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Processo Penal - Renato Brasileiro

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Processo Penal
Prof. Renato Brasileiro
2020
1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS	3
1.1 Conceito de Pretensão Punitiva	3
1.2 Sistemas Processuais Penais	3
1.3 Princípios Processuais Penais	5
2. INVESTIGAÇÃO CRIMINAL	8
2.1 Conceito de Inquérito Policial	8
2.2 Natureza Jurídica do Inquérito Policial	8
2.3 Finalidade do Inquérito Policial	8
2.4 Atribuição para a presidência do inquérito policial	10
2.5 Natureza do crime e atribuições para realizar as investigações	11
2.6 Características do Inquérito Policial	12
2.7 Formas de Instauração do Inquérito Policial	15
2.8 “Notitia Criminis”	16
2.9 Incomunicabilidade do indiciado preso	17
2.10 Identificação Criminal	17
2.11 Indiciamento	18
2.12 Conclusão do Inquérito Policial	20
2.13 Arquivamento do Inquérito Policial	24
2.14 Desarquivamento do Inquérito Policial	28
2.15 Trancamento do Inquérito Policial	29
2.16 Investigação criminal realizada pelo Ministério Público	29
2.17 Controle externo da Atividade Policial exercido pelo Ministério Público	30
2.18 Investigação criminal defensiva	30
1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
1.1 Conceito de Pretensão Punitiva 
Pretensão Punitiva é o poder do Estado de exigir de quem comete um delito à submissão à sanção penal. 
Através da pretensão punitiva, o Estado-Administração, procura tornar efetivo o ius puniendi (direito de punir), exigindo do autor do crime, que está obrigado a sujeitar-se à sanção penal, o cumprimento dessa obrigação, que consiste em sofrer as consequências do crime e se concretizar no dever de abster-se de qualquer resistência contra os órgãos estatais a que cumpre executar a pena. 
Porém, tal pretensão não poderá ser voluntariamente resolvida sem um processo, não podendo nem o Estado impor a sanção penal, nem o infrator submeter-se à pena. Assim sendo, tal pretensão já nasce insatisfeita.
O art. 121 do Código Penal prevê o crime de homicídio simples, preceituando que o ato de matar alguém acarreta uma pena de reclusão de 6 a 20 anos. 
Imagine que, diante de tal previsão legislativa abstrata, o agente mata alguém. No momento em que alguém pratica um fato delituoso, surge para o Estado o dever de puni-lo. 
Observação: o Direito Penal não é um direito de aplicação imediata. Para que ele seja aplicado, ele depende do Direito Processual Penal.
1.2 Sistemas Processuais Penais 
1.2.1 Sistema Inquisitorial 
No Sistema Inquisitorial as funções de acusar, defender e julgar encontram-se concentradas em uma única pessoa (o juiz), que assume assim as vestes de um juiz acusador, chamado de juiz inquisidor. 
Portanto, não há falar em contraditório, o qual nem sequer seria concebível em virtude da falta de contraposição entre acusação e defesa.
O juiz inquisidor é dotado de ampla iniciativa probatória, tendo liberdade para determinar de ofício à colheita de provas, seja no curso das investigações, seja no curso do processo penal, independentemente de sua proposição pela acusação ou pelo acusado. 
A gestão das provas estava concentrada, assim, nas mãos do juiz, que, a partir da prova do fato e tomando como parâmetro a lei, podia chegar à conclusão que desejasse. 
Como se admite o princípio da verdade real, o acusado não é sujeito de direitos, sendo tratado como mero objeto do processo, daí por que se admite inclusive a tortura como meio de se obter a verdade absoluta.
A concentração de poderes nas mãos do juiz e a iniciativa acusatória dela decorrente é incompatível com a garantia da imparcialidade (art. 8, § 1º da CADH) e com o princípio do devido processo legal.
O Código de Processo Penal é de 1942, o Legislador adotou o Sistema Fascista Italiano, por essa razão deve ser interpretado de acordo com a CF/88, a qual adota o Sistema Acusatório. 
1.2.2 Sistema acusatório
 O Sistema Acusatório caracteriza-se pela presença de partes distintas, contrapondo-se, acusação e defesa em igualdade de condições, e a ambas se sobrepondo um juiz, de maneira equidistante e imparcial. 
Aqui, há uma separação das funções de acusar, defender e julgar. O processo caracteriza-se, assim, como legítimo actum trium personarum. 
Observação: o art. 3-“A” foi inserido no Código de Processo Penal com o advento do Pacote Anticrimes. O referido dispositivo positivou a existência do sistema acusatório. 
Art. 3º-A do Código de Processo Penal “O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação”.
Atenção: Parte da doutrina entende que o art. 156, inciso I e II foram tacitamente revogados pelo art. 3-A inserido no Código de Processo Penal. 
A gestão da prova recai precipuamente sobre as partes. Na fase investigatória, o juiz só deve intervir quando provocado, e desde que haja necessidade de intervenção judicial.
O princípio da verdade real é substituído pelo princípio da busca da verdade, devendo a prova ser produzida com fiel observância ao contraditório e à ampla defesa. 
A separação das funções e a vedação da iniciativa probatória preserva a equidistância que o magistrado deve tomar quanto ao interesse das partes, sendo compatível com a garantia da imparcialidade e com o princípio do devido processo legal. 
Art. 129, I da CF/88 “São funções institucionais do Ministério Público: promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da Lei”.
À luz da Constituição Federal nosso sistema é o acusatório. A partir do momento em que o texto constitucional outorgou ao Ministério Público a titularidade da ação penal, ele optou por retirar do juiz a iniciativa da ação penal.
1.2.3 Sistema Misto ou Francês
É chamado de sistema misto porquanto o processo se desdobra em duas fases distintas.
A primeira fase é tipicamente inquisitorial, com instrução escrita e secreta, sem acusação e, por isso, sem contraditório. Nesta, objetiva-se apurar a materialidade e a autoria do fato delituoso. 
Na segunda fase, de caráter acusatório, o órgão acusador apresenta a acusação, o réu se defende e o juiz julga, vigorando, em regra, a publicidade e a oralidade.
1.2.4 Distinção entre o sistema inquisitório e acusatório
A- Sistema Inquisitório: 
Não há separação das funções de acusar, defender e julgar, que estão concentradas em uma única pessoa, que assume as vestes de um juiz inquisidor.
Como se admite o princípio da verdade real, o acusado não é sujeito de direitos, sendo tratado como mero objeto do processo, daí por que se admite inclusive a tortura como meio de se obter a verdade absoluta.
Quanto a Gestão da prova, o juiz inquisidor é dotado de ampla iniciativa acusatória e probatória, tendo liberdade para determinar de ofício a colheita de elementos informativos e de provas, seja no curso das investigações, seja no curso da instrução processual.
A concentração de poderes nas mãos do juiz e a iniciativa acusatória dela decorrente é incompatível com a garantia da imparcialidade e com o princípio do devido processo legal.
B- Sistema Acusatório: 
Separação das funções de acusar, defender e julgar. Por consequência, caracteriza-se pela presença de partes distintas (actum trium personarum), contrapondo-se acusação e defesa em igualdade de condições, sobrepondo-se a ambas um juiz, de maneira equidistante e imparcial.
O princípio da verdade real é substituído pelo princípio da busca da verdade, devendo a prova ser produzida com fiel observância ao contraditório e à ampla defesa.
Gestão da prova recai precipuamente sobre as partes. Na fase investigatória, o juiz só deve intervir quando provocado, e desde que haja necessidade de intervenção judicial. 
Durante a instrução processual, prevalece o entendimento de que o juiz tem certa iniciativa probatória, podendo determinar a produção de provas de ofício, desde que o faça de maneira subsidiária.
A separação das funções e a iniciativa probatória residual restrita à fase judicial preserva a equidistância que o magistrado deve tomar quanto ao interesse das partes, sendo compatível com a garantia da imparcialidade e com o princípio do devido processo legal.
2. Princípios
Processuais Penais 
2.1 Princípio da presunção de inocência (estado de inocência ou presunção de não culpabilidade)
A- Conceito: Consiste no direito de não ser considerado culpado, senão após trânsito em julgado de sentença penal condenatória. 
Presunção de inocência é o direito que cada um de nós tem de sermos tratados como se fôssemos inocentes ou não culpados, pelo menos até o momento em que houvesse o encerramento do processo criminal.
B- Previsão Legal:
Art. 5, LVII da CF/88 “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
Atenção: Uma parcela da doutrina entende que a Constituição Federal adotou o princípio da não culpabilidade por expressa previsão legal “ninguém será considerado culpado”. 
Art. 8, § 2º da CADH “Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa”. 
C- Dimensão de aplicação:
· Dimensão interna: o acusado deve ser tratado como inocente durante a realização dos atos processuais. 
Atenção: Recai sobre a acusação o ônus de comprovar a culpabilidade do acusado, além de qualquer dúvida razoável. E não deste de provar sua inocência (in dubio pro reo).
Art. 386, inciso VI do CPP “O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência”.
 
