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205776042919_DPC_DIR_PRO_PEN_AULAS_02

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Natureza Jurídica (Processo Administrativo) 
 
O inquérito policial é marcado pela existência de: 
 
a) imputados (em sentido amplo): ainda não há acusados nem partes. 
b) controvérsias geradoras de restrição de direitos fundamentais: não existem sanções, nem litígio com acusação 
formal, mas há sim controvérsias a serem dirimidas por decisões do delegado de polícia que podem resultar na 
mitigação de direitos fundamentais do suspeito 
 
Não se trata de mero procedimento, mas processo administrativo sui generis. Contexto da chamada processuali-
zação do procedimento. 
 
Dessa sequência de atos estatais, regidas pela cláusula do devido processo legal, emergem uma série de garan-
tias (princípios). 
 
Finalidades (Preparatório e Preservador) 
 
O inquérito policial possui dupla função: 
 
a) preparatória: embasar a ação penal. É subsidiária, nem sempre ocorre. 
b) preservadora: preservar direitos fundamentais dos envolvidos, servindo como filtro contra acusações infunda-
das. É a principal, ocorre sempre. 
 
Não é unidirecional. A missão precípua do IP é apurar a verdade de maneira imparcial. 
 
O IP pode amparar tanto a acusação quanto a defesa. Eventual arquivamento do inquérito não significa necessa-
riamente fracasso. 
 
Exposição de motivos do Código de Processo Penal: 
 
É uma garantia contra apressados e errôneos juízos, formados quando ainda persiste a trepidação moral causado 
pelo crime ou antes que seja possível uma visão de conjunto dos fatos, nas suas circunstâncias objetivas e subje-
tivas (...) mas o nosso sistema tradicional, como o inquérito preparatório, assegura uma justiça menos aleatória, 
mais prudente e serena. 
 
STF (RE 593727): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Dupla função ou objetivo: um propósito preservador, tendente a evitar, diminuir ou atenuar o risco de acusações 
infundadas, (...) e outro, preparatório, ordenado a acautelar eventuais meios de prova. 
 
Indispensável 
Exceção: Ministério Público ofertar a denúncia desacompanhado do inquérito policial (CPP, art 39, §5º e art. 46, 
§1º). 
 
CPP, art. 39,§ 5o O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos 
elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias. 
 
Regra: acusação ser amparada em investigação criminal (IP na maioria das vezes). 
 
Excepcionalmente a vítima coleta todos os vestígios documentais. Não pode o particular realizar investigação 
criminal defensiva, precisa da chancela estatal (STF, AP 912). 
 
E apenas uma categoria excepcional de delitos pode ser provada sem prova pericial. 
 
Crimes de ação penal pública incondicionada são a regra no sistema processual penal. E quanto a eles vige a 
obrigatoriedade de instauração do IP (art. 5º do CPP), que deve acompanhar a peça acusatória (art. 12 do CPP). 
 
Na prática o próprio MP prefere requisitar instauração de IP mesmo quando dispõe de documentos. 
 
Isso confirma a imprescindibilidade de uma etapa preliminar da persecução penal. 
 
OBS: há outros órgãos que fazem investigação, porém apuração não criminal. Nada impedindo que, se no curso 
da apuração for descoberto indício de crime, tal elemento seja compartilhado à Polícia Judiciária ou MP como 
prova emprestada. 
 
 
 
CPI 
 
CF, art. 58, § 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autori-
dades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos 
Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus 
membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encami-
nhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. 
 
CPI serve para apurar fatos, e não investigar pessoas. Por isso, nem Polícia nem MP ficam vinculados às conclu-
sões, ainda que elas terminem por “indiciar” pessoas como suspeitas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Não se admite instauração de CPI com objetivos exclusivos de investigação criminal (STF, MS 34.864 MC). 
 
