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Aspectos estratégicos das compras

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GESTÃO DE CADEIA DE SUPRIMENTOS 
ASPECTOS ESTRATÉGICOS DAS COMPRAS 
Baily, capítulo 2 
 
 Para planejar o futuro, é essencial que as organizações não apenas tracem objetivos 
estratégicos, mas também incluam a função compras nestas estratégias. 
 Para uma operação de compras obter vantagem competitiva em suas atividades 
diárias ela deve estar bem estruturada em seu nível operacional (manutenções, cotações 
devoluções, etc.), tático (métodos de compra, negociação, orçamentos, etc.) e estratégico 
(pesquisa de compras, planejamento a longo prazo, disponibilidades, etc.). 
 Os principais motivos para uma empresa atribuir à função compras em suas tomadas 
de decisões estratégicas podem ser pelas constantes inovações do produto, o que exige uma 
equipe integrada com a gestão. O setor de compras também pode passar a ser visto como um 
setor que agrega valor em vez de um setor para reduzir custos. Outro fator importante é que 
se a empresa tem consciência de seus gastos, ela também pode otimizar seu potencial de 
lucro. 
 Um problema comum enfrentado pelas empresas é a não integração das funções, uma 
vez que cada função tenta atingir seus objetivos independente de outras. A administração 
integrada maximiza o valor agregado e minimiza os custos. 
 Pode-se entender estratégia como um meio de realizar metas a longo prazo. Sua 
aplicação permite maior rentabilidade, penetração no mercado, maior volume de vendas, 
retorno de capital, satisfação do consumidor, entre outros. O desenvolvimento dos processos 
pode ocorrer identificando as estratégias e como elas podem ser alcançadas. 
 Para as estratégias serem traçadas de fato, a empresa deve ter bem definida seu perfil 
de negócio e sua declaração de missão. Estas posições podem ser alcançadas mapeando seus 
produtos, consumidores, buscando seu mercado, classificando seus stakeholders, analisando 
suas políticas de qualidade, etc. 
 As estratégias de uma empresa podem ser divididas em vários níveis da organização, 
desde as estratégias operacionais, que envolvem marketing, compras, produção ou finanças, 
passando pela estratégia do negócio (competição do mercado) até chegar a estratégia 
corporativa, onde engloba todas as atividades vinculadas ao negócio. 
 Uma empresa com uma boa gestão tende a inter-relacionar sua missão com as 
estratégias traçadas. Podemos citar a redução de defeitos, atrasos nas entregas, erros de 
administração, custos de transações e a aplicação de todos estes levantamentos ao setor de 
compras. Este setor por sua vez pode traçar suas estratégias buscando preços mais em conta 
com seus fornecedores e reduzindo custos internos em seu processo. 
 Outro fator importante é a empresa ter seu escopo de estratégia bem definido, uma 
vez que vendedores e fornecedores oferecerem vantagens que servirão de oportunidades. No 
setor de compras, busca-se traçar uma estratégia que conta com dois ou mais fornecedores, 
prevendo um eventual problema com um deles. Outra estratégia comumente usada é a de 
optar por produtos padronizados que oferecem uma qualidade aceitável e maior 
disponibilidade no mercado. Um produto especial, além de custar mais caro, geralmente conta 
com uma produção limitada e tende a aumentar seu preço final. 
 Algumas ferramentas podem auxiliar nas abordagens estratégicas, como a just in time, 
que garante suporte do produto (ou dos insumos) que a empresa necessitar na hora em que 
ela necessitar. Também podemos citar a análise SWOT que identifica suas forças, fraquezas, 
oportunidades e ameaças. 
 O setor de compras deve levar em consideração se existem fornecedores 
internacionais. Uma boa estratégia seria uma pesquisa mercadológica para identificar 
possíveis fornecedores locais dos mesmos insumos, diminuindo o tempo de entrega e taxas 
cambiais. As considerações logísticas devem ser analisadas pois, em determinadas ocasiões, é 
mais rentável para a instituição fabricar do que comprar, usar tecnologia em vez de 
manufatura, comprar de um fornecedor local do que importar. 