· Dimensão externa: O princípio da presunção de inocência e as garantias constitucionais da imagem, dignidade e privacidade demandam uma proteção contra a publicidade abusiva e a estigmatização do acusado, funcionando como limites democráticos à abusiva exploração midiática em torno do fato criminoso e do próprio processo judicial.
Art. 13 da Lei 13.869/2019 (Nova Lei Abuso de Autoridade) Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a: I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública; II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei; III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência.
D- Regra de tratamento: o acusado deve ser tratado como inocente. 
A privação cautelar da liberdade de locomoção, sempre qualificada pela nota da excepcionalidade, somente se justifica em hipóteses estritas. 
Em outras palavras, a regra é que o acusado permaneça em liberdade durante o processo e durante a tramitação das investigações (inquérito policial); a imposição de medidas cautelares pessoais (prisão preventiva ou cautelares diversas da prisão) é a exceção. 
O art. 313, § 2º do CPP proíbe a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação do cumprimento de pena. 
Art. 313, § 2º do CPP “Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou como decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de denúncia”. 
Art. 3-F do CPP “O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das regras para o tratamento dos presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos da imprensa para explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena de responsabilidade civil, administrativa e penal”. 
E- Limite temporal: 
Quanto a execução provisória da pena, o STF entendeu que a execução provisória da pena é inconstitucional, pois a execução pressupõe o trânsito em julgado. 
O STF entende que a possibilidade de início da execução da pena condenatória após o esgotamento da instância de 2º grau, e que não ofende o princípio constitucional da presunção de inocência. 
Isso porque a manutenção da sentença condenatória pela segunda instância encerra a análise de fatos e provas que assentaram a culpa do condenado, o que autoriza o início da execução da pena, até mesmo porque os recursos extraordinários ao STF e ao STJ comportam exclusivamente discussão acerca de matéria de direito. 
A prisão decretada em decorrência do julgamento em 1ª Instância somente deve ser realizada se estiverem presentes os fundamentos concretos da prisão preventiva (art. 313, § 2º do CPP). 
Art. 313, § 2º do CPP “Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou como decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de denúncia”. 
O STF entende que é possível a concessão/antecipação dos benefícios prisionais no curso das prisões cautelares. 
Súmula 716 do STF “Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória”.
Súmula 717 do STF “Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial”.
2.2 Princípio do “Nemo Tenetur se Detegere”
A-Conceito: ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. O referido princípio veda a autoincriminação. 
AULA 2.4
B- Previsão Legal:
Art. 5, LXIII da CF/88 “O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado”. 
C- Titular do Direito: O Direito a não-autoincriminação abrange o sujeito imputado (suspeito, investigado, indiciado ou acusado). Esteja ele solto ou em liberdade. 
Enquanto testemunha, ela tem a obrigação de dizer a verdade, sob pena de responder pelo crime de falso testemunho (Art. 342 do CP). 
Se, no entanto, das perguntas a ela formuladas puder resultar uma autoincriminação, ela também está protegida pelo “nemo tenetur se detegere”.
Atenção: O imputado deve ser advertido acerca do direito de não produzir prova contra si mesmo, sob pena de ilicitude das provas obtidas (Aviso de Miranda).
O STF ao julgar o HC 80.949/RJ entendeu que “a gravação clandestina” de “conversa informal” do indiciado com policiais. Ilicitude decorrente - quando não da evidência de estar o suspeito, na ocasião, ilegalmente preso ou da falta de prova idônea do seu assentimento à gravação ambiental - de constituir, dita “conversa informal”, modalidade de “interrogatório” sub-reptício, o qual - além de realizar-se sem as formalidades legais do interrogatório no inquérito policial, se faz sem que o indiciado seja advertido do seu direito ao silêncio. 
O privilégio contra a autoincriminação “nemo tenetur se detegere”, erigido em garantia fundamental pela Constituição - além da inconstitucionalidade superveniente da parte final do art. 186 CPP, importou compelir o inquisidor, na polícia ou em juízo, ao dever de advertir o interrogado do seu direito ao silêncio: a falta da advertência - e da sua documentação formal - faz ilícita a prova que, contra si mesmo, forneça o indiciado ou acusado no interrogatório formal e, com mais razão, em “conversa informal”.
Atenção: Parte da doutrina entende que o dever de advertência também se impõe aos particulares, exemplo, imprensa). Há precedentes do STF em sentido contrário. 
 
