Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO E HÉRNIA DE HIATO SBCMC I - 2021.1 ● A principal causa de refluxo gastroesofágico (RGE) é a presença de hérnia de hiato. ● O RGE é uma doença comum e frequente, acometendo até 10% da população. ● Causadora de frustrações para o indivíduo: interfere na degustação de alimentos (vinhos e pizza, por exemplo), na prática de atividades físicas e na qualidade do sono. INTRODUÇÃO - RGE ● Condição benigna mais comum do esôfago e estômago ● Incidência semelhante nos dois sexos ● Aumento com a idade ● Comum na gravidez FISIOLOGIA E ANATOMIA ● O esôfago é um tubo constituído de fibras musculares, que liga a boca ao estômago, sendo responsável pelo transporte dos alimentos no sentido crânio-caudal. ● O transporte do alimento ocorre de forma ativa através da formação de ondas peristálticas em ambos os sentidos. ● Para que não ocorra o refluxo, a anatomia deve estar normal, isto é: ○ O esôfago deve passar pelo hiato esofágico presente no diafragma. ○ O hiato esofágico deve ser abraçado pela crura diafragmática do esôfago, que é constituída por dois pilares (direito e esquerdo), os quais se contraem comprimindo o esôfago para evitar o refluxo. ○ A pressão intra abdominal deve ser menor do que a intratorácica. ■ Com o aumento da pressão abdominal para superior da pressão torácica, há a tendência da passagem de vísceras para a região torácica/mediastinal. Mecanismos Anti Refluxo: são fatores da fisiologia normal que impedem o RGE ● Esfíncter esofágico inferior (fechado) ● Pressão intra abdominal (menor do que a intratorácica) ● Pilares diafragmáticos (se contraindo de forma eficiente) ● Junção Gastroesofágica (JGE) na altura do hiato do esôfago REFLUXO GASTROESOFÁGICO (RGE) Definição: afecção clínica decorrente do fluxo retrógrado de parte do conteúdo gastroduodenal para o esôfago e/ou órgãos adjacentes, acarretando espectro variável de sintomas, associados ou não a lesões teciduais. ● As lesões teciduais podem ser causadas por conteúdo ácido gástrico ou biliar duodenal. Fisiopatologia: ● Encurtamento do esôfago (esclerodermia). ● Relaxamento prolongado do EEI (diminuição da tonicidade). ● Anormalidade peristáltica do corpo do esôfago. ● Relacionado a uma hérnia de hiato. Fatores Predisponentes: ● Obesidade; ● Gravidez; ● Dieta; ● Tabagismo; ● Álcool. Manifestações Clínicas Típicas: ● Pirose (90%) ● Regurgitação (54%) ● Eructação ● Disfagia - devido a inflamação da mucosa ● Dor torácica - é inespecífica, pode sugerir doença coronariana ● Dor e distensão abdominal Manifestações Clínicas Atípicas: ● Laríngeas: ○ Rouquidão ou disfonia ○ Pigarro ○ Odinofagia (dor ao iniciar a deglutição) ○ Rinorreia ○ Laringoespasmo ● Pulmonares: ○ Tosse ○ Dispneia ○ Pigarro ○ Broncoespasmo - reflexo vagal Exame Físico: ● É inespecífico, não contribui muito para o diagnóstico; ○ O mais recomendado para o diagnóstico é a endoscopia (EDA). ● A anamnese deve ser cuidadosa. ● Alguns comportamentos do paciente podem sinalizar para a doença: ○ Ingestão de água frequentemente seguida de melhora dos sintomas. ○ Ao sentar-se adota uma postura de leve flexão do tronco anteriormente (compressão do esôfago abdominal, inibindo o refluxo e consequentemente melhorando os sintomas). ● Podem ser detectadas manifestações extra-intestinais: ○ Erosão dentária; ○ Hiperemia de orofaringe; ○ Sinusite crônica; ○ Sibilos. HÉRNIA DE HIATO Definição: é a passagem para o tórax do esôfago abdominal e parte do estômago (geralmente a cárdia), através do hiato do diafragma que geralmente encontra-se alargado. Classificação: ● Tipo I - deslizamento: deslizamento da cárdia para o interior do tórax ○ É o tipo mais comum. ● Tipo II - rolamento ou paraesofágica: herniação lateral da JGE. ● Tipo III - mista. ● Tipo IV - víscera no mediastino. Manifestações Clínicas: as manifestações clínicas dependem do tipo de hérnia. ● Hérnia de Hiato tipo I: tem quadro clínico semelhante ao do RGE ● Hérnia de Hiato tipo II: ○ Sintomas obstrutivos (a herniação comprime o esôfago) ■ Disfagia ■ Odinofagia ■ Saciedade