativos formais que os órgãos colegiados 
(exemplo de órgão colegiado são as agências reguladoras) utilizam 
para exprimirem as suas deliberações a respeito de determinada 
matéria. ​Obs. 2 - Não confundir resolução administrativa com 
resolução legislativa, que são lei em sentido amplo, embora de efeito 
interno à câmara legislativa. 
- Portaria​: (é realizada por qualquer autoridade administrativa que não 
seja o chefe do executivo) Utilizada para qualquer ato que disponha 
sobre o servidor e sua vida funcional. ​Exemplo​: instauração de um IP 
(inquérito policial). 
- 
f) Extinção dos Atos Administrativos 
 
Quando se tratar de extinção dos atos administrativos, temos a ​retirada do 
ato do mundo jurídico​. Como estudadoacima, no tópico dos princípios, vimos 
que na administração pública vigora o ​princípio da autotutela​, que é a capacidade 
da própria administração pública ​anular ​ou ​revogar ​seus próprios atos. (vide S.V. 
473-STF) 
 
f.1) ANULAÇÃO ​- o objeto da anulação são os atos ​INVÁLIDOS​, ou seja, ilegais. 
Esse controle de legalidade poderá ser feito pela própria administração pública 
(autotutela) ou pelo poder judiciário (função jurisdicional típica). O efeito da 
anulação é ​EX-TUNC​, que quer dizer sobre a retroatividade, com a anulação o ato 
volta com todos os seus efeitos ao início. O ​prazo ​para questionar, junto a 
administração pública ou judiciário, a legalidade de um ato, são 05 (cinco) anos. 
Obs. Quando a ilegalidade atingir a FINALIDADE, O MOTIVO e o OBJETO, o ato 
será NULO, não sendo possível ​convalidar ​ou reeditar. 
 
Convalidação ​- é tornar um ato anulável em válido, só é possível nos vícios de 
CoFo - competência e forma, dos requisitos dos atos. (vide artigo 55 da lei nº 9.879 
- Lei de Processo Administrativo) 
 
f.2) REVOGAÇÃO ​- a revogação, por sua vez, é a extinção do ato ​VÁLIDO​, por 
razões de ​conveniência e oportunidade​. Só a própria administração, no âmbito 
de cada poder, poderá realizar essa forma de desfazimento do ato ​NÃO é possível 
a revogação judicial do ato. ​(o judiciário não pode revogar o ato administrativo por 
não julgar o mérito administrativo, visto que a função típica do judiciário é 
jurisdicional.) o efeito da revogação é ​EX-NUNC​, ou seja, impede a produção dos 
efeitos futuros, permanecendo os pretéritos. 
 
Limites da Revogação​: 
a) atos vinculados são irrevogáveis. 
 
 
b) atos que já exauriram seus efeitos. 
c) atos que são fontes de direito adquirido. 
 
04. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA 
 
A ​organização ​da estrutura da Administração Pública está relacionada com as 
formas de prestação da atividade administrativa. No que tange à sua organização e 
forma de prestação dos serviços públicos, encontramos os fenômenos da 
desconcentração e descentralização​. 
 
 
 
Desconcentração: (administração direta) É deslocamento de prestação de 
serviço dentro da mesma pessoa política, a exemplo da ​União, Estados, DF e 
Municípios​, havendo a hierarquia e a com subordinação. Na desconcentração as 
atribuições são repartidas entre órgãos públicos pertencentes a uma única pessoa, 
mantendo a vinculação hierárquica. ​Exemplos de desconcentração são os Ministérios 
da União, as Secretarias estaduais e municipais. 
 
 
Descentralização: (administração indireta) é o fenômeno por meio do qual a 
Administração Pública ​transfere os serviços públicos para outra pessoa​. Pressupõe 
uma ​nova pessoa​, que pode ser física ou jurídica, mas não há hierarquia e nem 
subordinação. Neste caso ocorrerá controle da sua atuação. É o exemplo da criação de 
autarquias para prestar educação pública, bancos públicos, empresas estatais, etc. ​A 
descentralização administrativa pode ocorrer por outorga ou por delegação​. 
 