O STF ao julgar o HC 99.558/ES entendeu que a “alegação de ilicitude da prova, consistente em entrevista concedida pelo paciente ao jornal “A Tribuna”, na qual narra o modus operandi de dois homicídios perpetrados no Estado do Espírito Santo, na medida em que não teria sido advertido do direito de permanecer calado. Entrevista concedida de forma espontânea. Constrangimento ilegal não caracterizado”.
Atenção: As informações colhidas pelos meios de comunicação não precisam observar o aviso de Miranda (direitos de permanecer em silencia). O STF ao julgar o HC 99.558 entendeu que “a entrevista concedida de forma espontânea aos meios de comunicação não viola o direito de permanecer em silêncio”. 
D- Desdobramentos do princípio “Nemo Tenetur se Detegere”:
· Do exercício do direito ao silêncio ou de
permanecer calado, não pode resultar prejuízos ao imputado;
· O direito ao silêncio no Tribunal do Júri não pode ser utilizado como elemento de autoridade; 
Art. 478 do CPP “Durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade, fazer referências: I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a acusação ou à determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado; II – ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta de requerimento, em seu prejuízo”.
· Direito à mentira ou Inexigibilidade de dizer a verdade: O preso pode mentir ou omitir circunstâncias ou fatos, desde que não prejudique uma terceira pessoa ou desde que não resulte na prática de outro crime;
O STF ao julgar o HC 68.929 entendeu que “O direito de permanecer em silêncio insere-se no alcance concreto da cláusula constitucional do devido processo legal. E nesse direito ao silêncio inclui-se até mesmo por implicitude, a prerrogativa processual de o acuso negar, ainda que falsamente, perante a autoridade policial ou judiciária, a pratica da infração penal”. 
Súmula 522 do STJ: “A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa”.
· Direito de não praticar qualquer comportamento ativo que possa incriminá-lo;
· Direito de não permitir a prática de prova invasiva: o imputado não é obrigado a se sujeitar à produção de provas invasivas.
O que é prova invasiva? É aquela que implica na extração ou penetração no organismo humano.
Porém, em se tratando de provas não invasivas, leia-se, meras inspeções corporais, é possível a sua produção mesmo contra a vontade do imputado.
· Pratica de crime visando ocultar a sua identificação: 
Súmula 522 do STJ: “A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa”.
2.3 Princípio do Contraditório
A- Conceito: Consiste na ciência bilateral dos atos ou termos do processo e a possibilidade de contrariá-los. Eis o motivo pelo qual se vale a doutrina da expressão “audiência bilateral”, consubstanciada pela expressão em latim audiatur et altera pars (seja ouvida também a parte adversa).
Art. 5º, LV da CF/88 “Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.
B- Elementos: A doutrina moderna entende que o princípio do contraditório tem como elementos:
· O direito à informação;
· O direito de participar dos atos processuais ativamente. O contraditório seria, assim, a necessária informação às partes e a possível reação a atos desfavoráveis. 
Súmula 707 do Supremo Tribunal Federal: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo.
Hoje, em uma posição mais moderna, o princípio do contraditório sofreu mudança objetiva / subjetiva: não basta a possibilidade de reação. Está deve ser efetiva.
C- Âmbito de aplicação:
· Contraditório Real (recai para a prova): é realizado por ocasião da produção da prova;
Exemplo: colheita dos depoimentos realizadas na fase de instrução processual. 
· Contraditório diferido (recai sobre a prova): é o contraditório postergado, o qual recai sobre a prova, ou seja, com a juntada nos autos do processo. 
Exemplo: interceptação telefônica. 
2.4 Princípio da ampla defesa
A- Conceito: abrange o direito de ser defendido por advogado (defesa técnica) e o de efetuar a sua própria defesa (autodefesa). 
Art. 5º, LV, da CF/88 “Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.
· Defesa técnica: é aquela exercida por um profissional da advocacia, regularmente inscrito nos quadros da OAB, ou ainda aquela defesa realizada por um Defensor Público ou Defensor Dativo. 
Art. 261 do CPP “Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor. Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defensor público ou dativo, será sempre exercida através de manifestação fundamentada”.
Súmula 523 do STF: “No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu”.
Súmula 533 do STJ “Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor público nomeado”.
Atenção: O acusado possui o direito de escolher o seu defensor. É importante ressaltar que a nomeação de advogado dativo somente é realizada quando o acusado ficar inerte, pois a escolha do advogado é uma escolha pessoal, que demanda uma relação de confiança. 
Súmula 708 do STF “É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia o único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro”. 
B- Aspectos: Atualmente, no âmbito processual penal o princípio do contraditório e da ampla defesa é observado sobre dois aspectos:
· Objetivo: a possibilidade de reação deve ser concreta e efetiva, sob o ponto de vista da auto defesa e da defesa técnica;
 