 Ainda sobre a seleção das estratégias, uma empresa deve levar em consideração sua 
posição na cadeia de suprimentos, suas fontes efetivas no mercado de suprimentos, 
stakeholders externos que podem afetar negativamente as estratégias, as rápidas mudanças 
dos mercados de fornecimento, etc. 
 Uma empresa pode ainda levantar questões sobre suas estratégias de compras, como 
qual é sua estratégia atual, o nível de riscos, se ela pode ser aplicada em outras áreas da 
empresa ou até mesmo um benchmarking de seus concorrentes para analisar quais estratégias 
estão sendo usadas por eles. 
 As estratégias eficazes na análise de suprimentos envolvem a análise de sua cadeia 
para encontrar a vantagem competitiva e entender seu potencial. Deve-se considerar todos os 
meios alternativos em busca dos mais eficazes, prevendo seus resultados. Também envolve 
comprometimento e união do grupo, para que as vantagens sejam alcançadas. 
 A empresa também deve contar com a equipe de compradores bem treinados e 
desenvolvidos para que possam exercer as atividades de compras proativas e sejam capazes 
de implantar uma estratégia de compras bem sucedida. 
 O papel da alta administração é assumir grande parte da culpa no processo ineficaz de 
compras, porém os colaboradores da área também são responsáveis. Uma vez que se entende 
que é necessário um grupo preparado, com claro entendimento de todo o processo, das 
informações e da comunicação interna. 
 Para que exista um planejamento eficaz integrado são necessárias algumas 
informações externas. Tais como o desenvolvimento dos setores dos concorrentes, que podem 
afetar diretamente a empresa pelos próximos cinco anos. Dentro deste desenvolvimento 
também é possível encontrar oportunidades a serem exploradas. Segundo a análise PEST, a 
organização deve ficar atenta para as mudanças nas áreas da política, na área econômica, na 
área social de seu país e principalmente nas áreas tecnológicas, onde novas descobertas e 
inovações são constantes, podendo dar margem a um eventual ganho de lucro dentro da 
cadeia de suprimentos. 
 Nas estratégias de suprimentos devemos destacar as principais e questionar se estão 
realmente cumprindo seu papel, se está preparada para as rápidas mudanças do mercado, sua 
vulnerabilidade e como tudo isso pode afetá-las. 
 Falando em ciclo de vida do produto, a empresa deve voltar atenção se de fato a área 
de compras está contribuindo eficazmente no fornecimento de dados, se existe esta 
integração e a que nível. 
 Nota-se que é preciso organização para implementar as estratégias no setor de 
compras. Não adianta um gerente de compras estar preocupado apenas em suprir a linha de 
produção para evitar sua parada, sem ter tempo de pensar ou de se programar, é preciso que 
a empresa alinhe esta organização para que possam ser consideradas pesquisas de 
fornecedores, impactos sobre possíveis vendedores, estudos sobre comprar ou fabricar e o 
próprio desenvolvimento de seu produto. 
 Cada empresa irá contar com uma maneira de implementar o planejamento/estratégia 
em seu setor de compras. É necessário levantar as características de cada empresa, como sua 
internacionalização, seu tamanho, seu estilo de gerência, o grau de centralização, seu sistema 
de comunicação, a volatilidade de seu mercado de suprimentos, entre outros fatores. 
 Um setor de compras pode tornar-se responsável por uma série de atribuições, dentre 
elas o desenvolvimento dos objetivos da corporação e de planos de compra e venda, 
identificar problemas e soluções, bem como a necessidade de decisões políticas, prestar apoio 
nas decisões de gastos de capital e informações base para o plano anual. Porém o setor deve 
entender que ele é parte de um todo. Apesar dessas atribuições serem de suma importância 
para a instituição, elas devem estar integradas e conciliadas às decisões dos outros setores. 
Como o planejamento envolve um processosistemático de tomadas de decisões estratégicas, 
todos os elementos-chaves devem estar inter-relacionados com os negócios da empresa.

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