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( Conversando sobre Transtornos Neurocognitivos Elisangela Cordts Longo Dainez 1 ellis.dainez@yahoo.com.br ) Conversando sobre NCT - Elisangela Cordts Longo Dainez Conversando sobre NCT - Elisangela Cordts Longo Dainez *(para maiores informações sobre AVC ler: Conversando sobre Acidente Vascular Cerebral); **(para maiores informações sobre Trauma Cranioencefálico ler: Conversando sobre Trauma Cranioencefálico) Introdução Os transtornos neurocognitivos (NCT) são enfermidades que exibem a cognição prejudicada, porém não no nascimento, tampouco no início da vida. Além disso, não se classificam como transtornos mentais tais como: esquizofrenia e transtornos bipolares (APA, 2014). São divididos nas categorias de delirium, transtornos neurocognitivo maior (NCT maior) e neurocognitivo leve (NCT leve) (APA, 2014). Assim, os NCTs maiores e leves são os transtornos amnésicos, a doença de Alzheimer; a demência Vascular, de corpos de Lewy, de doença de Parkinson, Frontotemporal, por Lesão Cerebral Traumática, por infecção por HIV; entre outros. No entanto, o grau de comprometimento cognitivo determinar-se-à o estado maior ou leve. Esse artigo trata dos TCNs mais comuns no Brasil. Definição Transtorno Neurocognitivo Leve amnésico (NCT leve) - fase pré-demência caracterizada como um estágio intermediário entre o envelhecimento normal e o envelhecimento patológico, o qual pode evoluir para a NCT devido a doença de Alzheimer (Dainez, 2013). (ver tabela 1) Os indivíduos acometidos pelo NCT leve, geralmente, exibem prejuízos cognitivos predominante na memória, sintomas amnésicos de um ou mais domínios da memória, porém não são as únicas funções cognitivas que podem ser comprometidas. As disfunções executivas e de linguagem geralmente acompanham o quadro clínico (Dainez, 2013). NCT devido a Doença de Alzheimer (AD) A doença de Alzheimer é definida como uma desordem neurodegenerativa progressiva apresentando início insidioso, evoluindo gradualmente com declínio contínuo de múltiplas funções cognitivas, comprometendo a memória (queixa principal), as funções executivas e a linguagem (Dainez, 2013). (ver tabela 1) NCT Vascular * É consequência de doenças cerebrovasculares. Defini-se como um conjunto de síndromes clínicas explicitado por deterioração cognitiva e comportamental (APA, 2014; Tavares, 2005). (ver tabela 1) NCT devido a Lesão Cerebral Traumática (TCL) ** É o resultado de um impacto na cabeça ou de mecanismos de movimento rápido ou deslocamento do cérebro dentro do crânio. O NCT por TCL apresenta-se imediatamente após a lesão ou após a recuperação da consciência. Podem ocorrer perturbações comportamentais ou não (APA, 2014). Prevalência A prevalência de NCT leve na população idosa é de 3% a 19% (Dainez, 2013). No entanto, no Brasil, a prevalência é de 19,7 a 24,7% (Blay, 2005). De acordo com Dainez (2013), o risco de desenvolvimento de AD está na faixa de 11% a 33% após 2 anos de NCT leve. As demências atingem 1,5% de pessoas de 65 a 69 anos; 3% de 70 a 74 anos; 6% de 75 a 79 anos; e 12% de 80 a 84 anos (Tavares, 2005). No Brasil um estudo realizado na cidade de Catanduva-SP, a prevalência de demência intermediária foi de 7,1%, destes 54,1% referiam-se à DA; 14,5% DA com componente vascular e 9,4% demência vascular (Herrera Junior et al., 1997). Incidência No Brasil, a incidência de demências está 13,8/1.000 pessoas-ano com mais de 65 anos (Silva et al., 2008). A incidência de NCT leve na população idosa é de 8-58 por 1.000 por ano (Gauthier et al., 2006). Quanto à AD é de 7.7/1.000 pessoas ano (Atalaia-Silva et al, 2008). No entanto, não foram encontrados dados de incidência VD. Tabela 1: Exame do Estado Mental em NCT leve, devido a Doença de Alzheimer e a Vascular NCT leve AD Vascular Consciência normal alteração da consciência de si-próprio (anosognosia) perdas focais Atenção distrabilidade distrabilidade transtornos das funções executivas. declínio da atenção complexa e velocidade de processamento de informação; disfunção executiva. Sensopercepção normal agnosias, anosognosia, prosopagnosia; apraxias perdas focais Orientação normal ou pode estar comprometida. dificuldades