· Subjetivo: o juiz deve zelar pela paridade de armas, ou seja, o juiz deve fiscalizar os autos praticados pelo advogado, ou seja, se os atos praticados pelo advogado são efetivos. 
C- Autodefesa: É aquela exercida pelo próprio acusado. Note que na autodefesa o acusado poderá optar pelo seu não exercício. 
Devido à importância da liberdade de locomoção, o ordenamento jurídico confere ao acusado capacidade postulatória autônoma para praticar certos atos processuais ainda que ele não seja profissional da advocacia. Os quais são:
· Direito de audiência: é o direito que o acusado tem de ser ouvido pelo juiz;
· Direito de presença: é o acusado possui de acompanhar os atos praticados durante a instrução criminal, auxiliando seu defensor.
Atenção: No entanto o direito de presença possui natureza relativa, se a presença do réu causa humilhação, temor ou sério constrangimento a testemunha ou à vítima, o acusado poderá ser retirado da audiência (art. 217 do CPP). A inobservância do direito de presença é classificada como nulidade relativa (o prejuízo à defesa deve ser demonstrado pela defesa). Tal medida deve ser registrada deve constar na ata de audiência e de forma fundamentada. 
· Capacidade postulatória: Ainda que o acusado não seja um profissional da advocacia. A ele é permitida a pratica de alguns atos postulatórios. 
Exemplo: impetração de habeas corpus, interposição de recursos contra decisões proferidas por juízes de primeiro grau (porque neste caso as razões podem ser apresentadas posteriormente). 
D- Defesa nos processos administrativos: 
Súmula Vinculante de nº5 “A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a constituição”. 
Atenção: A defesa no processo administrativo é caracterizada pelo direito de informações, reação e de apreciação de suas razões por um órgão imparcial. 
No âmbito da execução penal, as infrações disciplinares são apuradas por processo administrativo disciplinar, no entanto é assegurado o direito a ampla defesa e a Defesa Técnica. 
Nos procedimentos administrativos que tenham como objetivo aputar fatos relacionados com o uso da força legal praticados no exercício profissional dos Agentes dos Órgãos de Segurança Pública, o investigado possui o prazo de 48 horas após o recebimento da citação para constituir advogado. Com ausência de nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de 48 horas, indique
defensor para a representação do investigado. 
Art. 14-A do Código de Processo Penal “Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 da Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art. 23 do Código Penal, o indiciado poderá constituir defensor. § 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até 48 horas a contar do recebimento da citação. § 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de 48 horas, indique defensor para a representação do investigado”.
2.5 Princípio do Juiz Natural
A- Conceito: Consiste no direito que cada cidadão possui de conhecer antecipadamente a autoridade jurisdicional que irá processar e julgá-lo caso venha a praticar um fato delituoso.
Art. 5º, XXXVII, da CF/88 “Não haverá juízo ou tribunal de exceção”.
Art. 5º, LIII, da CF/88 “Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade Competente”.
O que é um tribunal de exceção? Juízo ou Tribunal de exceção criado após o fato delituoso, para o fim específico de julgá-lo. Nota-se que o juízo ou tribunal de exceção é o contrário de juiz natural.
Quais são as principais características dos Tribunais de Exceção?
São criados ex post factum, fora das estruturas normais do Poder Judiciário, com poderes específicos para julgar um caso já ocorrido. A atribuição de sua competência é determinada com base em fatores específicos e, normalmente, segundo critérios discriminatórios (raça, religião, ideologia, etc.). Quanto a duração é limitada no tempo; procedimento célere e, normalmente, não sujeito a recurso. A escolha dos integrantes é realizada sem observância dos critérios gerais para investidura dos magistrados e sem assegurar-lhes a necessária independência. 
Também é tribunal de exceção aquele criado ad personam, isto é, com vistas ao julgamento específico de uma determinada pessoa ou grupo de pessoas, mesmo que para fatos futuros.
Atenção: A Justiça Especial não pode ser considerada “Tribunal de Exceção”. Isso porque os Tribunais ou Juízos Especiais são criados antes da prática dos fatos que irão julgar, e têm competência determinada por regras gerais e abstratas, com base em critérios objetivos, e não para um caso particular ou individualmente considerado, escolhido segundo critérios discriminatórios.
Qual é a finalidade do foro por prerrogativa de função? É proteger os detentores dos cargo de persecuções indevidas. Além de proteger os julgadores de eventuais pressões que, mais facilmente poderiam ser exercidas sobre órgãos jurisdicionais de primeiro grau. 
B- Regras de Proteção que Derivam do Juiz Natural: 
· Os juízes só podem exercer jurisdição nos órgãos instituídos pela Constituição; 
· Ninguém pode ser julgado por órgão instituído após o fato; 
· Entre os Juízos pré-constituídos vigora uma ordem taxativa de competências (definição objetiva) que exclui qualquer alternativa deferida à discricionariedade de quem quer que seja. 
Atenção: Os crimes dolosos contra a vida são julgados pela Justiça Comum, no âmbito do Tribunal do Júri. Os crimes praticados contra a vida práticos por militares, ainda que em serviço, contra civis também são julgado pelo Tribunal do Júri. 
2.6 Princípio da Publicidade
A- Conceito: É um princípio claramente ligado ao caráter democrático. Alguns doutrinadores dizem que esse princípio funciona como uma garantia de segundo grau ou garantia de garantia (Ferrajoli).
Art. 93, IX, da CF/88 “Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação”.
Art. 5º, LX, da CF/88 “A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”. 
B- Abrangência de aplicação:
· Publicidade ampla (plena, absoluta, popular ou geral): Essa publicidade ampla funciona como regra; Nesse caso o processo é aberto (a todos) e não apenas a partes e procuradores. 
· Publicidade restrita (segredo de justiça): Caso haja necessidade de proteção da intimidade ou do interesse social, pode haver restrição à publicidade. A isso se dá o nome de publicidade restrita.
3. LEI PROCESSUAL NO TEMPO
3.1 Introdução 
Art. 2º do CPP “A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior”.
O art. 2º do CPP faz previsão do princípio da aplicação imediata (“tempus regit actum”). Desse princípio derivam duas regras fundamentais: 
· A lei genuinamente processual tem aplicação imediata; 
· A vigência dessa nova lei não invalida os atos processuais anteriores.
3.2 Lei Penal Hibrida 
São aquelas que abrigam naturezas diversas, de caráter penal e de caráter processual penal. Normas penais são aquelas que cuidam do crime, da pena, da medida de segurança, dos efeitos da condenação e do direito de punir do Estado.
Exemplo: causas extintivas da punibilidade.
De sua vez, normas processuais penais são aquelas que versam sobre o processo desde o seu início até o final da execução ou extinção da punibilidade. 
Assim, se um dispositivo legal, embora inserido em lei processual, versa sobre regra penal, de direito material, a ele serão aplicáveis os princípios que regem a lei penal, de ultratividade e retroatividade da lei mais benigna.
3.3 Normas processuais heterotópicas
Há determinadas regras que, não obstante previstas em diplomas processuais penais, possuem conteúdo material, devendo, pois, retroagir para beneficiar o acusado. Outras, no entanto, inseridas em leis materiais, são dotadas de conteúdo processual, a elas sendo aplicável o critério da aplicação imediata (tempus regit actum). É aí que surge o fenômeno denominado de heterotopia, ou seja, situação em que, apesar de o conteúdo da norma conferir-lhe uma determinada natureza, encontrasse ela prevista em diploma de natureza distinta.
Tais normas não se confundem com as normas processuais materiais. Enquanto a heterotópica possui uma determinada natureza (material ou processual), em que pese estar incorporada a diploma de caráter distinto, a norma processual mista ou híbrida apresenta dupla natureza, vale dizer, material em uma determinada parte e processual em outra. Como exemplos de disposições heterotópicas, pode ser citado o direito ao silêncio assegurado ao acusado em seu interrogatório, o qual, apesar de previsto no CPP (art. 186), possui caráter nitidamente assecuratório de direitos (material), assim como as normas gerais que trataram da competência da Justiça Federal, que, conquanto previstas no art. 109 da Carta Magna, que é um diploma material, são dotadas de natureza evidentemente processual.
3.4 Lei modificadora da competência e sua possível aplicação imediata aos processos em andamento
A- crimes dolosos contra a vida praticados por militares: A Lei 9.299/96 retirou da Justiça Militar a competência para o julgamento de alguns crimes dolosos contra a vida praticados por militares, ainda que em serviço, contra civis. 
Além disso, deslocou da Justiça Militar, para a Justiça Comum, crimes dolosos contra a vida praticados por civis.
Parte da doutrina sustenta que, se uma lei modificou a competência, sua aplicação está restrita aos crimes cometidos após a sua vigência.
Neste sentido, o Prof. Gustavo Henrique Badaró entende que a competência é estabelecida à época do crime, assim, se o sujeito praticou um crime em 2015, quando o juízo competente era a Justiça Militar, aquele será o juízo competente, mesmo que, posteriormente, sobrevenha uma lei nova mudando tal competência. 
Segundo o Prof. Gustavo Henrique Badaró: A garantia do juiz natural deve ser considerada como ‘norma substancial’, que confere um caráter reforçado do princípio da legalidade e prescreve para o legislador o dever de regular a competência do juiz, sem poder fazer retroagir a disciplina da nova lei a fatos ocorridos antes do início de vigência da lei que modifique a distribuição de competência. Há, pois, do lado do legislador, uma obrigação de estabelecer a competência do juiz pro futuro. 
Contudo, essa não é a orientação dominante. O STF entende que a lei que mudou a competência terá aplicação imediata aos processos em andamento, salvo se já houver sentença relativa ao mérito. Neste sentido, a norma que muda competência deve ser analisada como uma norma genuinamente processual, assim, à luz do art. 2º do CPP, tal lei deve ter aplicação imediata, logicamente, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.
Cuidado! Se, no caso concreto, uma sentença relativa ao mérito já tenha sido proferida na Justiça de origem, a competência não será alterada, porque, a depender do caso, se a competência for mudada, a própria competência recursal poderá ser alterada. 
Exemplo: Sentença relativa ao mérito proferida pela primeira instância da Justiça do Trabalho.
Neste caso, mudando-se a competência, o Tribunal Regional Eleitoral, por exemplo, terá que julgar o recurso, o que não pode acontecer. Nota-se que um Tribunal com competência completamente diversa estaria funcionando como juízo ad quem de um juízo de primeira instância que a ele não está subordinado.
B- Tráfico internacional de drogas cometido em comarca onde não há vara federal: delito será julgado na vara federal à qual pertencer aquele pequeno município. Pode ser que no pequeno município não haja vara federal, mas não se pode esquecer que este município está inserido em uma subseção judiciária da Justiça Federal, sendo lá, onde houver essa vara federal, que esse tráfico internacional de drogas será julgado.
C- Convocação de juízes de 1º grau para substituir desembargadores:
Segundo o STF “Os Regimentos Internos dos Tribunais de Justiça podem dispor a respeito da convocação de juízes para substituição de desembargadores, em caso de vaga ou afastamento, por prazo superior a trinta dias.
O STJ entende que não ofende o princípio do juiz natural a convocação de juízes de primeiro grau para, nos casos de afastamento eventual do desembargador titular, compor o órgão julgador do respectivo Tribunal, desde que observadas as diretrizes legais federais ou estaduais, conforme o caso. 
D- Julgamento por turma (ou câmara) composta, em sua maioria ou exclusivamente, por juízes convocados: É permitido o julgamento por turma (ou câmara) composta, em sua maioria ou exclusivamente, por juízes convocados. Nota-se que, se o juiz está sendo convocado, é porque, a ele, está sendo atribuída a mesma competência outorgada aos desembargadores.
E- Especialização para o julgamento de crimes de lavagem de capitais: Atualmente, tem sido comum a especialização de varas, a qual não se dá apenas para a lavagem de capitais. 
Exemplo: Especialização para violência doméstica e familiar contra a mulher; Especialização para tráfico de drogas; Especialização para crimes de trânsito etc.
O entendimento dominante é que não há nenhuma inconstitucionalidade na especialização de varas. A especialização de varas, na verdade, nada mais é do que um desdobramento do poder de auto-organização do Judiciário. A especialização atende a uma ideia de eficiência do Poder Judiciário.
4. FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL
	As fontes do Direito Processual Penal são classificadas pela doutrina com a distinção daquelas que criam a norma das que a exteriorizam. Sobre esse tema, afirma-se, com exatidão, que o Presidente da República, somente por meio de Decreto, pode legislar sobre indulto e comutação de penas. Trata-se de competência privativa instituída pela Constituição Federal vigente, embora possa tal atribuição ser delegada por aquele aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República e ao Advogado-Geral da União.
5. JUIZ DAS GARANTIAS 
5.1 Introdução
Dentro do Direito Processual Penal, o novo Pacote Anticrime trouxe grandes alterações no inquérito policial, seja pela forma em que o arquivamento passa a se dar, seja também, pelo surgimento de uma nova figura processual, que é o Juiz das Garantias. 
A partir de agora, dois juízos irão atuar no procedimento comum. Em primeiro lugar, atua o Juiz das Garantias, que irá atuar na fase da investigação preliminar e do inquérito policial. 
Em seguida, o chamado Juiz da Instrução é quem começa a atuar após o recebimento da denúncia pelo Juiz das Garantias. 
A previsão do Juiz das Garantias se deu no art. 3-A do Código de Processo Penal. 
Art. 3º-A do CPP “O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação”. 
O processo penal, no Brasil, adota o sistema acusatório desde a Constituição Federal de 1988. 
Com a microrreforma ocorrida entre 2008 e 2009, esse sistema acusatório ganhou ainda mais força, por exemplo, com a nova redação do art. 212 do CPC, que sem seu parágrafo único prevê que o Juiz irá complementar a instrução apenas em seu final. 
Existem três principais sistemas processuais: inquisitório, acusatório e misto. 
Alguns doutrinadores apontam que, no Brasil, o sistema acusatório adotado é considerado “impuro”. 
No sistema acusatório, a iniciativa é primordialmente das partes. O juiz, portanto, atua como um gestor das provas. 
Além disso, o processo é dotado de três figuras com atribuições distintas: juiz, acusação e defesa. 
A principal característica do Sistema Acusatório é a presença marcante dos princípios do contraditório e ampla defesa, especialmente pelo fato de o acusado ser considerado um sujeito de direitos processuais. 
No sistema inquisitório, não há contraditório e ampla defesa. O Juiz centraliza as funções de acusar, defender e julgar. 
Além disso, o acusado não é sujeito de direitos, mas objeto do processo. Já o sistema misto (ou francês) irá mesclar os sistemas acusatório e inquisitório. 
Com base no texto do art. 3º-A do CPC, o Juiz das Garantias não deve ter nenhum tipo de iniciativa durante a fase de investigação.
5.2 Competência do Juiz de Garantias 
 
