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ATENÇÃO À SAÚDE DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

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ATENÇÃO À SAÚDE DA POPULAÇÃO EM 
SITUAÇÃO DE RUA 
ATENÇÃO À SAÚDE DA POPULAÇÃO EM 
SITUAÇÃO DE RUA 
INTRODUÇÃO 
- População em situação de rua: grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos 
familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular, e que utiliza os logradouros 
públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente, bem como 
as unidades de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia provisória. 
- É um fenômeno que amplifica a percepção de profundas rachaduras da organização social. Entre diversas negativas 
de direitos, a inexistência de garantia de acesso à moradia é a mais facilmente identificável. A partir dela, ficam explícitas 
as exclusões que essas pessoas sofrem no sistema se seguridade social, educação, acesso à cultura, no direito ao 
trabalho e na atenção à saúde. 
- POLÍTICA NACIONAL PARA A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA: 
 Assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos serviços e programas que integram as diversas políticas 
públicas desenvolvidas pelos nove ministérios que o compõem. 
 Garantir os processos de participação e controle social e possui entre seus princípios, além da igualdade e 
equidade: 
o Respeito à dignidade da pessoa humana. 
o Direito à convivência familiar e comunitária. 
o Valorização e respeito à vida e à cidadania. 
o Atendimento humanizado e universalizado. 
o Respeito às condições sociais e diferenças de origem, raça, idade, nacionalidade, gênero, orientação 
sexual e religiosa, com atenção especial às pessoas com deficiência. 
- Como o desemprego é uma das principais 
motivações para a perda da residência e a 
permanência em situação de rua, a pessoa em 
situação de rua que tem vínculo trabalhista 
formal é muito baixa: 2,2 a 7,2%. Trabalhos 
informais, ou “bicos”: muito prevalentes, 
sendo referidos por 57,7% dos acolhidos e 
73,8%. 
- Mais de 20% das pessoas em situação de rua 
declararam não estar trabalhando 
formalmente, porém mencionaram atividades 
artísticas, mendicância, reciclagem, atuação 
como flanelinha, vendedor ambulante, entre outras atividades lícitas e ilícitas. 15,7% pedem dinheiro como principal 
meio de sobrevivência. Outra forma de obtenção de renda é a inclusão em benefícios sociais, como Bolsa Família, 
Benefício por prestação continuada. 
- A grande maioria é de migrantes: a motivação para mudança de cidade foi a busca de emprego. Há imigrantes (África): 
o principal fator para a mudança de país foi situação de conflitos políticos e dificuldade financeira. 
- Daqueles que têm familiares conhecidos e vivos, 38,9% não mantêm contato com eles, e 14,5% mantêm contatos 
espaçados entre 2 meses e 1 ano. Dos que permanecem em contato, quase 40% consideram a relação com seus 
familiares boa ou muito boa, e quase 30% a consideram ruim ou péssima. 
- Alta morbidade - entre 18 e 24 anos, a principal entre homens foi homicídio; entre 25 e 44 anos, para ambos os sexos, 
a primeira causa foi síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids); o câncer e as doenças cardiovasculares ocuparam 
os primeiros lugares na faixa etária de 45 a 64 anos. 
INDIVÍDUOS E SAÚDE 
- Grupos de risco: 
 População LGBTQIA+ - recorte da violência quando em situação de rua (sutis ou graves como espancamentos 
e linchamentos). Há baixa taxa de ocupação de postos de trabalho formal por pessoas trans, o que as pressiona 
a procurar meios de subsistência ligados à mendicância e à prostituição - aumenta o risco de exposição a 
infecções sexualmente transmissíveis e a violência física e sexual. 
 Crianças - ainda se observam, mesmo que em número menor, crianças e adolescentes sozinhos, 
acompanhados de parentes ou “pais de rua” Brasil afora- Na prática, é perceptível que a figura do Conselho 
Tutelar é amedrontadora para muitas famílias em situação de alta vulnerabilidade, pois representa, para elas, 
o risco da dissolução de sua configuração familiar e consequente aprofundamento da vivência da negação de 
direitos desses indivíduos. 