Outorga: Transferir por outorga significa transferir a titularidade e a execução do 
serviço. Transferida através de lei. A outorga de serviço só pode ser feitas às pessoas 
da Administração Indireta de direito público (autarquias, fundações públicas). 
 
a) Órgãos Públicos 
 
 
INTEGRANTE Órgãos 
 
 
 
 
 
 
b) Entidades Públicos 
 
 
 
DEFINIÇÃO Centro de Competência previamente 
definidos em lei. 
PERSONALIDADE JURÍDICA NÃO TEM. Assim, não se apresentam 
como sujeitos de direitos e obrigações. 
CAPACIDADE PROCESSUAL Em regra, não possuem. 
TEORIA DO ÓRGÃO Imputa a responsabilidade pelos atos 
praticados aos agentes, não a eles, não 
aos órgãos em que se encontram lotados, 
mas à esfera de governo em que se 
encontram. 
CRIAÇÃO Por lei, de iniciativa do Chefe do Poder 
Executivo (art. 61,p1º,II, “e” da CF/88) 
EXTINÇÃO Por lei, de iniciativa do Chefe do Poder 
Executivo (art. 61,p1º,II, “e” da CF/88) 
ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO Por lei, implica aumento de despesa. 
Por simples decreto, se não implicar. 
(art. 84, VI, “a” da CF/88) 
CLASSIFICAÇÃO Principal Critério - quanto a posição 
ocupada: 
a) nível constitucional 
b) nível infraconstitucional 
INTEGRANTES¹ Pessoas Jurídicas 
PERSONALIDADE JURÍDICA POSSUEM. Assim se apresentam como 
sujeitos de direitos e obrigações. 
CAPACIDADE PROCESSUAL POSSUEM. podendo, pois, propor ou 
sofrer ações judiciais. 
CRIAÇÃO (art. 37, XIX, CF/88) Por lei, ESPECÍFICA, ordinária, de 
iniciativa do chefe do poder executivo. 
EXTINÇÃO (art. 37, XIX, CF/88) Por lei, específica, ordinária, de iniciativa 
do chefe do poder executivo, variando o 
seu papel de acordo com a personalidade 
 
 
¹ INTEGRANTES: ​como visto, os integrantes da estrutura indireta da administração 
pública apresentam de comum, entre si, o fato de se apresentarem como ​PESSOAS 
JURÍDICAS​, dotadas de ​personalidade jurídica​, e criadas ou para a prestação de 
serviços públicos ​ou para a exploração de ​atividades econômicas. 
 
a) Autarquias 
 
São pessoas jurídicas com personalidade de direito PÚBLICO, a sua criação 
é por meio de ​LEI ORDINÁRIA ESPECÍFICA​, de iniciativa do Chefe do 
Poder do Executivo. Sofrem ​CONTROLE DE LEGALIDADE ou 
FINALIDADE​, de quem as criou, ​NÃO EXISTINDO RELAÇÃO DE 
HIERARQUIA ou ​SUBORDINAÇÃO​. O objetivo da sua criação é a 
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO​. Com relação a 
RESPONSABILIDADE​, é dela, pelas obrigações que contrair, pelos danos 
que causarem, respondendo a administração pública, no máximo em caráter 
subsidiário. Não são passíveis de falência. O seu ​CAPITAL ​(dinheiro) é 
inteiramente público. 
 
Exemplos​: UFBA - Universidade Federal da Bahia, ANP - Agência Nacional 
de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível. 
 