5.2.1 Competência
A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, exceto as de menor potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa na forma do art. 399 do Código de Processo Penal. 
O juiz de Garantia possui competência para julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia.    
O Juiz de Garantia Decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de colaboração premiada, quando formalizados durante a investigação.
O Ministro José Antônio Dias Toffoli liminarmente, entendeu que não se aplica o juiz das garantias: 
· Na competência originária dos tribunais superiores, tribunais estaduais e do Distrito Federal;
· Nos processos do tribunal do júri; 
· Nos casos de violência doméstica; 
· Nos casos da Justiça Eleitoral; 
· Infração de menor potencial ofensivo.
5.2.2 Responsabilidade 
O juiz das garantias é responsável pelo:
· Controle da legalidade da investigação criminal;
· Salvaguarda dos direitos individuais.
O juiz de garantias possui a responsabilidade especifica de:
· Receber a comunicação imediata da prisão em flagrante; 
· Receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão, observado o disposto no art. 310 Código de Processo Penal;
· Zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar
que este seja conduzido à sua presença, a qualquer tempo; 
·  Ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal;  
· Decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra medida cautelar;  
· Prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las, assegurado, no primeiro caso, o exercício do contraditório em audiência pública e oral, na forma do Código de Processo Penal ou em legislação especial pertinente;  
· Decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas urgentes e não repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral;     
· Prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em vista das razões apresentadas pela autoridade policial;
· Determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável para sua instauração ou prosseguimento;   
· Requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de polícia sobre o andamento da investigação.
5.2.3 Decisões que demandam reserva de jurisdição
O juiz de garantias também possui atribuição para decidir sobre os requerimentos que demanda a reserva de jurisdição, como:   
· Interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática ou de outras formas de comunicação;
· Afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico;    
· Busca e apreensão domiciliar;     
· Acesso a informações sigilosas;    
· Outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado;    
· Determinar a instauração de incidente de insanidade mental; 
· Decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399 do Código de Processo Penal;    
· Assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito outorgado ao investigado e ao seu defensor de acesso a todos os elementos informativos e provas produzidos no âmbito da investigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às diligências em andamento;    
· Deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da perícia.  
6. INVESTIGAÇÃO CRIMINAL 
6.1 Introdução 
No processo Penal, temos a persecução penal que nada mais é do que o poder-dever do Estado de investigar um crime e processar o autor desse delito para que ele seja responsabilizado (condenado). 
A persecução penal se divide em duas fases:
1ª Fase: Investigação;
2ª Fase: Processo. 
4.2 Conceito de Inquérito Policial 
Inquérito policial é um procedimento administrativo, de natureza inquisitorial e preparatória, Presidido pela Autoridade Policial (Delegado de Polícia), com o objetivo de colher elementos de informação e fonte de prova, quanto à autoria e a materialidade da infração penal, a fim de permitir que o titular da ação penal possa ingressar em juízo. 
O que é fonte de prova? São pessoas ou coisas que tem algum conhecimento sobre o fato criminoso, das quais podemos obter alguma prova. 
4.3 Função do Inquérito Policial 
A- Preservadora: a existência previa de um inquérito inibe a instauração de um processo penal infundado, temerário, resguardando a liberdade do inocente e evitando custos desnecessários para o Estado.
B- Preparatória: fornece elementos de informação para que o titular da ação penal possa ingressar em juízo, além de acautelar meios de prova que poderiam desaparecer com o decurso do tempo. 
4.4 Natureza Jurídica do Inquérito Policial 
O Inquérito Policial é um procedimento administrativo, conduzido pela autoridade policial de forma discricionária. Portanto, o inquérito policial não é processo, mas sim um procedimento, porque dele não resulta diretamente nenhuma punição. 
Atenção: O STF entende que eventuais vícios constantes do Inquérito Policial não tem o condão de provocar uma nulidade do processo. No entanto, se for produzido uma prova ilícita, ela poderá contaminar todo o processo. 
4.5 Finalidade do Inquérito Policial
O Inquérito Policial tem como finalidade a colheita de elementos informativos acerca da materialidade e da autoria da infração penal. 
Art. 155 do CPP “O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil”.
A- Elementos Informativos: são colhidos na fase investigatória; não sendo necessária a observância do princípio do contraditório e da ampla defesa; o Juiz deve intervir apenas quando necessário, e desde que seja provocado nesse sentido. 
A colheita de elementos de informação tem como objetivo a obtenção de informações destinadas a possibilitar a decretação de medidas cautelares e de auxiliar na formação da opinio delicti do titular da ação penal. 
Se não é obrigatória à observância do princípio do contraditório e da ampla defesa, os elementos de informação podem servir de embasamento para fundamentar uma condenação? 
Não. O juiz jamais poderá fundamentar sua decisão apenas e exclusivamente com elementos de informação colhidos na fase de investigação. 
Os elementos de informação isoladamente considerados, não podem fundamentar uma sentença. Porém, tais elementos jamais devem ser desprezados durante a fase judicial, podendo se somar à prova produzida em juízo para auxiliar na formação da convicção do magistrado. 
B- Prova: em regra as provas são produzidas na fase judicial, sendo obrigatória a observância do princípio do contraditório e da ampla defesa; devendo ser produzidas na presença (direta-física ou remota “no caso de vídeo conferência”) do juiz; durante o curso do processo o juiz é dotado de certa iniciativa probatória, a ser exercida de maneira residual, como por exemplo o art. 212 do CPP.
Art. 212 do CPP “As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida. Parágrafo único.  Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição”. 
Portanto a obtenção das provas tem como finalidade auxiliar a formação da convicção do juiz. 
· Provas cautelares: são aquelas em que há um risco de desaparecimento do objetivo da prova em razão do decurso do tempo. Podem ser produzidas na fase investigatória e na fase judicial. Dependem de autorização judicial, sendo que o contraditório será diferido (postergado).
Exemplo: interceptação telefônica.
· Provas não repetível: é aquela que uma vez produzida não tem como ser novamente coletada em razão do desaparecimento da fonte probatória. Podem ser produzidas na fase investigatória e na fase judicial. Não dependem de autorização judicial, sendo que o contraditório será diferido. 
· Provas antecipadas: são aquelas produzidas com a observância do contraditório real em momento processual distinto daquele legalmente previsto, ou até mesmo antes do inicio do processo, em virtude de situação de urgência e relevância. Podem ser produzidas na fase investigatória e na fase judicial. Dependem de autorização judicial, sendo que o contraditório será real. 
Exemplo: 
Art. 225 do CPP “Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento”.
Súmula Vinculante 14 do STF “é direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”.
Lei 13.431 art. 8... depoimento sem dano. Art. 11
C- Gestão da prova: é o papal exercido pelo juiz na produção das provas. Na fase de investigação o juiz não possui iniciativa
de produção de provas. Já na fase processual o juiz poderá determinar a produção de provas de oficio, desde que seja realizado de forma residual-subsidiária. 
Art. 155 do CPP “O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvados às provas cautelares, não repetíveis e antecipadas”.
4.6 Atribuição para a presidência do inquérito policial
A- Funções Exercidas pela Polícia:
· Polícia Administrativa: é aquela exercida ostensivamente de caráter preventivo;
· Polícia Judiciária: é a polícia auxiliando o Poder Judiciário do cumprimento de suas ordens. 
Exemplos: cumprimento de mandado de busca, mandado de prisão. 
· Polícia Investigativa: é a polícia investigando crimes, colhendo elemento de informação, quando a autoria e a materialidade do delito. 
· Atribuições da Polícia Federal:
Art. 144, § 1º da CF/88 “A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a: I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;  IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União”.
· Atribuições da Polícia Civil:
Art. 144, § 4º da CF/88 “às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares”.
B- Autoridade com atribuições para presidência do inquérito policial:
Art. 2o  da Lei 12.830/13 “As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado”. 
Art. 2o, §1º da Lei 12.830/13 “Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe a condução da investigação criminal por meio de inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais”.
Art. 2, § 2º da Lei 12.830/13 “Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de polícia a requisição de perícia, informações, documentos e dados que interessem à apuração dos fatos”.
O Delegado pode requisitar perícias, informações, documentos e dados, desde que observada a cláusula de reserva de jurisdição. Há certos dados e documentos que demandam prévia autorização judicial. Se há interesse da autoridade, há obrigação de representação ao juízo para que o juiz autorize, por exemplo, a quebra de dados bancários.
Observação: Case ao delegado de polícia a condução de inquérito policial e do termo circunstanciado. 
Art. 13-A do CPP “Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos”. 
O referido dispositivo permite que o Delegado de Polícia requisite dados e informações cadastrais da vítima.