 Usuários de álcool e drogas: Dos indivíduos encontrados vivendo na rua, 83,8% referem fazer uso de alguma 
substância. 
 Mulheres – se encontram em um universo predominantemente masculino e machista. Sofrem violência física, 
sexual, sintomas depressivos e muitos outros agravos. Ficam longe dos filhos (o que piora a situação 
psicológica). Alta mortalidade. 
 Cuidador – todos os profissionais envolvidos no cuidado devem também ser cuidado devido a síndromes de 
burnout, trauma secundário e fadiga da compaixão. 
- Principais problemas de saúde: 
 A insegurança alimentar: 19% não se alimentam todos os dias, sendo, que, frequentemente, a alimentação 
provém de restos. 
 Aglomerações: aumenta risco de transmissão de tuberculose [TB] - tosse, vírus respiratórios, infestações de 
pele (piolhos de corpo e escabiose – higiene precária e rotatividade). 
 Dificuldade de acesso a políticas preventivas: mais vulnerável a agravos de saúde do que a população geral – 
sem acesso a rastreamentos e diagnósticos são tardios. 
 Alto risco para sofrimento mental - sintomas psicóticos graves são estigmas (existem, mas não são maioria) e 
há risco de suicídio nessa população. 
 A saúde bucal representa 30% dos desejos de cuidado autodeclarados. 
- Os consultórios de rua têm como objetivo assegurar o acesso da sua população à saúde. Seu trabalho é intervir nas 
relações em que seu usuário está inserido – relações entre trabalhador e usuário, entre trabalhador e território, entre 
usuários e população geral, entre as redes de saúde e intersetorial e diversas outras, de modo que o objeto de cuidado 
são as relações nas quais está inserida a população de rua → A sua prática procura evidenciar que toda forma de vida 
é singular, e todo cuidado à saúde deve ser feito a partir do respeito à singularidade. 
- Há muito preconceito e exclusão social por parte dos 
profissionais, fora o despreparo profissional generalizado 
para lidar com as limitações de autocuidado e auto-
organização da vida na rua. 
- Procuram serviços de urgência e emergência em casos 
agudos. Há pouca procura para problemas relacionados à 
prevenção e ao planejamento em saúde. 
- Estar doente, indisposto, com menos mobilidade ou menos 
independência é uma vulnerabilidade nova que os submete ainda mais às mazelas da rua – Procuram para imediata 
resolução. 
- Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e CnaRs são menos procurados, porque não são entendidos como lugares que 
podem gerar soluções às demandas compreendidas como urgentes. 
- Pessoas em situação de rua não são de uma área de abrangência determinada – são atendidas no território em que 
estão vivendo naquele momento. Os ACS’s dessa área de rua tem responsabilização no cuidado. 
- Temos que garantir o acesso dessas pessoas e tentar ao máximo fazer ações de prevenção e promoção de saúde em 
equipe e com o Consultório de Rua – EM LOCO. 
- Garantir atendimentos de urgência/emergência (demanda espontânea) e otimizar esses momentos para prevenção e 
promoção de saúde. 
-A moradia permanente é a medida indicada pela maioria das pessoas em situação de rua, quando entrevistadas a 
respeito das possíveis soluções para o fenômeno social da situação de rua. 
- Ações intersetoriais possibilitam a prestação de assistência voltada à integralidade e são especialmente potentes para 
responder aos problemas da multifacetada escassez vivenciada nas ruas. 
- Housing first (HF), traduzida como “primeiro, moradia”. A HF se baseia na oferta de moradias sem contrapartidas, ou 
seja, baixa exigência - O Brasil teve uma experiência com HF entre 2013 e 2016 na cidade de São Paulo, o Programa de 
Braços Abertos.