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aula 3 contrato de trabalho e INSS

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O contrato de trabalho, por si só, gera muitas garantias aos trabalhadores: além dos direitos inerentes à seara trabalhista, são alcançados, também, os direitos previdenciários.
INTRODUÇÃO
Como responsável pela arrecadação e pagamento dos benefícios previdenciários aos trabalhadores, a Previdência Social é organizada por contribuições previdenciárias de seus segurados, ou seja, aqueles que possuem a CTPS assinada e uma relação de trabalho estão alcançados pelos benefícios desse órgão.
Ao ter sua CTPS anotada ou um contrato de trabalho assinado, empregado fica vinculado às ações da Previdência Social, que por sua vez são executadas pelo Instituto Nacional de Seguro Social, o INSS. O INSS é o responsável em receber as contribuições salariais dos trabalhadores e quando solicitado efetuar o pagamento dos benefícios previdenciários.
Nesse passo, é possível constar que há uma relação entre a seara trabalhista com a previdenciária, onde o trabalhador que possui vínculo empregatício passa obrigatoriamente a ser segurado da Previdência Social, e no momento em que necessita, a depender do caso, poderá contar com os benefícios.
O direito do trabalho tem se fortalecido diante das politicas públicas que se destinam a reduzir a desigualdade entre o empregado e empregador, bem como a elevação da qualidade de vida dos obreiros, buscando a concessão de direitos previstos em lei e correlacionando-se com o direito previdenciário para garantir o uso dos benefícios quando necessário.
Por conta das relações trabalhistas é que existe o direito previdenciário, pois com o acúmulo de tempo de serviço e contribuições dos trabalhadores são assegurados os seus direitos junto ao INSS, por isso a CTPS é a Carteira de Trabalho e Previdência Social, item obrigatório para o vínculo empregatício.
Assim, o presente estudo trará uma breve analise da competência da Justiça Trabalhista na seara previdenciária para garantir benefícios previdenciários, bem como os aspectos trabalhistas junto aos benefícios previdenciários e os fatores da seara trabalhista que levam para sua concessão ao trabalhador, que de forma obrigatória, está segurado ao Regime Geral de Previdência Social.
 A COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO NA SEARA PREVIDENCIÁRIA
É certo que o Direito não se realiza de forma unilateral, existe a representação de um grupo harmonioso de normas que protegem a sociedade, e dentre essas normas existem vários ramos e matérias que se interligam entre si, tudo para garantir a justiça e o bem-estar social.
Com o direito do trabalho e o direito previdenciário não é diferente. Ambos atuam na vida laboral de uma pessoa e compõem um rol de direitos sociais estabelecidos pelo ordenamento jurídico. Antes da EC nº 20/1998, a Justiça do Trabalho era vista, para maioria dos doutrinadores, como uma justiça fiscalizadora, na qual o juiz trabalhista apenas determinava as medidas necessárias ao cálculo, dedução e recolhimento das contribuições previdenciárias.
O Direito Previdenciário em si reflete diretamente nas relações de trabalho, sobretudo na concessão de benefícios aos segurados da Previdência Social. No Regime Geral de Previdência Social (RGPS), os segurados contribuem de forma obrigatória, pois possuem um contrato de trabalho e fazem jus aos benefícios, cabendo a Justiça do Trabalho também garantir que sejam cumpridos pelo empregador.
Com advento da EC nº 45/2004, ampliou-se a competência material trabalhista, no qual o art. 114, VIII, da CRFB/88 passou a ter a seguinte redação:
Art. 114. Compete a Justiça do Trabalho processar e julgar:
VIII - A execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir.
Assim, das sentenças que proferirem benefícios e execuções de contribuições sociais, de ofício, pode ter a execução pela Justiça do Trabalho.
Nesse passo, as contribuições sociais estão abrangidas pela competência da Justiça do Trabalho, o art. 195, I, alínea a e II da CRFB/88  menciona:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
...
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
Ressalta-se que, até a promulgação da Emenda Constitucional nº 20/98, o Juiz Trabalhista notificava o INSS para tomar conhecimento da ação e providenciar a execução de eventual débito previdenciária. Posterior a Emenda, o Juiz do Trabalho não precisaria mais fazer tal notificação para o ISS integrar a lide, pois a CRFB/88 lhe deu competência para decidir e executar de ofício. (DUARTE, 2012, p. 98).