Quais são os dados e informações passíveis de requisição? Interpretar à luz da Lei de Lavagem de Capitais e à luz da Lei das Organizações Criminosas para concluir que esses dados cadastrais dizem respeito ao nome, qualificação e endereço. Ou seja, são informações cadastrais que não estão protegidas pelo direito à intimidade e à vida privada.
Art. 13-B do CPP “Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso”. 
A expressão “sinais” refere-se à estação rádio base (ERB), que permite identificar a localização aproximada da pessoa. O acesso a essas informações depende de autorização judicial, independentemente do decurso de qualquer prazo.
Art. 3o  da Lei 12.830/13 “O cargo de delegado de polícia é privativo de bacharel em Direito, devendo-lhe ser dispensado o mesmo tratamento protocolar que recebem os magistrados, os membros da Defensoria Pública e do Ministério Público e os advogados”.
Art. 2o, §4º da Lei 12.830/13 “O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso somente poderá ser avocado ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho fundamentado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da investigação”.
Art. 2o, §5º da Lei 12.830/13 “A remoção do delegado de polícia dar-se-á somente por ato fundamentado”.
4.7 Natureza do crime e atribuições para realizar as investigações
a) Crime militar é de competência da Justiça Militar da União: Forças Armadas (Marinha do Brasil, Exército e Aeronáutica). Um oficial é designado como encarregado para realizar as investigações. 
b) Crime militar é de competência da Justiça Militar do Estado: Forças Auxiliares (Policia Militar ou Corpo de Bombeiro). Um oficial é designado como encarregado para realizar as investigações.
c) Crime Eleitoral: As investigações são realizadas pela Polícia Federal. No entanto STE entende que se for cometido um crime eleitoral em uma cidade que não tiver uma unidade da Polícia Federal o crime poderá ser investigado pela Polícia Civil. 
d) Crime Federal: é a própria Polícia Federal. 
Art. 144, § 1º da CF/88 “A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei”.
e) Crimes comuns da Justiça Comum: Em regra os crimes comuns são investigados pela Polícia Civil. 
Exceção: Quando o crime cometido tiver repercussão interestadual ou internacional a Polícia Federal poderá investigar, sem prejuízo das investigações realizadas. 
Art. 1o da Lei 10.446/02 “Na forma do inciso I do § 1o do art. 144 da Constituição, quando houver repercussão interestadual ou internacional que exija repressão uniforme, poderá o Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça, sem prejuízo da responsabilidade dos órgãos de segurança pública arrolados no art. 144 da Constituição Federal, em especial das Polícias Militares e Civis dos Estados, proceder à investigação, dentre outras, das seguintes infrações penais: I – sequestro, cárcere privado e extorsão mediante sequestro (arts. 148 e 159 do Código Penal), se o agente foi impelido por motivação política ou quando praticado em razão da função pública exercida pela vítima; II – formação de cartel (incisos I, a, II, III e VII do art. 4o da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990); e III – relativas à violação a direitos humanos, que a República Federativa do Brasil se comprometeu a reprimir em decorrência de tratados internacionais de
que seja parte; IV – furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores, transportadas em operação interestadual ou internacional, quando houver indícios da atuação de quadrilha ou bando em mais de um Estado da Federação; V- falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais e venda, inclusive pela internet, depósito ou distribuição do produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado (art. 273 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal). VI - furto, roubo ou dano contra instituições financeiras, incluindo agências bancárias ou caixas eletrônicos, quando houver indícios da atuação de associação criminosa em mais de um Estado da Federação. VII – quaisquer crimes praticados por meio da rede mundial de computadores que difundam conteúdo misógino, definidos como aqueles que propagam o ódio ou a aversão às mulheres. Parágrafo único. Atendidos os pressupostos do caput, o Departamento de Polícia Federal procederá à apuração de outros casos, desde que tal providência seja autorizada ou determinada pelo Ministro de Estado da Justiça”.
4.8 Características do Inquérito Policial
A- Procedimento escrito:
Art. 9 do CPP “Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade”.
As expressões contidas no art. 425, §1º do CPP são próprias de inquérito policial, portanto podem ser utilizadas na fase investigativa. 
Art. 425, §1º do CPP “Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações”.
B- Procedimento dispensável: quando existir fonte de informação independente que possibilitem que o titular da ação penal ingresse em juízo o inquérito policial poderá ser dispensado. 
Art. 39, § 5o do CPP “O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias”.
C- Procedimento Sigiloso:
Os atos processuais são públicos, porem quando for necessário preservar o direito a intimidade do interessado e não prejudicar o interesse público à informação a publicidade poderá ser restringida. 
Art. 93, inciso IX da CF/88 “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação”. 
No entanto o Inquérito Policial por excelência e sigiloso, pois a eficácia está relacionada à “surpresa”. No entanto, o sigilo não se opõe ao juiz, ao ministério público e ao advogado do acusado. 
Art. 20 do CPP “A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade”.
· Acesso do advogado aos autos do procedimento investigatório: 
Art. 5, inciso LXIII da CF/88 “o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado”. 
Art. 7, inciso XIV da Lei 8.904/94 “direito do advogado: examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos”. 
Súmula vinculante 14 do STF “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”. 
Atenção: O acesso do advogado diz respeito apenas aos atos já documentados. As diligências em andamento não estão abrangidas pelo direito de acesso do defensor. 
Caso o direito de examinar os autos seja restringido, caberá mandado de segurança, habeas corpus ou reclamar ao STF.
Atenção: Quando uma investigação estiver sendo realizada sob os procedimentos da Lei de Organizações Criminosas o defensor somente poderá acessar os autos do inquérito com previa autorização judicial. 
Art. 23 da Lei 12.850/13 “O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial competente, para garantia da celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências em andamento. Parágrafo único. Determinado o depoimento do investigado, seu defensor terá assegurada a prévia vista dos autos, ainda que classificados como sigilosos, no prazo mínimo de 3 (três) dias que antecedem ao ato, podendo ser ampliado, a critério da autoridade responsável pela investigação”.
D- Procedimento Inquisitorial:
· Posição Majoritária: Prevalece o entendimento de que o Inquérito Policial não é necessário à observância do princípio do contraditório e da ampla defesa, pois é um procedimento administrativo, no entanto o investigado não é um mero objeto de investigação (pois e sujeito de direitos). Ao investigado é assegurado ao direito de permanecer calado, de assistência de advogado, de assistência da família. 
· Posição Minoritária: é o exercício do direito de se defender, que é exercido de duas formas:
· Exercício exógeno do direito de defesa: é aquele efetivado fora dos autos do inquérito policial.
Exemplo: A impetração do Mandado de Segurança, Habeas Corpus. 
· Exercício endógeno do direito de defesa: é aquele efetivado dentro do inquérito (direito a ampla defesa). 
Exemplo: direito de permanecer calardo. 
Observação: O inquérito para expulsão do estrangeiro é um procedimento administrativo, no qual o Estatuto do Estrangeiro estabelece que o princípio do contraditório e da ampla defesa dever ser observado no procedimento de expulsão do estrangeiro. 
E- Procedimento discricionário: Os artigos 6 e 7 do CPP fazem previsão de uma serie de diligências que a autoridade policial pode determinar, no entanto, o Delegado de Polícia pode determinar a realização dessas diligência de acordo com a necessidade do caso concreto (discricionariedade). 
Art. 14 do CPP “O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade”.
Atenção: Apesar do inquérito policial ser um procedimento discricionário o art. 158 do CPP determina que toda vez que a infração deixar vestígios o exame de corpo de delito será obrigatório. 
Art. 158 do CPP “Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado”.
Atenção: Caso o Ministério Público requisite uma diligência que seja manifestamente ilegal o Delegado de Polícia pode se recusar a cumprir, de maneira fundamentada. 
F- Procedimentos indisponível: uma vez instaurado o procedimento investigativo a autoridade policial não poderá arquiva tal procedimento de ofício. 
Art. 17 do CPP “A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito”.
G- Procedimento Temporário: essa característica e decorrente da garantia constitucional prevista no art. 5, inciso LXXVIII da CF/88 “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. 
HC 96.666 STJ determinou o trancamento de um inquérito policial que tramitava por sete anos, sem obter nenhuma conclusão. 
4.9 Formas de Instauração do Inquérito Policial
A- Crimes de ação penal pública condicionada à representação ou de ação penal de iniciativa privada: neste
caso o inquérito policial não pode ser instaurado de oficio. 
Atenção: Neste caso a autoridade policial depende de um implemento da condição, seja da representação ou da requisição do Ministro da Justiça, ou de manifestação da vítima. 
 O STJ entende que qualquer manifestação de vontade da vítima e apto a produzir os efeitos da representação. 
A autoridade policial após receber a representação da vítima, verificando a verossimilhança das informações determinada à lavratura de uma portaria (instauração do inquérito policial). 
B- Crime de ação penal pública incondicionada:
· De ofício: neste caso a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso através de suas atividades rotineiras. 
Exemplo: Autoridade policial recebe denuncia anônima de um cadáver em um local, e ao verificar constata que o mesmo havia recebido um tiro na cabeça.