 
 
b) Fundações 
 
São ​PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO (fundações públicas) ou 
de ​DIREITO PRIVADO (fundações governamentais integrantes), possuem 
CAPACIDADE PROCESSUAL​, podendo propor ou sofrer ações judiciais. A 
sua criação ou extinção é por meio da ​LEI ORDINÁRIA ESPECÍFICA​, de 
iniciativa do chefe do poder do executivo, se for de direito privado, a lei 
apenas autoriza a sua criação, se for de direito público, a aprovação da lei 
resulta em sua criação. ​Sofrem ​CONTROLE DE LEGALIDADE ou 
FINALIDADE​, de quem as criou, ​NÃO EXISTINDO RELAÇÃO DE 
HIERARQUIA ou ​SUBORDINAÇÃO​. O objetivo da sua criação é a 
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO​. Com relação a 
 
jurídica da pessoa. 
OBJETIVOS São criadas ou para a prestação de 
serviços públicos (atividade típica do 
Estado) ​ou ​para exploração de atividades 
econômicas (atividade atípica do Estado). 
 
RESPONSABILIDADE​, é dela, pelas obrigações que contrair, pelos danos 
que causarem, respondendo a administração pública, no máximo em caráter 
subsidiário. Não são passíveis de falência. 
 
Exemplo​: Biblioteca Nacional, IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística. 
 
 
c) Empresas Públicas 
 
São PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO, ​possuem 
CAPACIDADE PROCESSUAL​, podendo propor ou sofrer ações judiciais. A 
sua criação ou extinção é por meio da ​LEI ORDINÁRIA ESPECÍFICA​, de 
iniciativa do chefe do poder do executivo, QUE AUTORIZA A SUA CRIAÇÃO 
dependendo de aprovação e registro. Sofrem ​CONTROLE DE 
LEGALIDADE ou ​FINALIDADE, NÃOEXISTINDO RELAÇÃO DE 
HIERARQUIA ou ​SUBORDINAÇÃO. NÃO POSSUEM ​privilégios 
processuais​. (art.183 do CPC - Código de Processo Civil). Podem ser criadas 
com o ​OBJETIVO ​de ​prestação de serviço público ou para exploração de 
atividade econômica​. Com relação a ​RESPONSABILIDADE​, é dela, pelas 
obrigações que contrair, pelos danos que causarem, respondendo a 
administração pública, no máximo em caráter subsidiário. O seu ​CAPITAL 
(dinheiro) é inteiramente público e pode assumir qualquer modalidade 
EMPRESARIAL (ltda. S/A...)​, quanto à ​falência​, ​se criada para prestação 
de serviço, não está passível, mas se criada para exploração de atividade 
econômica poderá ser alcançada pela falência​. 
 
Exemplo: ​CEF - Caixa Econômica Federal 
d) Sociedade de Economia Mista 
 
São PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO, ​possuem 
CAPACIDADE PROCESSUAL​, podendo propor ou sofrer ações judiciais. A 
sua criação ou extinção é por meio da ​LEI ORDINÁRIA ESPECÍFICA​, de 
iniciativa do chefe do poder do executivo, QUE AUTORIZA A SUA CRIAÇÃO 
dependendo de aprovação e registro. Sofrem ​CONTROLE DE 
LEGALIDADE ou ​FINALIDADE, NÃO EXISTINDO RELAÇÃO DE 
HIERARQUIA ou ​SUBORDINAÇÃO. NÃO POSSUEM ​privilégios 
processuais​. (art.183 do CPC - Código de Processo Civil). Podem ser criadas 
com o ​OBJETIVO ​de ​prestação de serviço público ou para exploração de 
atividade econômica​. Com relação a ​RESPONSABILIDADE​, é dela, pelas 
obrigações que contrair, pelos danos que causarem, respondendo a 
 
 
administração pública, no máximo em caráter subsidiário. O seu ​CAPITAL 
(dinheiro) é ​MISTO, 50%+1% deve ser público e os demais 49% privado, o 
poder público tem que ser o detentor do poder de decisão. Pode assumir 
apenas a modalidade ​EMPRESARIAL S/A - sociedade anônima​, quanto à 
falência​, ​se criada para prestação de serviço, não está passível, mas se 
criada para exploração de atividade econômica poderá ser alcançada pela 
falência​. 
 
05. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO  
 
Sobre o tema, responsabilidade civil do Estado ou da Administração Pública temos: 
uma conduta do Estado ou de um agente público que resulte em dano para um 
terceiro​, ficando o Estado condicionado à indenização. 
Para que haja esse dever, do Estado, em pagar o dano é preciso uma conduta 
comissiva ou omissiva, legal ou ilegal, material ou jurídica, basta que ocorra um ônus 
prejudicial. Alguns doutrinadores entendem que há ​indenização​, quando a conduta é 
legal, nos casos por exemplo de requisição administrativa que resulte dano ao bem e 
que há ​ressarccimento​, quando ocorre um ato ilegal do Estado, por exemplo: o 
condenado que fiz mais tempo que o previsto em sentença por erro judicial. 
Não confundir o pagamento desse valor da esfera administrativa com a ​esfera 
penal​, visto que aqui há um ato danoso administrativo e na seara penal decorre de um 
ilícito, crime ou uma contravenção penal. 
 
 
 
 
 
 
 
a) TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO 
 
A teoria do risco administrativo, ​adotada ​pela Constituição Federal Brasileira, 
assevera que o Estado será responsabilizado quando causar danos a terceiros, 
independente de culp​a. (dolo ou culpa) 
 
Preconizado em nossa Carta Magna no Artigo 37, § 6º ​“As pessoas jurídicas de 
direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos ​responderão 
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros​, assegurado 
o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.” 
 
a) responsabilidade subjetiva 
 
 
 
“Responsabilidade subjetiva, ou ​teoria da culpa civil, uma vez que 
equiparava ​o Estado ao indivíduo, ​obrigando a ambos da mesma forma​, é dizer, 
sempre que houvesse culpa​, haveria o ​dever ​de indenizar. A culpa aqui é ​vista 
de maneira ampla​, incluindo o ​dolo ​(intenção de provocar o dano) e a ​culpa 
propriamente dita (dano causado por imprudência, negligência ou imperícia). 
Assim, caberia ao prejudicado a obrigação de demonstrar a culpa do agente 
público, e o nexo causal entre o dano verificado e sua conduta.” 
 
b) responsabilidade objetiva 
 
De forma diversa da anterior, seguindo a ​teoria do risco administrativo​, em 
havendo um dano provocado pela Administração, ele deve ser reparado, 
independente ​de dolo ou culpa desta. Então, aqui fica clara uma ​exceção ​à teoria 
do risco administrativo: caberá ao Estado o dever de indenizar o dano ocorrido 
independente de seu dolo ou culpa, ​mas não no caso de culpa exclusiva do 
prejudicado​. Em face das exceções, chama-se também de teoria do risco 
administrativo mitigado. Outras duas importantes ​exceções ​devem ser destacadas: 
culpa de terceiro e força maior​. Em ambos os casos, vigora a responsabilidade 
subjetiva do Estado, pois esta deve ser comprovada. 
 
06. FORMAS DE INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE  
 
a) Propriedade 
 
O ​direito de propriedade​ está previsto na Constituição Federal em diversos 
pontos, destacando-se, em primeiro lugar, sua disciplina entre ​os direitos e garantias 
fundamentais,​ incluindo-se , portanto, entre as denominadas ​cláusulas pétreas​. 
Previsão estabelecida no ​artigo 5º, caput, incisos XXII, LIV e LV​: 
 
 
Art. 5º ​Todos são iguais perante a lei​, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade​, nos termos seguintes: 
; 
XXII - é garantido o direito de ​propriedade 
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de ​seus bens​ sem o devido processo 
legal; 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral 
são assegurados o ​contraditório e ampla defesa​, com os meios e recursos a ela 
inerentes; 
 
 
 