Com a Súmula Vinculante 53, reconhece-se a competência da Justiça do Trabalho na execução de ofício das contribuições previdenciárias relativas à condenação em demandas trabalhistas:
A competência da Justiça do Trabalho prevista no artigo 114, inciso VIII, da Constituição Federal alcança a execução de ofício das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da condenação constante das sentenças que proferir e acordos por ela homologados.
Pelas ações trabalhistas de mero reconhecimento de vínculos empregatícios, a Justiça do Trabalho também tem a competência de executar as contribuições previdenciárias a elas inerentes.
O autor Fábio Zambitte Ibrahim (2014, p. 324) menciona em sua obra a necessidade da Justiça Trabalhista cobrar as contribuições previdenciárias devidas aos trabalhadores:
“Tal regra visa controlar a ampla evasão fiscal existente nesta área, na qual os julgamentos são feitos de modo extremamente célere, e as contribuições sociais são frequentemente esquecidas. Quando muito algumas varas chegavam a comunicar o INSS à existência da sentença ou acordo, notificando à autarquia da ocorrência do fato gerador”.
Apenas uma demanda trabalhista aciona a Justiça Trabalhista, firmando, assim, a sua competência para executar as contribuições previdenciárias diante de uma sentença ou um acórdão condenatório. Sem uma lide trabalhista não se pode cogitar a competência desta justiça, mesmo que ainda possua um contrato de trabalho.
Portanto, a relação de irmandade do direito do trabalho e do direito previdenciário em prol do trabalhador existe para satisfazer as mazelas que a relação de emprego deixa quando a legislação não é cumprida. A sentença ou acórdão proferido pela Justiça do Trabalho determinam o recolhimento das contribuições sociais, pois ao ser acionado o juízo trabalhista não poderá deixar de exercer sue poder-dever de executar as contribuições previdenciárias advindas das decisões proferidas.
O CONTRATO DE TRABALHO E OS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS
A Consolidação da Lei de Trabalho, em seu art. 442, define o contrato individual de trabalho como uma espécie de acordo feito de forma verbal ou tácita, escrito ou expresso, no qual trata das relações de emprego com aquele que ocupa a função de empregado e de outro lado com o que oferece o emprego, consolidando o vínculo empregatício definido o contrato de trabalho, com os direitos e deveres de ambas as partes inerentes da prestação de serviço que serão oferecidos ao empregador.
Uma vez que está comprovada a fraude em contratos de empreitadas e prestação de serviço, por exemplo, havendo a subordinação, esse contrato é considerado nulo, e Justiça Trabalhista reconhece o vínculo empregatício,concedendo todos os direitos previstos na CLT para o empregado, incluindo a anotação na CTPS do vínculo.
Em regra, o prazo do contrato de trabalho é indeterminado, em atendimento ao principio da continuidade da relação de emprego, pois não se deve dá uma data para o encerramento do vínculo empregatício.
Porém, há hipóteses excepcionais previstas na Lei Trabalhista em que o contrato de trabalho pode ser por prazo determinado, conforme trás o art. 443 da CLT:
“O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou indeterminado”.
Diante de um Contrato de Trabalho por prazo determinado, alguns benefícios inerentes ao trabalhador ficam sem uso, como a não necessidade de garantir ao empregado à estabilidade (exceto a gestante Súmula 244 do TST, e acidente do trabalho Súmula 378 do TST), assim como o desuso do aviso-prévio e o não pagamento da indenização de 40% sobre os depósitos do FGTS.
O art. 443, § 2, da CLT, elenca os tipos de contrato de trabalho por prazo determinado: Contrato por serviços, contratos por atividades empresariais e contrato de experiência.
A Lei nº 9.601/98 regulamenta os contratos de trabalho por prazo determinado, e observa-se que para todos estes contratos são característicos os serviços que justifique a natureza de contratação de no máximo dois anos (contrato de experiência são de noventa dias), e fica obrigado o empregador a anotar na CTPS do empregado por prazo determinado, com indicação do tipo de contrato, gerando assim a formalidade especial escrita.