nas relações temporais e desorientação geográfica perdas focais Memória esquecimentos moderados, lembranças incompletas dos fatos. comprometimento mnésico, predominando nos fatos recentes e repercutindo nas atividades cotidianas. dificuldade de evocação Inteligência normal perdas graduais da inteligência perdas graduais da inteligência. Afeto(e Humor) angústia e depressão. depressão, apatia e irritabilidade. depressão e labilidade emocional Pensamento Lógico, porém pode estar lento. lento e incoerente; há delírios como de referência. perdas focais Juízo crítico perturbações discretas e duvidosas na resolução de problemas, das similitudes e das diferenças. dificuldades no tratamento de problemas complexos; julgamento social deteriorado. perdas focais; desinibição. Conduta perturbações discretas ou duvidosas nas atividades. agressivo, perambulação e inquietação; atividades em casa e no trabalho são abandonadas gradativamente; necessita de estímulo para higiene ou que alguém o banhe; assistência para se vestir. rigidez, marcha alterada e lentificação motora; apraxia. Linguagem dificuldade na fluência verbal e nomeação. afasia e apraxia afasia, agnosia Fonte: APA (2014; 1995); Dainez (2013); Machado (2005). Probabilidade de Risco Os riscos para o desenvolvimento de NCT leve são: a idade, cultura, educação e profissão. Além disso, pelo fato de as mulheres viverem mais se tornam mais acometidas pela doença (APA, 2014). Paciente com NCT leve apresentam 11% a 33% de risco de desenvolvimento de AD após 2 anos (Gauthier et al., 2006). Os fatores de risco para o desenvolvimento de AD podem dever-se à genética (apolipoproteina E4), síndrome de Down na família, idade, doenças cerebrovasculares, trauma crânioencefálico, doenças da tiróide, fumo, antecipado pelo baixo nível de escolaridade (Atalaia-Silva et al., 2008). O risco para o desenvolvimento de NCT Vascular está relacionado à hipertensão arterial, doenças cardíacas, dislipidemias, diabetes melitos, obesidade, tabagismo, abuso de álcool drogas e tabaco; ataques isquêmicos transitórios, infartos cerebrais e CVA (APA, 2013; Tavares, 2005). Determinantes Sociais da Saúde (DSS) Um marcador neuropsiquiátrico importante para NCT leve e AD é o transtorno depressivo de início tardio, o qual provoca prejuízos cognitivos e pode estar ligado ao desenvolvimento de processo demencial (Dainez, 2013). Observaram-se em pacientes com depressão alterações de substância branca encefálica. Ademais, estudos neuroanatômicos em idosos com depressão maior demonstraram atrofia dos lobos temporais e frontais (Dainez, 2013). Para a NCT Vascular os fatores de risco são (Tavares, 2005): · idade acima de 55 anos; · sexo masculino; · raça negra maior probabilidade que raça branca; · baixo nível de escolaridade; · personalidade impulsiva; · exposição ocupacional a pesticidas, borracha e plásticos líquidos; · CVA na família; · Infarto silencioso de substância branca. Intervenções Governamentais de Saúde De acordo com o modelo de Leavell & Clarck, a promoção, a prevenção e a intervenção: Promoção da Saúde A promoção da saúde em NCTs abrange medidas para a qualidade de vida, alimentação, saúde, educação e trabalho do cidadão. Assim, de acordo com o “Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das Doenças Crônicas não-Transmissíveis no Brasil”, o MS estabeleceu parcerias, público, privado e com a sociedade civil para (Brasil, 2011): · realizar campanhas de acompanhamento da hipertensão arterial, diabetes melitos, obesidade e redução do consumo de sal; · incentivar por meio de campanhas a prática de atividades físicas; · estabelecer parceiras para a produção de alimentos mais saudáveis; · ampliar ações para prevenção e cessação do tabagismo; · estabelecer parcerias de promoção da saúde em ambiente de trabalho;· organizar trabalhos de atendimento, acolhimento e cuidado de idosos; · elaborar campanhas para a redução de acidentes de trânsito; · promover a segurança pública com o objetivo de evitar acidentes e agressões; · criar estratégias de comunicação em massa para a promoção de modos de vida saudáveis; · desenvolver educação sobre os riscos da exposição humana aos contaminantes ambientais e