· Requisição da Autoridade Judiciária ou do Ministério Público: 
Art. 5, inciso II do CPP “mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. § 1o  O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível: a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência”.
O Juiz deve evitar requisitar a instauração de inquérito policial, visando preservar a sua imparcialidade, e por consequência, atua em consonância com o sistema acusatório estabelecido no art. 129 da CF/88. 
Art. 40 do CPP “Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a existência de crime de ação pública, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao oferecimento da denúncia”.
· Requerimento do ofendido ou de seu representante: neste caso o Delegado de Polícia pode indeferir o requerimento, caso seja indeferido o requerente poderá interpor recurso ao superior hierárquico da autoridade policial que indeferiu o requerimento, trata-se de um recurso inanimado. 
· Notícia oferecida por qualquer do povo “delatio criminis”: 
Art. 5, § 3o  do CPP “Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito”.
Atenção: Os funcionários públicos e os médicos quando tomarem conhecimento de um crime, no exercício de suas profissões são obrigados a comunicarem esse fato a polícia. 
· Auto de prisão em flagrante “notitia criminis coercitiva”: art. 301 e seguintes do CPP. 
4.10 “Notitia Criminis”
A- Conceito: é o conhecimento, espontâneo ou provocado, por parte da autoridade policial, acerca de um fato delituoso.
B- Espécies:
· De cognição imediata (espontânea): a autoridade policial toma conhecimento do crime através de suas atividades rotineiras; 
· De cognição mediata (provocada): a autoridade policial toma conhecimento do crime através de um expediente escrito; 
· De cognição coercitiva: nesse caso a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso através da apresentação de indivíduo preso em flagrante;
· Notitia criminis inqualificada: pode ser considerado como um sinônimo de denúncia anônima. 
O STF entende que a denuncia anônima por si só não é apta a motivar a instauração de um inquérito policial. Antes da instauração do inquérito policial a autoridade policial deverá determinar que seja verificado as informações da denuncia anônima. 
4.11 Incomunicabilidade do indiciado preso
Art. 21 do CPP “A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir. Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência”.
A jurisprudência e a doutrina entendem que o art. 21 do CPP não foi recepcionado pela CF/88, pois não é permitida a manutenção do preso no Estado de Crise (Estado de Exceção), quando mais no Estado de Normalidade.
Cuidado: não confundir o isolamento decorrente do RDD disciplinado pela Lei de Execuções Penais, pois neste caso existem algumas restrições – porem não ocorre à incomunicabilidade. 
4.12 Identificação Criminal 
Identificação criminal é um procedimento realizado para obtenção de dados que identificam uma determinada pessoa. 
Art. 5º, inciso LVIII da CF/88 “o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”. 
A- Métodos de Identificação:
· Identificação fotográfica: esse método não e eficaz, pois uma fisionomia de uma pessoa pode ser modificada pelo decurso do tempo, por cirurgias plásticas, sendo que uma fotográfica atualmente pode ser modificada por processos químicos ou pela tecnologia de informática. 
· Identificação datiloscópica: é o método pelo qual e realizado a colheita das impressões digitais. 
· Identificação biológica: Foi incluída no ordenamento jurídico através da Lei nº 12.654, de 2012, a qual produziu algumas mudanças significativas na Lei 12.037/11.
Atenção: A Lei 12.850/13 não faz previsão da identificação criminal compulsória para os envolvidos na praticados por Organizações Criminosas. 
B- Hipóteses de identificação criminal:
· Identificação Criminal do Adolescente:
Art. 109 do ECA “O  adolescente civilmente identificado não será submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada”.
· Identificação Criminal decorrente da Lei 12.037/11:
Art. 1º da Lei de Identificação Criminal “O civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nos casos previstos nesta Lei”.
Art. 3º  da Lei de Identificação Criminal “Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal quando: I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; II – o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado; III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si; IV – a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa; V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais. Parágrafo único.  As cópias dos documentos apresentados deverão ser juntadas aos autos do inquérito, ou outra forma de investigação, ainda que consideradas insuficientes para identificar o indiciado”.
Atenção: No caso da identificação criminal essencial (art. 3, inciso IV da Lei 12.037/11) deverá ser realizada com autorização judicial, o qual determinara a realização de ofício ou mediante representação da autoridade policial, ministério publicou o a requerimento da vítima. 
· Identificação do perfil genético: 
Art. 5º, parágrafo único da Lei de Identificação Criminal “Na hipótese do inciso IV do art. 3o, a identificação criminal poderá incluir a coleta de material biológico para a obtenção do perfil genético”. 
Art. 5-A da Lei de Identificação Criminal “A.  Os dados relacionados à coleta do perfil genético deverão ser armazenados em banco de dados de perfis genéticos, gerenciado por unidade oficial de perícia criminal. § 1o  As informações genéticas contidas nos bancos de dados de perfis genéticos não poderão revelar traços somáticos ou comportamentais das pessoas, exceto determinação
genética de gênero, consoante as normas constitucionais e internacionais sobre direitos humanos, genoma humano e dados genéticos. § 2o  Os dados constantes dos bancos de dados de perfis genéticos terão caráter sigiloso, respondendo civil, penal e administrativamente aquele que permitir ou promover sua utilização para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão judicial. § 3o  As informações obtidas a partir da coincidência de perfis genéticos deverão ser consignadas em laudo pericial firmado por perito oficial devidamente habilitado”.
Art. 9-A da Lei de Execuções Penais “Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor”.
4.13 Indiciamento
· Conceito de Indiciamento: é atribuir a alguém a autoria de determinada infração penal. 
· Momento: é um ato próprio da fase investigatória.
O STJ entendeu no HC 182.455 “o indiciamento formal dos acusados, após o recebimento da denúncia, submete os pacientes a constrangimento ilegal e desnecessário, uma vez que tal procedimento, que é próprio da fase inquisitorial, não mais se justifica quando a ação penal já se encontra em curso”.
· Espécies:
· Direito: é aquele quando o investigado está presente;
· Indireto: é aquele realizado quando o investigado não está presente. Deve ser utilizado como medida excepcional.
· Pressupostos: provas da existência do crime e indícios de autoria. 
· Atribuição: ato privativo de autoridade policial, que deverá realizar conforme suas convicções. 
Art. 2, § 6o da Lei 12.830/12 “O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias”.
Observação: O indiciamento deverá ser fundamentado, mediante analise técnico-jurídica do fato e com a indicação de autoria, materialidade e as circunstâncias. 
· Desindiciamento: e a desconstituição de um anterior indiciamento, que pode ser realizado pelo próprio delegado e pelo Poder Judiciário. 
· Sujeito Passivo: em regra qualquer pessoa pode ser indiciada. No entanto por expressa previsão legal promotores de justiça e juízes não podem ser julgados.
Observação: O STF entendeu na Questão de Ordem 2411 a autoridade policial “não pode indiciar parlamentar (pessoas com prerrogativas de foro) sem autorização prévia do Ministro-relator do inquérito”. Assim como a própria investigação, que deverá ser realizada com autorização do órgão responsável por autorizar o respectivo procedimento investigatório. 
· Afastamento do servidor público do exercício de suas funções como efeito automático do indiciamento em crimes de lavagem de capitais:
Art. 17-D da Lei 9.613/98  “Em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem prejuízo de remuneração e demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão fundamentada, o seu retorno”.
Observação: No entanto, o afastamento cautelar somente pode ter decretado quando existir necessidade, e desde que esteja fundamentado com base no art. 319, inciso VI do CPP. Mas não como consequência do indiciamento nos crimes praticados na Lei de Lavagem de Capitais. 
4.15 Conclusão do Inquérito Policial
4.15.1 Prazos 
A- Código de Processo Penal:
Art. 10 do CPP “O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. § 1o  A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente. § 2o  No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas. § 3o  Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz”.
B- Prazos na Legislação Penal Especial
· Justiça Federal (Lei 5.010/66):
Art. 66 da Lei 5.010/66 “O prazo para conclusão do inquérito policial será de quinze dias, quando o indiciado estiver preso, podendo ser prorrogado por mais quinze dias, a pedido, devidamente fundamentado, da autoridade policial e deferido pelo Juiz a que competir o conhecimento do processo. Parágrafo único. Ao requerer a prorrogação do prazo para conclusão do inquérito, a autoridade policial deverá apresentar o preso ao Juiz”.
· Lei de Drogas:
Art. 51 da Lei 11.343/06 “O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto. Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária”.
· Crime contra economia popular:
Art. 10, §1º da Lei n. 1.521/51 “Os atos policiais (inquérito ou processo iniciado por portaria) deverão terminar no prazo de 10 (dez) dias”.
Atenção: A doutrina entende que o prazo para a conclusão de inquérito que apura a pratica de crimes contra a economia popular deve ser aplicado se o acusado estiver preso ou solto, pois a Lei 1.521/51 não fez qualquer distinção. 
· No caso dos crimes hediondos: tento em vista que a prisão temporária é um instrumento que visa auxiliar a investigação criminal, o que proporcionada à possibilidade do inquérito ter como prazo o da prisão temporária. 
Art. 2º, §4º da Lei 8.072/90 “Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade”. 
	Prazo
	Réu solto
	Réu preso
	