precoce ○ Dor epigástrica intermitente DIAGNÓSTICO Os métodos para diagnóstico servem tanto para o RGE quanto para a HH. Esôfago Manometria: ● É mais utilizado quando há alterações na motilidade. ● Consegue verificar a tonicidade do EEI. ● Presença de sensores espaçados entre si, que vão verificar a contração e o relaxamento do esôfago. PHmetria: ● pH < 04 no esôfago confirma a presença de refluxo ácido. ● Presença de sensores para verificação do pH no trajeto do esôfago. Endoscopia Digestiva (EDA): ● É o mais utilizado, serve para diagnóstico, tratamento e pesquisa de complicações. ● Manobra de "U Turn": ○ Avaliação em retrovisão - permite a avaliação do fundo gástrico e da cárdia. ○ Ao executarmos a manobra, é possível visualizar o endoscópio passando pelo EEI; ■ Em condições normais o EEI é justo para o endoscópio. ■ Na presença de hérnias, a passagem do endoscópio pelo EEI é "folgada", pois o orifício é alargado. ● A mucosa esofágica é mais esbranquiçada, e a gástrica é avermelhada e com presença de pregas gástricas. ● Na presença de uma hérnia de hiato, verificamos a presença de mucosa gástrica ultrapassando o pinçamento diafragmático Esofagografia (SEED): ● Radiografia contrastada ● Permite o estudo da forma, do trânsito, das hérnias, do ângulo anormal e das complicações (ex: estenose) COMPLICAÇÕES ● Esofagite erosiva ● Esôfago de Barret Esofagite Erosiva: ● Perda superficial da mucosa, levando a formação de uma lesão erosiva. ● Classificação de Los Angeles: ○ Grau A: lesões com menos de 5mm que não se estendem entre duas pregas. ○ Grau B: lesões com mais de 5mm que não se estendem entre duas pregas. ○ Grau C: lesões contínuas entre duas pregas, mas que não ocupem 75% da circunferência. ○ Grau D: lesões contínuas entre duas pregas que ocupem pelo menos 75% da circunferência. Obs: nos graus C e D já podemos confirmar o diagnóstico de RGE, nos graus A e B pode ser necessário um segundo exame para confirmação (phmetria). Esôfago de Barret: ● O epitélio normal do esôfago (epitélio escamoso) sofre uma metaplasia intestinal devido a presença do refluxo. ● Explicando: ○ O epitélio do esôfago é escamoso e não é adequado para receber o conteúdo do refluxo; ○ Pelo RGE, esse epitélio vai sofrer agressões contínuas e consequentemente vai passar por um processo de metaplasia intestinal; ○ Ou seja, seu epitélio escamoso vai passar a ter características de epitélio colunar, que é típico do estômago e do intestino. ● Risco de progressão para Adenocarcinoma Esofágico: a área de metaplasia começa a sofrer displasia, determinando o câncer. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ● Obstrução Esofágica: ○ Estenose péptica ○ Anel de Schatzki ○ Neoplasias ○ Corpo estranho ○ Divesticulos de Zenker ● Distúrbios de Motilidade: ○ Acalasia ● Outros: ○ DAC ○ Úlcera péptica ○ Colelitíase TRATAMENTO Clínico: ● Comportamental: ○ Atividades físicas; ○ Elevação da cabeceira da cama; ○ Evitar se deitar após as refeições... ● Dietético: ○ Não ingestão de álcool, café, chocolate e gorduras; ○ Cessar tabagismo; ○ Dieta fracionada. ● Medicamentoso: IBPs - Omeprazol, Lansoprazol, Pantoprazol... ○ Promovem a redução da acidez gástrica. ○ Não trata a hérnia ou o refluxo, mas diminui a sintomatologia e o risco de complicações. ○ Mecanismo de Ação: limitam a fase final de secreçãode HCl pela célula parietal. Cirúrgico: ● É indicado quando há persistência de exposição ácida do esôfago distal apesar da terapia medicamentosa máxima. ● Opções: ○ Sutura no pilar diafragmático: retorna o estômago para a região abdominal e faz o estreitamento do pilar diafragmático através de sutura para inibir a passagem do estômago, reforçando o mecanismo fisiológico anti-refluxo ○ Fundoplicatura: envolvimento completo do esôfago abdominal pelo fundo gástrico, vai funcionar como uma válvula que comprime o esôfago evitando o refluxo. ○ By pass gástrico: cirurgia anti refluxo para obesos, realizada quando o paciente já fez a fundoplicatura mas teve recidiva. ○ Anti-refluxo por radiofrequência. ○ Colocação de tela.
Compartilhar