intoxicações; · fomentar pesquisa para subsidiar ações sobre a população vulnerável. Prevenção Primária Os esforços terapêuticos para impedir o surgimento das doenças estão nas ações da NASF e Saúde Suplementar acompanhadas por matriciamento, como, por exemplo, do CAPS. As “Diretrizes Assistenciais em Saúde Mental na Saúde Suplementar” definem as ações preventivas (CFP, 2013): · Transtornos depressivos, ansiosos – porém, não há menção a programas de promoção e prevenção; · Saúde Mental do idoso – dá atenção a depressão, ao isolamento social, a deficiência intelectual, reações medicamentosas adversas, orienta cuidados aos familiares e incentiva a participação integral do idoso na comunidade; · Transtornos decorrentes de álcool e outras drogas – implementa programas de educação em saúde e programas preventivos junto à empresas. Intervenção Primária O plano de enfrentamento de doenças crônicas não transmissíveis prevê ações para o envelhecimento ativo por meio de estímulo à independência, ao funcionamento e à mobilidade. Os programas contemplam Brasil (2011): · Ações da NASFs e da Saúde Suplementar; · Academia da Saúde; · Centros de Convivências; · Visitas Domiciliares; · Outros. Quanto à saúde do trabalhador, a Constituição Federal de 1988, artigo 6º parágrafo 3º define a Política de Saúde do Trabalhador e tomam medidas quanto aos riscos das condições de trabalho para o trabalhador (Brasil, 2001). Dentre riscos estão as demências devido à exposição de produtos químicos, aos metais pesados, aos gases tóxicos, entre outros. Esses NCT são relatados e seus tratamentos são previstos no manual técnico “Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde” (Brasil, 2001). Prevenção Secundária Atua para reduzir a instalação de complicantes da enfermidade, uma vez que esta já se instalou. A prevenção secundária investe na família e no cuidador da pessoa com demência através de informações sobre a doença e adequação dos espaços domésticos (Sohlberg & Matter, 2015). Intervenção Secundária a) Pressupostos Básicos da Reabilitação (Brasil, 2009): · Consultas médicas; · Consultas com outros profissionais de saúde; · Visitas/consultas domiciliares feitas por médico ou outro profissional de saúde; · Oficinas (nutrição, terapia ocupacional, grupos de convivência, lúdicas, entre outras); · Atividade de lazer assistido; · Atividades físicas orientadas. Prevenção Terciária Busca aliviar os sintomas e promover se possível a reabilitação de danos instalados e melhora da qualidade de vida. Intervenção Terciária Após a instalação da demência o tratamento oferecido pelo SUS é o emprego de fármacos, acompanhamento médico e medidas paliativas. Essas últimas oferecem suporte físico, emocional e funcional para esses pacientes e seus familiares, já que a cura é impossível. Tabela 2: medicamentos empregados para o tratamento de pacientes com demência Enfermidade Classificação dos medicamentos Medicamentos NCT leve Anti-depressivo Inibidor da Recaptação da Serotomina (IRSS) Antioxidades Ácidos graxos Ômega-3 Anti-inflamatórios não esteroidais Hipogliceminantes Hipocolesteramina fluoxetina,sertralina gingko biloba, vitamina e ácido alfa-linolênico naproxeno insulina, glibenclamina sinvastatina, lovastatina NCT AD Inibidores das Colinesterases (IChEs) Neurolépticos Hormônios Vitamina Anti-inflamatórios não esteroidais donepezil, galantamina haloperidol, risperidona estrógenos B6 e B12,ácido fólico naproxeno NCT Vascular Antiagregante plaquetário Antihipertensivo Hipogliceminantes Hipocolesteramina AAS hidroclorotiazina, enalapril insulina, glibenclamina sinvastatina, lovastatina NCT CET Antidepressivos ansiolítico Anticonvulsivantes neurolépticos sertralina clonazepan carbamazepina, ácido valproico clorpromazina, haloperidol Fonte: Brasil (2015); RENAME,Brasil (2015); Brasil (2006). Considerações Finais Esse diálogo teve como objetivo apresentar os mais comuns NCTs no Brasil, os consequentes prejuízos para os atos mentais dos pacientes, as magnitudes das enfermidades e as intervenções do Sistema Único de Saúde (SUS). Espera-se com isto, contribuir para a conscientização da sociedade sobre a gravidade do NCTs e, assim instigar o auto-cuidado. 