Justiça Estadual
	
30 dias
	
10 dias
	
Justiça Federal
	
30 dias
	
15 prorrogáveis por + 15
	
Lei Drogas
	
90 prorrogáveis por + 90
	
30 prorrogáveis por + 30
	
Crimes Contra Economia Popular
	
10 dias
	
10 dias
	
Prisão Temporária (Crimes Hediondos).
	
Regra geral CPP
	
30 prorrogáveis por + 30
C- Natureza jurídica dos prazos: trata-se de prazo processual penal.
1ª Corrente: Existem doutrinadores que entendem que os prazos estabelecidos nas prisões cautelares possuem natureza de direito material (art. 10 do CP). 
2ª Corrente: A doutrina majoritária entende que os prazos estabelecidos nas prisões cautelares possuem natureza processual penal (Art. 798, §§ 1o  e 3º do CPP).
 Art. 798, § 1o  do CPP “Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento”. 
Art. 798, § 3o  do CPP “O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato”.
Atenção: No caso do prazo terminar em feriado ou final de semana, o vencimento do prazo será o primeiro dia útil subsequente. 
Observação: Quando se trata investigado solto existe a possibilidade da dilação dos prazos do inquérito policial, pois são prazos impróprios (pois a sua violação não acarreta qualquer sanção). Quando se trata de investigado preso os prazos não podem ser alterados, além do estabelecido em lei.
D- Consequências do descumprimento dos prazos: Ocasiona o relaxamento de prisão. Vale lembrar que alguns doutrinadores entendem que na hipótese da manutenção dolosa do preso no cárcere pode ensejar a uma responsabilidade penal pela pratica de abuso de autoridade ou prevaricação (desde que seja verificado a existência de um sentimento pessoal). 
4.15.2 Relatório
O Relatório é uma peça meramente descritiva, em que o Delegado de Polícia descreve as principais diligências realizadas na fase

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