Lei 1.579/52, Art. 2o No exercício de suas atribuições, poderão as Comissões Parlamentares de Inquérito deter-
minar diligências que reputarem necessárias e requerer a convocação de Ministros de Estado, tomar o depoimen-
to de quaisquer autoridades federais, estaduais ou municipais, ouvir os indiciados, inquirir testemunhas sob com-
promisso, requisitar da administração pública direta, indireta ou fundacional informações e documentos, e trans-
portar-se aos lugares onde se fizer mister a sua presença. (Redação dada pela Lei nº 13.367, de 2016) 
 
Art. 3o-A. Caberá ao presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, por deliberação desta, solicitar, em qual-
quer fase da investigação, ao juízo criminal competente medida cautelar necessária, quando se verificar a exis-
tência de indícios veementes da proveniência ilícita de bens. (Incluído pela Lei nº 13.367, de 2016) 
 
Detetive particular 
 
Lei 13.432/17, Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se detetive particular o profissional que, habitualmente, por 
conta própria ou na forma de sociedade civil ou empresarial, planeje e execute coleta de dados e informações de 
natureza não criminal, com conhecimento técnico e utilizando recursos e meios tecnológicos permitidos, visando 
ao esclarecimento de assuntos de interesse privado do contratante. 
 
Art. 5º O detetive particular pode colaborar com investigação policial em curso, desde que expressamente autori-
zado pelo contratante. 
 
Parágrafo único. O aceite da colaboração ficará a critério do delegado de polícia, que poderá admiti-la ou rejeitá-la 
a qualquer tempo. 
 
Art. 10. É vedado ao detetive particular: 
 
IV - participar diretamente de diligências policiais; 
 
Investigação criminal defensiva (particular): não adotada no Brasil. 
 
Informação obtida pelo particular, para ter idoneidade, deve ser submetida à supervisão estatal (teoria da canali-
zação) (STF, AP 912). 
 
Contudo, isso não impediu a OAB de editar um Provimento normatizando a investigação por advogado. 
 
Apuratório (Sigilo e Atuação da Defesa) 
 
Elemento surpresa 
 
Estado necessita recuperar a posição de desvantagem em relação ao criminoso, e garantir um mínimo de eficácia 
das diligências 
 
Contraditório e ampla defesa mitigados (compatibilização do sigilo e democraticidade) 
 
Contraditório: informação/conhecimento e participação/resistência 
 
Ampla defesa: autodefesa e defesa técnica (positiva ou negativa) 
 
Doutrina e Cortes Superiores afirmam de forma acrítica que não há contraditório e ampla defesa no inquérito 
 
Todavia, o próprio STF (súmula vinculante 14) e a Lei (art. 7º, §11 do Estatuto da OAB) garantem o direito à ciên-
cia dos atos já praticados no inquérito policial (sigilo interno parcial - contraditório facultativo mitigado). 
 
E a Suprema Corte (Pet 7612) já afirmou que as garantias do contraditório e da ampla defesa são mitigadas no 
inquérito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Nomenclatura: inquisitivo é associado à Santa Inquisição, e mais adequado para diferenciar sistemas processu-
ais em sentido estrito (inquisitivo vs acusatório) e não sistema investigativo 
 
Sigilo e Atuação da Defesa 
 
CPP, Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo inte-
resse da sociedade. 
 
Lei 12.527/11 (Lei de Acesso à Informação), Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segurança da sociedade 
ou do Estado e, portanto, passíveis de classificação as informações cuja divulgação ou acesso irrestrito possam: 
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de investigação ou fiscalização em andamento, relacio-
nadas com a prevenção ou repressão de infrações. 
 
sigilo externo
público em geral 
 
 
sigilo interno investigado 
 
(não afeta delegado, juiz e promotor) 
 
Sigilo interno é parcial. Há contraditório, porém facultativo e mitigado. 
 
Limites de atuação da defesa foram fixados pelo STF e EOAB. 
 
Súmula Vinculante 14 do STF: 
 
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documen-
tados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao 
exercício do direito de defesa. 
 
EOAB, Art. 7º São direitos do advogado: 
 
XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de 
flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, 
podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital; 
 
Art. 7º. § 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do advogado aos 
elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos, quando hou-
ver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências. 
 
§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos de que 
trata o inciso XIV. 
 
§ 12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento incompleto de autos ou o forneci-
mento de autos em que houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo implicará responsabiliza-
ção criminal e funcional por abuso de autoridade do responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito 
de prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos 
ao juiz competente. 
 
XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do 
respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios 
dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: (In-
cluído pela Lei nº 13.245, de 2016) 
 
a) apresentar razões e quesitos; 
 
b) (VETADO) (requisição de diligências - persiste o requerimento do art. 14 do CPP.) 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Não é necessária a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada de depoimentos orais na 
fase de inquérito policial. Não há nulidade dos atos por falta de intimação (STF, Pet 7612). 
 
Valor Probatório (Informativo e Probatório) 
 
 
 
CPP, Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não 
podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressal-
vadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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