1Elisangela Cordts Longo Dainez is public servant psychologist at the Municipality of Taubaté-SP, works in the Day Center for the Person with Disabilities-Madre Cecília (CDPD-MC) linked to the Social Assistance Secretary. Working with neuropsychological rehabilitation and psychological support to the intellectual deficient adults and their relatives. Master's Degree in Medical Sciences, Biomedical - Neurology area from UNICAMP (2013); improvement in Cognitive Rehabilitation INESP / CENEC (2015); pos-graduated in Epidemiology and Health Surveillance by Unyleya College (2017) and in Mental Health by Bagozzi - PR (2010); Graduated in Psychology from UNIVILLE (2010) and in Pharmacy from UFSC (1998). Referências 1. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). DSM-V: manual diagnostico e estatístico de transtornos mentais. 5 ed. Porto Alegre: Artmed Editora LTDA, 2014. 2. Atalaia-Silva, K.; Ribeiro P. C.C.; Lourenço, R.A. Epidemiologia das Demências. RJ: Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto - UFRJ, ano 7, 2008. 3. Blay, S. L. Epidemiologia dos Transtornos Psiquiátricos na Velhice. Em: Tavares, A (org.). Compêndio de neuropsiquiatria geriátrica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 4. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Brasília: Ministério da Saúde do Brasil, 2001. 5. __________________________. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2014. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. 9 ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 6. __________________________. Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS). Doenças crônicas não transmissíveis: mortalidade e fatores de risco no Brasil, 1990 a 2006. EM: MINISTÉRIO DA SAÚDE - MS. Saúde Brasil 2008: 20 anos de Sistema Único de Saúde no Brasil. Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise de Situação em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 337-364 p., 2009. 7. __________________________. Secretaria de Atenção a Saúde (SAS). Prevenção clínica de doenças cardiovasculares, cereovasculares e renais. Caderno de Atenção Básica no14. Departamento de Atenção Básica, Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 8. __________________________. Secretária de Atenção à Saúde (SAS). Diretrizes do NASF: núcleo de apoio a Saúde Família. Série A. normas e Manuais Técnicos. Cadernos de Atenção Básica, n.27, 2009. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica e Departamento de Ações Programáticas Estratégia. Brasília, Ministério da Saúde, 2009. 9. __________________________. Secretária de Atenção à Saúde (SAS). Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Traumatismo Cranioencefálico. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Brasília, Ministério da Saúde, 2015. 10. __________________________. Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS). Plano de ações estratégias para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2020. Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise de Situação em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 11. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). A regulação dos serviços de Saúde Mental no Brasil: inserção da psicologia no sistema único de saúde e na saúde suplementar.1 ed. Brasília, 2013. 12. DAINEZ, E. C. L. D. Reabilitação Neuropsicológica e Terapia Cognitivo-Comportamental aplicadas a indivíduos com Comprometimento Cognitivo Leve amnésico e doença de Alzheimer leve. [dissertação] Campinas: UNICAMP, Departamento de Pós-Graduação em Ciências Médicas/ Biomédicas, Departamento de Neurologia, 548 p., 2013. 13. GAUTHIER, S.; REISBERG, B.; ZAUDING, M.; PETERSEN R. C.; KITCHIE, K.; BROICH,K.; BELLEVILLE S.; BRODATY, H.; BENNETT, D.;CHERTKOW, H.; CUMMINGS, J. L.; LEON, M DE.; FELDMAN, H.; GANGULI, M.; HAMPEL, H.; SCHELTENS, P.; TIERNEY, M. C.; WHITEHOUSE, P.; WINBLAD, B. Mild Cognitive Impairment. Seminar. v. 367, p. 1262-1270, 2006. 14. HERRERA JUNIOR, E.; CARAMELLI, P.; NITRINI, R. Estudo epidemiológico populacional de demência na cidade de Catanduva, estado de São Paulo, Brasil. Revista de Psiquiatria Clínica, v.25, n.2, 70-73 p., 1997. 