Percebe-se, que o tema propriedade representa simultaneamente para o 
proprietário de bens um direito e um dever fundamental, este último gerando na 
hipótese de descumprimento, sanções. 
O direito à propriedade não é absoluto, conforme preconiza também em seu artigo 
5º a Constituição Federal de 1988: 
 
XXIII - a ​propriedade ​atenderá a sua ​função social​; 
 
Entende-se por ​FUNÇÃO SOCIAL o aproveitamento racional e a utilização 
adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente, segundo 
critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, seja em área urbana ou em área 
rural, salvo quando se tratar da ​PEQUENA PROPRIEDADE RURAL​, essa tem uma 
limitação constitucional, prevista no artigo 5º, XXVI, da Constituição Federal que diz: 
 
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada 
pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes 
de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu 
desenvolvimento;​4 
 
Diantes dessas informações, podemos dar prosseguimento ao estudo da Intervenção 
Estatal na propriedade particular, que nada mais é que, ​A UTILIZAÇÃO DA PROPRIEDADE 
PRIVADA, POR PARTE DO ESTADO, PAUTADO EM LEI, EM DETERMINADAS 
SITUAÇÕES​, que veremos a seguir. 
 
 
 
 
 
b) Espécies de Intervenção na Propriedade 
 
 
b.1) ​DESAPROPRIAÇÃO ​(CF, art. 184): é a transferência compulsória da ​propriedade 
Art. 184. Compete à União ​desapropriar por interesse social,​ para fins de reforma 
agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e 
justa indenização em títulosda dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, 
resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja 
utilização será definida em lei. 
 
EXEMPLO​: Determinado imóvel rural às margens de uma BR, que não esteja cumprindo 
a sua função social ou por razões da supremacia do interesse público, poderá ser 
4 ​artigo 182,p2º, CF/88 - Plano Diretor 
 
 
desapropriado, com prévia e justa indenização, para a duplicação da BR que favorecerá a 
coletividade. 
 
b.2) ​CONFISCO ​(CF, art. 243: é a transferência compulsória da ​propriedade 
“Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem 
localizadas ​culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho 
escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a 
programas de habitação popular​, sem qualquer indenização ao proprietário e sem 
prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 
5º.)” 
 
EXEMPLO​: Imóveis rurais que eram utilizados para a plantação ilegal de drogas. 
 
b.3) ​REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA ​(CF, art. 5º, XXV): é a transferência compulsória 
da ​POSSE 
Artigo 5º (...) XXV - no caso de ​iminente perigo público​, a autoridade competente poderá 
usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver 
dano; 
 
EXEMPLO​: Um policial militar que em uma situação de flagrante precisa de um veículo 
particular para fazer o acompanhamento, poderá requerer do particular, ficando o Estado 
condicionado ao pagamento, caso haja dano ulterior do bem. 
 
b.4) ​SERVIDÃO ADMINISTRATIVA​: essa forma de intervenção está ligada quanto ao 
uso, faz limitações específicas e onerosas. 
 
EXEMPLO​: A instalação de uma antena telefônica em determinado terreno particular, é 
uma espécie de servidão administrativa, por fazer limitação a determinada parte do 
terreno, que será pago ao proprietário (uma espécie de aluguel), aquela utilização. 
 
 
 
b.5) ​TOMBAMENTO​: É a forma de restrição da propriedade quanto ao uso em razão do 
valor ​HISTÓRICO​, ​ARTÍSTICO ​E ​CULTURAL ​daquela propriedade. 
 
EXEMPLO​: O bairro do pelourinho em Salvador (BA), algumas casas são tombadas em 
razão do valor histórico e cultural daquele local. 
 
A entidade responsável por essa forma de intervenção é o ​Instituto do Patrimônio 
Histórico e Artístico Nacional (​IPHAN​) (autarquia federal)., que cabe ao proteger e 
promover os bens culturais do País, assegurando sua permanência e usufruto para as 
gerações presentes e futuras.

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