Enfim, o contrato de trabalho mais comum é a de natureza assalariada contratual por prazo indeterminado, tendo como partes o empregado e o empregador e o trabalho subordinado, continuado e assalariado. E, quando um trabalhador se vincula a um empregador surge alguns efeitos previdenciários, no qual geram ônus para ambos.
Em regra, todas as relações de trabalho são compulsoriamente vinculadas ao RGPS, mediante a filiação e contribuição, porém, mesmo havendo tais relações, muitos trabalhadores estão na informalidade, não se submetem a Previdência e não terão direito aos benefícios. No RGPS, estão cobertos por este sistema os segurados obrigatórios, os facultativos e seus dependentes. 
No presente estudo, serão discutidos apenas o segurados obrigatórios, aqueles que ao possuírem um relação de trabalho devem está automaticamente vínculos ao RGPS, pois,  exercem atividade remunerada excluindo-se os militares e servidores públicos efetivos que possuem um regime próprio.
O art. 12 da Lei nº 8.212/91, art. 11 da Lei nº 8.213/91, trazem quem são os segurados obrigatórios, e sua regulamentação encontra-se no art. 9, do Decreto nº 3.048/99.
São segurados obrigatórios ao sistema do RGPS os empregados, empregados domésticos, trabalhadores avulsos, segurados especias e contribuintes individuais.
 Frederico Amado (2017, p.160) menciona que a pessoa vinculada em mais de uma categoria de segurados obrigatórios, pode desenvolver de mais de uma atividade simultaneamente:
É plenamente possível que uma pessoa seja filiada em mais de uma categoria na hipótese de desenvolvimento de atividades laborais concomitantes, a exemplo do segurado que mantém um vínculo empregatício (será filiado na condição de segurado empregado) e que nos fins de semana vende sorvete por conta própria em estádios de futebol (será filiado na condição de contribuinte individual).
Dito isso, as pessoas físicas enquadradas como segurados obrigatórios à luz do art. 12, I, da Lei nº 8.212/91, e do art. 9º, I, do Decreto nº 3.048/99, são aquelas que prestam serviços de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual sob a subordinação e mediante remuneração.
Levando em consideração o que a CLT menciona, o art. 3º sobre a habitualidade, a pessoalidade, a remuneração e a subordinação para caracterização de vínculo empregatício, o empregado da CLT é regido pelo RGPS.
A Previdência Social, como instituição regulamentada pelas Leis nº 8.212/91, 8.213/91 e pelo Decreto nº 3.048/99, estabelece os benefícios dos segurados e dependentes:
Lei 8.213, Art. 18. O Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintes prestações, devidas inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente do trabalho, expressas em benefícios e serviços:
I – quanto ao segurado:
a) aposentadoria por invalidez; b) aposentadoria por idade; c) aposentadoria por tempo de contribuição; d) aposentadoria especial;
e) auxílio-doença; f) salário-família; g) salário-maternidade; h) auxílio-acidente;
II – quanto ao dependente:
a) pensão por morte; b) auxílio-reclusão;
III – quanto ao segurado e dependente:
b) serviço social; c) reabilitação profissional.
Portanto, terá direito aos benefícios previdenciários todo aquele que está na condição de empregado, com sua CTPS assinada pelo empregador, e filiado ao RGPS ou a um regime próprio.
OS ASPECTOS TRABALHISTAS PARA CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS
Aqueles que contribuem à Previdência Social estão vinculados ao Regime Geral de Previdência Social, o RGPS, instituído pela Lei nº 8.212/91, e de filiação obrigatória aos trabalhadores contribuintes, conforme redação do art. 201 da EC 20 de 1998.
Os benefícios previdenciários são alcançados pelos segurados obrigatórios do RGPS e seus dependentes, conforme dispõe o art. 12 da Lei nº 8.212/91. E, todos os trabalhadores com a CTPS assinada e aqueles que trabalham por conta própria e contribuem mensalmente são filiados à Previdência Social, são eles: os empregados, os empregados domésticos, os trabalhadores avulsos, os trabalhadores rurais e contribuintes individuais são abarcados pela Previdência Social.
Cada benefício tem sua particularidade para quando o trabalhador precisar fazer uso, pois além de alguns aspectos previdenciários, os trabalhistas também devem ser observados para sua concessão.

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