15. MACHADO, F. P. Avaliação neuropsicológica do idoso. Em: TAVARES, A. (org.) Compêndio de neuropsiquiatria geriátrica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 16. SOHLBERB, M. M.; MATEER, C. A. Distúrbios Neurológicos associados às limitações Cognitivas. Em: SOHLBERB, M. M.; MATEER, C. A.. Reabilitação Cognitiva: uma abordagem neuropsicológica integrada. Ed. Santos/Gen, 25-56 p., 2015. 17. TAVARES, A. Demências. Em: TAVARES, A (org.). Compêndio de neuropsiquiatria geriátrica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. Conversando sobre NCT - Elisangela Cordts Longo Dainez * (para maiores informações sobre AVC ler: Conversando sobre Acidente Vascular Cerebral ) ; ** (para maiores informações sobre Trauma Cranioencefálico ler: Conversando sobre Trauma Cranioencefálico ) Introdução Os transtornos neurocognitivos (NCT) são enfermidades que exibem a cognição prejudicada, porém não n o nascimento , tampouco n o início da vida. Além disso , não se classifica m como transtornos mentais tais como : esquizofrenia e transtornos bipolares (APA, 2014) . São divididos nas categorias de delirium , trans tornos neurocognitivo maior (NCT maior) e neurocognitivo leve (NCT leve) (APA, 2014). Assim, os NCTs maiores e leves são os transtornos amnésicos, a doença de Alzheimer; a demência Vascular, de corpos de Lewy , de doença de Parkinson, F rontot emporal, por Lesão Cerebral T raumática, por infecção por HIV ; entre outros. No entanto, o grau de comprometimento cognitivo determ inar - se - à o estado maior ou leve. Esse artigo trata dos TCNs mais comuns no Brasil. Definição Transtorno Neurocognitivo Leve amnésico ( NCT leve) - fase pré - demência caracterizada como um estágio intermediário entre o envelhecimento normal e o envelhecimento patológico, o qual pode evoluir para a NCT devido a doença de Alzheimer (Dainez, 2013). (ver tabela 1) Os indivíduos acometidos pelo NCT leve , geralmente, exibem prejuízos cognitivos predominante na memória, sintomas amnésicos de um ou mais domínios da memória, porém não são as únicas funções cognitivas que podem ser comprometidas . As disfunções executivas e de linguagem geralmente acompanham o q uadro clínico (Dainez, 2013). NCT devido a Doença de Alzheimer ( A D ) A doença de Alzheimer é definida como uma desordem neurodegenerativa progressiva apresentando início insidioso, evoluindo gradualmente com declínio contínuo de múltiplas funções cognitivas, comprometendo a memória (queixa principal), as funções executivas e a linguagem (Dainez, 2013). (ver tabela 1) NCT Vascular * É consequência de doenças cerebrovasculares. Defini - se como um conjunto de síndromes clínicas explicitado por deterioração cognitiva e comportamental ( APA, 2014; Tavares, 2005). (ver tabela 1) NCT devido a Lesão Cerebral Traumática ( TCL ) ** É o resultado de um impacto na cabeça ou de mecanismos de movimento rápido ou deslocamento do cérebro dentro do crânio. O NCT por TCL apresenta - se imediatamente após a lesão ou após a recuperação da consciência. Podem ocorrer perturbações comportamentais ou não (APA, 2014) . Prevalência A prevalência de NCT leve na população idosa é de 3% a 19% (Dainez, 2013). No entanto, no Brasil, a prevalência é de 19,7 a 24,7% (Blay, 2005). De acordo com Dainez (2013), o risco de desenvolvimento de A D está na faixa de 11% a 33% após 2 anos de NCT leve. As demências atingem 1,5% de pessoas de 65 a 69 anos; 3% de 70 a 74 anos; 6% de 75 a 79 anos; e 12% de 80 a 84 anos (Tavares, 2005). No Brasil um estudo realizado na cidade de Catanduva - SP, a prevalência de demência inter mediária foi de 7,1%, destes 54,1% referiam - se à DA; 14,5% DA com componente vascular e 9,4% demência vascular ( Herrera Junior et al. , 1997) . Incidência No Brasil, a incidência de demências está 13,8/1.000 pessoas - ano com mais de 65 anos (Silva et al . , 2008). A incidência de NCT leve na população idosa é de 8 - 58 por 1.000 por ano (Gauthier et al., 2006). Quanto à A D é de 7.7/1.000 pessoas ano ( Atalaia - Silva et al, 2008). No entanto, não foram encontrados dados de incidência V D. Conversando sobre Transtornos Neurocognitivos Elisangela Cordts Longo Dainez 1 ellis.dainez@yahoo.com.br
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